Como a irrigação inteligente pode trazer economia e resultados em sua lavoura

Irrigação inteligente: o que é, como funciona, importância, vantagens e desvantagens.

A agricultura é responsável pelo consumo de grande parte da água doce disponível no mundo. 

Diante disso, e da necessidade de conciliar desenvolvimento econômico com a preservação do meio ambiente, é fundamental adotar novas tecnologias que garantam o uso eficiente da água.

Nesse sentido, a irrigação inteligente é uma técnica que promove a gestão racional dos recursos, além de aumentar a produtividade. 

Quer saber mais sobre esse assunto? Confira a seguir. Boa leitura!

O que é irrigação inteligente?

Irrigação inteligente é uma estratégia de manejo que está transformando a agricultura e a forma como os recursos são utilizados.

Essa técnica disponibiliza a água em pequenos volumes, de maneira localizada e precisa para as plantas. 

Os métodos de irrigação por superfície e por aspersão se baseiam na irrigação de toda a superfície do terreno, o que provoca desperdício de água e a lixiviação de nutrientes.

Já na irrigação localizada por gotejamento e por microaspersão, a água é distribuída próxima às raízes das plantas. No entanto, também é preciso fornecê-la na quantidade e no momento adequado.

Dessa forma, o objetivo da irrigação inteligente é fornecer água no volume e tempo corretos, levando em consideração as condições ambientais e as características da cultura. 

Nesse sistema de fornecimento de água, são consideradas as diferenças espaciais dentro da área irrigada. Assim, a irrigação somente é acionada caso haja necessidade, sendo possível produzir mais e com menos água.

Na irrigação inteligente também é viável utilizar o sistema para a distribuição de insumos agrícolas, como fertilizantes (fertirrigação) e produtos fitossanitários. 

A irrigação inteligente pode ser aplicada em pequenas áreas, como hortas, estufas e jardins, bem como em áreas maiores destinadas à produção de frutíferas, café, cana-de-açúcar e tomate.

Como funciona

Na irrigação inteligente todo o processo é automatizado. As variáveis ambientais, como temperatura do ar e umidade do solo, são monitoradas por sensores e equipamentos específicos. 

Como há auxílio de softwares, os dados coletados são interpretados e é possível fazer previsões da necessidade de irrigação. Além disso, fica mais fácil armazenar os dados com segurança e acompanhar o manejo da irrigação de forma dinâmica e sistemática. 

Todos os dados mensurados são repassados em tempo real para o produtor, o que permite o acompanhamento remoto da lavoura. Dessa forma, o manejo da irrigação é pautado em dados como umidade do solo, temperatura do ar, precipitação, evapotranspiração e a exigência hídrica da cultura.

Assim, a partir das informações coletadas, a bomba de irrigação é acionada para ligar e desligar sozinha conforme a necessidade da cultura.

No sistema de gotejamento, ainda é possível associar a irrigação com a tecnologia drip protection. Essa tecnologia consiste em um sistema de injeção de produtos químicos, biológicos e orgânicos via gotejo.

Outras tecnologias também são utilizadas na irrigação inteligente, como: 

internet das coisas (IoT)

sensoriamento remoto

sistema de posicionamento global (GPS)

sistema de informação geográfica (SIG)

● veículos aéreos não tripulados (VANTs)

É importante deixar claro que cada cultura tem uma demanda particular. Assim, os projetos de irrigação devem ser planejados e dimensionados de acordo com a realidade do produtor, das características da área a ser irrigada e das necessidades da espécie cultivada. 

Importância da irrigação inteligente

A irrigação inteligente é uma técnica que assegura maior sustentabilidade da atividade agrícola pela gestão racional dos recursos. Nesse sistema há menor desperdício de água e redução do consumo de energia elétrica e tempo.

A irrigação inteligente também contribui para a redução da ocorrência de doenças foliares na lavoura

Nesse caso, a água é colocada próxima ao sistema radicular das plantas e as folhas não são molhadas. Assim, a umidade não é excedida e as doenças causadas por fungos e bactérias não são favorecidas.

Além disso, esse sistema viabiliza a aplicação de insumos como adubos e produtos fitossanitários via água de irrigação.

A irrigação inteligente também contribui para o manejo de plantas daninhas, uma vez que a superfície do solo molhada é menor.

Essa estratégia de manejo auxilia os produtores rurais no processamento dos dados e na tomada de decisão.

Por fim, com a irrigação inteligente é possível ter um controle mais confiável e eficiente do manejo hídrico, além de acompanhar de perto o desenvolvimento da lavoura.

Kit de gestão do maquinário da fazenda

Vantagens e desvantagens da irrigação inteligente

Conhecer e analisar as vantagens e desvantagens da irrigação inteligente é essencial para o sucesso da atividade agrícola.

Confira a seguir as vantagens dessa técnica:

● reduz o desperdício de água

● economia de energia elétrica e tempo

● maior eficiência no uso da água

● aplicação de produtos fitossanitários e fertilizantes via água de irrigação

reduz a ocorrência de doenças causadas por fungos e bactérias

● auxilia no manejo de plantas daninhas

● monitoramento remoto da lavoura

● maior sustentabilidade de atividade

● melhora da qualidade do produto final

● aumento da produtividade

Por outro lado, a aquisição dos equipamentos e softwares da irrigação inteligente demandam alto investimento inicial e mão de obra tecnificada para operar o sistema.

Quer saber mais sobre outros métodos e sistemas de irrigação? Confira no seguinte texto: “Tudo o que você precisa saber sobre os tipos de irrigação na agricultura para acertar na escolha”.

Conclusão

A irrigação inteligente é uma estratégia de manejo em que a água é fornecida para as plantas na quantidade e no momento adequado considerando as condições do ambiente e da necessidade hídrica da espécie cultivada.

A automação da irrigação facilita o manejo e o acompanhamento da lavoura. O manejo da irrigação é feito tendo como referência dados mensuráveis. Assim, essa técnica de irrigação ajuda na tomada de decisão, otimiza a utilização dos recursos e reduz os custos de produção.

Algumas vantagens da irrigação inteligente são a economia de água e de energia elétrica, redução na ocorrência de doenças fúngicas e bacterianas e aumento da produtividade. Apesar disso, trata-se de uma técnica que requer alto investimento inicial e mão de obra tecnificada.

>> Leia mais:

“As melhores práticas para o reúso da água na agricultura”

“Agricultura irrigada: o que é, principais métodos e vantagens”

Você já tinha lido sobre irrigação inteligente? Você sabia como é realizado o manejo da irrigação na sua propriedade? Compartilhe o artigo com quem este conteúdo possa ser útil.

