Como identificar e controlar a giberela no trigo

Giberela no trigo: sintomas, ciclo da doença, micotoxinas e como fazer o manejo adequado em sua lavoura.

A giberela é uma das principais doenças da cultura do trigo e pode causar danos significativos na lavoura.

Além da redução produtiva, ela pode causar micotoxinas, um grande contaminante dos cereais. 

Mas como identificar os sintomas da doença? Quais as formas de manejo mais indicadas? Confira essa e outras respostas a seguir!

Ocorrência e importância da giberela no trigo

A giberela ou fusariose da espiga é causada pelo fungo Fusarium graminearum. É mais frequente em regiões quentes e que coincidam períodos prolongados de chuva com a fase de floração da cultura do trigo.

A doença pode causar redução de até 30% no rendimento dos grãos e está associada à presença de micotoxinas, substância contaminante e tóxica ao homem, como veremos em detalhes mais adiante. 

Além da presença dessas micotoxinas, o fungo pode colonizar uma ampla gama de hospedeiros como aveia, cevada, centeio, milho, triticale e sorgo

Agora veja como identificar a giberela do trigo na lavoura.

Identificação da giberela na lavoura 

Na cultura do trigo, o F. graminearum infecta a flor da planta, que pode ser totalmente destruída e nem chegar a formar grão. Além disso, pode colonizar todos os componentes da espiga.

Caso a infecção do fungo seja lenta, pode ocorrer o desenvolvimento do grão com os seguintes sintomas: coloração rósea (por conta do desenvolvimento do fungo – formação de macroconídeos), que ficam enrugados e chochos.

foto de quatro grãos infectados. Genética amplia resistência à Giberela e Brusone no trigo – O Presente Rural

(Fonte: O Presente Rural)

Já as espiguetas infectadas pelo fungo exibem coloração palha, despigmentada ou esbranquiçadas, apresentando um branqueamento prematuro.

Um sintoma de fácil reconhecimento da doença são as aristas arrepiadas em espiguetas esbranquiçadas ou mortas, sinal bastante característico da giberela.

Assim, como principais danos da doença em trigo, temos o abortamento das flores e a má formação dos grãos, o que interfere na produção da lavoura.

Além disso, o fungo ainda pode produzir micotoxinas. Ou seja, a giberela no trigo provoca danos qualitativos e quantitativos.

Mas, afinal, o que são micotoxinas?

Giberela e a formação de micotoxinas

Micotoxinas são substâncias químicas produzidas por alguns fungos que são nocivas aos homens e animais.

A principal micotoxina formada por este patógeno é desoxinivalenol (DON), que atua na inibição da síntese de proteínas.

Para proteger a saúde, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) exige analises laboratoriais de grãos e produtos à base de trigo, como farinha, farelo, alimentos infantis, pães, massas e biscoitos.

Assim, os limites de DON são 3.000 ppb para grãos de trigo para processamento, 1.000 ppb para farinha integral e 750 ppb para farinha branca.

Tabela de micotoxinas no trigo - legislação brasileira.

Limites de micotoxinas no trigo determinados pela Anvisa
(Fonte: Embrapa)

Agora que você conhece os sintomas e danos da giberela no trigo, veja como é o ciclo da doença na cultura, de forma resumida.

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Ciclo da doença no trigo

O fungo que causa a giberela sobrevive em restos culturais (estrutura de sobrevivência do fungo), quando as condições não são favoráveis para seu desenvolvimento, fato muito importante para determinar as medidas de controle da doença.

Em condições de alta umidade e temperatura (condições ideais para o desenvolvimento do patógeno) ocorre o seu desenvolvimento e os esporos são dispersos no ambiente.

Os conídeos do fungo (ascósporos) são levados a longas distâncias pelo vento, sendo o principal inóculo. Estes atingem as anteras do trigo, germinam e penetram na flor, que inicia o processo de infecção da planta.

Na figura abaixo você pode observar como ocorre o ciclo desse fungo na cultura do trigo.

infográfico com ilustrações do ciclo do fungo da giberela no trigo

(Fonte: APS)

Como comentamos, o fungo que causa a giberela no trigo sobrevive em restos culturais e também tem como fonte de inóculo as sementes.

A suscetibilidade da cultura do trigo é entre o período da floração até a maturação.

As condições para a ocorrência da infecção do fungo na planta são 30 horas de molhamento foliar contínuo e temperaturas em torno de 20℃. Por isso, é preciso ter atenção em épocas de ocorrência de chuva.

Controle da giberela no trigo

A giberela é considerada uma das doenças de mais difícil controle entre as que ocorrem nas culturas de inverno.

No Brasil, ainda não estão disponíveis cultivares tolerantes ou resistentes a ela. Existem algumas pesquisas para a obtenção de cultivares resistentes, mas enquanto isso não está disponível, é importante observar outras estratégias de manejo da doença.

Algumas medidas de manejo para a giberela no trigo são:

  • semeadura antecipada – possibilita que a planta atinja o florescimento (período de ocorrência da doença) em condições menos favoráveis à doença.
  • uso de fungicidas no início da floração – deve-se realizar a pulverização antes da ocorrência de chuva (de maneira preventiva), tendo duração de cerca de 15 dias.

No Agrofit estão registrados 63 fungicidas para o controle da giberela no trigo. A maioria desses fungicidas é dos grupos dos triazóis, benzimidazol e estrubilurina.

Algumas pesquisas indicam que o controle químico da doença pode ser realizado quando as plantas estiverem com 25% a 50% de florescimento para primeira aplicação

Uma segunda aplicação pode ser feita quando as plantas apresentarem 75% de florescimento, tendo um intervalo de 5 a 7 dias entre as aplicações.

Em anos de condições favoráveis para o fungo (chuvoso), pode-se realizar uma terceira aplicação ou diminuir o intervalo entre as duas aplicações. Já em anos secos, uma única aplicação é eficiente.

ilustração mostra o controle químico em três aplicações no espigamento-florescimento da planta.

(Fonte: Embrapa)

Lembre-se de utilizar mais de um tipo de fungicida, com modo de ação diferente, para reduzir a probabilidade de resistência.

Faça também a rotação de culturas com plantas que não são hospedeiras do fungo.

Deve ser feito o manejo integrado, ou seja, utilizar um conjunto de medidas para minimizar os efeitos da doença na lavoura de trigo.

Para te auxiliar com o manejo da giberela no trigo consulte um(a) agrônomo(a) para as recomendações.

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Conclusão 

A giberela é de grande importância para a cultura do trigo, podendo causar perdas na produtividade da lavoura e ainda apresentar micotoxinas nos grãos.

Neste texto, falamos da importância da doença, seu ciclo no trigo, os principais sintomas e a presença dessas micotoxinas.

Discutimos ainda as principais medidas de manejo para a giberela no trigo, que devem ser preventivas para que o fungo não se instale na lavoura e cause prejuízos.

Espero que com essas informações você tenha um ótimo manejo da doença em sua propriedade!

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O que você precisa saber sobre manejo das viroses no trigo

5 dicas para uma lavoura de trigo mais produtiva

Você já teve problemas com giberela no trigo? Como realiza o manejo dessa doença? Adoraria ver seu comentário abaixo!

Ramulária no algodão: entenda mais sobre essa doença

Ramulária no algodão: entenda os principais sintomas, as perdas causadas e como controlar essa doença do algodoeiro.  

A ramulária ou mancha de ramulária tem sido um dos principais problemas fitossanitários da cultura do algodão.

Essa doença tem causado grandes problemas no Cerrado e ataca folhas e até maçãs do algodão, reduzindo a sua produção e também a qualidade da fibra.

Mas em um passado não tão distante assim, a ramularia não era tão problemática. O que aconteceu?

Para te ajudar a entender, separamos algumas informações sobre como a ramulária se desenvolve, como identificá-la e controlá-la. Confira!

O que é a ramulária no algodão e qual sua importância

Ramulária, também chamada de falso-oídio, é uma doença causada pelo fungo Ramularia gossypii – conhecido antigamente como R. aureola – e está presente em todas as regiões produtoras do país desde seu primeiro relato no Brasil, em 1890.

Essa doença era característica de final de ciclo e considerada secundária nas principais regiões produtoras de algodão do passado – Sudeste e Nordeste. 

Contudo, com a migração das lavouras de algodão para o Centro-Oeste, que hoje detém 74% da produção nacional, a ramulária passou a ocorrer durante todo o ciclo e tornou-se a principal doença do algodoeiro.

E por que isso ocorreu?

Bem, de lá para cá, muita coisa mudou. Como veremos a seguir, as mudanças no sistema de produção e a mudança de região produtora favoreceram a ocorrência da ramulária.

gráfico com volume de produção de algodão pelas regiões brasileiras

Volume de produção de algodão pelas regiões brasileiras
(Fonte: Conab)

Condições favoráveis e sintomas da ramulária no algodão

Primeiramente, vamos relembrar alguns conceitos sobre o ataque de doenças nas plantas. A doença ocorre devido à interação de três fatores: o ambiente, o patógeno e o hospedeiro. Para isso, dá-se o nome de triângulo da doença.

