Previsão do preço do arroz: O que esperar do mercado?

O arroz segue entre os grãos mais cultivados no Brasil, com grande peso na alimentação e na economia. 

Para a safra 2024/25, a Conab projeta produção recorde de 12,1 milhões de toneladas, impulsionada pelo avanço de 11,1% na área plantada.

Com maior oferta prevista, o mercado aponta para possível queda nos preços ao produtor, exigindo atenção redobrada ao planejamento financeiro e à gestão da lavoura.

Neste artigo, você vai conferir as principais projeções de produção, exportação e preços do arroz em 2025 e como esses fatores devem impactar sua comercialização.

Preço do arroz: Importância econômica

Perdendo apenas para o milho, o arroz é o segundo cereal mais cultivado no mundo. Historicamente, a plantação do arroz com papel importante ao redor do globo. 

Com impacto além da economia, a cultura movimenta o comércio nacional e internacional, sendo um dos principais alimentos no combate à fome.

Rico em carboidratos, fibras e proteínas, é consumido em todos os continentes e alimenta mais de 3 bilhões de pessoas diariamente.

O Brasil é o maior produtor e consumidor de arroz fora da Ásia, responsável por cerca de 90% da produção e do consumo global do grão.

Segundo a Conab, a área de cultivo no Brasil vem crescendo, mas o principal destaque é o sistema irrigado, o mais utilizado no mundo,com lavouras mantidas em áreas alagadas.

No Brasil, o Sul lidera a produção com esse modelo, enquanto o arroz de sequeiro predomina nas outras regiões.

plantação de arroz

O que pode influenciar na cotação do arroz?

O Brasil é o maior produtor de arroz fora do continente asiático. Cerca de 90% de todo arroz do mundo é cultivado na Ásia, de acordo com dados da Food and Agriculture Organization.

O arroz pode ser irrigado ou em sequeiro. Por aqui, o sistema de cultivo mais utilizado é irrigado, presente em cerca de 80% da produção nacional e em praticamente 100% das lavouras da região sul.

No Sul, é onde se concentra a maior parte da produção de arroz do território brasileiro. Nesse sistema, as plantas ficam em um terreno alagado durante praticamente todo o ciclo. 

Justamente por isso, os solos úmidos da região subtropical do país são favoráveis ao cultivo.

Esses solos estão presentes nos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, responsáveis por 70% e 10% da produção nacional, respectivamente.

Anualmente, cerca de 10 milhões de toneladas do grão são produzidas no Brasil. A maior parte é destinada ao consumo interno e o restante à exportação direta ou indireta.

Segundo a Conab, as exportações brasileiras de arroz atingiram 1,8 milhão de toneladas em 2023. Esse número representa uma redução de 14,7% em relação ao mesmo período de 2022.

Para a safra 2023/24, é esperada uma recuperação das exportações de arroz, com crescimento de 11,1%, para 2 milhões de toneladas. Entre os principais importadores do arroz brasileiro estão:

  • Guatemala;
  • Peru;
  • Venezuela;
  • Bolívia;
  • Estados Unidos.

Qual foi o preço do arroz em 2024?

O mercado do arroz em 2024 foi marcado por fortes oscilações de preços, segundo dados da Epagri e do Observatório Agro Catarinense.

No início do ano, o valor da saca de 50 kg ultrapassou os R$ 120,00, refletindo a quebra da safra 2022/23 e a baixa nos estoques brasileiros e do Mercosul.

Com a entrada da nova safra 2023/24, os preços recuaram temporariamente, mas voltaram a subir entre abril e novembro, impulsionados pelas chuvas excessivas no Rio Grande do Sul e pelas perdas em Santa Catarina.

No último trimestre, a expectativa de produção 10% maior para a safra 2024/25 levou a nova retração dos preços.

Em dezembro de 2024, a queda foi de 14% em relação ao mesmo período de 2023, especialmente nas regiões do Litoral Sul e Grande Florianópolis, fortemente influenciadas pelo mercado gaúcho.

Apesar dessas variações, o preço médio de venda do arroz aumentou R$ 29,00 por saca em comparação com 2023, superando o aumento médio dos custos de produção (R$ 9,76 por saca), o que garantiu margem positiva para os produtores.

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Projeções da safra de arroz em 2025

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a previsão para a safra de grãos em 2025 foi elevada para 327,6 milhões de toneladas, conforme o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) divulgado em abril.

Isso representa um aumento de 11,9% em relação a 2024, com 34,9 milhões de toneladas a mais

A estimativa para a área a ser colhida também subiu, chegando a 81 milhões de hectares, alta de 2,5% frente à safra anterior.

No caso do arroz, a expectativa é de que a produção nacional acompanhe esse movimento positivo, com maior área cultivada.

A perspectiva é de recuperação em estados impactados por eventos climáticos em 2024, como Rio Grande do Sul e Santa Catarina. 

A previsão de maior oferta, tanto no Brasil quanto globalmente, tende a influenciar diretamente a precificação do grão ao longo do ano.

No cenário internacional, dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indicam que a produção de arroz mundial também deve continuar crescendo.

Para 2024, o USDA já havia apontado uma expansão de 345 mil toneladas, tendência que pode se manter em 2025 com a normalização climática em alguns países asiáticos.

Por outro lado, caso se repitam perdas climáticas em regiões produtoras da Ásia e da África, as exportações brasileiras podem ganhar impulso, reduzindo o volume disponível no mercado interno e pressionando os preços para cima.

Qual é a previsão do preço do arroz em 2025?

A previsão para 2025 indica uma tendência de queda nos preços ao produtor, puxada pela safra recorde de arroz, estimada em 12,1 milhões de toneladas pela Conab — aumento de 14,3% frente a 2024.

A área plantada também deve ser a maior dos últimos sete anos, com 1,7 milhão de hectares.

Com maior oferta e clima mais favorável, o mercado projeta estabilidade ou recuo nos preços, ao menos no primeiro semestre.

Em dezembro de 2024, a saca de arroz caiu 14%, antecipando esse movimento de mercado.

Apesar disso, a média de preços em 2024 foi superior à de 2023, e os produtores conseguiram margens positivas mesmo com os custos em alta.

Como saber se o preço de venda do arroz compensa?

Definir o preço ideal para vender sua safra de arroz começa com um bom conhecimento do seu custo de produção.

Se o objetivo é melhorar a rentabilidade, é preciso registrar todos os gastos, tanto os diretos quanto os indiretos.

Nesse processo, a tecnologia é uma grande aliada. Com softwares de gestão agrícola como o Aegro, você acompanha cada etapa da produção, desde o planejamento até o controle financeiro.

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Redator Alasse Oliveira

Alasse Oliveira

Engenheiro-Agrônomo (UFRA/Pará), Técnico em Agronegócio (Senar/Pará), especialista em Agronomia (Produção Vegetal) e mestre em Fitotecnia pela (Esalq/USP).

Como o manejo da água ajuda no início da lavoura?

Começar bem a lavoura faz toda a diferença para o andamento da safra e a água é um dos principais fatores nesse início.

Garantir que as plantas recebam a quantidade certa, na hora certa, é o que vai fazer a diferença no desenvolvimento do plantio.

Muitos produtores só se preocupam com a irrigação quando a planta já está desenvolvida, mas os primeiros dias são os mais sensíveis.

Um manejo eficiente da água nesse momento define grande parte do potencial produtivo da cultura.

Entender as necessidades hídricas desde o começo é o primeiro passo para uma lavoura mais saudável, produtiva e eficiente.

Por que os primeiros dias da planta pedem atenção especial com a água?

Plantas recém-germinadas ou mudas que acabaram de ser transplantadas, ainda estão formando seu sistema de raízes.

Com raízes pequenas e concentradas na superfície, elas exploram um volume muito limitado de solo.

Isso as torna vulneráveis à falta de umidade justamente nessa camada mais superficial, onde as alterações climáticas podem mudar rapidamente com o sol e o vento.

A água é a forma como as plantas absorvam os nutrientes do solo e realizem a fotossíntese, processos que impulsionam todo o crescimento inicial.

Ou seja, a falta de água, mesmo que por períodos curtos nesses primeiros dias, pode causar um estresse severo, diminuindo o vigor ou levar à morte das plântulas.

Além disso, cada cultura reage de uma forma diferente à disponibilidade de água nos estágios iniciais.

Água nas fases iniciais de culturas

1. Soja

Tanto o excesso quanto a falta de água durante a germinação e emergência podem desuniformizar o nascimento das plantas.

A semente precisa absorver uma quantidade significativa de água, no mínimo 50% do seu peso, para germinar bem.

Para o preparo do solo ideal na cultura, é preciso manter o teor de água no solo entre 50% e 85% da água disponível máxima nessa fase crítica da soja.

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2. Milho

No milho, durante a pré-emergência (antes da planta sair do solo), é preciso que a camada superficial do solo, onde a semente foi depositada, esteja sempre úmida.

Embora as fases onde a falta de água causa maiores perdas de produtividade venham depois, um bom estabelecimento inicial, que depende dessa umidade na germinação, é a base para todo o ciclo.

3. Culturas perenes

Em culturas perenes como os citros, os períodos de brotação, emissão de botões florais e o início do desenvolvimento dos frutos são mais sensíveis.

A falta de água nessas fases pode provocar a queda de flores e frutos jovens, impactando diretamente a produção.

A demanda de água aumenta conforme a planta cresce, passando de uma média de 4,7 L/dia no segundo ano para 46,5 L/dia no quinto ano após o plantio.

Além dessas informações, é importante lembrar que o estresse hídrico inicial, mesmo que não mate a planta, pode deixar marcas ocultas.

Ao comprometer o desenvolvimento das raízes ou o vigor, a planta pode ter dificuldades em absorver água e nutrientes mais tarde, limitando seu potencial produtivo final. Isso mostra o quanto o manejo da água é importante.

Como saber a hora certa e a quantidade ideal de água para as mudas?

A resposta varia conforme o tipo de solo, a cultura, as condições climáticas e o estágio de desenvolvimento da planta.

O objetivo do manejo da água é manter a umidade do solo, na zona onde as raízes estão ativas, dentro de uma faixa ideal, que é acima do Ponto de Murcha Permanente e abaixo da saturação.