Aviação agrícola: saiba como ela pode beneficiar sua fazenda

Aviação agrícola: entenda que atividades são realizadas e os benefícios agrícolas e econômicos para o seu negócio.

O agronegócio investe em maquinários capazes de diminuir custos ao produtor, aumentar a eficiência e qualidade das aplicações de insumos e proporcionar um aumento de produtividade. Nesse cenário, uma das novas tecnologias que vêm crescendo no mercado é a aviação agrícola.

Utilizada em lavouras de cana-de-açúcar, soja, milho, algodão, café e florestais, a aviação agrícola serve para a aplicação de fertilizantes e defensivos (químicos ou biológicos) e para a semeadura de pastagens.

Neste artigo, você verá como a aviação agrícola pode influenciar e ser vantajosa no manejo da lavoura. Boa leitura!

Aviação agrícola: o que é?

A aviação agrícola é uma tecnologia que beneficia a produção de alimentos, fibras, biocombustíveis e grãos ao agilizar a aplicação de fertilizantes, defensivos e semeadura de pastagens.

De acordo com o Decreto nº 86.765/1981, o Ministério da Agricultura é responsável por propor a política para o emprego da aviação agrícola, coordenando, orientando, supervisionando e fiscalizando estas atividades: emprego de defensivos e fertilizantes, semeadura, povoamento de águas e combate a incêndios em campos ou florestas.

A aviação agrícola teve um crescimento de 3,4% no Brasil em 2021, chegando a 2.432 aeronaves, sendo 2.409 aviões e 23 helicópteros. Mato Grosso (MT) é o estado que lidera essa atividade, seguido por Rio Grande do Sul (RS), São Paulo (SP) e Goiás (GO).

Vale ainda ressaltar a Portaria Mapa nº 298/2021, que estabelece “regras para operação de aeronaves remotamente pilotadas – ARP’s destinadas à aplicação de agrotóxicos e afins, adjuvantes, fertilizantes, inoculantes, corretivos e sementes”. Os dados registrados são data e hora do início e término de aplicação, altura do voo, dados meteorológicos do momento da aplicação, tipo de atividade e outros, para fins de fiscalização.

Antes de qualquer aplicação de produtos agrícolas, é importante consultar um profissional (como o engenheiro agrônomo) para a recomendação dos produtos corretos.

Após o abastecimento do avião com o produto e o estudo da área, o piloto realiza a aplicação em diversos voos rasantes.

Lembre-se: além de consultar um profissional qualificado para uma aplicação adequada, é importante que o piloto da aeronave possua licenças especiais para a aviação agrícola. O piloto precisa ser registrado no Sipeagro.  

Quando utilizar a aviação agrícola?

Semeadura

Nas pastagens, a semeadura de braquiária, azevém, aveia e trevo ocorre com rapidez e uniformidade utilizando esse modo de aplicação.

Controle de pragas

A agilidade de aplicação também é um diferencial para o controle de pragas. A aeronave realiza em poucas horas o que maquinários terrestres levariam dias, dependendo da área, para realizar o trajeto completo. Com isso, o tempo de ataque da praga diminui e, consequentemente, os prejuízos na lavoura.

Outras atividades realizadas

Inspeções, mapeamentos, sensoriamento remoto, adubação, controle de doenças e ervas daninhas, dentre outros.

Importante: na agricultura, silvicultura e pecuária, o avião agrícola precisa sobrevoar de 3 a 5 metros acima da vegetação. O risco de acidentes aumenta se esse limite não for respeitado.

Culturas atendidas no Brasil pela aviação agrícola

Atualmente, a aviação agrícola é mais utilizada na cultura da soja, com mais de 8,1 milhões de hectares (Mha) plantados atendidos por essa tecnologia. 

A seguir vêm cana-de-açúcar (Mha), milho (1,6 Mha), arroz (0,8 Mha), algodão (0,42 Mha) e laranja (0,27 Mha). No total, a aviação agrícola cobre 13,6 milhões de hectares no Brasil.

Em relação à pulverização, a soja também é a cultura que mais utiliza a aviação agrícola, com 41 milhões de hectares pulverizados, seguida por cana-açúcar (12,5 Mha) e milho (7 Mha).

Aviação agrícola em áreas atendida e pulverizada
Área cultivada atendida e área pulverizada pela aviação agrícola no Brasil em 2013/14.
(Fonte: Jounals OpenEdition)

Essa diferenciação entre área cultivada atendida e área pulverizada se deve ao fato de a aeronave realizar mais de uma pulverização em uma mesma área.

Sendo assim, nessas culturas, são realizadas cinco aplicações por safra, em média.

A soja é principalmente cultivada nos estados de Mato Grosso, Goiás e Mato Grosso do Sul, enquanto a cana-de-açúcar é predominante em São Paulo e Minas Gerais e o arroz, na região sul do Brasil, onde maquinários terrestres apresentam dificuldades para o manejo do arroz irrigado.

Quais as vantagens da aviação agrícola?

Como dito anteriormente, a rapidez de aplicação é um diferencial da aviação agrícola. Mas a atividade proporciona outros benefícios. Confira:

Flexibilidade e qualidade

O agricultor vivencia alguns entraves quando utiliza máquinas terrestres. Ele fica impossibilitado de qualquer aplicação após chuvas ou irrigação, por exemplo, por dificuldade de mover essas máquinas sobre o solo molhado.

Além disso, a aeronave não causa compactação no solo e disseminação de doenças e pragas, como ocorre com máquinas terrestres.

Eficiência e uniformidade

Durante o voo, a aeronave mantém praticamente a mesma velocidade e usa sistemas controladores automáticos de vazão, o que proporciona maior uniformidade de aplicação. 

Redução de custos

Um avião pode percorrer 90 hectares ao longo de uma hora, enquanto um trator pode realizar o mesmo trabalho por apenas 25 hectares. Essa rapidez de aplicação diminui gastos com trabalhadores e aluguel de maquinários, além de reduzir o uso de combustível.

Impacto ambiental

Com o avanço de estudos direcionados à aviação agrícola, bicos de pulverização de agrotóxicos são desenvolvidos para menor deriva, o que diminui a contaminação dos ambientes naturais.

Desvantagens

Apesar dos benefícios expostos neste artigo, é importante que o agricultor respeite as condições ambientais necessárias para a aviação agrícola: 

  • umidade relativa do ar mínima de 50%;
  • ventos com velocidade entre 3 e 10 km/h;
  • e temperatura máxima de 30ºC

Assim, há redução do risco de deriva e contaminação do ambiente próximo. 