Triângulo da doença, mostrando ambiente, patógeno e hospedeiro - ramulária no algodão

Triângulo da doença

O fungo da ramulária (patógeno) necessita de hospedeiros para sobreviver nos sistema e se desenvolver, nesse caso, o próprio algodão e seus restos culturais. Além disso, ele necessita de condições ambientais favoráveis para se disseminar e se desenvolver. A interação desses fatores determinará a intensidade do ataque da doença. 

Portanto, além da grande capacidade do patógeno se desenvolver, o ambiente do Centro-Oeste favoreceu o aumento da doença, além do uso de plantas suscetíveis e mal controle do algodão tiguera (hospedeiro).

Condições favoráveis

O fungo da mancha de ramulária do algodão é favorecido por condições de alta umidade, temperaturas entre 25℃ e 30℃ e alta pluviosidade.

Isso quer dizer que na época chuvosa é que os problemas são mais recorrentes. Além disso, em plantios com maior densidade, onde o microclima favorece a ocorrência dessas condições, os problemas serão maiores

Da mesma forma, o baixeiro da planta será mais atacado.

Sintomas e danos

A ramulária do algodão é disseminada principalmente pelo vento e se manifesta em ambas as faces das folhas da planta de algodão. Inicialmente, têm-se lesões anguladas de 1 mm a 3 mm, delimitadas pelas nervuras das folhas.

Essas lesões têm coloração branca e, conforme a infecção avança, tornam-se amarelas e com aspecto pulverulento, principalmente na face inferior das folhas.

foto de detalhe dos sintomas de ramulária no algodão

Detalhe dos sintomas de ramulária no algodão
(Fonte: Embrapa)

Sintomas de ramulária nas folhas de algodão

Sintomas de ramulária nas folhas de algodão
(Fonte: Embrapa)

Ataques mais severos levam à desfolha e podem causar apodrecimento das maçãs do baixeiro da planta. 

Nas cultivares mais suscetíveis à doença, as perdas em produtividade podem chegar a 70%. Plantas sem controle de ramulária tiveram produtividade 45% menor em relação às que receberam controle químico.

Então, como podemos manejar a mancha de ramulária no algodão?

Manejo da ramulária no algodão

O manejo de qualquer doença deve ser integrado, ou seja, usar de diversas técnicas de controle – cultural e químico, por exemplo – quando os níveis de dano forem economicamente viáveis para realização do controle. 

Vamos lembrar do triângulo da doença: podemos atuar no ambiente, no hospedeiro ou controlando o patógeno! 

Para isso, é necessário monitoramento diário da lavoura e a correta identificação do patógeno da ramulária, observando a ocorrência de seus sintomas característicos.

Controle químico

Constatado o ataque do fungo nas folhas mais velhas (baixeiro), as aplicações podem ser iniciadas. Um critério que otimiza as aplicações é realizá-las quando as lesões atingem 5% da área foliar sem atingir o terço médio da planta.

Utilizando esse critério, recomenda-se três aplicações espaçadas em 15 dias, com produtos eficientes. Isso evita que o problema se intensifique e otimiza as aplicações. 

Vale lembrar que é ideal alternar o uso de fungicidas com diferentes modos de ação para evitar a resistência do patógeno. No Agrofit, existem 136 produtos registrados para combater a mancha de ramulária no algodão.

Além disso, existem outros métodos de controle para serem usados em conjunto.  

Controle cultural

O uso de cultivares suscetíveis à ramulária do algodão é um dos principais responsável pelos grandes danos causados por essa doença. Prefira as cultivares tolerantes/resistentes disponíveis.

Essa informação você pode encontrar no site da Embrapa, que disponibiliza um catálogo das cultivares de algodão disponíveis. Além desses, as empresas de sementes também disponibilizam seus catálogos. 

Exemplo de catálogo de cultivares de algodão mostrando as recomendações e características de cada cultivar
(Fonte: Embrapa)

Lembre-se que espaçamentos mais abertos propiciam um microclima que desfavorece a doença, pois reduz a umidade do sistema. 

Um bom manejo da soqueira, evitando algodão tiguera, propicia que não haja hospedeiro para a sobrevivência do fungo para a próxima safra. Por isso, capriche no manejo! 

planilha de produtividade do algodão Aegro

Conclusão

Como você pôde acompanhar ao longo do texto, a ramulária ganhou importância nos últimos anos devido à migração do algodão para outra região produtora. 

Nessas novas condições, a ramulária encontrou um ambiente favorável para se desenvolver. Além disso, deficiências de manejo, como o uso de cultivares suscetíveis e mal manejo de soqueira possibilitaram maiores danos dessa doença.

O manejo depende de monitoramento e de medidas integradas, como o uso de cultivares resistentes, manejo da soqueira e espaçamentos maiores. 

Como alternativas de controle químico, pode-se  aplicar fungicidas no momento e frequência correta, alterando modos de ação para evitar resistência. 

>> Leia mais:

Como evitar e combater a mela do algodoeiro em sua lavoura

“6 principais doenças do algodão e como controlá-las na lavoura”

Como ter um algodoeiro resistente a doenças e mais econômico com nova cultivar transgênica

Você já teve problemas com a ramulária no algodão? Quais os principais problemas que enfrenta? Conte para gente nos comentários Grande abraço e até a próxima!

11 principais doenças do feijão e como controlá-las na lavoura

Atualizado em 13 de junho de 2022.

Doenças do feijão: entenda os sintomas, o que causa cada uma delas, condições favoráveis para a ocorrência e como controlá-las

O plantio do feijão no Brasil pode ocorrer em três safras. Mas, por conta das condições climáticas, algumas doenças podem ocorrer de forma mais intensa em uma safra que na outra.

Conhecer as doenças mais frequentes e saber como manejá-las é essencial para garantir uma boa produção e, consequentemente, mais rentabilidade com a lavoura.

Neste artigo, veja quais são os sintomas mais recorrentes das doenças do feijão e como fazer o controle em sua propriedade. Confira!

Doenças do feijão: incidência nas diferentes safras

As doenças do feijoeiro podem ocorrer de forma mais ou menos acentuada conforme a safra (primeira, segunda ou terceira).

De forma geral, as principais doenças do feijão são:

  1. Mosaico-dourado;
  2. Crestamento bacteriano comum;
  3. Antracnose;
  4. Mancha-angular;
  5. Mofo-branco;
  6. Podridão radicular seca;
  7. Podridão de raízes;
  8. Ferrugem;
  9. Murcha ou amarelecimento de Fusarium;
  10. Nematoides;
  11. Oídio.

Na primeira safra, também chamada de safra das águas, a semeadura do feijão acontece entre setembro e dezembro. Nela, há maior ocorrência de doenças como antracnose, mofo-branco e crestamento bacteriano.

Na segunda (janeiro a maio) e terceira safras (abril a julho), algumas doenças como mancha-angular e mosaico-dourado são as de maior ocorrência e dano.

Doenças de solo estão associadas à presença do patógeno no solo, e não dependem necessariamente da safra. Agora, veja mais detalhes sobre cada uma das principais doenças do feijão.

1. Mosaico dourado do feijoeiro

O mosaico-dourado, causado pelo vírus BGMV (Bean Golden Mosaic Virus), é a principal virose do feijoeiro, podendo causar grandes perdas na produção. A mosca-branca é vetora dessa doença.

Os principais sintomas causados pelo vírus do mosaico dourado do feijoeiro são:

  • mosaico amarelo intenso em todo limbo foliar
  • redução do crescimento das plantas;
  • superbrotamento;
  • má formação de vagens e grãos;
  • encarquilhamento das folhas e mosaico.

O mosaico dá um aspecto mosqueado amarelo às folhas. Com a evolução da doença, toda superfície foliar se torna amarelada. Já as vagens e os grãos ficam deformados e mal formados, o que prejudica a qualidade do produto.

Foto de folha de feijão amarelada

Sintoma de mosaico em folha de feijão

(Fonte: Howard F. Schwartz)

Algumas medidas de manejo para esta doença são: 

  • vazio sanitário para feijoeiro;
  • uso de inseticidas com objetivo de controlar o vetor;
  • variedades tolerantes ou resistentes.

2. Crestamento bacteriano comum no feijoeiro

É considerada a principal doença bacteriana de algumas regiões produtoras de feijão do Brasil. O crestamento bacteriano comum é causado pelas bactérias Xanthomonas axonopodis pv. phaseoli e X. fuscans sus. Fuscans.

Elas penetram na parte aérea da planta por aberturas naturais ou por ferimentos. A doença pode provocar até 70% de redução na produção do feijoeiro.  

A doença prevalece na safra das águas devido às altas temperaturas e ocorrências de chuvas. Esses são fatores que favorecem as bactérias.

Como sintomas, você pode observar inicialmente lesões com aspecto encharcado de coloração verde-escura nas folhas.  Com o progresso da doença, esses sintomas evoluem e aumentam de tamanho. As folhas ficam necrosadas. 

