Colheita de cana: 5 dicas para otimizar a sua

Colheita de cana: Como reduzir as perdas, além de quais são as principais dicas e tecnologias para obter melhores resultados na sua colheita.

Você sabia que o Brasil é o maior produtor e exportador de cana-de-açúcar?

Mas, mesmo com alta produtividade, as perdas na colheita são muitas.

Do total produzido, mais de 10% é perdido neste período, considerando a colheita mecanizada de cana. E isso representa um prejuízo enorme para o agricultor.

Neste artigo, compartilho algumas estratégias para otimizar esse processo e ter melhores resultados. Confira a seguir!

Sistemas de colheita de cana e seus impactos na produtividade

Os sistemas de colheita de cana-de-açúcar passaram por significativas mudanças. Passamos, por exemplo, da colheita manual (corte manual) para a mecanizada.

A colheita mecanizada de cana picada contribui para um sistema mais sustentável, pois reduz custos. Não precisa haver a queima (colheita de cana crua), além de deixar a palha no sistema.

Segundo um levantamento do Centro de Tecnologia Canavieira, em menos de 10 anos, a região centro sul do Brasil saiu de 47% de índice de mecanização em 2008 para 97% em 2015.

Entretanto, mesmo com os avanços em tecnologia, ainda há muitas perdas neste sistema.

No Brasil, uma colhedora é capaz de ter produção média de 400 a 700 toneladas por máquina.

Mas ainda existem grandes oportunidades para aumento da eficiência na colheita mecanizada.

Isso porque, como podemos ver pela figura abaixo, com a entrada da colheita mecanizada há redução da produtividade média, o que ocorre pelos danos que a máquina causa à soqueira, especialmente pelo corte e pisoteio das linhas.

Esses danos prejudicam a brotação e a planta como um todo o que acarreta na menor produtividade do canavial.

colheita de cana
(Fonte: Novacana)

Por isso, há muito o que se pesquisar e aperfeiçoar. Não é exatamente a máquina ou a operação que causam os danos, mas a forma como são realizadas, precisando maior cuidado e atenção à esta etapa.

5 dicas para otimizar a colheita de cana na sua propriedade

1. O planejamento da colheita começa no plantio: Processos importantes

Dentre as etapas de cultivo da cana-de-açúcar, muitos processos são importantes, como:

  • Escolha da área de plantio
  • Época de plantio e colheita
  • Atenção às necessidades da cultura: alta disponibilidade de água, altas temperaturas e alto índice de radiação solar
  • Planejamento da colheita

O ideal é planejar a época e cultivares de cana escalonados, não sobrecarregando apenas poucas semanas para a colheita.

Além disso, como podemos perceber, a colheita é uma etapa que demanda planejamento, especialmente porque muitos problemas podem acontecer:

  • Problemas climáticos
  • Sociais
  • Administrativos

Veja mais detalhes na tabela que eu separei:

colheita de cana
(Fonte: Opiniões)

Por isso, outro processo importante aqui é o cronograma para colheita. Ele deve ser flexível permitindo mudanças pelas imprevistos, mas que também tenha uma brecha para que a operação como um todo não atrase muito.

E qual o melhor momento para a colheita de cana?

O melhor momento é quando a cana atingir o máximo de teor de açúcar.

A maturação da cana depende da região e do sistema de cultivo, dentre outros fatores.

O planejamento de plantio e da colheita estão diretamente ligados, pois o sistema de produção poderá ser de 12 ou 18 meses.

O sistema de plantio da cana-de-açúcar pode ser:

  • Sistema de ano-e-meio;
  • Sistema de ano;
  • Plantio de inverno.

No sistema de ano-e-meio, o plantio ocorre entre janeiro e março e a cana colhida entre 16 e 18 meses após o plantio.

Neste sistema, o potencial de produtividade agrícola é maior, já que há mais tempo para crescimento da cultura.

O sistema de plantio de ano tem um período de 12 meses de cultivo, com início entre outubro e novembro.

A colheita de cana-de-açúcar na região Centro-Sul ocorre entre os meses de abril e novembro.

Para a região Nordeste, a colheita é entre novembro e abril.

O planejamento da colheita pode ser facilitado por algumas técnicas como: irrigação, maturadores, transporte da cana, entre outros.

2. Faça a colheita na hora certa

Como vimos, a colheita da cana deve ser feita quando ela atingir o máximo de açúcar. Para saber essa informação você pode contar com um aparelho chamado de refratômetro.

colheita de cana
(Fonte: Educalingo)

Com o refratômetro você poderá medir o Brix da cana-de-açúcar.

Para determinação do Brix você fará a média dos resultados obtidos da base, meio e ponta do colmo. A colheita deve ocorrer quando essa média for maior que 18.

Para determinar o Índice de Maturação você deve dividir o Brix do topo pelo Brix da base vezes 100.

Neste caso, a colheita deve ocorrer quando o Brix for próximo a 1.

colheita de cana
(Fonte: Na sala com Gismonti)

3. Preste atenção na velocidade da máquina!

Durante a colheita, deve-se prestar atenção na velocidade utilizada na máquina. Velocidades mais altas do que as recomendadas podem causar prejuízos.

Qualquer dano que atinja a soqueira compromete a longevidade do canavial, fazendo que seja necessário um investimento em renovação.

Hoje no Brasil, segundo estudo do CTBE (Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol), ocorrem 11% de perdas na colheita.

colheita de cana
(Fonte: Novacana)

4. Controle o tráfego de máquinas

O controle de tráfego dentro da área é muito importante, pois as máquinas pisoteiam as linhas de cana, o que reduz a produtividade.

Para contornar este problema, controle para que as rodas da máquina passem sempre no mesmo lugar no momento da colheita. Elas não devem passar sobre a linha de cana.

Para controle do tráfego, você pode investir no uso de piloto automático ou GPS.

Outras importantes dicas são:

  • Faça a colheita na época adequada
  • Utilize mão de obra especializada na colheita mecanizada
  • Use variedades de cana-de-açúcar adequadas à mecanização
  • Adeque o espaçamento da cana-de-açúcar e o maquinário, assim o trânsito ocorrerá sempre nas entrelinhas

colheita de cana
Comparativo entre cana colhida mecanicamente com e sem controle do tráfego
(Fonte: Novacana)

5. Acompanhe tendências de mercado

Procure sempre saber o que há de novo no mercado!

Por isso, vamos ver agora algumas inovações tecnológicas introduzidas nas colhedoras de cana-de-açúcar nos últimos anos.

Colhedora de 2 linhas de 1,5 m

colheita de cana
(Fonte: Revista RPA News edição 168/2015)

A colheita da cana-de-açúcar com máquina de duas linhas reduz o tráfego de colheita no canavial em 50%.

Isso, consequentemente, diminui a compactação do solo, além de reduzir o consumo de combustível.

colheita de cana
(Fonte: Revista RPA news – edição 168/2015)

Sistemas automáticos de ajuste de altura do corte de base

Durante a colheita da cana-de-açúcar, sabemos que é necessário fazer o corte o mais rente possível do solo.

Entretanto, também é preciso preservar a soqueira.

O controle automático de ajuste do corte de base possibilita um menor esforço da máquina. Além disso, reduz as perdas e não prejudica a longevidade da lavoura.

colheita de cana
(Fonte: Machado et al., 2018)

Piloto Automático

O piloto automático vem sendo muito utilizado na colheita da cana-de-açúcar.

Essa tecnologia ajuda a superar problemas que vieram com o sistema mecanizado: o pisoteamento de soqueiras e a compactação de solos.

Entre outros benefícios estão: aumentar a uniformidade entre os sulcos de plantio, reduzir o consumo de combustível e aumentar a capacidade operacional das máquinas.

Outras tecnologias disponíveis, segundo Roberto Biasotto são:

  • Automação dos Acionamentos da Manobra (Início e Final de Linha)
  • Câmeras Operacionais
  • Velocidade Variável Esteira do Elevador

Funções automatizadas para as manobras segundo Roberto Biasotto:

  • Rotação do motor
  • Altura do corte de base
  • Reversão do despontador
  • Inversão do disco de corte lateral
  • Desligamento do industrial
  • Giro do capuz do extrator primário
  • Redução da rotação do extrator primário e secundário
  • Esteira do elevador
  • Sistema de correção de rota
planilha ponto otimo de renovacao canavial

Conclusão

A colheita de cana mecanizada traz inúmeros benefícios, mas ainda tem problemas a serem resolvidos.

E neste artigo você viu muitas dicas de como melhorar o processo de colheita na sua propriedade.