A pulverização aérea causa o deslocamento de 49% e 19% dos agrotóxicos para o solo e outras áreas, respectivamente. Apenas 32% ficam retidos nas plantas. Por isso, o manejo correto é essencial.

Kit de gestão do maquinário da fazenda

Conclusão

A demanda pela aviação agrícola só tende a aumentar nos próximos anos, principalmente as pilotadas remotamente, pelo impacto relevante dos seus benefícios.

É necessário que profissionais especializados recomendem os produtos agroquímicos e as doses adequadas dos insumos, para que a lavoura não seja prejudicada as áreas naturais ao redor da plantação tenham menor risco de contaminação. Além de pilotos com licenças para o uso de aviação agrícola, respeitando as obrigatoriedades da legislação vigente.

Já sabia da importância da aviação agrícola para o agronegócio? Aproveite para compartilhar este artigo com sua equipe e assine a nossa newsletter!

Calcário calcítico: o que é e quando utilizar

Calcário calcítico: o que é, quais são os tipos de calcário, como escolher o melhor, quando utilizar, benefícios da calagem e muito mais.

Em geral, os solos brasileiros são naturalmente ácidos, apresentam baixa fertilidade e alumínio em níveis tóxicos para as plantas. Dessa forma, a calagem é uma prática fundamental na agricultura

Dentre os corretivos da acidez do solo, o calcário se destaca por ser o mais utilizado. Esse insumo é obtido pela moagem da rocha calcária e apresentado na forma de pó.

A seguir você pode conferir mais informações sobre os tipos de calcário e quando utilizá-los. Boa leitura!

O que é calcário calcítico

O calcário calcítico é um corretivo agrícola que tem em sua composição menos de 5% de óxido de magnésio. Em contrapartida, ele apresenta elevados valores de óxido de cálcio, de 45% a 55%. 

O calcário destinado à agricultura é dividido em três categorias de acordo com a concentração de óxido de magnésio (MgO): 

  • calcário calcítico;
  • calcário magnesiano;
  • calcário dolomítico.

 O calcário magnesiano tem em sua composição de 5% a 12% de óxido de magnésio e de 40% a 42% de óxido de cálcio. 

O calcário dolomítico tem mais de 12% de óxido de magnésio, porém apresenta baixo teor de óxido de cálcio, de 25% a 30%. 

Que tipo de calcário escolher e quando utilizar

A recomendação de calagem e a escolha do tipo de calcário dependem dos resultados da análise de solo e das necessidades da cultura a ser implantada.

O calcário dolomítico é o mais indicado para a maioria dos solos, por apresentar elevado teor de magnésio.

Os calcários do tipo magnesiano e dolomítico, além de neutralizar a acidez do solo, adicionam magnésio. Eles são a forma mais econômica de fornecer esse nutriente às plantas.

O mesmo não acontece quando se usa o calcário calcítico, que apresenta baixos valores de magnésio em sua composição. No entanto, é possível aplicar esse tipo de calcário e complementar a adubação com fertilizantes como sulfato de magnésio, carbonato de magnésio ou óxido de magnésio.

A relação entre cálcio e magnésio no solo deve ser de 3 a 4:1 mol (Ca:Mg). Nessa proporção, as plantas conseguem aproveitar os dois nutrientes sem que um interfira na absorção do outro.

Além dessas questões, é preciso se atentar aos custos. Em geral, o calcário rico em magnésio é mais caro que o calcítico.

No que diz respeito à correção da acidez do solo, o tipo de calcário não interfere na eficiência da calagem.

Como o calcário age no solo

Primeiramente, é importante deixar claro que o calcário precisa de tempo para reagir. Isso quer dizer que a calagem deve ser feita cerca de 2 a 3 meses antes do plantio da lavoura.

Além disso, o solo deve apresentar umidade superior a 80% da capacidade de campo para que as reações de solubilização do calcário ocorram. 

Após a aplicação do calcário no solo, ele reage com a água e libera Ca+2 (cálcio) e Mg+2 (magnésio), além de CO32¯ (carbonato) e HCO3¯ (bicarbonato). 

O carbonato e o bicarbonato possibilitam a formação de íons hidroxila (OH¯) que irão neutralizar os íons de hidrogênio livre (H+), responsáveis pela acidez do solo. 

Independente do tipo de calcário, a velocidade de reação depende da granulometria do produto, do grau de acidez do solo e se o corretivo foi ou não incorporado ao solo.

Benefícios da calagem

A calagem é uma prática indispensável na agricultura. Ela ajusta as propriedades químicas do solo às necessidades das culturas, o que viabiliza a produção em diferentes áreas. 

Confira a seguir os principais benefícios da calagem:

  • reduz a acidez do solo;
  • neutraliza a ação tóxica do alumínio (Al), ferro (Fe) e manganês (Mn);
  • fornece cálcio (Ca) e magnésio (Mg) para as plantas;
  • diminui a fixação do fósforo (P);
  • aumenta a disponibilidade de nutrientes, como nitrogênio (N), fósforo (P), potássio (K), enxofre (S) e molibdênio (Mo);
  • aumenta a Capacidade de Troca Catiônica (CTC) do solo;
  • melhora a atividade microbiana;
  • favorece a fixação biológica do nitrogênio
  • favorece o desenvolvimento radicular das plantas;
  • aumenta a produtividade das culturas.

Culturas como a soja e o milho são bastante responsivas à calagem e têm aumentos significativos de produtividade.

Como determinar a necessidade de calagem

A necessidade de calagem é determinada pela análise de solo. Somente a partir dos resultados dessa avaliação é estabelecida a quantidade de calcário a ser aplicada. 

O cálculo de calagem pode ser feito pelos seguintes métodos:

  • método da saturação por bases (V%);
  • método do alumínio trocável;
  • método pH SMP.

É importante deixar claro que cada método é utilizado de acordo com a região do país. 

O método da elevação da saturação por bases é utilizado em São Paulo, no Paraná e em algumas regiões de Cerrado. O método de neutralização do alumínio é usado em Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Já o método pH SMP é aplicado nos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Geralmente, a avaliação da exigência de calcário é realizada a cada 3-5 anos. 

Em solos mais arenosos, o intervalo de amostragem do solo deve ser menor. Isso porque os solos com maior teor de areia necessitam de calagem com maior frequência quando comparados aos solos argilosos.

Por fim, é preciso frisar que doses de calcário em excesso ou quando a operação de calagem é mal executada interferem na disponibilidade dos micronutrientes. Por isso é fundamental determinar a dose correta do calcário para que a cultura expresse seu potencial produtivo.

