Como fazer o controle Spodoptera frugiperda na sua lavoura de milho
Jessica Scarpin - 7 de maio de 2018
Confira agora as principais estratégias para o controle da Spodoptera frugiperda no milho
Não é fácil. Você gastou com semente de qualidade, fez as operações e tudo o que sabia para evitar grandes problemas com pragas.
Mesmo assim, quando foi ver a lavoura, a Spodoptera frugiperda estava lá.
As perdas de produtividade podem ser de 60% dependendo das condições da lavoura e da lagarta.
Se você já tentou controlar essa praga e não conseguiu – ou se mesmo obtendo algum sucesso ainda tem dúvidas, veja esse artigo.
Aqui mostraremos as principais e melhores estratégias para o controle da lagarta-do-cartucho do milho, inclusive em casos de resistência! Confira:
Índice do Conteúdo
- 1 Métodos de controle de Spodoptera frugiperda
- 2 Quando se atentar ao ataque de Spodoptera frugiperda em milho
- 3 Como fazer monitoramento para correto manejo de Spodoptera frugiperda
- 4 Spodoptera frugiperda controle químico: como fazer
- 5 Controle da Spodoptera frugiperda do milho com inseticidas biológicos
- 6 Como controlar Spodoptera frugiperda resistente a inseticidas
- 7 Por que ocorreu resistência de Spodoptera frugiperda a inseticidas?
- 8 Conclusão
Métodos de controle de Spodoptera frugiperda
(Fonte: Phil Sloderbeck, Kansas State University, Bugwood.org)
Existem diversos métodos de controle para a lagarta-do-cartucho.
Ter diversidade de ferramentas para o controle de uma praga é a melhor escolha para atingir um controle eficiente e sustentável ao longo do tempo.
Além disso, a realização de um manejo integrado é essencial para evitar a seleção de insetos resistentes.
É por isso que se fala tanto atualmente da realização do MIP, o famoso Manejo Integrado de Pragas.
Nesse contexto, dentre as ferramentas de controle, podemos destacar na cultura do milho:
- Controle biológico
Utilização de Baculovirus spodoptera e Bacillus thuringiensis.
- Uso de parasitoides
Telenomus remus, Trichogramma pretiosum e Trichogramma atopovirilia;
- Controle cultural
Realizar tratamento de sementes;
- Controle químico
Utilizar inseticidas específicos mas com rotação de mecanismos de ação desses produtos.
Tão importante quanto conhecer essas ferramentas e como usá-las, é saber quando se dá o período crítico da cultura:
Quando se atentar ao ataque de Spodoptera frugiperda em milho
A verdade é que antes mesmo do semear o milho já se deve estar atento, já que essa lagarta pode atacar em diversos estádios do milho.
Por isso recomendo o monitoramento constante da lavoura.
No entanto, também é verdade que temos períodos críticos dentro da cultura do milho,
Ou seja, períodos de quando a lavoura está mais suscetível ao ataque das pragas e terá dificuldade para se recuperar.
Esses períodos no milho ocorrem em:
- Da emergência das plântulas até 30 dias após a semeadura (estádios fenológicos VE até V6), quando há grandes danos iniciais nas folhas e no colmo do milho;
- De uma semana antes, até duas semanas após o florescimento (V15 até R2), com ocorrência de grandes perdas por danos na espiga, totalizando cerca de 20 dias.
(Fonte: Adaptado de Fancelli, 1986)
Agora você já sabe quando redobrar sua atenção para a Spodoptera frugiperda, mas como fazer esse monitoramento?
Como fazer monitoramento para correto manejo de Spodoptera frugiperda
Não tem como fazer um manejo eficiente sem realizar monitoramento.
O monitoramento da sua lavoura é o ponto inicial para determinação da necessidade ou não de controle de qualquer praga.
Isso faz parte do MIP em milho. Confira agora como fazer:
Em milho, recomenda-se que essa amostragem seja feita em
- Pelo menos 5 pontos diferentes em um talhão;
- Em cada um desses pontos devemos verificar no mínimo 20 plantas;
- Portanto, deve totalizar no mínimo 100 plantas verificadas por talhão;
- Se atente: talhões muito grandes exigem que você o divida em talhões de 100 hectares e faça a amostragem de 100 plantas em cada uma dessas subdivisões.
Não sabe o nível de dano em que deve fazer controle de Spodoptera frugiperda?
Confira abaixo esse nível para essa e outras principais pragas da cultura do milho:
Aqui disponibilizamos gratuitamente uma planilha para você fazer seu MIP! Saiba qual o Nível de Controle de cada praga e quando você deve aplicar, mantendo tudo organizado. Baixe clicando na figura a seguir!
Esse monitoramento deve ser registrado e guardado em local seguro e de fácil acesso para facilitar as tomadas de decisões.
Spodoptera frugiperda controle químico: como fazer
Já ficou claro que o controle químico está ligado à realização adequada do monitoramento.
Além de te ajudar na segurança da tomada de decisão, o monitoramento colabora muito para evitar desperdícios de produtos e desenvolvimento de resistência a defensivos.
Além disso, procure utilizar inseticidas seletivos, ou seja, que prejudiquem apenas a praga e não seus inimigos naturais.
Dessa forma, são preservadas as espécies benéficas na sua lavoura.
Segundo estudos, os produtos reguladores de crescimento dos insetos, mostraram controle eficiente e menos impacto negativo sobre a população de agentes biológicos quando comparado a produtos à base de organofosforados.
Um dos agentes biológicos no estudo e que foram preservados é o parasitóide Trichogramma pretiosum.
