Como fazer o manejo eficiente do capim-carrapicho

Capim-carrapicho: época certa para controle, quais herbicidas usar e as principais dicas para evitar prejuízos na lavoura.

Como fazer o manejo eficiente do capim-carrapicho

O capim-carrapicho é uma planta daninha que infesta muitos cultivos anuais perenes.

Além dos problemas relacionados à sua agressividade competitiva, ela pode diminuir a qualidade de produtos agrícolas, como no caso do algodão. 

Mas você sabe como fazer o controle mais adequado da lavoura? Quais herbicidas são mais recomendáveis em pré e pós-emergência das culturas?

Confira essa e outras respostas a seguir!

Capim-carrapicho: principais pontos sobre essa planta daninha

O capim-carrapicho (Cenchrus echinatus), ou capim-timbete, tem origem na América tropical, ocorrendo do sul dos Estados Unidos até a Argentina. 

No Brasil, é amplamente disseminado, principalmente na região Sudeste. 

O capim-carrapicho é uma planta daninha de ciclo anual, com reprodução por semente, que se alastra por enraizamento dos colmos, por meio dos nós em contato com o solo. 

Esta planta invasora se adapta tanto em solos férteis agricultáveis quanto em solos pobres e arenosos no litoral. Em condições favoráveis, com bom enraizamento, seu ciclo pode ser prolongar, chegando à semi-perene. 

Assim, plantas mais desenvolvidas são de fácil identificação. Já as plântulas podem ser identificadas pela base do colmo avermelhado ou, se você retirar a plântula do solo com cuidado, pode observar a semente presa às suas raízes. 

foto de plântulas de capim-carrapicho (Cenchrus echinatus)

Plântulas de capim-carrapicho (Cenchrus echinatus)
(Fonte: Sarangi e Jhala)

A temperatura ideal para seu crescimento é de 25°C, com capacidade de produzir até 1.100 sementes por planta. 

O capim-carrapicho é indiferente à luz para germinar. Mas, em condições de escuro, sua velocidade de germinação pode ser maior, sem alterar o número final de sementes germinadas. 

Devido ao tamanho das sementes, podem emergir em profundidades próximas a 10 cm, dependendo das condições de solo. 

Manejo do capim-carrapicho

A capacidade de emergir em grandes profundidades influencia no manejo do capim-carrapicho. Isso porque o manejo mecânico do solo em uma área infestada pela daninha pode ocasionar vários fluxos de emergência, o que dificulta o posicionamento de herbicidas pós-emergentes. 

Além disso, esse enterrio das sementes pode posicioná-las abaixo da faixa tratada por herbicidas aplicados em pré-emergência. E isso também dificulta seu manejo.  

Como suas sementes são grandes, não são muito disseminadas pelo vento. Deste modo, sua dispersão está muito mais relacionada ao trânsito de máquinas sem a devida higienização, por exemplo.  

Além de ser altamente competitiva com cultivos anuais, o capim-carrapicho pode ser um grande problema na colheita e beneficiamento de cultivos como o algodão.

Ela também pode ocasionar alelopatia sobre outras plantas. 

O capim-carrapicho, em estádios iniciais, poder ser utilizado como forrageira devido às suas características nutricionais e palatabilidade. Porém, a partir da frutificação, se torna impróprio ao consumo animal. 

Felizmente, até o momento não houve registro de populações resistentes de capim-carrapicho (Cenchrus echinatus) a herbicidas no mundo.

A realização de um manejo integrado de plantas daninhas é essencial para não selecionar populações resistentes. 

Para isso é preciso fazer sistema de rotação de cultivos, rotação de princípios ativos e uso de culturas de cobertura. 

Dentre as culturas de cobertura, a Urochloa ruziziensis apresenta uma ótima supressão do capim-carrapicho. 

Manejo de capim-carrapicho na entressafra do sistema soja-milho

A entressafra é período ideal para realizar um bom manejo do capim-carrapicho, pois existe um número maior de opções a serem utilizadas!

O ideal é que a aplicação ocorra em plantas com até 2 perfilhos, pois as chances de sucesso são maiores.

Além do estádio de aplicação, um ponto importante para realização de um manejo eficiente desta daninha é aplicar em planta sem estresse hídrico.

Em condições de estresse, muitos herbicidas podem ter sua eficiência reduzida nesta planta daninha. 

Herbicidas pós-emergentes

Glifosato 

O glifosato possui ótimo controle de plantas pequenas (até 2 perfilhos) ou pode ser utilizado na primeira aplicação do manejo sequencial, na dose de 1,2 a 3,0 L ha-1

Cletodim 

Possui ótimo controle de plantas pequenas (até 2 perfilhos) ou pode ser utilizado na primeira aplicação do manejo sequencial (geralmente associado a glifosato), na dose de 0,5 a 1,0 L ha-1

Adicionar óleo mineral 0,5 a 1,0 % v v-1.

Haloxyfop

Possui ótimo controle de plantas pequenas (até 2 perfilhos) ou pode ser utilizado na primeira aplicação do manejo sequencial (geralmente associado a glifosato), na dose de 0,55 a 1,2 L ha-1. Adicionar óleo mineral 0,5 a 1,0 % v v-1.

Este são os exemplos mais comuns de graminicidas utilizados no mercado, porém existem outros produtos com ótimo desempenho e que seguem a mesma lógica de manejo. 

Novas formulações de graminicidas vêm sendo lançadas com maior concentração do ingrediente ativo (responsável pela morte da planta) e com adjuvante incluso. Alguns exemplos são Verdict max®, Targa max® e Select one pack®.

Atenção quando for misturar 2,4D e graminicidas. É necessário aumentar a dose do graminicida em 20%, pois este herbicida reduz sua eficiência. 

Paraquat

Pode ser utilizado em plantas pequenas até 2 perfilhos ou em manejo sequencial para controle da rebrota de plantas maiores, na dose de 1,5 a 2,0 L ha-1

Adicionar adjuvante não iônico 0,5 a 1,0% v.v. 

Glufosinato de amônio

Pode ser utilizado em plantas pequenas até 2 perfilhos ou em manejo sequencial para controle de rebrota de plantas maiores, na dose de 2,5 a 3,0 L ha-1.  Adicionar óleo mineral 2,0% v.v. 

Herbicidas pré-emergentes

S-metolachlor 

Herbicida com ação residual, utilizado no sistema de aplique plante da soja, na dose de 1,5 a 2,0 L ha-1. Não deve ser aplicado em solos arenosos. 

Trifluralina 

Herbicida com ação residual, utilizado na primeira aplicação do manejo outonal associado a herbicidas sistêmicos (ex: glifosato, graminicidas), na dose 1,2 a 4,0 L ha-1, dependendo da planta daninha a ser controlada e nível de cobertura do solo. 

Deve ser aplicado em solo úmido e livre de torrões. 

Sulfentrazone 

Herbicida com ação residual para controle de banco de sementes, utilizado na primeira aplicação do manejo outonal associado a herbicidas sistêmicos (ex: glifosato, 2,4 D e chlorimuron). 

Recomenda-se dose de até 0,6 L ha-1, pois apresenta grande variação na seletividade de cultivares de soja

Imazetapir

Herbicida com ação residual para controle de banco de sementes. Utilizado na primeira aplicação do manejo outonal associado a herbicidas sistêmicos (ex: glifosato e 2,4 D) ou no sistema de aplique plante da soja, na dose de 0,8 a 1,0 L ha-1.

Manejo do capim-carrapicho na pós-emergência das culturas de soja e milho

Para plantas pequenas ou rebrota de plantas perenizadas na soja, temos como opção eficiente somente o uso de graminicidas (clethodim, haloxyfop e outros).

Em caso de soja RR, podem ser associados ao glifosato. 

Em áreas com grande infestação, devem ser utilizados herbicidas pré-emergentes no sistema de aplique plante para diminuir o banco de sementes e o número de aplicações em pós-emergência (imazetapir + flumioxazin ou s-metolachlor).

A inclusão de pré-emergentes em diferentes etapas do manejo é fundamental, principalmente em áreas com grandes infestações. Como diminuem a necessidade de aplicações em pós-emergência e previnem a seleção de plantas resistentes, trazem ótimo custo-benefício ao produtor. 

Já o controle de capim-carrapicho no milho convencional é mais complexo, pois o milho também é uma gramínea. E existem poucas opções que são seletivas ao milho e controlam capim-carrapicho. 

Dentre elas temos herbicidas pré-emergentes aplicados em sistema de aplique plante (ex:trifluralina, s-metolachlor e isoxaflutole) ou herbicidas utilizados em pós-emergência precoce (ex: nicosulfuron e tembotrione).

Porém, não há opções eficientes para controle de plantas mais desenvolvidas ou perenizadas em milho convencional.

Caso o milho possua tecnologia RR, o uso de glifosato pode ser eficiente no controle desta planta daninha.     

Perspectivas futuras

Para os próximos anos, existe previsão da liberação comercial de um novo “trait” de resistência a herbicidas para as culturas da soja e do milho.

  • Soja e milho: Enlist (2,4D colina, glifosato e glufosinato de amônio).