Para mais informações sobre a técnica da calagem e os tipos de calcário, confira nosso artigo “Calcário no solo: tipos, vantagens, como funciona e eficiência”.

Conclusão

O calcário é o principal corretivo agrícola utilizado na neutralização da acidez do solo. Ele é classificado com base na sua composição, podendo ser calcítico, magnesiano ou dolomítico.

A recomendação de calagem deve ser sempre orientada pelos resultados da análise de solo. Em geral, essa prática é realizada de 2 a 3 meses antes da semeadura

No sistema convencional, o calcário é distribuído a lanço e depois incorporado ao solo, geralmente a uma profundidade de 20 centímetros. No sistema de plantio direto, o corretivo é aplicado a lanço na superfície do solo e não é incorporado.

Os benefícios da aplicação do calcário são a correção da acidez, neutralização do alumínio e manganês, fornecimento de cálcio e magnésio para as plantas e maior desenvolvimento das raízes. Como consequência, há aumento da produtividade.

Restou alguma dúvida sobre o calcário calcítico? Você já utilizou em sua propriedade? Aproveite e assine nossa newsletter para receber mais conteúdos como este em seu e-mail!

O que é e como fazer adubação verde: Melhores práticas

Adubação verde: entenda o que é, como funciona, vantagens, características dos adubos verdes e muito mais

Os sistemas intensivos de produção agrícola têm acelerado o processo de degradação do solo e causado sérios impactos ambientais. Diante disso, é urgente a necessidade de se adotar práticas de manejo mais sustentáveis.

Essas técnicas possibilitam a manutenção da capacidade produtiva do solo a longo prazo. Se você produz, precisa ficar por dentro de como técnicas como adubação verde funcionam.

Confira a seguir informações sobre a adubação verde e entenda como essa prática pode ser vantajosa para sua lavoura. Boa leitura!

O que são adubos verdes?

A adubação verde é uma técnica agrícola para melhorar as condições do solo e aumentar sua capacidade produtiva. Consiste em cultivar determinadas espécies vegetais, que depois serão incorporadas ao solo ou roçadas e mantidas na superfície. 

Os adubos verdes podem ser usados como cobertura de solo na entressafra, protegendo o solo contra a radiação solar e a erosão. 

Fornecendo palha para o sistema de plantio direto, esses adubos favorecem a infiltração de água no solo.

Por terem raízes profundas, as plantas ajudam a descompactar camadas mais duras do solo e favorecem a circulação de água e nutrientes.

A técnica também pode ser utilizada para fixar nitrogênio atmosférico, contribuindo para a fertilização natural do solo e reduzindo a necessidade de adubação química.

Adubação verde: corte e deposição dos resíduos vegetais sobre o solo 
(Fonte: Universidade Estadual de Washington)

Como o adubo verde funciona?

A adubação verde pode ser realizada em rotação, sucessão ou consórcio com a cultura principal. No sistema de rotação, a área é dividida em talhões e cada talhão é plantado com o adubo verde de maneira rotacionada com a cultura de interesse comercial.

Em sucessão, o adubo verde é semeado na mesma área e antes da cultura principal. Nesse caso, as plantas utilizadas como adubo verde são manejadas antes do plantio da lavoura

Quando em consórcio, o adubo verde é plantado junto da cultura de interesse econômico, que pode ser cultivado na entrelinha em faixas intercaladas. Em alguns casos, o adubo verde é semeado no final do ciclo da cultura com o intuito de beneficiar a próxima safra.

O plantio das sementes é feito em linhas ou a lanço com posterior incorporação com grade niveladora. Na adubação verde, também pode ser feito um coquetel com sementes de diferentes espécies, como sorgo-forrageiro e crotalária

Outra alternativa de coquetel para adubação verde é a mistura de sementes de crotalária, feijão-guandu, mucuna-preta, sorgo-forrageiro e milheto.

Quais são as vantagens da adubação verde?

A adubação verde pode ajudar em vários pontos, desde a qualidade do solo até a redução de custos com insumos, promovendo uma agricultura mais eficiente e menos dependente de produtos químicos. 

Segundo a Embrapa, esse tipo de adubação promove a ciclagem de nutrientes, contribui para uma maior retenção de água no solo e melhora: 

  • Condições físico-químicas e biológicas do solo;
  • Incremento do teor de matéria orgânica;
  • Favorecimento de microrganismos que aumentam a absorção de água e nutrientes;
  • Fixação biológica do nitrogênio atmosférico;
  • Descompactação do solo, estruturação e aeração do solo;
  • Proteção do solo contra erosão (hídrica e eólica);
  • Proteção do solo contra radiação solar;
  • Manutenção da umidade das camadas superficiais do solo;
  • Controle de pragas, doenças e plantas daninhas;
  • Controle de fitonematóides;
  • Favorecimento da população de inimigos naturais;
  • Aumento da produtividade da cultura sucessora; 
  • Economia com fertilizantes;
  • Redução dos custos de produção.

As leguminosas, fixadoras de nitrogênio, são ideais para adubação verde, pois produzem biomassa rica nesse nutriente. 

Quando roçadas e incorporadas ao solo, melhoram as condições nutricionais e aumentam a matéria orgânica após a decomposição, liberando nitrogênio que é aproveitado pela cultura subsequente. 

Isso reduz a necessidade de fertilizantes nitrogenados, diminuindo custos e aumentando a produtividade. 

Além disso, as leguminosas favorecem a presença de fungos micorrízicos, que ajudam na absorção de nutrientes e água, e suas raízes criam canais no solo, melhorando sua estrutura e facilitando a infiltração e retenção de água.

Alelopatia: Qual a relação com adubação verde?

A alelopatia é o efeito efeito de substâncias químicas liberadas pelas plantas, vivas ou em decomposição, causam, inibindo o crescimento e/ou desenvolvimento de outras plantas.

Fenômeno muito importante na redução de populações de plantas daninhas e controle de nematoides, que pode ser causado por leguminosas usadas como adubo verde.

Assim, muitas espécies vêm sendo estudadas e descobertos inúmeros benefícios adicionais através da alelopatia.

A espécie leguminosa feijão-de-porco (Canavalia ensiformis), por exemplo, se mostra como inibidora da planta daninha tiririca.

feijão de porco usado na adubação verde

Feijão-de-porco (Canavalia ensiformis)

(Fonte: Useful Tropical Plants)

Como deve ser feita a adubação verde?

É importante destacar a importância de escolher espécies de adubos verdes adaptadas às condições de clima e solo de onde será cultivada. Além disso, a época de corte das plantas é outro ponto que merece atenção. 