O ideal é sempre manter a umidade próxima da capacidade de campo. Para isso, você pode usar alguns métodos, como:

1. Teste do tato-aparência

Uma forma bastante simples, rápida e praticamente sem custo para ter uma ideia da umidade do solo, é usar as próprias mãos.

Basta coletar uma pequena amostra de solo na profundidade onde as raízes das suas mudas estão (geralmente nos primeiros 15-20 cm) e apertá-la na mão.

A forma como o solo se comporta e sua aparência dão pistas sobre a necessidade de irrigação.

Se o solo estiver solto, esfarelando ao ser apertado e com uma coloração mais clara, é sinal de que está seco e precisa irrigar.

Mas se mantiver a forma ao ser apertado, sem ficar totalmente firme ou liberar água, com uma cor mais escura que o solo seco, ele está úmido. Neste caso, a irrigação pode ser necessária em breve.

Ou se formar uma bola bem firme, brilhante, e talvez até soltar um pouco de água ao ser apertado com força, o solo está muito molhado. Se isso acontecer, você não se deve irrigar, pois água em excesso pode prejudicar as raízes.

2. Sensores e monitoramento preciso

Para quem busca mais controle e dados objetivos, a tecnologia os sensores de umidade do solo podem ajudar no manejo da água.

Instalados em pontos estratégicos da lavoura, os sensores medem o conteúdo de água no solo e podem ser conectados a sistemas de irrigação inteligentes.

Além dos sensores de solo, outras tecnologias podem compor a irrigação otimizada, como:

  • Estações meteorológicas: Fornecem dados climáticos para estimar a perda de água do solo e da planta para a atmosfera;
  • Telemetria: São sistemas que monitorar os sensores e até acionar a irrigação remotamente, usando celular ou computador;
  • Drones com câmeras especiais (térmicas/multiespectrais): Sobrevoam a lavoura e identificam, pela temperatura das folhas ou por índices de vegetação, áreas que estão começando a sofrer com estresse hídrico.

3. Estimando a quantidade

Saber quando irrigar é importante, mas também é preciso estimar quanto irrigar. Algumas fontes técnicas oferecem orientações práticas.

Uma cartilha da Embrapa sobre irrigação de baixo custo, por exemplo, traz tabelas com tempos diários de irrigação para culturas como feijão-caupi, milho, mandioca, melancia, banana e mamão.

Esses tempos variam conforme a idade da planta, o mês do ano e o tipo de sistema usado.

As tabelas servem como referência inicial, mas os tempos devem ser ajustados conforme as condições específicas da sua lavoura.

Em sistemas como a produção de MPB de cana-de-açúcar, a irrigação pode ser calculada com precisão a partir da ETo medida por estações meteorológicas e ajustada ao ambiente do viveiro.

Mãos segurando uma porção de solo úmido e escuro, representando a importância da umidade adequada no solo para o desenvolvimento das plantas.

Qual o melhor sistema de irrigação para o início da lavoura?

A escolha do sistema de irrigação otimizada é um passo determinante para a eficiência do manejo da água, e isso é ainda mais verdadeiro quando falamos de mudas e plantas jovens.

Nessa fase, o ideal é conseguir aplicar a água de forma precisa, direto na zona onde as pequenas raízes estão se desenvolvendo, em quantidades menores e, se necessário, com maior frequência. Entenda:

Sistemas de irrigação localizada

Os sistemas de irrigação localizada são os mais indicados para os estágios iniciais, pois atendem bem a esses requisitos.

A principal característica, definida pela Embrapa, é molhar apenas uma parte da área, concentrando a água onde é mais necessária e economizando o recurso. Neste sentido, os tipos mais comuns são:

Gotejamento: Aplica água em gotas diretamente no solo, próximo às plantas. É um método com mais de 90% de aproveitamento, economizando água e energia, por molhar apenas uma faixa estreita e reduz ervas daninhas entre as linhas.

É ideal para hortaliças, fruteiras e culturas em linha, além de ser ótimo para fertirrigação, exigindo água limpa e boa filtragem para evitar entupimentos.

Microaspersão: Parecido com o gotejamento, o sistema de microaspersão usa emissores que espalham a água em forma de uma chuva fina e localizada.

Tem boa eficiência (80% a 90%) e é comum em fruteiras, hortaliças e viveiros. Sua principal vantagem é ser menos propenso a entupimentos, exigindo filtragem menos rigorosa.

Opções de baixo custo para irrigação localizada

Pensando na agricultura familiar ou em situações onde o investimento inicial precisa ser menor, existem alternativas mais acessíveis dentro da irrigação localizada, como:

Mangueiras perfuradas (tipo “santeno” ou similar): São mangueiras flexíveis com pequenos furos feitos a laser ou mecanicamente, que liberam a água ao longo da linha.

São mais baratas que o gotejamento convencional, mas com menor eficiência e uniformidade.

Ainda assim, oferecem irrigação localizada e são uma opção prática para pequenos produtores. A Embrapa, inclusive, traz sugestões de tempo de irrigação para esse sistema

Sistema “Xique-xique”: É uma versão ainda mais simples e artesanal, onde o próprio agricultor faz pequenos furos (1 a 2 mm) na tubulação lateral.

O custo é mínimo, mas a eficiência e a uniformidade são baixas (em torno de 67%), e o risco de entupimento dos furos é alto.

Irrigação por sulcos: Usa canais abertos ao lado das plantas, com água correndo por gravidade. É um método de baixo custo e simples, mas com menor eficiência, devido a perdas por infiltração e evaporação.

Também é mais difícil controlar a quantidade exata de água, o que pode ser um risco nas fases iniciais da lavoura.

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Como economizar água no começo do cultivo?

O manejo sustentável da água na agricultura não se resume apenas a escolher o sistema de irrigação certo e aplicar no momento correto.

Tão importante quanto isso, é adotar práticas que ajudem a conservar a água que já está presente no solo ou que chega através da chuva.

Essas práticas reduzem a evaporação, melhoram a infiltração e aumentam a capacidade do solo de armazenar água.

Tudo isso contribui para diminuição da dependência da irrigação e tornando todo o manejo da água e o sistema produtivo mais resiliente, especialmente em períodos de seca.

Cobertura do solo

Manter o solo coberto é uma das formas mais eficazes de conservar a água. Isso pode ser feito com palhada da safra anterior ou materiais como capim seco e serragem. A prática, conhecida como mulching, traz vários benefícios:

  • Reduz a evaporação, protegendo o solo do sol e do vento;
  • Melhora a infiltração, evitando a crosta superficial que dificulta a entrada da água;
  • Controla a temperatura do solo, mantendo-o mais estável;
  • Suprime ervas daninhas, que competem por água e nutrientes;
  • Melhora o solo ao longo do tempo, aumentando a matéria orgânica e a capacidade de retenção de água.

A cobertura do solo é um princípios da Agricultura Conservacionista, recomendada para regiões como o Cerrado, mas com bons resultados em todo o Brasil.

Plantio direto e preparo reduzido

Evitar o revolvimento excessivo do solo é uma das práticas para conservar e ter uma melhor manejo da água.

Ações como arações e gradagens frequentes destroem a estrutura do solo, comprometem os canais naturais de infiltração e aceleram a perda de matéria orgânica, reduzindo a saúde do solo e a retenção água.

Dentro disso, o Sistema Plantio Direto (SPD) coloca em prática com três princípios:

  1. Solo sem revolvimento (o plantio é feito sobre a palhada);
  2. Cobertura permanente do solo;
  3. Rotação de culturas.

É um dos sistemas mais eficientes para conservar água e solo, com benefícios também ambientais e econômicos.

Mesmo que não seja possível adotar o SPD completo, reduzir o preparo já ajuda a preservar a umidade e a qualidade do solo.

Outras práticas que ajudam a conservar água

  • Plantio em nível (ou em contorno): Seguir as curvas de nível do terreno ajuda a frear o escoamento da água, favorecendo a infiltração e reduzindo a erosão;
  • Terraceamento: Terraços funcionam como barreiras físicas que retêm a água da chuva, permitindo que ela infiltre aos poucos no solo;
  • Rotação de culturas: Alternar culturas com diferentes tipos de raízes melhora a estrutura do solo em várias camadas, tornando mais poroso;
  • Controle de tráfego: Restringir o tráfego de máquinas evita a compactação, facilitando a entrada e retenção de água.

Combinação que potencializa os resultados

A escolha do sistema de irrigação e as práticas de conservação de água no solo se complementam.

Um solo bem manejado, coberto com palhada e com boa estrutura, absorve e retém melhor a água da irrigação, aumentando a eficiência do sistema e economizando em volume e frequência de aplicação.

Essas práticas também geram economia além da água: menos plantas daninhas reduzem o uso de herbicidas, menor erosão e lixiviação evitam perdas de fertilizantes, e solos mais saudáveis tendem a ser mais produtivos.

No Aegro, você pode registrar e acompanhar essas práticas, facilitando a análise dos impactos no rendimento da lavoura e no uso dos recursos.

Isso ajuda a planejar melhor, fazer escolhas mais estratégicas sobre o manejo de água e o futuro da propriedade.

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Mathias Bergamin

Engenheiro Agrônomo (UFRGS, Kansas State) e especialista de Novos Negócios na Aegro. Reconhecido como referência em Agricultura Digital, especialização em administração, gestão rural, plantas de lavoura.

Inteligência artificial no agronegócio brasileiro

A inteligência artificial no agronegócio não é mais uma promessa: é realidade no campo.

Em um cenário em que as demandas por alimento aumentam e os recursos naturais precisam ser usados com mais responsabilidade, a IA surge como uma aliada para facilitar o dia a dia do produtor.

Seu uso está presente em diferentes etapas da produção agrícola, do planejamento até a comercialização, promovendo precisão nas decisões e otimizando o uso de insumos.

Combinando algoritmos avançados, sensores inteligentes, big data e conectividade, a IA tem redesenhado o jeito de produzir no campo. A transformação já está em curso.

O que é inteligência artificial?

A inteligência artificial (IA) é o conjunto de tecnologias que permitem que máquinas simulem o raciocínio humano.

No agronegócio, é aplicada em tarefas como diagnóstico de pragas, previsão de safra e gestão de operações, com base em dados e padrões extraídos do próprio campo.

