Tudo sobre a plantação de aveia: tipos, manejo, colheita e forragem

A aveia é um cereal de inverno que se destaca por sua rusticidade e tolerância a solos ácidos e de baixa fertilidade, características que a tornam uma opção atrativa para os produtores brasileiros. 

Além de ser utilizada na alimentação humana e animal, a aveia ajuda na cobertura do solo e na rotação de culturas, especialmente em sistemas de plantio direto.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção nacional de aveia em grão para a safra de 2025 está estimada em 1,1 milhão de toneladas, representando um crescimento de 8,3% em relação à safra anterior. 

Os principais estados produtores são o Rio Grande do Sul, com uma estimativa de 851,1 mil toneladas, e o Paraná, com 233,6 mil toneladas.

Panorama da produção de aveia no Brasil – Safra 2024/25

A aveia se consolida cada vez mais como uma cultura estratégica nas lavouras de inverno do Sul do Brasil.

Na safra 2024/25, a produção nacional foi liderada pelo Rio Grande do Sul, que se destacou com 581 mil toneladas colhidas, representando 64% do total produzido no país

O cultivo no estado ocupou uma área de 361.036 hectares, ou seja, mais de dois terços da área nacional, gerando um valor estimado de R$ 461 milhões.

O Paraná ocupa a segunda posição no ranking nacional, com 240.548 toneladas produzidas, equivalentes a 26,52% da produção brasileira.

A área dedicada ao cereal no estado alcançou 104.013 hectares, com valor de produção de R$ 145 milhões.

Na sequência, o Mato Grosso do Sul aparece com 31.980 toneladas, cerca de 3,53% do volume nacional. A cultura ocupou 26.810 hectares no estado, com valor de produção estimado em R$ 21,5 milhões.

Outras regiões também contribuem para o cultivo da aveia, ainda que em menor escala. Santa Catarina produziu 26.626 toneladas, São Paulo 17.165 toneladas, e Minas Gerais, 9.781 toneladas.

Esses estados representam, respectivamente, 2,94%, 1,89% e 1,08% da produção nacional em 2024/25.

Gráfico

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Figura 1. Rendimento da aveia no Brasil. Créditos: USDA, 2025.

Quais os tipos de plantação de aveia? 

Existem várias espécies no gênero da aveia (Avena spp.), mas são duas as que se destacam na produção de grãos mundial: a Avena sativa ou aveia branca (80% da área mundial) e a Avena byzantina ou aveia amarela (20% da área). 

Mas, principalmente aqui na América do Sul, outra espécie se destaca: a Avena strigosa ou aveia preta, como é popularmente conhecida. 

Essa espécie de aveia é bem mais rústica que as comumente utilizadas para grão e seu uso é basicamente como cultura de cobertura ou forragem para a alimentação animal.

A aveia teve sua origem lá no Oriente Médio, em locais muito próximos de outros cereais de inverno como o trigo

Mas seu cultivo só passou a ser explorado muitos anos depois, já que no início, esse vegetal era apenas uma planta daninha da cultura do trigo.

A aveia é uma planta anual, sendo que algumas cultivares podem apresentar rebrota (duplo propósito) e têm um crescimento ereto, variando entre 0,7 e 2 metros de altura.

Além disso, ela tem raízes profundas e fasciculadas, ou seja, não apresenta uma raiz pivotante ou principal.

Como fazer a plantação de aveia?

A aveia é cultivada ao longo do outono e inverno aqui no Brasil por se tratar de uma planta de clima temperado.

Apesar de ser extremamente tolerante quanto ao solo (pH 4,5 a 6 e menor exigência de nutrientes que trigo), o plantio de aveia é bem mais exigente quanto às condições climáticas.

Assim, a temperatura ideal para a semeadura é acima dos 7º C, sendo abaixo de 4º C diminui drasticamente a germinação das sementes.

A época de semeadura varia de 15 de março (para o MS) até 15 de julho (em SC), e a quantidade de sementes entre 200 e 300 por metro quadrado.

LocalPeríodo de Semeadura
Região de Ijuí (RS)15 de maio a 15 de junho
Região de Passo Fundo (RS)15 de maio a 15 de junho
Região dos Campos de Cima da Serra (RS)15 de junho a 15 de julho
Região Sul do Paraná15 de maio a 15 de julho
Regiões Norte e Oeste do Paraná15 de março a 15 de maio
Região de Campos Novos e Lages (SC)15 de junho a 15 de julho
Região do Sul de São Paulo15 de abril a 30 de maio
Região do Mato Grosso do Sul15 de março a 15 de maio

(Fonte: Indicações técnicas para a cultura da aveia, 2014)

No Brasil é recorrente o uso de sementes piratas na semeadura da aveia e essa prática apresenta altos riscos que, muitas vezes, não são contabilizados pelo produtor. 

Entre esses perigos estão a contaminação das sementes por patógenos e pragas, sem contar possíveis sementes de daninhas que podem infestar a área e a baixa germinação que podem apresentar, afetando diretamente a produção.

O perfilhamento está diretamente relacionado com a produtividade da aveia, sendo que ao final do ciclo, os perfilhos mais jovens auxiliam no enchimento de grãos dos mais velhos.

Dessa forma, regiões mais quentes e semeaduras tardias requerem uma quantidade maior de sementes.

A recomendação de espaçamento é entre os 17 e 20 cm entre linhas com uma profundidade de deposição da semente entre 2 e 4 cm.

Manejo da cultura de aveia

A duração do ciclo da cultura de aveia varia entre 120 e 130 dias aqui no Brasil, mas podem chegar de 90 a 180 dias no mundo todo.

O desenvolvimento da aveia é dividido basicamente em quatro etapas: a fase vegetativa, a fase de transição, a fase reprodutiva e a fase de formação dos grãos.

