Você já parou para pensar por que algumas partes do seu talhão produzem mais que outras, mesmo recebendo o mesmo tratamento?
Essa pergunta é comum para quem vive o dia a dia no campo. A boa notícia é que a agricultura de Precisão (AP) é uma forma de fazer isso.
O uso de tecnologias agrícolas, como a AP, tem permitido um manejo melhor elaborado e detalhado da propriedade, áreas e culturas.
Poder plantar a quantidade certa de sementes, fornecer o adubo exato que solo precisa e aplicar defensivos apenas onde a praga realmente está, já é uma realidade.
Neste artigo, você vai conhecer os conceitos e vantagens da agricultura de precisão e quais ferramentas estão tomando conta das lavouras.
O que é agricultura de precisão?
A agricultura de precisão é uma estratégia de gestão de informações das culturas agrícolas para coletar, processar e analisar dados sobre as variações espaciais e temporais dentro de uma lavoura.
O objetivo principal é otimizar a produção agrícola, a sustentabilidade da fazenda e a produtividade.
A AP reconhece que sua lavoura não é um algo uniforme. Existem diferenças nas características do solo (fertilidade, textura, umidade), no relevo, na incidência de pragas e doenças, e até no potencial produtivo de cada metro quadrado.
A agricultura de precisão usa a tecnologia para mapear essas diferenças, permitindo um um manejo “metro a metro”, aplicando os insumos de acordo com a necessidade de cada local.
Quais são os benefícios da agricultura de precisão?
Há inúmeras vantagens da agricultura de precisão em relação a economia e a saúde da fazenda.
A partir desse método, temos informações que auxiliam a tomar decisões, permitindo aplicar somente o necessário em cada pedaço da propriedade. Isso gera vários benefícios como:
1. Aumento da eficiência e produtividade
Ao aplicar insumos apenas onde, quando e na quantidade necessária, você evita o desperdício e otimiza o potencial produtivo de cada área.
Isso leva a um melhor desenvolvimento das culturas e a um aumento na produtividade geral da lavoura.
2. Redução de custos
A economia pode ser grande, especialmente com fertilizantes e defensivos.
Além disso, a otimização das rotas das máquinas com GPS e piloto automático reduz o consumo de combustível e o tempo de operação.

3. Sustentabilidade ambiental
Usar menos insumos químicos e aplicar de forma mais inteligente minimiza a contaminação do solo e da água, contribuindo para a preservação do meio ambiente.
4. Decisões mais estratégicas
A coleta e análise de dados detalhados sobre a lavoura oferecem informações para decisões de manejo mais assertivas.
Isso inclui desde o planejamento do plantio até a colheita, passando pelo manejo de fertilidade e pragas.
5. Melhora na qualidade do produto
Um manejo personalizado, que atende às necessidades da cultura em cada ponto da lavoura, pode resultar em produtos agrícolas de maior qualidade, mais uniformes em tamanho, cor e sabor, atendendo melhor às exigências do mercado.
Comparativo: Plantio tradicional vs. plantio com agricultura de precisão
Característica | Plantio Tradicional | Plantio com AP |
Gerenciamento da Área | Uniforme (baseado na média) | Localizado (baseado na variabilidade) |
Uso de Tecnologia | Baixo a Médio (mecânico) | Alto (GPS, VRT, Sensores, Software) 13 |
Aplicação de Insumos (Sementes/Adubo) | Taxa Fixa | Taxa Variável (VRT) 11 |
Precisão no Plantio (Espaçamento/Pop.) | Menor (depende do operador/máquina) | Maior (automação, controle linha a linha) 2 |
Uso de Dados | Limitado/Histórico | Intensivo (tempo real, mapas, análise) 13 |
Potencial de Eficiência (Insumos) | Menor | Maior (otimizado) 1 |
Potencial de Produtividade | Limitado pela média | Otimizado por zona 1 |
Impacto Ambiental (Insumos) | Potencialmente maior (desperdício) | Potencialmente menor (uso racional) 1 |
Quais são as ferramentas usadas na agricultura de precisão?
Muita gente confunde agricultura de precisão com somente o GPS agrícola, piloto automático ou até mesmo drones.
Todas estas tecnologias são ferramentas de agricultura de precisão nas fazendas, que trabalham juntas.
Esses equipamentos são componentes de um sistema integrado de gestão para levantar dados e aplicações em campos. Confira:
1. GPS agrícola
O GPS fornece as coordenadas geográficas exatas de qualquer ponto da lavoura, permitindo criar mapas detalhados, guiar máquinas agrícolas e registrar amostras de solo.
