Depreciação de máquinas: todos os cálculos de forma prática (+ planilha grátis)

Depreciação de máquinas: percentuais de desvalorização e como fazer a depreciação fiscal e gerencial dos equipamentos da sua lavoura.

Quando compramos um automóvel zero, sempre ouvimos falar que ele só perderá valor até a data da venda futura. Com as máquinas agrícolas, essa depreciação também ocorre.

A desvalorização dos equipamentos com o passar do tempo é conhecida como depreciação.

A depreciação deve, sim, entrar na planilha e ser calculada para as máquinas agrícolas com intuito de garantir a saúde financeira das propriedades.

Confira neste artigo como calcular a depreciação das máquinas agrícolas e muito mais!

O que é depreciação de máquinas?

A depreciação das máquinas, aqui especialmente falando das utilizadas na agricultura, pode ser definida como a perda de valor dos equipamentos com o passar do tempo.

Vamos explicar como funciona na prática!

Os equipamentos e máquinas agrícolas, ao serem adquiridos novos, possuem todas as peças e tecnologias que acabaram de sair da fábrica e estão sem desgaste algum.

À medida em que estes equipamentos são levados ao campo para trabalho, existe um desgaste natural das peças do conjunto.

Com o passar dos anos, as horas de uso acabam desvalorizando as máquinas que foram submetidas ao duro trabalho no campo.

Esse desgaste acarreta em perda do valor dos equipamentos com o passar dos anos – é o que chamamos de depreciação.

A depreciação de máquinas pode ocorrer devido a dois principais fatores: desgaste dos equipamentos devido ao uso e obsolescência. 

Neste cenário, podemos citar as máquinas agrícolas como: tratores, plantadeiras, colhedoras, carros da frota da fazenda e implementos sendo desgastados, perdendo valor, de acordo com o uso ao longo dos anos.

Já na questão da obsolescência, o equipamento adquirido com certos pacotes tecnológicos podem apresentar defasagens com o passar do tempo.

Com as constantes inovações no meio agrícola, as máquinas estão cada dia mais tecnológicas e tais softwares podem ser renovados pelos fabricantes.

depreciação de máquinas

(Fonte: GauchaZH)

Sistemas de posicionamento mais precisos, sensores mais eficientes, válvulas mais rápidas para aplicação de insumos, são exemplos presentes nas máquinas novas do mercado, tornando as antigas obsoletas. 

A obsolescência operacional reflete exatamente esse cenário!

Uma vez que são lançados novos sensores e produtos com vantagens adicionais, temos uma depreciação dos equipamentos antigos com o passar do tempo.

A obsolescência também pode ser física nas máquinas agrícolas, que ocorre quando temos danos como batidas, desgastes, envelhecimento e falta de peças para reposição.

Como calcular a depreciação de máquinas e equipamentos agrícolas?

Para começar o nosso cálculo, devem ser inseridas a vida útil do equipamento e sua taxa mensal ou anual de depreciação.

Vale ressaltar que existem dois tipos de depreciação aplicadas às máquinas: a depreciação fiscal e a depreciação gerencial

Na depreciação fiscal, também chamada de depreciação contábil, o valor do bem adquirido é calculado para ser reduzido a zero após o período determinado para sua vida útil.

Já na depreciação gerencial, o valor final do bem não necessita chegar a zero: pode ser calculado durante um intervalo menor que a duração de sua vida útil. 

Assim, o estado de conservação e manutenções realizadas nos equipamentos pode manter o valor do bem mais elevado. Isso depende de cada modo de utilização.

Qual o percentual de depreciação de máquinas e equipamentos?

Falamos de depreciação de máquinas e equipamentos e sua importância para a manutenção do fluxo de caixa da fazenda.

Mas como calculamos, de fato, a depreciação?

A porcentagem de depreciação varia de acordo com cada máquina e equipamento agrícola.

Uma boa baliza que utilizamos é a tabela de depreciação da Receita Federal. Nela, encontramos as taxas anuais de depreciação de cada bem e vida útil em anos.

Para acessar a tabela de depreciação da Receita Federal clique neste link.

tabela depreciação receita federal

(Fonte: Receita Federal)

Lembrando que a tabela da Receita Federal não é obrigatória para o cálculo da depreciação dos bens de empresas que se enquadram no Simples Nacional ou Lucro Presumido.

Ela é apenas uma sugestão de valores norteadores para utilização. 

Além da tabela da Receita Federal, a Conab também disponibiliza algumas tabelas voltadas para a cadeia agrícola.

Você pode acessar a tabela de vida útil de máquinas e equipamentos da Conab clicando aqui.

tabela agrícola Conab

(Fonte: Conab)

A Conab também apresenta a vida útil considerada em horas e valor residual para cada equipamento, de acordo com tipo de operação que desenvolve.

O valor residual é o preço de venda deste equipamento, depois do tempo de vida útil calculado.

Pegando uma colhedora de cana comprada por R$ 1 milhão como exemplo. Após 5.000 horas de trabalho, seu valor final seria de 25% do valor pago, ou seja, R$ 250 mil.

Porém, a taxa anual de depreciação, apesar de ser geralmente calculada com uma porcentagem fixa para a maioria dos equipamentos, pode variar de acordo com cada propriedade.

Como calcular a depreciação fiscal

Como a depreciação e perda do valor das máquinas está relacionada à forma de utilização destes equipamentos, modelos de gestão da frota de cada fazenda podem influenciar em maiores taxas de depreciação anuais.

Vamos calcular um exemplo de depreciação fiscal de uma máquina agrícola que custe R$ 250 mil.

Olhando na tabela da Receita Federal, para uma máquina que se encaixe na categoria de referência 8432 “Máquinas e aparelhos de uso agrícola, hortícola ou florestal, para preparação ou trabalho do solo ou para cultura; Rolos para gramados (relvados) ou para campos de esporte” a vida útil é de 10 anos e taxa anual de depreciação de 10%.

O cálculo consiste em dividir o valor total da nossa máquina pela vida útil em meses estipulada pela Receita Federal.

R$ 250.000 / 120 (10 anos) = R$ 2.083,33 (depreciação mensal)

Nesse cálculo de depreciação fiscal, levamos, após 10 anos, o valor da nossa máquina a zero reais.

Para calcular a depreciação por hora, iremos supor que esta máquina irá trabalhar 1.500h no ano.

1500h / 12 meses = 125h/mês

A depreciação por hora será calculada como depreciação mensal dividido pela quantia de horas trabalhadas por mês.

 R$ 2.083,33 (depreciação mensal) / 125h/mês = R$ 16,65/h

Como calcular a depreciação gerencial

No caso de uma depreciação gerencial, vamos supor que venderemos essa máquina após 3 anos de uso por R$ 170 mil.

Nesse caso, a diferença do valor da máquina no momento da venda foi de R$ 80 mil. O cálculo consiste em dividir a diferença pelos meses de uso do equipamento.

R$ 250.000 – R$ 170.000 = R$ 80.000,00

R$ 80.000 / 36 meses (3 anos) = R$ 2.222,22 (depreciação mensal)

Note que a venda após 3 anos de uso, nessas condições apresentadas, não seria compensatória. Isso porque, se mantivéssemos a máquina operando na propriedade, a depreciação ao final do ciclo seria menor.

Claro que outros fatores devem ser levados em conta no momento da venda, como utilidade e demanda da máquina na propriedade. 

Mas, certamente, a depreciação é um cálculo que ajuda no planejamento financeiro do negócio.

depreciação de máquinas

Máquinas presentes no campo estão cada vez mais tecnológicas 
(Fonte: Jornal do Comércio)

Ferramentas para cálculo de depreciação

Ressaltamos que para calcular e controlar a depreciação de máquinas na sua fazenda, você pode utilizar uma planilha gratuita para o cálculo de depreciação de máquinas e/ou um software de gestão agrícola.

Isso porque, nos dois casos, você consegue uma sistematização melhor, especialmente no software, já que nem sempre as contas são fáceis, ainda mais se você tiver um número considerável de máquinas.

Para te ajudar nisso, disponibilizamos uma planilha gratuita para você começar os cálculos agora de uma maneira bem mais rápida e simples. Clique na figura a seguir para baixar!

Mas saiba que, com um software agrícola, você pode acompanhar a depreciação das máquinas de maneira organizada, ao longo de toda a sua vida útil.

O Aegro, por exemplo, permite que você controle a taxa de depreciação dos equipamentos ano após ano. Assim, você consegue ter uma visão muito mais clara sobre o valor do seu patrimônio.

O aplicativo ainda oferece indicadores precisos sobre o rendimento de cada máquina. Com essas informações, fica fácil de entender se o equipamento está operando com eficiência ou se chegou a hora de trocá-lo.

Veja como é fácil realizar o registro de depreciação no Aegro.

Conclusão

Neste artigo, você aprendeu o que é a depreciação das máquinas e como calcular essa taxa de desvalorização para os nossos equipamentos.

A depreciação ocorre com todos os bens que adquirimos. A partir do momento em que compramos as máquinas, seu valor já começa a ser depreciado.

A taxa de depreciação também pode variar de acordo com o manuseio dos equipamentos em cada propriedade.

É essencial conhecer a vida útil das máquinas dentro da sua propriedade para que os cálculos depreciativos sejam os mais fidedignos possíveis.

Com a depreciação de máquinas calculada, fica fácil se preparar para aquisição de novos bens ao longo do tempo, sem prejudicar a saúde financeira do negócio.

>> Leia mais:

“Renagro: como funcionará o registro nacional de tratores e máquinas agrícolas”

“Como fazer o cálculo de depreciação da lavoura de forma simples e rápida”

“O que você precisa saber para acertar a lubrificação de máquinas agrícolas da sua fazenda”

Conheça as 8 melhorias que a mecanização agrícola traz para a sua fazenda

Você calcula a taxa de depreciação de máquinas? Auxilia seus operadores e gestores a operarem corretamente os equipamentos para prolongar sua vida útil? Adoraria ver seu comentário abaixo!

Gestão logística: Supere os desafios de transporte no agro

Gestão logística: Entenda qual o peso do frete, se vale a pena armazenar a produção e como obter mais eficiência e lucratividade com uma logística melhor.

Na hora de transportar a mercadoria da fazenda, o que vale mais a pena: um caminhão maior, que exige mais tempo de carregamento, ou menor e com frete mais caro? 

Compensa mesmo armazenar a produção e vender depois?

Frequentemente, uma série de decisões precisa ser tomada com relação à gestão logística. Mas como tomar a melhor possível?

Reunimos aqui importantes pontos sobre os desafios do transporte e gestão logística apresentados pelo coordenador técnico da Esalq-Log, Thiago Péra, durante a Semana da Pré-Safra.

O webinar completo você confere aqui. Os principais assuntos abordados na palestra você confere a seguir!

Os desafios de logística enfrentados pelo agronegócio

Quando falamos em logística, logo lembramos do transporte de mercadorias – mas não é só isso. 