Nas extremidades das lesões surgem halos amarelos.  Os sintomas típicos da doença ocorrem quando as lesões são mais velhas, tendo o centro necrótico e com halo amarelo. Isso pode ocasionar a queda prematura das folhas.

Folhas de feijão com manchas

(Fonte: Agrolink)

Nas vagens, podem ocorrer lesões de aspecto encharcado, que depois progridem para lesões escuras e um pouco deprimidas

Medidas de manejo do crestamento bacteriano em feijoeiro são:

  • variedades resistentes;
  • aplicação de cúpricos na lavoura, que pode retardar o aparecimento dos sintomas.

3. Antracnose no feijão

A antracnose no feijão é causada pelo fungo Colletotrichum lindemuthianum. Ela é considerada uma das doenças mais importantes da cultura, e ocorre mais em regiões de temperaturas moderadas e alta umidade

Pode causar até 100% de danos em variedades suscetíveis, além de causar manchas nos grãos. A necrose nas nervuras é um sintoma bastante característico da doença. 

Além disso, há presença de lesões principalmente na parte de baixo das folhas. Essas lesões são alongadas, de coloração avermelhada a marrom.

Nas vagens, os sintomas típicos são lesões circulares, deprimidas e com a borda da lesão mais escura. Quando atinge os grãos, pode depreciar a comercialização agrícola.

Doenças do feijão: sintomas de antracnose em folhas, grãos e vagens

Lesões de antracnose no feijão nas folhas, grãos e vagens

(Fonte: Adama)

Esse fungo pode sobreviver em sementes, restos culturais e hospedeiros alternativos. 

Algumas medidas de manejo da antracnose do feijoeiro são:

  • sementes sadias e certificadas;
  • rotação de culturas (uso de gramíneas não hospedeiras);
  • eliminação de restos culturais;
  • variedades resistentes;
  • controle químico com fungicidas para feijão.

4. Mancha angular do feijoeiro

A mancha angular do feijoeiro é causada pelo fungo Pseudocercospora griseola, que pode sobreviver em sementes, restos de culturas e outros hospedeiros. Pode causar até 80% de perdas em produtividade.

Os sintomas típicos são lesões de coloração cinza a marrom, de formato angular (delimitadas pelas nervuras), e com halo amarelo. No campo, os sintomas ficam mais evidentes na fase final da cultura. 

Com o progresso da doença, pode ocorrer a desfolha prematura da planta.

Doenças do feijão: folha com sintomas de mancha angular

(Fonte: Taurino Alexandrino Loiola em Embrapa)

Medidas de manejo da mancha angular do feijoeiro:

  • variedades resistentes;
  • uso de sementes sadias e certificadas;
  • eliminação de restos culturais;
  • aplicação de fungicidas.

5. Mofo-branco

O mofo-branco é causado pelo fungo Sclerotinia sclerotiorum, que pode afetar várias culturas. Em feijoeiro, é considerada uma das doenças mais agressivas da cultura, sendo mais problemática no florescimento.

A doença é favorecida pela alta umidade e temperaturas amenas. Como sintomas, ocorrem lesões encharcadas na parte aérea da planta. E, com o progresso da doença, há o crescimento de um micélio branco, com aspecto de algodão, sobre essas lesões. 

Há ainda a formação de escleródios. Os escleródios são um enovelamento/agregado de hifas, que são estruturas de resistência do fungo. Assim, este fungo pode sobreviver no solo através dessas estruturas por vários anos.

Caule de feijão com mofo-branco.

(Fonte: Nédio Rodrigo Tormen em Cultivar)

Os escleródios podem ser propagados por sementes ou máquinas agrícolas

Medidas de manejo do mofo-branco do feijoeiro são:

  • sementes sadias e tratamento de sementes;
  • limpeza de máquinas e equipamentos agrícolas;
  • evitar alta densidade de plantio que favorece a formação da doença;
  • uso de fungicidas para proteção da cultura.

6. Podridão radicular seca no feijoeiro

Essa doença é causada pelo fungo Fusarium solani e está presente em todas as regiões produtoras de feijão do Brasil.  O patógeno sobrevive no solo por vários anos e raramente mata a planta, mas pode causar até 50% de perdas na cultura.

Como sintoma, você pode observar coloração avermelhada nas raízes jovens das plantas. Essa coloração progride para lesões marrons por toda superfície da raiz. A doença resulta em plantas pouco desenvolvidas, causando um estande irregular.

Doenças de feijão: raízes de feijão com sintomas de podridão radicular.

(Fonte: Murillo Lôbo Júnior em Embrapa)

A doença é favorecida por condições de solos compactados, encharcados, temperaturas baixas e pelo cultivo intenso de feijão. 

Medidas de manejo da podridão radicular seca do feijoeiro são:

  • tratamento de sementes com fungicida para feijão;
  • evitar plantar em solos compactados e encharcados.

7. Podridão de raízes do feijoeiro

A podridão radicular ou podridão de raízes do feijoeiro é uma doença fúngica causada por Rhizoctonia solani. Esse patógeno está presente na maioria dos solos cultivados.

O fungo pode atacar as sementes, que apodrecem antes de iniciar ou durante sua germinação. Se a plântula de feijão é infectada, ocorre lesão na base do caule, de coloração avermelhada.

Saber o que é a podridão radicular e como identificá-la na lavoura é fundamental. Afinal, a doença pode resultar em morte do sistema radicular e tombamento das plântulas.

Medidas de manejo da podridão das raízes do feijoeiro são:

  • sementes sadias;
  • tratamento de sementes com fungicidas;
  • evitar plantar em solos compactados e encharcados.

8. Ferrugem

A ferrugem do feijoeiro é uma doença causada pelo fungo Uromyces appendiculatus.  Essa doença está presente em todas as áreas produtoras do grão e responde por expressivas perdas na produção. 

Sua ocorrência é maior em áreas tropicais e subtropicais úmidas. Os estádios de pré-floração e floração da cultura são as fases mais críticas para o aparecimento da ferrugem.

O sintoma inicial dessa doença é o aparecimento de pequenas lesões esbranquiçadas na parte inferior das folhas. 

Com o tempo, essas lesões evoluem para pústulas de cor ferrugem. As pústulas podem se desenvolver dos dois lados da folha. É comum que elas estejam rodeadas por um anel de coloração amarelada. 

Folha de feijão com sinais de ferrugem

Sintomas de ferrugem em folha de feijoeiro

(Fonte: Dr Parthasarathy Seethapathy e colaboradores)

Dependendo do grau de infestação da lavoura, esse sintoma também pode ser observado nas vagens e nas hastes das plantas de feijão. 

9. Murcha ou amarelecimento de Fusarium

A murcha de Fusarium é uma doença causada pelo fungo de solo Fusarium oxysporum  f. sp. phaseoli. Essa doença se desenvolve melhor sob condições de temperaturas amenas, solo úmido e compactado. 

Ela se manifesta na fase vegetativa e reprodutiva do feijoeiro. Os sintomas dessa doença são a murcha das plantas nas horas mais quentes do dia, amarelecimento das folhas e o desfolhamento precoce. 

As folhas do feijão amarelas e murchas são sinais de que o fungo impediu a água e os sais minerais de serem transportados para a parte aérea das plantas. 

No entanto, o amarelecimento das folhas também pode estar associado a presença de outras pragas e doenças do feijão. Problemas nutricionais, compactação do solo e deriva de produtos químicos também podem causar esses sintomas. 

Por isso, é de extrema importância realizar monitoramentos periódicos na área para avaliar a presença de pragas e doenças do feijão. Conhecer o histórico da área e analisar a distribuição dos sintomas na lavoura também contribuem com o diagnóstico.

No caso da murcha de Fusarium, os sintomas podem ser observados em reboleiras. Quando infectadas, as plantas jovens de feijoeiro apresentam redução do crescimento da parte aérea e do sistema radicular.

Em condições severas de infecção, as plantas podem morrer.

Doenças do feijão: plantas murchas na lavoura

Sintomas de murcha de Fusarium em plantas de feijão

(Fonte: Howard F. Schwartz)

Por se tratar de um fungo habitante do solo, a murcha de Fusarium é favorecida pela presença de nematoides na área. O ataque de nematoides ao sistema radicular do feijoeiro contribui para a entrada do fungo na planta.

10. Nematoides

O nematoide-das-galhas (Meloidogyne spp.) e o nematóide das lesões (Pratylenchus brachyurus spp.) são tipos de nematoides responsáveis por causarem prejuízos às lavouras de feijão.

Seu ataque causa a destruição do sistema radicular. Ele também provoca o amarelecimento das folhas, diminui a absorção de nutrientes e reduz o estande de plantas.

A presença desses parasitas na área favorece o aparecimento de doenças causadas por microrganismos habitantes do solo. 

A estratégia de manejo mais utilizada no controle de nematóides é o plantio de variedades resistentes/tolerantes.

11. Oídio

O oídio é uma doença de importância secundária para a cultura do feijão.

