Como o manejo da água ajuda no início da lavoura?

Começar bem a lavoura faz toda a diferença para o andamento da safra e a água é um dos principais fatores nesse início.

Garantir que as plantas recebam a quantidade certa, na hora certa, é o que vai fazer a diferença no desenvolvimento do plantio.

Muitos produtores só se preocupam com a irrigação quando a planta já está desenvolvida, mas os primeiros dias são os mais sensíveis.

Um manejo eficiente da água nesse momento define grande parte do potencial produtivo da cultura.

Entender as necessidades hídricas desde o começo é o primeiro passo para uma lavoura mais saudável, produtiva e eficiente.

Por que os primeiros dias da planta pedem atenção especial com a água?

Plantas recém-germinadas ou mudas que acabaram de ser transplantadas, ainda estão formando seu sistema de raízes.

Com raízes pequenas e concentradas na superfície, elas exploram um volume muito limitado de solo.

Isso as torna vulneráveis à falta de umidade justamente nessa camada mais superficial, onde as alterações climáticas podem mudar rapidamente com o sol e o vento.

A água é a forma como as plantas absorvam os nutrientes do solo e realizem a fotossíntese, processos que impulsionam todo o crescimento inicial.

Ou seja, a falta de água, mesmo que por períodos curtos nesses primeiros dias, pode causar um estresse severo, diminuindo o vigor ou levar à morte das plântulas.

Além disso, cada cultura reage de uma forma diferente à disponibilidade de água nos estágios iniciais.

Água nas fases iniciais de culturas

1. Soja

Tanto o excesso quanto a falta de água durante a germinação e emergência podem desuniformizar o nascimento das plantas.

A semente precisa absorver uma quantidade significativa de água, no mínimo 50% do seu peso, para germinar bem.

Para o preparo do solo ideal na cultura, é preciso manter o teor de água no solo entre 50% e 85% da água disponível máxima nessa fase crítica da soja.

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2. Milho

No milho, durante a pré-emergência (antes da planta sair do solo), é preciso que a camada superficial do solo, onde a semente foi depositada, esteja sempre úmida.

Embora as fases onde a falta de água causa maiores perdas de produtividade venham depois, um bom estabelecimento inicial, que depende dessa umidade na germinação, é a base para todo o ciclo.

3. Culturas perenes

Em culturas perenes como os citros, os períodos de brotação, emissão de botões florais e o início do desenvolvimento dos frutos são mais sensíveis.

A falta de água nessas fases pode provocar a queda de flores e frutos jovens, impactando diretamente a produção.

A demanda de água aumenta conforme a planta cresce, passando de uma média de 4,7 L/dia no segundo ano para 46,5 L/dia no quinto ano após o plantio.

Além dessas informações, é importante lembrar que o estresse hídrico inicial, mesmo que não mate a planta, pode deixar marcas ocultas.

Ao comprometer o desenvolvimento das raízes ou o vigor, a planta pode ter dificuldades em absorver água e nutrientes mais tarde, limitando seu potencial produtivo final. Isso mostra o quanto o manejo da água é importante.

Como saber a hora certa e a quantidade ideal de água para as mudas?

A resposta varia conforme o tipo de solo, a cultura, as condições climáticas e o estágio de desenvolvimento da planta.

O objetivo do manejo da água é manter a umidade do solo, na zona onde as raízes estão ativas, dentro de uma faixa ideal, que é acima do Ponto de Murcha Permanente e abaixo da saturação.

O ideal é sempre manter a umidade próxima da capacidade de campo. Para isso, você pode usar alguns métodos, como:

1. Teste do tato-aparência

Uma forma bastante simples, rápida e praticamente sem custo para ter uma ideia da umidade do solo, é usar as próprias mãos.

Basta coletar uma pequena amostra de solo na profundidade onde as raízes das suas mudas estão (geralmente nos primeiros 15-20 cm) e apertá-la na mão.

A forma como o solo se comporta e sua aparência dão pistas sobre a necessidade de irrigação.

Se o solo estiver solto, esfarelando ao ser apertado e com uma coloração mais clara, é sinal de que está seco e precisa irrigar.

Mas se mantiver a forma ao ser apertado, sem ficar totalmente firme ou liberar água, com uma cor mais escura que o solo seco, ele está úmido. Neste caso, a irrigação pode ser necessária em breve.

Ou se formar uma bola bem firme, brilhante, e talvez até soltar um pouco de água ao ser apertado com força, o solo está muito molhado. Se isso acontecer, você não se deve irrigar, pois água em excesso pode prejudicar as raízes.

2. Sensores e monitoramento preciso

Para quem busca mais controle e dados objetivos, a tecnologia os sensores de umidade do solo podem ajudar no manejo da água.

Instalados em pontos estratégicos da lavoura, os sensores medem o conteúdo de água no solo e podem ser conectados a sistemas de irrigação inteligentes.

Além dos sensores de solo, outras tecnologias podem compor a irrigação otimizada, como:

  • Estações meteorológicas: Fornecem dados climáticos para estimar a perda de água do solo e da planta para a atmosfera;
  • Telemetria: São sistemas que monitorar os sensores e até acionar a irrigação remotamente, usando celular ou computador;
  • Drones com câmeras especiais (térmicas/multiespectrais): Sobrevoam a lavoura e identificam, pela temperatura das folhas ou por índices de vegetação, áreas que estão começando a sofrer com estresse hídrico.

3. Estimando a quantidade

Saber quando irrigar é importante, mas também é preciso estimar quanto irrigar. Algumas fontes técnicas oferecem orientações práticas.

Uma cartilha da Embrapa sobre irrigação de baixo custo, por exemplo, traz tabelas com tempos diários de irrigação para culturas como feijão-caupi, milho, mandioca, melancia, banana e mamão.

Esses tempos variam conforme a idade da planta, o mês do ano e o tipo de sistema usado.

As tabelas servem como referência inicial, mas os tempos devem ser ajustados conforme as condições específicas da sua lavoura.

Em sistemas como a produção de MPB de cana-de-açúcar, a irrigação pode ser calculada com precisão a partir da ETo medida por estações meteorológicas e ajustada ao ambiente do viveiro.

Mãos segurando uma porção de solo úmido e escuro, representando a importância da umidade adequada no solo para o desenvolvimento das plantas.

Qual o melhor sistema de irrigação para o início da lavoura?

A escolha do sistema de irrigação otimizada é um passo determinante para a eficiência do manejo da água, e isso é ainda mais verdadeiro quando falamos de mudas e plantas jovens.

Nessa fase, o ideal é conseguir aplicar a água de forma precisa, direto na zona onde as pequenas raízes estão se desenvolvendo, em quantidades menores e, se necessário, com maior frequência. Entenda:

Sistemas de irrigação localizada

Os sistemas de irrigação localizada são os mais indicados para os estágios iniciais, pois atendem bem a esses requisitos.

A principal característica, definida pela Embrapa, é molhar apenas uma parte da área, concentrando a água onde é mais necessária e economizando o recurso. Neste sentido, os tipos mais comuns são:

Gotejamento: Aplica água em gotas diretamente no solo, próximo às plantas. É um método com mais de 90% de aproveitamento, economizando água e energia, por molhar apenas uma faixa estreita e reduz ervas daninhas entre as linhas.

É ideal para hortaliças, fruteiras e culturas em linha, além de ser ótimo para fertirrigação, exigindo água limpa e boa filtragem para evitar entupimentos.

Microaspersão: Parecido com o gotejamento, o sistema de microaspersão usa emissores que espalham a água em forma de uma chuva fina e localizada.

Tem boa eficiência (80% a 90%) e é comum em fruteiras, hortaliças e viveiros. Sua principal vantagem é ser menos propenso a entupimentos, exigindo filtragem menos rigorosa.

Opções de baixo custo para irrigação localizada

Pensando na agricultura familiar ou em situações onde o investimento inicial precisa ser menor, existem alternativas mais acessíveis dentro da irrigação localizada, como:

Mangueiras perfuradas (tipo “santeno” ou similar): São mangueiras flexíveis com pequenos furos feitos a laser ou mecanicamente, que liberam a água ao longo da linha.

São mais baratas que o gotejamento convencional, mas com menor eficiência e uniformidade.

Ainda assim, oferecem irrigação localizada e são uma opção prática para pequenos produtores. A Embrapa, inclusive, traz sugestões de tempo de irrigação para esse sistema

Sistema “Xique-xique”: É uma versão ainda mais simples e artesanal, onde o próprio agricultor faz pequenos furos (1 a 2 mm) na tubulação lateral.

O custo é mínimo, mas a eficiência e a uniformidade são baixas (em torno de 67%), e o risco de entupimento dos furos é alto.

Irrigação por sulcos: Usa canais abertos ao lado das plantas, com água correndo por gravidade. É um método de baixo custo e simples, mas com menor eficiência, devido a perdas por infiltração e evaporação.