A IA combina aprendizado, adaptação e tomada de decisão, facilitando a resolução de problemas mais complexos.

Essa tecnologia é uma combinação de machine learning, deep learning, visão computacional e big data, usada para recomendar manejos agronômicos, identificar problemas na lavoura e melhorar o uso de recursos.

Como a inteligência artificial no agronegócio é usada?

A IA é utilizada no agronegócio em diversas frentes, como no sensoriamento remoto, NDVI, NDRE e GNDVI, por exemplo.

Os softwares de previsão climática também fazem parte disso, mas aplicam modelos baseados em séries históricas e aprendizado de máquina para antecipar eventos como geadas e chuvas intensas.

Já as plataformas de gestão agrícola, como o Aegro, integram dados de produtividade, fertilidade, clima e manejo para sugerir ajustes em tempo real.

A IA ainda está embarcada em tratores e pulverizadores que usam visão computacional e algoritmos como Random Forest e SVM para tomada de decisões em campo.

Além disso, robôs e sensores conectados via IoT automatizam tarefas como irrigação, adubação e colheita, com monitoramento climático remoto e contínuo.

Missão Safra 2023 | Tecnologia para redução de custo na fazenda com Thiago Dangoni

O impulso da agricultura com inteligência artificial

O agronegócio representou 27% do PIB brasileiro em 2024 e segue passando por mudanças com o uso de máquinas autônomas, sensores IoT e algoritmos preditivos

Essas ferramentas aumentam a produtividade em até 20% e reduzem perdas por clima e pragas em até 30%, segundo a Embrapa.

Porém, essa revolução traz novos desafios. Segundo a Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG), apenas 32% das empresas superaram o déficit de habilidades para operar essas tecnologias.

Profissões como pilotos de drones e operadores remotos de sensores estão em alta, exigindo conhecimento técnico específico e domínio de ferramentas digitais.

Além da capacitação, plataformas de gestão de talentos com aplicação de IA podem ajudar no mapeamento de lacunas e na formação de equipes mais preparadas.

O retorno desse investimento é concreto: empresas que usam IA de forma integrada relatam reduções de 15% a 25% nos custos operacionais.

O futuro do agro depende da integração entre tecnologia, pessoas e propósito, com diagnósticos personalizados e planos de carreira alinhados às novas demandas.

De previsões climáticas mais confiáveis a aplicações precisas, a tecnologia tem mudado o jeito de produzir.

A integração com sensores, drones, tratores autônomos e sistemas de IoT permite uma atuação automatizada, com coleta e análise de dados em tempo real (Jorge et al., 2024).

E este é um cenário em evolução constante: segundo a Markets and Markets (2024), o mercado global de IA na agricultura deve movimentar cerca de US$ 4,7 bilhões até 2028.

Como a IA pode ser uma estratégia no setor agrícola?

Como usar a inteligência artificial no campo?

A inteligência artificial no agronegócio pode ser aplicada desde o planejamento até a comercialização.

No planejamento agrícola, é responsável por analisar os dados históricos da área para identificar zonas de manejo, prever cenários climáticos e otimizar o uso de insumos. 

Durante a produção, permite a automação do plantio, adubação, pulverização e colheita, gerando mapas de variabilidade espacial que guiam o manejo. 

Na comercialização, a IA contribui com a previsão de tendências de preço, auxiliando o produtor a definir o melhor momento para vender ou estocar sua produção (Bernardi et al., 2024).

Aplicações da inteligência artificial na agricultura

As principais aplicações da inteligência artificial na agricultura vão do monitoramento da lavoura até a agricultura de precisão.

1. Monitoramento da lavoura

Os drones na agricultura são as principais ferramentas na coleta de dados para os sistemas de inteligência artificial.

Nos últimos anos, eles ganharam muito espaço e vêm sendo utilizados para identificação de uma série de pontos da lavoura, como:

  • Falhas de plantio;
  • Infestações de plantas daninhas;
  • Ataques de pragas e doenças;
  • Excessos ou falha de irrigação.

Devido às imagens obtidas por eles, as ferramentas de aprendizado de máquina identificam as alterações existentes nas lavouras. Isso permite uma tomada de decisão mais precisa.

2. Clima, tempo e previsibilidade

Os sistemas de previsão do tempo já são velhos conhecidos dos meteorologistas. A inteligência artificial tem refinado ainda mais essas predições.

Os algoritmos de aprendizado de máquina trabalham nos bancos de dados históricos climáticos. Isso aumenta a confiabilidade das previsões.

Associado ao monitoramento de chuvas das fazendas, você pode saber quais talhões precisarão de irrigação suplementar e quais não, por exemplo.

3. Agricultura de precisão e veículos autônomos

O GPS agrícola já faz parte da rotina de muitos trabalhadores do campo. Por isso, o uso de veículos autônomos pode parecer algo comum.

Mas quando esses veículos se conectam a sistemas de inteligência artificial, o impacto na agricultura se torna ainda maior.

Com IA, eles ajustam com precisão suas atividades, como a aplicação automática de fertilizantes com base em mapas de produtividade e análise de solo, além da pulverização direcionada de herbicidas.

Tudo isso é controlado por um sistema central de inteligência artificial, que integra e gerencia as operações no campo.

Tendências e desafios da inteligência artificial na agricultura

Os tipos de inteligência artificial aplicados no agronegócio variam com o nível de complexidade. A IA reativa, mais simples, atua apenas no momento, sem memória ou capacidade de aprendizado. 

A IA de memória, a mais comum no setor agrícola, armazena informações e aprende com elas, sendo usada em tratores autônomos e na robótica agrícola.

Já a IA da mente, ainda em desenvolvimento, busca reconhecer emoções, intenções e estados mentais humanos, com aplicações em robôs sociais. 

Por fim, a IA autônoma representa um estágio avançado, com alta capacidade de processamento e independência, sendo voltada para áreas como pesquisa científica e missões espaciais. 

As bases dessas tecnologias incluem machine learning, deep learning, redes neurais e visão computacional, que permitem reconhecer padrões de solo, doenças e produtividade (Bernardi et al., 2024).

Casos recentes e aplicações no campo

A IA tem sido usada no mercado financeiro do agro para analisar preços e planejar estratégias de venda.

A Embrapa, em 2024, desenvolveu um sistema com IA para identificar ferrugem asiática via drones. 

No mesmo ano, a John Deere lançou tratores autônomos capazes de pulverizar com precisão. Startups como Agrosmart e Solinftec criaram plataformas que integram clima, solo e economia para orientar decisões em tempo real. 

A Aegro desenvolveu uma leitura de romaneios por inteligência artificial que economiza tempo e reduz erros no registro da colheita.

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Redator Alasse Oliveira

Alasse Oliveira

Engenheiro-Agrônomo (UFRA/Pará), Técnico em Agronegócio (Senar/Pará), especialista em Agronomia (Produção Vegetal) e mestre em Fitotecnia pela (Esalq/USP).

Tudo sobre a plantação de aveia: tipos, manejo, colheita e forragem

A aveia é um cereal de inverno que se destaca por sua rusticidade e tolerância a solos ácidos e de baixa fertilidade, características que a tornam uma opção atrativa para os produtores brasileiros. 

Além de ser utilizada na alimentação humana e animal, a aveia ajuda na cobertura do solo e na rotação de culturas, especialmente em sistemas de plantio direto.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção nacional de aveia em grão para a safra de 2025 está estimada em 1,1 milhão de toneladas, representando um crescimento de 8,3% em relação à safra anterior. 

Os principais estados produtores são o Rio Grande do Sul, com uma estimativa de 851,1 mil toneladas, e o Paraná, com 233,6 mil toneladas.

Panorama da produção de aveia no Brasil – Safra 2024/25

A aveia se consolida cada vez mais como uma cultura estratégica nas lavouras de inverno do Sul do Brasil.

Na safra 2024/25, a produção nacional foi liderada pelo Rio Grande do Sul, que se destacou com 581 mil toneladas colhidas, representando 64% do total produzido no país

O cultivo no estado ocupou uma área de 361.036 hectares, ou seja, mais de dois terços da área nacional, gerando um valor estimado de R$ 461 milhões.

O Paraná ocupa a segunda posição no ranking nacional, com 240.548 toneladas produzidas, equivalentes a 26,52% da produção brasileira.

A área dedicada ao cereal no estado alcançou 104.013 hectares, com valor de produção de R$ 145 milhões.

Na sequência, o Mato Grosso do Sul aparece com 31.980 toneladas, cerca de 3,53% do volume nacional. A cultura ocupou 26.810 hectares no estado, com valor de produção estimado em R$ 21,5 milhões.

Outras regiões também contribuem para o cultivo da aveia, ainda que em menor escala. Santa Catarina produziu 26.626 toneladas, São Paulo 17.165 toneladas, e Minas Gerais, 9.781 toneladas.

Esses estados representam, respectivamente, 2,94%, 1,89% e 1,08% da produção nacional em 2024/25.

Gráfico

O conteúdo gerado por IA pode estar incorreto.

Figura 1. Rendimento da aveia no Brasil. Créditos: USDA, 2025.

Quais os tipos de plantação de aveia? 

Existem várias espécies no gênero da aveia (Avena spp.), mas são duas as que se destacam na produção de grãos mundial: a Avena sativa ou aveia branca (80% da área mundial) e a Avena byzantina ou aveia amarela (20% da área). 

Mas, principalmente aqui na América do Sul, outra espécie se destaca: a Avena strigosa ou aveia preta, como é popularmente conhecida. 

Essa espécie de aveia é bem mais rústica que as comumente utilizadas para grão e seu uso é basicamente como cultura de cobertura ou forragem para a alimentação animal.

A aveia teve sua origem lá no Oriente Médio, em locais muito próximos de outros cereais de inverno como o trigo

Mas seu cultivo só passou a ser explorado muitos anos depois, já que no início, esse vegetal era apenas uma planta daninha da cultura do trigo.

A aveia é uma planta anual, sendo que algumas cultivares podem apresentar rebrota (duplo propósito) e têm um crescimento ereto, variando entre 0,7 e 2 metros de altura.

Além disso, ela tem raízes profundas e fasciculadas, ou seja, não apresenta uma raiz pivotante ou principal.