Sendo que após a fase vegetativa (3 a 4 folhas e início do perfilhamento), é quando se inicia o controle químico em pós-emergência das plantas daninhas.

Os principais herbicidas registrados para a cultura da aveia são o 2,4 D e o metasulfuron, ambos recomendados para o controle de folhas largas.

O controle químico de azevém em campos de aveia ainda não é possível por meio dos herbicidas registrados disponíveis no Brasil.

Já para o manejo de pragas, o mais indicado é o tratamento de sementes (Imidacloprido e Tiodicarbe), que combate duas das principais pragas da aveia, os corós e os afídeos (ou pulgões)

Agora, as principais doenças que afetam a plantação de aveia são a ferrugem das folhas, a qual a aveia branca é mais susceptível, e a ferrugem dos colmos, que não tem grande incidência na região Sul, mas pode ter grande gravidade em condições de alta umidade e temperatura.

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Como fazer a colheita de grãos de aveia?

Na maturação, a plantação de aveia tolera altas temperaturas diurnas, baixas temperaturas noturnas e baixa umidade, permitindo a colheita e evitando a perda de grãos.

Para a produção de sementes, baixas temperaturas durante o desenvolvimento elevam os níveis de dormência das sementes.

Assim, a colheita da aveia deve ser realizada quando os grãos estão em condições de debulha (teor de água abaixo dos 20%) e a planta ainda está de pé.

A regulagem da colhedora é essencial, já que quando descascado, o grão ativa enzimas que causam a rancificação do produto. 

Para o fornecimento industrial, os grãos não devem receber chuvas após a maturação, a fim de evitar que eles adquiram coloração escura.

Vantagens da produção de forragem

A aveia forrageira é uma excelente opção para sistemas de produção que buscam manter a oferta de alimento para o gado durante o outono e o inverno, além de oferecer vantagens como:

  • Tolerância ao frio e geadas;
  • Resistência ao pisoteio;
  • Boa produção de massa verde (alta qualidade);
  • Boa rusticidade;
  • Existência de cultivares com diferentes ciclos de produção.

A cultura pode ser usada para corte verde, feno, silagem ou ainda pastejo, sendo a altura de entrada entre 25 e 30 cm e a altura de saída dos animais em torno dos 10 cm. 

Para produção de silagem, o ideal é realizar o corte das plantas inteiras com a matéria seca dos grãos entre 30% e 40% (ou seja 60% a 70% de umidade nos grãos).

Para implantar um pasto de aveia forrageira, o indicado é utilizar espaçamento de 17 cm entre linhas e populações com 350 plantas por metro quadrado.

Além de produzir forragem, esse sistema de plantio também pode ser utilizado para a produção de palha para o plantio direto. Sendo que a produção de matéria seca varia entre 3 e 6 toneladas.

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Redator Alasse Oliveira

Alasse Oliveira

Engenheiro-Agrônomo (UFRA/Pará), Técnico em Agronegócio (Senar/Pará), especialista em Agronomia (Produção Vegetal) e mestre em Fitotecnia pela (Esalq/USP).

Plantação de trigo: Conheça as etapas fundamentais

A safra 2025/26 promete ser histórica para a triticultura brasileira, com estimativa de 10 milhões de toneladas de trigo.

Este é um marco que reflete o avanço tecnológico, o esforço de produtores em investir em planejamento e manejo adequado desde o início do cultivo.

Com o aumento da demanda e da área plantada, cultivar trigo no Brasil tem se tornado uma atividade cada vez mais estratégica.

Mas, para ter bons resultados, é indispensável seguir cada etapa do processo com atenção — da escolha da cultivar ao manejo das pragas no início da lavoura.

Você sabe qual é o melhor momento para semear o trigo na sua região? E como preparar o solo, ajustar o espaçamento e definir a quantidade de sementes? Esses detalhes fazem toda a diferença e você confere tudo neste conteúdo.

Como está o mercado de trigo hoje no Brasil?

A produção de trigo no Brasil deve alcançar 10 milhões de toneladas na safra 2025/26, o que representa um aumento de 29,9% em relação ao ciclo anterior. O avanço expressivo se deve, principalmente, à base comparativa baixa do ano anterior.

A área plantada também deve crescer, com estimativa de 3,1 milhões de hectares, um acréscimo de 6,2% em relação à safra 2024/25.

No Rio Grande do Sul, principal estado produtor, projeta-se um crescimento de 11,7% na área cultivada e de 11,9% na produção, chegando a 4,4 milhões de toneladas.

Já o Paraná, mesmo com leve redução de 0,7% na área, deve ter um salto de 57,6% na produção, totalizando 3,7 milhões de toneladas.

Em relação ao comércio internacional, a Argentina ainda possui um saldo exportável de 4,3 milhões de toneladas de trigo, o equivalente a 33% dos 13 milhões produzidos

No ciclo anterior, esse percentual era de apenas 18%. Esse cenário indica que, nos próximos meses, o Brasil deve encontrar espaço para importar o volume necessário sem grandes pressões no mercado.

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Qual a importância do cultivo do trigo?

O trigo é uma das culturas mais antigas cultivadas no mundo. Por ser fonte de carboidratos, proteínas, gordura, fibra, cálcio, ferro e ácido fólico, tem um grande papel na alimentação humana.

Podendo ser consumido de diversas formas, há plantações de trigo em diversas localidades, como China, União Europeia, Índia, Rússia, EUA, Canadá, Austrália, Paquistão, Ucrânia e Turquia.

A plantação de trigo no Brasil assume apenas a 15ª posição de produção. Porém, há espaço para crescimento tanto em área quanto em produtividade.