Essa doença é causada pelo fungo Eryshipe polygoni. As condições ótimas para o desenvolvimento do oídio em lavouras de feijão são baixas temperaturas e pouca umidade no solo.

O primeiro sintoma do oídio é o aparecimento de uma massa branca com aspecto pulverulento nas folhas do feijoeiro. Dependendo da severidade da doença, esse sintoma pode ser observado nas hastes e nas vagens das plantas.

Com o avanço da doença, o oídio também provoca a desfolha precoce

Manejo integrado das doenças da cultura do feijão

O manejo integrado na cultura do feijão associa diferentes técnicas que contribuem para o controle populacional do patógeno e da doença de forma eficiente. 

No manejo integrado de doenças da cultura do feijão, devem ser adotadas estratégias culturais, genética, biológica e química. Confira a seguir. 

Manejo cultural

Para o controle de doenças no feijoeiro, é importante que algumas práticas culturais sejam adotadas, como:

  • realizar um bom preparo de solo para o plantio do feijão;
  • adubação equilibrada;
  • rotação com culturas não suscetíveis;
  • controle de vetores de doenças;
  • controle de plantas daninhas hospedeiras de doenças;
  • utilizar sementes certificadas;
  • fazer tratamento de sementes com agroquímicos;
  • evitar o plantio em áreas com condições favoráveis ao desenvolvimento de doenças;
  • realizar a limpeza de máquinas e implementos agrícolas;
  • respeitar o período de vazio sanitário determinado para a cultura.

Manejo genético

O plantio de variedades resistentes/tolerantes é uma estratégia que apresenta bons resultados no manejo de doenças na cultura do feijão.

A resistência genética é eficaz no controle de doenças, segura para o meio ambiente e tem baixo custo.

Manejo biológico

Trata-se de uma técnica de baixo impacto ambiental, econômica e alinhada às práticas de produção sustentável.

Na cultura do feijão, o controle biológico com Trichoderma tem sido utilizado no manejo de algumas doenças, como podridão de raízes, podridão radicular seca, mofo-branco e antracnose.

O número de produtos com registro do Mapa ainda é bastante reduzido, quando comparado aos produtos químicos.

Manejo químico

No caso do feijoeiro, o controle das doenças com defensivos agrícolas químicos é uma prática bastante comum e indispensável para alcançar altas produtividades.

Para garantir a eficiência desse manejo, utilize produtos registrados no Mapa. Siga as orientações quanto à dosagem, época e modo de aplicação. O melhor inseticida para feijão irá depender da doença em questão, então cuidado para não aplicar o produto errado.

Faça também a rotação de produtos com mecanismos de ação diferentes. É importante lembrar que a melhor estratégia de manejo é evitar que a doença entre na sua lavoura. Por isso, sempre adote boas práticas agronômicas.

Em áreas que a doença já está presente, procure adotar mais de uma estratégia de manejo para evitar o desenvolvimento e evolução da doença. 

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Conclusão

O feijoeiro é cultivado praticamente durante o ano todo no Brasil, mas muitas doenças podem interferir na produtividade dessas safras.

Neste artigo, mostramos as principais doenças do feijão, seus sintomas e como controlá-las. 

Agora que você tem essas informações, não deixe que essas doenças reduzam o lucro da sua lavoura!

Você já teve muitos problemas com doenças do feijão? Como realiza o manejo na sua fazenda? Adoraria ver seu comentário abaixo.

Atualizado em 13 de junho de 2022 por Bruna Rhorig.

Bruna é agrônoma pela Universidade Federal da Fronteira Sul, mestra em fitossanidade pela Universidade Federal de Pelotas e doutoranda em fitotecnia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul na área de pós-colheita e sanidade vegetal.

O que você precisa saber sobre manejo das viroses no trigo

Viroses no trigo: conheça as principais, os sintomas, vetores e as medidas de controle mais eficazes.

As viroses são importantes doenças na cultura do trigo e podem causar redução de até 60% na produção dos grãos.

Mas como evitar que esses vírus atinjam a lavoura? 

Como identificar os principais sintomas das doenças e quais as melhores formas de manejo? Confira a seguir!

Importância do trigo e as doenças que ocorrem na cultura

O trigo é a principal cultura de inverno no país. Segundo estimativa da Conab, houve incremento de 14% na área plantada nesta safra em relação à passada devido aos preços atrativos do grão.

Com isso, a produção estimada é de 6,832 milhões de toneladas, com 2,329 milhões de hectares cultivados (Conab).

A triticultura está distribuída em vários estado do Brasil, podendo ser cultivada como sequeiro ou irrigada. Rio Grande do Sul, Paraná (maior área plantada), Santa Catarina, São Paulo, Distrito Federal, Bahia, Goiás e Mato Grosso do Sul são os principais produtores.

Como acontece com outras culturas agrícolas, o trigo pode ser afetado por doenças causadas por fungos, bactérias e vírus. Algumas das principais doenças do trigo são:

  • mancha amarela;
  • ferrugem da folha do trigo;
  • oídio;
  • podridão comum de raízes;
  • mancha marrom;
  • giberela;
  • brusone;
  • estria-bacteriana;
  • mosaico comum do trigo;
  • nanismo amarelo da cevada.

Nesta lista, falamos de duas doenças de origem viral. Você já ouviu falar ou teve problemas com elas na sua lavoura?

Mas, antes, vou explicar melhor como acontecem as viroses.

O que são as viroses nas culturas agrícolas?

As viroses são doenças causadas por vírus – pequenos agentes infecciosos que não possuem metabolismo próprio. Ou seja, os vírus precisam do metabolismo do organismo parasitado, no caso as plantas, para a replicação. Por isso, é chamado de parasita obrigatório.

A partícula viral é bastante simples, constituída de moléculas de DNA ou RNA de fita simples ou dupla, sendo, ainda nesta partícula, moléculas proteicas e podem apresentar um envelope lipoproteico. 

Algo muito importante para as viroses é entender sobre seu controle. O manejo deve ser preventivo, como vou explicar melhor adiante.

Na cultura do trigo, as principais viroses são o mosaico comum do trigo e o nanismo amarelo da cevada.

Aqui no Blog do Aegro nós já falamos sobre doenças fúngicas e bacterianas do trigo. Confira no artigo “As principais doenças de culturas de inverno e como combatê-las”.

Viroses no trigo: mosaico comum do trigo

O mosaico comum do trigo é causado pelo vírus Soil-borne wheat mosaic virus (SBWMV). É transmitido pelo protozoário Polymyza graminis (habitante do solo – parasita de raízes de algumas plantas), que, quando presente no solo, se espalha através de esporos que são liberados com a água da chuva.

Além do SBWMV, o vírus Wheat spindle streak virus (WSSMV) também está associado à doença, que tem o mesmo vetor.

A lavoura afetada por esta virose pode chegar a registrar até 60% de redução no peso dos grãos.

O mosaico comum pode também ser identificado como mosaico verde, mosaico amarelo, mosaico estriado do trigo, virose da estria amarela do trigo e mosaico roseta

Esta doença é detectada em regiões frias como nos estados do Rio Grande do sul, Paraná e Santa Catarina. 

A temperatura ótima para seu desenvolvimento é de 16℃. Temperaturas acima de 20℃ cessam seu desenvolvimento.

O mosaico comum do trigo começou a ter importância pela adoção do sistema de plantio direto. Além de áreas com compactação do solo e encharcamento, cultivos que apresentaram alta precipitação favorecem o vetor do vírus.

Além do trigo, a virose afeta as culturas de centeio, triticale e cevada.

Sintomas e manejo do mosaico comum do trigo

Como sintoma do mosaico comum do trigo você pode observar, nos estádios iniciais da cultura, estrias amarelas, que são paralelas à nervura. 

Pode surgir ainda o sintoma roseta, que paralisa o crescimento da planta e afilhamento exagerado. A doença é o maior problema logo após o plantio da cultura.

Essa virose pode causar danos consideráveis, principalmente quando se utiliza cultivares suscetíveis.

foto de Douglas Lau - Listras amarelas são o principal sintoma do mosaico

(Fonte: Douglas Lau em Embrapa)

No campo, normalmente, você observa a doença em reboleira, por causa da distribuição do vetor no solo.

infográfico com Ciclo do mosaico comum do trigo e da Polymyza graminis

Ciclo do mosaico comum do trigo e da Polymyza graminis}
(Fonte: Reis e Danelli)

A rotação de cultura não é eficiente para esta doença, por isso, as medidas de manejo devem ser preventivas utilizando cultivares resistentes.

Nanismo amarelo da cevada

Esse nanismo é causado pelo vírus Barley yellow dwarf virus (BYDV), com maior ocorrência na região sul do Brasil. Dados indicam que podem ocorrer perdas de até 50% dos grãos devido à virose.

O vírus é transmitido por afídeos (pulgões), de forma persistente circulativa, com aquisição de 15–60 minutos e transmissão de 24h a 48 horas. Os afídeos são favorecidos por tempo seco e temperaturas amenas.