A logística compreende uma série de atividades da fazenda como gestão de estoque, manuseio dos produtos agrícolas, armazenagem, e por aí vai…

Ela faz parte da estrutura de custos da sua empresa rural.

E, dentro dessa estrutura, há uma série de gargalos que podem prejudicar a competitividade, encarecendo a produção e impactando a lucratividade.

“O sistema de produção é totalmente dependente da logística. Nós temos aumentado nossa produtividade, utilizando novos pacotes tecnológicos, mas muito dessa competitividade acaba sendo perdida nas atividades logísticas devido, principalmente, à falta de estrutura de transporte adequado”, reforça Péra.

Ele ressalta que o impacto dos custos logísticos no agro é proporcionalmente maior que o de setores como a indústria devido ao baixo valor agregado dos produtos agrícolas.

Em alguns casos, o preço do item é inferior ao do frete. 

Além disso, apesar da demanda constante pelos produtos agro, há uma janela específica de produção, evidenciando a importância da gestão do estoque.

“Nós temos um mercado altamente concorrencial, em que os preços muitas vezes são dados em dólares. E como podemos aumentar nossa lucratividade? Precisamos melhorar nossa gestão de custos, aumentar a produtividade e trabalhar com redução dos custos para aumentar nossa competitividade”, diz Péra.

Os impactos do frete na logística

A produção agrícola demanda infraestruturas diferentes de transporte e armazenagem da cadeia logística industrial, por exemplo. 

E o preço do frete no agronegócio, quando falamos em grãos, como soja e milho, tem alta sazonalidade.

Durante a safra, eles tendem a ficar ainda mais caros devido à demanda aquecida, como você pode observar no gráfico abaixo:

gestão logística

Variação dos fretes de 2010 a 2017 nas culturas de soja e milho
(Fonte: Esalq-Log)

Observe que, em 2017, o impacto médio do frete para o milho, de Sorriso (MT) até o porto de Santos (SP), foi de quase 60%.

No caso da soja, o valor do frete no custo total foi de quase um quarto do preço final, considerando o transporte de Sorriso até Paranaguá (PR).

Thiago Péra enfatiza que temos no Brasil uma grande dependência do modal rodoviário hoje.

Cerca de 60% do escoamento de toda a produção é feita através de caminhões, devido à flexibilidade no transporte de “porta a porta”.

O modal, porém, é de baixa eficiência energética, o que acaba encarecendo muito os custos logísticos, principalmente em viagens longas. E isso é muito comum no Brasil.

“A distância média de transporte de grãos no país é de 1.300 quilômetros. O rendimento de combustível é de 2/km por litro em um caminhão. Ou seja, se consome muito e estamos em um momento de alta nos preços do óleo”, afirma.

Outro problema é a falta de qualidade das rodovias. Muitas estão esburacadas e outras tantas sofrem até com falta de pavimentação, afetando fortemente a competitividade.

“Países de dimensões continentais como China, Canadá, Estados Unidos e Rússia têm maior dependência de outros modais alternativos ao rodoviário. É necessário nos aproximarmos dessa situação”, diz.

Gestão logística: Custo de exportação da soja 

O custo de produção da soja é bastante similar entre o Brasil e outros países produtores, segundo Péra. Os custos logísticos, no entanto, pesam muito contra a produção brasileira.

Como você pode ver no gráfico abaixo, o custo logístico de exportar soja brasileira para a China, em 2017, foi de US$ 92,12 por tonelada.

Deste total, mais de US$ 75 foram gastos com transporte interno até a chegada da mercadoria ao porto. O restante, US$ 16 em média, foram custos marítimos.

Para comparação, nos Estados Unidos, o custo total de exportação da soja para a China (no mesmo período), foi de menos de US$ 65 por tonelada. Os custos com transporte interno foram inferiores a US$ 38/t.

“Ou seja, perdemos muita competitividade no transporte rodoviário. É um ponto bastante significativo”.

gestão logística

(Fonte: USDA e Esalq-Log)

Gestão do transporte dentro de um plano logístico

Na hora de transportar a mercadoria da fazenda, o que vale mais a pena: escolher caminhões maiores e que exigem mais tempo de carregamento ou caminhões menores com frete mais caro proporcionalmente? 

Compensa optar por um caminhão mais velho, que tem bom custo de oportunidade, mas risco de quebra maior?

E quanto ao modal? O transporte rodoviário é mais caro, mas é mais rápido e gera menos perdas…

Frequentemente, uma série de decisões precisa ser tomada com relação ao transporte de mercadorias de determinado produto da fazenda. E precisamos, então, ter uma série de ferramentas para isso.

Como, então, tomar a melhor decisão possível?

Alguns modelos matemáticos de otimização podem ser implementados para auxiliar essa tomada de decisão. Mas tudo começa na estruturação de custos

O custo de transporte de uma rota depende de dois grandes fatores, informa Péra:

  • custo fixo (deterioração, seguro, etc)
  • custo variável (pneu, óleo, manutenção, etc)

Além disso, temos um parâmetro de produtividade que está relacionado às características daquela rota específica – rendimento do combustível, velocidade, distância e etc.

Veja no gráfico um exemplo de composição de custos do transporte rodoviário:

gestão logística

(Fonte: Esalq-Log)

O combustível representa por volta de 30% desses custos e, quanto maior a distância, maior o custo variável. 

Para cada R$ 0,10 de redução por litro no óleo diesel, pode haver uma economia anual de até R$ 84 mil, considerando as condições estudadas, conforme o gráfico.

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Análise de sensibilidade de produtividade: transporte de cana (Rodotrem, 48t), raio médio de 20 km para 1 milhão de toneladas
(Fonte: Esalq-Log)

“Há uma série de ações que podem ser empregadas para melhorar esses indicadores. É extremamente importante mensuramos uma série de indicadores-chave dentro do transporte, fazer o acompanhamento devido, para ter melhor gestão”.

E o que pode ser feito para reduzir custos? 

No caso dos combustíveis, uma opção pode ser a compra direta, com economia de escala. 

Para melhorar o rendimento, uma alternativa é aumentar o treinamento dos motoristas. 

Quanto aos centros de carregamento, podem ser feitos investimentos em novas tecnologias para carregamento/descarregamento dos grãos.

Já na questão da velocidade, a melhoria nas condições de transporte, com reforma de estradas estratégicas (principalmente na saída da fazenda) são pontos de atenção.

Outra tendência no transporte rodoviário de carga é a busca de economia de escala. E isso tem muito a ver com aumentar a produção e ter redução do custo médio do transporte.

O gráfico abaixo mostra o custo do transporte, em reais por tonelada em km, em função da distância por diferentes tipos de equipamentos:

gestão logística

(Fonte: Esalq-Log)

Se selecionarmos para uma determinada faixa de distância (1.500 km, por exemplo), uma carreta de 27 toneladas tem custo muito maior que um bitrem 37t basculante ou graneleiro. 

“Quanto maior capacidade de transporte, maior economia de escala, ou seja menor seu custo unitário de transporte. É algo bastante interessante e tem sido bastante empregado com utilização de caminhões cada vez maiores”, diz Péra. 

No caso do transporte ferroviário, isso se aplica utilizando um maior número de vagões e/ou vagões de maior tamanho.

Por isso, cada caso é um caso. É importante que você tenha todas essas informações de sua logística na ponta do lápis e ir verificando quais são suas opções, com prós e contras de cada uma.

Armazenagem

A armazenagem tem função de compensar algum problema espacial ou temporal entre oferta e demanda.

Ela garante equilíbrio nos estoques ao longo do tempo e pode ser usada de forma estratégica na comercialização.

“Com armazenagem, você pode aproveitar oportunidades tanto no preço de comercialização quanto no frete em épocas fora do período da colheita. Você pode guardar o produto e negociar na hora em que bem entender: quando o preço está mais favorável, quando o frete está mais baixo, obtendo ganhos econômicos”, reforça o coordenador da Esalq-Log.

O gráfico abaixo mostra que, conforme há o avanço da colheita, há queda de preços. Além disso, o aumento de preços no frete durante a safra chega a ser de 50% a 60% maior se comparado à entressafra.

gestão logística

Mas a estrutura de armazenamento no Brasil tem sido deficitária em relação ao aumento da produção.

E esse desequilíbrio pode ser visto na formação de longas filas de caminhões próximos aos portos, um exemplo do “estoque sobre rodas” que ocorre no país.

Segundo Péra, enquanto a produção cresce 5,8% ao ano, em média, a capacidade de armazenamento aumenta menos de 4,5%.

Em 2007, a capacidade de estocagem no país era de 85% da produção. Em 2015, esse índice passou para 75%. Para comparação, nos Estados Unidos, essa capacidade é de 150% da produção. 

gestão logística

Evolução da armazenagem x produção no Brasil
(Fonte: elaborado por Thiago Péra a partir de dados do IBGE, 2016)

“Temos um baixo nível de possibilidade de armazenagem e menos de 18% dessa capacidade está nas propriedades agrícolas, ou seja, cujos produtores são donos. Aumentar essa capacidade dentro da fazenda acaba aumentando poder de barganha do produtor, que vai decidir quando vender. Isso muda até o perfil da estrutura de comercialização desses produtos”, diz Péra.

Ele reforça que é muito importante buscar ferramentas econômicas para viabilizar esse tipo de investimento na propriedade rural. 

Gestão de perdas na logística

Problemas na gestão logística resultaram na perda aproximada de 2,3 milhões de toneladas de grãos (soja e milho) no Brasil em 2015.

Esse volume representa 1,3% da produção nacional, somando perdas de R$ 2 bilhões.

“As perdas podem até ser pequenas em relação a produto, mas muito significativas em termos econômicos”, reforça Péra.

A maior parte das perdas está na armazenagem (45,5%) e descarregamento da carga (21,5%).

gestão logística

(Fonte: Thiago Péra)

O coordenador comenta que é muito comum perder horas no carregamento e descarregamento das cargas, o que impacta muito o custo da produção.

Mas como melhorar a eficiência operacional?

Possíveis caminhos são:

  • Melhorar a organização para tomada de decisão;
  • Ferramentas de previsão de frete (O Sifreca, da Esalq-Log permite acompanhar o frete em diversas regiões do país e é gratuito);
  • Investimento em pessoas (treinamento, plano de carreira);
  • Comunicação (integração entre diversos setores agrícolas);
  • Acessar indicadores de desempenho e benchmarking;
  • Soluções tecnológicas.

Buscar economias de escala e incrementar a qualidade do serviço de transporte também são pontos importantes levantados pelo coordenador.

Conclusão

O impacto dos custos logísticos na cadeia do agronegócio é maior do que em outros setores da economia e isso impacta a lucratividade do seu negócio rural.

Fazer a melhor gestão logística na sua propriedade, desde o planejamento até o escoamento da produção, permite ganhos de eficiência e mais rentabilidade.