Esta tecnologia trará a opção de incluir o glufosinato de amônio no manejo de pós-emergência do cultivo. Além disso, irá possibilitar o uso de haloxyfop em pós-emergência do milho, o que trará grandes benefícios para a rotação de princípios ativos.  

Existe ainda previsão do lançamento de novos herbicidas pré-emergentes para controle de gramíneas (ex:pyroxasulfone).

Conclusão

Neste artigo, vimos a importância econômica do capim-carrapicho em nosso país e como realizar um manejo eficiente em lavouras de grãos. 

Você conferiu alguns aspectos sobre a biologia dessa planta daninha e também os herbicidas recomendados para controle.

Também citamos as próximas novidades do mercado!

Aproveite as orientações e aprimore o manejo do capim-carrapicho na sua lavoura!

>> Leia mais:

Herbicida para algodão: como fazer a melhor utilização para combate de plantas daninhas

Como você controla a infestação de capim-carrapicho? Já enfrentou problemas na colheita? Baixe gratuitamente aqui o Guia para Manejo de Plantas Daninhas e faça o controle de outras invasoras da lavoura!

O guia do manejo eficiente do azevém

Azevém: época certa para controle, quais herbicidas utilizar e principais dicas para minimizar casos de resistências na lavoura.

Azevém na lavoura é sempre sinal de alerta! Essa planta invasora se alastra muito rapidamente e interfere no desenvolvimento de vários cultivos, chegando a diminuir em até 56% a produtividade do trigo, por exemplo.

Hoje, há poucas opções para manejo em pós-emergência e muitos casos de resistência. Por isso, é preciso planejamento para fazer um controle eficiente.

Você sabe qual é o período ideal para manejo e quais são os herbicidas mais indicados para controle do azevém? Confira a seguir!

Azevém: principais pontos sobre essa daninha

O azevém (Lolium multiflorum) é uma importante planta daninha na região sul do Brasil. 

Inicialmente, foi muito difundido pelo seu uso como forragem, pois possui características nutricionais interessantes para ruminantes e tem alta capacidade de rebrote. 

Entretanto, devido a essa ampla utilização, o azevém se espalhou e tornou-se uma da principais plantas daninhas de culturas como aveia, trigo e soja

Pertencente à família das poáceas (gramíneas), o azevém tem ciclo anual e reprodução por sementes. 

Possui uma maior taxa de crescimento e desenvolvimento com temperaturas próximas a 20℃. Como principais características morfológicas, é uma planta herbácea, glabra (sem ocorrência de “pelos”), com sistema radicular fasciculado e hábito de crescimento cespitoso ereto. 

foto com detalhe da inflorescência de azevém (Lolium multiflorum)

Detalhe da inflorescência de azevém (Lolium multiflorum)
(Fonte: Jardim Botânico)

Além disso, possui sementes pequenas que podem ser facilmente disseminadas. Cada planta de azevém pode produzir até 3 mil sementes

Estas sementes são indiferentes à luz para germinar, podendo apresentar dormência, o que pode ocasionar vários fluxos de emergência na lavoura. Essa indiferença à luz ocasiona menor suscetibilidade à cobertura do solo, por isso tem a capacidade de emergência em cultivos com ótimo fechamento de linha, como o trigo.

As sementes, porém, não possuem grande persistência no banco de sementes, não sendo capaz de persistirem por mais de 540 dias na lavoura. 

Devido à pouca reserva das sementes, o percentual de emergência é muito afetado em profundidades maiores que 5 cm.   

Além disso, esta planta daninha não possui alta capacidade competitiva por ter crescimento inicial lento. Porém, sob grande infestação, pode diminuir até 56% da produtividade do trigo

Foto que mostra interferência de azevém no cultivo do trigo

Interferência de azevém no cultivo do trigo
(Fonte: Hrac)

O problema da resistência de azevém no Brasil

A ampla utilização do glifosato para controle de azevém em cultivos como soja e frutíferas ocasionou grande pressão de seleção. Consequentemente, em 2003 houve registro da primeira população de azevém resistente a glifosato no Brasil.

Devido a falhas na implementação de práticas para conter o avanço dessas populações resistentes, associado ao uso de azevém resistente a glifosato como forrageira, houve grande disseminação dessas populações. 

Deste modo, atualmente, mais de 80% das populações de azevém são resistentes ao glifosato. 

Com essa ampla disseminação, sobraram poucas opções para manejo de escapes na pós-emergência da soja (ACCase) e cereais de inverno (ALS e ACCase). E devido ao uso indiscriminado de herbicidas dos mecanismo de ação ALS e ACCase nestes cultivos, houve seleção de novos casos de azevém resistente. 

Em 2010, relatou-se o primeiro caso de azevém resistente a ALS (Iodosulfuron) e o primeiro caso de resistência múltipla desta espécie a inibidores da EPSPs (glifosato) e ACCase (clethodim). 

Devido à falta de rotação de mecanismos de ação e manejos alternativos, houve novos relatos de populações com resistência múltipla em 2016 para ALS (Iodosulfuron) e ACCase (Clethodim) e, em 2017, para EPSPs e ALS (Iodosulfuron, pyrosulam).

A maior preocupação atualmente é com o surgimento de população resistente aos três principais mecanismos de ação utilizados em culturas de inverno (EPSPs, ALS e ACCase).

Por isso, você deve tomar muito cuidado no manejo de azevém. É preciso seguir boas práticas da tecnologia de aplicação e o manejo integrado de plantas daninhas

O que deixa claro a importância desse manejo é o aumento de custo ocasionado pela seleção de populações resistentes. A presença de populações de azevém resistentes a glifosato na soja pode ocasionar aumento de até 148% nos custos.  

Gráfico com estimativa do aumento percentual do custo para controle de daninhas com resistência a glifosato em soja

Estimativa do aumento percentual do custo para controle de daninhas com resistência a glifosato em soja
(Fonte: Embrapa)

Como fazer o manejo eficiente do azevém

Para garantir que não haja seleção de resistência para novos herbicidas ou disseminação de populações resistentes para novas áreas é muito importante que você siga estas dicas:    

  • conheça o histórico de resistência da área e região;  
  • realize rotação de mecanismo de ação de herbicidas;
  • inclua herbicidas pré-emergentes no manejo;
  • siga os princípios básicos da tecnologia de aplicação adequada;
  • realize aplicações em pós-emergência sobre plantas pequenas;
  • realize corretamente aplicações sequenciais;
  • priorize controle na entressafra;
  • realize rotação de culturas e adubação verde;
  • realize limpeza correta de máquinas ou implementos antes de utilizá-los em novas áreas.

Herbicidas para controle de azevém no período da entressafra

A entressafra é o momento ideal para realizar um manejo eficiente do azevém, pois existe um número maior de opções a serem utilizadas!

O ideal é que a aplicação ocorra em plantas com até 2 perfilhos, pois as chances de sucesso no controle são maiores!

Herbicidas pós-emergentes

Cletodim

Possui ótimo controle de plantas daninhas pequenas (até 2 perfilhos). Pode ser utilizado na primeira aplicação do manejo sequencial (geralmente associado a glifosato), na dose de 0,5 L ha-1. Adicionar óleo mineral 0,5 a 1,0 % v v-1.

Haloxyfop

Possui ótimo controle de plantas daninhas pequenas (até 2 perfilhos). Pode ser utilizado na primeira aplicação do manejo sequencial (geralmente associado a glifosato), na dose de 0,50 L ha-1. Adicionar óleo mineral 0,5 a 1,0 % v v-1.

Cuidados: cuidado com as recomendações de intervalo de segurança entre a aplicação de graminicidas e a semeadura de gramíneas (ex: trigo, arroz e milho). 

Este são os exemplos mais comuns de graminicidas utilizados no mercado. Porém, existem outros produtos para controle químico com ótimo desempenho e que seguem a mesma lógica de manejo.

Novas formulações de graminicidas vêm sendo lançadas com maior concentração do ingrediente ativo (responsável pela morte da planta) e com adjuvante incluso. (Ex: Verdict max®, Targa max® e Select one pack®).

Glifosato

Mesmo não sendo efetivo para a maioria das populações, pode ser usado no manejo para controle de outras plantas daninhas. 

Ainda que o azevém seja resistente à associação de glifosato a graminicidas, melhora o controle.

Quando forem misturados 2,4D e graminicidas, deve-se aumentar a dose do graminicida em 20%, pois este herbicida reduz sua eficiência.

Paraquat

Pode ser utilizado em plantas pequenas de até 2 perfilhos ou em manejo sequencial para controle da rebrota de plantas maiores. Recomendada dose de 1,5 a 2,0 L ha-1. Adicionar adjuvante não iônico 0,5 a 1,0% v.v.

Glufosinato de amônio

Pode ser utilizado em plantas pequenas de até 2 perfilhos ou em manejo sequencial para controle de rebrota de plantas maiores. Indicada dose de 2,5 a 3,0 L ha-1. Adicionar óleo mineral 2,0% v.v.