Para a cultura se desenvolver, é necessário planejamento adequado e utilizar técnicas para o plantio do trigo corretas.

Tabela

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Figura 1. Maiores produtores mundiais de trigo. (Fonte: Atlas Big, 2025).

Como plantar trigo: passo a passo 

Saber como é plantado o trigo é o primeiro passo que você deve seguir para ter altas produtividades.

Em cada uma das etapas, há uma série de especificidades que devem ser seguidas com o máximo de cuidado possível. Confira a seguir.

1. Escolha do cultivar

No Brasil, a produção de trigo está concentrada na região Sul, mas também há produção na Bahia, Minas Gerais, Distrito Federal e Goiás.

O que muda na plantação de trigo nas regiões brasileiras é o tipo de cultivar escolhido. Cada uma delas é desenvolvida para ser adaptada ao clima de cada região.

Para que você faça uma boa escolha, fique de olho em alguns pontos, como:

  • Indicação de produção;
  • Alto desempenho no campo e produtividade;
  • Resistência à doenças; 
  • Indicação da cultivar de acordo com o sistema de produção; 
  • Fertilidade do solo; 
  • Época de semeadura;
  • Entre outros fatores.

2. Época de plantio de trigo

Na região do Cerrado a época de plantio é de janeiro a fevereiro (sequeiro) e abril a maio (trigo irrigado). Já o plantio de trigo na região Sul, a janela de semeadura é entre março e junho.

A época de plantio do trigo depende de cada região de cultivo da cultura. Para te auxiliar nessa escolha, você pode seguir as recomendações do Zarc (Zoneamento Agrícola de Risco Climático).

O Zarc disponibiliza uma lista de cultivares recomendadas para cada região, além da relação de municípios com seus respectivos calendários de plantio.

Com isso, você tem acesso aos dados específicos do estado, incluindo a lista de municípios indicados, os períodos de plantio (início e fim) por cidade, além de informações sobre o tipo de solo e o grupo de cultivares recomendado.

3. Condições ideais de plantio

O trigo é uma cultura que pode ser produzida em regiões tropicais e subtropicais, mas para alcançar altas produtividades, a umidade do ar ideal para cultivar o trigo é de 70%.

Umidades muito elevadas podem causar danos fitossanitários, influenciando diretamente no rendimento dos grãos. A alta umidade também não é bem-vinda durante o plantio do trigo, então fique de olho. 

Para a emergência do trigo, temperaturas do solo entre 15 °C e 20 °C são favoráveis. Mas as temperaturas acima de 26 °C podem ser prejudiciais para o estabelecimento desta cultura de inverno.

Por isso, realize o planejamento de sua semeadura, acompanhando as previsões climáticas, para evitar semear em períodos com temperaturas baixas ou altas demais. 

Condições como umidade, temperatura e chuva durante todo o ciclo da cultura também refletem diretamente na qualidade do grão.

4. Preparo do solo para plantio de trigo

Após fazer o planejamento e ter definido todos os parâmetros citados acima, comprado suas sementes, está na hora de preparar o solo para o plantio de trigo.

Primeiro, determine qual o tipo de sistema de cultivo será ou é utilizado na área, sendo convencional ou plantio direto, e realizar as práticas de acordo com ele. Outros fatores importantes para o estabelecimento da lavoura de trigo são: 

  • Semear no limpo; 
  • Fazer um bom manejo de cobertura do solo até a semeadura;
  • Análise de solo (adubação equilibrada);
  • Semeadura de qualidade; 
  • Cuidados com velocidade de semeadura e profundidade (2 cm a 5 cm); 
  • Escolha da semente de qualidade;
  • População de planta adequada.

Para o preparo do solo, saiba qual a quantidade de fertilizantes e corretivos a serem aplicados no solo. Esse é um fator importante quando se pensa no custo com a cultura.

Isso porque os fertilizantes têm maior participação nos custos de produção do trigo, representando aproximadamente 25% do investimento na lavoura. Por isso, é importante realizar a análise de solo.  

Passo a passo representando como fazer a preparação do solo para a plantação de trigo.

5. Análise do solo

Para determinar se o solo precisa de correção ou de fertilizantes é necessário realizar a análise. As amostras devem ser representativas da área. 

Para plantio direto, é recomendada a amostragem de 0 cm – 10 cm e ocasionalmente de 0 cm – 20 cm de profundidade.

Para o plantio convencional, a amostragem recomendada é de 0 cm – 20 cm. A interpretação da análise de solo é realizada de acordo com o nível de cada elemento.

Já para determinar a necessidade de calagem e adubação para a área amostrada, devem ser utilizados manuais ou indicações técnicas para cada região do país. 

6. Correção com calcário

Determinar se a área precisa de calagem e qual quantidade utilizar é extremamente importante. Você deve ter a interpretação da análise de solo com as recomendações para cada região de cultivo do trigo.

7. Adubação

A adubação com fertilizantes NPK e micronutrientes para o trigo costuma ser feita no sulco de semeadura.

O nitrogênio é o nutriente mais exigido pela planta, e sua quantidade varia conforme alguns fatores, como: matéria orgânica do solo, cultura anterior, clima da região e expectativa de produção.

No Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, por exemplo, a dose de nitrogênio depende principalmente da matéria orgânica, da cultura precedente e da expectativa de rendimento.

O nitrogênio costuma ser aplicado em cobertura, entre o perfilhamento e o alongamento do colmo, enquanto no Paraná, essa adubação é feita com base na cultura anterior.

Cada estado tem uma recomendação específica, por isso o indicado é consultar os estudos da Embrapa ou procurar um(a) engenheiro(a) agrônomo(a).