Falamos sobre a plantação de cana, cálculo do teor de açúcar e velocidade ideal das máquinas. Também mostramos como a tecnologia pode te ajudar ao longo do processo.

Então, aproveite as dicas e boa colheita!

>> Leia mais:

Como plantar cana-de-açúcar para altas produtividades

Adubo para cana: Principais recomendações para alta produtividade

Como fazer o melhor manejo da broca da cana-de-açúcar

Gostou das estratégias discutidas aqui? Tem mais informações para compartilhar sobre a colheita de cana? Adoraria ver seu comentário abaixo!

Planejamento tributário no agronegócio em 5 passos

Planejamento tributário no agronegócio: como é possível otimizar e até reduzir os pagamentos de impostos e as dicas para facilitar esse processo na sua fazenda!

Lidar com as taxas e impostos cobrados no Brasil não é muito fácil!

São muitos os tributos que incidem sobre lucro, produção, atividade comercial, patrimônio, renda e por aí vai.

Se você anda pagando muito imposto e no final das contas sempre acaba se esquecendo de um tributo, confira como o planejamento tributário pode te auxiliar!

O que é planejamento tributário e qual sua finalidade?

O planejamento tributário é uma ferramenta que auxilia o produtor a reduzir e otimizar a carga tributária sobre a propriedade rural, aplicando medidas legais.

Mas, para boa parte dos empresários rurais, esse tipo de planejamento ainda é desconhecido.

Pensando nisso, vou mostrar aqui as principais informações que você deve saber.

Então, por que realizar o planejamento tributário (elisão fiscal)?

Quando se fala em planejamento tributário, estamos falando em economia e segurança!

Com a realização desse planejamento, você evita o pagamento de impostos indevidos e mantém sua propriedade regularizada. Ou seja, corre menos risco de perder datas vencimento, acompanhando o pagamento dos tributos com maior eficiência.

O principal benefício do planejamento tributário na empresa rural é a organização da propriedade. E isso irá refletir em maior lucratividade.

planejamento tributário
(Fonte: Fenacon)

Tipos de planejamento tributário no agronegócio

Para a realização de um planejamento tributário de maneira eficaz é necessário que se saiba quais são as contribuições, impostos e taxas são obrigatórios para o funcionamento de sua empresa rural.

Além disso, você também vai precisar ter conhecimento do faturamento da propriedade.

É preciso verificar ainda qual modalidade de planejamento tributário sua empresa rural, melhor se enquadra!

Vou indicar aqui os dois mais utilizados: planejamento tributário estratégico e operacional.

>> Leia mais: “Conheça os 4 principais impostos obrigatórios na tributação do produtor rural”

Planejamento tributário estratégico

Essa modalidade visa os benefícios futuros da empresa rural em longo prazo.

Esse tipo de planejamento é atualizado com frequência e leva de 5 a 10 anos até a adequação da gestão da propriedade à legislação brasileira.

planejamento tributário
(Fonte: NFe)

Planejamento tributário operacional

Essa modalidade visa a observação dos benefícios em curto prazo.

Serão realizados o planejamento e organização de todas as obrigações fiscais da propriedade de 3 a 6 meses.

A escolha de qual tipo de planejamento é mais adequado para sua

propriedade rural deve ser realizado com calma. Lembre-se que isso pode variar de acordo com o seu objetivo!

>>Leia mais: “7 dicas para começar sua contabilidade rural

Modalidades de regime tributário

Regime tributário: tenho certeza que você já ouvir falar sobre suas modalidades e nem sabia do que se tratava!

Quando ouvimos falar em Simples Nacional, Lucro Real ou Lucro Presumido, estamos no referindo às modalidades de regime tributário.

Você pode optar pela base de cálculo que se enquadre melhor à sua situação, desde que atenda todas as exigências impostas em lei.

Mas qual a diferença de cada regime? Vou explicar melhor:

planejamento tributário
(Fonte: Sindifisco)

Simples Nacional

É um regime simplificado, como o próprio nome sugere. Neste caso o produtor deve possuir um CNPJ.

Serão recolhidos, de forma unificada, 8 impostos como: Imposto de Renda, CSLL, IPI, Pasep ou PIS, COFINS, ICMS, ISSQN e CPP.

As condições de enquadramento constam na Lei Complementar 123/2006.

Mas, atenção! Os valores do Simples Nacional podem variar de acordo com o faturamento dos últimos 12 meses.

Lucro Real

Esse regime já é um pouco mais complicado. Os tributos serão calculados com base no faturamento mensal de sua propriedade.

Quer saber se você se enquadra nesse regime? Confira a Lei 10.637 /2002.

Lucro Presumido

Nesse regime os tributos são fixados a partir de percentuais aplicados a receita operacional.

Empresas rurais que faturam até R$ 78 milhões se enquadram nesse regime. Para mais informações acesse a Lei  nº 12.814/2013.

Vou mostrar agora 5 passos para colocar o planejamento tributário em prática sem complicação!

5 passos para realizar o planejamento tributário da fazenda

1º Passo

Tenha um contador para a propriedade.

Costumamos lembrar que precisamos de um contador no momento de declarar o imposto de renda ou quando as coisas apertam, não é mesmo?

Mas você sabia que esse profissional é fundamental para o sucesso de sua empresa rural?

Um profissional competente pode lhe auxiliar em diversos aspectos, inclusive no seu planejamento tributário!

Explique para seu contador quais são seus objetivos e a situação econômica da propriedade. Tenho certeza que esse investimento evitará muitos problemas futuros!

>>Leia mais: “Livro Caixa do Produtor Rural (LCDPR): Tudo o que você deve saber

2º Passo

Realize uma boa gestão de sua propriedade.

Conheça sua empresa rural! Saiba a fundo são seus custos, gastos, modelos de contratos e qual é seu faturamento.

Saiba como está seu fluxo de caixa, quais produtos e serviços a empresa rural fornece.

Para ter todas essas informações na palma da mão, utilize a tecnologia a seu favor. Softwares agrícolas podem lhe auxiliar!

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Com Aegro você consegue fazer seu fluxo de caixa de forma automatizada e segura

3º Passo

Observe qual regime tributário você se encaixa.

Leia sobre cada um deles, quais as principais vantagens e desvantagens e qual se enquadra à sua propriedade.

4º Passo

Mantenha uma boa comunicação!

Adote um sistema de comunicação interna em sua propriedade rural. Isso facilita a gestão de pessoas e o diálogo entre todos os seus funcionários.

Além disso, todas as informações estarão unificadas em apenas uma plataforma. Mais uma vez, aproveite a tecnologia disponível!

5º Passo

Cronograma de etapas.

Defina um cronograma com o passo a passo para a realização do planejamento. Não se esqueça de designar responsabilidades.

Se você for o proprietário da empresa, pode envolver seu sucessor em todos os passos do planejamento. Assim, ele deverá lhe auxiliar e isso facilitará muito no futuro.

Com todos esses passos você vai não vai ter problemas com imposto de renda atrasado, correria para juntar todas as informações e documentos e toda a dor de cabeça que isso envolve.

>> Leia mais: “Entenda como a consultoria contábil e financeira impacta na gestão da fazenda

Conclusão

Neste artigo vimos o que é planejamento tributário e como ele é benéfico para sua propriedade rural.

Mostramos como o planejamento tributário funciona e quais são os principais tipos. Além disso, podemos entender um pouquinho sobre regimes tributários.

Você conferiu ainda o passo a passo para a realizá-lo sem complicação.

Espero que com essas dicas você alcance ainda mais sucesso em sua empresa rural!

>>Leia mais: 

“Governança corporativa: saiba como colocar a fazenda em ordem”

“Como fazer o ITR 2021: quem precisa declarar e o passo a passo da documentação + Nirf”

Entenda as vantagens dos benefícios fiscais para quem produz”

Guia para o controle eficiente da trapoeraba

Trapoeraba: Saiba qual é a época certa para controle, quais herbicidas utilizar e as principais dicas para evitar prejuízos na lavoura.

Quem nunca teve dificuldades no manejo da trapoeraba? Não é para menos, essa planta daninha tem sementes aéreas, sementes subterrâneas, se propaga por pedaços dos seus ramos e tem tolerância a alguns herbicidas.

Nem mesmo a boa e velha enxada é eficiente em resolver o problema!  

Como fazer, então, um bom manejo da trapoeraba? Qual o período ideal e os herbicidas mais indicados? Confira a seguir!  

Identificação das principais espécies de trapoeraba no Brasil

No Brasil as espécies mais comuns de trapoeraba são:

Commelina benghalensis

Está é a espécie mais frequente no Brasil, infestando lavouras anuais, perenes e hortas.

Prefere solo fértil, úmidos e sombreados.