Como fazer a plantação de aveia?

A aveia é cultivada ao longo do outono e inverno aqui no Brasil por se tratar de uma planta de clima temperado.

Apesar de ser extremamente tolerante quanto ao solo (pH 4,5 a 6 e menor exigência de nutrientes que trigo), o plantio de aveia é bem mais exigente quanto às condições climáticas.

Assim, a temperatura ideal para a semeadura é acima dos 7º C, sendo abaixo de 4º C diminui drasticamente a germinação das sementes.

A época de semeadura varia de 15 de março (para o MS) até 15 de julho (em SC), e a quantidade de sementes entre 200 e 300 por metro quadrado.

LocalPeríodo de Semeadura
Região de Ijuí (RS)15 de maio a 15 de junho
Região de Passo Fundo (RS)15 de maio a 15 de junho
Região dos Campos de Cima da Serra (RS)15 de junho a 15 de julho
Região Sul do Paraná15 de maio a 15 de julho
Regiões Norte e Oeste do Paraná15 de março a 15 de maio
Região de Campos Novos e Lages (SC)15 de junho a 15 de julho
Região do Sul de São Paulo15 de abril a 30 de maio
Região do Mato Grosso do Sul15 de março a 15 de maio

(Fonte: Indicações técnicas para a cultura da aveia, 2014)

No Brasil é recorrente o uso de sementes piratas na semeadura da aveia e essa prática apresenta altos riscos que, muitas vezes, não são contabilizados pelo produtor. 

Entre esses perigos estão a contaminação das sementes por patógenos e pragas, sem contar possíveis sementes de daninhas que podem infestar a área e a baixa germinação que podem apresentar, afetando diretamente a produção.

O perfilhamento está diretamente relacionado com a produtividade da aveia, sendo que ao final do ciclo, os perfilhos mais jovens auxiliam no enchimento de grãos dos mais velhos.

Dessa forma, regiões mais quentes e semeaduras tardias requerem uma quantidade maior de sementes.

A recomendação de espaçamento é entre os 17 e 20 cm entre linhas com uma profundidade de deposição da semente entre 2 e 4 cm.

Manejo da cultura de aveia

A duração do ciclo da cultura de aveia varia entre 120 e 130 dias aqui no Brasil, mas podem chegar de 90 a 180 dias no mundo todo.

O desenvolvimento da aveia é dividido basicamente em quatro etapas: a fase vegetativa, a fase de transição, a fase reprodutiva e a fase de formação dos grãos.

Sendo que após a fase vegetativa (3 a 4 folhas e início do perfilhamento), é quando se inicia o controle químico em pós-emergência das plantas daninhas.

Os principais herbicidas registrados para a cultura da aveia são o 2,4 D e o metasulfuron, ambos recomendados para o controle de folhas largas.

O controle químico de azevém em campos de aveia ainda não é possível por meio dos herbicidas registrados disponíveis no Brasil.

Já para o manejo de pragas, o mais indicado é o tratamento de sementes (Imidacloprido e Tiodicarbe), que combate duas das principais pragas da aveia, os corós e os afídeos (ou pulgões)

Agora, as principais doenças que afetam a plantação de aveia são a ferrugem das folhas, a qual a aveia branca é mais susceptível, e a ferrugem dos colmos, que não tem grande incidência na região Sul, mas pode ter grande gravidade em condições de alta umidade e temperatura.

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Como fazer a colheita de grãos de aveia?

Na maturação, a plantação de aveia tolera altas temperaturas diurnas, baixas temperaturas noturnas e baixa umidade, permitindo a colheita e evitando a perda de grãos.

Para a produção de sementes, baixas temperaturas durante o desenvolvimento elevam os níveis de dormência das sementes.

Assim, a colheita da aveia deve ser realizada quando os grãos estão em condições de debulha (teor de água abaixo dos 20%) e a planta ainda está de pé.

A regulagem da colhedora é essencial, já que quando descascado, o grão ativa enzimas que causam a rancificação do produto. 

Para o fornecimento industrial, os grãos não devem receber chuvas após a maturação, a fim de evitar que eles adquiram coloração escura.

Vantagens da produção de forragem

A aveia forrageira é uma excelente opção para sistemas de produção que buscam manter a oferta de alimento para o gado durante o outono e o inverno, além de oferecer vantagens como:

  • Tolerância ao frio e geadas;
  • Resistência ao pisoteio;
  • Boa produção de massa verde (alta qualidade);
  • Boa rusticidade;
  • Existência de cultivares com diferentes ciclos de produção.

A cultura pode ser usada para corte verde, feno, silagem ou ainda pastejo, sendo a altura de entrada entre 25 e 30 cm e a altura de saída dos animais em torno dos 10 cm. 

Para produção de silagem, o ideal é realizar o corte das plantas inteiras com a matéria seca dos grãos entre 30% e 40% (ou seja 60% a 70% de umidade nos grãos).

Para implantar um pasto de aveia forrageira, o indicado é utilizar espaçamento de 17 cm entre linhas e populações com 350 plantas por metro quadrado.

Além de produzir forragem, esse sistema de plantio também pode ser utilizado para a produção de palha para o plantio direto. Sendo que a produção de matéria seca varia entre 3 e 6 toneladas.

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Redator Alasse Oliveira

Alasse Oliveira

Engenheiro-Agrônomo (UFRA/Pará), Técnico em Agronegócio (Senar/Pará), especialista em Agronomia (Produção Vegetal) e mestre em Fitotecnia pela (Esalq/USP).

Estratégia de Plantio: Lições para uma safra de sucesso

O último ano agrícola trouxe uma série de desafios para o produtor rural brasileiro, que apenas uma boa estratégia de plantio é capaz de ajudar.

Houve a presença de um clima mais imprevisível, marcado por eventos extremos, como as inundações no RS, períodos de seca e calor intenso em outras regiões.

Somado a isso, as flutuações do mercado e a pressão crescente nos custos de produção, exigem ainda mais atenção.

Não por acaso, a produção agrícola geral no Brasil em 2024 apresentou uma queda em comparação com 2023.

Diante de tudo isso, desenhar uma estratégia de plantio eficiente não é apenas uma opção, mas uma necessidade.

Como fazer um bom planejamento de plantio?

Um bom planejamento de plantio começa antes da semeadora entrar no campo. O primeiro passo é analisar os sucessos, os erros e os problemas que aconteceram nas últimas safras.

Questionar quais áreas tiveram melhor desempenho, onde a produtividade ficou abaixo do esperado ou quais pragas ou doenças causaram mais dor de cabeça, também devem entrar na análise.

Busque conhecer o histórico detalhado da área de plantio, como as correções de solo feitas, sistemas de cultivo anteriores e defensivos aplicados. Tudo isso ajuda a antecipar desafios e otimizar o manejo.

Com base nisso, você pode começar a montar uma estratégia de plantio com dados confiáveis, envolvendo:

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Estratégias de plantio: Planejamento financeiro

Dentro das estratégias de plantio, o planejamento financeiro não pode ficar de fora, já que é importante avaliar a saúde financeira da fazenda (investimentos, dívidas, fluxo de caixa).

Junto disso, é preciso analisar as perspectivas do mercado para as culturas que você pretende plantar, bem como os preços esperados para os insumos.

A tendência de racionalização de custos, impulsionada por margens mais apertadas, torna essa análise ainda mais relevante.

Com base nesse diagnóstico, crie um orçamento detalhado, especificando como os recursos serão alocados em cada etapa do manejo, desde a compra de sementes até a colheita.

Apenas com isso feito, o planejamento de plantio pode entrar em ação, mas acompanhado do plano operacional e o cronograma agrícola.

O plano operacional detalha cada atividade, especificando os insumos necessários e a mão de obra envolvida.

Já o cronograma agrícola estabelece as datas ou janelas ideais para cada etapa: preparo do solo, plantio, adubação, pulverizações e colheita.

O planejamento de plantio é uma maneira de aumentar a produtividade em condições ideais, sendo usado como uma ferramenta de gestão de riscos.

Diante da crescente volatilidade climática e das pressões de custos, cada etapa funciona como uma medida proativa para mitigar incertezas.

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Checklist da Estratégia de Plantio

Etapa do PlanejamentoDescrição
Análise da Safra AnteriorIdentificar erros, problemas e sucessos para aprender e ajustar.
Histórico da ÁreaConhecer manejo passado, pragas/doenças comuns, correções de solo.
Planejamento com DadosBasear decisões em análise de solo, dados climáticos, mapas, relatórios.
Definição de MetasEstabelecer objetivos claros (produtividade, custos, manejo, qualidade).
Análise FinanceiraAvaliar saúde financeira da fazenda e perspectivas de mercado/custos.
Orçamento DetalhadoEspecificar gastos previstos para cada etapa do manejo.
Plano OperacionalDetalhar o quê, como, quando fazer cada operação, incluindo insumos e mão de obra.
Cronograma AgrícolaDefinir datas/janelas para as principais atividades da lavoura.
Avaliação TecnológicaVerificar quais tecnologias podem otimizar o planejamento e a execução.

Quais tecnologias ajudam na estratégia de plantio?

O uso da tecnologia é uma estratégia de plantio que pode fazer muita diferença, permitindo uma uma forma de agir mais precisa.

A agricultura de precisão, por exemplo, deixou de ser uma tendência e virou uma realidade em muitas propriedades, melhorando cada etapa do cultivo.

Entre essas tecnologias que estão ganhando espaço, podemos destacar:

  • Drones: Usados para monitoramento das lavouras, identificação de falhas de plantio, áreas com estresse hídrico ou ataque de pragas;
  • Sensores de solo e clima: Coletam dados em tempo real sobre umidade, temperatura, níveis de nutrientes, ajudando a tomar decisões mais assertivas sobre irrigação e adubação;
  • Sistemas de navegação por satélite (GPS): Ajudam no piloto automático de máquinas, plantio em linhas precisas e aplicação localizada de insumos;
  • Inteligência Artificial (IA): Analisa grandes volumes de dados (climáticos, de solo, de imagens) para gerar recomendações, prever riscos e otimizar o manejo;
  • Plataformas de gestão agrícola: Softwares de gestão rural e aplicativos, como o Climate FieldView™ ou soluções baseadas em satélite , integram dados de fontes diferentes, geram mapas de produtividade, diagnósticos da saúde da lavoura e até prescrições para aplicação de sementes e fertilizantes em taxa variável.