Adubação nitrogenada: um guia rápido de manejo para altas produtividades na lavoura

8. Semeadura, espaçamento e densidade

A maior parte do plantio de trigo no Brasil é realizado com semeadoras. As sementes serão plantadas seguindo estas indicações:

  • Espaçamento entre linhas de 17 cm a 20 cm;
  • Densidade média de 200 a 400 sementes viáveis por ;
  • Profundidade de semeadura de 2 cm a 5 cm.

Também há quem faça a semeadura a lanço, onde é possível distribuir as sementes de maneira manual ou mecanicamente. Entretanto, dessa forma, você terá um espaçamento irregular e desuniformidade em sua área.

Para saber a quantidade de sementes que você irá utilizar por metro e por hectare, você utilizará a seguinte conta:

Fórmula:

L = (100 × S × E) / PG
D = (L / E × L × M) / 100
L = (100 × S × E) / PG
D = (L / E × L × M) / 100
S = número de sementes por m² (estande de plantas/m²)
E = espaçamento em metros
PG (%) = poder germinativo
L = número de sementes por metro
M = massa de 1.000 sementes em gramas

Quanto tempo o trigo demora para crescer?

O tempo que o trigo demora para crescer varia de acordo com o tipo de trigo (trigo de inverno ou trigo de primavera), clima e manejo, mas em geral:

  • Trigo de inverno: Leva de 6 a 8 meses do plantio à colheita, com semeadura no outono, passando pelo inverno em dormência. É colhido no final da primavera ou começo do verão;
  • Trigo de primavera: Cresce mais rápido, levando de 4 a 5 meses do plantio à colheita. É semeado na primavera e colhido no verão.

No Brasil, onde o cultivo é mais comum entre maio e setembro, o ciclo do trigo costuma durar em torno de 110 a 150 dias, dependendo da variedade e das condições climáticas.

Fases de crescimento do trigo
  • Germinação e emergência: 5 a 15 dias;
  • Perfilhamento: 20 a 40 dias;
  • Alongamento do colmo: 30 a 50 dias;
  • Emborrachamento e espigamento: 15 a 30 dias;
  • Floração e enchimento de grãos: 20 a 40 dias;
  • Maturação e colheita: 20 a 30 dias.

Manejo inicial da lavoura de trigo

Os cuidados com as plantas de trigo devem ser tomados antes e durante a instalação da lavoura. O  manejo de doenças, pragas e plantas daninhas da cultura é fundamental.

As plantas daninhas devem ser controladas para que você semeie o trigo no limpo. O trigo deve permanecer, por no mínimo 12 dias, sem a interferência de plantas invasoras.

A atenção deve ser principalmente para gramíneas como o azevém, capim-amargoso e aveia. 

Doenças e pragas devem ser controladas antes que causem danos econômicos na sua lavoura. Entre as principais doenças do trigo que podem aparecer no início do ciclo da cultura, há:

  • Oídio;
  • Ferrugem;
  • Mancha amarela da folha;
  • Mancha-marrom;
  • Nanismo-amarelo;
  • Mal-do-pé.

Estas são apenas algumas doenças que causam impacto desde a germinação e perfilamento. Independente do tipo, o MID (Manejo Integrado de Doenças) precisa ser realizado. Elas podem variar entre as regiões de cultivo e condições climáticas.

Os pulgões, assim como os corós, percevejo-barriga-verde e lagartas, são pragas do trigo que podem ocorrer durante todo o ciclo da cultura. Elas devem ser monitoradas desde a germinação.

Para controle, o MIP (Manejo Integrado de Pragas) é fundamental. Ele irá reduzir os danos e a incidência destas pragas nas plantações de trigo.

Existem várias outras ferramentas essenciais para se ter uma lavoura sadia. O conhecimento do histórico da área, o monitoramento climático, a rotação de culturas, o controle químico no momento correto são as principais.

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Redator Alasse Oliveira

Alasse Oliveira

Engenheiro-Agrônomo (UFRA/Pará), Técnico em Agronegócio (Senar/Pará), especialista em Agronomia (Produção Vegetal) e mestre em Fitotecnia pela (Esalq/USP).

Nutrição do solo: Qual o impacto na lavoura?

O solo é a base da produção agrícola e sua qualidade está diretamente ligada ao sucesso das lavouras. Entre os fatores que influenciam a produtividade das culturas, a nutrição do solo ocupa um papel de destaque, fornecendo os nutrientes necessários para o crescimento e desenvolvimento das plantas. 

Um solo equilibrado não só garante o fornecimento adequado de nutrientes, mas também contribui para a fertilidade do solo, promovendo uma maior eficiência no uso de insumos agrícolas e reduzindo impactos ambientais.

Um solo bem nutrido apresenta características químicas, físicas e biológicas adequadas para o desenvolvimento radicular e a absorção eficiente dos nutrientes. 

Identificar e corrigir deficiências nutricionais exige um conhecimento aprofundado sobre o processo de nutrição do solo e práticas de manejo que garantam um equilíbrio sustentável.

O que é nutrição do solo?

A nutrição do solo se refere à disponibilidade e ao balanço de nutrientes necessários para o crescimento das plantas. 

Um solo bem nutrido fornece os elementos essenciais para que as plantas completem seu ciclo de desenvolvimento, garantindo um bom desempenho agrícola. 

O padrão de nutrição do solo é determinado pelo equilíbrio entre os nutrientes disponíveis e a necessidade das culturas.

O cuidado envolve o manejo equilibrado de insumos agrícolas, práticas conservacionistas e a adoção de estratégias para melhorar a fertilidade do solo

Esse conjunto de técnicas contribui para a saúde do ecossistema agrícola e para o aumento da eficiência da produção.