Há uma ampla gama de hospedeiros do vírus além do trigo como arroz, aveia, cevada, centeio, milho e outras.

E, como o próprio nome da doença sugere, a planta com a virose sofre nanismo, interferindo no seu desenvolvimento, e há amarelecimento das folhas.

Sintomas e manejo do nanismo

Como sintomas, é comum observar que as folhas bandeiras ficam eretas e de coloração amarelo brilhante. 

Essa folha pode morrer precocemente e causar escurecimento na espiga. Os grãos de plantas infectadas ficam chochos e enrugados.

foto com Sintomas do nanismo amarelo da cevada com pulgões Rhopalosiphum padi

Sintomas do nanismo amarelo da cevada com pulgões Rhopalosiphum padi
(Fonte: Douglas Lau em Embrapa)

Medidas de manejo para a virose do nanismo amarelo da cevada são:

Um recente vírus identificado no trigo no Brasil: WhSMV

O Wheat stripe mosaic virus (WhSMV) foi relatado no final de 2018 em um estudo realizado pela Embrapa Trigo, em parceria com a Biotrigo Genética, Universidade Federal de Santa Catarina e outros órgãos.

Este estudo foi sobre a população viral e manejo do mosaico comum do trigo, o que acabou descobrindo mais um vírus que está associado a esta doença. Isso foi possível através de técnicas de sequenciamento genético.

Então, além do SBWMV e, posteriormente, do WSSMV associado ao mosaico comum do trigo, também foi identificado o WhSMV.

e-book culturas de inverno Aegro

Conclusão

As viroses são importantes doenças para a cultura do trigo, podendo causar perdas de até 60% nos grãos.

Neste texto, falamos das duas principais viroses para a triticultura que são mosaico comum e nanismo amarelo.

Agora que você sabe sobre os sintomas e o manejo, que deve ser preventivo, reduza as perdas com viroses na sua lavoura de trigo.

Você teve problemas com viroses na cultura do trigo na sua lavoura? Como realizou o manejo da doença? Adoraria ver seu comentário abaixo.

Mosaico dourado do feijoeiro e o seu manejo

Mosaico dourado do feijoeiro: como identificar os principais sintomas da doença na lavoura, o vetor e as principais medidas de manejo.

As doenças são fatores limitantes para a produção e causas de grandes prejuízos na lavoura.

O mosaico dourado é uma das mais importantes doenças da cultura do feijoeiro no Brasil e pode provocar perdas de até 100% da produção.

Para te ajudar a minimizar os riscos dessa virose na lavoura de feijão, preparamos este texto com os sintomas, vetor e o manejo adequado para o mosaico dourado do feijoeiro. Confira!

Importância da cultura do feijoeiro no Brasil

O Brasil é um dos principais produtores de feijão do mundo, sendo o grão utilizado como base alimentar da população.

O feijão pode ter até três ciclos de cultivo no país: 1ª safra, 2ª safra e 3ª safra ou safra de inverno.

Calendário agrícola da primeira safra de feijão no Brasil com a cor verde que corresponde ao período de plantio e a laranja ao da colheita
Calendário agrícola da segunda e terceira safra de feijão no Brasil com a cor verde que corresponde ao período de plantio e a laranja ao da colheita

Calendário agrícola das safras de feijão no Brasil; a cor verde corresponde ao período de plantio e a laranja ao da colheita
(Fonte: Conab)

A estimativa da Conab é de que, neste ano, sejam plantados 2,9 milhões de hectares de feijão nas três safras, com produção de 3,15 milhões de toneladas e produtividade de 1,07 tonelada/ha.

Para evitar os prejuízos com as doenças na lavoura, conheça a principal virose da cultura: o mosaico dourado do feijoeiro.

Importância e sintomas do mosaico dourado do feijoeiro

O mosaico dourado é a principal virose na cultura do feijoeiro. É causada pelo vírus Bean golden mosaic virus (BGMV), que pertence ao gênero Begomovirus, que tem genoma bipartido, ou seja, dois componentes de DNA circular (DNA A e DNA B).

ilustração da organização do genoma do mosaico dourado do feijoeiro

Organização do genoma do Bean golden mosaic virus
(Fonte: Vinicius Bello em Unesp,  adaptada de Rojas et al., 2005)

A doença foi identificada no Brasil em 1961, mas ganhou importância a partir da década de 70. Há estudos que mostram que pode ocorrer incidência de 100% da lavoura com o vírus do mosaico dourado e causar perdas de produção de até 100%. Por isso, é considerada uma virose de grande importância para o feijoeiro.

Como o próprio nome da doença indica, o sintoma principal são as folhas com mosaico amarelo ou dourado

Mas, além desse sintoma, você também pode encontrar folhas enrugadas, encarquilhadas, enroladas e de tamanho reduzido.

foto da doença mosaico dourado do feijoeiro

(Fonte: IPM Images)

Também podem ocorrer sintomas de nanismo e superbrotação, com caules e ramos deformados, com muitas brotações laterais e a planta de tamanho reduzido. Os sintomas podem variar em relação à variedade e idade da planta.

Se nas plantas infectadas ocorrer a formação de vagens, elas normalmente são deformadas, com tamanho reduzido e menor número de grãos. Além disso, os grãos podem ficar mal formados, prejudicando a qualidade.

Outro aspecto muito importante desse vírus que é que ele é transmitido pela mosca branca (Bemisia tabaci) de maneira persistente circulativa. Vou explicar melhor sobre isso:

Vetor do vírus

A mosca branca é vetor de muitas viroses importantes para as culturas agrícolas, podendo transmitir cerca de 300 espécies de vírus diferentes.

foto da mosca branca vista de telescópio

Bemisa tabaci MEAM1
(Fonte: arquivo pessoal da autora)

Além disso, ela tem excelente capacidade de reprodução, dispersão e coloniza várias espécies de plantas, sendo considerada uma praga polífaga.

Ciclo de vida da mosca branca

Ciclo de vida da mosca branca
(Fonte: Promip)

A relação persistente circulativa que comentei acima é quando o vírus é adquirido pelo vetor durante um período prolongado de alimentação nos vasos do floema. O vírus circula no corpo do vetor, mas não se propaga.

Além disso, nesse tipo de transmissão, há o período de latência, que é um período até que o vetor seja capaz de transmitir o vírus para outra planta, ou seja, período entre a aquisição e a transmissão do vírus.

tabela com característica e persistência do vírus do mosaico dourado do feijoeiro

(Fonte: Fitopatologia)

Vale lembrar que esse vírus não é transmitido por sementes ou contato manual, é somente transmitido pelo vetor.

Agora que você sabe mais sobre o mosaico dourado, veja como realizar o manejo dessa doença na sua propriedade.

Medidas de manejo do mosaico dourado do feijoeiro

Para o manejo do mosaico dourado, como ocorre para outras viroses, é recomendada a redução do inóculo inicial

E uma dessas medidas é o vazio sanitário para feijoeiro, que ocorre por 30 dias. Isso é adotado em Goiás, Minas Gerais e Distrito Federal.

Além disso, recomenda-se o plantio do feijão em época com baixa população de mosca branca e, se possível, longe de áreas com espécies hospedeiras da mosca branca e também do vírus.

O uso de inseticidas para reduzir a população de mosca branca tem sido adotado por muitos produtores. Porém, um inconveniente é a seleção de espécies do vetor resistente ao inseticida. Por isso, é preciso ter cautela nesse método de manejo e utilizar a rotação de moléculas.

Por isso, procure um(a) engenheiro(a)-agrônomo(a) para te auxiliar com o manejo dessa virose.

A maioria das variedades de feijoeiro é suscetível ao vírus do mosaico dourado, mas algumas variedades são consideradas tolerantes ou com resistência parcial, apresentando um sintoma leve da virose e menores taxas de perdas.

Além disso, já foi lançada uma variedade de feijão transgênica resistente ao mosaico dourado do feijoeiro. A Embrapa lançou essa tecnologia denominada RDM (resistente ao mosaico dourado) para o feijão carioca.

Essa tecnologia pode proporcionar maior rendimento na cultura do feijoeiro, menor aplicação de inseticida para a mosca branca (vetor do vírus) e, consequentemente, lucro.

Veja a cartilha da Embrapa sobre essa tecnologia e o manejo antes, durante e após a cultura de feijão no campo!

Conclusão

A cultura do feijoeiro é muito importante para o Brasil, sendo um dos países em que mais se produz a cultura.

E a virose mosaico dourado, uma das principais doenças do feijoeiro, pode provocar perdas extremamente elevadas na lavoura.

Por isso, neste texto falamos sobre os sintomas e o vetor da doença, além de dar dicas do manejo da virose para reduzir perdas com a doença na sua lavoura. 

Agora que você sabe tudo sobre o manejo, pratique-o na sua lavoura e reduza as perdas!

>> Leia mais:

Como fazer o preparo do solo para o plantio de feijão

Manejos essenciais em cada um dos estádios fenológicos do feijão

Você tem problema com o mosaico dourado do feijoeiro na sua lavoura? Como realiza o manejo da doença? Adoraria ver seu comentário abaixo.