Os benefícios dessas tecnologias estão relacionados ao aumento da produtividade, uso mais eficiente de recursos como água e fertilizantes e melhoria na qualidade final da colheita.

Como aplicar uma estratégia de recuperação no plantio?

Os desafios climáticos são uma realidade cada vez mais presente na agricultura brasileira.

Eventos como as enchentes devastadoras no Rio Grande do Sul em 2024, os longos períodos de estiagem e ondas de calor reforçam a necessidade de construir lavouras mais resilientes.

Uma estratégia de plantio para recuperação eficaz combina ações emergenciais com práticas de manejo de longo prazo. Veja:

Após eventos extremos: Enchentes

Quando as águas baixam ou a seca severa passa, a recuperação do solo exige algumas cuidados e técnicas específicas, como:

  1. Avaliação detalhada: Para avaliar a extensão dos danos, mapear as áreas afetadas por erosão ou deposição de sedimentos, além de verificar a presença de restos vegetais, lixo ou entulho;
  2. Limpeza e manejo de sedimentos: Remova os detritos que não puderem ser misturados ao solo. Sedimentos com menos de 10 cm podem ser incorporados com aração ou gradagem. Já camadas mais espessas devem ser espalhadas para reduzir a espessura ou descartadas em locais adequados. Evite máquinas pesadas em solo úmido para não causar compactação;
  3. Análise química do solo pós-evento: Após a limpeza inicial, colete amostras de solo para cada área com diferentes níveis de impacto. A análise química vai indicar a necessidade de correção da acidez (pH) e a disponibilidade de nutrientes;
  4. Correção da fertilidade: As recomendações de calagem e adubação devem ser baseadas nos resultados da análise de solo. Aplicar insumos sem essa base pode ser ineficaz e gerar custos desnecessários;
  5. Reparo da Erosão: Sulcos rasos podem ser corrigidos com preparo do solo conservacionista (em nível). Grandes sulcos e voçorocas podem exigir terraplanagem e revegetação com espécies adequadas para estabilizar a área;
  6. Atenção à compactação: O movimento da água pode causar compactação superficial, dificultando a infiltração e o desenvolvimento das raízes. Em casos leves, o preparo do solo e a atividade biológica podem ajudar na recuperação.
Compactação do solo: como evitar e corrigir em sua propriedade

Construindo resiliência a longo prazo

Tão importante quanto a recuperação imediata é a adoção de práticas que tornem a lavoura menos vulnerável a futuros eventos climáticos, como:

  • Sistema plantio direto: Ao evitar o revolvimento e manter o solo coberto com palhada, o sistema de plantio direto protege contra a erosão, melhora a infiltração de água, aumenta a matéria orgânica e pode reduzir custos a longo prazo;
  • Agricultura regenerativa: Um conjunto de práticas focadas na saúde do solo, incluindo rotação de culturas e uso de plantas de cobertura, que aumenta a resistência e recuperação de estresse do solo;
  • Plantas de cobertura: Espécies como leguminosas e gramíneas que protegem o solo do impacto da chuva, suprimem plantas daninhas, adicionam matéria orgânica e melhoram a estrutura do solo;
  • Manejo eficiente da água: Investir em técnicas de captação e armazenamento de água da chuva, sistemas de irrigação eficientes e sistemas de drenagem adequados são aliados para lidar com excesso e falta de água;
  • Sistemas Integrados (SAF/ILPF): A integração de árvores com lavouras e/ou pastagens (Sistemas Agroflorestais ou Integração Lavoura-Pecuária-Floresta) cria sistemas mais complexos e resilientes, que regulam o microclima, protegem o solo, sequestram carbono e diversificam a renda;
  • Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC): Use as informações do ZARC para definir as culturas e datas de plantio mais seguras, reduzindo os riscos climáticos na sua região.

Crises como grandes enchentes podem acelerar mudanças positivas. A recuperação de áreas degradadas é uma chance de revisar o manejo e adotar sistemas mais resilientes e sustentáveis.

Em vez de apenas restaurar o que foi perdido, é possível avançar para uma agricultura mais preparada, com foco na saúde do solo e na resiliência a longo prazo.

Como avaliar novas terras para a estratégia de plantio?

Expandir a área de cultivo ou iniciar uma nova estratégia de plantio exige mais do que encontrar um terreno disponível.

A metodologia para prospecção estratégica de terras para plantio deve ir além da simples análise de preço, já que faz parte da estratégia de plantio. Veja os critérios de avaliação:

1. Análise de solo completa

Realizar análises químicas e físicas detalhadas revela o potencial produtivo, as necessidades de correção, adubação, textura, estrutura e a capacidade de retenção de água do solo.

Alguns programas, como o PronaSolos, buscam fornecer informações mais detalhadas sobre os solos brasileiros.

2. Logística e Infraestrutura

Avaliar a localização em relação a vias de acesso, facilidade de transporte da produção, proximidade de mercados consumidores ou unidades de processamento/armazenamento.

Também é importante considerar a qualidade das estradas, a disponibilidade de serviços logísticos na região, a presença de energia elétrica, conectividade e acesso à assistência técnica.

Esses fatores influenciam nos custos operacionais, a eficiência na distribuição e a competitividade do negócio.

3. Aspectos legais e ambientais

Avalie se a área está de acordo com o zoneamento agrícola (ZARC) e o Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE).

Verifique a regularidade da documentação, a existência de passivos ambientais e o cumprimento das legislações vigentes, como a manutenção da Reserva Legal (RL) e das Áreas de Proteção Permanente (APPs).

Também é importante analisar a disponibilidade hídrica e, se for o caso, a necessidade de uma autorização legal para uso de água na irrigação.

4. Histórico de uso

Investigar o uso anterior da terra pode revelar informações sobre possíveis contaminações, compactação preexistente ou problemas de manejo anteriores.

Em um cenário de mudanças climáticas, a avaliação estratégica de terras assume uma nova dimensão: de avaliar o potencial de resiliência futura.

O agronegócio representa cerca de 20% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, demonstrando a imensa força e importância do campo para a economia nacional.

Além de alimentar o Brasil, o setor é um gigante na exportação mundial de produtos como soja, café, açúcar e suco de laranja. Neste sentido, montar uma estratégia de plantio vai muito além da sua fazenda.

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Mathias Bergamin

Engenheiro Agrônomo (UFRGS, Kansas State) e especialista de Novos Negócios na Aegro. Reconhecido como referência em Agricultura Digital, especialização em administração, gestão rural, plantas de lavoura.

Sementes Certificadas: Veja as Novas Regras

A cada nova safra, o produtor rural se depara com uma decisão importante: a escolha da semente.

Essa escolha pode ser determinante para a lavoura, já que impacta o potencial produtivo, a sanidade e rentabilidade da propriedade.

O cenário regulatório brasileiro para sementes é complexo e está em constante evolução e entender essas regras evita problemas legais e garante a qualidade do insumo.

Nesse contexto, as sementes certificadas surgem como um elemento principal, oferecendo garantias e origem.

Existem várias opções disponíveis no mercado, como as sementes S1/S2, as crioulas e, infelizmente, as ilegais (piratas), cada uma com suas próprias regras e implicações.

O que são sementes certificadas?

As sementes certificadas são aquelas que passaram por um processo de produção, controle e certificação oficial garantindo a sua alta qualidade genética, física, fisiológica e sanitária.

Segundo a definição oficial do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), a certificação de uma semente é um processo longo, que inclui conhecer a origem genética do material e controlar as gerações de multiplicação.

O processo de certificação envolve inspeções rigorosas nos campos onde as sementes são produzidas, seguindo normas técnicas detalhadas pelo MAPA.

Essas inspeções verificam o isolamento da área, a pureza varietal, a sanidade das plantas, entre outros aspectos.

Dentro da classe certificada, existem categorias como Básica, Certificada de Primeira Geração (C1) e Certificada de Segunda Geração (C2), que indicam a linhagem e o número de multiplicações a partir da semente genética original.  

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Por que as sementes certificadas são importantes?

A semente é o primeiro passo de qualquer safra. Se ela não for de qualidade, todo o resto pode ficar comprometido.

É neste momento entra a importância das sementes com certificados, garantindo bom desempenho, segurança e previsibilidade.

Por mais sejam mais caras, as sementes certificadas são um investimento mais que necessário para alcançar melhores resultados no campo. Entenda:

  1. Maior potencial produtivo: Devido ao alto poder de germinação, vigor e pureza, as sementes formam lavouras mais uniformes e com maior teto produtivo;
  2. Melhor qualidade e lucratividade: Lavouras mais uniformes e saudáveis geram grãos de melhor qualidade, que podem ser vendidos por um preço maior;
  3. Garantia genética e pureza varietal: A certificação garante que o produtor está plantando exatamente a cultivar escolhida, com todas as suas características preservadas;
  4. Rastreabilidade e suporte técnico: Conhecer a origem da semente e quem a certificou dá segurança de a quem recorrer em caso de dúvidas ou problemas;
  5. Segurança fitossanitária: O controle rigoroso na produção reduz o risco de introduzir pragas, doenças ou sementes de plantas daninhas na sua área;

O investimento que nas sementes certificadas retorna, em parte, para as empresas de melhoramento genético.

Isso financia a pesquisa e o desenvolvimento de novas cultivares, mais produtivas, resistentes a doenças e adaptadas às condições locais.

Ou seja, além de gerar mais lucro, esses insumos contribuem para a evolução tecnológica da agricultura.  

O que são sementes piratas? Por que não devem ser usadas?

Em contraste direto com os benefícios das certificadas, estão as chamadas sementes piratas.

Estas são produzidas e comercializadas ilegalmente, sem qualquer controle ou certificação, geralmente no mercado informal.