Também é mais difícil controlar a quantidade exata de água, o que pode ser um risco nas fases iniciais da lavoura.

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Como economizar água no começo do cultivo?

O manejo sustentável da água na agricultura não se resume apenas a escolher o sistema de irrigação certo e aplicar no momento correto.

Tão importante quanto isso, é adotar práticas que ajudem a conservar a água que já está presente no solo ou que chega através da chuva.

Essas práticas reduzem a evaporação, melhoram a infiltração e aumentam a capacidade do solo de armazenar água.

Tudo isso contribui para diminuição da dependência da irrigação e tornando todo o manejo da água e o sistema produtivo mais resiliente, especialmente em períodos de seca.

Cobertura do solo

Manter o solo coberto é uma das formas mais eficazes de conservar a água. Isso pode ser feito com palhada da safra anterior ou materiais como capim seco e serragem. A prática, conhecida como mulching, traz vários benefícios:

  • Reduz a evaporação, protegendo o solo do sol e do vento;
  • Melhora a infiltração, evitando a crosta superficial que dificulta a entrada da água;
  • Controla a temperatura do solo, mantendo-o mais estável;
  • Suprime ervas daninhas, que competem por água e nutrientes;
  • Melhora o solo ao longo do tempo, aumentando a matéria orgânica e a capacidade de retenção de água.

A cobertura do solo é um princípios da Agricultura Conservacionista, recomendada para regiões como o Cerrado, mas com bons resultados em todo o Brasil.

Plantio direto e preparo reduzido

Evitar o revolvimento excessivo do solo é uma das práticas para conservar e ter uma melhor manejo da água.

Ações como arações e gradagens frequentes destroem a estrutura do solo, comprometem os canais naturais de infiltração e aceleram a perda de matéria orgânica, reduzindo a saúde do solo e a retenção água.

Dentro disso, o Sistema Plantio Direto (SPD) coloca em prática com três princípios:

  1. Solo sem revolvimento (o plantio é feito sobre a palhada);
  2. Cobertura permanente do solo;
  3. Rotação de culturas.

É um dos sistemas mais eficientes para conservar água e solo, com benefícios também ambientais e econômicos.

Mesmo que não seja possível adotar o SPD completo, reduzir o preparo já ajuda a preservar a umidade e a qualidade do solo.

Outras práticas que ajudam a conservar água

  • Plantio em nível (ou em contorno): Seguir as curvas de nível do terreno ajuda a frear o escoamento da água, favorecendo a infiltração e reduzindo a erosão;
  • Terraceamento: Terraços funcionam como barreiras físicas que retêm a água da chuva, permitindo que ela infiltre aos poucos no solo;
  • Rotação de culturas: Alternar culturas com diferentes tipos de raízes melhora a estrutura do solo em várias camadas, tornando mais poroso;
  • Controle de tráfego: Restringir o tráfego de máquinas evita a compactação, facilitando a entrada e retenção de água.

Combinação que potencializa os resultados

A escolha do sistema de irrigação e as práticas de conservação de água no solo se complementam.

Um solo bem manejado, coberto com palhada e com boa estrutura, absorve e retém melhor a água da irrigação, aumentando a eficiência do sistema e economizando em volume e frequência de aplicação.

Essas práticas também geram economia além da água: menos plantas daninhas reduzem o uso de herbicidas, menor erosão e lixiviação evitam perdas de fertilizantes, e solos mais saudáveis tendem a ser mais produtivos.

No Aegro, você pode registrar e acompanhar essas práticas, facilitando a análise dos impactos no rendimento da lavoura e no uso dos recursos.

Isso ajuda a planejar melhor, fazer escolhas mais estratégicas sobre o manejo de água e o futuro da propriedade.

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Mathias Bergamin

Engenheiro Agrônomo (UFRGS, Kansas State) e especialista de Novos Negócios na Aegro. Reconhecido como referência em Agricultura Digital, especialização em administração, gestão rural, plantas de lavoura.

Sementes Certificadas: Veja as Novas Regras

A cada nova safra, o produtor rural se depara com uma decisão importante: a escolha da semente.

Essa escolha pode ser determinante para a lavoura, já que impacta o potencial produtivo, a sanidade e rentabilidade da propriedade.

O cenário regulatório brasileiro para sementes é complexo e está em constante evolução e entender essas regras evita problemas legais e garante a qualidade do insumo.

Nesse contexto, as sementes certificadas surgem como um elemento principal, oferecendo garantias e origem.

Existem várias opções disponíveis no mercado, como as sementes S1/S2, as crioulas e, infelizmente, as ilegais (piratas), cada uma com suas próprias regras e implicações.

O que são sementes certificadas?

As sementes certificadas são aquelas que passaram por um processo de produção, controle e certificação oficial garantindo a sua alta qualidade genética, física, fisiológica e sanitária.

Segundo a definição oficial do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), a certificação de uma semente é um processo longo, que inclui conhecer a origem genética do material e controlar as gerações de multiplicação.

O processo de certificação envolve inspeções rigorosas nos campos onde as sementes são produzidas, seguindo normas técnicas detalhadas pelo MAPA.

Essas inspeções verificam o isolamento da área, a pureza varietal, a sanidade das plantas, entre outros aspectos.

Dentro da classe certificada, existem categorias como Básica, Certificada de Primeira Geração (C1) e Certificada de Segunda Geração (C2), que indicam a linhagem e o número de multiplicações a partir da semente genética original.  

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Por que as sementes certificadas são importantes?

A semente é o primeiro passo de qualquer safra. Se ela não for de qualidade, todo o resto pode ficar comprometido.

É neste momento entra a importância das sementes com certificados, garantindo bom desempenho, segurança e previsibilidade.

Por mais sejam mais caras, as sementes certificadas são um investimento mais que necessário para alcançar melhores resultados no campo. Entenda:

  1. Maior potencial produtivo: Devido ao alto poder de germinação, vigor e pureza, as sementes formam lavouras mais uniformes e com maior teto produtivo;
  2. Melhor qualidade e lucratividade: Lavouras mais uniformes e saudáveis geram grãos de melhor qualidade, que podem ser vendidos por um preço maior;
  3. Garantia genética e pureza varietal: A certificação garante que o produtor está plantando exatamente a cultivar escolhida, com todas as suas características preservadas;
  4. Rastreabilidade e suporte técnico: Conhecer a origem da semente e quem a certificou dá segurança de a quem recorrer em caso de dúvidas ou problemas;
  5. Segurança fitossanitária: O controle rigoroso na produção reduz o risco de introduzir pragas, doenças ou sementes de plantas daninhas na sua área;

O investimento que nas sementes certificadas retorna, em parte, para as empresas de melhoramento genético.

Isso financia a pesquisa e o desenvolvimento de novas cultivares, mais produtivas, resistentes a doenças e adaptadas às condições locais.

Ou seja, além de gerar mais lucro, esses insumos contribuem para a evolução tecnológica da agricultura.  

O que são sementes piratas? Por que não devem ser usadas?

Em contraste direto com os benefícios das certificadas, estão as chamadas sementes piratas.

Estas são produzidas e comercializadas ilegalmente, sem qualquer controle ou certificação, geralmente no mercado informal.

O uso dessas sementes é um grande risco para a qualidade da lavoura e para a parte financeira da fazenda, além de causar outros problemas, como:

  • Mistura de cultivares: É comum que lotes piratas tenham misturas de diferentes variedades, resultando em lavouras desuniformes, com plantas de ciclos e portes diferentes, dificultando o manejo e a colheita.  
  • Disseminação de plantas daninhas: Podem carregam sementes de plantas daninhas de difícil controle, infestando a área e aumentando os custos com herbicidas.  
  • Contaminação por doenças e pragas: Podem introduzir doenças e pragas, transmitidas pelas próprias sementes ou por partículas de solo aderidas;
  • Baixa germinação e vigor: A qualidade fisiológica é incerta. Baixa germinação e baixo vigor levam a falhas no estabelecimento da lavoura, impactando a produtividade final;
  • Falta de garantia e problemas legais: Os insumos sem certificação não oferecem garantia de qualidade de semente ou identidade varietal.
  • Prejuízo à Inovação: A pirataria desestimula o investimento em pesquisa, pois as empresas não recebem o retorno devido pelo desenvolvimento de novas tecnologias.  

Ao avaliar o custo inicial de uma semente pirata, que pode parecer menor, considere os múltiplos riscos associados, como a disseminação de doenças ou a baixa germinação, que resultam em perdas de produtividade ou aumento nos custos de manejo.

Por outro lado, as sementes certificadas, mesmo com um preço maior, vêm com garantias de qualidade e sanidade que minimizam esses riscos e atingem o potencial produtivo da cultivar.

Além disso, o combate à pirataria e a preferência por sementes certificadas são importantes mas para a sustentabilidade de todo o sistema de inovação agrícola no Brasil.