O investimento em armazenagem, principalmente dentro da fazenda, pode viabilizar a venda da produção no melhor momento e entregá-la com melhor custo-benefício.

Investimento em pessoas, melhoria da comunicação, organização de dados e ferramentas do frete também contribuem neste sentido.

Como já comentamos, o levantamento de todas as informações e custos de cada opção devem ser analisadas para a melhor decisão para o seu negócio. 

Com todas as informações reunidas aqui temos certeza que você terá sucesso na sua gestão logística!

Você tem um plano de gestão logística na sua propriedade hoje? Quais são suas dificuldades? Assista nosso webinar aqui!

MIP (Manejo Integrado de Pragas): tudo o que você precisa saber sobre ele

Manejo Integrado de Pragas: o que é, como monitorar, níveis e principais tipos de controle, + planilha grátis!

O Manejo Integrado de Pragas (MIP) é o uso de táticas de controle de pragas, isoladamente ou associadas, numa estratégia baseada em análises de custo/benefício, que levam em conta o interesse e/ou o impacto sobre os produtores, sociedade e o ambiente.

É crescente a demanda dos consumidores por alimentos mais saudáveis, o que exige uma racionalização na utilização de defensivos. Por esse motivo, o MIP é um assunto que está constantemente em alta. 

E para o produtor, traz resultados benéficos no controle de pragas agrícolas e, principalmente, na economia na aplicação de defensivos.

O que é MIP (Manejo Integrado de Pragas)?

O MIP (Manejo Integrado de Pragas) é a otimização de controle de pragas agrícolas, como insetos, fungos, nematoides e plantas daninhas. Ele associa o ambiente e a dinâmica populacional das pragas.

É um sistema de manejo que considera o uso de todos os métodos de proteção de plantas disponíveis.

A função do MIP é buscar integrar diversas medidas de controle para manter o nível populacional das pragas abaixo do nível de dano econômico. Isso tudo de forma econômica, ambiental e ecologicamente viável. 


O que é o Manejo Integrado de Pragas e Doenças? 

O MIPD (Manejo Integrado de Pragas e Doenças)  é a associação de estratégias de controle tanto de pragas quanto de doenças. O MIPD pode ser utilizado para o manejo de insetos, doenças e plantas daninhas, seguindo os mesmos princípios do MIP. 

Mas, é claro, cada um tem suas particularidades e, por isso, o MIPD foi criado.

O Manejo Integrado de Pragas e Doenças busca diminuir as chances dos insetos ou doenças de se adaptarem a alguma prática defensiva em especial. 

Quando bem empregado, o MIPD limita os efeitos potenciais prejudiciais dos defensivos químicos utilizados para proteger os cultivos.

Você também pode ter interesse:

3 etapas do Manejo Integrado de Pragas (MIP)

O MIP segue 3 etapas básicas:

  • Avaliação do agroecossistema;
  • Tomada de decisão;
  • Seleção dos métodos de controle a serem adotados.

As duas primeiras etapas podem ser consideradas o alicerce para a definição das estratégias de gestão integrada das pragas agrícolas na propriedade. A terceira irá garantir o sucesso do cultivo. Veja, a seguir, cada uma delas:

1. Avaliação do agroecossistema

A avaliação do agroecossistema consiste em, simplesmente, avaliar e conhecer a lavoura. Nessa etapa, você vai identificar as principais pragas agrícolas que podem causar danos à sua cultura. 

É importante entender em qual momento cada praga pode causar mais prejuízos, e quando é necessário ficar alerta para a tomada de medidas preventivas.

Identificar o estádio de desenvolvimento das plantas também é essencial. Essa prática garante que os métodos de controle, especialmente o químico, sejam feitos no momento certo, evitando danos à lavoura.

A identificação das pragas permite conhecer características específicas sobre seus hábitos e seus respectivos inimigos naturais. A presença dos inimigos naturais é vantajosa, pois colabora com a redução dos custos.

Você pode se fazer as seguintes perguntas para evitar erros no processo:

  • A lagarta ou outro inseto tende a ficar escondido embaixo das folhas durante o dia?
  • Esse é um inseto com hábito subterrâneo, que fica no solo?
  • Esse é um inseto de hábito noturno?

Dessa maneira, você conhecerá os hábitos da praga e entenderá quais são os melhores horários para instalar iscas ou até mesmo monitorar. Além disso, você saberá quais métodos de controle podem ser utilizados. 

Outro ponto importante: as condições climáticas são vitais para ter uma ideia da infestação. Temperaturas mais altas aceleram o ciclo de vida dos insetos, resultando em mais gerações em uma mesma safra.

2. Monitoramento de pragas e nível de controle

A avaliação do agroecossistema é realizada por meio de amostragens e monitoramento. A  partir dela, é feita a tomada de decisão. 

O monitoramento requer vigilância constante para conhecer a densidade populacional ou nível de danos de uma praga na lavoura. Ele é feito por meio de amostragens

O número de pontos de amostragem vai depender do tamanho da área. Cada ponto corresponde ao exame de, no mínimo, 5 ou 6 plantas. O monitoramento ainda permite coletar as seguintes informações:

  • NE (Nível de Equilíbrio): densidade populacional média, durante um longo tempo, sem que ocorram mudanças permanentes;
  • NC (Nível de Controle): densidade populacional que requer medidas de controle para evitar prejuízos;
  • ND (Nível de Dano): menor densidade populacional do inseto capaz de causar perdas econômicas ao produtor. 

Após o monitoramento, é tomada a decisão sobre realizar ou não o controle de pragas na lavoura.

3. Tomada de decisão

Nesta etapa, são analisados todos os aspectos econômicos da cultura, além  da viabilidade para realizar o controle integrado de pragas.

Caso no monitoramento sejam constatados níveis de danos igual ou superior ao nível de controle, você deve iniciar o controle.

O NDE (Nível de Dano Econômico) é a densidade populacional da praga ou de danos que causa prejuízos à cultura iguais ao custo de adoção de medidas de controle.

Para simplificar, é a menor densidade populacional capaz de causar perdas econômicas, redução da produtividade ou qualidade da cultura. O NDE pode ser calculado através da fórmula:

NDE (%) = (Valor da produção da cultura/ Valor da aplicação) x 100. Para melhor compreensão, vamos a um exemplo:

  • Valor da produção da cultura = R$ 1.000;
  • Valor da aplicação = R$ 100

NDE (%) = (100/1000) x 100 = 10%

O controle se justifica somente quando a densidade populacional atingir nível suficiente para ocasionar perda de 10% na produção.

Vale ressaltar que o NDE não será o mesmo para as diferentes espécies de insetos na mesma cultura, nem mesmo para uma espécie em várias culturas.

No entanto, as medidas de controle são e devem ser adotadas antes que se atinja o NDE, pois há um certo tempo para que as medidas adotadas se tornem efetivas. O controle deve ser realizado em um nível abaixo do NDE, no chamado nível NC (nível de controle).

O nível de controle é o sinal para decidir quais as estratégias de MIP poderão ser aplicadas na lavoura. Muitos estudos também estão sendo realizados para encontrar o NC de cada espécie e cultura. 

Manejo Integrado de Pragas (MIP) em áreas de grãos e fibras

Métodos de controle de pragas

Os métodos de controle utilizados são considerados os pilares do MIP. São eles:

  • Controle cultural;
  • Controle biológico;
  • Controle comportamental;
  • Controle genético;
  • Controle varietal;
  • Controle químico.

O MIP permite o controle químico, mas também envolve outros tipos de controle. Isso resulta em diminuição no uso de defensivos agrícolas e da população dos organismos nocivos. Confira abaixo os principais métodos de controle adotados pelo MIP:

1. Controle cultural de pragas

É o uso de práticas agrícolas que diminuem a incidência das pragas e/ou que promovem uma lavoura sadia.  Algumas dessas práticas são: 

  • Época de plantio adequada;
  • Irrigação ou drenagem; 
  • Destruição de plantas hospedeiras alternativas;
  • Mobilização do solo ou revolvimento: pode ser utilizada para expor os organismos nocivos ao ambiente, especialmente à radiação solar e a altas temperaturas. Isso acaba por reduzir a sua população. 
  • Rotação de culturas: indispensável para quebrar o ciclo das pragas e doenças, inviabilizando seu desenvolvimento e reprodução. Afinal, a cultura hospedeira destas não estará presente.

Mas atenção: o método de rotação de culturas não é eficiente para todas as pragas e doenças de plantas. Diversas delas são polífagas, e se alimentam de diferentes famílias botânicas.

  • Destruição de restos culturais: consiste em destruir os restos da cultura anterior. Isso pode ser feito antes do próximo cultivo ou durante o próprio cultivo (no caso de cultivos perenes, como café);
  • Adubação correta: o equilíbrio da nutrição é importante, pois alguns nutrientes favorecem a tolerância das culturas às pragas. Alguns também podem deixá-la suscetível, como é o caso do Nitrogênio em excesso.

Por isso, análises de solo da sua área são importantes. A avaliação de macro e micronutrientes presentes também. A partir destes resultados, você terá maior assertividade na quantidade e fórmula de fertilizante necessário para a cultura;

2. Controle biológico

O controle biológico é a ação de inimigos naturais sobre as pragas, contribuindo na redução do nível populacional. Ele pode ser natural, clássico ou aplicado.

O natural visa à conservação dos inimigos naturais presentes na área agrícola. Para isso, é importante o uso de inseticidas seletivos, como alguns inseticidas naturais

O clássico tem a finalidade de controlar pragas exóticas. Por isso, são utilizados inimigos naturais importados de diferentes regiões. O aplicado é quando são feitas liberações de inimigos naturais advindas de criações massais em biofábricas.  

Quanto maior a diversidade do agroecossistema, maiores as chances dos inimigos naturais permanecerem na cultura e contribuírem no controle das pragas.

3. Controle de pragas comportamental (armadilhas)

Este método de controle é baseado no uso de armadilhas que são capazes de atrair algumas pragas, como pulgões, moscas-brancas, tripes e minadoras. Esses insetos são atraídos pelas cores amarelo e azul.

As armadilhas são painéis adesivos azuis ou amarelos, instalados na área agrícola para capturar insetos em deslocamento. Os amarelos são recomendados para detecção e monitoramento de cigarrinhas, mosca-minadora, mariposas e pequenos besouros. 

Os azuis, por sua vez, são indicados para tripes. A utilização de plantas iscas ou plantas repelentes também é uma alternativa interessante para o controle de lepidópteros e besouros em alguns cultivos.

As armadilhas luminosas são dispositivos para atração e captura de insetos com asas, que possuem atividade noturna. Eles são atraídos pela luz entre as 19h e 5h da manhã.

A armadilha luminosa tem a função de monitoramento ou controle da população de insetos. Esse método funciona para besouros, mariposas, percevejos, cigarrinha-do-milho, cigarras, gafanhotos, grilos, moscas e mosquitos.