Pode ser diferenciada das outras espécies pela pela presença de 3 pétalas nas flores, onde uma tem tamanho reduzido. E suas folhas são geralmente mais largas que as das demais espécies.

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Planta adulta de Commelina benghalensis; trapoeraba é uma planta anual que prefere solos argilosos
(Fonte: Popovkin, 2013)

Commelina diffusa

Espécie frequente em quase todo o país, infesta principalmente cultivos perenes.

Prefere solo fértil, com boa umidade e semi-sombreados. Folhas com lâminas que lembram uma gramínea. Rizomas ausentes.

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Planta adulta de Commelina diffusa
(Fonte: Meyer, 2012 – Flora Digital UFRGS)

Commelina erecta

Espécie menos frequente em nosso país, infesta cultivos perenes.

Prefere solo fértil, com boa umidade. É bastante suscetível a geadas e ao cultivo mecânico do solo.

Possui rizomas sem frutificação, flores com duas pétalas grandes azuis e uma pétala residual.

Possui como diferencial um florescimento vistoso, sendo por muitas vezes cultivada como planta ornamental.

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Planta adulta de Commelina erecta
(Fonte: Evangelista, 2017)

Interferência de trapoeraba em culturas

A infestação de trapoeraba em uma lavoura de milho pode interferir na sua fisiologia, diminuindo a fotossíntese e transpiração do cultivo.

Para a cultura da soja, pesquisas demonstram que a trapoeraba possui habilidade competitiva semelhante ao cultivo. A densidade de infestação é fator determinante na redução da produtividade.

Como exemplo disso, pesquisas demonstram que 58 plantas por m² reduzem a produtividade da soja em 15%, enquanto 230 plantas m² reduzem 49%.

Além da interferência direta, a trapoeraba dificulta a colheita mecânica e pode aumentar o teor de água nos grãos ou sementes colhidas.  

Mais que problemas de interferência direta, esta planta daninha pode ser hospedeira de pragas e doenças.

A trapoeraba pode ser hospedeira do percevejo marrom e nematoide das galhas.

Trapoeraba: principais pontos sobre essa daninha

É muito importante destacar que não foram registrados casos de resistência a herbicidas para as espécies de trapoeraba no Brasil!

Mundialmente, registrou-se apenas um caso nos Estados Unidos para a espécie Commelina diffusa resistente a 2,4 D.  

Deste modo, é muito importante entender a biologia desta planta daninha para realizar um manejo eficiente e não selecionar plantas resistentes.

Estima-se que uma planta da trapoeraba pode produzir 1.600 sementes!

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Sementes da espécie Commelina benghalensis
(Fonte: Scher, 2019)

O grande diferencial desta planta daninha é a capacidade de produzir 4 tipos de sementes, aéreas (2)  e subterrâneas (2), além da grande capacidade de pedaços de ramos formarem uma nova planta.

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Formação de sementes aéreas da espécie Commelina benghalensis
(Fonte: Pellegrini e Forzza)

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Formação de sementes subterrâneas da espécie Commelina benghalensis
(Fonte: Matos de Comer)

Como os ramos cortados em situação de boa umidade são extremamente eficientes em formar novas plantas, os métodos de capina tradicionais somente espalhariam estas plantas em uma área maior.

Entenda as particularidades que dificultam o manejo de trapoeraba

Sementes grandes e pequenas produzidas na parte aérea, auxiliam na dispersão da espécie para novas áreas.

Sementes grandes e pequenas produzidas na parte subterrânea, ou seja nos rizomas, auxiliam na perpetuação da espécie na área infestada.

Existe diferença no enterrio sobre a capacidade de emergência destas sementes. Enquanto sementes de parte aérea emergem de até 2 cm, as subterrâneas emergem de até 12 cm.

Assim, o cultivo do solo para impedir a emergência de sementes não é tão eficiente!

Além disso, a  germinação desta espécie é favorecida por temperaturas dentro da faixa de 18°C a 36°C. A luz favorece a germinação, porém não é essencial.

Outra questão importante é que as sementes de trapoeraba possuem dormência. Ou seja, mesmo com condições ideais, a germinação não ocorre devido a um impedimento natural.

E o que isso influencia no manejo?

Plantas daninhas com dormência apresentam vários fluxos de emergência, muitas vezes fora do período de aplicação de herbicidas, o que dificulta seu manejo.

Além disso, esta planta daninha possui características morfológicas que dificultam seu manejo quando estão em estágio de desenvolvimento avançado.

Quando adulta, suas folhas possuem maior acúmulo de tricomas (pelos) e ceras o que dificulta a absorção e transporte do herbicida na planta.

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Estruturas presentes na superfície foliar da espécie Commelina benghalensis
(Fonte: Monquero, 2005)

Por isso é importante que o controle seja feito com plantas pequenas de 2 a 4 folhas.

A seguir, mostrarei como fazer o manejo correto desta planta daninha na soja e no milho.

Manejo de trapoeraba na entressafra do sistema soja-milho

Herbicidas pós-emergentes

O principal ponto para manejo eficiente de trapoeraba em pós-emergência é a aplicação em plantas pequenas (até 4 folhas). Elas absorvem maior quantidade de herbicidas.

Outro ponto muito importante é a tecnologia de aplicação utilizada. Como são plantas que podem ter menor capacidade de absorção, é importante seguir os princípios básicos para uma aplicação eficiente.

Para controle de trapoeraba, você deve priorizar uma boa cobertura do alvo e evitar baixo volume de calda, não sendo recomendado menos que 100 L ha-1.

Glifosato

Quando em estádios iniciais (até 4 folhas),pode ser eficiente no controle desta planta daninha. Recomenda-se duas aplicações sequenciais: 1ª 2,0 L ha-1 e 2ª 1,5 L ha-1.

Carfentrazone

Oferece ótimo controle em pós-emergência desta planta daninha, principalmente em estádios iniciais (até 4 folhas), geralmente associado a outros herbicidas sistêmicos (ex: glifosato).

Recomendações de dose de 59 a 75 mL ha-1.

2,4 D

Quando em estádios iniciais (até 4 folhas), pode ser eficiente no controle desta planta daninha. Recomendações de dose de 1,0 a 1,5 L ha-1.

Chlorimuron

Utilizado na primeira aplicação do manejo sequencial sobre plantas pequenas (até 4 folhas). É geralmente associado a outros herbicidas sistêmicos (ex: glifosato) e fornece efeito residual, na dose de 60 a 80 g ha-1.

>>Leia mais: “Planta tiguera: Quais os manejos mais eficientes para sua lavoura

Herbicidas pré-emergentes

Flumioxazin

Herbicida com ação residual para controle de banco de sementes.

Utilizado na primeira aplicação do manejo outonal associado a herbicidas sistêmicos (ex: glifosato, 2,4 D) ou no sistema de aplique plante da soja. Recomendável dose de 50 g a 60 g ha-1.

Sulfentrazone

Herbicida com ação residual para controle de banco de sementes.

Utilizado na primeira aplicação do manejo outonal associado a herbicidas sistêmicos (ex: glyphosate e 2,4 D). Recomenda-se dose de até 0,5 L ha-1, pois apresenta grande variação na seletividade de cultivares de soja.

Manejo na pós-emergência das culturas de soja e milho

Soja

Na pós-emergência da soja, pode ser utilizado chlorimuron. Se a soja for RR, pode-se realizar aplicações sequenciais de glifosato.

Milho

Atrazina

Quando em estádios iniciais (até 4 folhas), pode ser eficiente no controle desta planta daninha.

Recomendações de dose de 4 a 5 L ha-1, dependendo das características do solo.

Nicosulfuron

Deve ser aplicado na pós-emergência do milho, quando as plantas estiverem com 2 a 6 folhas.

Cuidado com a diferença de suscetibilidade dos híbridos. Recomendações de dose de 1,25 a 1,5 L ha-1  + óleo mineral.

>>Leia mais: “Guanxuma: 5 maneiras de livrar sua lavoura dessa planta daninha

Banner de chamada para o download da planilha de cálculos de insumos

Conclusão

Neste artigo vimos a importância econômica que a trapoeraba possui em nosso país e como realizar um manejo eficiente em lavouras de grãos.

Entendemos a importância de conhecer a biologia da planta daninha antes de manejá-la.

Vimos que o estádio de aplicação e uso da correta tecnologia de aplicação são determinantes no controle desta daninha.

Espero que com as dicas passadas aqui você consiga realizar um manejo eficiente da trapoeraba!