Para operações que exigem altíssima precisão, como o plantio, sistemas de correção como o RTK são utilizados para reduzir a margem de erro.
O GPS é como o endereço de cada ponto da sua lavoura, sendo importante para saber onde aplicar cada insumo ou semente.
2. Máquinas de Taxa Variável
Após identificar e mapear áreas semelhantes no talhão, o próximo passo é tratar de forma específica — seja na adubação ou no controle de pragas e doenças.
Para isso, são usadas máquinas que aplicam produtos em taxas variáveis, como fertilizantes, fungicidas e inseticidas.
Essa tecnologia permite que plantadoras, distribuidores e pulverizadores ajustem automaticamente a quantidade de insumos aplicada enquanto operam.
Isso é possível graças aos mapas de prescrição, carregados no computador de bordo da máquina, que indicam a dose ideal para cada parte da área.
3. Colheita monitorada
Toda e qualquer alteração no manejo das áreas irá refletir na produtividade.
Ter uma colhedora que monitore esse processo de acordo com o georreferenciamento é a maneira mais fácil de verificar a eficiência das aplicações.
Além disso, esses dados formam os mapas de colheita, que servem de base para as próximas safras/safrinha.
4. Sensores (Remotos, de solo e de planta)
Os sensores são como os olhos e os ouvidos dentro da agricultura de precisão e do campo. A partir deles são coletados dados sobre o solo, as plantas, o clima e as máquinas — em tempo real. Veja:
Sensores remotos (drones e satélites)
Drones e satélites capturam imagens da lavoura em diferentes espectros de luz, avaliando a saúde das plantas em larga escala.
Com essas imagens, são gerados índices como o NDVI, que mostra o vigor da vegetação e ajuda a identificar estresse hídrico, falta de nutrientes ou pragas.
Já os drones oferecem alta resolução e monitoramento sob demanda e os satélites cobrem grandes áreas com frequência.
Sensores de solo
Podem medir diversas propriedades do solo diretamente no campo, como teores de nutrientes, pH, umidade, compactação e condutividade elétrica.
Esses dados geram mapas de fertilidade, que servem de base para a aplicação de corretivos e fertilizantes em taxa variável.
Sensores de planta
Instalados em máquinas ou portáteis, medem características das próprias plantas, como o teor de clorofila ou a refletância da luz nas folhas.
Essas informações ajudam a avaliar o estado nutricional da cultura em tempo real, permitindo ajustes finos na adubação, especialmente a nitrogenada.
5. Software de gestão rural
A agricultura de precisão traz uma capacidade enorme de captar dados e usá-los para tomada de decisão mais rápida e assertiva dentro da propriedade.
Para isso, os softwares de gestão rural são indispensáveis, já que potencializam as ferramentas aplicadas e permitem a análise de muitos mais dados.
Um exemplo disso é o software Aegro, que integra operações do campo ao escritório, gerando de forma automática indicadores agrícolas e financeiros.
6. Piloto Automático Agrícola
Alguns maquinários mais modernos já saem de fábrica com piloto automático integrado ao GPS.
Essa tecnologia permite o georreferenciamento da área e o mapeamento das heterogeneidades dela.
Utilizando sinais de GPS de alta precisão (como RTK), o piloto automático guia tratores, pulverizadores e colhedoras ao longo de trajetórias pré-definidas.
Isso reduz falhas e sobreposições, gerando economia com combustível e trabalhar em condições de baixa visibilidade.
7. Semeadoras/plantadoras de precisão
As plantadoras modernas vão muito além de lançar sementes no solo e usam GPS para piloto automático, VRT para aplicar sementes e fertilizantes em taxas variáveis, e sistemas de dosagem com alta precisão.
Também controlam a profundidade da semeadura e contam com sensores que detectam falhas ou sementes duplas.
Essas máquinas ainda contam com desligamento automático por seção ou linha evitando sobreposição e desperdício. Tudo isso garante precisão milimétrica no plantio.

Quais são as etapas da agricultura de precisão?
Todas as ferramentas da agricultura de precisão devem ser utilizadas em etapas específicas. Confira quais são:
Etapa 1: Coleta de dados
Antes de agir, você precisa coletar os dados da sua lavoura. Afinal, você precisa saber exatamente a situação do solo, das daninhas presentes, dos fertilizantes utilizados.
Para coletar dados da lavoura, é necessário usar ferramentas de agricultura de precisão.
Por exemplo, GPS agrícola, drones, telemetria e sensores podem ser utilizados para coletar os dados. É importante dar atenção a essa etapa, já que é ela que te ajuda nas tomadas de decisão.
Essas informações podem ser exportadas em tempo geral ao seu sistema de gestão, como na integração entre Aegro e as plataformas Climate FieldView e Operations Center John Deere.