O uso dessas sementes é um grande risco para a qualidade da lavoura e para a parte financeira da fazenda, além de causar outros problemas, como:

  • Mistura de cultivares: É comum que lotes piratas tenham misturas de diferentes variedades, resultando em lavouras desuniformes, com plantas de ciclos e portes diferentes, dificultando o manejo e a colheita.  
  • Disseminação de plantas daninhas: Podem carregam sementes de plantas daninhas de difícil controle, infestando a área e aumentando os custos com herbicidas.  
  • Contaminação por doenças e pragas: Podem introduzir doenças e pragas, transmitidas pelas próprias sementes ou por partículas de solo aderidas;
  • Baixa germinação e vigor: A qualidade fisiológica é incerta. Baixa germinação e baixo vigor levam a falhas no estabelecimento da lavoura, impactando a produtividade final;
  • Falta de garantia e problemas legais: Os insumos sem certificação não oferecem garantia de qualidade de semente ou identidade varietal.
  • Prejuízo à Inovação: A pirataria desestimula o investimento em pesquisa, pois as empresas não recebem o retorno devido pelo desenvolvimento de novas tecnologias.  

Ao avaliar o custo inicial de uma semente pirata, que pode parecer menor, considere os múltiplos riscos associados, como a disseminação de doenças ou a baixa germinação, que resultam em perdas de produtividade ou aumento nos custos de manejo.

Por outro lado, as sementes certificadas, mesmo com um preço maior, vêm com garantias de qualidade e sanidade que minimizam esses riscos e atingem o potencial produtivo da cultivar.

Além disso, o combate à pirataria e a preferência por sementes certificadas são importantes mas para a sustentabilidade de todo o sistema de inovação agrícola no Brasil.

Como se preparar para as principais pragas agrícolas

Quais as novas regras afetam o uso de sementes certificadas?

A base legal que organiza todo o setor de sementes e mudas no Brasil é a Lei nº 10.711, de 2003, conhecida como Lei de Sementes, regulamentada pelo Decreto nº 10.586, de 2020.

Juntos, estabelecem o Sistema Nacional de Sementes e Mudas (SNSM), que define as regras para registros obrigatórios, produção, certificação, análise, comercialização e fiscalização.

É um sistema complexo, mas fundamental para garantir a identidade e a qualidade do material que chega ao campo.  

Recentemente, algumas atualizações trouxeram mudanças práticas para o dia a dia. A Portaria MAPA nº 538, de 20 de dezembro de 2022 consolidou e alterou algumas normas.

Em vigor desde 1º de março de 2023, as mudanças trazidas pela Portaria 538, incluem:

1. Simplificações burocráticas

Houve uma simplificação na documentação exigida para o registro dos campos de produção de sementes.

Além disso, foi eliminada a necessidade de autorização prévia do MAPA para o transporte de sementes entre diferentes estados, desde que a carga esteja acompanhada do comprovante de inscrição do campo no MAPA e a nota fiscal detalhada.  

2. Novas regras para Semente Salva

A prática de guardar parte da colheita para usar como semente na safra seguinte (“salvar semente”) é um direito do produtor, mas a Portaria 538/2022 trouxe regras mais claras e exigências adicionais:

  • Declaração obrigatória no Sigef: A “Declaração de Uso Próprio” deve ser feita pelo Sistema de Gestão da Fiscalização (Sigef), plataforma online do MAPA, no momento do plantio, informando a área que cultivada com a semente salva;
  • Comunicação pós-colheita: É a obrigatoriedade de informar no Sigef o peso final das sementes que foram reservadas (salvas) para o plantio seguinte. Isso deve ser feito em até 90 dias após o fim da colheita;  
  • Definição da reserva técnica: O produtor pode ter uma reserva técnica de sementes salvas de até 10% da quantidade total necessária para o plantio da área declarada, para cobrir necessidades de replantio.  
  • Transporte entre propriedades: A solicitação para transportar sementes salvas entre diferentes propriedades rurais do mesmo titular agora é feita na Declaração de Uso Próprio no Sigef;
  • Royalties e biotecnologia: Se a cultivar tiver tecnologia protegida, como transgênicos, o pagamento de royalties à empresa detentora é obrigatório;
  • Impacto no seguro rural: A Declaração de Uso Próprio é exigida para contratar o seguro agrícola. Nem todas as seguradoras cobrem lavouras com sementes salvas.

3. Análise de sementes (RAS)

O MAPA atualizou as Regras para Análise de Sementes (RAS), que definem os métodos oficiais usados por laboratórios credenciados para avaliar a qualidade física e fisiológica das sementes.

Essa atualização modernizou os métodos, se alinhando aos padrões internacionais, como ISTA e AOSA, adaptando à realidade da agricultura tropical.

Além disso, trouxe mais clareza em pontos que geravam dúvidas nos laboratórios, incluindo mudanças como:

  • Atualização dos nomes científicos;
  • Inclusão de culturas como quinoa e chia;
  • Regras mais claras para misturas de sementes;
  • Revisões nos procedimentos de amostragem.

Apesar de voltadas aos laboratórios, essas mudanças garantem resultados mais confiáveis no Boletim de Análise de Sementes — documento que comprova a qualidade dos lotes.

Diversas mãos segurando diferentes tipos de sementes crioulas, com variedade de cores, formas e tamanhos, representando a diversidade agrícola preservada por comunidades tradicionais.
Fonte: Brasil de fato

4. Avanço no controle e formalização

Essas atualizações fazem parte de um movimento maior do MAPA para reforçar o controle e a rastreabilidade do sistema de sementes.

A Portaria 538, por exemplo, detalha as exigências para o uso de semente salva e a obrigatoriedade do registro no Sigef.

Já a atualização das RAS melhora a padronização e confiabilidade das análises. Com isso, o MAPA fortalece o mercado formal, especialmente o de sementes certificadas.

Como as regras se aplicam aos diferentes tipos de sementes?

A legislação brasileira classifica as sementes em diferentes categorias, como sementes certificadas, sementes fiscalizadas, sementes S1/S2 e sementes salvas.

Cada uma delas segue regras específicas quanto à produção, comercialização e uso. Veja os detalhes abaixo:

Sementes crioulas

São variedades desenvolvidas e mantidas por agricultores familiares, assentados, indígenas e comunidades tradicionais.

Essas sementes são reconhecidas pela Lei 10.711/2003 e não podem ser transgênicas ou resultado de hibridação industrial.

A lei isenta agricultores familiares, assentados e indígenas para multiplicar, trocar ou vender sementes crioulas entre si, mas proíbe que programas públicos restrinjam o seu uso.

Mesmo com as isenções, quem cultiva sementes crioulas pode enfrentar barreiras, como a falta de acesso ao seguro agrícola, que exige cultivares registradas no RNC e no Zoneamento Agrícola.

Para resolver esse problema, o Projeto de Lei 2190/2023 propõe liberar a troca, comercialização e envio dessas sementes entre comunidades rurais e indígenas, fortalecendo a agrobiodiversidade e a autonomia desses grupos.

Sementes transgênicas

Antes de qualquer uso comercial, sementes geneticamente modificadas (transgênicas), passam por uma avaliação de biossegurança feita pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio).

A CTNBio analisa os potenciais riscos à saúde humana, animal e ao meio ambiente, emitindo um visto técnico sobre sua segurança.  

Somente após a liberação pela CTNBio é que a cultivar transgênica pode ser registrada no RNC pelo MAPA. A partir daí, sua produção e comercialização seguem as mesmas regras gerais da Lei 10.711 e as regulamentações.

Muitas sementes certificadas tem biotecnologias com resistência a pragas ou tolerância a herbicidas, sendo ferramentas importantes na agricultura moderna.  

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Sementes inoculadas

A Instrução Normativa 13/2011 do MAPA regula o inoculante, produto com microrganismos benéficos, como o Rhizobium.

A norma define especificações de qualidade, concentração mínima de microrganismos, garantias, regras para registro do produto no MAPA, embalagem e rotulagem.

A lei não regula diretamente a “semente inoculada”, mas sim o insumo que aplicado a ela, que é o responsável pela saúde da safra.

Sementes selecionadas (Categorias S1 e S2)

As sementes S1 e S2 são da classe não certificada, conhecidas informalmente como “semente fiscalizada” antes da legislação atual.  

A S1 pode ser obtida pela multiplicação de sementes da classe certificada (Genética, Básica, C1 ou C2). Já a S2 pode vir da multiplicação da S1 ou de qualquer categoria certificada.

A duas podem ser produzidas por produtores inscritos no Renasem e atender a padrões mínimos de qualidade, que são verificados por análises em laboratório.

As sementes S1 e S2 não passam pelo mesmo processo rigoroso de controle de qualidade em todas as etapas que caracteriza a semente certificada.

Na prática, isso significa que oferecem uma garantia inferior à das certificadas, especialmente em relação à pureza varietal e ao potencial genético.

Por conta disso, podem ter um custo inicial menor, mas o produtor assume um risco maior em relação ao desempenho da lavoura.  

Tipos de sementes no Brasil

CaracterísticaSemente Certificada (C1/C2)Semente Não Certificada (S1/S2)Semente CrioulaSemente Pirata
Garantia de QualidadeAlta (MAPA/Certificadora)Média (Padrões mínimos)Variável (Conhecimento local)Nenhuma
Pureza Genética/VarietalAlta (Controlada)Média (Menor controle)Variável (Adaptada localmente)Baixa / Mistura
RastreabilidadeSim (Obrigatória)LimitadaGeralmente Não (Comunitária)Não
Controle de ProduçãoRigoroso (Todas as etapas)Básico (Foco no produto final)Tradicional / ComunitárioNenhum / Ilegal
Risco FitossanitárioBaixoMédioVariávelAlto
Legalidade (Comércio)SimSim (Dentro das regras)Restrita (Entre grupos isentos)Não (Ilegal)
Potencial ProdutivoAltoMédio / AltoVariável (Adaptado ao local)Baixo / Incerto
Custo Inicial (Médio)Mais altoIntermediárioBaixo / TrocaMais baixo (aparente)

O Brasil é considerado um dos líderes globais em tecnologia de sementes, especialmente em adaptações para condições tropicais e resistência a pragas.

Grande parte desse avanço é resultado dos investimentos em pesquisa e melhoramento genético, graças ao sistema formal de produção e comercialização de sementes certificadas.

Ao optar por sementes legais e de qualidade, você não só protege sua lavoura, mas também contribui para a continuidade dessa inovação.  