>>Leia mais: “O guia do manejo eficiente da buva
>>Leia mais: “Como fazer o manejo eficiente do capim-amargoso

>> Leia mais: “Últimas notícias sobre ervas daninhas: Dicamba e Amaranthus palmeri

Você já teve problemas com infestação de trapoeraba em sua lavoura? Quais técnicas utilizar para manejá-la? Adoraria ver seu comentário abaixo!

Antracnose nas culturas de grãos: como controlar de modo eficaz

Antracnose: saiba o que fazer para evitar a doença e como realizar um manejo eficiente e eficaz nas lavouras de soja, milho, feijão e sorgo.

Ver a lavoura com as folhas manchadas nunca é um bom sinal.

Ao saber que pode ser uma doença, pior ainda. As doenças podem facilmente limitar a produção e causar muitos prejuízos.

A antracnose é uma delas e pode gerar grandes perdas nas culturas de grãos.

Saiba a seguir como identificar a doença e quais as medidas de controle mais eficazes para sua lavoura. Confira!

Importância da antracnose na cultura de grãos

A antracnose é uma doença que pode ocorrer em várias culturas e afeta diferentes partes da planta.

A doença pode ocorrer em algumas culturas de grãos como feijão, soja, milho e sorgo.

Esta doença é causada por fungos do gênero Colletotrichum.

A antracnose pode gerar muitas perdas. Ela é considerada uma das doenças mais importantes da cultura do feijão, por exemplo. Neste caso, podem ocorrer perdas de até 100% com a utilização de variedades suscetíveis.

E, além das perdas quantitativas, pode também haver perdas qualitativas. O grão apresenta manchas negras ou lesões, o que reduz o preço de comercialização do produto.

Já na cultura do sorgo, a antracnose é considerada a doença mais importante por sua ampla distribuição nas áreas produtoras e pelos danos causados. Pode haver mais de 80% de perdas na produção de grãos com variedades suscetíveis.

Esses dados mostram a importância da antracnose para as culturas de grãos, com redução da produção (perda quantitativa) e perdas qualitativas, com manchas nos grãos ou sementes.

Agora vou explicar melhor as formas de sobrevivência e as condições favoráveis para a ocorrência da doença na lavoura.

Sobrevivência e condições favoráveis para a antracnose

As espécies de fungos do gênero Colletotrichum, que causam a antracnose, podem sobreviver em sementes, restos de culturas e hospedeiros alternativos (outras plantas que são hospedeiras do fungo).

A entrada do fungo na área da lavoura ocorre, geralmente, por sementes infectadas, sendo que plântulas originadas de sementes infectadas se tornam uma fonte de disseminação da doença na lavoura.

Além disso, o fungo pode reduzir a germinação das sementes infectadas.

Já a manutenção do inóculo (patógeno) na área ocorre preferencialmente por restos de culturas e por hospedeiros alternativos.

É importante entender as formas de sobrevivência do fungo para determinar as medidas de manejo.

Como podemos observar, o patógeno pode sobreviver na área por um longo período, de uma safra para outra. Por isso, é muito importante impedir a entrada do patógeno na sua lavoura.

Além disso, é importante ficar atento às condições favoráveis para a ocorrência da doença na sua área.

As condições favoráveis para a antracnose variam de temperatura moderada a alta e alta umidade.

Lembrando que plantios muito adensados podem propiciar alta umidade nas plantas e, dependendo das condições climáticas (temperaturas moderadas a altas), podem favorecer a ocorrência da doença na sua plantação.

Qual método de controle você utiliza para a antracnose nas culturas de grãos na sua lavoura?

Vou falar melhor sobre eles a seguir:

Métodos de controle da antracnose nas cultura de grãos

Como mencionei acima, o produtor deve entender as formas de sobrevivência do fungo que causa a antracnose para determinar as estratégias de manejo.

Como o fungo pode sobreviver em restos de culturas, uma importante técnica de controle é a utilização de rotação de culturas.

Ou seja, plantio alternado de diferentes espécies, na mesma área de cultivo e na mesma época do ano.

Lembrando que você tem que utilizar espécies de plantas que não sejam hospedeiras do patógeno da doença que se pretende controlar.

No plantio direto, a rotação de culturas é uma técnica obrigatória.

Você sabe que no plantio direto, a palhada fica sobre o solo e há o mínimo de revolvimento na semeadura.

E como o Colletotrichum sp. sobrevive nos restos culturais, é essencial realizar a rotação de culturas para reduzir o patógeno da área.

Caso não realize esta prática, ocorrerá aumento da população do fungo que causa a doença. Assim, na próxima safra da cultura de grãos, pode haver aumento da doença no início do ciclo da cultura, e consequentemente, perdas na produção.

>> Leia mais: “Mofo-branco: Como identificar e prevenir na sua lavoura

Outras estratégias de manejo

Além da rotação de culturas há outras estratégias de manejo. Veja:

  • Variedades resistentes (controle genético);
  • Sementes sadias;
  • Tratamento de sementes com fungicidas;
  • Espaçamento adequado para a cultura (adequação da população de plantas);
  • Aplicação de fungicidas na parte aérea das plantas.

O controle químico pode ser utilizado no tratamento de sementes e na pulverização da parte aérea das plantas. Mas lembre-se: este não é o único tipo de manejo, você deve utilizar outras técnicas também.

Para o controle da antracnose, primeiramente deve-se evitar a entrada do patógeno na área de cultivo. Isso pode ser feito utilizando sementes sadias, tratamento de sementes e outras medidas de manejo.

Se o patógeno estiver na área, deve-se realizar medidas de manejo de forma integrada, como, por exemplo, rotação de culturas, utilização de variedades resistentes, plantio com espaçamento adequado e outros.

Vou agora explicar as diferenças da antracnose nas culturas da soja, milho, feijão e sorgo.

Antracnose na soja

A antracnose foi considerada a segunda doença mais importante da cultura da soja em safras passadas, atrás da ferrugem asiática.

A espécie C. truncatum é a mais encontrada, mas há outras espécies de Colletotrichum sp. que podem causar a doença em soja.

A antracnose pode afetar a planta de soja em qualquer fase de desenvolvimento atingindo folhas, hastes e vagens.

Porém, é mais frequente na fase de floração e no enchimento de grãos, podendo causar queda das flores e vagens.

Se a doença ocorrer no início do desenvolvimento da cultura, pode haver morte das plântulas.

Os sintomas da doença nas folhas são lesões necróticas, podendo ocorrer necrose nas nervuras.

Nas vagens ocorrem lesões escuras de formato irregular e com depressões. Estes danos podem afetar os grãos ou as sementes do interior da vagem.

Os grãos e as sementes ficam com manchas, o que reduz a qualidade e o valor de comercialização, além de veicular o patógeno pela semente.

antracnose
Antracnose é a segunda pior doença da soja, perdendo apenas para a ferrugem asiática
(Fonte: Fundação Rio Verde)

Controle da antracnose na soja

  • Sementes sadias;
  • Tratamento de sementes com fungicidas registrados para o patógeno e para a cultura;
  • Rotação de culturas;
  • Espaçamento adequado nas entre linhas;
  • Fungicidas para a parte aérea (há alguns fungicidas registrados para controle da antracnose na parte aérea, aplicados principalmente nos estádio R5 e R6).

Para consultar os produtos que são registrados para controle da antracnose nas culturas de grãos, consulte o Agrofit.

Em caso de dúvida e para a prescrição do receituário agronômico, procure sempre um(a) engenheiro(a) agrônomo(a).

>> Leia mais: “Doenças de final de ciclo soja: Principais manejos para não perder a produção

Antracnose no milho

A antracnose no milho é causada por Colletotrichum graminicola, que pode atacar principalmente as folhas e os colmos. Assim, pode reduzir a produção do milho em até 40%.

Tanto o ataque nas folhas como no colmo são limitantes para a cultura do milho.

Isso se deve ao aumento das áreas de plantio direto e de cultivos de 2° safra (safrinha), o que favorece a sobrevivência do fungo nos restos de culturas e posterior infecção nas plantas de milho (aumento do inóculo na sua área de cultivo).

São sintomas da antracnose foliar as lesões necróticas, arredondadas a alongadas de coloração castanha.

antracnose
(Fonte: Rodrigo Véras da Costa em Embrapa)

Já os sintomas da antracnose no colmo são as lesões estreitas com coloração castanha; os tecidos internos ficam escuros e podem entrar em processo de desintegração.

Métodos de controle da antracnose no milho:

  • Uso de variedades resistentes;
  • Rotação de culturas.

Antracnose na cultura do sorgo

Como já comentei, a antracnose é considerada a doença mais importante no sorgo.

O fungo que causa a antracnose também é o C. graminicola, como ocorre na cultura do milho.