A biomassa aérea deve ser cortada antes das plantas produzirem sementes. O corte tardio dos adubos verdes pode gerar um grande problema. Afinal, as sementes serão liberadas no solo e têm grande potencial de se tornarem plantas invasoras na próxima safra.

Algumas espécies, como a mucuna-preta, apresentam dormência e podem germinar em diferentes épocas do ano, o que dificulta o controle. Por fim, a melhor época para a semeadura dos adubos verdes é no início da temporada de chuvas

Nesse período, as plantas acumulam maior quantidade de biomassa e nutrientes. No entanto, é justamente esse o único período viável para a semeadura da cultura comercial. Os adubos verdes são, geralmente, cultivados na entressafra.

Uma alternativa é cultivar as espécies de adubos verdes no final da estação chuvosa, após a colheita da cultura de interesse. Também é possível realizar a semeadura no veranico. Nesse caso, é importante escolher espécies de adubos verdes resistentes à seca.

Quais são os principais adubos verdes?

Plantas de diferentes famílias são utilizadas na forma de adubo verde, mas leguminosas são as preferidas e ocupam lugar de destaque, por serem capazes de realizar a fixação biológica do nitrogênio.

As leguminosas têm menor tempo de decomposição (baixa relação carbono/nitrogênio). Esse aspecto favorece a rápida disponibilização dos nutrientes para as culturas seguintes. Dentre as usadas na forma de adubo verde, destacam-se:

  • Amendoim-forrageiro;
  • Crotalárias;
  • Estilosantes
  • Feijão-bravo-do-Ceará;
  • Feijão-guandu;
  • Feijão-de-porco;
  • Labe-labe;
  • Mucunas;
  • Tremoços. 

As gramíneas também têm sido cultivadas para adubação verde. Em geral, elas se decompõem mais lentamente (alta relação carbono/nitrogênio) e permanecem no solo por mais tempo. Confira a seguir algumas gramíneas cultivadas como adubo verde:

  • Aveia-preta;
  • Azevém;
  • Braquiárias;
  • Milheto;
  • Sorgo-forrageiro.

A semeadura simultânea de diferentes plantas, como leguminosas e gramíneas, possibilita a cobertura do solo por mais tempo. Isso quando comparado ao cultivo solteiro de espécies leguminosas

Além das leguminosas e gramíneas, outras plantas são empregadas na adubação verde, como o nabo-forrageiro e o girassol.

Características das plantas de adubação verde

As espécies vegetais utilizadas como adubo verde devem apresentar algumas características agronômicas. São elas:

  • Sistema radicular profundo e ramificado;
  • Eficiência nutricional;
  • Tolerância ao alumínio;
  • Tolerância ao estresse hídrico;
  • Elevada produção de fitomassa e de sementes;
  • Sementes de fácil obtenção;
  • Rápido desenvolvimento;
  • Ciclo compatível com o sistema de produção;
  • Baixa suscetibilidade ao ataque de pragas e doenças;
  • Eficiência no controle de nematoides e plantas daninhas;
  • Capacidade de realizar a fixação biológica do nitrogênio.
Banner de chamada para o download da planilha de cálculos de insumos

O que é SAF: entenda tudo sobre os sistemas agroflorestais

SAFs: o que são, qual sua importância na agricultura e na biodiversidade, o que é feito neste tipo de sistema, vantagens e desvantagens e mais. 

A agricultura tem passado por diversas modificações para reduzir os efeitos climáticos. No Brasil, vários sistemas têm sido estudados e implementados para alcançar uma agricultura sustentável.

Os sistemas como o SAFs buscam trazer melhorias sociais, econômicas e ambientais. Tudo isso acaba favorecendo o cultivo das culturas e a quem produz.

Neste artigo, vamos explicar o que é SAFs, qual seu objetivo, como realizar e mais informações importantes para produtores rurais. Aproveite a leitura!

O que significa SAFs?

A sigla SAFs significa sistemas agroflorestais. Ela se refere a uma junção de práticas agrícolas com florestais. Estes sistemas atuam na recuperação de áreas degradadas e florestas, permitindo um cultivo agrícola com um desenvolvimento sustentável.

Nestes sistemas, o plantio consorciado é feito entre plantas arbóreas nativas, frutíferas e/ou madeireiras e cultivos agrícolas anuais, bianuais ou perenes. Os SAFs ajudam na questão de melhorias de solo, microclima e biodiversidade.

Em relação à economia, os SAFs garantem renda ao longo do tempo para quem produz. Afinal, ele funciona através do cultivo de espécies diferentes com tempos de produção diferentes.

Como funcionam os sistemas agroflorestais no plantio consorciado

Em toda produção, o planejamento é o primeiro passo que você precisa dar. Para planejar corretamente um sistema agroflorestal, alguns fatores devem ser considerados. São eles:

  • Tipo de solo;
  • Clima;
  • Mercado consumidor;
  • Espécies;
  • Operações;
  • Custos;
  • Legislação;
  • Relevo;
  • Arranjo da área.

Observe esses aspectos antes da implementação. Afinal, uma definição de sistema agroflorestal errada pode trazer problemas de produção, o que pode levar a prejuízos na rentabilidade. 

Além disso, vale ressaltar que existem vários sistemas dentro dos SAFs. Eles podem ser agrossilviculturais, silvipastoris ou agrossilvipastoris. Entenda um pouco mais sobre cada um deles abaixo:

  • Agrossilviculturais: quando se tem o cultivo de árvores e plantio agrícola; 
  • Silvipastoris: cultivo de árvores associado com criação de animais;
  • Agrossilvipastoris: é a junção de árvores, culturas agrícolas e animais na mesma área, também conhecido como iLPF Integração Lavoura, Pecuária e Floresta.
Exemplificação de esquema de Sistemas Agroflorestal
Exemplificação de esquema de Sistemas Agroflorestal
(Fonte: Journals openedition)

O plantio nos SAFs deve ser feito para um maior aproveitamento do terreno. Nele, é preciso considerar o espaçamento entre plantas e entre linhas e a parte operacional, principalmente das culturas anuais.

Estes sistemas têm sido explorados principalmente em pequenas áreas, pois o sistema leva anos para ser instalado efetivamente. Em áreas menores, se tem maior controle das operações.

Entretanto, estes sistemas são possíveis em grandes áreas, com planejamento e execução adequados. 

planilha controle de custos por safra

Qual a importância da agricultura sustentável na agroecologia?

Assim como a escolha das árvores a serem implantadas deve ser correta, o uso de culturas agrícolas também deve ser planejado. Nesses sistemas, tudo é possível: árvores para extração (de madeira ou látex), árvores frutíferas, culturas bianuais ou anuais, dentre outros exemplos.