Como se preparar para as principais pragas agrícolas

Quais as novas regras afetam o uso de sementes certificadas?

A base legal que organiza todo o setor de sementes e mudas no Brasil é a Lei nº 10.711, de 2003, conhecida como Lei de Sementes, regulamentada pelo Decreto nº 10.586, de 2020.

Juntos, estabelecem o Sistema Nacional de Sementes e Mudas (SNSM), que define as regras para registros obrigatórios, produção, certificação, análise, comercialização e fiscalização.

É um sistema complexo, mas fundamental para garantir a identidade e a qualidade do material que chega ao campo.  

Recentemente, algumas atualizações trouxeram mudanças práticas para o dia a dia. A Portaria MAPA nº 538, de 20 de dezembro de 2022 consolidou e alterou algumas normas.

Em vigor desde 1º de março de 2023, as mudanças trazidas pela Portaria 538, incluem:

1. Simplificações burocráticas

Houve uma simplificação na documentação exigida para o registro dos campos de produção de sementes.

Além disso, foi eliminada a necessidade de autorização prévia do MAPA para o transporte de sementes entre diferentes estados, desde que a carga esteja acompanhada do comprovante de inscrição do campo no MAPA e a nota fiscal detalhada.  

2. Novas regras para Semente Salva

A prática de guardar parte da colheita para usar como semente na safra seguinte (“salvar semente”) é um direito do produtor, mas a Portaria 538/2022 trouxe regras mais claras e exigências adicionais:

  • Declaração obrigatória no Sigef: A “Declaração de Uso Próprio” deve ser feita pelo Sistema de Gestão da Fiscalização (Sigef), plataforma online do MAPA, no momento do plantio, informando a área que cultivada com a semente salva;
  • Comunicação pós-colheita: É a obrigatoriedade de informar no Sigef o peso final das sementes que foram reservadas (salvas) para o plantio seguinte. Isso deve ser feito em até 90 dias após o fim da colheita;  
  • Definição da reserva técnica: O produtor pode ter uma reserva técnica de sementes salvas de até 10% da quantidade total necessária para o plantio da área declarada, para cobrir necessidades de replantio.  
  • Transporte entre propriedades: A solicitação para transportar sementes salvas entre diferentes propriedades rurais do mesmo titular agora é feita na Declaração de Uso Próprio no Sigef;
  • Royalties e biotecnologia: Se a cultivar tiver tecnologia protegida, como transgênicos, o pagamento de royalties à empresa detentora é obrigatório;
  • Impacto no seguro rural: A Declaração de Uso Próprio é exigida para contratar o seguro agrícola. Nem todas as seguradoras cobrem lavouras com sementes salvas.

3. Análise de sementes (RAS)

O MAPA atualizou as Regras para Análise de Sementes (RAS), que definem os métodos oficiais usados por laboratórios credenciados para avaliar a qualidade física e fisiológica das sementes.

Essa atualização modernizou os métodos, se alinhando aos padrões internacionais, como ISTA e AOSA, adaptando à realidade da agricultura tropical.

Além disso, trouxe mais clareza em pontos que geravam dúvidas nos laboratórios, incluindo mudanças como:

  • Atualização dos nomes científicos;
  • Inclusão de culturas como quinoa e chia;
  • Regras mais claras para misturas de sementes;
  • Revisões nos procedimentos de amostragem.

Apesar de voltadas aos laboratórios, essas mudanças garantem resultados mais confiáveis no Boletim de Análise de Sementes — documento que comprova a qualidade dos lotes.

Diversas mãos segurando diferentes tipos de sementes crioulas, com variedade de cores, formas e tamanhos, representando a diversidade agrícola preservada por comunidades tradicionais.
Fonte: Brasil de fato

4. Avanço no controle e formalização

Essas atualizações fazem parte de um movimento maior do MAPA para reforçar o controle e a rastreabilidade do sistema de sementes.

A Portaria 538, por exemplo, detalha as exigências para o uso de semente salva e a obrigatoriedade do registro no Sigef.

Já a atualização das RAS melhora a padronização e confiabilidade das análises. Com isso, o MAPA fortalece o mercado formal, especialmente o de sementes certificadas.

Como as regras se aplicam aos diferentes tipos de sementes?

A legislação brasileira classifica as sementes em diferentes categorias, como sementes certificadas, sementes fiscalizadas, sementes S1/S2 e sementes salvas.

Cada uma delas segue regras específicas quanto à produção, comercialização e uso. Veja os detalhes abaixo:

Sementes crioulas

São variedades desenvolvidas e mantidas por agricultores familiares, assentados, indígenas e comunidades tradicionais.

Essas sementes são reconhecidas pela Lei 10.711/2003 e não podem ser transgênicas ou resultado de hibridação industrial.

A lei isenta agricultores familiares, assentados e indígenas para multiplicar, trocar ou vender sementes crioulas entre si, mas proíbe que programas públicos restrinjam o seu uso.

Mesmo com as isenções, quem cultiva sementes crioulas pode enfrentar barreiras, como a falta de acesso ao seguro agrícola, que exige cultivares registradas no RNC e no Zoneamento Agrícola.

Para resolver esse problema, o Projeto de Lei 2190/2023 propõe liberar a troca, comercialização e envio dessas sementes entre comunidades rurais e indígenas, fortalecendo a agrobiodiversidade e a autonomia desses grupos.

Sementes transgênicas

Antes de qualquer uso comercial, sementes geneticamente modificadas (transgênicas), passam por uma avaliação de biossegurança feita pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio).

A CTNBio analisa os potenciais riscos à saúde humana, animal e ao meio ambiente, emitindo um visto técnico sobre sua segurança.  

Somente após a liberação pela CTNBio é que a cultivar transgênica pode ser registrada no RNC pelo MAPA. A partir daí, sua produção e comercialização seguem as mesmas regras gerais da Lei 10.711 e as regulamentações.

Muitas sementes certificadas tem biotecnologias com resistência a pragas ou tolerância a herbicidas, sendo ferramentas importantes na agricultura moderna.  

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Sementes inoculadas

A Instrução Normativa 13/2011 do MAPA regula o inoculante, produto com microrganismos benéficos, como o Rhizobium.

A norma define especificações de qualidade, concentração mínima de microrganismos, garantias, regras para registro do produto no MAPA, embalagem e rotulagem.

A lei não regula diretamente a “semente inoculada”, mas sim o insumo que aplicado a ela, que é o responsável pela saúde da safra.

Sementes selecionadas (Categorias S1 e S2)

As sementes S1 e S2 são da classe não certificada, conhecidas informalmente como “semente fiscalizada” antes da legislação atual.  

A S1 pode ser obtida pela multiplicação de sementes da classe certificada (Genética, Básica, C1 ou C2). Já a S2 pode vir da multiplicação da S1 ou de qualquer categoria certificada.

A duas podem ser produzidas por produtores inscritos no Renasem e atender a padrões mínimos de qualidade, que são verificados por análises em laboratório.

As sementes S1 e S2 não passam pelo mesmo processo rigoroso de controle de qualidade em todas as etapas que caracteriza a semente certificada.

Na prática, isso significa que oferecem uma garantia inferior à das certificadas, especialmente em relação à pureza varietal e ao potencial genético.

Por conta disso, podem ter um custo inicial menor, mas o produtor assume um risco maior em relação ao desempenho da lavoura.  

Tipos de sementes no Brasil

CaracterísticaSemente Certificada (C1/C2)Semente Não Certificada (S1/S2)Semente CrioulaSemente Pirata
Garantia de QualidadeAlta (MAPA/Certificadora)Média (Padrões mínimos)Variável (Conhecimento local)Nenhuma
Pureza Genética/VarietalAlta (Controlada)Média (Menor controle)Variável (Adaptada localmente)Baixa / Mistura
RastreabilidadeSim (Obrigatória)LimitadaGeralmente Não (Comunitária)Não
Controle de ProduçãoRigoroso (Todas as etapas)Básico (Foco no produto final)Tradicional / ComunitárioNenhum / Ilegal
Risco FitossanitárioBaixoMédioVariávelAlto
Legalidade (Comércio)SimSim (Dentro das regras)Restrita (Entre grupos isentos)Não (Ilegal)
Potencial ProdutivoAltoMédio / AltoVariável (Adaptado ao local)Baixo / Incerto
Custo Inicial (Médio)Mais altoIntermediárioBaixo / TrocaMais baixo (aparente)

O Brasil é considerado um dos líderes globais em tecnologia de sementes, especialmente em adaptações para condições tropicais e resistência a pragas.

Grande parte desse avanço é resultado dos investimentos em pesquisa e melhoramento genético, graças ao sistema formal de produção e comercialização de sementes certificadas.

Ao optar por sementes legais e de qualidade, você não só protege sua lavoura, mas também contribui para a continuidade dessa inovação.  