Mathias Bergamin

Engenheiro Agrônomo (UFRGS, Kansas State) e especialista de Novos Negócios na Aegro. Reconhecido como referência em Agricultura Digital, especialização em administração, gestão rural, plantas de lavoura.

Crédito Rural 2025: Tudo o que o produtor precisa saber

O crédito rural é a principal demanda dos produtores rurais do Brasil. Mas acessá-lo não é uma tarefa simples, por vários motivos.

O principal deles é a falta de conhecimento sobre as normas do MCR (Manual do Crédito Rural). Recentemente, o Banco Central reduziu em mais da metade a quantidade de regras do MCR.

A tendência é ocorrer redução da burocracia no acesso ao crédito, juros menores e liberação de recursos em menor tempo. 

Veja neste artigo as mudanças no MCR e do que você precisa para acessar o crédito rural de forma direta (bancos oficiais) ou indireta (bancos privados, cooperativas, agfintechs, etc.).

O que é o crédito rural?

O crédito rural é um financiamento para produtores rurais, cooperativas e associações, com o objetivo de custear atividades agropecuárias, investimentos em infraestrutura, comercialização e industrialização de produtos agrícolas.

Sua função é garantir a produção de alimentos, modernizar o campo e promover o desenvolvimento sustentável no meio rural.​

A partir disso, são oferecidas diferentes modalidades de crédito rural, cada uma voltada para uma finalidade específica:​

  • Custeio: Financia despesas relacionadas à produção agrícola ou pecuária;
  • Investimento: Destinado à aquisição de máquinas, equipamentos e melhorias na propriedade.;
  • Comercialização: Apoia a venda e o armazenamento da produção.;
  • Industrialização: Voltado para o processamento de produtos agropecuários.

Como o crédito rural funciona?

O crédito rural faz parte do Plano Safra e visa o desenvolvimento econômico e social do setor rural.

Existe verba para custeio do ciclo produtivo, investimento na propriedade, comercialização ou industrialização de produtos.

Em outras palavras: disponibiliza recursos para custear e investir na lavoura em si, mas também em bens e serviços relacionados. 

Os recursos vêm do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e de fundos constitucionais, entre outros, como você vê na imagem abaixo:

Ilustração de como funciona o crédito rural

Ilustração de como funciona o crédito rural
(Fonte: Banco Central do Brasil)

Quem tem direito ao crédito rural?

O crédito rural está disponível para diferentes perfis de produtores, desde os pequenos agricultores até os grandes empreendimentos rurais. Veja como funciona o enquadramento:

  • Agricultores familiares: Com renda bruta anual de até R$ 360 mil, enquadrados no Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf).;
  • Médios produtores: Com renda bruta anual entre R$ 360 mil e R$ 1,76 milhão, atendidos pelo Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp).​
  • Grandes produtores: Com renda bruta anual acima de R$ 1,76 milhão.​

Para acessar o crédito, é precisar apresentar documentos como CPF, comprovante de residência, inscrição estadual, projeto técnico (quando exigido) e, no caso do Pronaf, a Declaração de Aptidão (DAP) ou o Cadastro Nacional da Agricultura Familiar (CAF).​

Qual é o principal objetivo do crédito rural?

O principal objetivo do crédito rural é impulsionar o desenvolvimento sustentável da agropecuária brasileira.

Por meio do acesso facilitado a recursos financeiros, o crédito permite que o produtor rural invista em sua propriedade, aumente a produtividade, modernize seus equipamentos e melhore as condições de trabalho no campo.

Mas o impacto vai além da porteira. O crédito também contribui para a geração de emprego e renda nas comunidades rurais, promovendo inclusão social e movimentando a economia local.

Com esses recursos, é possível planejar melhor a produção, enfrentar períodos de entressafra, implementar inovações tecnológicas e até investir em práticas de preservação ambiental.

Além de financiar a produção, o crédito rural ajuda a garantir a segurança alimentar no país. Mais que um recurso financeiro, é uma política estratégica para o desenvolvimento econômico, social e ambiental do campo.

Quais são os tipos de crédito rural disponíveis em 2025?

Em 2025, diversas linhas de crédito rural estão disponíveis para atender às necessidades dos produtores:​

  • Proirriga: Voltado para projetos de irrigação e uso eficiente da água;
  • Pronaf Custeio: Financia despesas com insumos, sementes, fertilizantes e outros custos de produção;
  • Pronaf Investimento: Apoia a aquisição de máquinas, equipamentos e melhorias na propriedade;
  • Pronaf Mais Alimentos: Voltado para a modernização da agricultura familiar, com foco em sustentabilidade;
  • Pronamp: Atende médios produtores, financiando custeio e investimento;
  • Moderfrota: Financia a aquisição de tratores, colheitadeiras e implementos agrícolas;
  • Inovagro: Apoia a adoção de tecnologias inovadoras no campo;
  • PCA (Programa para Construção e Ampliação de Armazéns): Financia a construção e ampliação de estruturas de armazenamento.​

Tabela comparativa de linhas de crédito rural em 2025

Linha de CréditoFinalidadeTaxa de Juros AnualLimite de Financiamento
Pronaf CusteioDespesas de produção2% a 3%Até R$ 250 mil
Pronaf InvestimentoAquisição de bens e melhorias3% a 4%Até R$ 420 mil
Pronaf Mais AlimentosModernização e sustentabilidade2,5% a 5%Até R$ 450 mil
PronampCusteio e investimento para médios produtores8%Até R$ 600 mil
ModerfrotaAquisição de máquinas e equipamentos10,5% a 11,5%Conforme projeto
InovagroTecnologias inovadoras no campo10,5%Até R$ 2 milhões (individual) / R$ 6 milhões (coletivo)

Quem concede o crédito rural?

O crédito rural é disponibilizado por instituições financeiras autorizadas pelo Banco Central a operar com recursos do setor agropecuário. 

As mais conhecidas e acessadas pelos produtores são o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), além de cooperativas de crédito como a Sicredi, Cresol e outras instituições regionais e privadas.

Cada uma dessas entidades pode trabalhar com linhas específicas de financiamento, de acordo com as regras estabelecidas pelo Plano Safra, que é divulgado anualmente pelo governo federal.

Essas regras definem o limite de financiamento, as taxas de juros e os prazos de pagamento para cada tipo de crédito.

É preciso que você avalie com atenção as opções de crédito, considerando a cultura financiada, o ciclo produtivo, a renda esperada, os riscos e o retorno do investimento.

Contar com uma cooperativa ou consultor técnico ajuda na escolha da linha de crédito ideal e da instituição mais confiável, garantindo mais segurança e eficiência no uso dos recursos na propriedade.

Crédito rural: como funciona e o que você precisa saber para obter

Benefícios do crédito rural

O principal benefício que o crédito rural proporciona é que você não vai precisar fazer grandes investimentos com seu próprio dinheiro, ao menos inicialmente.

Com carência de até três ou quatro safras (dependendo da cultura), você ganha tempo para se estruturar antes de começar a pagar.

O valor disponível varia conforme o seu perfil: pequeno, médio ou grande produtor, com cada categoria tendo acesso a linhas específicas, com limites, prazos e taxas de juros definidos.

Com o crédito rural, é possível investir em:

  • Tecnologias;
  • Práticas sustentáveis;
  • Geração e energia;
  • Custeio da produção;
  • Realização de obras de infraestrutura (armazéns, por exemplo).

Como solicitar o crédito rural?

A solicitação do crédito rural é por meio de um agente financeiro, que pode ser público ou privado, cooperativas de crédito e agfintechs.

Se você é pequeno produtor, deve ir primeiro a uma instituição credenciada pelo Governo Federal para emitir a DAP (Declaração de Aptidão ao Pronaf), e depois ao banco.

Documentos necessários para solicitação do crédito rural

  • Cópia da matrícula da propriedade;
  • Declaração do ITR (Imposto Territorial Rural);
  • CCIR (Certificado de Cadastro de Imóvel Rural), emitido pelo Incra;
  • Outorga de água (para áreas irrigadas que exigem esse documento);
  • Declaração ou Cadastro Ambiental Rural (em alguns estados);
  • DAP (para pequenos produtores).

A liberação do crédito também exige algumas garantias por parte dos bancos. São exemplos o penhor agrícola, alienação fiduciária, hipoteca e aval.

Mudanças nas normas do MCR 

Em 1º de abril de 2025, o Banco Central do Brasil publicou a Atualização MCR nº 741, que consolida as normas do Manual de Crédito Rural (MCR) em 779 atos normativos, reduzindo o número de 1.692 comandos anteriores.

Além disso, 376 normas foram revogadas, simplificando o arcabouço regulatório. ​Essa iniciativa faz parte de uma política do governo federal para racionalizar e simplificar a regulação infralegal.

Com a consolidação e revogação de normas em desuso, o MCR agora organiza as diretrizes em cinco grandes macrotemas:​

  1. Princípios, Conceitos Básicos e Operações Aplicáveis ao Crédito Rural
    Resolução CMN nº 4.883, de 23 de dezembro de 2020
  2. Regras dos Financiamentos do Pronaf, Pronamp, Funcafé e Programas com Recursos do BNDES
    Resolução nº 4.889, de 26 de fevereiro de 2021
  3. Linhas para Atendimento de Finalidades Especiais da Política Agrícola
    Resolução CMN nº 4.900, de 25 de março de 2021
  4. Taxas de Juros e Limites de Crédito do Crédito Rural, Exigibilidades do Crédito Rural e Condições Específicas Aplicáveis às Operações Financiadas com Recursos dos Direcionamentos dos Depósitos à Vista, da Poupança Rural e das Letras de Crédito do Agronegócio
    Resoluções CMN nº 4.899 e nº 4.901, ambas de 25 de março de 2021
  5. Regras Referentes ao Proagro
    Resolução CMN nº 4.902, de 25 de março de 2021

Essas atualizações foram feitas proporcionar maior clareza e eficiência na concessão de crédito rural, facilitando o acesso dos produtores às linhas de financiamento disponíveis.

Segundo o Banco Central, a ação faz parte de uma política que vale para toda a Administração Pública.

Banner do Guia de Crédito Rural. à esquerda a descrição do ebook e à direita uma foto com moedas e uma planta.

Financiamento de Plantio 2025: Tire todas as Dúvidas

O financiamento de plantio é uma forma de viabilizar seus projetos e impulsionar a produtividade no campo.