Além disso, o solo pode armazenar até 25.000 kg de matéria orgânica por hectare em condições ideais. Essa matéria orgânica é importante para a fertilidade e nutrição do solo, por melhorar a retenção de umidade, disponibilizando nutrientes e estimulando a atividade microbiana.

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Quais são os nutrientes para o solo?

Os nutrientes essenciais para o solo são divididos em macronutrientes e micronutrientes, ambos fundamentais para o desenvolvimento saudável das plantas, sendo eles:

Macronutrientes:

  • Primários: Nitrogênio (N), Fósforo (P) e Potássio (K);
  • Secundários: Cálcio (Ca), Magnésio (Mg) e Enxofre (S).

Micronutrientes:

  • Boro (B): Usado para a germinação do pólen e desenvolvimento celular;
  • Cloro (Cl): Ajuda na regulação osmótica e equilíbrio hídrico;
  • Cobre (Cu): Auxilia na fotossíntese e na formação de enzimas;
  • Ferro (Fe): Essencial para a produção de clorofila;
  • Manganês (Mn): Participa da fotossíntese e da ativação enzimática;
  • Molibdênio (Mo): Necessário para a fixação biológica do nitrogênio;
  • Zinco (Zn): Importante para a produção de hormônios de crescimento.

Esses elementos tem funções vitais para a formação e desenvolvimento das plantas, principalmente para a fertilidade e nutrição do solo. A ausência ou excesso de qualquer um deles pode comprometer o desempenho das culturas e reduzir a produtividade.

Quais são os 3 tipos de fertilidade do solo?

A fertilidade não é algo estático, podendo ser classificada de diferentes maneiras, dependendo das condições e do manejo do solo.

Existem três tipos principais de fertilidade, cada uma influencia diretamente o desenvolvimento das culturas e deve ser entendido para aumentar a produtividade das lavouras. Veja mais detalhes a seguir:

  • Fertilidade química: Relacionada à presença de nutrientes no solo e à sua disponibilidade para as plantas. Solos bem equilibrados quimicamente favorecem a absorção eficiente dos nutrientes pelas raízes.
  • Fertilidade física: Diz respeito à estrutura do solo, como a porosidade, aeração e capacidade de retenção de água, que influenciam diretamente o crescimento radicular.
  • Fertilidade biológica: Atividade dos microrganismos benéficos presentes no solo, que auxiliam na decomposição da matéria orgânica, na fixação biológica de nitrogênio e na disponibilização de nutrientes essenciais para as plantas.

Como são classificados os nutrientes do solo?

Os nutrientes do solo são classificados em dois grupos principais, com base na quantidade em que as plantas precisam, e quanto à sua função no crescimento das plantas. Veja abaixo:

  • Essenciais: Fundamentais para o ciclo de vida da planta.
  • Benéficos: Melhoram o crescimento, mas não são essenciais.

A análise de nutrição de solo auxilia na identificação dos teores desses elementos e na aplicação adequada de fertilizantes.

A correta interpretação dos resultados permite ajustes específicos para cada cultura, otimizando o uso dos insumos agrícolas.

Cada nutriente tem um papel específico no desenvolvimento da planta, e a disponibilidade deles no solo é necessária para garantir uma boa produtividade agrícola.

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Como saber se o solo está nutrido?

A melhor forma de avaliar a nutrição do solo é por meio da análise de solo. Esse procedimento indica os níveis de nutrientes e permite correções adequadas com fertilizantes e corretivos. A interpretação correta dos resultados auxilia no ajuste do padrão de nutrição do solo.

Além da análise laboratorial, observações em campo, como a coloração das folhas, o desenvolvimento radicular e o crescimento uniforme da cultura, são indicativos do estado nutricional do solo.

1. Análise de Solo

A maneira mais precisa de saber se seu solo está nutrido é por meio de uma análise de solo, que envolve a coleta de amostras de diferentes partes da lavoura e o envio para um laboratório especializado. A análise indica informações sobre:

  • Níveis de nutrientes (macronutrientes e micronutrientes);
  • pH do solo (acidez ou alcalinidade);
  • Capacidade de troca catiônica (CTC), que indica a capacidade do solo de reter nutrientes;
  • Teor de matéria orgânica.

Com base nos resultados, você pode determinar se o solo está carente de algum nutriente e qual tipo de correção (como a aplicação de fertilizantes ou calagem) é necessária.

2. Observação das Plantas

A saúde das plantas é um reflexo direto da qualidade do solo e caso apresentem sintomas ou aparência incomum, pode ter certeza que alguma coisa está faltando. Fique atento se você notar:

  • Amarelecimento das folhas (indica possível deficiência de nitrogênio, ferro ou enxofre)
  • Folhas murchas ou retorcidas (pode ser falta de potássio ou cálcio)
  • Crescimento fraco ou plantas anãs (pode indicar deficiência de fósforo ou outros nutrientes)

Esses sinais podem indicar que o solo não está nutrido corretamente, ou que a nutrição não está sendo absorvida eficientemente.

3. Testes de pH

O pH do solo influencia a disponibilidade de nutrientes para as plantas e, se estiver muito baixo (ácido) ou muito alto (alcalino), indica que alguns nutrientes estão menos acessíveis.

O nível de pH ideal varia de acordo com a planta cultivada, mas a faixa entre 6 e 6,5 é considerada ideal para a maioria das culturas.

4. Quantidade e Qualidade da Matéria Orgânica

A presença de matéria orgânica no solo é um bom indicador de nutrição, por conta da decomposição que libera ótimos nutrientes para as plantas e melhora a estrutura do solo, facilitando a retenção de água e aeração.

Se seu solo parecer empobrecido ou sem matéria orgânica visível, ele pode precisar de uma adição de composto ou esterco.