Mathias Bergamin

Engenheiro Agrônomo (UFRGS, Kansas State) e especialista de Novos Negócios na Aegro. Reconhecido como referência em Agricultura Digital, especialização em administração, gestão rural, plantas de lavoura.

Financiamento de Plantio 2025: Tire todas as Dúvidas

O financiamento de plantio é uma forma de viabilizar seus projetos e impulsionar a produtividade no campo.

Essa linha de crédito cobre boa parte dos custos da produção agrícola antes da colheita e da geração de receita.

Ou seja, mesmo antes de vender a safra, você precisa investir pesado, e o financiamento surge como um opção de antecipar esse capital.

Se você é produtor rural e busca entender melhor como custear sua próxima safra, este conteúdo é para você. Acompanhe!

O que é financiamento de plantio?

O financiamento de plantio, também conhecido como custeio agrícola, custeio rural ou custeio agropecuário, é usado para cobrir as despesas operacionais do ciclo produtivo.

É como se fosse um capital de giro da sua lavoura, que permite financiar os gastos para levar a produção adiante, desde a compra de insumos até a colheita ou o manejo dos animais.  

Mas o que exatamente o custeio pode cobrir? A lista é variada e busca atender às necessidades rotineiras da produção, como:

  • Na agricultura: Compra de sementes, fertilizantes, defensivos, mudas, gastos com preparo do solo, plantio, tratos culturais e colheita;
  • Na pecuária: Aquisição de ração, sal mineral, medicamentos veterinários, vacinas, inseminação artificial, e até a compra de animais para recria e engorda (em alguns casos);
  • Outras despesas: Em algumas linhas, pode cobrir até pequenos investimentos ligados ao ciclo, como a aquisição de silos (com limites percentuais sobre o valor do custeio).  

Algumas linhas de custeio, como as oferecidas pelo Banco do Brasil, podem financiar até 100% do orçamento apresentado, garantindo que você tenha acesso aos melhores insumos para um ciclo produtivo bem-sucedido.

Essa possibilidade de financiar a totalidade dos custos operacionais alivia o fluxo de caixa, mas exige um planejamento financeiro cuidadoso para gerenciar o endividamento e garantir o pagamento após a venda da produção.  

Planilha de controle de endividamento rural

Principais tipos de crédito rural para custeio em 2025

Para a safra 2025, as condições de crédito rural são definidas pelo Plano Safra 2024/2025, a principal política do governo federal para o setor.

Anualmente, o Plano Safra estabelece os volumes de recursos disponíveis, as taxas de juros, os prazos e os públicos prioritários para o financiamento agropecuário.

Para o ciclo 2024/2025, foi anunciado um volume recorde de R$ 475,5 bilhões no total, sendo R$ 76 bilhões destinados especificamente à agricultura familiar (Pronaf) e R$ 400,59 bilhões para a agricultura empresarial (incluindo médios produtores via Pronamp).  

Dentro desse universo, se destacam alguns programas e tipos de linhas de crédito para custeio. Os principais são:

1. Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar)

O Pronaf é destinado para agricultores familiares que se enquadram em alguns critérios legais, sendo eles:

  • Ter Cadastro Nacional da Agricultura Familiar (CAF) ativo;
  • Respeitar o limite de Renda Bruta Familiar Anual (RBFA);
  • Possuir a maior parte da renda vinda da atividade agropecuária;
  • Usar mão de obra predominantemente familiar;
  • Ter área de até 4 módulos fiscais.

O Pronaf é a principal fonte de crédito para pequenos produtores, com as menores taxas de juros do mercado, subsidiadas pelo governo.

As taxas variam conforme o tipo de produção, sendo menores para alimentos básicos e agroecológicos.

Já os limites de financiamento são voltados à agricultura familiar, público-alvo do programa, reconhecido como essencial para seu desenvolvimento no Brasil.

Crédito rural: como funciona e o que você precisa saber para obter

2. Pronamp (Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural)

Produtores rurais cuja Renda Bruta Anual (RBA) ultrapassa o teto do Pronaf, mas se mantém dentro do limite estabelecido para o Pronamp (atualmente R$ 3 milhões). É preciso ter no mínimo 80% da renda originária da atividade agropecuária.  

O Pronamp oferece condições de financiamento mais vantajosas que as linhas de mercado com recursos livres, mesmo com juros amiores aos do Pronaf.

Para o Plano Safra 2024/2025, a taxa de juros para custeio e comercialização no Pronamp foi fixada em 8% ao ano. O limite de financiamento para custeio é de R$ 1,5 milhão por ano agrícola.  

3. Linhas de Crédito de Bancos (Públicos/Privados) e Cooperativas (Recursos Livres/Outros)

Produtores rurais de todos os portes podem acessar crédito rural para financiamento de plantio, conforme a política de cada instituição financeira.

Além de operarem os recursos dos programas oficiais, as instituições como Banco do Brasil e CAIXA, e cooperativas de crédito como Sicredi, Cresol e Sicoob, também oferecem linhas de custeio com recursos próprios ou de outras fontes.

As condições dessas linhas são definidas pelas próprias instituições e, geralmente, seguem o mercado, sendo menos vantajosas do que as linhas subsidiadas pelo governo.

Linha de CréditoPúblico-Alvo (Resumo)Taxa de Juros Referência (a.a.)*Limite Referência (por ano-safra)*Onde Solicitar
Pronaf CusteioAgricultores Familiares (CAF, Renda até R$500k, etc.) 0,5% a 6% Até R$ 250 mil Bancos e Cooperativas Credenciadas
Pronamp CusteioMédios Produtores (Renda até R$3M, 80% agro) 8% Até R$ 1,5 milhão Bancos e Cooperativas Credenciadas
Linhas Livres/OutrasTodos os portes (conforme instituição)Variável (Mercado) Variável (conforme instituição)Bancos e Cooperativas

*Valores de referência baseados no Plano Safra 2024/2025. Condições podem variar. Consulte a instituição financeira.

Como solicitar financiamento de plantio?

Conseguir o financiamento de plantio para sua safra 2025 pode parecer complexo, mas seguindo alguns passos e com organização, o processo se torna mais claro.

Seja para Pronaf, Pronamp ou outras linhas, o caminho geral costuma ser semelhante, necessitando de:

  1. Planejamento de tudo o que você precisa
  2. Documentos pessoais, como RG, CPF, comprovante de estado civil e residência;
  3. Escolha da instituição financeira;
  4. Apresentação da proposta e análise;
  5. Acompanhamento e fiscalização da instituição;
  6. Liberação dos recursos na sua conta ou aos fornecedores, de acordo com o cronograma estabelecido.  

Como conseguir financiamento para plantio de soja?

O processo é exatamente o mesmo. A principal diferença estará na linha de crédito, que envolve áreas e custos maiores, se enquadrando melhor no Pronamp ou utilizam linhas de crédito com recursos livres.

O Pronaf Custeio também pode financiar soja para agricultores familiares, mas o limite de R$ 250 mil pode ser baixo para grandes áreas.

A taxa de juros provavelmente será a geral, de 6% na safra 24/25, a menos que se encaixe em alguma condição especial.

Financiamento de Plantio: Financiando de terras e culturas

O crédito rural oferece soluções para para o financiamento de culturas específicas e compra de terra, que também são importante para o financiamento de plantio.

As linhas de custeio do Pronaf, Pronamp e linhas livres são aplicáveis para financiar as despesas de produção da maioria das culturas, como café, soja, cacau, mandioca e laranja.

O que pode mudar de uma para a outra são as condições específicas, especialmente dentro do Pronaf. Veja:  

Incentivos no Pronaf

Como vimos, o Pronaf tem taxas de juros mais baixas para o custeio de produtos essenciais, como mandioca, feijão, arroz, milho (até R$ 20 mil), e algumas frutas como laranja.

As culturas ligadas à sociobiodiversidade, como cacau extrativo ou cultivado em sistemas agroecológicos/orgânicos, também podem ter acesso a taxas reduzidas . Isso funciona como um estímulo direto para investir nessas produções.  

Culturas de maior escala

Culturas como soja e café , que demandam maior volume de recursos e tecnologia, costumam ser financiadas via Pronamp ou por de linhas de crédito de bancos e cooperativas.

As projeções indicam crescimento contínuo para essas culturas nos próximos anos , reforçando a importância do acesso ao crédito.  

Comprar terra é um passo gigante e representa um investimento de longo prazo, muito diferente do custeio, que cobre as despesas de um ciclo produtivo.

Por isso, as linhas de crédito para aquisição de terra são específicas. A principal política pública para isso é o Programa Nacional de Crédito Fundiário (PNCF), rebatizado como Terra Brasil.

O objetivo é permitir que agricultores familiares sem terra ou com pouca terra consigam comprar seu próprio imóvel rural.  

Como o Terra Brasil funciona?