Essa linha de crédito cobre boa parte dos custos da produção agrícola antes da colheita e da geração de receita.

Ou seja, mesmo antes de vender a safra, você precisa investir pesado, e o financiamento surge como um opção de antecipar esse capital.

Se você é produtor rural e busca entender melhor como custear sua próxima safra, este conteúdo é para você. Acompanhe!

O que é financiamento de plantio?

O financiamento de plantio, também conhecido como custeio agrícola, custeio rural ou custeio agropecuário, é usado para cobrir as despesas operacionais do ciclo produtivo.

É como se fosse um capital de giro da sua lavoura, que permite financiar os gastos para levar a produção adiante, desde a compra de insumos até a colheita ou o manejo dos animais.  

Mas o que exatamente o custeio pode cobrir? A lista é variada e busca atender às necessidades rotineiras da produção, como:

  • Na agricultura: Compra de sementes, fertilizantes, defensivos, mudas, gastos com preparo do solo, plantio, tratos culturais e colheita;
  • Na pecuária: Aquisição de ração, sal mineral, medicamentos veterinários, vacinas, inseminação artificial, e até a compra de animais para recria e engorda (em alguns casos);
  • Outras despesas: Em algumas linhas, pode cobrir até pequenos investimentos ligados ao ciclo, como a aquisição de silos (com limites percentuais sobre o valor do custeio).  

Algumas linhas de custeio, como as oferecidas pelo Banco do Brasil, podem financiar até 100% do orçamento apresentado, garantindo que você tenha acesso aos melhores insumos para um ciclo produtivo bem-sucedido.

Essa possibilidade de financiar a totalidade dos custos operacionais alivia o fluxo de caixa, mas exige um planejamento financeiro cuidadoso para gerenciar o endividamento e garantir o pagamento após a venda da produção.  

Planilha de controle de endividamento rural

Principais tipos de crédito rural para custeio em 2025

Para a safra 2025, as condições de crédito rural são definidas pelo Plano Safra 2024/2025, a principal política do governo federal para o setor.

Anualmente, o Plano Safra estabelece os volumes de recursos disponíveis, as taxas de juros, os prazos e os públicos prioritários para o financiamento agropecuário.

Para o ciclo 2024/2025, foi anunciado um volume recorde de R$ 475,5 bilhões no total, sendo R$ 76 bilhões destinados especificamente à agricultura familiar (Pronaf) e R$ 400,59 bilhões para a agricultura empresarial (incluindo médios produtores via Pronamp).  

Dentro desse universo, se destacam alguns programas e tipos de linhas de crédito para custeio. Os principais são:

1. Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar)

O Pronaf é destinado para agricultores familiares que se enquadram em alguns critérios legais, sendo eles:

  • Ter Cadastro Nacional da Agricultura Familiar (CAF) ativo;
  • Respeitar o limite de Renda Bruta Familiar Anual (RBFA);
  • Possuir a maior parte da renda vinda da atividade agropecuária;
  • Usar mão de obra predominantemente familiar;
  • Ter área de até 4 módulos fiscais.

O Pronaf é a principal fonte de crédito para pequenos produtores, com as menores taxas de juros do mercado, subsidiadas pelo governo.

As taxas variam conforme o tipo de produção, sendo menores para alimentos básicos e agroecológicos.

Já os limites de financiamento são voltados à agricultura familiar, público-alvo do programa, reconhecido como essencial para seu desenvolvimento no Brasil.

Crédito rural: como funciona e o que você precisa saber para obter

2. Pronamp (Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural)

Produtores rurais cuja Renda Bruta Anual (RBA) ultrapassa o teto do Pronaf, mas se mantém dentro do limite estabelecido para o Pronamp (atualmente R$ 3 milhões). É preciso ter no mínimo 80% da renda originária da atividade agropecuária.  

O Pronamp oferece condições de financiamento mais vantajosas que as linhas de mercado com recursos livres, mesmo com juros amiores aos do Pronaf.

Para o Plano Safra 2024/2025, a taxa de juros para custeio e comercialização no Pronamp foi fixada em 8% ao ano. O limite de financiamento para custeio é de R$ 1,5 milhão por ano agrícola.  

3. Linhas de Crédito de Bancos (Públicos/Privados) e Cooperativas (Recursos Livres/Outros)

Produtores rurais de todos os portes podem acessar crédito rural para financiamento de plantio, conforme a política de cada instituição financeira.

Além de operarem os recursos dos programas oficiais, as instituições como Banco do Brasil e CAIXA, e cooperativas de crédito como Sicredi, Cresol e Sicoob, também oferecem linhas de custeio com recursos próprios ou de outras fontes.

As condições dessas linhas são definidas pelas próprias instituições e, geralmente, seguem o mercado, sendo menos vantajosas do que as linhas subsidiadas pelo governo.

Linha de CréditoPúblico-Alvo (Resumo)Taxa de Juros Referência (a.a.)*Limite Referência (por ano-safra)*Onde Solicitar
Pronaf CusteioAgricultores Familiares (CAF, Renda até R$500k, etc.) 0,5% a 6% Até R$ 250 mil Bancos e Cooperativas Credenciadas
Pronamp CusteioMédios Produtores (Renda até R$3M, 80% agro) 8% Até R$ 1,5 milhão Bancos e Cooperativas Credenciadas
Linhas Livres/OutrasTodos os portes (conforme instituição)Variável (Mercado) Variável (conforme instituição)Bancos e Cooperativas

*Valores de referência baseados no Plano Safra 2024/2025. Condições podem variar. Consulte a instituição financeira.

Como solicitar financiamento de plantio?

Conseguir o financiamento de plantio para sua safra 2025 pode parecer complexo, mas seguindo alguns passos e com organização, o processo se torna mais claro.

Seja para Pronaf, Pronamp ou outras linhas, o caminho geral costuma ser semelhante, necessitando de:

  1. Planejamento de tudo o que você precisa
  2. Documentos pessoais, como RG, CPF, comprovante de estado civil e residência;
  3. Escolha da instituição financeira;
  4. Apresentação da proposta e análise;
  5. Acompanhamento e fiscalização da instituição;
  6. Liberação dos recursos na sua conta ou aos fornecedores, de acordo com o cronograma estabelecido.  

Como conseguir financiamento para plantio de soja?

O processo é exatamente o mesmo. A principal diferença estará na linha de crédito, que envolve áreas e custos maiores, se enquadrando melhor no Pronamp ou utilizam linhas de crédito com recursos livres.

O Pronaf Custeio também pode financiar soja para agricultores familiares, mas o limite de R$ 250 mil pode ser baixo para grandes áreas.

A taxa de juros provavelmente será a geral, de 6% na safra 24/25, a menos que se encaixe em alguma condição especial.

Financiamento de Plantio: Financiando de terras e culturas

O crédito rural oferece soluções para para o financiamento de culturas específicas e compra de terra, que também são importante para o financiamento de plantio.

As linhas de custeio do Pronaf, Pronamp e linhas livres são aplicáveis para financiar as despesas de produção da maioria das culturas, como café, soja, cacau, mandioca e laranja.

O que pode mudar de uma para a outra são as condições específicas, especialmente dentro do Pronaf. Veja:  

Incentivos no Pronaf

Como vimos, o Pronaf tem taxas de juros mais baixas para o custeio de produtos essenciais, como mandioca, feijão, arroz, milho (até R$ 20 mil), e algumas frutas como laranja.

As culturas ligadas à sociobiodiversidade, como cacau extrativo ou cultivado em sistemas agroecológicos/orgânicos, também podem ter acesso a taxas reduzidas . Isso funciona como um estímulo direto para investir nessas produções.  

Culturas de maior escala

Culturas como soja e café , que demandam maior volume de recursos e tecnologia, costumam ser financiadas via Pronamp ou por de linhas de crédito de bancos e cooperativas.

As projeções indicam crescimento contínuo para essas culturas nos próximos anos , reforçando a importância do acesso ao crédito.  

Comprar terra é um passo gigante e representa um investimento de longo prazo, muito diferente do custeio, que cobre as despesas de um ciclo produtivo.

Por isso, as linhas de crédito para aquisição de terra são específicas. A principal política pública para isso é o Programa Nacional de Crédito Fundiário (PNCF), rebatizado como Terra Brasil.

O objetivo é permitir que agricultores familiares sem terra ou com pouca terra consigam comprar seu próprio imóvel rural.  

Como o Terra Brasil funciona?

O programa usa recursos do Fundo de Terras do Governo Federal para financiar a compra da terra e o investimentos básicos necessários para iniciar a produção, estruturar a propriedade e os custos com documentação.

O processo pode ser de forma digital, pelo do portal Gov.br, com a participação de entidades de Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER) credenciadas, que ajudam na elaboração do projeto.  

As condições estão liberadas para trabalhadores rurais sem terra, posseiros, arrendatários, parceiros, meeiros e proprietários de áreas muito pequenas.

O programa ainda disponibiliza diferentes linhas de crédito com condições variadas. Veja:

  • PNCF Mais: Para famílias com RBFA de até R$ 58.235,86 e patrimônio de até R$ 140 mil. Juros de 2,5% a.a;
  • PNCF Social: Para famílias inscritas no CadÚnico, com RBFA de até R$ 29.117,93 e patrimônio de até R$ 70 mil (região Norte e SUDENE). Juros de 0,5% a.a;
  • PNCF Jovem: Para jovens agricultores (menos de 30 anos) com RBFA de até R$ 58.235,86 e patrimônio de até R$ 140 mil. Juros de 0,5% a.a;
  • PNCF Empreendedor: Para famílias com RBFA de até R$ 314.379,46 e patrimônio de até R$ 500 mil. Juros de 4% a.a;
  • O teto de financiamento por beneficiário é de R$ 293.527,64. Há também um bônus de adimplência (desconto) para quem paga as parcelas em dia.  
Divulgação do kit de gestão financeira da fazenda. na lateral direita, uma foto com cédulas de real, calculadora e caneta

Daniel Oliveira

Formado em Ciências Contábeis, pós-graduado em gestão financeira, Mestre em Contabilidade e finanças pela UFMG, Doutorando em Economia aplicada pela USP Esalq.