Além disso, tenho outras dicas para o controle via inseticidas:
- O tratamento de sementes é muito importante para o controle nas fases iniciais da cultura, portanto é recomendado que você o faça;
- Em condições de déficit hídrico, faça pulverizações direcionadas à região do cartucho;
- Para essa aplicação dirigida para o cartucho use bicos tipo leque;
- Para aplicações terrestres utilize volumes de calda de 150 a 200 L/ha para plantas com 30-40 dias de idade, e 200 L/ha para plantas mais desenvolvidas;
- Neste site você pode ver quais são os inseticidas registrados para a cultura do milho que controlam a lagarta-do-cartucho.
Lembre-se sempre de procurar um engenheiro(a) agrônomo(a) para qualquer aplicação de defensivos agrícolas.
Vamos agora conhecer mais sobre produtos biológicos que combatem a lagarta-do-cartucho:
Controle da Spodoptera frugiperda do milho com inseticidas biológicos
Os agente de controle biológico boas ferramentas de controle, especialmente porque não costumam impactar tanto o ambiente quanto os inseticidas químicos.
A bactéria Bacillus thuringiensis, ou simplesmente Bt, é um inseticida microbiológico que age através de sua ingestão pela lagarta.
Mas lembre-se que quando você já possui uma lavoura Bt, não é indicado o uso desse produto pois serão dois produtos diferentes com a mesma tecnologia.
E isso pode resultar em desenvolvimento de resistência para tecnologias Bt.
Além disso, em 2017 foi lançado o CartuchoVIT, lançado de uma parceria entre a Embrapa MIlho e Sorgo e o Grupo Vitae Rural.
Inseticida biológico CartuchoVIT
(Fonte: Embrapa)
Esse produto é a base de Baculovirus spodoptera e é específico para Spodoptera fugiperda e Spodoptera cosmioides, além de apresentar um ano de validade em estoque.
As avaliações deste inseticida indicam que há maior efeito, propriamente 75% a 95% de controle, com lagartas de até 5 dias de vida.
Mais uma vez, veja a importância do monitoramento também para fazer as aplicações no momento adequado.
O ponto positivo do uso de inseticidas biológicos é que, de modo geral, são poucos tóxicos à saúde humana e ao ambiente, além de seletivos aos inimigos naturais.
Por isso tenha em mente a possibilidade de utilizá-los em seu Manejo Integrado de Pragas.
Agora vamos para um grande problema envolvendo pragas:
Como controlar Spodoptera frugiperda resistente a inseticidas
Infelizmente temos observado o aumento da sobrevivência da lagarta-do-cartucho mesmo quando aplicamos determinado inseticidas.
O IRAC-BR verificou aumento na sobrevivência das lagartas expostas aos seguintes inseticidas:
- Lambda-cialotrina;
- Clorpirifós;
- Thiodicarbe;
- Lufenuron;
- Teflubenzuron.
Em geral, percebemos que os maiores problemas são para inseticidas dos grupos organofosforados e piretróides
Mas nem tudo está perdido: para novaluron, clorfluazuron, spinosad, indoxacarbe, clorantraniliprole e flubendiamide, a sobrevivência das lagartas ainda se mostra abaixo de níveis críticos.
O uso de plantas transgênicas Bt também é uma boa alternativa de controle para essa lagarta.
No entanto, só isso não vai funcionar, o interessante é mesmo o MIP, como já falamos.
Além de que a ampla utilização de plantas Bt sem área de refúgio é outro fator que favorece a evolução da resistência.
Se você não sabe bem como fazer área de refúgio veja esse artigo: “Tudo o que você precisa saber sobre tecnologia Bt e área de refúgio”
Outras recomendações de extrema importância você pode ver na figura abaixo:
(Fonte: IRAC-BR)
Também recomendo que você use produtos mais seletivos a inimigos naturais, como os inseticidas biológicos, especialmente nas primeiras aplicações.
Além disso, nunca utilize o mesmo produto em aplicações seguidas.
Depois de todas essas dicas ainda pode restar a dúvida: por que temos resistência de pragas a defensivos?
Por que ocorreu resistência de Spodoptera frugiperda a inseticidas?
Ai vai alguns grandes motivos para isso acontecer:
- Aumento da área plantada de plantas hospedeiras;
- Vários cultivos em um único ano;
- Falta de rotação de culturas;
- Sem muitas opções alternativas para o controle da lagarta que não o controle químico;
- Uso indiscriminado de inseticidas.
Para piorar, a Spodoptera frugiperda possui alto potencial reprodutivo, ciclo biológico curto e pode ser hospedeira de diversas culturas.
Tudo isso fez com que essa praga se tornasse resistente a alguns inseticidas, causando muita dor de cabeça para os produtores rurais.
Por isso o planejamento agrícola, dentro de uma boa gestão, é fundamental para saber o que foi aplicado anteriormente e se foram obtidos bons resultados.
Por meio dessa gestão você vai definindo as melhores estratégias para sua propriedade para seus próximos cultivos.
Conclusão
A Spodoptera frugiperda é uma praga devastadora para a cultura do milho, podendo até mesmo apresentar resistência a alguns inseticidas.
Dessa forma, seu controle deve ser bem planejado e estudado.
Aqui você viu todas as dicas para seu controle, desde o químico até o biológico, além de medidas para casos de resistência.
Adotando todas as informações relatadas no texto, tenho certeza que você terá sucesso na sua produção!!!!
Como você faz o controle da Spodoptera frugiperda no milho em sua fazenda? Deixe seu comentário abaixo!
Sou Engenheira Agrônoma formada na ESALQ-USP, fiz intercâmbio na Colorado State University (CSU) e tenho experiência em pesquisa de campo, grandes culturas e fruticultura.
Parabéns, ótima matéria!!! Tirou várias dúvidas!!!
Que ótimo saber que consegui responder às suas dúvidas, Gilberto! Muito obrigada! Nos acompanhe para ver mais conteúdos assim!