Etapa 2: Planejamento
Com os dados coletados, é hora de planejar as ações na lavoura. Sabendo como está a situação do solo e das plantas, você consegue elaborar um mapa de aplicação para garantir assertividade na etapa.
Com os dados coletados, você também consegue saber e decidir quais as melhores táticas de colheita, de plantio e de aplicação.
É bom lembrar que, na dúvida de como interpretar os dados coletados, é necessário procurar uma pessoa especialista para te orientar.
O planejamento de atividades e pontos de monitoria podem ser elaborados também com apoio do Aegro, dando mais mobilidade a sua equipe.
Etapa 3: Aplicação localizada
A etapa final é a hora de colocar a mão na massa e aplicar os produtos na lavoura.
Antes disso, é claro, é necessário garantir que suas máquinas e equipamentos estão em ordem.
Você também pode contar com ferramentas da agricultura de precisão, como drones aplicadores.
Tendo feito bem as duas etapas anteriores, a garantia de que a aplicação correrá bem é enorme.
Como a agricultura chegou a esse nível de tecnologia?
A jornada até a agricultura de precisão foi impulsionada por uma combinação de necessidades crescentes e avanços tecnológicos.
Vários fatores motivaram a busca por novas tecnologias agrícolas ao longo do tempo, como:
- Pressão de alimentar uma população mundial em crescimento;
- Busca por eficiência e rentabilidade;
- Crescente preocupação com os impactos ambientais da agricultura tradicional;
- Avanços tecnológicos em diversas áreas;
- Percepção de que as lavouras não eram uniformes.
A agricultura de precisão moderna começou a se consolidar nas décadas de 1980 e 1990, com o avanço do GPS e dos computadores.
No Brasil, chegou em 1990 com a importação de colhedoras com monitores de produtividade, mas ganhou força em 2000, quando o GPS ficou mais acessível.
Ao longo dos anos, alguns projetos e iniciativas foram acontecendo como o primeiro simpósio sobre o tema, feito pela ESALQ/USP, em 1996, e o projeto Aquarius (UFSM) e iniciativas da UFV, nos anos 2000.
Quais informações podem ser obtidas com esse sistema na agricultura?
Considerando que a área não é uniforme, com as ferramentas da agricultura de precisão e uma dose de tecnologia, seguem alguns mapeamentos e levantamentos de informação que podem ser feitas na sua fazenda:
- Mmapas de infestação de insetos para pulverização;
- Mapas de irrigação;
- Semeadura a taxa variável;
- Mapas de solo para aplicação de fertilizantes;
- Criação de unidades de gestão diferenciadas;
- Levantamento de áreas degradadas;
- Quantificação de biomassa das lavouras;
- Estimativas de produtividade;
- Automação de máquinas e processos, etc.
Com uso de sistemas de posicionamento global, como GPS ou Glonass, Galileu, entre outros, você pode fazer aplicação de insumos a taxa variável utilizando AP. Os insumos que podem ser aplicados em doses variadas podem ser:
- Ssementes;
- Herbicidas;
- Princípio ativo;
- Macro e micronutrientes;
- Agentes biológicos;
- Água (irrigação);
- Fungicidas;
- Inseticidas, entre outros.
Pontos positivos e negativos da tecnologia na agricultura
Como toda tecnologia, a AP traz um conjunto de pontos positivos e negativos (ou desafios).
Quanto aos pontos positivos, pode ter aumento de eficiência e produtividade, redução de custos, maior sustentabilidade e melhores decisões.
Já como pontos negativos, pode ter um custo maior na aquisição de máquinas equipadas com GPS e piloto automático, por exemplo.
Algo bastante comum também é a falta de mão de obra qualificada para analisar os dados e transformar em ações.
Muitos produtores ainda têm dúvidas sobre como começar, quais tecnologias escolher e como implementar a AP.
Por mais que seja desafiador, a agricultura de precisão realmente faz mudanças na lavoura e a Aegro pode ajudar você a deixar tudo mais simples. Converse com os nossos especialistas.
Tipos de agricultura: Onde a agricultura de precisão se encaixa?
Para entender onde a agricultura de precisão se insere, é útil conhecer as classificações mais comuns.
Frequentemente, ouvimos falar em “4 tipos de agricultura”, mas existam várias formas de categorizar. Algumas das principais são:
1. Agricultura tradicional ou de subsistência
Caracterizada pelo uso de ferramentas simples, como enxada e arado animal, a agricultura de subsistência quase não usa tecnologia.
A sua maior característica é o uso de mão de obra predominantemente manual ou familiar.
