Capim-carrapicho: época certa para controle, quais herbicidas usar e as principais dicas para evitar prejuízos na lavoura.
O capim-carrapicho é uma planta daninha que infesta muitos cultivos anuais perenes.
Além dos problemas relacionados à sua agressividade competitiva, ela pode diminuir a qualidade de produtos agrícolas, como no caso do algodão.
Mas você sabe como fazer o controle mais adequado da lavoura? Quais herbicidas são mais recomendáveis em pré e pós-emergência das culturas?
Confira essa e outras respostas a seguir!
Capim-carrapicho: principais pontos sobre essa planta daninha
O capim-carrapicho (Cenchrus echinatus), ou capim-timbete, tem origem na América tropical, ocorrendo do sul dos Estados Unidos até a Argentina.
No Brasil, é amplamente disseminado, principalmente na região Sudeste.
O capim-carrapicho é uma planta daninha de ciclo anual, com reprodução por semente, que se alastra por enraizamento dos colmos, por meio dos nós em contato com o solo.
Esta planta invasora se adapta tanto em solos férteis agricultáveis quanto em solos pobres e arenosos no litoral. Em condições favoráveis, com bom enraizamento, seu ciclo pode ser prolongar, chegando à semi-perene.
Assim, plantas mais desenvolvidas são de fácil identificação. Já as plântulas podem ser identificadas pela base do colmo avermelhado ou, se você retirar a plântula do solo com cuidado, pode observar a semente presa às suas raízes.

Plântulas de capim-carrapicho (Cenchrus echinatus)
(Fonte: Sarangi e Jhala)
A temperatura ideal para seu crescimento é de 25°C, com capacidade de produzir até 1.100 sementes por planta.
O capim-carrapicho é indiferente à luz para germinar. Mas, em condições de escuro, sua velocidade de germinação pode ser maior, sem alterar o número final de sementes germinadas.
Devido ao tamanho das sementes, podem emergir em profundidades próximas a 10 cm, dependendo das condições de solo.
Manejo do capim-carrapicho
A capacidade de emergir em grandes profundidades influencia no manejo do capim-carrapicho. Isso porque o manejo mecânico do solo em uma área infestada pela daninha pode ocasionar vários fluxos de emergência, o que dificulta o posicionamento de herbicidas pós-emergentes.
Além disso, esse enterrio das sementes pode posicioná-las abaixo da faixa tratada por herbicidas aplicados em pré-emergência. E isso também dificulta seu manejo.
Como suas sementes são grandes, não são muito disseminadas pelo vento. Deste modo, sua dispersão está muito mais relacionada ao trânsito de máquinas sem a devida higienização, por exemplo.
Além de ser altamente competitiva com cultivos anuais, o capim-carrapicho pode ser um grande problema na colheita e beneficiamento de cultivos como o algodão.
Ela também pode ocasionar alelopatia sobre outras plantas.
O capim-carrapicho, em estádios iniciais, poder ser utilizado como forrageira devido às suas características nutricionais e palatabilidade. Porém, a partir da frutificação, se torna impróprio ao consumo animal.
Felizmente, até o momento não houve registro de populações resistentes de capim-carrapicho (Cenchrus echinatus) a herbicidas no mundo.
A realização de um manejo integrado de plantas daninhas é essencial para não selecionar populações resistentes.
Para isso é preciso fazer sistema de rotação de cultivos, rotação de princípios ativos e uso de culturas de cobertura.
Dentre as culturas de cobertura, a Urochloa ruziziensis apresenta uma ótima supressão do capim-carrapicho.
Manejo de capim-carrapicho na entressafra do sistema soja-milho
A entressafra é período ideal para realizar um bom manejo do capim-carrapicho, pois existe um número maior de opções a serem utilizadas!
O ideal é que a aplicação ocorra em plantas com até 2 perfilhos, pois as chances de sucesso são maiores.
Além do estádio de aplicação, um ponto importante para realização de um manejo eficiente desta daninha é aplicar em planta sem estresse hídrico.
Em condições de estresse, muitos herbicidas podem ter sua eficiência reduzida nesta planta daninha.
Herbicidas pós-emergentes
Glifosato
O glifosato possui ótimo controle de plantas pequenas (até 2 perfilhos) ou pode ser utilizado na primeira aplicação do manejo sequencial, na dose de 1,2 a 3,0 L ha-1.
Cletodim
Possui ótimo controle de plantas pequenas (até 2 perfilhos) ou pode ser utilizado na primeira aplicação do manejo sequencial (geralmente associado a glifosato), na dose de 0,5 a 1,0 L ha-1.
Adicionar óleo mineral 0,5 a 1,0 % v v-1.
Haloxyfop
Possui ótimo controle de plantas pequenas (até 2 perfilhos) ou pode ser utilizado na primeira aplicação do manejo sequencial (geralmente associado a glifosato), na dose de 0,55 a 1,2 L ha-1. Adicionar óleo mineral 0,5 a 1,0 % v v-1.