Herbicidas pré-emergentes

O posicionamento dos herbicidas aplicados em pré-emergência dependerá muito das características de sua área como teor de argila, teor de matéria orgânica, cobertura do solo e culturas a serem implantadas após a aplicação do herbicida. 

Por isso, dentre as opções citadas neste texto, pesquise para ter certeza que esta se enquadra no seu sistema produtivo. 

foto de um trator de pulverização de herbicida em um campo de milho em desenvolvimento

(Fonte: Assistec)

S-metolachlor

Herbicida com ação residual para controle de banco de sementes. É muito utilizado no sistema de aplique-plante dos cultivos, na dose de 1,5 a 2,0 L ha-1. Não deve ser aplicado em solos arenosos.

Trifluralina

Herbicida com ação residual para controle de banco de sementes. Utilizado na primeira aplicação do manejo outonal associado a herbicidas sistêmicos (ex: glifosato, graminicidas). 

Recomendável dose 1,2 a 4,0 L ha-1 dependendo da planta daninha a ser controlada e nível de cobertura do solo. Deve ser aplicado em solo úmido e livre de torrões.

Além desses produtos, outros herbicidas entraram no mercado como pyroxasulfone, que está em fase de registro, e o cinmethylin, que foi recentemente lançado no Brasil pela Basf.

Manejo de azevém na pós-emergência dos cultivos

Milho 

No caso do milho, a única opção disponível é o uso de atrazine+nicosulfuron. Porém, após o lançamento de híbridos de milho com tecnologia Enlist®, será possível utilizar o haloxyfop na pós-emergência do cultivo. 

Soja 

Para a cultura da soja, as únicas opções disponíveis são os graminicidas (ex: clethodim e haloxyfop), que no caso da soja RR poderão ser associados ao glifosato.  

Trigo

Para a cultura do trigo, os herbicidas disponíveis são dos grupos ALS (Iodosulfuron) e Accase (clodinafop). 

Para trigo, também será lançado o pinoxaden, que poderá ser utilizado no controle de populações resistentes. 

Conclusão 

Neste artigo vimos a importância econômica que o azevém possui em nosso país e como realizar um manejo eficiente em lavouras de grãos.

Você conheceu detalhes sobre a biologia da planta daninha e algumas estratégias de manejo para controle eficiente, evitando seleção de resistência.

Espero que com essas dicas você consiga realizar um manejo eficiente do azevém!

>> Leia mais:

“Guia completo da plantação de canola + benefícios para o milho, trigo e soja”

“Como fazer o manejo eficiente do capim-carrapicho”

Como você controla a infestação de azevém na lavoura hoje? Já enfrentou casos de resistência? Baixe gratuitamente o Guia para Manejo de Plantas Daninhas e saiba como controlar outras invasoras da lavoura!

Coloque as contas da fazenda em dia com o app Aegro

Atualizamos o app Aegro! Agora você pode fazer seu controle financeiro rural pelo celular.

Uma boa gestão de custos agrícolas não acontece só no escritório. 

Sem dúvida, cada decisão que o produtor toma sobre o seu dinheiro ao longo do dia impacta a saúde do negócio rural.

É importante fazer as melhores escolhas durante uma visita à revendedora de insumos, à agência bancária ou mesmo ao contador. Para isso, é preciso ter os indicadores financeiros da fazenda atualizados e sempre em mãos.

Parece difícil? Se você organiza as suas contas com o Aegro, já tem todas as informações necessárias para traçar estratégias eficientes de compra.

E com as novas funcionalidades do nosso aplicativo para celular, vai ficar ainda mais fácil controlar as finanças da fazenda.

Gestão financeira no seu bolso

Quem usa o app Aegro para registrar as atividades de campo, consultar estoque da fazenda e gerenciar máquinas percebe que a rotina se torna muito mais prática. 

Afinal, o celular está sempre no bolso. É uma fonte rápida de informação e um espaço seguro para guardar seus dados.

Por que, então, não trazer essas vantagens para a área financeira da fazenda?

Nós desenvolvemos um painel de controle de custos que vai ser o braço direito de proprietários, gerentes e consultores financeiros.

Através dele, você acessa o seu histórico de gastos, lança novas despesas, obtém previsões de pagamentos e verifica o saldo das suas contas.

Tudo isso pode ser feito sem internet, pois entendemos que a conectividade ainda é um problema em muitos locais do Brasil.

A seguir, nós vamos te apresentar as novas funcionalidades e mostrar como esses indicadores vão ser úteis em diversas situações do seu cotidiano.

Telas de computador e celular que mostram o Aegro
Veja como o app Aegro evoluiu para oferecer mais mobilidade ao seu trabalho!

Mantenha o fluxo de caixa atualizado

É comum que os fazendeiros se envolvam tanto com a lavoura quanto com o escritório.

Porém, depois de um longo dia no campo, nem sempre dá tempo ou vontade de se sentar em frente ao computador para lançar as notas de compra.

As contas vão acumulando e, quando você vê, os números que estão no seu software de gestão não batem mais com a realidade.

Para facilitar o lançamento de gastos no Aegro, nós disponibilizamos essa operação pelo seu celular. Assim, você pode inserir uma despesa no sistema em tempo real. 

Tela de celular mostrando como é a aba financeira do Aegro

Cadastre o abastecimento no posto de gasolina e anexe uma foto do comprovante físico de pagamento para detalhar o registro.

Isso vai reduzir a sua carga de trabalho durante a noite ou nos finais de semana, ajudando você a colocar o fluxo de caixa em ordem.

Evite compras que não cabem no orçamento

Decidir sobre novos investimentos, como a renovação do maquinário, nunca é uma tarefa fácil. 

De fato, é fundamental que você faça o planejamento orçamentário da safra com o Aegro para entender quais compras cabem no bolso.

Ainda assim, no caso de uma aquisição menor ou no surgimento de uma oportunidade imprevista, você pode ficar tentado a abrir a carteira.

Não tem problema algum! Basta verificar, no aplicativo móvel do Aegro, o saldo total das suas contas bancárias.

Além disso, você consegue navegar até as despesas dos próximos meses antes de se comprometer com outra parcela.

Essa é uma forma ágil de analisar quanto capital você tem disponível, para garantir que a nova compra não prejudique pagamentos futuros.

Negocie com os seus fornecedores

Provavelmente, você não lembra de cabeça o quanto pagou por aquela variedade de semente ou por determinado fertilizante.

Mas você com certeza conhece o seu custo de produção agrícola e entende que qualquer economia com insumos é fundamental.

A flutuação do câmbio acontece de uma safra para a outra e você pode encontrar preços abusivos.

Portanto, negociar valores e condições com os seus fornecedores é uma etapa importante da compra.

Abra o Aegro no seu celular para conferir o quanto você pagou na última compra, qual foi a quantidade de produto comprada e a forma de parcelamento. Levantar o valor que você fechou anteriormente com a distribuidora vizinha também pode render bons acordos.

Saiba onde está o seu dinheiro

O objetivo central de controlar as movimentações financeiras da fazenda com um aplicativo como o Aegro é ver a trajetória do seu dinheiro na safra. Desta maneira, nós trabalhamos para te entregar uma visualização cada vez mais intuitiva dos seus dados.

E é isso que o novo gráfico de valores em estoque concede a você. A partir de agora, você pode descobrir pelo app Aegro o quanto tem investido em cada categoria de insumos. Um clique nesta seção te leva diretamente para a tela de estoque, onde você verifica o valor unitário dos itens. 

No final do ciclo produtivo, o valor total da categoria de insumos ainda serve de alerta para o desperdício com compras excedentes.

Pare de atrasar o pagamento de contas

Você acorda de manhã cedo, toma o seu café e começa a pensar em todas as contas que estão atrasadas? Saber qual é a data de vencimento dos seus boletos ajuda a evitar juros e multas por mera desorganização.

Felizmente, o painel financeiro do Aegro mostra quais são as suas parcelas pendentes. Acesse essa informação no seu celular antes mesmo de sair da cama e já se programe para cumprir o prazo. Com um clique, você marca o pagamento da parcela pelo Aegro.

O uso do aplicativo também vai ser indispensável na hora de sacar dinheiro para compromissos recorrentes, como a remuneração dos funcionários.

Veja o valor exato do salário que foi pago no mês anterior enquanto está no caixa eletrônico, sem precisar ligar para alguém ou adiar a tarefa.

Acompanhe o trabalho da sua equipe

Caso você tenha um profissional ou uma equipe responsável por fazer os seus lançamentos no Aegro, o nosso aplicativo móvel também será útil. Monitore, de onde você estiver, se as notas fiscais que chegaram no dia foram ou não registradas no sistema.

Você ainda pode usar o seu celular para ter uma perspectiva mais objetiva das contas da fazenda. Afinal, você não possui o hábito de usar a área financeira do Aegro no computador e nem deseja se envolver com o operacional. Tudo bem!

Uma consulta breve ao app te dá uma boa noção da situação atual da propriedade e do que está por vir. É uma excelente forma de se manter atualizado enquanto os relatórios contábeis não chegam.

banner-gestao

Simplifique a gestão do seu negócio com a importação financeira de contas a pagar e receber

A importação de histórico financeiro é o jeito mais simples e prático de começar a utilizar o Aegro. 