O programa usa recursos do Fundo de Terras do Governo Federal para financiar a compra da terra e o investimentos básicos necessários para iniciar a produção, estruturar a propriedade e os custos com documentação.

O processo pode ser de forma digital, pelo do portal Gov.br, com a participação de entidades de Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER) credenciadas, que ajudam na elaboração do projeto.  

As condições estão liberadas para trabalhadores rurais sem terra, posseiros, arrendatários, parceiros, meeiros e proprietários de áreas muito pequenas.

O programa ainda disponibiliza diferentes linhas de crédito com condições variadas. Veja:

  • PNCF Mais: Para famílias com RBFA de até R$ 58.235,86 e patrimônio de até R$ 140 mil. Juros de 2,5% a.a;
  • PNCF Social: Para famílias inscritas no CadÚnico, com RBFA de até R$ 29.117,93 e patrimônio de até R$ 70 mil (região Norte e SUDENE). Juros de 0,5% a.a;
  • PNCF Jovem: Para jovens agricultores (menos de 30 anos) com RBFA de até R$ 58.235,86 e patrimônio de até R$ 140 mil. Juros de 0,5% a.a;
  • PNCF Empreendedor: Para famílias com RBFA de até R$ 314.379,46 e patrimônio de até R$ 500 mil. Juros de 4% a.a;
  • O teto de financiamento por beneficiário é de R$ 293.527,64. Há também um bônus de adimplência (desconto) para quem paga as parcelas em dia.  
Divulgação do kit de gestão financeira da fazenda. na lateral direita, uma foto com cédulas de real, calculadora e caneta

Daniel Oliveira

Formado em Ciências Contábeis, pós-graduado em gestão financeira, Mestre em Contabilidade e finanças pela UFMG, Doutorando em Economia aplicada pela USP Esalq.

Seleção de sementes de soja: Guia para escolher a ideal

Em um cenário agrícola brasileiro em que a soja é a protagonista econômica, a busca pela rentabilidade na lavoura passa por uma decisão determinante: a escolha da semente ideal. 

A seleção de sementes de soja deve considerar a adaptabilidade à região, resistência a pragas e doenças, ciclo de desenvolvimento, perfil de manejo e até exigências de mercado.

O histórico da área, o planejamento e a estratégia comercial da fazenda também influenciam diretamente nessa decisão. Saiba mais acompanhando o conteúdo!

Seleção de sementes de soja: O que considerar?

A jornada de seleção de sementes de soja perfeita para sua propriedade precisa de uma boa análise de diversos fatores interligados.

Ignorar qualquer um deles pode comprometer o potencial produtivo e a lucratividade da sua lavoura. Para ajudar nisso, separamos tudo o que você deve considerar. Veja:

1. Potencial de rendimento e adaptação ambiental

A ambição de colher o máximo por hectare é natural, e o potencial de rendimento de uma variedade é, sem dúvida, um ponto de partida importante.

Esse potencial, medido por componentes, como número de plantas, vagens e peso dos grãos, mostra o quanto a semente pode produzir em condições ideais

No entanto, o ambiente de cultivo tem uma influência poderosa. Uma semente com alto potencial em um local pode não apresentar o mesmo desempenho em outro.

A adaptabilidade às condições locais (temperatura, chuva, luz solar), solo (tipo, fertilidade, pH) e o grupo de maturação para a sua latitude, são fatores determinantes.

Escolher o grupo de maturação correto, garante que o ciclo da planta se alinhe com as características da região, evitando problemas com floração precoce ou tardia.

Portanto, a busca pela alta produtividade deve considerar a avaliação da capacidade da semente de prosperar nas condições específicas da sua fazenda.

2. Resistência a pragas, doenças e tolerância a herbicidas

A lavoura de soja no Brasil enfrenta um exército de ameaças, desde pragas, como o percevejo-marrom e a lagarta da soja, até doenças, como a ferrugem asiática e o crestamento foliar.

A incorporação de resistência genética nas sementes é uma tipo de defesa proativa e econômica contra esses inimigos.

As tecnologias como a Bt, com resistência a diversas lagartas, nematóides, doenças do caule e raiz, diminuem a necessidade de intervenções químicas, reduzindo custos e impactos ambientais.

As diversas tecnologias disponíveis no mercado (RR, Intacta, Xtend, Conkesta) oferecem diferentes ferramentas para o manejo de plantas daninhas.

A escolha da tecnologia ideal deve estar alinhada com o sistema de manejo da sua fazenda, considerando a eficácia contra as ervas predominantes e os riscos de deriva para culturas vizinhas.

A combinação inteligente de resistência genética e tolerância a herbicidas otimiza a proteção da lavoura e simplifica o manejo.

Monitorar a lavoura e registrar as ocorrências de pragas e doenças pode ser simplificado com o Aegro, que registra e a cria um histórico da propriedade.

Com o uso da ferramenta e do manejo integrado, as decisões de tornam mais precisas sobre a necessidade e o momento ideal das intervenções.

Banner planilha- manejo integrado de pragas

3. Custos, mercado e o futuro da sua lavoura

Mesmo que o desempenho no campo seja importante, o custo-benefício da seleção de sementes de soja também conta

O custo das sementes, especialmente as transgênicas, geralmente é mais elevado, mas essa análise não pode ser simplificada ao preço por saco.

É preciso ponderar o potencial de redução nos custos com defensivos e herbicidas e o quanto a tecnologia pode aumentar a produtividade.

Além disso, as demandas do mercado tem influência crescente. A busca por soja não transgênica em alguns nichos pode gerar prêmios atrativos, tornando essa opção economicamente interessante para alguns produtores.

Acompanhar os lançamentos de cultivares e tecnologias, como Intacta 2 Xtend e Conkesta E3, permite entender futuro do manejo da soja e antecipar as escolhas para as próximas safras.

Tendências e adaptações na seleção de sementes de soja

As preferências e as variedades de sementes de soja mais utilizadas não são uniformes em todo o Brasil.

Cada estado produtor, com suas particularidades climáticas, de solo e desafios fitossanitários, desenvolve suas próprias tendências e adaptações na hora da escolha.

No Mato Grosso, a adoção de tecnologias transgênicas é predominante, refletindo a busca por alta produtividade e controle de pragas em larga escala.

Já no Paraná, há uma maior diversidade, com espaço para a soja transgênica e para a não transgênica, influenciada pela safrinha e a necessidade de ciclos de maturação específicos.

O Rio Grande do Sul, pelo clima mais instável, é priorizada a adaptabilidade das variedades e a resistência a doenças, como a ferrugem asiática, utilizando diferentes grupos de maturação para mitigar riscos.

Em Goiás, a produção de soja não transgênica tem uma parcela significativa, enquanto tecnologias, como Intacta e Conkesta E3, ganham espaço pelo alto rendimento em diferentes épocas de plantio.

Por fim, no Mato Grosso do Sul, a alta adoção de soja transgênica, com destaque para a tecnologia Intacta, indica a busca por proteção contra pragas e a integração com outras culturas, como o milho safrinha.

Essas tendências regionais demonstram a importância de considerar as condições locais ao tomar a decisão sobre qual semente plantar.

Qual o impacto da escolha de sementes na lucratividade?

A decisão de qual semente de soja levar pode ser a diferença entre uma safra lucrativa e um resultado decepcionante.

A otimização do rendimento é o primeiro e mais impacto. Variedades com alto potencial produtivo e bem adaptadas ao ambiente maximizam a colheita por hectare.

Paralelamente, a escolha de sementes com resistência a pragas e doenças e a tolerância a herbicidas leva a uma redução de custos com defensivos e manejo de plantas daninhas.

Além disso, escolher variedades com diferentes ciclos de maturação ajuda a reduzir riscos, escalonar a colheita e evitar perdas por clima adverso

Por fim, estar atento às demandas do mercado, como a crescente procura por soja não transgênica em certos nichos, pode abrir portas para os melhores preços e aumentar a receita da fazenda.

Manejo integrado da lavoura: como ele pode impulsionar sua produtividade

Melhores práticas para a seleção de sementes de soja

Para não deixar a escolha da semente de soja ao acaso, é preciso adotar uma série de melhores práticas que aumentam a rentabilidade. Confira a lista a seguir:

1. Conheça bem a sua propriedade

Primeiramente, é necessário conhecer a fundo as condições da sua fazenda, desde o tipo de solo até o histórico de pragas e doenças.

A dica é consultar um engenheiro agrônomo de confiança para interpretar esses dados e receber recomendações personalizadas.

2. Use dados de safras anteriores

Acompanhar os resultados de safras anteriores na sua propriedade ou em áreas semelhantes ajuda a identificar quais variedades se adaptam melhor ao seu contexto.

Além disso, participar de dias de campo e eventos técnicos é uma ótima forma de ficar por dentro das novidades do mercado e aprender com a experiência de outros produtores.