A doença no sorgo pode ocorrer em: folhas, colmo, panícula e grãos.

Nas folhas podem ocorrer sintomas em qualquer estádio de desenvolvimento, principalmente a partir do desenvolvimento da panícula.

Inicialmente, as lesões nas folhas são circulares a ovais, com centros necróticos de coloração palha. Esses depois se tornam escuros, com as margens avermelhadas ou castanha, dependendo da variedade.

No colmo formam-se cancros, caracterizados pela presença de áreas mais claras circundadas pela pigmentação característica da planta hospedeira, principalmente em plantas adultas.

E na panícula, pode ser a extensão da fase de podridão do colmo. Ocorrem lesões abaixo da epiderme, com aspecto encharcado de coloração cinza a avermelhada.

O que pode ser notado é que panículas de plantas infectadas são menores e amadurecem mais cedo.

Controle para antracnose no sorgo

  • Uso de variedades resistentes;
  • Sementes sadias;
  • Tratamento de sementes;
  • Rotação de culturas.

>> Leia mais: “Como fazer o manejo efetivo da necrose da haste da soja

Antracnose no Feijoeiro

O fungo que causa a antracnose na cultura do feijão  é C. lindemuthianum.

Como já mencionamos, a antracnose é uma das doenças de grande importância para o feijoeiro e pode atingir toda a parte aérea da planta.

Os sintomas que você pode observar nas folhas são áreas necrosadas nas nervuras, principalmente na parte debaixo da folha, sendo um sintoma característico da doença.

Você também pode ver lesões de formato alongadas e angulosas, de coloração vermelha a marrom. Já nas vagens, as lesões são deprimidas, circulares, com borda escura (marrom ou avermelhada).

Controle da antracnose do feijoeiro

  • Sementes sadias;
  • Tratamento de sementes;
  • Variedades resistentes;
  • Rotação de culturas;
  • Fungicidas para pulverização da parte aérea.

E, para concluir, veja a tabela abaixo com as características da doença Antracnose nas culturas de soja, milho, feijão e sorgo.

antracnose

Conclusão

Neste artigo falamos sobre a antracnose, uma importante doença na cultura dos grãos.

Você viu as formas de sobrevivência do patógeno, condições favoráveis para a ocorrência da doença e as medidas de manejo.

Além disso, abordamos as principais características da antracnose nas culturas da soja, do milho, do feijão e do sorgo.

E mostramos as principais estratégias de controle da doença nas culturas de grãos.

Então, realize um bom manejo da sua cultura e evite perdas de produção com a antracnose!

>>Leia mais:

Míldio: Como identificar na sua lavoura e combater essa doença
Tudo sobre oídio e como manejá-lo em sua área

Você tem problema com a antracnose nas culturas de grãos? Qual medida de manejo você utiliza? Adoraria ver seu comentário abaixo!

Barter: entenda o que é, como funciona e garanta o sucesso do seu negócio rural

Barter: o que é essa operação, suas diferentes modalidades, como realizá-las e as principais dicas para ter sucesso nessa estratégia do seu negócio rural.

Barter é uma operação financeira entre produtores rurais, fornecedores de insumos e trading, funcionando como uma garantia de venda para o produtor, uma vez que a negociação é feita com antecedência.

Mas você sabe como incluir, de fato, o Barter como uma estratégia para obter maior rentabilidade e ainda mais sucesso no seu negócio rural?

Hoje, a AgroSchool, com Marina Fusco Piccini, conta a você um pouco mais sobre essa importante operação amplamente utilizada no nosso agronegócio!

O que é Barter?

Quando você pensa sobre Barter, qual a primeira definição que lhe vem à mente? Já sei, de que essa é uma operação de troca, ou escambo, em que o produtor rural adquire os insumos necessários para seu plantio e, como forma de pagamento, ele utiliza parte de sua produção, correto?

Não há nada de errado com essa definição, a não ser a utilização da palavra escambo que, no meu ponto de vista, não traduz corretamente o que de fato é essa operação.

Quando se pensa em escambo logo vem à mente aqueles tempos antigos, antes de Cristo, onde as trocas eram baseadas em excedente de produção, sem equivalência de valor.

Ou seja, se o produtor produzisse além da sua necessidade, aquilo que era extra era trocado por algo que ele necessitasse.

ilustração que representa barter com mãos que trocam pão e espigas de trigo

(Fonte: Maarcha)

Em uma reportagem da revista Superinteressante de 2016 eles contam que:

“esse tipo de economia, que começou naturalmente pela necessidade, mudou de figura ao longo da história. (…) A maior dificuldade era o fato de não haver uma medida comum de valor entre os elementos a serem permutados. Com o tempo, alguns produtos passaram a ser mais procurados que outros e assumiram a função de moeda, servindo para avaliar-lhes o valor”.

Deste ponto em diante começa a fazer sentido para mim comparar o Barter com moeda.

Quando você faz uma operação de Barter está, na verdade, utilizando como forma de pagamento uma parte principal da sua produção para quitação de uma parcela do seu custo operacional.

E esse pagamento você não faz com o que sobra, como acontecia no escambo.

Na verdade, você cumpre os contratos de Barter logo após a colheita das primeiras áreas, pois isso é o que está previsto nos contratos, nas garantias reais que lastreiam a operação.

Além disso, essa plantação é monitorada de perto pelos credores para ter certeza de que não haverá desvios para o cumprimento das obrigações acordadas na operação.

Outro aspecto em que o Barter difere substancialmente do escambo é que nele o valor é conhecido e muitas vezes pré-determinado.

Como funciona a operação de Barter e suas limitações

Temos basicamente um tripé nesta operação:

  • Produtor: aquele que precisa comprar seus insumos para produzir e invariavelmente precisa de prazo para pagar essa conta
  • Fornecedor de Insumos agrícolas, máquinas ou equipamentos: que muitas vezes precisam exercer o papel de financiador do produtor, além de fornecer os produtos
  • Off-taker: que pode ser uma trading, uma cerealista, uma comercial exportadora que precisa comprar a produção do produtor, seja para revender no mercado interno, exportar ou mesmo para utilizar como matéria-prima em seus processos produtivos.

O ponto em comum entre os três é que todos precisam de alguma coisa e através do Barter é possível criar uma conexão entre eles de tal forma que se constitua uma relação de ganha-ganha.

Nem sempre a relação de troca oferecida pelo Barter vai atender às expectativas do produtor, justamente porque ela é feita utilizando por base premissas de mercado.

Nesse aspecto é preciso compreender que, embora sejamos importantes players no mercado global de commodities, somos na maioria das vezes tomadores de preço e não formadores.

E o que isso significa? Que o preço das commodities que negociamos aqui no Brasil são formadas em outros mercados, como Chicago, Nova Iorque e Londres.

Além disso, temos o basis, os altos custos logísticos e variação cambial que impactam diretamente na rentabilidade das operações.

Veja mais sobre as premissas do Barter neste vídeo:

YouTube video player

As duas principais modalidades de Barter

Existem diversas modalidades que podemos fazer de operações de Barter, sendo as principais:

Preço Fixo

Quando se estabelece no momento do fechamento do Barter a relação de troca.

Ou seja, o fornecedor apresenta um pacote tecnológico ao produtor com os insumos, dosagens, aplicações necessárias para o plantio de determinada variedade de semente e em uma dada área.

Ele também estabelece quantas sacas ou arrobas o produtor deverá entregar como forma de pagamento daquele pacote.

Qualquer variação de preço da commodity que ocorra na Bolsa de Mercadorias entre a data de fechamento da operação e a data de entrega do produto não irá afetar a quantidade de produto a ser entregue. Isso é o famoso hedge.

Preço a Fixar

Essa modalidade no mercado também é conhecida por componentes.

Aqui vale uma explicação sobre a forma que uma commodity é precificada.

Qualquer commodity, seja ela soja, milho, café, algodão, tem sua estrutura de precificação muito similar: utiliza-se uma cotação em uma Bolsa de Mercadorias de referência, como Bolsa de Chicago, Nova Iorque, Londres ou a própria B3 no Brasil.

Soma-se a esta cotação um prêmio (ou basis) que é a diferença entre o preço no mercado físico e o preço dos produtos agropecuários no mercado futuro na bolsa de referência.

Esse prêmio pode ser tanto positivo quanto negativo, e é influenciado principalmente pela relação de oferta e demanda sobre a commodity em questão.

Desconta-se os custos de frete, elevação portuária, perdas, entre outros, para se chegar a um valor final em dólar, o qual será convertido pela cotação cambial do mesmo mês de referência da cotação da commodity.

foto da bolsa de valores - artigo barter do blog Lavoura10

(Fonte: PBS)

Foi preciso explicar todo esse passo a passo para entender que nesta modalidade a fixar, a empresa oferece a você produtor um prazo pré-estabelecido para fixar alguns destes componentes do preço, como por exemplo a cotação na bolsa (por isso essa modalidade se chama componentes).