As armadilhas devem ser colocadas entre as fileiras de plantio e, principalmente, na bordadura da lavoura, se for o caso de início da safra. Para o monitoramento, são recomendadas de 100 a 200 armadilhas por hectare.

4. Controle de pragas varietal

O controle varietal se baseia no uso de plantas resistentes. Ele tem sido cada vez mais comum.  As próprias plantas utilizam recursos para controlar determinada praga através da resistência genética

Por isso, é importante que você conheça as cultivares disponíveis, para poder optar pelas resistentes. Uma outra forma de uso de plantas resistentes seria com o uso das plantas transgênicas. Nelas, um gene de alguma outra espécie é transferido para a planta.

É o caso da tecnologia Bt, utilizada em cultivares de milho, soja, algodão e cana-de-açúcar. 

5. Controle mecânico de pragas (ou controle físico)

O controle físico é baseado no uso de medidas específicas para impedir danos das pragas de forma bastante direta.  Algumas boas práticas seriam:

  • Esmagamento de ovos;
  • Catação manual de lagartas;
  • Modificação da temperatura e/ou luminosidade;
  • Inundação de áreas;
  • Formação de barreiras físicas. 

Na fruticultura, por exemplo, é muito utilizado o uso de barreiras físicas com o ensacamento dos frutos ainda na planta.

6. Controle de pragas genético

As ferramentas da engenharia genética têm sido estudadas para contribuir para uma agricultura mais sustentável. Elas contribuem com organismos geneticamente modificados

Atualmente, existe um grande número de plantas modificadas geneticamente para controle de insetos. Além das plantas, os insetos também podem ser manipulados para controle da espécie que está causando danos. 

Um exemplo da nossa atualidade é a esterilização híbrida, como no caso do mosquito transmissor da dengue (Aedes aegypti). 

7. Controle químico de pragas

O controle químico acontece, basicamente, com o uso de defensivos agrícolas. Para o uso desse tipo de controle, é necessário muito cuidado, sobretudo na aplicação dos defensivos

Consultar um(a) engenheiro(a)-agrônomo(a) é essencial para evitar super ou subdosagem, além de evitar riscos de tornar os insetos resistentes à substância.

Banner planilha- manejo integrado de pragas

Vantagens do controle de insetos com MIP

O Manejo Integrado de Pragas mantém o agroecossistema o mais próximo possível do nível de equilíbrio. Isso quer dizer que tudo pode funcionar melhor, já que tudo na agricultura está integrado.

A lavoura sadia e sem os prejuízos das pragas com certeza resultará em maiores produtividades. E, melhor ainda, melhores rentabilidades, já que com o MIP é possível diminuir o uso de inseticidas.

Além disso, quem nunca esteve em dúvida entre fazer ou não uma aplicação? Por meio do monitoramento do MIP, você sabe com certeza quando o controle é realmente necessário. É você no comando de sua fazenda.

Como fazer o manejo adequado da adubação fosfatada

Fertilizantes fosfatados: como o fósforo se comporta no solo, quais são os produtos mais utilizados, quando e como realizar a adubação fosfatada

Nos solos brasileiros, a fração de fósforo disponível para as plantas é muito pequena. Diante disso, a adubação fosfatada é uma prática indispensável para aumentar o potencial produtivo da área.

Sabendo da importância desse nutriente, é preciso conhecer os fertilizantes e saber quando e como aplicá-los de modo a aumentar a eficiência da adubação.

Confira a seguir mais informações sobre os fertilizantes e o fornecimento de fósforo para as culturas. Boa leitura!

Como o fósforo se comporta no solo

Em geral, os solos tropicais apresentam baixa fertilidade natural em razão do elevado grau de intemperismo. Eles também têm alta capacidade de retenção de fósforo.

Isso quer dizer que o fósforo se liga aos minerais de argila e aos óxidos de ferro e alumínio. O fósforo ainda pode se precipitar com o alumínio, o ferro e o cálcio, ficando menos disponível para ser absorvido pelas plantas. 

Ou seja, há uma competição entre o solo e as plantas pelo fósforo fornecido via adubação.

Nesse sentido, para atender à demanda das plantas por fósforo, é preciso, antes, saturar os componentes consumidores desse elemento. 

Em razão disso, é comum que sejam fornecidas grandes quantidades de adubos fosfatados, mesmo esse nutriente sendo exigido em pequenas quantidades pelas plantas.

Além do mais, o pH do solo é um fator que interfere na disponibilidade desse nutriente. Por isso a calagem é uma prática muito importante, pois reduz a fixação do fósforo no solo e aumenta a eficiência da adubação. 

Sendo assim, o fósforo está mais disponível em solos com pH entre 5,5 e 6,5

Em resumo, quanto maior a presença de óxidos de ferro e alumínio, mais ácido, argiloso e intemperizado for o solo, menor é a disponibilidade de fósforo para ser absorvido pelas plantas. 

Agora que você já sabe como é o comportamento do fósforo no solo, vamos falar sobre os diferentes tipos de fertilizantes.

Principais fertilizantes fosfatados

No mercado estão disponíveis diferentes fontes de fósforo para uso na agricultura. Assim, conhecer as características desses fertilizantes é fundamental para o sucesso do cultivo. 

Os principais fertilizantes utilizados na adubação fosfatada são:

superfosfato triplo;

● superfosfato simples;

● fosfato monoamônico (MAP);

● fosfato diamônico (DAP);

● termofosfato magnesiano;

● fosfatos naturais importados: Gafsa (Tunísia), Arad (Israel) e Bayóvar (Peru);

● fosfatos naturais nacionais: fosfato de Araxá, fosfato de Patos de Minas e fosfato de Jacupiranga.

É preciso deixar claro que cada fertilizante apresenta uma concentração de fósforo que é expressa em P2O5.

Na tabela abaixo você pode conferir as garantias mínimas exigidas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) para a comercialização desses fertilizantes.

Especificações mínimas dos fertilizantes minerais simples exigidas pelo MAPA
Especificações mínimas dos fertilizantes minerais simples exigidas pelo MAPA
(Fonte: MAPA)

Quando e como aplicar os fertilizantes fosfatados

Um dos pontos que merece atenção diz respeito ao momento ideal para realizar a adubação fosfatada. 

A recomendação é que ela seja feita por ocasião da semeadura da lavoura. Isso porque o fósforo é um nutriente essencial para o desenvolvimento das raízes e para o estabelecimento da cultura.

Os adubos fosfatados podem ser aplicados de forma localizada, na linha de plantio, ou em área total, a lanço. 

A decisão de como distribuir os fertilizantes na área deve levar em consideração vários fatores, dentre eles a cultura, o tipo de solo e o sistema de cultivo (convencional, cultivo mínimo ou plantio direto).

Fertilizantes fosfatados em milho e soja

Em sistemas de cultivos anuais, como é o caso do milho e da soja, é importante dar preferência aos fertilizantes solúveis, como o superfosfato simples e triplo, o MAP e o DAP. 

Quando trabalhamos com fontes de baixa solubilidade em água, como os fosfatos naturais, recomenda-se a aplicação a lanço, com posterior incorporação, visando acelerar a  solubilização do fertilizante. 

Apesar de não ser exigido em grandes quantidades por essas culturas, a deficiência de fósforo pode comprometer a produtividade final. No caso da soja, esse nutriente tem papel relevante nos processos de nodulação e fixação biológica de nitrogênio.

No entanto, é preciso deixar claro que a quantidade exata de fósforo e o modo de aplicação devem ser estabelecidos a partir da interpretação dos resultados da análise de solo e da exigência da cultura.

Respostas de algumas culturas a doses de fertilizantes fosfatados solúveis em água aplicados a lanço e incorporados em latossolo argiloso do Cerrado, com disponibilidade de fósforo muito baixa
Respostas de algumas culturas a doses de fertilizantes fosfatados solúveis em água aplicados a lanço e incorporados em latossolo argiloso do Cerrado, com disponibilidade de fósforo muito baixa
(Fonte: IPNI)

>> Leia mais: “A fertilidade do solo como seu plano para alcançar altas produtividades

Como aumentar a eficiência da adubação fosfatada

A eficiência da adubação fosfatada está relacionada a diferentes aspectos, dentre eles a correção da acidez do solo. A calagem proporciona melhor aproveitamento do fósforo pelas plantas e também favorece a atividade microbiana do solo. O ideal é trabalhar com o pH do solo entre 5,5 e 6,5. 

Para aumentar a eficiência também é preciso se atentar ao fornecimento ideal de água e a interação com outros nutrientes. Como o fósforo é absorvido por difusão, a umidade do solo é fundamental para que essa reação ocorra. 

Além disso, já tem disponível no mercado fertilizantes com tecnologia de liberação gradual que reduzem as perdas e otimizam a absorção do fósforo pelas plantas, o que torna a adubação mais eficiente.

Por fim, a fonte de fósforo, a granulometria do fertilizante e o modo como os adubos fosfatados são aplicados no solo também influenciam na eficiência da adubação.

A distribuição localizada, na linha de semeadura ou na cova de plantio favorece a absorção do fósforo. Isso porque esse nutriente apresenta baixa mobilidade no solo. Assim, ao depositar o adubo próximo às raízes das plantas, a absorção desse elemento é beneficiada e mais eficiente é a adubação.

Por outro lado, a distribuição a lanço promove a exploração de um maior volume de solo pelo sistema radicular. 

Ou seja, cada caso deve ser avaliado segundo suas características, levando em consideração aspectos técnicos, econômicos e ambientais.

>> Leia mais: “Identifique como está a fertilidade do solo e nutrição de plantas da sua área

Conclusão 

Os solos brasileiros apresentam baixo teor de fósforo disponível para as plantas. Por isso, a adubação fosfatada é uma prática fundamental na manutenção da produtividade da área e no sucesso do cultivo.

Solos ácidos, argilosos e oxídicos apresentam alta capacidade de fixação de fósforo, o que reduz a disponibilidade desse nutriente para as plantas.

Os adubos fonte de fósforo mais utilizados são o superfosfato triplo e simples, MAP, DAP, termofosfato magnesiano e fosfatos naturais.

É indicado que os adubos fosfatados sejam fornecidos no plantio, tendo em vista a importância desse nutriente na fase inicial de desenvolvimento da lavoura. Eles podem ser aplicados na linha de plantio ou em área total.

>> Leia mais:

Fertilizantes orgânicos e seu uso na agricultura de larga escala

Fertilizantes NPK: Como obter alta eficiência das fórmulas comerciais

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redatora Tatiza Barcellos


Atualizado em 06 de julho de 2023 por Tatiza Barcellos.

Tatiza é engenheira-agrônoma e mestra em agronomia, com ênfase em produção vegetal, pela Universidade Federal de Goiás.

Como fazer um contrato de hedge e como ele pode assegurar sua rentabilidade

Contrato de hedge: diferentes modalidades e outras informações para que você negocie sua safra utilizando mercados futuros.

Quando chegar a época de vender os produtos, com muita oferta no mercado, certamente os lucros serão menores.