Como evitar e combater a mela do algodoeiro em sua lavoura

Mela do algodoeiro: principais sintomas da doença, manejos preventivos e outras recomendações de controle para sua lavoura.

A lavoura de algodão pode sofrer com diversas doenças fúngicas. Uma delas é a mela do algodoeiro que vem causando muita dor de cabeça e perdas de produtividade em todo o país.

Por ser uma doença relativamente nova no Brasil, não existem muitas informações sobre o manejo. Por isso, o mais importante é prevenir sua entrada na lavoura. 

Acompanhe neste artigo as recomendações mais atualizadas para evitar, identificar e, se necessário, controlar a doença na sua propriedade!

O que é a mela do algodoeiro?

A mela do algodoeiro é uma doença ocasionada pelo agente causal Rhizoctonia solani Kuhn, grupo de anastomose AG4 (teleomorfo: Thanatephorus cucumeris (A.B. Frank) Donk).

É um patógeno de solo capaz de infectar a cultura do algodão logo em sua fase inicial de desenvolvimento e apresenta difícil controle por produzir escleródios (estrutura de sobrevivência do fungo) no solo.

Na prática, a ocorrência da mela do algodoeiro representa menor rentabilidade ao produtor, pois reduz a população de plantas no campo, sendo necessária, muitas vezes, a ressemeadura.

A presença do fungo é favorecida principalmente pelo monocultivo do algodão, juntamente com o preparo intensivo do solo.

Casos de encharcamento e alagamento de solo podem contribuir fortemente para o aumento do patógeno, se você utilizar sementes com baixo vigor e realizar a semeadura do algodoeiro fora da época.

A dica é evitar épocas muito chuvosas para o plantio, pois esse patógeno se adapta bem a ambientes úmidos (em média 80% de Umidade Relativa) e temperatura entre 25℃ a 30℃.

O primeiro relato da doença foi na safra 2004/05 no Mato Grosso. Desde então, já foi detectada em diversos estados produtores de algodão como Mato Grosso do Sul e Bahia.

ciclo fisiológico das doenças do algodoeiro

Mela do algodoeiro é uma das doenças iniciais da cultura do algodão
(Fonte: Luiz Chitarra/Embrapa em Congresso do Algodão)

Sintomas da doença no algodoeiro

Para identificar a mela do algodoeiro na lavoura, fique atento aos sintomas iniciais: lesões, com aspecto oleoso, nas bordas dos cotilédones.

Conforme o desenvolvimento da doença, podem ser observados o encharcamento (anasarca) e a destruição total dos cotilédones, levando a plântula à morte.

Plântulas de algodoeiro com sintomas de mela

Plântulas de algodoeiro com sintomas de mela 
(Fonte: Goulart e colaboradores)

Atenção para não confundir os sintomas da mela do algodoeiro com outras doenças, como a causada pelo R. solani AG4, popularmente conhecida como “tombamento”. Seus sintomas, no caso, são formações de lesões no colo e nas raízes das plântulas de algodão, que podem ser confundidos com a mela.

Como evitar a mela do algodoeiro

A cultura do algodoeiro demanda muitos cuidados para alcançar altas produtividades. Um deles é o manejo preventivo de doenças fúngicas.

O primeiro passo é justamente evitar a entrada e a proliferação de fungos na lavoura. Para isso, realize um bom planejamento dos processos da fazenda e tome atitudes bastante simples, mas eficazes, como manejo preventivo.

Veja alguns cuidados que devem ser levados em consideração:

  • realize a limpeza frequente de máquinas e implementos agrícolas;
  • utilize sementes certificadas e de alto vigor;
  • realize teste de qualidade de água (caso utilize irrigação);
  • faça o tratamento de sementes;
  • realize a rotação de culturas (utilize gramíneas que reduzam a infestação de R. Solani);
  • mantenha o solo com adubação equilibrada;
  • escolha a época de plantio (evite períodos chuvosos);
  • realize o manejo integrado de doenças;
  • elimine plantas hospedeiras;
  • realize frequentemente análises de solo em sua lavoura.

Quando o assunto é fungos, é melhor pecar pelo excesso de manejos preventivos do que pela falta!

Situação ideal de desenvolvimento da mela do algodoeiro

Situação ideal de desenvolvimento da mela do algodoeiro; doença é altamente favorecida pelo clima chuvoso na fase inicial da cultura
(Fonte: Cultivar)

Mas, e quando a lavoura já está afetada pela doença, o que fazer? Vou explicar melhor a seguir:

Formas de controle

Para o controle da mela do algodoeiro, a utilização de tratamento de sementes com fungicidas vem como um forte aliado, principalmente pela doença se manifestar nas fases iniciais de desenvolvimento.

Estudos realizados pela Embrapa Algodão, indicam que o tratamento químico com Dynasty + Cruiser proporcionaram menor número de plântulas afetadas pelo fungo. Além disso, os resultados são potencializados com a aplicação de fungicidas preventivos nos estádios iniciais da cultura.  

Estudos também indicam ótimos resultados de emergência de plântulas para sementes tratadas com tolylfluanid + pencycuron + triadimenol.

Outra opção de manejo seria a adição de fungicida PCNB (pentachloronitrobenzene), na dose de 500g/100kg de sementes às misturas padrões (fludioxonil + mefenoxan + azoxistrobina, carbendazim + tirame + pencycuron + triadimenol e carboxina + thiram), que já eram utilizados no controle do tombamento.

Contudo, antes de escolher seu tratamento de sementes, observe quais os principais problemas da sua lavoura.

Caso sua área esteja infestada com o patógeno, opte pela combinação: tratamento de sementes+aplicação foliar logo após a emergência+rotação de cultura

Sobre qual produto utilizar para aplicação foliar no manejo da mela do algodoeiro, consulte um(a) engenheiro(a) agrônomo(a)! Além disso, sempre realize o monitoramento em sua propriedade.

O manejo imediato da mela do algodoeiro irá evitar perdas consideráveis de produtividade e, principalmente, que o fungo se espalhe por todos os talhões da propriedade.

Aproveite e baixe aqui uma planilha grátis para calcular sua produtividade de algodão!

Conclusão

A mela do algodoeiro é uma doença com relatos recentes e que vem causando problemas em diversas regiões do país.

Neste artigo, você viu como reconhecê-la no campo e os cuidados para evitar a contaminação de fungos na lavoura. Também conheceu as recomendações de manejos para controle da doença.

Espero que essas informações possam auxiliar seu dia a dia no campo e no planejamento preventivo da mela na sua propriedade!

>> Leia mais:

As 6 mais importantes dicas para a colheita do algodão

Como fazer o manejo integrado do bicudo-do-algodoeiro

Você tem problemas com a mela do algodoeiro em sua lavoura? Quais medidas de prevenção utiliza para evitar essa doença? Adoraria ver seu comentário abaixo! 

As principais doenças de culturas de inverno e como combatê-las

Doenças de culturas de inverno podem colocar sua produção a perder. Saiba como identificar as mais recorrentes e todas as recomendações de controle.

As doenças são um grande problema na lavoura, podendo colocar toda a produção a perder.

Por isso, saber identificá-las e fazer o manejo correto é essencial para garantir uma boa colheita.

Neste artigo vamos mostrar as principais doenças de culturas de inverno, como oídio, ferrugem e mancha foliar, quais suas características e as formas de controle mais recomendadas. Confira a seguir!

Importância e opções das culturas de inverno para sua propriedade

As culturas de inverno são uma ótima opção para aumentar a renda após o cultivo de verão ou mesmo diversificar as culturas agrícolas na propriedade.

Segundo a Conab, há estimativa de crescimento de 11,8% na área a ser plantada com culturas de inverno (aveia, canola, centeio, cevada, trigo e triticale) na safra 2020. 

Para escolher o melhor plantio no inverno, considere a oportunidade da cultura agrícola na sua região, ponderando a parte econômica (venda e renda) e também as condições climáticas. 

Algumas opções de culturas de inverno são:

Nos próximos tópicos vamos mostras as principais doenças de algumas dessas culturas e as medidas de controle mais recomendadas.

Milho, sorgo e feijão também são considerados culturas de inverno, mas sobre as doenças desses cultivos preparamos um texto específico que você pode conferir aqui!

Doenças de culturas de inverno: trigo

Ferrugem comum das folhas do trigo

Causada pelo fungo Puccinia triticina, é considerada a doença mais comum na cultura, ocorrendo em grande parte das regiões produtoras de trigo no Brasil. Relatos já mostraram perdas de até 50% na produtividade em estados da região Sul do país.

A doença pode se manifestar em todas as fases do ciclo da cultura. Seus sintomas são pequenos pontos arredondados de coloração alaranjada (pústulas), principalmente na parte superior das folhas.

Ferrugem da folha (Puccinia recondita f.sp. tritici)

(Fonte: Agrolink)

Controle da ferrugem da folha do trigo:

  • controle genético;
  • rotação de culturas;
  • eliminação de plantas voluntárias;
  • controle químico (fungicidas).