Importe os dados de contas a pagar e receber de suas planilhas ou de outras ferramentas e ganhe agilidade no uso do sistema. Assim, você mantém o controle do seu histórico e garante a eficiência do seu time, reduzindo o tempo gasto com a digitação dos dados para outras atividades.

Seus dados são importados de uma vez, permitindo que o Aegro utilize as informações para gerar as análises necessárias para o controle do negócio.

Tela que mostra importação de histórico financeiro com Aegro

Quer saber como o Aegro pode agilizar ainda mais as atividades do seu negócio? Clique aqui e assista a uma demonstração gratuita!

Explorando as novidades do app Aegro

Todos os recursos que você viu neste artigo estão disponíveis para usuários de iPhone e em breve serão liberados para Android.

O app Aegro é gratuito e foi criado justamente para acompanhar a rotina do produtor rural e tornar a gestão rural mais eficiente.

Ainda não tem o nosso aplicativo móvel instalado no seu celular? Chegou o momento de aproveitar essa facilidade:

As novas funcionalidades financeiras foram muito pedidas pelos usuários. Experimente e nos diga o que achou!

E se você quiser mais instruções de uso, acesse este artigo na nossa Central de Ajuda.

>> Leia mais:

Como fazer controle de estoque de defensivos agrícolas em 5 passos

“Como sistema de gestão rural trouxe agilidade e economia para fazenda no MS”

“4 dicas para melhorar a gestão de tempo na fazenda”

Gostou das novidades do app Aegro? Quer conhecer melhor nosso sistema de gestão agrícola? Fale com um de nossos consultores aqui!

Entenda a biotecnologia na agricultura e confira as novidades que vêm por aí

Biotecnologia na agricultura: o que é, importância no setor, organismos geneticamente modificados e mais!

Plantas mais nutritivas, cultivares mais resistentes ao ataque de pragas… Se tudo isso já é uma realidade no campo, só é possível graças ao avanço da biotecnologia na agricultura.

Ela é uma realidade muito mais próxima do que pode parecer e não para de evoluir na busca de soluções mais sustentáveis para os problemas do campo e desafios alimentares que estão por vir.

Hoje, dezenas de produtos com biotecnologia estão em desenvolvimento e devem ser lançados em breve, como a soja tolerante à seca. Quer entender melhor tudo isso e conhecer as novidades? Confira a seguir!

O que é biotecnologia?

Conceitualmente, o termo biotecnologia consiste na união da biologia com a tecnologia. É um conjunto de técnicas que utiliza organismos no desenvolvimento de produtos ou processos.

Embora muitas vezes se pense que a biotecnologia é uma técnica recente, ela está presente em nosso dia a dia há muito tempo! A biotecnologia surgiu por volta de 1.800 a.C., com a utilização de microrganismos para os processos fermentativos para produção de vinhos, pães, queijos e cervejas.

Com o passar dos anos, essa técnica foi aprimorada e ganhou espaço em diversas áreas como a medicina, a farmácia e a agricultura.

Contudo, o fato mais marcante foi quando pesquisadores descobriram que podiam manipular o material genético dos organismos (DNA).

Mas você deve estar pensando: qual a ligação dessa teoria com a prática?

A biotecnologia veio para revolucionar diversos setores! Com ela, os pesquisadores podem manipular o DNA de uma planta ou de um microrganismo, por exemplo, retirando ou acrescentando alguma característica de importância. De modo geral, essa técnica abrange principalmente o uso do DNA. 

organograma dos principais produtos da biotecnologia

Principais produtos da biotecnologia
(Fonte: Embrapa)

Agora vamos entender a aplicabilidade e importância dessa técnica na agricultura?  

Importância da biotecnologia na agricultura

A biotecnologia na agricultura ganhou lugar de destaque por tornar a produção mais eficaz. Estudos nessa área permitem identificar e selecionar genes de interesse, obtendo características agronômicas desejáveis como tolerância a clima adverso, resistência a doenças e outras necessárias para reduzir perdas e alcançar altas produtividades.

Na prática, a biotecnologia juntamente com a engenharia genética já desenvolveu plantas tolerantes a herbicidas, como é o caso da soja RR e resistentes a insetos, como a tecnologia Bt.

A biotecnologia possibilita a criação de organismos geneticamente modificados (OGMs), ou seja, transferindo genes de uma espécie para outra. Vou explicar melhor:

Organismos geneticamente modificado (OGMs) – transgênicos

Os organismos geneticamente modificados ou transgênicos, como são popularmente conhecidos, são frutos da biotecnologia. Foram criados visando solucionar problemas do dia a dia no campo.

Trazem inúmeros benefícios como maior produtividade, maior qualidade dos produtos e, consequentemente, maior rentabilidade.

Além disso, proporcionam facilidade no manejo de plantas daninhas, pragas e doenças.

Isso se reflete em menos aplicações de herbicidas, inseticidas e fungicidas, auxiliando na preservação do meio ambiente.

O algodão, por exemplo, é uma das culturas que mais necessita de aplicação de produtos químicos. O número de pulverizações é de aproximadamente 20 aplicações por safra.

A utilização da tecnologia Bt facilitou o Manejo Integrado de Pragas (MIP) da lavoura de algodão, diminuindo o número de aplicações de inseticidas.

Estudos realizados na China indicam que essa tecnologia pode reduzir em até 67% a aplicação de inseticida.

Os cultivos transgênicos, quando bem manejados, podem ainda diminuir as perdas no campo.

Vale lembrar que, antes de chegar a você, todos os produtos transgênicos passaram por inúmeros testes, tanto de campo quanto de laboratório, para avaliar eficiência e segurança.

foto de uma espiga de milho vista com uma lupa e identificando sua fórmula - biotecnologia na agricultura

(Fonte: Tecnologia Cultura)

Biossegurança

Após os diversos testes, os produtos transgênicos devem ser aprovados legalmente. A Lei 11.105/05 é a que regulamenta as atividades com biotecnologia em geral, inclusive com plantas transgênicas.

Ela indica que um transgênico deve ser obrigatoriamente testado desde a sua descoberta até liberação como produto comercial.

Todos esses estudos levam em média 10 anos para serem concluídos e visam garantir que o produto é seguro tanto para a produção de alimentos quanto para o meio ambiente.

São inúmeras etapas, bastante criteriosas, ligadas à biossegurança. Depois de analisado e aprovado pela CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança), é que o produto vai para o mercado. 

organograma complexo com as etapas da biossegurança do CTNBio

(Fonte: CTNBio)

Os membros da CTNBio são pesquisadores especializados, de diversas partes do país. A Comissão avalia os organismos geneticamente modificados detalhadamente, observando as possíveis vantagens e desvantagens, além de impactos à saúde humana, animal, meio ambiente e à agricultura. 

Ao final das análises, um parecer sobre o organismo geneticamente modificado é expedido, indicando se o produto pode ou não ser liberado para comercialização.

Apesar dessas tecnologias auxiliarem muito no manejo, quando utilizadas sem planejamento, podem ser uma desvantagem no campo.

Um exemplo clássico, é a utilização da soja RR, que possibilita a utilização do herbicida glifosato no manejo de plantas daninhas da soja

Com a chegada dessa tecnologia no campo, o produtor começou a utilizar muito esse herbicida em seu manejo, sem utilizar uma rotação de mecanismos de ação. Isso acarretou na seleção de inúmeras plantas daninhas resistentes ao glifosato.

Por isso, o uso das tecnologias deve ser feito de maneira consciente para não selecionar organismos resistentes.

Próximos avanços da biotecnologia na agricultura

Existem muitos outros produtos geneticamente modificados em fase de desenvolvimento ou em fase final para comercialização.

Separei algumas informações sobre o que vem por aí:

Soja tolerante à seca

A CTNBio já aprovou essa tecnologia de soja tolerante à seca, mas o lançamento comercial da característica HB4® no Brasil depende de aprovações dos principais países importadores de grãos de soja.

Além da característica HB4® sozinha, um outro evento combinando HB4® com tolerância ao herbicida glifosato também foi aprovado. Esse processo, juntamente com o registro de variedades, está em andamento. 

Esse novo evento permitirá aos produtores de soja proteger os rendimentos sob condições de estresses climáticos, proporcionando maior estabilidade ao cultivo.

Algodão: WideStrike 3 

A CTNBio também já aprovou essa tecnologia e o lançamento comercial da empresa TMG aconteceu nesse mês de agosto de 2020.

É uma tecnologia que visa proteção contra os insetos. Contém três eventos:

proteínas Cry1Ac e Cry1F e uma proteína inseticida vegetativa (Vip3A) do Bacillus thuringiensis (Bt). 

WideStrike oferece proteção superior durante todo o ciclo da cultura do algodão, protegendo a plantação de uma grande variedade de pragas importantes.