3. Planeje a longo prazo e diversifique

É importante também fazer um planejamento a longo prazo, integrando a escolha da semente com as demais práticas de manejo da sua lavoura.

Em áreas maiores ou com variabilidade de condições, diversificar as variedades plantadas pode ser uma estratégia inteligente para mitigar riscos.

4. Avalie o custo-benefício da semente

Lembre-se de sempre avaliar o custo-benefício das sementes. Não considere apenas o preço inicial, mas também o potencial de economia e ganho de produtividade que cada opção oferece.

Para auxiliar na organização das atividades e acompanhamento da lavoura, o Aegro tem soluções que facilitam o planejamento das tarefas, do plantio até a colheita.

Realizar múltiplas atividades, como o plantio de variedades, monitoramento de pragas e a programação de aplicações de defensivos, pode ser gerenciada no Software de Gestão Rural Aegro. Faça uma demonstração gratuita!

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Mathias Bergamin

Engenheiro Agrônomo (UFRGS, Kansas State) e especialista de Novos Negócios na Aegro. Reconhecido como referência em Agricultura Digital, especialização em administração, gestão rural, plantas de lavoura.

Perspectivas para o Mercado de Commodities Agrícolas em 2025

O ano de 2025 se apresenta como um período de atenção para quem acompanha o mercado de commodities agrícolas.

As dinâmicas globais de oferta e demanda, as condições climáticas e as políticas econômicas traçam um panorama com tendências e expectativas distintas para culturas como soja, milho, café e cana-de-açúcar.

O comportamento dos principais importadores, como China e União Europeia, e o crescimento da demanda por biocombustíveis, também tem influenciado o mercado de commodities.

Entender esses fatores são importante para quem trabalha diretamente no campo ou atua como investidor dentro do setor.

Soja: Oferta robusta e pressão nos preços

O mercado de soja em 2025 deve ser marcado por uma oferta global abundante, impulsionada principalmente por uma safra recorde esperada no Brasil.

Esse aumento na disponibilidade da oleaginosa tende a ter pressão sobre os preços, mesmo diante de uma expectativa de demanda elevada para processamento e exportações.

A competitividade da soja brasileira, favorecida pela taxa de câmbio, pode intensificar esse cenário, influenciando as decisões de plantio em outras regiões, como nos Estados Unidos, onde se projeta uma menor área cultivada.

Apesar da pressão nos preços, a demanda consistente por farelo e óleo de soja pode atenuar quedas mais acentuadas, mantendo um volume significativo no mercado de commodities.

planilha - monitore e planeje a safra de soja de forma automática

Como funciona o mercado de commodities?

O mercado de commodities é onde se compram e vendem produtos básicos, que servem de matéria-prima para outros produtos, como soja, milho e café.

Esses produtos são padronizados, ou seja, não importa quem os produziu, o objetivo é que tenham as mesmas características técnicas.

A partir disso, os negócios são realizados por meio de bolsas de mercadorias, que organizam e garantem as negociações.

Essas negociações ainda podem ser divididas em dois tipos: Spot (à vista), compra e venda imediata, com entrega rápida; ou futuros, que você negocia hoje o preço de um produto que será entregue no futuro.

Café: Volatilidade climática e preços sustentados

O setor de café em 2025 enfrenta um cenário de volatilidade após um pico de preços no início do ano.

Por conta der problemas climáticos em regiões produtoras, como Brasil e Vietnã, a expectativa é de uma menor produção brasileira na safra 2025/26.

Essa redução na oferta, combinada com uma demanda global que segue em crescimento, pode manter os preços em patamares elevados.

Contudo, é importante notar que previsões de uma possível correção nos preços no final do ano também existem, à medida que o mercado se ajusta às novas perspectivas de produção.

Quais as principais commodities brasileiras?

O Brasil é um dos maiores exportadores do mercado de commodities do mundo, e suas principais estão ligadas, principalmente, ao agronegócio e à mineração. Veja:

Commodities AgrícolasCommodities Minerais
1. Soja;
2. Milho;
3. Café;
4. Açúcar;
5. Algodão;
6. Carnes (bovina, suína e de frango).
1. Minério de ferro;
2. Ouro;
3. Alumínio (bauxita).

Cana-de-açúcar: Balança entre etanol e açúcar

A perspectiva para a cana-de-açúcar em 2025 é fortemente influenciada pela crescente demanda por etanol, especialmente no Brasil.

Embora a produção global deva apresentar um aumento, o Brasil, como principal exportador mundial, enfrenta desafios relacionados ao clima e à destinação da cana para a produção de biocombustíveis.

Estoques globais mais apertados e uma demanda firme por etanol deverão sustentar os preços do açúcar em níveis razoáveis.

A decisão dos produtores brasileiros em alocar a cana para açúcar ou etanol, impactada por políticas governamentais e pela rentabilidade de cada produto, será um fator determinante para o mercado global.

Como se preparar para as mudanças do mercado de commodities?

O mercado de commodities está cada vez mais imprevisível, seja pelo clima, câmbio, conflitos internacionais ou demanda global.

Para quem é produtor rural, isso representa um grande necessidade de estar preparado. Se você quer proteger sua margem de lucro e tomar decisões mais seguras.

A melhor forma de fazer isso é acompanhar o mercado de perto, controlar seus custos e agir com estratégia, além de seguir as dicas abaixo:

  • Acompanhe cotações em tempo real (soja, milho, café, etc.).
  • Utilize hedge para proteger seus preços;
  • Tenha controle de custos e margem;
  • Planeje a safra com antecedência;
  • Procure atualizações sobre o mercado e economia.

O mercado de commodities é imprevisível, mas suas decisões não precisam ser. No aplicativo Aegro Negócios, você acompanha cotações em tempo real e analisa tendências com mais segurança. Baixa o app gratuitamente.

   
Pedro Martins Dusso

Pedro Dusso

Bacharelado em Ciência da Computação pela UFRGS, Mestrado em Bancos de Dados e Sistemas de Informação, pela TU Kaiserslautern, Fundador e CEO da Aegro.

Plantio de Milho Safrinha 2025: Análise e Expectativas

O plantio de milho safrinha no Brasil em 2025 promete marcar um capítulo importante na história agrícola do país.

Conhecido como segunda safra, o milho safrinha já representa uma parcela significativa da produção total de milho, muitas vezes superando a primeira safra em volume.

Diante dessa relevância, o monitoramento e o planejamento é ainda mais importante para garantir uma colheita bem-sucedida.

Com expectativas de aumento na área plantada e na produtividade, a segunda safra do milho se destaca como pelo alto desempenho agrícola nacional. Mas, quais são as projeções exatas e os desafios que os produtores enfrentarão?

Cenário da Produção de Grãos no Brasil em 2025

As estimativas de órgãos oficiais como IBGE e Conab apontam para um crescimento na produção agrícola brasileira em 2025.

Projeções indicam uma safra total de grãos de 323,8 milhões de toneladas, um aumento de 10,2% em relação a 2024.

A produção de milho, especialmente a safrinha, é o componente principal desse crescimento, com estimativas de produção superando as expectativas iniciais.

Projeções e Estimativas para o Plantio de Milho Safrinha

A área plantada de milho safrinha em 2025 deve apresentar um crescimento modesto em comparação com a safra anterior.

A Conab estima uma área total de 16,78 milhões de hectares, um aumento de 1,3%. As projeções de volume de produção também são positivas, com estimativas variando de 94,6 a 114,07 milhões de toneladas.

Em relação a produtividade média, é previsto um aumento de 5,4% pela Conab, representando 6.798 kg/ha.

Progresso e Status Atual do Plantio no Brasil

O plantio de milho safrinha em 2025 está avançando significativamente, com 97,9% da área planejada já plantada até 30 de março.

Alguns estados, como Goiás, Piauí e Mato Grosso, já concluíram o plantio. No entanto, ainda há áreas a serem plantadas em Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Paraná.

O progresso supera a média dos últimos cinco anos, sinalizando condições favoráveis para a safra 2024/2025. Confira o avanço em cada estado:

EstadoÁrea Estimada (ha)Plantio Concluído (%)
Mato Grosso7.156.00026,6%
Paraná2.293.00038,7%
Mato Grosso do Sul2.212.00018,3%
Goiás2.401.0006,1%
São Paulo533.0002,4%
Minas GeraisN/D0%

Fatores Influenciando o Plantio do Milho Safrinha

As condições climáticas são decisivas, com a transição do El Niño para o La Niña, trazendo expectativas de chuvas mais intensas no Cerrado.

Os avanços tecnológicos, como o uso de sementes certificadas e híbridos adaptados, também contribuem para o progresso.

A demanda interna e a estabilidade dos preços do milho são fatores econômicos que incentivam os produtores.

Banner de chamada para baixar o kit safrinha

Perspectivas e Desafios para a Safra

As condições climáticas durante o desenvolvimento da safra, especialmente em abril, serão determinantes.