Se os preços de mercado estão abaixo do esperado, uma operação de hedge pode evitar essa dor de cabeça.

O hedge é uma proteção de preço das mercadorias. Assim, as oscilações das commodities, de acordo com a oferta e demanda, podem ser reduzidas e fixadas no contrato de hedge.

Saiba como fazer um contrato de hedge, garantir que os valores fixados sejam válidos para um período futuro e muito mais!

O que é hedge?

O significado da palavra hedge, no âmbito da economia, quer dizer uma transação compensatória visando proteger contra prejuízos na oscilação dos preços. Em outras palavras, podemos dizer que o instrumento de hedge é uma proteção cambial quando estamos trabalhando com mercado futuro.

Por meio do hedge é possível negociar produtos agrícolas a um determinado preço previamente fixado até determinada data futura.

Quando negociamos commodities, especialmente as agrícolas, o hedge para o produtor pode auxiliar no preço de venda futura, de modo que os custos de produção sejam cobertos pelo valor previamente fixado.

O que é um contrato de hedge: diferentes tipos

A modalidade de hedge em commodities é a mais antiga de todas. Frente à segurança e garantia dos preços em data futura, essa ferramenta tornou-se muito popular.

Antes de existir o hedge, investidores e produtores ficavam à mercê das variações de preços do mercado à vista.

A operação de hedge é datada do século 19. E, já nessa época, os produtores necessitavam fixar os preços das commodities com segurança para suas produções.

Dessa forma, mesmo que a bolsa de valores opere em alta ou baixa, os preços acertados no momento do hedge garantem que aquele valor seja recebido no momento futuro.

Com o crescente aumento de investimentos na bolsa de valores, a operação de hedge foi se popularizando para se evitar maiores perdas de capital, como havia ocorrido durante a crise de 1929.

Contrato de hedge com dólar futuro

Uma das modalidades pode ser a realização de um hedge cambial. Como o dólar é uma moeda forte no mercado mundial, ela geralmente acontece frente às demais moedas estrangeiras.

Em momentos de incertezas, sejam elas políticas, mercadológicas ou outras, a procura por dólar é grande. Com isso, consequentemente, temos sua valorização.

A compra de contratos futuros de dólar, com intuito de hedge, acontece geralmente por pessoas ou empresas que negociam mercadorias nessa moeda e cujo mercado oscilante de altas e baixas nos preços podem inviabilizar suas transações.

Um exemplo de hedge dessa modalidade pode ser a compra de uma máquina agrícola importada. 

Supondo que nos EUA a máquina custe US$ 90 mil. Com o dólar cotado a R$ 3,50 e o contrato futuro acertado com vencimento para 90 dias, uma alta valorização da moeda americana poderia inviabilizar o negócio no futuro.

Se o dólar chegar a R$ 4,50, o valor a ser pago pela máquina seria de R$ 405 mil. 

Com o hedge, esses valores da cotação da moeda americana são fixados a R$ 3,50 para o pagamento em data futura, garantindo certa proteção às negociações indexadas a esta moeda.

Hedge em commodities

Como já  comentado, o hedge em commodities funciona da seguinte maneira: o produtor agrícola compra ou lança contratos futuros com os preços desejados para vender sua mercadoria na data futura.

Assim, os produtores conseguem fixar valores para receber em cotações que cubram custos de produção e propiciem margem de lucro.

Se não fosse feito o contrato de hedge, a escassez da commodity no mercado causaria aumento do preço. Já a grande quantidade da commodity no mercado causaria quedas nos preços.

Com o hedge, a cotação do preço da commodity negociada permanece fixa na data futura de entrega da mercadoria. Isso evita que a oferta/demanda causem flutuações nos preços, podendo acarretar perdas que não cobririam os custos de produção.

Atualmente, é possível realizar previsões de produtividade das safras futuras e os produtores que conseguem predizer esses volumes com certa assertividade já podem estipular os valores de venda dessa safra futura. 

contrato de hedge

Fonte: (Euro Dicas)

Com os custos de produção bem analisados, é simples realizar um hedge e fixar um valor de venda futura da safra que, além de arcar com os custos, ainda trará certa margem de lucro ao produtor.

Na modalidade de hedge em commodities há o hedge de compra e venda de contratos futuros, como veremos a seguir:

Hedge de compra de contratos futuros de commodities

Basicamente, o hedge de compra é realizado por quem necessita da aquisição do produto e se compromete a pagar o valor combinado numa determinada data futura.

A preocupação principal é o aumento dos preços nesse meio tempo que, se ocorrer, pode comprometer os lucros.

Hedge de venda de contratos futuros de commodities

O hedge de venda de contratos futuros é realizado geralmente pelo responsável que irá produzir as commodities. Ele se compromete a entregar a quantidade acertada no contrato de hedge, na data futura, pelo valor previamente determinado.

A preocupação principal nesse caso é a queda dos preços nesse meio tempo que, se ocorrer, pode comprometer seus lucros. Vamos conversar um pouco mais sobre hedge de compra e venda?!

Hedge de compra e venda

Dentro do hedge, especialmente agrícola, existem diversas maneiras de negociar e fixar os preços futuros das commodities.

Nesse caso, uma das modalidades é o hedge de compra e venda, buscando sempre a proteção do preço para ambas as partes.

Quem compra a mercadoria agrícola a futuro prazo garante o valor fixado na data de vencimento previamente combinada, prevenindo-se contra disparadas de preço no mercado.

Quem vende a futuro prazo encontra-se na mesma situação, pois garante que irá receber sua mercadoria agrícola pelo valor previamente combinado na assinatura do hedge. Assim, previne-se de eventuais desvalorizações do mercado.

Exemplificando: em um contrato de  hedge de venda, se uma saca de 60 kg de milho produzida na fazenda custa R$ 15,00/ha, em uma operação de contratos futuros de milho, com vencimento para o ano seguinte, será cotado a R$ 30,00/saca.

Cultura da soja e milho podem ter preços assegurados por contrato de hedge

(Fonte: AgRural)

Com esse contrato de hedge realizado, teremos um lucro na propriedade de R$ 15,00/saca garantido.
Se no vencimento do contrato de hedge, no ano seguinte, a oferta de milho no mercado for alta e o preço pago for de R$ 20,00/saca, haveria uma diferença no lucro de apenas R$ 5,00/saca.

Ambas as partes, seja quem está comprando ou quem está vendendo, devem se planejar e fixar um preço que conseguirão pagar e entregar as mercadorias no futuro.

A ideia do hedge é neutralizar boa parte do risco envolvido nas negociações, especialmente quando o mercado é regido pela lei da oferta e demanda e os preços das commodities podem flutuar de acordo com mercado mundial.

Hedge com opções

O mercado de opções funciona parecido com um seguro. As opções estabelecem limites de preço para a compra ou para venda dos produtos futuros.

As opções dão direito ao comprador da aquisição da mercadoria a um valor limite previamente negociado, mesmo que na data da compra o produto esteja com valor muito mais alto.

As opções de venda funcionam de maneira semelhante, dando direito ao titular de vender as mercadorias a um valor limite, mesmo se o preço atual de mercado for mais baixo.

O mercado de opções é um ambiente onde são negociados direitos de compra e venda das ações.

Porém as opções não são necessariamente obrigação de utilizá-lo! Como o próprio nome já indica, ele permite o direito de execução ou não. 

O hedge com opções é utilizado com intuito de proteção dos valores acordados devido aos riscos de oscilação de preço. 

Como fazer um contrato de hedge

Primeiramente, é necessário uma estratégia de comercialização da safra, pensando em quem deseja realizar um hedge.

Vou vender toda minha safra? Irei vender parte da minha safra e armazenar outra parte?

Decidido o montante a ser negociado, a próxima etapa é o acompanhamento dos preços nas bolsa de mercado futuro.

Aqui no Brasil temos a BM&FBovespa e em Chicago temos a CBOT.

contrato de hedge

Fonte: (SUNO CBOT)

A próxima etapa é a realização do hedge propriamente dito. Porém, não é possível negociar diretamente nas bolsas de mercado futuro. É necessário abrir uma conta em uma corretora que opera nessas bolsas.

Atualmente, tudo isso é feito online e, de uma maneira bem simples, é possível começar a negociar seus produtos.

Hoje, algumas tradings e corretoras também podem realizar o hedge para os produtores, facilitando essas negociações.

Divulgação do kit de 5 planilhas para controle da gestão da fazenda

Conclusão

Neste artigo falamos a respeito das operações com mercado futuro, especificamente as operações de hedge.

Como meio de proteção e garantia de preços negociados em data futura, o hedge pode ser uma excelente opção aos produtores, seja para compra ou venda.

Você também pôde entender o que é e como funciona o hedge. E é vital para o seu sucesso ter os custos de produção da safra, bem como conhecer o potencial de produtividade da fazenda.

Aproveite estas informações e pense no hedge como mais uma opção para negociar a safra utilizando mercados futuros!

>> Leia mais:

Tudo sobre barter: Garanta o sucesso do seu negócio rural
3 maneiras de lucrar mais com um software de gestão agrícola
Barter de Milho: Como começar e como melhorar suas negociações

Você já realizou alguma vez um contrato de hedge? Restou alguma dúvida? Adoraria ver seu comentário abaixo!

Como não errar na implantação do pomar de laranja valência

Laranja valência: Características da cultivar, espaçamento de plantio e outras recomendações para um plantio bem-sucedido.

A citricultura representa um setor importantíssimo para o país. O Brasil é responsável por 34% dos frutos e 50% do suco produzidos no mundo. 

A produção e a qualidade dos frutos depende de uma série de fatores relacionados a aspectos da planta (porta-enxerto e enxerto), clima, solo e práticas culturais.

Apesar dos elevados custos, caprichar na implantação do pomar já é meio caminho andado para o sucesso do plantio e da boa produção.

Confira a seguir um pouco mais sobre o comportamento das cultivares de copa e 5 dicas que vão te auxiliar na implantação do pomar de laranja valência.

Laranja valência, uma cultivar tardia

Grande parte das cultivares cítricas floresce na primavera. O intervalo de tempo entre o florescimento e a colheita é chamado ciclo de desenvolvimento e pode variar de 6 a 16 meses.

Essa variação no ciclo de desenvolvimento faz com que as cultivares apresentem distintas épocas de maturação. Isso nos permite classificá-las em 4 grupos

  • Cultivares de maturação precoce;
  • Maturação precoce a meia-estação
  • Maturação meia-estação;
  • Maturação tardia.

Junto com diversas outras cultivares, como a Hamlin e a Pêra-Rio, a laranja valência (Citrus sinensis L. Osbeck) faz parte do grupo das laranjas doces comuns. Isso significa que seus níveis de acidez variam de 0,9% a 1% quando maduras.

A valência é uma cultivar considerada de maturação tardia. Ou seja, seus frutos atingem a maturação entre os meses de setembro a janeiro

Em campo, a planta apresenta uma copa arredondada e um porte elevado. O fruto, como podemos observar na figura abaixo, apresenta um bom tamanho e formato elíptico. 