Assim, a relação de troca de insumos pode variar e você pode precisar entregar mais (ou menos) produto para quitar seu débito em aberto.

Estas duas modalidades são comumente utilizadas no mercado, sendo a de preço fixo a principal.

Outras modalidades

Além destas existem outras onde se utilizam contratos de opções e o produtor pode participar de uma eventual alta de mercado. Ou mesmo, é possível estabelecer um preço mínimo contra uma queda nas cotações, além de liquidação financeira ao invés de realizar a entrega do produto.

O ponto é que existem diversas maneiras de se estruturar o pacote de trocas e a relação de troca.

Muitas vezes nos apegamos mais a esse aspecto do que a todos os demais serviços que estão, muitas vezes, embutidos dentro deste processo, e que podem passar despercebidos.

>> Leia mais: “Barter soja: o que é e as dicas para realizar essa operação”

Vantagens da operação de Barter para o negócio agrícola

O Barter te oferece a oportunidade de fazer a gestão de riscos de parte do seu negócio.

Tudo isso sem que seja preciso assumir as obrigações que envolve operar em bolsa, como depósito de margem de garantia e ajustes diários.

Além disso, tendo conhecimento prévio da quantidade de produto necessário para pagamento de parte dos seus custos, seu foco passa a ser em produzir mais e melhor.

Isso ocorre tanto para que você possa honrar com seus contratos quanto para obter maior produtividade e assim possa negociar o excedente com preços melhores.

Entende que essa é a principal diferença com o escambo?

Enquanto antes se trocava o excedente pelo o que tivesse disponível no mercado, com o Barter, o excedente é onde justamente os produtores rurais podem ter a possibilidade de melhorar o seu capital de giro e rentabilidade.

Por isso, é preciso ter a clareza que o Barter é um meio, e não um fim em si mesmo.

E o que isso quer dizer? Que a empresa de insumos (fertilizantes, sementes, defensivos) ou de qualquer outra natureza que estrutura uma operação de Barter e a oferece ao mercado tem um objetivo que deseja alcançar com esse operação.

Esse objetivo pode variar de acordo com o momento do mercado e com a estratégia da empresa.

Divulgação do kit de 5 planilhas para controle da gestão da fazenda

Conclusão

Agora você sabe que Barter não se trata de um escambo, conhecendo agora o real valor desta operação.

Precisamos pensar que no Barter não apenas no que ele se propõe a vender, mas sim no resultado que ele proporciona em termos de gestão de riscos, produtividade e rentabilidade.

O Barter vem para ser mais uma opção na estratégia de sua propriedade rural. Por isso, aproveite as informações e orientações e tenha um negócio ainda melhor!

>> Leia mais:

“Cédula de Produto Rural: entenda as mudanças e como elas impactam seu negócio rural”

Como fazer um contrato de hedge e como ele pode assegurar sua rentabilidade

“Comercialização agrícola: saiba como ter sucesso no seu negócio rural”

E você, já faz Barter? Tem alguma dificuldade ainda em entendê-lo? Deixe seu comentário abaixo!

Rochagem: Como essa prática pode beneficiar sua lavoura

Rochagem: Veja como ela ajuda na fertilidade do solo e pode reduzir os custos da safra, além do passo a passo de como realizá-la.

Você já escutou falar de rochagem ou remineralização de solos?

Essa é uma das alternativas complementares às adubações químicas e sintéticas para a sua lavoura.

A rochagem melhora a qualidade física e química do solo, podendo substituir parte dos fertilizantes.

Lembrando que cerca de 80% dos adubos são importados e cotados em dólar, encarecendo o custo da produção. Por isso, a rochagem pode ser uma boa saída de redução de custos.

Neste artigo, irei compartilhar com você a lógica do uso de rochas complementando a adubação e os benefícios para sua lavoura. Saiba tudo a seguir!

O que é rochagem?

Também conhecida como remineralização, a rochagem utiliza as rochas em suas formas naturais, em granulometrias únicas ou mescladas.

Elas podem ser combinadas com outras práticas, como o uso de microrganismos.

Grande parte dos fertilizantes utilizados hoje nas lavouras tem como base rochas processadas com ataques químicos, que servem para promover a concentração e a solubilidade dos elementos em questão, tornando os fertilizantes solúveis.

Por isso, embora o uso de rochas já seja bastante comum, seu uso em formas naturais (que é a rochagem) não é tão utilizado.

O primeiro livro sobre rochagem foi “Pães de pedra”, escrito por Julio Hansel, em 1870. No Brasil, a prática é utilizada há muitos anos, com os trabalhos de Solón Barreto e Sebastião Pinheiro.

E ela tem se consolidado nos últimos anos, com experiências em grandes lavouras em conjunto com a agricultura convencional.

A fazenda onde trabalhei, em São José do Xingu, Mato Grosso, é um exemplo. Faz parte do Grupo de Agricultura Sustentável (GAS), que organiza agricultores que buscam alternativas de produção para redução de custos e melhoria de suas produções.

Esse grupo estima que aproximadamente 1 milhão de hectares, em diversos Estados,  utilizam a rochagem como técnica para a melhoria do solo, seja de forma experimental ou permanente.

Separei aqui um vídeo da pesquisadora da Universidade Federal de Brasília, Claudia Gorgen. Assim, você pode entender melhor a prática e os experimentos realizados em lavouras de soja.

Entrevista Cláudia Gorgen

 

A forma de atuação da rochagem ou remineralização no solo

O remineralizador (ou pó de rocha, como é conhecido) é um insumo estratégico para repor e reciclar elementos extraídos do solo pela erosão e colheitas.

Os remineralizadores estão regulados desde março de 2016, incluídos entre as catego­rias de insumos agrícolas, pela IN 5 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Desde então, as rochas utilizadas nesta prática passam por um processo de avaliação, baseada na composição geoquímicas, mineralógica e no desempenho agronômico.

São considerados parâmetros como:

  • Percentuais mínimos da soma de bases (óxidos de cálcio, de magnésio e de potássio)
  • Percentuais máximos de elementos potencialmente tóxicos e de sílica livre
  • Indicação do pH, de abrasão e granulometria

Esse tipo de análise tem sido realizada em conjunto com Embrapa e instituições como a Universidade Federal de Brasília.

rochagem
Pó de rocha é mais barato e pode ser usado em diversas culturas
(Fonte: Embrapa)

Impactos para o solo

Os remineralizadores, ou a prática da rochagem, atuam como condicionadores do solo. Ou seja, promovem melhorias físico-químicas e da atividade biológica do solo.

A solubilidade é um fator relevante dos fertilizantes químicos. Mas, na rochagem, a lógica é um pouco diferente.

A contribuição na disponibilidade terá relação com interações de natureza química, como acidez de chuva, com a biomassa vegetal e os exsudatos de raiz, e com a vida microbiana existente no solo, além da granulometria do produto utilizado.

Ou seja, a presença de matéria orgânica faz diferença na reação do remineralizador no solo. Assim, ocorre a criação de um efeito sinérgico entre o fator biológico e a mineralogia para as plantas cultivadas.

Alguns estudos têm até considerado o acúmulo de carbono no solo pelo uso de rochagem.  

Além disso, o uso das rochas como adubo contribui como estímulo para as plantas, que investem em raiz.

Isso promove aumento da produção de exsudatos e, consequentemente, incentiva a parte biológica do solo, aumentando o intemperismo na rocha.

rochagem
Esquema generalizado da ciclagem de Carbono, Nitrogênio, Fósforo e Potássio no solo
(Fonte: Livro Microbiologia e Bioquímica do solo)

O pesquisador da Embrapa Eder Martins afirma que várias rochas silicáticas cumprem requisitos de soma de bases, mas têm baixa eficiência agronômica.

“Por isso, testes em solos agrícolas e culturas da região de origem do produto são necessários, bem como a publicação científica com os resultados”, explica Martins.

Desta forma, nem todas as rochas são agrominerais. Há necessidade de adequação às normativas da lei e avaliações de desempenho agronômico.

Já se sabe que o pH do solo influencia na solubilidade dos fertilizantes. De acordo com seu estado, disponibiliza certos elementos, conforme imagem abaixo. Esse fator também contribui na fertilização com as rochas.

rochagem
Relação entre pH e disponibilidade dos elementos no solo
(Fonte: Malavolta, 2016)

Benefícios para o solo

Os tipos de solos brasileiros são altamente intemperizados, com mineralogia da fração argila composta de caulinita e óxidos de ferro e de alumínio.