Helmintosporiose

A helmintosporiose ou mancha marrom causada pelo fungo Bipolaris sorokiniana é comum nas regiões mais quentes de cultivo do trigo.

Nas folhas, os sintomas são lesões elípticas de coloração cinza (regiões mais quentes). Nas regiões mais frias, a doença causa lesões retangulares e escuras nas folhas.

Mas esse fungo pode infectar qualquer órgão das plantas de trigo e como fonte de inóculo do fungo são considerados restos culturais e sementes.

Medidas de manejo para helmintosporiose são:

  • uso de sementes sadias e com tratamento de sementes;
  • rotação de culturas;
  • controle químico (mistura de triazóis e estrobilurinas).

Giberela 

A giberela é causada pelo fungo Fusarium graminearum, sendo mais frequente em regiões quentes. Este fungo pode sobreviver em restos culturais e em sementes.  

A doença é considerada o principal problema que afeta as espigas de lavouras de trigo, cevada e triticale no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e região centro-sul do Paraná.

Além das perdas em rendimento, pode ocorrer a presença de micotoxinas, substância tóxica produzida pelo fungo.

O fungo infecta a flor, causando sua morte. Caso consigam se desenvolver, os grãos ficam enrugados, chochos e de coloração rosa. 

Como sintomas da doença, você pode notar que as aristas de espiguetas infectadas se desviam do sentido não infectadas. Posteriormente, aristas e espiguetas adquirem coloração esbranquiçada ou cor de palha.

Maria Imaculada Lima - Giberela em trigo

(Fonte: Maria Imaculada Lima em Embrapa)

A doença é de difícil controle, por isso, algumas medidas de manejo para giberela são:

  • aplicação de fungicidas após início da floração;
  • semeaduras antecipadas.

Mancha amarela

Esta doença é mais facilmente encontrada em locais de plantio direto com monocultura. É uma das manchas mais importantes para a cultura e pode causar perdas de 50% no trigo e também na cevada.

A mancha amarela é causada pelo fungo Drechslera tritici-repentis que, nas plantas de trigo, pode causar sintomas de pequenas manchas cloróticas, que evoluem e se expandem para manchas de cor palha, circundadas com halo amarelo.

doenças de culturas de inverno

(Fonte: Flávio Santana em Embrapa)

Algumas medidas de manejo para esta doença são:

  • tratamento de sementes com fungicidas;
  • rotação de culturas; 
  • fungicidas;
  • eliminação de plantas voluntárias.

Septoriose

Também chamada de mancha da gluma, é causada pelo fungo Stagonospora nodorum, que pode sobreviver em restos culturais e sementes.

Como sintomas, nas folhas podem ser observadas lesões elípticas de aspecto aquoso, que após algum tempo se tornam secas e de coloração parda.

São medidas de manejo para septoriose:

  • tratamento de sementes com fungicidas;
  • rotação de culturas;
  • controle químico.

Brusone

A brusone ou branqueamento da espiga é causada pelo fungo Pyricularia grisea, sendo também uma das doenças mais importantes na cultura do arroz

Alguns sintomas da doença são espigas de coloração branca e, no local de penetração do fungo, causa a morte acima desse ponto de penetração.

Como a giberela, a brusone é de difícil controle. Assim, uma medida recomendada é o plantio precoce da cultura de trigo.

Oídio

O oídio tem como agente causal o Blumeria graminis f. sp. tritici, que pode gerar até 60% de perdas na cultura.

Você pode observar nas folhas uma coloração branca com aspecto de pó. Os tecidos atacados apresentam coloração amarela e acabam morrendo. As plantas atacadas apresentam menor vigor, redução do número de espigas e peso dos grãos.

Leila Costamilan - Sintomas de oídio em plantas de trigo

(Fonte: Leila Costamilan em Embrapa)

Algumas medidas de manejo para oídio são:

  • cultivares resistentes;
  • pulverização com fungicidas.

Doenças de culturas de inverno: aveia

Ferrugem da folha

É considerada a doença mais comum na cultura, causada pelo fungo Puccinia coronata f. sp. avenae.

Os sintomas incluem pontos pequenos e ovais de coloração alaranjada (pústulas). Com o progresso da doença, as pústulas podem se tornar mais escuras.

Ferrugem da folha (Puccinia coronata var. avenae)

(Fonte: Agrolink)

Algumas medidas de manejo para a doença são:

  • uso de fungicida;
  • eliminação de plantas voluntárias com sintomas;
  • resistência genética.

Mancha do halo amarelo

Esta doença ocorre em todos os locais de cultivo da cultura da aveia, sendo causada pela bactéria Pseudomonas syringae pv. coronafaciens. É considerada a segunda doença mais importante da cultura.

Aparece em folhas novas, com manchas cloróticas, com halo verde-claro a amarelado. Essas manchas podem tomar toda folha e matar o tecido. Também ocorrem sintomas no colmo e bainha.

Medidas de manejo para a doença são:

  • rotação de culturas;
  • sementes sadias.

Helmintosporiose

Essa doença, causada pelo fungo Drechslera avenae, traz dano principalmente quando há chuvas frequentes antes da colheita. Isso prejudica os grãos, que ficam escuros e perdem a qualidade.

Como sintomas ocorrem manchas largas de coloração marrom ou roxa, podendo necrosar o limbo foliar. Pode atacar também os grãos ou sementes.

Algumas medidas de manejo são:

  • eliminação de plantas voluntárias;
  • rotação de culturas;
  • sementes sadias;
  • fungicidas nos órgãos aéreos da planta. 

Doenças de culturas de inverno: girassol

Mofo-branco

O mofo-branco ou podridão branca é causado por Sclerotinia sclerotiorum, sendo considerado o fungo mais importante na cultura do girassol.

Se o fungo atacar na fase de plântula, pode ocasionar a morte e provocar falhas no estande. Mas pode haver outros tipos de sintomas conforme a parte atacada: basal, mediana e capítulo.

Na basal (do estádio de plântula até a maturação), o mofo-branco pode ocasionar a murcha da planta e lesão marrom, mole e com aspecto de encharcada. Se houver alta umidade, a lesão pode ficar coberta por um micélio branco. Além disso, podem ser encontrados escleródios nas áreas afetadas.

Já na porção mediana da planta, que ocorre a partir do estádio vegetativo, os sintomas são parecidos com os da infecção basal. Escleródios podem ocorrer dentro e fora da haste.

E no capítulo, que ocorre a partir da floração, inicialmente observam-se lesões pardas e encharcadas no capítulo, tendo a presença do micélio cobrindo algumas de suas partes. 

Com o progresso da doença, pode-se encontrar muitos escleródios no interior do capítulo. O fungo pode destruir essa estrutura floral.

doenças de culturas de inverno

Sintomas do mofo-branco no capítulo do girassol
(Fonte: Aguiar, R; Sampaio, J; Boniatti, P.  em IFMT)

Algumas medidas de manejo para a doença são:

  • rotação de culturas;
  • época de semeadura.

Mancha de alternaria

Doença causada por Alternaria helianthi, sendo considerada a mais comum em regiões subtropicais úmidas.

A doença pode causar necrose nas folhas, podendo ocasionar morte das células e desfolha precoce.

Inicialmente você pode observar pequenos pontos necróticos castanhos nas folhas, com halo clorótico. Com o progresso da doença, pode haver círculos concêntricos, semelhante a um alvo, que pode progredir para necrose e desfolha.

Algumas medidas de manejo são:

  • controle genético;
  • rotação de culturas;
  • escolha da época de semeadura;
  • densidade de semeadura correta para não apresentar microclima favorável.

Doenças de culturas de inverno: cevada

Mancha reticular 

A doença é causada pelo fungo Drechslera teres, considerada a principal doença da cultura de cevada.

Nas folhas com ataque deste fungo ocorrem manchas ou estrias marrons, formando rede de tecido necrosado, com halo amarelo.

Mancha angular (Drechslera teres)

(Fonte: Agrolink)

Algumas medidas de controle são:

Nanismo amarelo da cevada

Esta virose ocorre em aveia, cevada e trigo causada pelo vírus BYDV, tendo como vetor afídeos.

Como sintoma, você pode observar nas folhas mais novas manchas cloróticas, de amarelada até arroxeada.

Como medida de manejo da doença são recomendados: 

  • controle químico ou biológico do vetor; 
  • tratamento de sementes.

Para te auxiliar com a prescrição de medidas de manejo para as doenças de culturas de inverno procure um(a) engenheiro(a) agrônomo(a).

e-book culturas de inverno Aegro

Conclusão 

Culturas de inverno são uma opção para aumentar a rentabilidade e diversificar as culturas na fazenda após a safra de verão.

Neste artigo, apontamos as doenças mais recorrentes nos cultivos de trigo, aveia, girassol e cevada. 

Falamos sobre os sintomas de cada uma delas e também sobre as medidas mais efetivas de controle.