A casca é laranja-amarelada e a polpa de coloração laranja com alto teor de suco, podendo ser destinada para a indústria ou para mesa.

laranja valencia

Ilustração das principais cultivares de laranja comercializadas no Brasil 

(Fonte: Hortiescolha – Ceagesp) 

Dentro de nossa propriedade é interessante que haja diversificação de copas. Ou seja, cultivares com diferentes épocas de maturação, para garantirmos produção e rentabilidade durante todo o ano.

Veja abaixo uma tabela com sugestão da distribuição das diferentes variedades (em porcentagem) que podemos ter em nossa propriedade.

laranja valencia

Sugestão para plantio cultivares de diferentes épocas de maturação (em porcentagem)

(Fonte: Adaptado de Embrapa Informação Tecnológica, 2005).

A seguir, veremos um pouco mais sobre o plantio da laranja valência.

Como plantar laranja valência: 5 pontos que você deve considerar

Como o pomar de laranjeiras é perene, ou seja, permanecerá no campo por muitos anos, a instalação do pomar é uma fase crítica na definição da longevidade do plantio.

Portanto, separamos para você os 5 principais pontos que devemos focar durante o processo de instalação de nossos pomares!

1 – Clima

Aspectos relacionados ao clima, como quantidade e distribuição das chuvas e as temperaturas da região, devem ser estudadas antes de iniciarmos a implantação. Eles são fatores determinantes das áreas de cultivo.

A indução floral em plantas cítricas é estimulada por baixas temperaturas e pelo estresse hídrico proporcionado pelo inverno. Mas, as laranjeiras têm preferência por temperaturas amenas, de 23ºC a 32ºC, e um regime hídrico de 1.000 mm a 1.800 mm bem distribuídos durante o ano. 

Contudo, muitas vezes as exigências hídricas não são atendidas, sendo fundamental o uso de técnicas de manejo, como a irrigação.

Os efeitos da temperatura podem ser observados no desenvolvimento da planta e também na qualidade dos frutos.

Temperaturas mais baixas garantem coloração da casca e polpa mais acentuadas. Já regiões com maiores temperaturas produzem frutos com maiores teores de açúcares e menor acidez.

2 – Local para o pomar de laranja valência

O local está diretamente relacionado ao clima, mas também a outros aspectos importantes como distância do mercado; topografia (relevo); disponibilidade hídrica; e, principalmente, ao tipo de solo e ocorrência de pragas e doenças.

Antes do plantio, as principais características de solo que devemos nos atentar são a acidez e fertilidade. Elas devem ser corrigidas quando necessário, baseado na análise de solo

As laranjeiras se desenvolvem bem em solos pouco ácidos, com pH entre 5,5 e 6,5, e também com boa fertilidade. Portanto, adubação e calagem são essenciais.

Além disso, a textura do solo, bem como a profundidade do perfil e drenagem irão influenciar diretamente na escolha do porta-enxerto e manejo da adubação e irrigação.

As plantas cítricas preferem solos de textura areno-argilosa, profundos e com boa drenagem. Apesar disso, se adaptam a solos arenosos e argilosos. 

É importante evitar solos com problemas de drenagem ou impedimentos ao desenvolvimento radicular.

3 – Mudas

A muda cítrica é considerada a base da citricultura, sendo essencial sua garantia sanitária e fidelidade genética.

Neste sentido, os estados de São Paulo e Rio Grande do Sul foram pioneiros no estabelecimento de normas e procedimentos para produção de mudas cítricas, com monitoramento através da certificação dos viveiristas.

Para a certificação, as mudas devem ser livres dos agentes patogênicos do cancro cítrico, da clorose variegada do citros (CVC), da morte súbita do citros, da gomose e, mais recentemente, do HLB (greening).

Além disso, a garantia de fidelidade genética se mantém graças aos processos de certificação das plantas matrizes (borbulheiras).

laranja valencia

Produção de mudas de laranjeiras enxertadas produzidas em ambiente protegido

(Foto: Marcelo Brossi Santoro)

4 – Cultivares copa e porta-enxerto

Para escolhermos as cultivares copa devemos ter sempre em mente qual será nosso mercado consumidor: fruta fresca ou indústria.

Cada mercado tem sua exigência, mas, de forma geral, nossas cultivares copa devem apresentar boa produtividade e qualidade de fruto.

Já as cultivares porta-enxerto devem apresentar bom vigor, nível de tolerância ao estresse hídrico, adaptação ao solo e, principalmente, resistência a pragas e doenças.

Independente da copa e porta-enxerto escolhidos, é imprescindível que sejam compatíveis, para que as plantas sejam produtivas e perdurem em campo.

5 – Laranja valência: Aspectos técnicos 

A interação dos fatores anteriores será essencial para determinação do espaçamento, preparo e manejo do solo e cuidados pré e pós-plantio.

Para o cultivo de laranjeiras, o espaçamento pode variar de 7 m a 6 m entre linhas por 5 m a 3 m entre plantas, de acordo com as variedades escolhidas. 

Embora a tendência atual seja de adensamento dos pomares, na laranja valência, que apresenta um porte elevado, podemos optar por um espaçamento de 7 x 4 metros.

Uma vez que tudo esteja pronto, podemos realizar o plantio, preferencialmente na época das chuvas e em dias de pouca insolação.

Devemos realizar um corte no sistema radicular das mudas para remover enovelamentos e acertar a profundidade de plantio, mantendo o colo da planta pelo menos 5 cm acima do solo.

Os cuidados no pós-plantio são os mais diversos, desde desbrotas, controle de formigas, inspeções de pragas e doenças, controle de plantas daninhas à adubação e irrigação.

Conclusão

A instalação do pomar de laranja valência é crucial para o sucesso do plantio.

Neste artigo, listamos os 5 principais pontos que devemos nos atentar durante o planejamento.

Lembre-se que cada caso é um caso e, por isso, devemos analisar com cuidado cada situação para que tenhamos uma boa produtividade e frutos de qualidade!

>>Leia mais:

Florada do citros: 3 manejos essenciais para garantir uma boa produção

Tudo sobre o manejo da Laranja Hamlin

E você: qual a sua experiência com implantação de pomar de laranja valência? Ficou com alguma dúvida? Deixe seu comentário! 


Todas as dicas para sua aplicação de herbicida pré-emergente para milho

Herbicida pré-emergente para milho: importância na lavoura, principais recomendações de uso e quais produtos utilizar 

Os herbicidas pré-emergentes são excelentes ferramentas no combate à resistência. Mas, quando as recomendações técnicas não são seguidas, podem ocasionar grandes estragos na lavoura. 

Porém, não se preocupe! Neste artigo daremos várias dicas de como evitar problemas de fitotoxidade em sua lavoura e garantir a eficiência no controle de plantas daninhas. Confira a seguir!

8 dicas para garantir a aplicação segura de herbicida pré-emergente para milho

Os herbicidas pré-emergentes são assim denominados por serem aplicados antes da emergência das plantas daninhas. Eles têm seu efeito durante a germinação das sementes e/ou crescimento inicial das plântulas. 

Veja as oito principais dicas que eu separei para garantir uma aplicação segura de herbicida pré-emergente para milho.

1ª Dica

Use uma boa tecnologia de aplicação e tenha seu pulverizador sempre revisado e calibrado.

herbicida pre emergente milho

(Fonte: Revista Exame)

2ª Dica 

Tenha certeza de que o produto que deseja utilizar é recomendado para as características do seu solo e qual é a dose recomendada nesta situação (por exemplo: matéria orgânica, teor de argila e pH).

3ª Dica  

Certifique-se que conseguirá respeitar o período mínimo entre a aplicação do herbicida pré-emergente para milho e a semeadura da cultura (se houver esta restrição). 

4ª Dica 

Certifique-se que as culturas que serão plantadas em sucessão (rotação de culturas) ou consórcio com o milho não serão afetadas por estes herbicidas.

5ª Dica 

Se houver palha no solo, verifique se o produto será efetivo mesmo nestas condições!

6ª Dica

Veja se as condições climáticas posteriores à aplicação (seca ou muita chuva) não podem ampliar o efeito do produto ou prejudicá-lo. 

7ª Dica 

Não aplique sobre grande quantidade de matéria verde. As plantas podem reter estes produtos e impedir sua chegada no solo, onde realmente são efetivos.

8ª Dica

Algum manejo realizado antes ou depois da aplicação do herbicida pode modificar seu efeito, por exemplo calagem ou distribuição de ureia. Esteja atento!

herbicida pre emergente milho

Épocas de aplicação de herbicidas na cultura do milho, segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

(Fonte: Embrapa)

Herbicida pré-emergente para milho: Produtos recomendados para aplicação em milho convencional 

Atrazina

Quando aplicar: Pode ser aplicado na pré-emergência da cultura imediatamente antes da semeadura, simultaneamente ou logo após a semeadura. Em aplicações em pós-emergência da cultura e plantas daninhas, deve-se acrescentar óleo vegetal. 

É um herbicida que fornece bom controle quando aplicado na pré-emergência ou pós-emergência precoce das plantas daninhas. 

Espectro de controle: Controla plantas daninhas de folha larga como picão-preto, guanxuma, caruru, corda-de-viola, nabo, leiteira, poaia, carrapicho-rasteiro e papuã. 

Também é muito utilizada para controle de soja tiguera no milho, em aplicação isolada ou associada aos herbicidas mesotrione ou nicosulfuron! 

Lembre-se: é muito importante que haja um manejo eficiente da soja tiguera para se respeitar o vazio sanitário. 

Dosagem recomendada: 3 a 5 L ha-1, dependendo das características do solo e plantas daninhas presentes. 

Pode ser misturado com: Glifosato (se misturado em pós-emergência – milho RR), mesotrione, nicosulfuron, S-metolachlor. 

Cuidados: Recomenda-se aplicação em solo úmido. Aplicação em solo seco, período de seca após aplicação de até 6 dias ou presença de palha cobrindo o solo podem diminuir a eficiência do produto.

S-metolachlor

Quando aplicar: Aplicar na pré-emergência da cultura e das plantas infestantes. 

Espectro de controle: Ótimo controle de gramíneas de semente pequena (ex: capim-amargoso, capim-pé-de-galinha e papuã), e bom controle de algumas folhas largas de sementes pequenas (ex: caruru, erva-quente e beldroega)

Dosagem recomendada: 1,5 a 1,75 L ha-1, dependendo da planta daninhas a ser controlada. 

Pode ser misturado com: Atrazina e glifosato.

Cuidados: Deve ser aplicado em solo úmido. 

Isoxaflutole

É muito importante consultar e seguir as recomendações da empresa para evitar toxicidade no cultivo.  

Quando aplicar: Deve ser aplicado na pré-emergência do milho e das plantas daninhas. 