5. Índices de Fertilidade

Alguns índices, como a Capacidade de Troca Catiônica (CTC), podem fornecer informações sobre a capacidade do solo de reter nutrientes.

Os solos com alta CTC geralmente têm uma maior capacidade de armazenar nutrientes e são considerados mais férteis.

6. Uso de Fertilizantes

Se você tem aplicado fertilizantes de forma equilibrada, mas ainda percebe que as plantas não estão respondendo como esperado, ou precisa usar grandes quantidades de produto, pode ser um sinal de desequilíbrio de nutrientes no solo.

Esse problema pode estar relacionado a fatores como pH inadequado, antagonismo entre nutrientes ou deficiência de matéria orgânica. Para identificar a causa com precisão e corrigir de forma eficiente, é preciso fazer a análise do solo.

7. Microrganismos do Solo

A presença de microrganismos saudáveis no solo também é um bom sinal de nutrição adequada, por ajudarem na decomposição de matéria orgânica e na liberação de nutrientes.

A atividade microbiológica pode ser verificada de forma indireta, por exemplo, pela presença de minhocas, que são indicadores de um solo bem nutrido e equilibrado.

Com essas práticas, você consegue avaliar a nutrição do seu solo com eficiência e tomar as medidas corretivas necessárias para garantir um bom desenvolvimento das suas culturas.

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Processo de nutrição do solo

O processo de nutrição do solo envolve uma série de práticas que garantem a disponibilidade adequada de nutrientes para as plantas, promovendo um ambiente mais saudável e sustentável. Com isso, são feitos alguns passos, como:

  1. Análise do solo: Determina as condições químicas, físicas e biológicas;
  2. Correção do solo: Uso de calcário, gesso e outros corretivos para ajustar a fertilidade;
  3. Adubação: Aplicar fertilizantes conforme a necessidade da cultura;
  4. Rotação de culturas: Melhora a estrutura e a fertilidade do solo;
  5. Manejo da matéria orgânica: Uso de adubos verdes e cobertura morta para fortalecer o processo de nutrição do solo;
  6. Monitoramento contínuo: Acompanhamento regular dos níveis de nutrientes para ajustes precisos e sustentáveis.

A fertilidade e a nutrição do solo estão diretamente conectadas. Um solo bem nutrido oferece melhores condições para o desenvolvimento das plantas, resultando em maior produtividade e eficiência no uso dos recursos.

Além disso, a fertilidade do solo vai além da simples presença de nutrientes, dependendo da capacidade do solo de reter e disponibilizar esses elementos para as plantas de maneira equilibrada.

Usar estratégias que melhoram a estrutura do solo, aumentam sua capacidade de retenção de água e nutrientes e favorecem a atividade biológica, garantindo um ambiente produtivo e sustentável.

Redator Alasse Oliveira

Alasse Oliveira

Engenheiro-Agrônomo (UFRA/Pará), Técnico em Agronegócio (Senar/Pará), especialista em Agronomia (Produção Vegetal) e mestre em Fitotecnia pela (Esalq/USP).

Erosão hídrica: Impactos na lavoura

As chuvas intensas têm sido uma realidade em diversas regiões do Brasil, causando preocupação entre os produtores rurais.

O excesso de água pode desencadear diversos problemas, sendo a erosão hídrica um dos mais graves. Além de comprometer a estrutura do solo, a erosão favorece o aparecimento de doenças, reduzindo a produtividade das lavouras e gerando prejuízos financeiros.

Neste artigo, vamos explicar o que é a erosão hídrica, suas causas, os tipos existentes, como afeta a agricultura e, principalmente, o que pode ser feito para prevenir e cuidar de solos encharcados.

O que é erosão hídrica?

A erosão hídrica é o processo de desgaste, transporte e deposição de partículas do solo provocado pela ação da água da chuva ou de cursos d’água.

Quando o solo não tem uma cobertura adequada ou está compactado ele se torna mais suscetível ao impacto das gotas de chuva que desagregam suas partículas e as transportam para outros locais.

Esse fenômeno afeta não apenas a qualidade do solo mas também a produtividade das culturas e a sustentabilidade das propriedades rurais.

Como ocorre a erosão hídrica?

A erosão hídrica acontece quando a capacidade do solo de absorver a água da chuva é superada pela intensidade da precipitação, resultando no deslocamento de partículas de solo. Diversos fatores podem favorecer esse processo, como:

  • Chuva intensa: Aumenta o volume e a velocidade do escoamento superficial;
  • Solo desprotegido: Devido à falta de cobertura vegetal ou palhada, expondo o solo ao impacto direto das gotas de chuva;
  • Declive acentuado: Regiões inclinadas são mais propensas ao escoamento;
  • Compactação do solo: Reduz a capacidade de infiltração, aumentando o escoamento e o transporte de partículas.

Esses fatores combinados resultam em perdas de nutrientes, comprometendo a saúde do solo e a produtividade.

A adoção de práticas como o uso de coberturas vegetais, a rotação de culturas e o controle do uso de máquinas, pode ajudar a prevenir e mitigar a erosão hídrica.

Compactação do solo: como evitar e corrigir em sua propriedade

Tipos de erosão do solo

Existem diferentes tipos de erosão que afetam as propriedades rurais, cada uma com características e impactos específicos.

O processo acontece quando agentes como água e vento removem as camadas superficiais do solo, levando os nutrientes para o desenvolvimento das plantas. Dependendo das condições, diferentes formas de erosão podem se manifestar. Confira:

1. Erosão laminar

É o estágio inicial do processo erosivo, no qual uma fina camada superficial do solo é removida de forma uniforme pela água. 

Costuma ser difícil de detectar, pois o solo parece intacto a olho nu, mas perde nutrientes e matéria orgânica essenciais, comprometendo sua fertilidade.