Apresentam baixa capacidade de troca de cátions (CTC) e pouca reserva de bases, na medida em que a maioria dos minerais primários facilmente intemperizáveis já foi destruída.

E como dizia meu diretor técnico da fazenda, se não investirmos em matéria orgânica, não teremos aumento de CTC do nosso solo.

Por isso, a prática tem que ser acompanhada de investimento nas condições orgânicas e, consequentemente, na fertilidade do solo.

O uso de rochas no solo contribui nos seguintes parâmetros:

  • Aumento da atividade biológica do solo;
  • Aumento da CTC do solo;
  • Disponibiliza nutrientes de forma contínua e gradativa;
  • Racionaliza o uso do potássio;
  • Neutraliza o alumínio (Al) e libera o fósforo (P);

Você pode obter mais informações na página do 3º Congresso Brasileiro de Rochagem realizado pela Embrapa.

Agora que já falei sobre os benefícios da prática, vou explicar como colocá-la em prática na sua propriedade!

E como testar a rochagem em minha lavoura?

Recomendaria realizar testes de rochagem primeiro como uma fertilização complementar.

O processo de disponibilidade é diferente, como comentamos, um pouco mais complexo e lento, ou seja, de longo prazo.

Você deve encontrar um produto que seja acessível economicamente.

A recomendação geral varia de acordo com o produto utilizado, tempo de reposição e granulometria da rocha. É possível começar com 2 ou mais toneladas por hectare.

É importante ter análise de solo, mesmo as químicas. Você não verá muita diferença de um momento para o outro, ou seja, logo após a aplicação do produto. Mas isso te servirá de parâmetro para ir acompanhando o solo a longo prazo.

Para ser viável economicamente, é necessário a fonte do produto estar num raio de no máximo 300 km de sua propriedade.

O ideal é sempre combinar uma atuação de supressão biológica. Ou seja, utilize uma boa quantidade de biomassa vegetal, microrganismos no solo e inoculação nas sementes.

Assim, teremos uma ativação microbiológica, ou seja, promovemos um metabolismo de ativação da disponibilidade desses minerais.

Uma ótima opção é buscar conhecer outros produtores que estão realizando experiências em suas propriedades.

Opinião e experiência de quem experimentou de fato faz muita diferença.

rochagem
Experimento conduzido em Não-Me-Toque (RS) lavoura de soja safra 2016/2017
(Fonte: Arquivo pessoal)

Conclusão

A geologia de nossos solos é importante e o estudo da Agrogeologia tem avançado.

A rocha em si é o produto final de vários minerais, que se transformaram em solos e alimentam as nossas colheitas.

Neste artigo, você viu como a rochagem é uma alternativa para complementar a adubação química e sintética na sua lavoura.

Também falamos sobre como ela funciona, todos seus benefícios e como você pode testá-la para reduzir os custos de adubação na sua propriedade. Aproveite o conhecimento e boa rochagem!

>> Leia mais: 

Solo argiloso: O que muda no seu manejo nesse tipo de solo
Estratégias para plantar em solo arenoso
“Como a agricultura regenerativa pode te dar bons resultados a longo prazo”

Você já teve alguma experiência com rochagem? Como faz a correção da fertilidade do seu solo hoje? Deixe seu comentário!

Planilha de gastos agrícolas: como fazer e como contê-los (+planilha grátis)

Planilha de gastos agrícolas: as principais dicas de como fazer uma, o passo a passo para controlar os gastos e ainda uma planilha modelo grátis.

Controlar os gastos é importante para o sucesso financeiro de sua propriedade.

Se você não sabe quanto gastou, como vai saber quanto ganhou?

Existem várias maneiras de se fazer o controle, seja com o uso de planilha de gastos, software agrícola ou até mesmo um caderno.

Mas é necessário coletar os dados de forma organizada, para otimizar o processo e obter informações importantes sobre a propriedade.

Confira como ter uma boa planilha de gastos agrícolas e baixa uma versão gratuita para iniciar seu controle financeiro hoje mesmo!

Saiba quanto você gastou

Um dos maiores erros que podemos cometer em um empreendimento é não ter controle financeiro.

Uma empresa rural tem inúmeros gastos mês a mês: insumos, serviços, impostos e por aí vai.

Não fazer a gestão de custos, mantendo um histórico detalhado desses gastos mensais pode dar a falsa ideia de que o negócio está voando, quando, na verdade, está afundando em prejuízos.

Planilha de gastos agrícolas podem te ajudar a manter o controle sobre a propriedade, mas alguns detalhes são importantes na hora de elaborá-las.

Confira comigo algumas alguns detalhes que não podem faltar em sua planilha.

Como começar uma boa planilha de gastos agrícolas

1. Tenha tudo sobre controle

Se você nunca fez o controle de seus gastos, pode parecer complicado no começo. Mas, fique calmo, não é nenhum bicho sete cabeças.

Primeiramente, devemos ter muita organização!

Tudo deve ser levado em conta na hora de organizar suas despesas: impostos, salários, manutenção de máquinas e por aí vai.

Mas lembre-se que finanças pessoais não devem ser misturadas às finanças da empresa.

Cada um desses itens são dados de entrada de uma planilha de gastos. Quanto mais detalhes, melhor.

A ideia é conhecer detalhadamente as finanças de sua propriedade. Só assim podemos tomar decisões conscientes para guiar o futuro de nossa empresa.

Mas como e quando fazer uma planilha de gastos?

planilha de gastos
(Fonte: Guia do Milhão)

2. Aproveite a entressafra

A melhor época para fazer o planejamento financeiro e colocar a casa em ordem é a entressafra.

Use esse período de forma produtiva! Feche o balanço (receitas e despesas) da safra anterior e aproveite para planejar a próxima.

Arrume o seu estoque, dê manutenção no maquinário e planeje as operações.

Se você nunca fez isso, aproveite para começar a fazer também!

Como dito anteriormente, devemos conhecer detalhadamente a nossa propriedade e não misturar a parte financeira pessoal.

Dividir a fazenda em talhões facilita na organização das informações. Da mesma forma, um estoque organizado pode ajudar na hora do planejamento da safra e elaboração da planilha de controle de gastos.

Além disso, lembre-se: quanto melhor a qualidade dos dados de entrada, melhores serão os resultados obtidos com a planilha.

>> Leia mais: “5 passos para realizar o fechamento de safra de forma prática e rápida”

O que você precisa saber para elaborar sua planilha de gastos agrícolas

Algumas informações não podem faltar para elaborar uma boa planilha de gastos agrícolas.

Usarei como exemplo os custos com insumos. Eles representam grande parte dos gastos de uma fazenda, por isso merecem atenção especial.

Os números utilizados são fictícios, meramente para ilustrar a situação!

Como você pode observar na figura abaixo, algumas informações devem ser levadas em conta:

  • Tipo de insumo: Detalhe cada insumo utilizado, desde sementes, adubos, inoculantes, etc.
  • Área: Divida sua área em talhões e mantenha o histórico de cada talhão individualmente.

Dessa maneira, podemos fazer a contabilidade por talhão e descobrir se a conta está fechando individualmente.

Muito importante é definir a área que iremos utilizar. No exemplo, coloquei 20 ha.

  • Quantidade utilizada por hectare: cada insumo tem uma quantidade correta a ser utilizada em determinada área. Certifique-se de adotar a quantidade recomendada e introduzir na planilha de gastos.
  • Preço e quantidade comprada para cada produto: por exemplo, R$ 248 por 60 kg de sementes.

Essa informações são básicas, mas servem para calcular os gastos com insumos. Com elas podemos entender onde seu dinheiro está indo, talhão a talhão.

O cálculo é simples, mas essa planilha programada já faz automaticamente, gerando inclusive gráficos. Veja na figura abaixo:

Nesse exemplo, conseguimos ver onde você está gastando seu dinheiro, com a porcentagem de cada insumo nos gastos.

Dessa maneira fica fácil visualizar e administrar os maiores “vilões” nas suas finanças.

Com isso, você pode direcionar suas negociações de compras, visando pagar menos por aquele insumo que te dá maior dor de cabeça.

Comprar bem os insumos é uma das maneiras de reduzir os gastos totais. Vale a pena “perder um tempo” com orçamentos e negociando. Pense nisso!

Modernize sua fazenda: softwares de gestão agrícola

Hoje em dia tudo está na palma da mão, nos nossos celulares. Por que não ter um gerenciador financeiro de nossa fazenda também?

Os softwares e aplicativos de gestão agrícola facilitam a sua vida nesse sentido.