Os maiores inimigos serão as pragas e doenças, influenciados pelos padrões climáticos, além da volatilidade do mercado de milho, que pode afetar a rentabilidade da safra. É neste cenário de desafios que soluções tecnológicas como o Aegro se destacam.

Por meio do monitoramento climático integrado à plataforma, você pode acompanhar em tempo real as variações climáticas, permitindo tomadas de decisão mais assertivas, otimizando o momento certo para o plantio e aplicação de insumos.

Além disso, a gestão eficiente dos insumos, contribui para reduzir os impactos da volatilidade do mercado, auxiliando no controle de custos e na maximização da rentabilidade da safra.

Outro ponto que exige muita atenção, é a crescente preocupação com pragas e doenças, que podem ser influenciadas diretamente pelos padrões climáticos.

Nesse aspecto, a ferramenta de monitoramento de pragas e doenças do Aegro, oferece uma visão completa da lavoura, identificando precocemente possíveis focos de infestação. Com isso, é possível agir preventivamente, evitando grandes perdas na produção.

Pedro Martins Dusso

Pedro Dusso

Bacharelado em Ciência da Computação pela UFRGS, Mestrado em Bancos de Dados e Sistemas de Informação, pela TU Kaiserslautern, Fundador e CEO da Aegro.

Alimentos transgênicos: Segurança, produção e impacto na agricultura

Os alimentos transgênicos são cultivados em mais de 70 países e representando uma parcela significativa da produção agrícola global. 

No Brasil, segundo maior produtor de transgênicos do mundo, essas culturas cobrem milhões de hectares e impulsionam o setor agrícola, garantindo produtividade e competitividade no mercado internacional. 

Segundo dados do Ministério da Saúde, a regulamentação e fiscalização desses alimentos são rigorosas, com testes que avaliam sua segurança antes da comercialização.

Apesar dos avanços tecnológicos e dos benefícios produtivos, os transgênicos ainda geram debates.

Questões como os impactos na biodiversidade, a dependência de sementes patenteadas e os riscos econômicos para pequenos produtores são amplamente discutidos. 

Além disso, na segurança alimentar divide opiniões, pois enquanto alguns defendem que essas culturas são essenciais para combater a fome, outros argumentam que a desigualdade na distribuição de alimentos é o verdadeiro problema.

O que são alimentos transgênicos?

Os alimentos transgênicos são aqueles que passaram por modificações genéticas em laboratório com a introdução de genes de outros organismos. 

Essas alterações conferem características específicas, como resistência a pragas, tolerância a herbicidas e maior valor nutricional

A modificação do alimento é feita inserindo genes de outras espécies (bactérias, vírus ou mesmo outras plantas) no DNA do organismo original.

Um exemplo comum é a soja transgênica, modificada para resistir a herbicidas, permitindo um controle melhor de plantas daninhas sem prejudicar a cultura. Outro exemplo é o milho Bt, que contém um gene de bactéria que o torna resistente a algumas pragas.

Pessoa vestindo jaleco branco aplicando uma substância com uma seringa em uma maçã verde, ilustrando os alimentos trangênicos.
Figura 1. Produção de alimentos transgênicos. Créditos: UOL (2023).

Como são produzidos os alimentos transgênicos?

A produção de transgênicos envolve técnicas de engenharia genética que permitem a inserção de genes específicos em plantas e microrganismos. O processo costuma incluir:

  • Identificação do gene de interesse: Seleção de características desejadas, como resistência a doenças;
  • Transferência do gene: Inserção do material genético na planta, por meio de vetores biológicos ou técnicas como biobalística;
  • Multiplicação das células modificadas: Desenvolvimento de novas plantas a partir das células modificadas;
  • Testes e regulamentação: Avaliação da segurança alimentar e ambiental antes da comercialização.

Alimentos transgênicos no mundo e no Brasil

Os transgênicos são cultivados em mais de 70 países. O Brasil é o segundo maior produtor mundial, atrás apenas dos Estados Unidos. 

No país, as culturas geneticamente modificadas mais comuns incluem:

  • Soja transgênica: Principal produto agrícola exportado pelo Brasil.
  • Milho transgênico: Cultivado para ração animal e produção de alimentos industrializados.
  • Algodão transgênico: Além da fibra têxtil, a semente é usada na fabricação de óleo comestível.
  • Cana-de-açúcar transgênica: Modificada para resistir a pragas e melhorar a produtividade.

Alimentos transgênicos fazem mal?

Estudos conduzidos por organizações como a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) indicam que os alimentos transgênicos comercializados são seguros para o consumo humano. 

A ingestão de DNA modificado não representa risco, pois o material genético é degradado no processo digestivo, assim como acontece com alimentos convencionais.

Segurança alimentar e os alimentos transgênicos

A segurança alimentar envolve dois aspectos principais: food safety, relacionado à ausência de contaminantes químicos, biológicos ou físicos nos alimentos, e food security, que trata da garantia de acesso à alimentação adequada. 

Os transgênicos são frequentemente mencionados como uma solução para o problema da fome global, pois permitem maior produtividade e resistência das lavouras. 

No entanto, alguns especialistas argumentam que o problema da fome está mais ligado à desigualdade na distribuição dos alimentos e ao poder aquisitivo das populações vulneráveis do que à produção em si.

Além disso, as modificações genéticas podem trazer benefícios como o Arroz Dourado, enriquecido com vitamina A para reduzir a deficiência nutricional em países subdesenvolvidos. 

No entanto, há questionamentos sobre a dependência de grandes corporações e os impactos ambientais da disseminação dessas culturas.

Grande plantação sendo colhida por várias colheitadeiras vermelhas alinhadas em formato de "V", envolvendo o cultivo de alimentos transgênicos.
Figura 2. Produção nacional de soja transgênica. Créditos: UOL (2023).

Vantagens e desvantagens dos alimentos transgênicos

Os alimentos transgênicos fazem parte da alimentação global há décadas. Segundo o ISAAA (Serviço Internacional para a Aquisição de Aplicações de Agrobiotecnologia), mais de 190 milhões de hectares de lavouras geneticamente modificadas foram cultivados em 29 países em 2022.

No Brasil, por exemplo, mais de 90% da soja e do milho cultivados são transgênicos. Com isso, surgem debates sobre o quanto esses alimentos contribuem para a saúde, o meio ambiente e a economia.

Abaixo separamos algumas das principais vantagens e desvantagens dos alimentos transgênicos. Confira:

Vantagens dos alimentos transgênicos

  • Maior resistência a pragas e doenças, reduzindo o uso de pesticidas;
  • Aumento da produtividade agrícola;
  • Melhoria na qualidade nutricional de alguns alimentos;
  • Possibilidade de cultivo em condições adversas, como solos ácidos e regiões de seca;
  • Redução do custo final dos alimentos.

Desvantagens dos alimentos transgênicos

  • Possível impacto ambiental, como a polinização cruzada com espécies não modificadas;
  • Dependência de grandes empresas para aquisição de sementes;
  • Desenvolvimento de pragas e ervas daninhas mais resistentes a herbicidas;
  • Questões éticas e socioeconômicas envolvendo o monopólio de grandes corporações.
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Segurança e regulamentação dos transgênicos

Os alimentos transgênicos passam por rigorosos testes antes de serem liberados para consumo.

No Brasil, a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) avalia a segurança dos OGMs e aprova sua comercialização apenas quando há equivalência substancial com produtos convencionais. 

A regulamentação segue padrões internacionais estabelecidos por órgãos como a OCDE, FAO e OMS.

Além disso, a legislação brasileira exige que produtos contendo transgênicos sejam identificados com um triângulo amarelo com a letra “T”, garantindo ao consumidor o direito de escolha.

Qual o impacto dos alimentos transgênicos na economia rural e na agricultura familiar?

A adoção de transgênicos transformou a produtividade agrícola global, aumentando a produção e reduzindo perdas causadas por pragas e doenças.

Mesmo gerando um bom rendimento, seus efeitos na economia rural e na agricultura familiar são complexos e dependem de diversos fatores, como o custo das sementes, o acesso a tecnologia e a estrutura de mercado local.

Para pequenos produtores, os transgênicos aumentam a eficiência e reduzem o uso de defensivos, tornando a lavoura mais rentável, diminuindo custos.

Por outro lado, o alto custo das sementes transgênicas e contratos de uso restritivos, pode dificultar o acesso dos pequenos produtores a essas tecnologias.

Além disso, a concentração do mercado de biotecnologia nas mãos de poucas empresas levanta preocupações sobre a autonomia dos agricultores e a diversidade agrícola.

Já na agricultura familiar, o impacto econômico dos transgênicos varia conforme o contexto regional.

Em países com apoio técnico e acesso a crédito rural, é possível se beneficiar da tecnologia. Já em regiões com menor suporte, a adoção pode ser mais difícil, ampliando a desigualdade no setor agrícola.