Um dos principais problemas para as culturas agrícolas nestes sistemas é a sombra das árvores maiores. Por isso, culturas que se adaptam bem a este tipo de ambiente mais sombreado já são consolidadas nestes sistemas. Esse é o caso do café, cacau e erva-mate.

Culturas como soja, milho e trigo também são utilizadas nestes sistemas. Entretanto, é necessário cuidado com o sombreamento, pois essas são culturas nas quais a falta de irradiação solar afeta diretamente a produção.

Caso você queira produzir estas culturas, o arranjo das árvores e espaçamentos devem ser feitos corretamente. Assim você evita o adensamento de árvores, dispondo-as no sentido que tenha maior entrada de luz entre as linhas.

Outra opção é realizar o cultivo destas culturas anuais somente no início do sistema. Assim, as árvores ainda estão se desenvolvendo, o que permite maior irradiação solar.

Alguns estilos de SAFs
Alguns estilos de SAFs 
(Fonte: Unesp)

Vantagens e desvantagens de utilizar o SAFs

Todos os modos de cultivo têm vantagens e desvantagens. Isso te ajuda a definir o melhor modo de cultivo para cada situação. Sabendo estes pontos, é possível programar e planejar ações que reduzam ou evitem as desvantagens e aproveitar ao máximo as vantagens.

Vantagens

  • Preservação do solo. Afinal, há sempre alguma cultura na área;
  • Redução da erosão. Isso acontece devido à presença das árvores auxiliam como barreiras;
  • Recuperação da fertilidade do solo. As folhas e cascas das árvores caem e se decompõem;
  • Controle de plantas daninhas. A área é feita de mais de um sistema de cultivo, e por isso os solos estão sempre “ocupados”;
  • Aumento da biodiversidade. Ocorre um aumento da microbiota e insetos do solo importantes para ciclagem de nutrientes e recuperação do solo;
  • Recuperação de áreas degradadas. Estes sistemas têm sido amplamente utilizados em áreas onde é necessária a recuperação do solo;
  • Rentabilidade ao longo do tempo. Por apresentam diferentes culturas com tempo de produção diferentes, os produtores geram renda ao longo de meses e anos;
  • Desenvolvimento sustentável. A fim de utilizar as áreas de modo com que evite alguns riscos ao meio ambiente, se tem uma produção sustentável, com maior infiltração de água, maior capacidade de absorção do solo;
  • Redução de custos. Em alguns casos de SAFs, é possível reduzir o uso de fertilizantes e até mesmo de agroquímicos, tornando a produção mais sustentável.

Desvantagens

  • É necessário maior conhecimento sobre as culturas implantadas na área agrícola;
  • Algumas culturas apresentam efeito alelopático em relação às outras, causando prejuízo no desenvolvimento e produção;
  • Quando as árvores estiverem altas, a luminosidade na área pode ser reduzida;
  • Competição por nutrientes, principalmente no início do sistema. Nesse momento, ainda não há equilíbrio da biodiversidade e há pouca presença de matéria orgânica, pode ocorrer competição pelos nutrientes disponíveis no solo;
  • Uma cultura pode ser hospedeira da doença ou inseto, perpetuando a sobrevivência destes na área. Isso pode gerar um complexo de pragas e doenças nos cultivos;
  • Caso não haja um bom planejamento operacional, a mecanização dos sistemas pode ser dificultada e podem haver mais gastos operacionais
diagnostico de gestao

Conclusão

Neste artigo, você ficou por dentro da importância que estes sistemas agroflorestais têm na agricultura atual. Ao implantar algum tipo de SAFs na sua área, não deixe de considerar os fatores mencionados no artigo para garantir boa produtividade. 

Por fim, você viu as principais vantagens desses sistemas, como a recuperação de áreas degradadas. Entretanto, também conferiu que há desvantagens que não podem ser ignoradas.

Na dúvida sobre implantar ou não um SAFs na sua propriedade, não deixe de contar com o apoio de uma pessoa especializada.

Você está pensando em implementar um desses sistemas na sua fazenda? Já sabia o que é SAFs? Assine nossa newsletter para ficar por dentro de mais informações como essa.

Genética na agricultura: qual a importância e por que ela vai mudar sua lavoura

Genética na agricultura: qual é o papel na agricultura, os impactos em soja, milho, café e algodão e fique por dentro das vantagens e desvantagens

Novas tecnologias são necessárias para alto rendimento e produtividade agrícola. Buscar inovações para prevenir e tratar doenças, pragas, nematoides e diminuir as consequências das mudanças ambientais é fundamental. 

Para conseguir todos esses objetivos, a presença da genética na agricultura é indispensável. Assim, saber como isso funciona e como aplicar é o primeiro passo para alcançá-los.

Nesse artigo, veja como o melhoramento genético pode influenciar no manejo da lavoura e entenda os impactos nas principais culturas agrícolas. Boa leitura!

Para que serve o melhoramento genético na agricultura?

Inicialmente, o melhoramento genético era feito pela escolha e cruzamento de espécies iguais ou muito parecidas. Porém, isso tornava a obtenção do resultado lenta e com possíveis modificações indesejáveis, já que não era uma técnica totalmente controlada.

Com os estudos direcionados à engenharia genética e à biotecnologia na agricultura, pesquisadores conseguiram modificar o DNA das plantas.

O papel da engenharia genética na agricultura é definir características agronômicas importantes a serem passadas para os seus descendentes.

Tudo isso é feito sem a necessidade de esperar o desenvolvimento da planta para assegurar que os genes foram repassados. Esse processo ocorre principalmente pelas sementes transgênicas.  

Atualmente, 92% da soja, 90% do milho e 47% do algodão cultivados em território nacional são modificados geneticamente. Ainda, vale lembrar que os organismos geneticamente modificados podem ser de primeira, segunda ou terceira geração. 

  • 1ª geração: plantas geneticamente modificadas com características agronômicas desejáveis, como resistência a herbicidas, pragas e vírus;
  • 2ª geração: plantas melhoradas nutricionalmente em quantidade e qualidade;
  • 3ª geração: plantas para a síntese de produtos especiais, como vacinas, hormônios e anticorpos.

Como é a aplicação da genética na agricultura?

Além da transgenia, existem outras técnicas empregadas no melhoramento genético: a seleção genética, a cisgênese, o silenciamento e a edição genética. Confira mais sobre eles a seguir.

Seleção genética

A seleção genética é feita através da seleção de plantas que apresentam características desejáveis. A partir disso, é feito o cruzamento para obter plantas híbridas com essas características.