2. Erosão em sulcos

Ocorre quando a água escoa em linhas específicas, formando pequenos canais ou ranhuras no solo.  Esses sulcos indicam um agravamento do processo erosivo e podem se expandir com o tempo, dificultando o manejo do solo da área afetada.

Se não forem controlados, podem evoluir para ravinas, comprometendo a fertilidade do solo e aumentando as perdas de nutrientes e matéria orgânica.

3. Erosão em ravinas

As ravinas comprometem significativamente o uso da terra para a agricultura, pois dificultam o tráfego de máquinas e reduzem a área cultivável.

Além disso, expõe camadas mais profundas do solo, empobrecendo e acelerando a degradação do solo na área afetada.

A recuperação das áreas afetas exige intervenções como barragens de contenção, reflorestamento e práticas conservacionistas, como o terraceamento e o manejo adequado do escoamento da água.

4. Erosão em voçorocas

É o estágio mais severo do processo, resultando na formação de crateras profundas que podem se estender por grandes áreas. 

As voçorocas geralmente são causadas por uma combinação de manejo inadequado do solo, chuvas intensas e falta de vegetação protetora.

É comum que comprometam o ecossistema local, prejudiquem infraestruturas rurais e exijam intervenções custosas para sua recuperação.

5. Solapamento do solo

Geralmente ocorre em margens de rios, lagoas ou cursos d’água, onde a água em movimento remove o solo lateralmente, provocando desmoronamentos. 

Este tipo de erosão é comum em áreas de propriedades que possuem corpos d’água próximos e pode causar danos tanto à lavoura quanto às infraestruturas, como estradas e cercas.

Como a erosão afeta a agricultura?

Os impactos da erosão hídrica na agricultura são profundos e afetam diversos aspectos do solo, da produtividade e da sustentabilidade das lavouras, como:

  1. Perda de fertilidade: A remoção da camada superficial rica em nutrientes compromete a produtividade das culturas.
  2. Compactação do solo: Reduz a infiltração de água, dificultando o armazenamento de umidade.
  3. Assoreamento: O sedimento transportado pela água acumula-se em rios, lagos e represas, reduzindo sua capacidade de armazenamento.
  4. Proliferação de doenças: Solos encharcados favorecem fungos e bactérias que atacam as plantas.
  5. Prejuízos financeiros: A queda na produtividade e os altos custos de recuperação impactam diretamente a rentabilidade do produtor.

Os prejuízos não se limitam ao meio ambiente, mas também geram desafios econômicos, gerando queda na produtividade, aumento dos custos com insumos e necessidade de investimentos em práticas de recuperação do solo.

Como evitar erosão hídrica na lavoura?

A prevenção da erosão hídrica envolve práticas que protegem o solo e garantem a sustentabilidade da produção.

Manter a cobertura do solo com vegetação, culturas de cobertura ou palhada é essencial para reduzir o impacto da chuva e minimizar a remoção de partículas.

Já o plantio direto preserva a estrutura do solo reduzindo seu revolvimento, enquanto o uso de curvas de nível e terraços direciona o escoamento da água, evitando enxurradas descontroladas.

A roçadura com vegetação rasteira protege a superfície do solo, e a rotação de culturas melhora a biodiversidade e a saúde do solo, tornando o processo mais resistente à erosão.

Além disso, o manejo adequado das águas pluviais, com sistemas de drenagem eficientes, ajuda a controlar o volume de água acumulado e reduz o risco de encharcamento.

Como cuidar da lavoura com solo encharcado?

Quando o solo está encharcado devido às chuvas excessivas, algumas medidas podem mitigar os danos e recuperar sua produtividade.

A drenagem pode ser melhorada com a instalação de canais ou drenos para remover o excesso de água. A aeração do solo, feita com equipamentos que rompem camadas compactadas, facilita a entrada de ar e a infiltração da água.

Para compensar perdas nutricionais causadas pelo escoamento, a reposição de nutrientes com fertilizantes adequados é fundamental.

Além disso, o controle de pragas e doenças exige inspeções regulares e medidas preventivas para evitar a proliferação de fungos e bactérias.

Por fim, é importante evitar o pisoteio em áreas encharcadas, pois isso pode agravar a compactação do solo, dificultando ainda mais sua recuperação.

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Redator Alasse Oliveira

Alasse Oliveira

Engenheiro-Agrônomo (UFRA/Pará), Técnico em Agronegócio (Senar/Pará), especialista em Agronomia (Produção Vegetal) e mestre em Fitotecnia pela (Esalq/USP).

Drone de lavoura: Guia de aplicação para a lavoura

Os drones de lavoura estão transformando a forma como os processos agrícolas são conduzidos, utilizando tecnologias que simplificam atividades e oferecem dados precisos para a tomada de decisões.

Segundo estimativas da Allied Market Research, o mercado global de drones na agricultura movimentou aproximadamente US$ 1,2 bilhão em 2021, com previsão de uma taxa de crescimento anual de 22% até 2030.

No Brasil, a adesão a essa tecnologia tem se tornado mais expressiva, com um aumento reportado de 120% nas vendas de drones agrícolas entre 2019 e 2023, conforme dados da DroneDeploy.

Esses são amplamente utilizados para monitorar lavouras, realizar pulverizações direcionadas e produzir mapas detalhados, além de outras vantagens sobre drone de lavoura que você confere neste guia.

O que é um drone de lavoura?

Um drone de lavoura é um equipamento aéreo não tripulado, projetado especificamente para atender às demandas da agricultura. Esses dispositivos são equipados com câmeras de alta resolução, sensores e sistemas de pulverização que oferecem uma ampla gama de aplicações no campo.