Espectro de controle: Exerce bom controle em gramíneas anuais e algumas folhas largas como caruru e guanxuma. 

O grande diferencial deste herbicida é que, em condições de seca, pode permanecer no solo por um período razoável (> 80 dias), até que nas primeiras chuvas é ativado, o que irá coincidir com a emergência de várias plantas daninhas.  

Dosagem recomendada: 100 a 200 mL ha-1, dependendo das características do solo e plantas daninhas presentes (somente para solos com textura média e pesada). 

Pode ser misturado com: Atrazina. 

Cuidados: Não é recomendado para solo arenoso e com baixo teor de matéria orgânica. 

Trifluralina

Quando aplicar: Aplicar no sistema de plante-aplique ou até 2 dias após da semeadura do milho. 

Espectro de controle: Bom controle de gramíneas de semente pequena (ex: capim-amargoso, capim-pé-de-galinha e papuã).

Dosagem recomendada: 1,2 a 4,0 L ha-1, dependendo da planta daninha a ser controlada e nível de cobertura do solo. 

Pode ser misturado com: Atrazina e glifosato.

Cuidados: Deve ser aplicado em solo úmido e livre de torrões. Solo coberto com resíduos vegetais (palha) ou com alta infestação de plantas daninhas diminuem a eficiência do produto. Formulações antigas devem ser incorporadas, pois são degradadas pelo sol. 

herbicida pre emergente milho

(Fonte: Grão em Grão)

Atrazina+Simazina 

Quando aplicar: Aplicar na pré-emergência total da cultura e das plantas daninhas logo após o plantio. 

Espectro de controle: Folhas largas como picão preto, carrapicho de carneiro, corda de viola e leiteiro. Algumas gramíneas (capim-marmelada e capim-colchão). 

Dosagem recomendada: 3,0 a 6,0 L ha-1, dependendo da planta daninha a ser controlada.

Cuidados: Deve se aplicado em solo úmido.

Herbicida pré-emergente para milho Clearfield 

Imazapir+imazapic

Quando aplicar: Deve ser aplicado na pré-emergência do milho e das plantas daninhas. 

Espectro de controle: Plantas daninhas de folhas larga (leiteiro, trapoeraba, picão-preto e corda de viola), algumas gramíneas (capim-colchão e capim-carrapicho) e tiririca. 

Qual a dosagem recomendada: 100 g ha-1.

Cuidados: Utilizar exclusivamente na pré-emergência de milho clearfield. Para milho convencional, o intervalo de segurança para o plantio de milho deverá ser de 300 dias.

Atenção! As sugestões feitas neste artigo são para híbridos de milho para produção de grãos. Outras cultivares como milho pipoca, milho doce ou milho em consórcio com forrageiras possuem outras indicações de manejo. 

É importante que a recomendação de produtos fitossanitários seja feita por um agrônomo. Mas o produtor deve estar sempre atento a novas informações para auxiliar em sua recomendação. 

guia de manejo do milho

Conclusão

Neste artigo vimos a importância do manejo de herbicida pré-emergente para milho e as principais dicas para não ter problemas no cultivo.

Além disso, citamos os principais herbicidas aplicados em pré-emergência que podem ser utilizados para controle de plantas daninhas na cultura do milho.

Com essas informações, tenho certeza que você irá realizar um bom manejo de herbicidas pré-emergentes na sua lavoura de milho!

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Plantação de café: 7 passos fundamentais + planilhas grátis

Atualizado em 16 de agosto de 2022.

Plantação do café: escolha da área, espaçamento certo, melhor cultivar, calagem, adubação, preparo do solo e custos de plantação

Cafezal é o nome da plantação do café, que como toda cultura precisa de um bom planejamento e uma boa execução para seu sucesso.

O primeiro passo para execução é o plantio, que tem que ser realizado com cuidado.

Erros neste momento podem prejudicar toda sua produção, necessitando, às vezes, de renovação total da lavoura de café.

Para evitar problemas na plantação, confira neste artigo algumas recomendações para alcançar boas produtividades no cafezal. Boa leitura!

Plantação de café: importância de um plantio bem feito

Para uma plantação de café de sucesso, as exigências climáticas precisam ser atendidas. O cafezal se desenvolve melhor em temperaturas entre 18 °C e 23 °C, e temperaturas acima dos 30 °C podem causar danos na cultura. Além dessas, há outras exigências.

A escolha da área, espaçamento (população de plantas), cultivar, altitude e topografia também são pontos fundamentais para evitar a morte das plantas. Isso tudo também garante uma boa implantação da lavoura.

Erros nesta etapa só serão corrigidos na renovação do cafezal.  Considerando uma vida útil de 20 anos para a lavoura, é muito tempo e dinheiro investidos de maneira errada. Esses erros levam à redução da produtividade e consequentemente do seu rendimento.

O planejamento, tanto da implantação quanto da renovação do cafezal, é fundamental para garantir sucesso na safra. Para te ajudar, disponibilizamos uma planilha gratuita para essa etapa tão importante. Clique na imagem abaixo para baixá-la.

Para iniciar a plantação do café, alguns passos devem ser seguidos. Veja-os a seguir.

1. Escolha da área para plantio de café

O cultivo de café se inicia pelo planejamento. O primeiro passo é a escolha de uma área para plantio do café. Para isso, você deve considerar, em primeiro momento, o clima da região e a topografia (ou topoclima) da área. 

Em áreas onde já se cultivavam plantas de café, teoricamente, as áreas de renovação já seguiram esses critérios quando foram instaladas.

No entanto, caso seja preciso (em casos de implantação de um novo cafezal), avalie muito bem essas condições. Elas são definidas pelo clima, altitude, solo e topoclima.

Clima

Para o cafezal ter bom aproveitamento, pelo zoneamento agroclimático do café arábica, a faixa de temperatura ideal é de 18°C a 23°C. Para o café conilon/robusta, a temperatura pode ser superior, entre 22°C e 26°C. A precipitação anual deve ser entre  1.200 mm e 1.800 mm.

A plantação de café tem exigências climáticas para que a cultura tenha o melhor desenvolvimento. Quanto mais adequado for o clima da região, melhor aproveitamento energético das plantas, que refletem na produção.

Isso não significa que não seja possível cultivar café em áreas que não se enquadrem nesses parâmetros. Afinal, no Brasil há cultivos de café até na Bahia, que está bem fora desses limites climáticos.

Isso significa dizer que áreas marginais ou inaptas terão maior chance de insucesso, pois o cafeeiro “sofre” mais.  Em alguns casos, será necessário irrigação, noutros, sombreamento, preparo profundo de solo, dentre outras medidas.

Em outras palavras: no plantio realizado em áreas fora do zoneamento recomendado para o café, serão maiores os gastos com tratos culturais, e a produtividade e a qualidade podem ser afetadas.

Os dados climatológicos para sua cidade/região podem ser encontrados no site do Inmet ou Agritempo.

Altitude

A altitude influencia diretamente na temperatura. A cada 100m de altitude a mais, menos 1°C na temperatura média.

Se a temperatura é mais amena, maior será a umidade e mais lenta será a maturação do café. Ainda, maior será a incidência de pragas e doenças favorecidas por essas condições. 

Além disso, o acúmulo de ar frio e ocorrência de geadas no café pode ser maior. Mas isso também depende de fatores do topoclima.

Topografia e fatores do topoclima

O topoclima diz respeito aos fatores climáticos condicionados pelo relevo. Geralmente, é relacionado à configuração do terreno e exposição ao sol.

Embora quase 40% da produção de café brasileira possa vir de áreas montanhosas, é preferível que se escolha áreas mais planas para o plantio do café. Além de facilitar a mecanização, o controle de erosão e a proteção do solo são facilitados.

A cafeicultura em áreas de alta declividade demanda mais mão de obra e aumenta os riscos de erosão. No entanto, hoje existem técnicas de microterraceamento que viabilizam a cafeicultura nas montanhas e podem aumentar a lucratividade nesses sistemas. 

Nas áreas mais baixas, há acúmulo de ar frio, o que favorece a ocorrência de geadas. No caso de encostas, a face sul também sofre desse problema, principalmente no sul e sudeste do Brasil.

Foto de plantação de café com danos por geada
Danos provocados pela geada
(Fonte: Abic)

O ideal é evitar áreas de baixada, plantar na face norte e, após ocorrência de uma geada, observar a linha da geada. Plante sempre nas áreas acima dela para evitar riscos. A arborização pode ajudar em alguns casos.

Segundo o Iapar, a adição de 30 a 70 árvores de café por hectare de Grevilha (Grevillea robusta) é capaz de reduzir os efeitos negativos da geada. Isso ainda contribui com a produtividade do cafeeiro.

Para o café canephora o ideal são altitudes de até 800m. Para o café arábica, são recomendadas maiores altitudes.

Exposição à luz solar

O relevo também regula a exposição à luz solar. Isso interfere em dois aspectos práticos: a exposição ao sol poente e o acúmulo de ar frio. O caminhamento do sol se dá de leste para oeste. 

Sendo assim, ao fim da tarde – período mais quente e seco do dia – o sol incide vindo do oeste. É importante que se evite que esse sol incida diretamente sobre um dos lados do café. Isso causa escaldadura nas folhas e frutos.

plantio do café
Danos por escaldadura 
(Fonte: CN Café)

As linhas de plantio do café devem estar no sentido leste-oeste, paralelas à incidência do sol. Isso evita que o sol poente se concentre sobre um lado da planta.

Solo

Solos profundos, bem drenados e aerados são os ideais para a plantação do café. Entretanto, se o solo não apresentar estas características ainda pode ocorrer o plantio. 

Porém, há maior necessidade de manejo, como por exemplo realizar a descompactação a 120 cm.

2. Variedades de café

Coffea arabica L. e Coffea canephora Pierre, este último também conhecido como robusta ou conilon, são as duas variedades de cafés mais produzidas no Brasil e no mundo.

Para definir qual variedade plantar, é necessário saber das condições onde cada uma se desenvolve e produz melhor. A temperatura do café arábica e do canephora são diferentes, assim como a altitude.

No Brasil, o café arábica é o mais produzido, principalmente nos estados de Minas Gerais e São Paulo. O canephora é mais presente no Espírito Santo e Bahia. O café arara também tem sido cada vez mais plantado no país.

Escolhido a variedade, dentro de cada uma existem diferentes tipos de cultivares, como você pode ver na figura abaixo.

Tabela com exemplos de cultivares de café
Exemplo de alguns cultivares de C. arabica e canephora
(Fonte: Adaptado de Consórcio Pesquisa Café)

As especificidades de cada cultivar são muitas. Busque informações para utilizar os cultivares mais adaptados na sua área.

Escolha das mudas para plantio de café

Definida a cultivar, é necessário adquirir mudas sadias e vigorosas, sem misturas com mudas de outras cultivares. 

Na cafeicultura brasileira, a plantação do café ocorre por mudas feitas por viveiristas. Eles ficam responsáveis por realizar todos os processos de formação das mudas.