Cisgênese

Essa técnica faz a transferência de DNA entre organismos compatíveis. É uma prática que acelera o processo natural. Ao invés de realizar diversos cruzamentos entre indivíduos da mesma espécie, apenas é feita a adição do gene necessário.

Silenciamento gênico

Diferente da transgênese e cisgênese, essa técnica “desliga” a função de um determinado gene. As plantas são alteradas para produzirem RNAi (RNA de interferência). Quando ingeridas por pragas ou patógenos, inativam genes fundamentais para sua sobrevivência.

Edição gênica

A edição gênica consiste em retirar e/ou adicionar trechos específicos de DNA. Atualmente, é muito utilizada na cana-de-açúcar, tornando-a mais tolerante à seca.

diagnostico de gestao

Vantagens e desvantagens do melhoramento genético

O melhoramento genético proporciona benefícios ao meio ambiente. Pela resistência ao ataque de pragas, diminui o uso de defensivos agrícolas. Consequentemente, diminui o consumo de água para o preparo dos defensivos e de combustíveis.

Afinal, isso reduz o uso de tratores e máquinas para a aplicação dos produtos. Porém, a utilização de produtos transgênicos pode proporcionar a eliminação de plantas que não foram modificadas geneticamente, devido à seleção natural. 

Além disso, o melhoramento genético pode diminuir espécies benéficas para a cultura utilizada, como abelhas. Em alguns casos, pode causar resistência a determinados defensivos.

Agora, veja mais detalhes sobre a importância da genética na agricultura nas culturas da soja, do milho, do café e do algodão. Confira:

Impactos na soja

Na soja, o melhoramento genético possibilitou melhoria na qualidade dos grãos, aumento do potencial produtivo e adaptação às condições ambientais. Além disso, o melhoramento ajuda na resistência às principais pragas da soja, na tolerância aos herbicidas e à seca.

Impactos no milho

O melhoramento genético no milho aumentou a produtividade e a eficiência na absorção do nitrogênio nas plantas. Além disso, também melhorou a resistência à seca.

Impactos no café

Uma das principais pragas que ataca o café é a broca do cafeeiro. Estudos são realizados por meio do melhoramento genético, para que o cafeeiro possa agir contra esse inseto.

Impactos no algodão

Pesquisas foram realizadas para que o algodoeiro recebesse genes da bactéria Bacillus thuringiensis. Esses genes estão presente na tecnologia Bollgard II RR FLEX™ (registrada pela Bayer), atuando contra as principais lagartas da cultura: 

  • curuquerê-do-algodoeiro (Alabama argillacea)
  • lagarta-rosada (Pectinophora gossypiella)
  • lagarta-da-maçã (Chloridea virescens)
  • falsa-medideira (Chrysodeixis includens). 

Essa tecnologia flexibiliza o manejo de plantas daninhas do algodão, devido à resistência à aplicação do glifosato.

O uso de produtos transgênicos faz mal à saúde?

Até o momento, não houve relatos sobre consequências negativas para a saúde humana e animal. No Brasil existe a Lei 11.105/05, que regula as atividades com transgênicos, sendo uma das mais rigorosas do mundo.

A CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança) é o órgão responsável por avaliar cada organismo geneticamente modificado, seguindo as normas estabelecidas pela lei 11.105/05.

Além disso, um transgênico é estudado durante anos antes de chegar à mesa da população, isso para garantir a segurança alimentar e ambiental. Vale ressaltar que esse tempo depende da cultura, mas pode chegar a até 20 anos para ser desenvolvido.

Produtos transgênicos aprovados no Brasil pela CTNBio de 1998 a 2023
Produtos transgênicos aprovados no Brasil pela CTNBio de 1998 a 2023
(Fonte: CropLife Brasil)

Conclusão

Plantas modificadas geneticamente são uma excelente escolha para quem quer aumentar a produtividade da sua lavoura, diminuir custos com defensivos agrícolas e danos ao ambiente. 

Além disso, plantas geneticamente modificadas causam melhorias na qualidade nutricional dos alimentos, como o aumento do teor de vitaminas e proteínas. 

Para que novas tecnologias sejam desenvolvidas, é fundamental o apoio a investimentos em pesquisas. E para garantir o melhor uso de sementes geneticamente modificadas, é necessário buscar ajuda de profissionais da agronomia.

Já sabia sobre genética na agricultura? Aproveite para compartilhar esse artigo com a equipe responsável pela escolha da cultivar da sua lavoura.

Glufosinato de amônio: como fazer aplicação certeira em milho

Glufosinato de amônio: nomes comerciais, como e quando usar, quais plantas são tolerantes ao produto e as condições adequadas para aplicação

O uso incorreto de herbicidas pode trazer prejuízos ao produtor. Por isso, algumas informações são importantes para evitar danos irreversíveis à cultura agrícola em uso.

Além disso, ficar por dentro de quais híbridos de milho são tolerantes a esse produto e entender bem o quanto e como aplicar é fundamental.

Nesse artigo, veja como controlar plantas daninhas durante o plantio de milho, com o uso de glufosinato de amônio. Boa leitura!

O que é glufosinato de amônio?

O glufosinato de amônio é um herbicida de contato utilizado no controle de plantas daninhas do milho e de outras culturas. Ele provoca a destruição dos cloroplastos, redução da taxa fotossintética e na produção de aminoácidos das espécies invasoras.

Como consequência, os principais sintomas após a aplicação desse herbicida é a rápida clorose. Após alguns dias, acontece necrose e morte das plantas. Ainda, plantas não tolerantes podem apresentar folhas anormais, com coloração roxa ou redução do tamanho.

Especificamente para o milho safrinha, o glufosinato de amônio se torna uma alternativa para o controle de plantas daninhas. Além disso, pode ser um excelente substituto do paraquat e glifosato, quando se trata do controle da buva.

Milho não tolerante no estágio inicial, com sintomas causados pelo glufosinato de amônio
Milho não tolerante no estágio inicial, com sintomas causados pelo glufosinato de amônio
(Fonte: Geneze sementes)

Como funciona a tolerância ao herbicida?

O glufosinato de amônio pode ser utilizado como dessecante em culturas agrícolas que não são tolerantes a ele. Isso principalmente em plantio direto, antes da emergência da cultura, para proporcionar uma cobertura vegetal importante para o manejo.

Atualmente, pesquisas são realizadas para desenvolver novas tecnologias que apresentem resistência a determinados herbicidas. Alguns milhos híbridos contêm a presença de genes conhecidos como bar e pat, que os tornam tolerantes ao glufosinato de amônio. 