A produção é em pequena escala, muitas vezes com policultura e destinada ao consumo da própria família ou comunidade local.
A agricultura de precisão, com seu alto custo e dependência tecnológica, geralmente não se aplica a este sistema.
2. Agricultura Familiar
É praticada em pequenas propriedades rurais onde a gestão e a maior parte do trabalho são feitos pela família.
A produção da agricultura familiar pode ser tanto para subsistência quanto para venda no mercado interno, sendo responsável por uma grande parcela dos alimentos que chegam à nossa mesa.
Embora a adoção de AP seja mais desafiadora pelo custo e à escala, existe um potencial crescente com o uso de ferramentas mais acessíveis, como apps e modelos cooperativos.
3. Agricultura moderna, comercial, patronal ou empresarial
É a agricultura moderna é voltada para o mercado, tanto interno quanto de exportação, é praticada em médias e grandes propriedades.
Sua maior característica é o alto investimento em tecnologia, gestão, mão de obra especializada, produção em larga escala e monocultura.
É neste tipo de agricultura que a AP encontra seu principal campo de aplicação e onde sua adoção é mais expressiva.
As ferramentas são usadas para maximizar a eficiência e a rentabilidade dessas operações de grande escala.
4. Agricultura orgânica
É um sistema de produção que busca a sustentabilidade ambiental, social e econômica, evitando o uso de fertilizantes sintéticos, agrotóxicos, transgênicos e outras práticas.
Utiliza adubos orgânicos, controle biológico de pragas, rotação de culturas e outras técnicas para manter a saúde do solo e a biodiversidade.
As ferramentas da AP, como GPS, podem ser usadas para aumentar a eficiência do manejo orgânico e melhorar o planejamento.
Mesmo com essas funções ajudando, a sua aplicação ainda é menos comum do que na agricultura comercial convencional.
Exemplos da agricultura de precisão no plantio brasileiro
A agricultura de precisão já é uma realidade em muitas lavouras brasileiras, especialmente nas grandes culturas como soja, milho e cana-de-açúcar.
O uso estratégico de dados, sensores e máquinas inteligentes têm transformado a forma de planejar e executar o plantio. Veja alguns exemplos abaixo:
Soja e milho
O uso da taxa variável (VRT) na semeadura e adubação ajusta a quantidade de sementes e fertilizantes conforme o potencial produtivo do solo, aumentando a produtividade e reduzindo custos.
Plantadoras modernas, aliadas ao GPS de alta precisão (RTK), garantem um estande mais uniforme, melhorando o aproveitamento de luz, água e nutrientes.
Estudos e análises econômicas confirmam a rentabilidade dessas tecnologias na produção de soja e milho no Brasil.
Cana-de-Açúcar
A revitalização do Método Interrotacional Ocorrendo Simultaneamente (MEIOSI) mostra bem o impacto da agricultura de precisão na cana-de-açúcar.
Com GPS e piloto automático, foi possível resolver o problema de alinhamento das linhas para a colheita mecanizada, tornando o método mais eficiente.
O MEIOSI também costuma ser usado junto com Mudas Pré-Brotadas (MPB), garantindo mudas mais saudáveis e vigorosas.
Na cana-de-açúcar, a AP também é usada na aplicação de insumos em taxa variável, no mapeamento da produtividade e no tráfego controlado para reduzir a compactação do solo.
Outras culturas
Outras culturas como algodão, arroz irrigado, café, citros, eucalipto e frutas de clima temperado têm apresentado resultados positivos com a AP.
Isso tem acontecido porque a agricultura de precisão pode ser usada fpara aprimorar ou viabilizar práticas agronômicas já conhecidas e adaptar aos sistemas de produção modernos e mecanizados.
Ao resolver problemas como o alinhamento das máquinas, a AP permite que métodos como o MEIOSI voltem a ser usados com eficiência em grande escala.
Plantando o futuro com inteligência
A agricultura de precisão vai além de máquinas modernas, é uma nova forma de gerenciar a lavoura com base em dados e tecnologia.
Seu foco é entender e manejar a variabilidade do campo, aplicando insumos de forma precisa para reduzir custos, aumentar a produtividade e promover sustentabilidade.
No plantio, tecnologias como GPS, VRT e semeadoras de precisão garantem um aproveitamento máximo da área.
Apesar dos desafios, como custo inicial e necessidade de capacitação, a adoção da AP no Brasil cresce com apoio da pesquisa, da indústria e do próprio produtor.
A Aegro pode ajudar você nessa jornada. Com uma plataforma completa de gestão rural, é possível reunir e analisar dados da propriedade de um jeito simples, integrado e acessível. Fale com os nossos especialistas!