Outras tecnologias

Outras tecnologias vêm sendo desenvolvidas pela Embrapa como: 

  • soja Cultivance resistente a herbicida AHAS;
  • método para a produção de plantas sem sementes;
  • produção de plantas transgênicas que produzem proteínas inseticidas;
  • produção de plantas transgênicas mais tolerantes ao déficit hídrico e estresse salino;
  • métodos para o biocontrole de insetos;
  • método de produzir planta de soja com composição diferenciada de ácidos graxos na semente.

Nesta página da Embrapa você consegue acompanhar essas e outras novidades que estão sendo estudadas e podem ser lançadas em breve!

Conclusão

A biotecnologia é peça-chave na agricultura moderna, sendo forte aliada para altas produtividades.

Mostramos neste artigo o que é a biotecnologia, sua importância na agricultura e como ela está inserida no dia a dia do campo.

Você pôde conferir também informações sobre a biossegurança e novas tecnologias que chegarão em breve ao campo.

>>Leia mais:

O que você precisa saber sobre o melhoramento genético do milho

Tudo o que você precisa saber sobre qualidade de sementes

“Entenda como a biotecnologia no algodão pode melhorar o controle de Spodoptera e Helicoverpa na sua lavoura

Você costuma acompanhar as novidades da biotecnologia na agricultura? Já utilizou algumas nas suas lavouras? Adoraria ver seu comentário abaixo! 

Entenda a importância da área de refúgio na lavoura

Área de refúgio: saiba como adotar em sua fazenda e tire também suas dúvidas sobre a tecnologia Bt

As pragas agrícolas são um dos principais limitantes produtivos da lavoura, podendo causar perdas de até 40% na produtividade.

Nas últimas décadas, a tecnologia Bt deu uma grande reviravolta no combate “pragas x  culturas agrícolas”. Mas essa tecnologia corre risco.

Atualmente, 86% das áreas plantadas com grãos e cereais correspondem a culturas já comercializadas com a tecnologia Bt e requerem o plantio de áreas de refúgio por lei. E negligenciá-las pode custar caro no futuro.

Entenda neste artigo a importância da área de refúgio, a tecnologia Bt e como preservar essa importante “arma” no combate às pragas!

O que são áreas de refúgio?

A área de refúgio nada mais é que uma área do talhão, cultivado com culturas com tecnologia Bt, semeada com sementes convencionais. Elas devem ser localizadas a uma distância máxima de 800 metros da lavoura com tecnologia Bt.

Essas áreas garantem que as pragas resistentes que surjam na lavoura Bt possam cruzar com os insetos suscetíveis às proteínas, gerando uma nova geração sem indivíduos resistentes.

É importante ter em mente que, nos primeiros anos da adoção das plantas Bt, o controle das pragas é eficiente. 

Mas, conforme as safras passam, a eficiência do controle diminui exatamente pelo rápido aparecimento de insetos resistentes.

O uso de cultivares convencionais de ciclo parecido com as melhoradas geneticamente é importante também. Isso garante que as pragas estarão presentes nas duas áreas ao mesmo tempo.

O uso das áreas de refúgio é essencial para manter a eficiência e os benefícios da tecnologia Bt.

O importante é sempre distribuir as áreas de refúgio de maneira uniforme, sendo em faixas, bordaduras ou blocos, permitindo que as pragas das duas áreas se encontrem e cruzem entre si.

ilustração com diferentes modelos para adoção da área de refúgio na fazenda

Diferentes modelos para adoção da área de refúgio na fazenda
(Fonte: Corteva)

É importante saber que o percentual da área de refúgio muda entre as espécies. O indicado é manter em 10% para o milho e 20% para a soja, algodão e cana.

Quanto ao manejo da área de refúgio, deve ser realizado de forma semelhante ao restante da lavoura (exceto pelo uso das sementes Bt), evitando o uso excessivo de aplicações de inseticidas, a fim de garantir o cruzamento dos insetos resistentes com os vulneráveis.

A seguir, vou explicar a evolução das plantas com tecnologia Bt e a resistência das pragas agrícolas a ela.

O que é a tecnologia Bt?

O termo Bt se refere ao nome científico da bactéria Bacillus thuringiensis, que é um microrganismo encontrado naturalmente no solo. 

Essa bactéria produz cristais de proteína que apresentam propriedades tóxicas a muitos insetos agrícolas, principalmente a lagartas (lepidópteros), moscas (dípteros) e besouros (coleópteros).

São conhecidos cerca de 70 grupos dessas toxinas, que são classificadas como “Cry, Vip ou Cyt” e que, após serem isoladas e manipuladas geneticamente, são introduzidas ao DNA das plantas de interesse econômico (como a soja ou o milho).

tabela com proteínas Bt disponíveis no mercado para milho, algodão e soja.

(Fonte: Corteva)

Essas toxinas têm um alto grau de especificidade com as pragas alvo. Isso quer dizer que apresentam um baixo dano ambiental aos demais insetos benéficos à lavoura e ao ambiente.

As proteínas Bt que estão presentes nas plantas melhoradas geneticamente precisam ser ingeridas pelos insetos para que entrem em ação. 

Depois de ingerida, a proteína entra em contato com o sistema digestório do inseto (que apresenta pH alcalino) e são quebradas por enzimas. Só então as toxinas entram em ação, matando os insetos alvo.

Os benefícios dessa tecnologia são enormes, porém, para continuar ganhando a batalha contra as pragas, as plantas Bt precisam de um manejo cuidadoso e atento.

Quais os riscos de não se adotar a área de refúgio na fazenda?

Como eu disse, à medida em que as plantas foram sendo melhoradas geneticamente, as pragas também foram evoluindo para esse combate. E isso continua acontecendo.

As pragas podem se adaptar à tecnologia Bt, tornando-a ineficaz e neutralizando mais uma das “armas” nessa batalha.

Outro problema é que o ritmo de surgimento de novos eventos Bt é lento, demanda anos e anos de pesquisa. 

Por outro lado, a resistência das pragas pode ocorrer em algumas safras.

Então, como para desenvolver a tecnologia é trabalhoso e demorado (mas para as pragas acabarem com ela é rápido), é preciso ajudar a tecnologia Bt para que ela se preserve por mais tempo.

Deste modo, é importante focar em boas práticas como um bom programa de Manejo Integrado de Pragas (MIP) e, principalmente, no manejo de resistência de insetos.

Para isso, é necessário ficar atento ao mecanismo de ação dos inseticidas, não fazendo aplicação de inseticidas formulados à base de Bt. Também é preciso realizar a rotação ao longo das safras, impedindo que surjam insetos resistentes.

Outra prática importante do MIP é realizar um monitoramento rígido das pragas junto com a rotação de culturas.

Entre as práticas, é importante também:

O que é o refúgio no saco?

Além da área de refúgio tradicional, há o refúgio no saco. É uma técnica utilizada por empresas, em alguns estados dos EUA, para garantir a utilização do refúgio pelos produtores.

Essa técnica consiste basicamente em adicionar uma porcentagem de sementes convencionais no saco com sementes melhoradas geneticamente (tecnologia Bt).

Contudo, não foi adotada no Brasil e foi banida de algumas regiões dos EUA por motivos técnicos e burocráticos. 

Os motivos técnicos se referem principalmente à eficácia da técnica de refúgio no saco ou RIB em inglês (Refuge in a bag). 

As pesquisas ainda mostram resultados muito contrastantes sobre o refúgio no saco realmente precaver o surgimento de pragas resistentes em longo prazo.

Isso se deve principalmente pela mobilidade das pragas. Insetos que têm o hábito de se deslocar entre plantas apresentam um alto risco para o surgimento de indivíduos resistentes.

E esse tipo de praga é ainda mais comum entre as plantas de soja e algodão, o que inviabiliza, em longo prazo, o uso da técnica de refúgio no saco para essas culturas.

No caso do milho e do algodão, que apresentam em maior ou menor grau polinização cruzada, existe mais um problema. O material genético das plantas Bt podem “infectar” as plantas convencionais, o que pode acelerar o surgimento de pragas resistentes.

Já os problemas burocráticos se devem a como seria fixado um valor ao saco, já que uma quantidade de sementes ali não apresenta a tecnologia Bt, e como seria feita a diferenciação das sementes, já que é uma norma presente na legislação brasileira.

Resumindo, a técnica do refúgio no saco, apesar de ter potencial, ainda apresenta alguns entraves técnicos e burocráticos, que só devem ser solucionados pela ciência no futuro. 

Então a maneira legal e mais eficaz ainda é adotar uma área específica para o refúgio!

Conclusão

A tecnologia Bt é uma poderosa arma no combate às pragas, mas, sozinha, tem prazo de validade.

Principalmente na soja, o número de eventos Bt é limitado ainda, e um possível abandono das práticas de MIP e a não adoção da área de refúgio podem matar a tecnologia ainda no início.

Já vimos esse problema acontecer com as lavouras de milho. As sementes Bt foram ganhando cada vez mais pragas resistentes e perdendo sua eficácia. Por essa razão é que devemos adotar o plantio da área de refúgio.

A área de refúgio ajuda a garantir o futuro das nossas lavouras e as altas produtividades do agronegócio brasileiro! 