Os genes convertem o princípio em uma forma não tóxica, tornando-o inativo. Abaixo, são citados alguns híbridos de milho tolerantes ao ingrediente ativo glufosinato de amônio:

  • Herculex (registrado pela Pioneer® e Dow AgroSciences)
  • Intrasect (registrado pela Pioneer®)
  • Leptra (registrado pela Pioneer®)
  • Agrisure TL (registrado pela Syngenta Group Company)
  • Agrisure Viptera 2 (registrado pela Syngenta Group Company)
  • Agrisure Viptera 3 (registrado pela Syngenta Group Company)
  • Power Core (registrado pela Corteva Agriscience)
  • Power Core Ultra (registrado pela Corteva Agriscience)

Apesar da existência de milhos tolerantes ao glufosinato de amônio, é fundamental ficar atento à recomendação da dosagem do produto. Alguns sintomas podem ocorrer no milho, como estrias amarelas nas folhas, diminuição do tamanho da planta e deformação das espigas.

Vale lembrar que isso pode acontecer caso haja a aplicação excedente do produto na lavoura.

Quanto e como aplicar esse herbicida?

É muito importante aplicar o herbicida nos estágios iniciais das plantas daninhas. Isso acontece por causa da dificuldade de mobilização do princípio dentro da planta. Além disso, observe o tipo de planta presente na sua propriedade. 

Afinal, o tempo de aplicação depende dessa informação, visto que em alguns casos é aplicado no início do perfilhamento. Enquanto isso, em outros casos, pode variar entre a emissão da terceira até sexta folha, dependendo da espécie.

Apesar de abranger ampla diversidade de plantas daninhas, algumas desenvolvem mecanismos de resistência ao glufosinato de amônio. Exemplos disso são o capim pé-de-galinha e o azevém. 

Nesses casos, recomenda-se o uso de herbicidas que atuem com outros mecanismos de ação. Agora, veja mais detalhes sobre como aplicar em milho não tolerante e em milho híbrido.

Bula do glufosinato para milho não tolerante

É importante ler a bula de cada produto e seguir a dosagem recomendada. O modo de aplicação pode variar de acordo com a cultura agrícola utilizada, sendo tolerante ou não ao glufosinato de amônio.

Para a aplicação no milho não tolerante, é recomendado usar entre 1,5 L/ha e 2 L/ha do produto, em única aplicação. Ainda, é recomendado aplicar em jato dirigido nas entrelinhas da cultura.  Essa medida serve para controlar as seguintes plantas daninhas:

Vale lembrar que, para o capim-colchão e capim-marmelada, a aplicação deve acontecer no início do perfilhamento. Nas demais culturas citadas, a aplicação deve deve acontecer entre a e folha emitida.

Uma maior dosagem é recomendada quando houver maior incidência das gramíneas. Ainda, é recomendado adicionar 0,2% v/v de adjuvante agrícola à base de óleo mineral ou vegetal. Essas recomendações são baseadas na bula do produto Patrol SL.

Para o milho não tolerante, a aplicação deve ser realizada por meio de jato dirigido nas entrelinhas. Assim, isso diminui o risco de contaminar a cultura agrícola e causar sintomas gerados pelo herbicida.

Exemplo de aplicação de herbicida por meio de jato dirigido nas entrelinhas do milho
Exemplo de aplicação de herbicida por meio de jato dirigido nas entrelinhas do milho
(Fonte: Mais soja)

Bula do glufosinato para milho (transgênico)

Em milho transgênico, as recomendações são diferentes. Para controlar o capim-marmelada e o leiteiro, a dosagem recomendada é entre 1,5 L/ha e 3 L/ha em única aplicação. Para essas culturas, é necessário aplicar em pós-emergência da cultura.

Ainda, é necessário observar sempre o estádio de desenvolvimento das plantas daninhas antes de começar o controle:

  • 3 perfilhos: capim-marmelada;
  • 6 folhas: leiteiro, corda-de-viola e caruru.

No caso do controle da corda-de-viola, é recomendada a dosagem entre 1,5 L/ha e 3 L/ha, mas em aplicação sequencial. É necessário aplicar em pós-emergência, usando a dose 1,5 L/ha + 1,5 L/ha.

A primeira aplicação deve ser feita quando o milho estiver com 3 ou 4 folhas. A segunda deve ser feita quando o milho estiver com 5 ou 6 folhas.  Também é necessário observar o estádio de desenvolvimento das plantas daninhas para começar o controle:

  • 2 folhas: leiteiro, corda-de-viola e caruru;
  • 3 folhas: capim-marmelada.

Condições adequadas para aplicação do dessecante e herbicida

É necessário aplicar o glufosinato de amônio entre 5 e 6 horas, no mínimo, sem chuva e luz. Temperaturas amenas (20 ºC a 25 ºC) e umidade relativa do ar acima de 50%.

Além disso, o produto tem funcionamento na fase pós-emergência, e não deve ser utilizado na pré-emergência para o controle de plantas daninhas. Por ser um herbicida de contato, é preciso que haja precisão durante a aplicação.

Assim, o produto será eficiente e atingirá diretamente as plantas a serem eliminadas.

Glufosinato de amônio: preço e nomes comerciais

Atualmente, existem alguns produtos à base de glufosinato de amônio no mercado. O preço pode variar de acordo com a região, marca, quantidade adquirida e demanda do mercado. Você pode encontrar o glufosinato de amônio com esses nomes comerciais:

  • Glufair, registrado pela Rainbow Defensivos;
  • Liberty, registrado pela Bayer;
  • Glufosinato Nortox, registrado pela Nortrox;
  • Finale, registrado pela Basf S.A;
  • Patrol SL, registrado pela Adama;
  • Biffo, registrado pela Sumitomo.
planilha pulverização de defensivos agrícolas

Conclusão

O glufosinato de amônio é um excelente herbicida para manejo de plantas daninhas, abrangendo diversas culturas. Em milho não tolerante, deve ser aplicado nas entrelinhas, após a emergência das plantas daninhas. 

É fundamental aplicar a dosagem correta do produto. Caso contrário, poderão surgir sintomas por fitotoxicidade, prejudicando a produtividade e rendimento.

Além disso, com dosagens superiores a recomendada, o herbicida pode selecionar plantas resistentes. Em todo caso, procurar assistência técnica de uma pessoa especialista da agronomia é essencial para evitar erros e garantir sucesso no manejo das daninhas

Já usou o glufosinato de amônio na sua lavoura? Aproveite para compartilhar esse artigo com a equipe responsável pela aplicação de herbicidas na sua fazenda.