Redator Alasse Oliveira

Alasse Oliveira

Engenheiro-Agrônomo (UFRA/Pará), Técnico em Agronegócio (Senar/Pará), especialista em Agronomia (Produção Vegetal) e mestre em Fitotecnia pela (Esalq/USP).

Safra de inverno: Tudo o que você precisa saber sobre culturas, clima e manejo

Com a chegada do inverno, as preocupações com a safra de inverno precisam ser redobradas, afinal, as condições climáticas acabam por propiciar desafios maiores para a plantação

Contudo, a safra de inverno continua sendo uma ótima oportunidade para que os produtores mantenham sua produção ativa, mesmo em um período de clima menos favorável.

O avanço da tecnologia no campo e o aprimoramento de técnicas de plantio possibilitaram a diversificação de culturas de inverno e evitam grandes impactos na renda. 

Além disso, muitos têm ido além do esquema soja-milho, buscando novas opções para melhorar os resultados do empreendimento rural.

Neste artigo, você confere as principais alternativas de culturas de inverno que se adaptam melhor às condições do período, quais cuidados são essenciais para manter a produtividade e as perspectivas de mercado para a safra de inverno 2025/26.

O que são as culturas de inverno?

As culturas de inverno são plantas adaptadas para crescer e se desenvolver em condições climáticas mais frias e secas, características da estação. 

O plantio dessas espécies acontece entre janeiro/fevereiro e setembro/outubro, logo após a colheita da safra de verão. 

Por isso, o cultivo de plantas de inverno também é chamado de segunda safra ou cultura de entressafra.

A escolha das espécies a serem cultivadas deve considerar as condições climáticas da região e a cultura anterior.

Essa estratégia permite maximizar a fertilidade do solo e otimizar os recursos disponíveis. Algumas opções de culturas incluem:

Além disso, o plantio de culturas de inverno pode contribuir para o controle de pragas, melhoria da estrutura do solo e conservação da umidade, garantindo benefícios para o cultivo seguinte.

Um vasto plantio de nabo forrageiro

Figura 1. Área de cultivo de nabo forrageiro. Créditos: Equipe FieldView™ (2023).

O que é safra de inverno e qual a diferença para a safra de verão?

A safra de inverno é o ciclo de plantio que ocorre durante os meses mais frios do ano, em contraposição à safra de verão, que ocorre nos meses quentes e chuvosos. 

A principal diferença entre safra de inverno e verão está nas condições climáticas e nas culturas cultivadas.

  • Safra de verão: Cultivada entre os meses de setembro e março, com alto índice de chuvas e temperaturas elevadas. Principais culturas: soja, milho e arroz.
  • Safra de inverno: cultivada entre abril e setembro, com temperaturas mais amenas e menor volume de chuvas. Principais culturas: trigo, cevada, aveia e canola.

Quais os benefícios das culturas de inverno?

O plantio de culturas de inverno traz diversas vantagens, especialmente para o sistema produtivo como um todo. 

Além de otimizar o uso da terra, essas espécies contribuem para a preservação e manejo sustentável do solo, preparando a área para o próximo ciclo agrícola. Dentro disso, os principais benefícios do cultivo de inverno incluem:

  • Favorece o controle de plantas invasoras, reduzindo a competição por nutrientes;
  • Diminui os riscos de erosão, mantendo a estrutura do solo;
  • Melhora os atributos químicos, físicos e biológicos do solo, promovendo maior produtividade na safra seguinte;
  • Aumenta a retenção de água, tornando o sistema mais resiliente a períodos de estiagem;
  • Reduz a amplitude térmica do solo, favorecendo o desenvolvimento radicular das culturas subsequentes;
  • Contribui para o manejo integrado de pragas e doenças, interrompendo o ciclo de vida de organismos prejudiciais;
  • Diminui os custos com defensivos agrícolas, uma vez que a rotação de culturas reduz a incidência de doenças e pragas;
  • Equilibra o sistema produtivo, proporcionando maior estabilidade frente a condições climáticas adversas.
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Culturas de inverno: O que plantar na entressafra?

As condições climáticas do inverno podem parecer desafiadoras, mas existem diversas opções de culturas de inverno que podem ser bem aproveitadas

Essas culturas contribuem para a fertilidade do solo, ajudam no manejo sustentável da lavoura e garantem rentabilidade ao produtor. Por isso, algumas das culturas mais plantas são:

  • Trigo: Base para a produção de farinha e amplamente cultivado no Sul e Sudeste;
  • Cevada: Utilizada na indústria cervejeira e em rações animais;
  • Aveia: Pode ser destinada tanto para consumo humano quanto para alimentação animal;
  • Canola: Cultura oleaginosa importante para a produção de óleo vegetal;
  • Triticale: Cereal híbrido entre trigo e centeio, empregado na alimentação animal e panificação;
  • Hortaliças de inverno: Rúcula, alface, espinafre e repolho, que se beneficiam do clima mais ameno;
  • Milho safrinha: Embora seja plantado no final da safra de verão, muitas vezes é considerado parte da produção de inverno.

Ainda existem outras opções, como nabo forrageiro, ervilhaca e feijão guandu, que podem ser utilizadas como plantas de cobertura para melhorar as condições do solo.

Quais cuidados precisa ter com a safra de inverno?

A safra de inverno pode ser uma excelente oportunidade para diversificar a produção e otimizar o uso da terra.

No entanto, essa época do ano também traz desafios específicos, como temperaturas mais baixas, menor disponibilidade de água e maior risco de geadas.

Para garantir uma colheita produtiva e rentável, é preciso adotar estratégias adequadas de manejo, como:

1. Planejamento e escolha das culturas

Nem todas as culturas se adaptam bem às condições do inverno. Por isso, é importante escolher espécies mais resistentes ao frio e com ciclo adequado para a região.

Algumas das opções mais comuns para a safra de inverno são trigo, aveia, cevada e canola, além de hortaliças como brócolis e couve.

Junto disso, considere o uso de rotação de culturas para evitar esgotamento do solo e opte por cultivares que também sejam resistentes a pragas e doenças.

2. Preparação do solo e nutrição

Antes do plantio, é preciso analisar o solo para identificar possíveis necessidades de correção e garantir um ambiente adequado para o desenvolvimento das culturas.

  • Realize a amostragem do solo para avaliar a fertilidade e definir as correções necessárias;
  • Corrija a acidez e melhore a estrutura do solo com a aplicação de calcário e gessagem, quando indicado;
  • Adube de forma equilibrada, utilizando fertilizantes adequados para suprir os nutrientes essenciais ao crescimento saudável das plantas.

Um solo bem preparado e nutrido contribui para uma lavoura mais resistente e produtiva, aumentando os resultados da safra de inverno.

3. Manejo de pragas e doenças

O controle eficiente de pragas e doenças ajuda a preservar a produtividade da safra de inverno. Mas para isso é necessário:

  • Monitorar a lavoura regularmente para identificar precocemente doenças fúngicas, como ferrugem do trigo e oídio, além da presença de pragas.
  • Aplicar defensivos biológicos e químicos de forma responsável, seguindo as recomendações técnicas para evitar resistência e minimizar impactos ambientais.
  • Adote o manejo integrado de pragas (MIP), combinando práticas como rotação de culturas, uso de variedades resistentes e controle biológico para reduzir a necessidade de defensivos.

Com um monitoramento eficiente e estratégias adequadas, é possível proteger a lavoura e garantir uma produção mais sustentável.

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Como garantir rentabilidade na safra de inverno?

Além de focar no rendimento da cultura, é interessante buscar rentabilidade econômica. Para isso, acompanhe tendências de mercado e avalie a demanda dos produtos cultivados.

Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção de aveia, cevada e trigo deve ultrapassar 7,78 milhões de toneladas, impulsionada pelo aumento da demanda por cereais no mercado interno e externo.

Já o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) destaca que a baixa disponibilidade interna de cereais de inverno tem incentivado preços competitivos para os produtores.

Mercado e comercialização da safra de inverno

A demanda por grãos de inverno tem crescido, especialmente para a lavoura de trigo nacional, reduzindo a dependência de importações

Além disso, culturas como cevada e canola estão ganhando mais espaço na produção brasileira. Para garantir bons preços de venda, você pode recorrer a:

  • Hedge agrícola: Proteção contra variações de preços no mercado futuro;
  • Contratos de venda antecipada: Asseguram preços fixos e evitam oscilações prejudiciais;
  • Monitoramento das exportações: Acompanhar as tendências globais para avaliar oportunidades de venda.

Acompanhar as oscilações do mercado e investir em boas estratégias de comercialização são passos importante para garantir a lucratividade da produção de inverno. 

O investimento em tecnologias agrícolas e boas práticas de manejo também vão fazer diferença para otimizar os resultados e manter a propriedade sempre competitiva.