Restou alguma dúvida sobre a área de refúgio? Como você faz hoje em sua propriedade? Deixe seu comentário!

Como identificar e fazer o controle de tiririca na lavoura

Controle de tiririca: diferentes espécies, herbicidas recomendados e casos de resistência 

Tiririca, junquinho, junça, tiririca-de-três-quinas… As plantas daninhas do gênero Cyperus são conhecidas por muitos nomes e têm alta frequência nas lavouras.

Seu controle é difícil e com tantos casos registrados de resistência a herbicidas, fazer um manejo efetivo é ainda mais desafiador! Ainda, essa planta daninha pode ser hospedeira de pragas importantes, como a cochonilha.

Para te ajudar na identificação correta e a garantir o melhor controle de tiririca na lavoura, preparei este artigo. Confira!

Controle de tiririca: diferentes espécies

A tiririca é uma planta daninha bastante nociva, com alta capacidade de reprodução e difícil controle, principalmente as espécies com reprodução por bulbos, tubérculos e/ou rizomas, além das sementes.

As espécies de tiririca do gênero Cyperus pertencem à família Cyperaceae e são facilmente encontradas nas lavouras.

A seguir, vou falar sobre as características que vão permitir identificar as principais espécies.

Cyperus difformis

Essa espécie é conhecida pelo nome de junça, junquinho, tiririca-do-brejo ou três-quinas. 

É uma planta anual, herbácea, ereta e cespitosa, que se desenvolve principalmente na região Sul do país.

Prefere ambientes úmidos ou alagados, como várzeas cultivadas. Tem um ciclo curto, o que facilita sua propagação, que é feita por meio de sementes. 

Apresenta caule aéreo (escapo), verde, sem pelos, trígono, sem ramificação. As folhas da base da planta são verdes e menores que o eixo da inflorescência.

No ápice do caule você verá 3 brácteas verdes. Uma delas é muito longa, a outra é mediana e a terceira muito curta, não ultrapassando a altura da inflorescência. A base das brácteas possui uma pigmentação avermelhada. 

A inflorescência tem cor amarelo-pálea, mas, na maturação, você verá uma coloração castanho-escuro. 

foto da planta daninha Cyperus difformis

Cyperus difformis
(Fonte: Moreira e Bragança, 2010)

Cyperus distans

Conhecida por junça, junquinho, tiririca, tiririca-de-três-quinas, é uma espécie herbácea, perene e que se desenvolve em todo o país.

Possui caule rizomatoso curto. As folhas da base da planta saem de alturas diferentes.

duas fotos, uma ao lado da outra, da espécie de tiririca Cyperus distans

Cyperus distans
(Fonte: arquivo pessoal da autora)

O eixo principal da inflorescência (escapo) é verde e triangular. No ápice, você verá 2 séries com até 10 brácteas, sendo 3 a 4 delas muito desenvolvidas.

A inflorescência tem cor castanha e está no ápice dos eixos secundários.

A propagação é feita por meio de sementes e rizoma.

Foto de Cyperus distans em lavoura

Cyperus distans
(Fonte: Moreira e Bragança, 2010)

Cyperus esculentus

Essa espécie é conhecida como junça, junquinho, tiririca, tiririca-amarela, tiririca mansa ou tiriricão.  É uma planta herbácea, ereta e perene, que se desenvolve em todo o país.

É uma das tiriricas mais indesejáveis devido à dificuldade de controle, pois apresenta caules subterrâneos: bulbo, rizoma e tubérculos. 

O caule é triangular e sem pelos. As folhas da base da planta são rosuladas, em número de 3, e quase do tamanho do eixo principal da inflorescência.

O eixo da inflorescência contém no seu ápice até 6 brácteas, sendo 2 muito longas, 1 mediana e as outras curtas.

A propagação é por meio de sementes e pelas estruturas caulinares subterrâneas.

foto de Cyperus esculentus - controle de tiririca

Cyperus esculentus
(Fonte: Moreira e Bragança, 2010)

Cyperus flavus

Conhecida por junça, junquinho, tiririca ou tiririca-de-três-quinas. É uma planta herbácea, perene, que se desenvolve em todo o país.

Apresenta caule rizomatoso curto e de crescimento radial. 

foto de uma muda Cyperus flavus segurada por uma mão

Cyperus flavus
(Fonte: arquivo pessoal da autora)

As folhas da base da planta são rosuladas em número de até 10 e mais curtas que o eixo da inflorescência.

A inflorescência contém no ápice até 10 brácteas (3 a 4 muito longas e 4 a 6 curtas). É do tipo espiga cilíndrica, de cor verde-amarelada a castanha.

A propagação é por meio de sementes e pelo crescimento do rizoma.

foto de Cyperus flavus

Cyperus flavus
(Fonte: Moreira e Bragança, 2010)

Cyperus iria

Também conhecida por junça, junquinho, tiririca, tiririca-de-três-quinas ou tiririca-do-brejo. É uma espécie herbácea, ereta, anual, medianamente entouceirada e que se desenvolve em todo o país.

Não tem rizomas, mas possui estruturas capazes de originar perfilhos. 

foto de uma muda de Cyperus iria segurada por uma mão

Cyperus iria
(Fonte: arquivo pessoal da autora)

Na base da planta você verá 2 a 3 folhas verdes e mais curtas do que o eixo da inflorescência. 

O caule é triangular, liso, e no ápice você irá ver 7 a 8 brácteas. A inflorescência tem cor amarelo-ferrugínea e a propagação é através de sementes.

foto de Cyperus iria no campo

Cyperus iria
(Fonte: Moreira e Bragança, 2010)

Cyperus odoratus

Conhecida também por capim-de-cheiro, chufa, junça, junça-de-ouriço, pelo-de-sapo, tiriricão ou três-quinas. 

É uma planta herbácea, anual ou perene, entouceirada, e que se desenvolve nas regiões Sudeste e Sul do Brasil, principalmente em locais muito úmidos.

Apresenta caule subterrâneo do tipo rizoma, curto e grosso, que exala odor agradável. As folhas da base têm tamanhos variáveis, algumas ultrapassam a altura do escapo. O caule é triangular, sem pelos, verde, com 5 a 9 brácteas no ápice de vários tamanhos.

A propagação é através de sementes e fragmentação do rizoma.

foto de Cyperus odoratus - controle de tiririca

Cyperus odoratus
(Fonte: Moreira e Bragança, 2010)

Cyperus rotundus

Conhecida por capim-dandá, junça, tiririca, tiririca vermelha ou tiririca-de-três-quinas. É uma planta herbácea, perene, ereta, tuberosa, rizomatosa e que se desenvolve em todo o país.

De todas as tiriricas, essa espécie é a mais agressiva, pois apresenta caules do tipo bulbo e rizoma.

As folhas da base da planta são um pouco menores que o eixo da inflorescência. O caule é triangular, liso, sem ramificação, com 3 brácteas no ápice, com uma delas se destacando pelo seu comprimento. 

A inflorescência é do tipo espiga de coloração vermelho-ferrugínea. A propagação é através de sementes, bulbos, tubérculos e rizomas. 

foto de Cyperus rotundus

Cyperus rotundus
(Fonte: Moreira e Bragança 2010)

Herbicidas mais recomendados para controle de tiririca

As espécies de tiriricas podem estar presentes em diversas culturas. Na tabela abaixo, separei os principais herbicidas utilizados para controle químico de diferentes tiriricas:

tabela com os principais herbicidas utilizado no controle de tiririca para cada espécie

(Fonte: adaptado de Guia de Herbicidas, 2018; Agrofit, 2020)

Abaixo também separei algumas informações sobre alguns produtos registrados para controle de tiririca.

Bentazon

O bentazon é um herbicida seletivo para soja, arroz, feijão, milho e trigo. Não tem ação sistêmica e pertencente ao mecanismo de ação dos Inibidores do Fotossistema 2.

Em lavoura de arroz irrigado, o bentazon é utilizado para o controle de tiririca Cyperus iria, C. ferax, C. difformis, C. esculentus e C. lanceolatus. As plantas daninhas devem estar com no máximo 12 cm de altura. 

Nesse caso, deve-se retirar a água antes do tratamento para expor as folhas das plantas daninhas e voltar a irrigar após 48 horas.

A dose utilizada é de 1,6 L p.c. ha-1 de Basagran® 600 ou de 2,0 L p.c. ha-1 de Basagran® 480. Lembrando que o intervalo de segurança para arroz é de 60 dias. 

Carfentrazone

O carfentrazone é um herbicida pós-emergente, seletivo condicional de ação não sistêmica, pertencente aos Inibidores da PROTOX.

Em arroz irrigado, é indicado para o controle de tiririca Cyperus difformis na dose de 100 a 125 mL/ha de Aurora® 400 EC.

Ethoxysulfuron

O ethoxysulfuron é um herbicida seletivo, pré e pós-emergente utilizado para o controle de tiririca no arroz. 

A dose recomendada em arroz irrigado é de 100 g/ha para o controle de tiririca Cyperus iria, Cyperus ferax e Cyperus esculentus com 2 a 4 folhas.