Este são os exemplos mais comuns de graminicidas utilizados no mercado, porém existem outros produtos com ótimo desempenho e que seguem a mesma lógica de manejo.
Novas formulações de graminicidas vêm sendo lançadas com maior concentração do ingrediente ativo (responsável pela morte da planta) e com adjuvante incluso. Alguns exemplos são Verdict max®, Targa max® e Select one pack®.
Atenção quando for misturar 2,4D e graminicidas. É necessário aumentar a dose do graminicida em 20%, pois este herbicida reduz sua eficiência.
Paraquat
Pode ser utilizado em plantas pequenas até 2 perfilhos ou em manejo sequencial para controle da rebrota de plantas maiores, na dose de 1,5 a 2,0 L ha-1.
Adicionar adjuvante não iônico 0,5 a 1,0% v.v.
Glufosinato de amônio
Pode ser utilizado em plantas pequenas até 2 perfilhos ou em manejo sequencial para controle de rebrota de plantas maiores, na dose de 2,5 a 3,0 L ha-1. Adicionar óleo mineral 2,0% v.v.
Herbicidas pré-emergentes
S-metolachlor
Herbicida com ação residual, utilizado no sistema de aplique plante da soja, na dose de 1,5 a 2,0 L ha-1. Não deve ser aplicado em solos arenosos.
Trifluralina
Herbicida com ação residual, utilizado na primeira aplicação do manejo outonal associado a herbicidas sistêmicos (ex: glifosato, graminicidas), na dose 1,2 a 4,0 L ha-1, dependendo da planta daninha a ser controlada e nível de cobertura do solo.
Deve ser aplicado em solo úmido e livre de torrões.
Sulfentrazone
Herbicida com ação residual para controle de banco de sementes, utilizado na primeira aplicação do manejo outonal associado a herbicidas sistêmicos (ex: glifosato, 2,4 D e chlorimuron).
Recomenda-se dose de até 0,6 L ha-1, pois apresenta grande variação na seletividade de cultivares de soja.
Imazetapir
Herbicida com ação residual para controle de banco de sementes. Utilizado na primeira aplicação do manejo outonal associado a herbicidas sistêmicos (ex: glifosato e 2,4 D) ou no sistema de aplique plante da soja, na dose de 0,8 a 1,0 L ha-1.
Manejo do capim-carrapicho na pós-emergência das culturas de soja e milho
Para plantas pequenas ou rebrota de plantas perenizadas na soja, temos como opção eficiente somente o uso de graminicidas (clethodim, haloxyfop e outros).
Em caso de soja RR, podem ser associados ao glifosato.
Em áreas com grande infestação, devem ser utilizados herbicidas pré-emergentes no sistema de aplique plante para diminuir o banco de sementes e o número de aplicações em pós-emergência (imazetapir + flumioxazin ou s-metolachlor).
A inclusão de pré-emergentes em diferentes etapas do manejo é fundamental, principalmente em áreas com grandes infestações. Como diminuem a necessidade de aplicações em pós-emergência e previnem a seleção de plantas resistentes, trazem ótimo custo-benefício ao produtor.
Já o controle de capim-carrapicho no milho convencional é mais complexo, pois o milho também é uma gramínea. E existem poucas opções que são seletivas ao milho e controlam capim-carrapicho.
Dentre elas temos herbicidas pré-emergentes aplicados em sistema de aplique plante (ex:trifluralina, s-metolachlor e isoxaflutole) ou herbicidas utilizados em pós-emergência precoce (ex: nicosulfuron e tembotrione).
Porém, não há opções eficientes para controle de plantas mais desenvolvidas ou perenizadas em milho convencional.
Caso o milho possua tecnologia RR, o uso de glifosato pode ser eficiente no controle desta planta daninha.
Perspectivas futuras
Para os próximos anos, existe previsão da liberação comercial de um novo “trait” de resistência a herbicidas para as culturas da soja e do milho.
- Soja e milho: Enlist (2,4D colina, glifosato e glufosinato de amônio).
Esta tecnologia trará a opção de incluir o glufosinato de amônio no manejo de pós-emergência do cultivo. Além disso, irá possibilitar o uso de haloxyfop em pós-emergência do milho, o que trará grandes benefícios para a rotação de princípios ativos.
Existe ainda previsão do lançamento de novos herbicidas pré-emergentes para controle de gramíneas (ex:pyroxasulfone).
Conclusão
Neste artigo, vimos a importância econômica do capim-carrapicho em nosso país e como realizar um manejo eficiente em lavouras de grãos.
Você conferiu alguns aspectos sobre a biologia dessa planta daninha e também os herbicidas recomendados para controle.
Também citamos as próximas novidades do mercado!
Aproveite as orientações e aprimore o manejo do capim-carrapicho na sua lavoura!
>> Leia mais:
“Herbicida para algodão: como fazer a melhor utilização para combate de plantas daninhas”
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