Agora que você já sabe como fazer o melhor manejo de doenças nas culturas de inverno, espero que você consiga alcançar uma boa produtividade e lucro na sua safra de inverno!

>>Leia mais:

Perspectivas para a safra de inverno!

“Identifique os sintomas da podridão parda da haste da soja e aprenda a evitar a doença”

Você tem problemas com doenças de culturas de inverno na sua propriedade? Como realiza o manejo? Adoraria ver seu comentário abaixo.

Pragas quarentenárias: entenda os tipos e o que fazer para impedir a sua presença

Pragas quarentenárias: importância, tipos, estações quarentenárias, como impedir sua entrada e pragas não quarentenárias regulamentadas.

As culturas agrícolas são afetadas por muitas pragas que podem causar sérios prejuízos. Muitas delas entraram no país ao longo dos anos e há constante ameaça da entrada de novos vírus, doenças, daninhas, etc.

Por isso, é extremamente importante o conhecimento de pragas quarentenárias, assim como a fiscalização e o controle de materiais vegetais.

E você sabe o que é necessário para impedir a entrada das pragas quarentenárias? Entende as definições de A1 e A2?

Tire todas as suas dúvidas neste artigo. Confira!

Introdução de pragas quarentenárias no território brasileiro

Quando falamos de pragas, devemos ter o conceito muito bem definido de acordo com a legislação: praga é todo ser vivo nocivo a vegetais! Assim, praga compreende doenças, insetos, ácaros e plantas daninhas.

Nem todas as pragas que afetam as culturas agrícolas cultivadas no Brasil estiveram sempre presentes por aqui. 

Um exemplo disso é o cultivo da soja, que foi introduzido no país em 1961. Mas a ferrugem asiática da soja, que é um grande problema para a cultura, só foi introduzida no território nacional em 2001.

Assim, não são todos os países que têm as mesmas pragas que afetam a cultura. 

Em doenças de plantas (fitopatologia), por exemplo, falamos sempre sobre o Triângulo da Doença. Para uma doença ocorrer deve haver o hospedeiro (cultura), o patógeno e o ambiente favorável.

triângulo da doença

(Fonte: Fitopatologia)

Outro exemplo de praga introduzida no país recentemente, e que foi um grande problema para a agricultura brasileira, é a Helicoverpa armigera.

A lagarta foi identificada em 2013 no Brasil – até então era considerada uma praga quarentenária. A H. armigera causou um grande transtorno e enormes prejuízos, pois não havia preparo para seu manejo. 

Outro agravante dessa praga é que ela é polífaga, ou seja, se alimenta de várias culturas como algodão, soja, milho, tomate, feijão, sorgo, milheto, trigo, crotalária, girassol e outras.

Como vimos, pragas vindas de outros locais podem causar sérios prejuízos na agricultura brasileira. Por isso, é muito importante conhecermos melhor as pragas quarentenárias.

Tipos de pragas quarentenárias

Pragas quarentenárias são aquelas pragas de importância econômica potencial para a área posta em perigo e onde ainda não está presente ou, se está, ainda não se encontra amplamente distribuída e oficialmente controlada. 

Ou seja: são pragas que ameaçam a economia agrícola do país.

Existem dois tipos de pragas quarentenárias:

  • A1: Ausente – são as pragas que não têm ocorrência no Brasil e exóticas.
  • A2: Presente – estão presentes no país, mas não em todas as regiões, e estão sob controle oficial. Então, deve-se ter cuidado de não levar da região de ocorrência para outras que não tem a praga.

Você pode conferir a lista de pragas quarentenárias para o Brasil na Instrução normativa para A1 e A2 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). 

Alguns exemplos de A2 são pinta preta dos citros, sigatoka negra da bananeira, HLB, entre outras.  

Para definir quais as pragas quarentenárias é realizado uma análise de risco. Nessa análise é feito levantamento dos patógenos de cada espécie de planta que ocorrem no mundo e os que já foram identificados no país. 

Dessa forma, há a relação dos que não existem no Brasil e qual a probabilidade deles se tornarem um problema econômico.

20 pragas quarentenárias ausentes para o Brasil

A Embrapa e o Mapa priorizaram as 20 pragas quarentenárias ausentes para o Brasil e lançaram um livro sobre o assunto. Confira a relação em ordem alfabética:

  1. African Cassava Mosaic Virus – vírus (mandioca)
  2. Anastrepha suspensa – inseto (goiaba)
  3. Bactrocera dorsalis– inseto (frutíferas)
  4. Boeremia foveata – fungo (batata)
  5. Brevipalpus chilensis – ácaro (kiwi, videira)
  6. Candidatus Phytoplasma palmae – fitoplasma (coqueiro)
  7. Cirsium arvense – planta daninha (trigo, milho, aveia, soja)
  8. Cydia pomonella – inseto (maçã)
  9. Ditylenchus destructor – nematoide (milho, batata)
  10. Fusarium oxysporum f.sp. cubense Raça 4 Tropical – fungo (banana)
  11. Globodera rostochiensis – nematoide (batata)
  12. Lobesia botrana – inseto (videira)
  13. Moniliophthora roreri – fungo (cacau)
  14. Pantoea stewartii – bactéria (milho)
  15. Plum Pox Virus – vírus (pessegueiro, ameixeira)
  16. Striga spp. – planta daninha (milho, caupi)
  17. Tomato ringspot virus – vírus (frutíferas e tomate)
  18. Toxotrypana curvicauda – inseto (mamão)
  19. Xanthomonas oryzae pv. oryzae – bactéria (arroz)
  20. Xylella fastidiosa subsp. fastidiosa – bactéria (videira)

Normalmente, as pragas estão associadas ao centro de origem da cultura e podem se distribuir para outros locais pelo intercâmbio de material vegetal (sendo uma das maneiras de introduzir as pragas). 

Além desse meio de introdução, há outros como: pessoas, máquinas, vento, trânsito de animais/aves e bioterrorismo.

Lembrando que, quanto mais movimento, mais pragas estão circulando e, com isso, podem entrar nas regiões. Estima-se que 65% dos patógenos introduzidos no Brasil foram devido a atividades humanas.

Por isso, é preciso realizar a inspeção fitossanitária. Isso pode ser realizado por estações quarentenárias, que podem ser públicas ou privadas, tendo de ser cadastradas e credenciadas ao Mapa.

Estações quarentenárias 

As estações são locais que recebem materiais vegetais que podem ter alguma praga quarentenária associada e fazem as devidas análises.

Isso é importante para reduzir a entrada e o estabelecimento de novas pragas, já que muitas vezes é essencial trazer material vegetal de outros países para programas de melhoramento genético, por exemplo. No Brasil existem algumas estações quarentenárias.

Como impedir a entrada das pragas quarentenárias

Uma das medidas para evitar a entrada de pragas quarentenárias é a prevenção, sendo a exclusão o princípio de controle.

Assim, para prevenir a entrada da praga em uma área, algumas medidas de manejo são: 

  • sementes e mudas sadias;
  • inspeção e certificação;
  • quarentena; e
  • eliminação de vetores.

A prevenção deve ser aplicada no âmbito internacional, pensando nas pragas ausentes, e no cenário estadual, principalmente para as pragas A2. 

Um exemplo de prevenção de pragas A2 ocorreu após a constatação do Cancro Cítrico no país, que proibiu o livre trânsito de material cítrico entre as regiões. 

É muito importante também saber quais os locais mais críticos para a entrada de pragas no país. Para isso, a Embrapa levantou os locais mais suscetíveis à entrada de pragas agropecuárias não presentes no Brasil. Veja na figura abaixo:

No Brasil, o órgão responsável pelas atividades de vigilância agropecuária internacional é o sistema de Vigilância Agropecuária Internacional – Vigiagro. 

Ele é composto por serviços e unidades de vigilância agropecuária localizados nos portos, aeroportos, postos de fronteira e aduanas especiais.

Esse sistema controla e fiscaliza animais, vegetais, insumos, inclusive alimentos para animais, produtos de origem animal e vegetal, embalagens e suportes de madeira importados, exportados e em trânsito internacional pelo Brasil.

Além das pragas quarentenárias, você já escutou sobre pragas não quarentenárias regulamentadas?

Pragas não quarentenárias regulamentadas

Pragas não quarentenárias regulamentadas (PNQR) são pragas que já estão no Brasil (não sendo quarentenárias aqui), mas não é permitido comercializar o produto agrícola com ela.

Exemplo é para batata-semente sem os vírus PVY (Potato virus Y), o PLRV (Potato leafroll virus), o PVX (Potato virus X) e PVS (Potato virus S). 

Assim, em batata-semente deve ser produzida, importada e comercializada sem esses vírus no país, além de outras pragas segundo a legislação.

Conclusão 

Pragas têm potencial de causar prejuízos bilionários à agricultura de um país.

Neste artigo falamos sobre os tipos de pragas quarentenárias e o que é feito para impedir a entrada delas no território nacional.

Você conferiu a lista de pragas quarentenárias ausentes no Brasil.  Além disso, discutimos a importância das pragas não quarentenárias regulamentadas.

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