Sulfentrazone

O sulfentrazone é um herbicida pré-emergente, seletivo condicional de ação sistêmica, pertencente aos Inibidores da PROTOX.

Em cana-de-açúcar, é indicado para o controle em pré-emergência de Cyperus rotundus, na dose de 1,6 L/ha de Boral 500 SC.

Em soja, é utilizado em pré-emergência das plantas daninhas e da cultura, na dose máxima de 1,2 L/ha (solos argilosos), o que já ajuda no controle da tiririca.

Diclosulam

O diclosulam é um herbicida seletivo, aplicado ao solo, recomendado para o controle de tiririca e de algumas plantas daninhas de folhas largas e estreitas em cana-de-açúcar, podendo ser utilizado em cana-planta e na soqueira úmida.

Em cana-de-açúcar, é indicado para o controle em pré-emergência de Cyperus rotundus, na dose de 126 a 231 g/ha de Coact.

foto de Sintomas de glifosato em Cyperus flavus

Sintomas de glifosato em Cyperus flavus
(Fonte: arquivo pessoal da autora)

Como vimos, o manejo das espécies de tiririca não é tão simples, principalmente quando estamos falando das culturas de soja e milho.

Em soja, o uso de sulfentrazone pode auxiliar no manejo em pré-emergência. 

Em pós-emergência da soja e do milho tolerantes ao glifosato, o uso deste herbicida pode ajudar no controle de tiririca.

Casos de resistência de tiririca no Brasil e no mundo

No mundo são 18 casos de resistência de plantas daninhas do gênero Cyperus resistentes a herbicidas. Desses relatos, 2 são no Brasil.

Separei para vocês na tabela abaixo os casos no mundo:

tabela com casos de resistência a herbicidas - controle de tiriricas

(Fonte: adaptado de Heap, 2020)

Banner de chamada para o download da planilha de cálculos de insumos

Conclusão

Nesse artigo, abordamos as principais espécies de tiririca e como fazer a identificação correta das mais frequentes nas lavouras.

Também mostramos quais os herbicidas registrados para o controle, recomendações para algumas culturas e os casos de resistência no Brasil e no mundo.

Com essas informações, espero que você possa fazer o controle de tiririca com sucesso e livrar sua lavoura dessa daninha!

Referências

Lorenzi, H. Manual de identificação e controle de plantas daninhas: plantio direto e convencional. 7 ed. Nova Odessa, SP. Instituto Plantarum, 2014.

Moreira, H.J.C. Bragança, H.B.N. Manual de identificação de plantas infestantes cultivos de verão. Campinas, SP, 2010.

Rodrigues, B.N.; Almeida, F.S. Guia de Herbicidas. 7 ed. Londrina, PR. Edição dos Autores, 2018.

>> Leia mais:

Como fazer o controle não químico para plantas daninhas”

9 fatos primordiais para o manejo de ervas daninhas resistentes ao glifosato

Como fazer o manejo eficiente do capim-carrapicho

Qual é sua maior dificuldade no controle de tiririca em sua propriedade? Ficou com alguma dúvida? Baixe gratuitamente aqui o Guia para Manejo de Plantas Daninhas!

Como evitar e corrigir a compactação do solo na sua propriedade

Compactação do solo: o que é, como ocorre e o que fazer para contornar esse problema

O solo é a base da produção agrícola e a maior riqueza das propriedades rurais. É ele que fornece sustento e os nutrientes necessários para o desenvolvimento das plantas.

Mas a realização de práticas agronômicas excessivas com maquinário pesado pode causar o desequilíbrio da estrutura do solo, levando-o à compactação.

Você certamente já ouviu falar sobre isso, mas você sabe o que realmente é e como acontece a compactação do solo? Confira a resposta para essa e outras perguntas a seguir!

Qualidade física do solo

Quando se pensa em solos de boa qualidade, normalmente a primeira coisa que vem à mente é a fertilidade do solo, ou seja, um solo bom é um solo rico em nutrientes.

Entretanto, nos últimos anos, temos percebido que, além dos atributos químicos, associados à fertilidade, os atributos físicos também são extremamente importantes.

Existem diversos atributos que podem ser utilizados para mensurar a qualidade física do solo (QFS), como:

  • a porosidade total; 
  • a distribuição e tamanho de poros;
  • a distribuição e tamanho de partículas;
  • a densidade do solo;
  • a resistência do solo à penetração, dentre outros.

É importante lembrar que os solos são compostos de dois componentes: o sólido (minerais e matéria orgânica) e o poroso (ar e água).

E as proporções desses componentes variam de acordo com o tipo de solo que se está trabalhando.

Esquema dos diferentes componentes do solo: sólidos e poroso

Esquema dos diferentes componentes do solo: sólidos e poroso
(Fonte: Imagem da internet)

A avaliação desses atributos é um pouco complexa e muitas vezes demanda análises laboratoriais.

Antes de partir para a análise laboratorial, para facilitar a identificação da QFS, pode-se trabalhar com alguns indicadores: 

  • curva de retenção de água;
  • condutividade hidráulica;
  • porosidade; e 
  • ponto de inflexão.
Esquema de uma curva de retenção de água e seu ponto de inflexão (A); à direita (B), exemplos de curvas de um solo degradado e um solo não degradado.

Esquema de uma curva de retenção de água e seu ponto de inflexão (A); à direita (B), exemplos de curvas de um solo degradado e um solo não degradado.
(Fonte: Stefanoski et al., 2013)

Esses indicadores serão os primeiros indícios para verificação da compactação do solo. 

Já falei sobre os indicadores, mas afinal, o que é a compactação do solo?

O que é e como ocorre a compactação do solo?

A compactação do solo nada mais é do que um rearranjo das frações sólidas e porosas do solo.

Nesse rearranjo, os espaços porosos, com água e/ou ar, são reduzidos e gradualmente substituídos por partículas sólidas. Consequentemente, há uma redução da porosidade do solo e um aumento das partículas sólidas por unidade de volume e, portanto, aumento da densidade do solo.

Esquema do solo e suas frações sob diferentes condições de compactação, desde sem compactação (esquerda) a estágios mais avançados (direita).

Esquema do solo e suas frações sob diferentes condições de compactação, desde sem compactação (esquerda) a estágios mais avançados (direita).
(Fonte: Horn, 2003)

A compactação do solo é frequentemente associada à pressão excessiva exercida pelo maquinário e implementos agrícolas utilizados no manejo das lavouras.

As fontes de pressão no solo variam desde as bordas cortantes dos discos de arados e grades até os sulcadores de semeadoras e os próprios pneus dos tratores.

As mudanças ocasionadas nos atributos físicos do solo por conta dessa pressão excessiva levam à formação de uma faixa compactada, popularmente conhecida como “pé-de-grade” ou “pé-de-arado”.

Tendências e problemas da compactação

Alguns solos são mais suscetíveis à compactação do que outros. Isso se dá principalmente aos teores de matéria orgânica, textura e granulometria do solo.

Solos franco-argilosos a argilosos normalmente têm maior tendência à compactação do que solos arenosos.

Esquema de um solo sem impedimentos no qual repetidas operações de revolvimento levaram à compactação pé-de-grade

Esquema de um solo sem impedimentos no qual repetidas operações de revolvimento levaram à compactação
(Fonte: Embrapa, 2005)

Os problemas decorrentes da compactação do solo variam de acordo com a época do ano e as espécies cultivadas.

Plantas de ciclo anual, como milho e soja, principalmente, tendem a sofrer mais com solos compactados do que plantas perenes.

Na estação seca, a compactação do solo limita o crescimento do sistema radicular e interfere no acesso das plantas à água de camadas mais profundas.

Já na estação chuvosa, a faixa de compactação limita a drenagem de água, podendo ocasionar encharcamentos nas lavouras.

Se não manejada, a compactação do solo pode e irá afetar o desenvolvimento das lavouras, desde o plantio até a colheita. 

Tabela com diferentes sintomas visuais em plantas e no solo do efeito da compactação do solo

Diferentes sintomas visuais em plantas e no solo do efeito da compactação do solo
(Fonte: adaptado de Mantovani, 1987)

Como saber se meu solo está compactado?

Como expliquei anteriormente, solos apresentam alguns sinais clássicos quando estão compactados.

Além disso, existem diversos indicadores que devem ser acompanhados para auxiliar na identificação da compactação.

Porém, para aumentar a certeza sobre o diagnóstico de compactação, a melhor forma é através da análise da densidade global do solo, o que requer análise laboratorial.

Manter um histórico das medidas das análises de diferentes áreas é essencial para o monitoramento da saúde do solo.

Lembre-se, quando se trata de compactação do solo, o melhor é evitá-la. Caso não seja possível, diagnósticos precoces podem evitar enormes prejuízos!

Foto de um Penetrômetro, utilizado para mensurar a resistência do solo à penetração

Penetrômetro utilizado para mensurar a resistência do solo à penetração
(Fonte: Douglas Jandrey)

Manejo de solos compactados

A melhor forma de manejar solos compactados é evitando que a compactação do solo ocorra. Para isso, é importante ter planejado a rotação de culturas, o controle de tráfego das máquinas nas áreas e manter um histórico das características físicas do solo.