Prefira viveiristas registrados, que sejam idôneos, com boas práticas na produção de mudas de café. O uso de solo para produção de mudas é um grande responsável pela disseminação de doenças e pragas

Com o substrato autoclavado, isso é reduzido drasticamente. No estado de São Paulo, o uso de solo na produção e comercialização de mudas de café já é proibido.  Dê preferência às mudas produzidas em substrato sem solo.

3. Amostragem de solo 

Seja na instalação da lavoura ou durante a produção, conhecer a fertilidade do perfil do solo te ajuda a corrigir problemas. Isso te ajuda até a explorar esse solo em maior profundidade.

As recomendações de correção e adubação para o café estão todas pautadas na camada entre 0 cm e  20 cm do solo. Em alguns casos, pode ficar entre 20 cm e 40 cm

Por ser uma planta perene, as raízes do cafeeiro podem se aprofundar mais de 1 metro. Desse modo, com o desenvolvimento da cultura, pode-se fazer de 60-80 cm ou até mesmo de 80-100 cm.

profundidade para plantio do café

Faça análise de solo pelo menos até a camada de 40 cm a 60 cm. Como veremos a seguir, isso pode ser muito importante para a produção e resiliência de sua lavoura de café.

Essas amostras mais profundas não precisam ser feitas todo ano. Elas podem ser feitas a cada 2 ou 3 anos para fins de monitoramento da fertilidade. Uma amostragem de solo bem feita vai direcionar as correções e adubações de plantio do café.

4. Preparo profundo de solo

Como as raízes das plantas de café conseguem explorar em profundidade o solo, o ideal é prepará-lo corretamente para que o desenvolvimento radicular seja facilitado.

A ideia é aplicar calcário, gesso e nutrientes como fósforo em profundidade. Isso vai facilitar o crescimento radicular do cafeeiro. Por isso a amostragem de solo em profundidade maior que 40 cm é tão importante.

Com o preparo do solo, as mudas recém-plantadas conseguem se desenvolver melhor e, ao longo do tempo, explorar o solo em profundidade. Em longo prazo, você terá uma lavoura em produção que sentirá menos os efeitos de uma seca ou veranico.

5. População de plantas e mecanização da lavoura de café

Outro passo importante antes da plantação do café é a definição da população de plantas, com base no espaçamento utilizado. Pode-se ter um espaçamento de plantas de café de 50 cm – 100 cm e de entrelinhas variando de 1,5 m – 4,0 m.

Desse modo, a população de plantas de café pode variar de 3 a 20 mil pés de café por hectare. O sistema de plantio influencia diretamente no método de colheita.

Em sistemas mais adensados, com menores espaçamentos e maior população de plantas, a colheita é praticamente toda manual. Em sistemas mais espaçados, já é possível a colheita mecanizada do café.

Definida a área de plantio do café, variedade/cultivar plantar, o espaçamento e população de plantas, podemos então começar o preparo do solo. Para isso, é necessário uma correta amostragem.

6. Correção e adubação para plantar café

Com a análise de solo em mãos, você poderá avaliar a necessidade de calagem e gessagem, bem como as adubações. 

Calagem e gessagem

O novo Boletim 100 recomenda elevar a saturação por bases (V%) para pelo menos 70% na camada 0 cm – 20 cm. Para isso, é necessário usar calcário dolomítico, para fornecer mais magnésio.

A dose deve ser aumentada se o V% estiver abaixo de 25% nas camadas mais inferiores. A calagem deve ser feita em área total. Além dela, deve-se aplicar mais 500g de calcário por metro de sulco.

O gesso agrícola deve ser aplicado de acordo com a análise de solo das camadas abaixo dos 20 cm, baseando se na saturação por alumínio e no V%. Alguns produtores vêm tendo bons resultados com uso de altas doses de gesso (> 10 ton.ha-1). 

Seu efeito condicionador no subsolo possibilita que as raízes se desenvolvam mais em profundidade. Isso favorece o crescimento do cafeeiro.

Adubação na cafeicultura

Com as correções feitas, é necessário cuidar dos nutrientes disponíveis no solo. O ideal é que se mantenha os níveis de nutrientes na faixa adequada, como indicado na tabela abaixo. Acima desses teores, não há resposta do cafeeiro.

Foto de tabela com interpretação de nutrientes do solo
Interpretação nutrientes no solo para café
(Fonte: Adaptado de Novo Boletim 100 (Quaggio e colaboradores 2018) 

No plantio ou renovação do cafezal, é possível colocar fósforo em profundidade. Afinal, esse nutriente é praticamente imóvel nos nossos solos.

Assim, independentemente da análise química de solo, recomenda-se aplicar 60g de P2O5, em formas solúveis, por metro de sulco de plantio.

No sulco, também é indicado o uso de adubação orgânica. Escolha a opção de maior disponibilidade e melhor custo-benefício em sua região/propriedade. Abaixo, veja as recomendações para cada adubo orgânico. 

Nesse caso, a dose se refere à aplicação de cada adubo separadamente.

Tabela com recomendação de adubação no sulco
Recomendação de adubação no sulco
(Fonte: Adaptado de Novo Boletim 100 (Quaggio e colaboradores, 2018) 

Após estabelecido o plantio do café, o produtor deve fornecer nutrientes para a formação da lavoura. 

Preparamos para você uma planilha gratuita, que te ajudará no cálculo das recomendações de adubação do cafezal de forma precisa.

7. Controle de plantas daninhas e doenças no cafeeiro em formação

Plantas daninhas

A muda de café é sensível à competição por plantas daninhas. Seu sistema radicular ainda é pequeno, a taxa de crescimento é relativamente lenta se comparada a das daninhas e há pouco sombreamento na rua.

Deixar a entrelinha sem plantas de cobertura, como por exemplo braquiária, não é concebível. Isso acontece porque aumentam-se os riscos de erosão e diminui-se a infiltração de água, por exemplo.

O que se faz, geralmente, é limpar uma faixa próxima ao café e manter o centro da rua controlado.

Na prática, isso se faz com uso de enxadas ou aplicações de herbicidas, geralmente Verdict, Select, Clorimuron e Goal, além do glifosato.

Verdict mais Select (500ml/ha) e Clorimuron (200ml/ha) são uma boa opção para esse fim quando o mato está pequeno. O Goal (3L/ha) é uma boa opção como pré-emergente.

Com plantas um pouco maiores, pode-se utilizar o glifosato, com aplicação protegida.

A aplicação deve ser feito com cuidado para evitar a fitotoxidade por herbicidas no cafezal.

O consórcio com braquiária também é uma alternativa, pois a forrageira abafa o mato. Para evitar que ela compita com o café, mantenha uma faixa de 50 cm a 70 cm da linha, controlando com glifosato.

A braquiária é perene e fica todo o ano cobrindo o solo. Periodicamente, é roçada e seus resíduos depositados próximos à saia do cafeeiro.

Foto de plantação de café
Consórcio café-braquiária desde o plantio até a produção
(Fonte: Arquivo pessoal do autor)

Os problemas físicos do solo podem ser corrigidos pelas raízes da forrageira também, pois elas favorecem a agregação, a infiltração de água e oxigênio. Além disso, favorecem a vida microbiana do solo.

Doenças

Outro ponto de atenção é a presença de pragas e doenças do café, tanto na área quanto nas mudas adquiridas.

Ao comprar as mudas, algumas doenças e pragas já podem vir junto. Do mesmo modo, sua lavoura pode conter nematoides que poderão levar à morte das suas mudas.

Como principais doenças que podem estar presentes nas mudas e vir a causar danos, há:

  • Cercosporiose / Mancha de Olho Pardo ou Olho de Perdiz causado pelo fungo Cercospora coffeicola;
  • Mancha aureolada ou bacteriana, causada por Pseudomonas syringae pv. garcae;
  • Rhizoctoniose, causado por Rhizoctonia solani;
  • Escaldadura das folhas ou queima abiótica;
Foto de danos em plantas de café
(Fonte: Adaptado de Embrapa)

Estas doenças podem ocorrer tanto em viveiros como em campo, em cafezais novos ou adultos. O controle das doenças citadas acima, com exceção da última, deve ser feito com produtos recomendados para seu controle.

Os nematoide-das-galhas (Meloidogyne incognita; Meloidogyne spp.) são uma das principais nas lavouras cafeicultoras.

Se sua área já tem a presença de nematoides, faça um bom manejo. Nas entrelinhas do café, você pode realizar o plantio de plantas que reduzem a população dos nematoides, como algumas espécies de crotalaria.

O uso de mudas enxertadas também é outra opção em áreas que já têm a presença dos nematoides.

Quanto custa para plantar café?

O custo de implantação e formação do cafezal, considerando até o segundo ano, gira entre 20 e 30 mil reais. Este custo varia conforme o preço dos produtos e local de produção, podendo se tornar mais barato ou mais caro.

Diversos itens devem ser considerados nos custos da plantação de café. Alguns exemplos são:

  • valor do óleo diesel utilizado nas operações de preparo do solo;
  • custo do calcário e gesso
  • fertilizantes e produtos;
  • mudas;
  • mão de obra, etc.

Outro fator que tem que considerar é que uma planta de café demora dois anos para começar a produzir. O custo gasto para implantação e formação neste período deve ser diluído no custo de produção ao longo dos anos.

Para te ajudar, separamos uma planilha de custos de safra. Nela, você poderá contabilizar todos os seus custos com o cafezal de forma mais fácil.

Recomendações de colheita

Após os grãos se encontrarem no ponto ideal de colheita de café, é o momento de retirá-los do campo. O ponto ideal é o estádio de cereja, quando os grãos encontram-se avermelhados.

A colheita pode ocorrer de três modos: mecanizado, semi mecanizado e manual

A escolha do modo de colheita irá depender de alguns fatores. Declividade do terreno, espaçamento entre linhas e mão de obra são pontos que precisam ser avaliados antes da decisão sobre o método de colheita.

Independente do método escolhido, planeje bem a colheita para que ela aconteça no momento correto, quando o grão tiver os teores de umidade ideais (entre 55% e 70%). A colheita adiantada ou tardia pode influenciar negativamente no sabor dos grãos colhidos.

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Conclusão

Para cada localidade, as recomendações de plantação do café podem mudar. As boas práticas que envolvem a instalação da lavoura devem ser respeitadas em qualquer circunstância.

Seja na renovação de uma lavoura de café ou na plantação em uma nova área, fique de olho nas características do local e nas boas práticas de manejo.

Não se esqueça dos gastos durante a plantação do café e sua formação, e de controlá-los com cuidado.

Este artigo foi útil para você? Restou alguma dúvida sobre a plantação de café? Deixe seu comentário abaixo!

Atualizado em 16 de agosto de 2022 por Carina Oliveira.

Carina é engenheira-agrônoma formada pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), mestre em Sistemas de Produção (Unesp), e doutora em Fitotecnia pela Esalq-USP.