Eles sincronizam os dados e os integra de forma automática, facilitando o acesso e a visualização das informações mais importantes para a vida financeira de sua empresa rural.

O Aegro é um software de gestão agrícola que pode te ajudar desde o controle do custo de produção e estoque até a organização das operações de sua fazenda.

planilha de gastos
Com Aegro, você consegue comparar custo orçado e custo realizado, por exemplo, de forma automatizada e acessível a qualquer momento (dados ilustrativos)

Ainda não conhece o software agrícola Aegro? Você pode começar a usar o software pelo aplicativo grátis disponível em:

Para a versão completa, fale com um de nossos consultores aqui!

planilha de controle dos custos com insumos Aegro, baixe grátis

Conclusão

É fundamental controlar os gastos de sua propriedade, seja com planilhas financeiras, software agro ou mesmo no caderninho.

A planilha de gastos agrícolas é uma ferramenta de baixo custo e que pode auxiliar o controle dos gastos da propriedade.

Mas é necessário organização para anotar todas operações de compra e venda da fazenda e tempo para tabulá-las.

Empresas rurais que geram grande quantidade de informações podem ter dificuldade em trabalhar com planilhas. Nesses casos, softwares de gestão que conseguem lidar com todos esses dados de forma automatizada e de mais fácil visualização são opções!

Aproveite as informações passadas aqui e comece a organizar agora mesmo o controle financeiro da sua fazenda!

>>Leia mais:

Todas as dicas para fazer a contabilidade de custos da fazenda sem mistérios!

Como fazer o rateio de custos simples e efetivo

Você já usou uma planilha de gastos em sua fazenda? Como você controla seus custos hoje? Deixe sua dúvida ou comentário. Grande abraço!

Veja como melhorar a logística de transportes da produção agrícola

Logística de transportes: Quanto deve valer seu frete, como ele afeta seu custo de produção e as dicas para diminuir seus impactos.

Você se planeja para altas produtividades e a colheita é farta. Mas falhas na hora de escoar a produção podem trazer prejuízos e colocar sua lucratividade em risco.

A logística de transportes é uma atividade cara e que requer planejamento.

Segundo a NTC, o custo do frete para médias distâncias (800 km) era de R$ 204,38 por tonelada em 2017/2018.

E esse custo impacta não só o transporte dos seus itens agrícolas, mas também o recebimento dos insumos na fazenda. Ou seja, seu custo de produção está vinculado ao valor do frete.

Neste artigo, vamos explicar o funcionamento dessa logística de transportes e quanto deve valer seu frete. Confira a seguir!

Logística de transportes: Entenda o frete

A logística de transportes nada mais é que fazer com que o produto chegue de forma mais rápida, dentro do prazo e com custos mais baixos ao consumidor.

Esse tipo de transporte, conhecido como frete, é o intermediador entre o produtor e o consumidor. Para que isso ocorra é necessário que conheçamos como é o funcionamento do frete.

Conhecendo as etapas que quantificam o frete

No planejamento da logística de transportes, é fundamental conhecer os pilares no qual o frete deve ser embasado. Veja na tabela abaixo:

logística de transportes
(Fonte: Anuário NTC&Logística)

Vou explicar melhor cada pilar dessa logística de transportes:

1 e 2. Tabela de frete peso

É nesta fase que o transporte de mercadorias consegue elencar o preço de acordo com a distância  percorrida.

Em alguns casos, a entrega da carga acontece de forma fracionada, por isso, normalmente, é adicionada uma taxa a esse valor.

3. Frete valor

Nesta etapa conseguimos estimar os riscos que poderão ocorrer com a carga. Com isso, conseguimos estimar valores que consigam cobrir esses riscos.

Normalmente esse valor é calculado relacionando distância e também o tipo de carga. Se é mais frágil, por exemplo, se tem embalagens apropriadas para o produto e qual a condição da mercadoria que será transportada.

4. GRIS (Gerenciamento de risco)

Quando, em caso de roubo, o pessoal responsável pela logística de transportes deve providenciar algumas estratégias para driblar essa situação.

Com isso, dentro do frete existe o valor GRIS, que é uma porcentagem de toda a mercadoria. Não se leva em consideração a distância.

5- Generalidades

Nesta etapa, as taxas cobradas são para serviços do transporte que raramente são feitos, mas que são adicionados ao valor final do frete como respaldo.

logística de transportes
Aumento do frete em 2018 trouxe impacto bilionário no transporte da soja
(Fonte: Valor Econômico)

Frete faz parte do custo de produção?

Sim, o frete faz parte do custo de produção. E você sabe o motivo disso?

O produtor, ao ter toda sua safra colhida, necessita fazer a armazenagem dessa mercadoria. Desta maneira, esse custo entra na cadeia de suprimentos, ou seja, é um custo logístico.

Assim, é importante se atentar para alguns pontos que podem diminuir esses custos, como, por exemplo:

  • A distância da mercadoria até o centro de comercialização, pois a distância é o principal vilão no valor do frete;
  • As condições das estradas rurais, porque elas normalmente não são pavimentadas, o que onera a atividade;
  • Rodagem em pistas que apresentam um certo grau de periculosidade;
  • Transporte de cargas em rodovias que apresentam grande quantidade de pedágios com preços altos, pois também encarecem o frete.

Por isso, é importante que você considere esse custo no seu planejamento, além de possuir um controle de perto da sua produção agrícola.

logística de transportes
Com o Aegro você tem todos os indicadores da sua colheita em alguns cliques, sendo muito mais fácil e simples o planejamento do escoamento da produção.

Logística de transportes: Diferentes tipos

Antes de calcularmos o preço do frete, vou explicar um pouco como ele vem sendo realizado segundo os modais de transporte.

A operação logística de transportes pode ser feitas nos modais ferroviários, aviários, rodoviários e aquaviários.

No Brasil a principal forma de escoar nossos produtos agrícolas é pelo modal rodoviário. De acordo com a CNT (Confederação Nacional do Transporte), esse modal representa 61% de todos os tipos de transporte atualmente.

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Gráfico diz respeito à matriz de transporte brasileira
(Fonte: CNT/ANTT/Esalq-Log)

Ele se sobressai em relação aos outros por sua distribuição abranger maiores áreas e por estar mais estruturado se comparado ao modal ferroviário, por exemplo. Este é sempre motivo de reclamação por suas condições precárias.

Sabendo disso, é possível discutirmos sobre quanto o frete deve custar para que você não corra o risco de pagar mais caro nesses serviços logísticos.

Quanto deve custar o frete na logística de transportes?

Cada vez mais produtores se preocupam com os valores gastos e como será esse  processo logístico.

Isso porque sempre há oscilação de preços em época de safra e às vezes os caminhões não conseguem suprir a demanda para escoar as mercadorias.

Atualmente, o preço do frete é regrado por uma tabela com os pisos mínimos estabelecida pela ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestre). Confira os valores vigentes desde de 24 de abril de 2019 aqui.  Abaixo você pode ver a tabela de frete mínimo para caminhões de 3 e 5 eixos:

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Esse piso segue estimativa de valor no qual o caminhoneiro consegue trabalhar em condições adequadas e prestando um bom serviço. A base para o cálculo é feita sob o custo fixo e o variável.

O custo fixo são os que envolvem a manutenção do caminhão, sem levar em consideração a quilometragem percorrida, como depreciação e salário do motorista.

Já os custos variáveis são aqueles que variam de acordo com a distância que, nessa operação logística, é o combustível.

Além do preço mínimo de frete, você também deve estar atento aos pedágios que deverão ser pagos no percurso do frete.

É preciso saber ainda qual a distância do trecho da viagem. Assim, pode ser adicionada alimentação do trabalhador neste somatório final do frete.

A ANTT, através da Resolução n°5820/2018, publica as tabelas de preço mínimo do frete correlacionando eixo e quilometragem percorrida.

Além disso, a agência tem responsabilidade de atualizar a tabela toda vez que o diesel oscilar 10% comparado à última tabela publicada. A atualização mais recente é de abril de 2019.

Conclusão  

Neste artigo, explicamos como funciona a logística de transportes e por que o frete é tão importante.

Esclarecemos como ele é subdividido e discriminamos como funcionam essas categorias. Discutimos ainda qual é o preço do frete no custo de produção.

Você também viu algumas dicas que podem te ajudar a reduzir esses custos.

Espero que, assim, você possa melhorar o planejamento e logística de transportes da sua empresa rural!

>> Leia Mais: "Como fazer o controle de frota da fazenda"

O transporte de carga da sua propriedade rural anda bem? Como você tem planejado sua logística de transportes? Deixe seu comentário!