Não é uma tarefa fácil, mas é melhor prevenir do que remediar!

Nos últimos anos, o uso de escarificadores e subsoladores tem sido a principal forma de remediação para áreas com compactação do solo. 

Esses equipamentos são utilizados para romper essas faixas de compactação formadas nos solos, buscando aumentar a porosidade, permitir a drenagem e evitar encharcamento.

foto de subsolador (esquerda) e escarificador (direita) de solo

Subsolador (esquerda) e escarificador (direita) de solo
(Fonte: IF Pernambuco)

Trabalhar a fertilidade do solo buscando aumentar os níveis de matéria orgânica dele é outra estratégia importante para se ter em mente.

A matéria orgânica aumenta a porosidade do solo, a distribuição do tamanho dos poros e facilita a infiltração da água.

O uso de culturas de cobertura e também adubos verdes na entressafra pode trazer resultados positivos! 

cálculo de calagem Aegro

Conclusão

Os solos, além de essenciais para a produção agrícola, são um recurso limitado e seus componentes requerem longos períodos de tempo para serem restaurados.

A compactação do solo é um dos muitos problemas que podem ser enfrentados em suas lavouras. 

Felizmente, é possível reverter processos de compactação, entretanto, o melhor caminho é a prevenção.

Fazer o monitoramento dos atributos de qualidade física do solo também é essencial para o bom desenvolvimento das lavouras.

>> Leia mais:

“Entenda as causas da degradação do solo e como evitar sua ocorrência”

“Entenda a importância da construção do perfil do solo e como ela impacta sua produtividade”

“Como tornar o cultivo em terras baixas mais eficiente e lucrativo”

E você, já enfrentou problemas de compactação do solo em sua lavoura? Conta pra gente nos comentários!

6 dicas para alcançar alta produtividade do feijão

Produtividade do feijão: pré-plantio, escolha da cultivar e outros pontos importantes para ter melhor resultado com a lavoura.

A produção de feijão é essencial para o mercado interno brasileiro, pois forma a base da alimentação nacional.

Mas as flutuações de preço nem sempre agradam o produtor e podem afetar bastante a lucratividade da fazenda. 

Melhorar a produtividade do feijão, portanto, é fundamental para assegurar uma rentabilidade melhor. Para isso, separei algumas dicas que vão te ajudar. Confira a seguir!

1ª dica: escolha da área e rotação de culturas

Para obter alta produtividade do feijão, alguns cuidados são essenciais. E o primeiro deles é a escolha da área.

Dê preferência por áreas com fácil acesso de maquinários, com boa drenagem de solo e sem compactação.

Solos com má drenagem podem favorecer o ataque por fungos de solo, o que poderá se refletir em menores produtividades. Já a compactação pode reduzir consideravelmente o crescimento e desenvolvimento da cultura e, consequentemente, o rendimento dos grãos.

A dica é: realize a rotação de culturas em seu pré-plantio. Isso pode auxiliar na estruturação do seu solo, proporcionando uma melhor drenagem, além de auxiliar ainda no controle de patógenos e pragas.

2ª dica: manejo adequado de plantas daninhas

A cultura do feijão é bastante sensível à competição. Por isso, como em outras culturas de interesse agronômico, o estabelecimento deve ocorrer no limpo.

foto de Emergência de plântulas de feijão

Emergência de plântulas de feijão

Estudos indicam que, nos primeiros 30 dias após a emergência das plântulas de feijão, deve haver ausência de plantas daninhas, evitando, assim, perdas consideráveis de produtividade.

Além disso, lembre-se que o manejo das daninhas durante todo ciclo é fundamental!

Aqui no Blog do Aegro já falamos especificamente sobre isso. Confira: “Plantas daninhas em feijão: principais espécies, manejo e combate”.

3ª dica: adubação ideal

A recomendação de adubação com macro e micronutrientes acontece em função da análise de solo.

De modo geral, a adubação pode ocorrer em diferentes momentos para suprir as necessidades da cultura.

Estudos realizados pela Embrapa indicam que a quantidade de adubação necessária depende de diversos fatores como: época de plantio, cultura anterior, histórico da área e da produtividade esperada. Por isso, a adubação da sua lavoura de feijão irá depender da realidade da propriedade.

Nitrogênio e o fósforo são considerados os nutrientes essenciais para a cultura e limitantes na produtividade.

Uma adubação realizada de modo planejado irá trazer menores custos e maior produtividade do feijão.

Leia mais sobre o assunto neste artigo do Blog: “Conheça as melhores práticas de adubo para feijão”. 

4ª dica: inoculação e tratamento de sementes para melhorar a produtividade do feijão

Inoculação

A inoculação pode ser uma ótima alternativa para aumentar a produtividade do feijão.

De acordo com pesquisa realizada na Universidade de São Paulo, a inoculação com bactérias fixadoras de nitrogênio pode diminuir em 75% a utilização de fertilizantes nitrogenados por hectare.

O estudo realizou a comparação da adubação tradicional para a cultura do feijão (com fertilizantes nitrogenados) com a inoculação de Azospirillum brasilense e Rhizobium tropici.

Verificando que a inoculação na semente ou no sulco com Azospirillum brasilense e/ou Rhizobium tropici substitui a aplicação de nitrogênio em cobertura (60 kg ha-1), além de favorecer a nodulação e o rendimento da cultura.

A utilização da inoculação pode diminuir os custos de produção em até 12%, sendo uma ótima opção de manejo, diminuindo custos e promovendo alta produtividade e maior rentabilidade!

foto de um homem de camisa azul mostrando duas mudas de feijão com inoculação

(Fonte: Embrapa)

Leia mais sobre o assunto no artigo: “inoculante para feijão caupi: por que e como utilizar”.

Tratamento de sementes

O tratamento de sementes é uma excelente técnica para garantir o estabelecimento adequado do estande de plantas.

Tem como função proteger a semente contra o ataque de doenças e pragas e pode ser mais uma estratégia no manejo para garantir altas produtividades.

Para saber qual a melhor opção de tratamento de sementes em sua propriedade, procure um engenheiro agrônomo. 

5ª dica: cultivares e espaçamento adequados

Cultivares

A escolha da cultivar é de grande importância para o sucesso da lavoura.

Opte por sementes certificadas, com alto potencial produtivo e tolerantes a pragas e doenças.

Não esqueça de observar se a cultivar escolhida tem boa adaptabilidade para sua região.

E, antes de iniciar a sua semeadura, realize um teste de emergência em um canteiro da fazenda.

Separei algumas opções de cultivares disponíveis no mercado:

Cultivares do grupo preto

BRS FP 403

IPR Gralha

BRS Esteio

BRS Esplendor

Cultivares do grupo carioca

BRS FC 104

IPR Campos Gerais

BRS FC 401

BRS Estilo

Cultivares com grãos especiais

BRS Ártico

BRS Embaixador 

Para mais opções, confira o portfólio das empresas. 

Espaçamento

O espaçamento ideal é aquele em que a planta pode expressar melhor suas características. 

Para o plantio de feijão, diversos autores dividem o espaçamento em função do seu hábito de crescimento.

  • tipo 1: crescimento determinado
  • o tipo 2: crescimento indeterminado arbustivo 
  • e tipo 3: crescimento  indeterminado prostrado 

Separei algumas opções de espaçamento geralmente indicados:

Tabela com Faixa usual de espaçamento entrelinhas em função do hábito de crescimento da planta

Faixa usual de espaçamento entrelinhas em função do hábito de crescimento da planta
(Fonte: Unesp)

Já o espaçamento entre covas pode variar de 10 cm a 30 cm.

Alguns autores indicam que a redução do número de sementes/cova pode aumentar o rendimento da cultura.

6ª dica: manejo adequado

Para o sucesso de sua lavoura, o manejo adequado é fundamental.

Por isso, realize o planejamento na pré-safra, elencando os possíveis problemas que você pode encontrar durante o ciclo, inclusive na colheita.

Faça um planejamento para monitoramento durante todo o ciclo da cultura.

Observe quais as principais pragas e doenças que podem atacar seu cultivo e como realizar o controle. Isso irá facilitar muito na tomada de decisão!

Dica extra: baixe esse checklist gratuito para realizar um bom planejamento agrícola!

Conclusão

Alguns cuidados são fundamentais para alcançar uma melhor produtividade do feijão.

Neste artigo você conferiu algumas dicas que vão auxiliar durante a produção da cultura: os cuidados pré-safra, manejo de plantas daninhas, adubação e inoculação.

Você também conferiu as recomendações para espaçamento adequado e as diferentes cultivares para os grupos de feijão preto, carioca e grãos especiais.

Espero que com essas informações você consiga realizar uma boa safra e alcançar alta produtividade na lavoura. 

>> Leia mais:

Previsão para o preço do feijão: saiba quais são as expectativas

Manejos essenciais em cada um dos estádios fenológicos do feijão

Como você tem se programado para a próxima safra? Quais dicas daqui vão te ajudar a melhorar a produtividade do feijão? Adoraria ver seu comentário abaixo!