Com os drones, é possível monitorar a saúde das plantas, detectando rapidamente pragas, doenças ou deficiências nutricionais.

Além disso, permitem o mapeamento detalhado do terreno, criando imagens georreferenciadas que auxiliam no planejamento de manejo.

Os drones ainda realizam aplicações precisas de defensivos e fertilizantes, reduzindo o desperdício e otimizando as operações agrícolas.

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Qual o melhor drone de lavoura?

A escolha do melhor drone depende das necessidades específicas de cada propriedade. Mesmo assim, há alguns tipos que acabam se destacando, especialmente pela popularidade. Veja a seguir:

  • DJI Agras T40: Recomendado para pulverizações em grandes áreas, devido à sua alta capacidade de carga e sistemas inteligentes de aplicação. 
  • XAG P100: Se destaca no mapeamento detalhado e aplicações localizadas, sendo indicado para culturas de maior valor agregado.
  • eBee X: É conhecido pela qualidade das imagens capturadas, sendo uma excelente opção para análises de terrenos.

Esses modelos apresentam características distintas que devem ser avaliadas considerando as demandas do produtor e o tamanho da área de produção.

Quantos hectares faz um drone de lavoura?

A cobertura de um drone agrícola varia conforme o modelo e a finalidade. Normalmente, os drones projetados para pulverização, podem cobrir entre 10 e 40 hectares por hora, dependendo do tipo de cultura, produto aplicado e condições climáticas.

No caso do mapeamento, a área coberta tende a ser maior, já que a coleta de imagens ocorre em voos de alta altitude, com rapidez e eficiência. Essa característica torna os drones uma ferramenta para agilizar processos e ter dados detalhados sobre a lavoura.

Principais tipos de drones de lavoura

Os drones de lavoura podem ser classificados de acordo com sua função e características técnicas, que serão melhores conforme as necessidades da sua propriedade rural. Veja:

Drones para Pulverização

  • Função: Realizam a aplicação de defensivos, fertilizantes e pesticidas de forma eficiente, cobrindo grandes áreas rapidamente.
  • Exemplo: DJI Agras T40, XAG P100.
  • Características: Alta capacidade de carga, sistemas de controle de pulverização inteligente e resistência a condições climáticas adversas.

Continue lendo mais detalhes sobre o uso de drones para pulverização.

Drones para Mapeamento e Monitoramento

  • Função: Utilizados para capturar imagens aéreas de alta resolução e realizar o mapeamento das lavouras, identificando variações no solo, nas plantas e no uso da terra.
  • Exemplo: eBee X, Parrot Anafi USA.
  • Características: Equipados com câmeras de alta resolução, sensores multispectrais e térmicos para análise precisa do terreno e saúde das culturas.

Drones para Plantio

  • Função: Projetados para realizar o plantio de sementes ou mudas em grandes áreas.
  • Exemplo: DroneSeed.
  • Características: Capacidade de lançar sementes e fertilizantes de forma automatizada e precisa, acelerando o processo de plantio.

Drones para Irrigação

  • Função: Usados para monitorar o sistema de irrigação, medindo a umidade do solo e ajustando os sistemas de irrigação de acordo com as necessidades das plantas.
  • Exemplo: Parrot Sequoia.
  • Características: Equipados com sensores de umidade, ajudando a otimizar o uso da água e melhorar a eficiência da irrigação.

Antes de decidir investir em um drone, é importante avaliar fatores como o tamanho da propriedade, o tipo de cultura, o objetivo da aplicação (pulverização, mapeamento, monitoramento, etc.) e o orçamento disponível.

Além disso, é importante verificar a facilidade de uso do drone, a qualidade dos sensores e câmeras (como multispectrais ou térmicas), assim como o suporte técnico oferecido pelo fabricante.

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Principais regras para usar drone de lavoura

O uso de drones na agricultura é regulamentado pela ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil), que estabelece diretrizes importantes:

  • Registro: todo drone deve ser registrado no sistema SISANT para operações regulares;
  • Treinamento: pilotos precisam de certificação adequada para operar o equipamento;
  • Altura de voo: o limite máximo permitido é de 120 metros.

Cumprir essas exigências é indispensável para a segurança das operações. Mais informações podem ser consultadas no guia de regras para uso de drones na agricultura.

Quais culturas podem se beneficiar do uso de drones?

O uso de drones pode beneficiar diversas culturas, ajudando na precisão do monitoramento e aumento da eficiência em diversas práticas agrícolas. As principais culturas que podem se beneficiar incluem:

  1. Soja: Drones auxiliam no monitoramento da saúde das plantas, na aplicação de defensivos e fertilizantes e no mapeamento de áreas de difícil acesso.
  2. Milho: A pulverização precisa e o mapeamento ajudam a identificar problemas como pragas e doenças, além de otimizar o uso de insumos.
  3. Café: O monitoramento aéreo permite uma visão detalhada do campo, ajudando na detecção de pragas e no controle de irrigação.
  4. Frutas (como maçã, laranja e uva): Drones equipados com câmeras multispectrais podem identificar problemas em tempo real, como deficiências nutricionais e doenças, e garantir aplicações mais precisas.
  5. Algodão: O uso de drones para monitoramento e aplicação de defensivos agrícolas melhora a produtividade e reduz custos.
  6. Hortaliças e legumes: Drones ajudam no mapeamento da lavoura, na irrigação precisa e na detecção de áreas com problemas de crescimento.
  7. Arroz: O monitoramento aéreo é essencial para controlar a irrigação e detectar possíveis problemas de pragas ou doenças.

Essas culturas podem aproveitar o uso de drones para aumentar a precisão na gestão agrícola, otimizar a aplicação de insumos e melhorar os resultados de produtividade.

Como fazer mapeamento agrícola com drone?

O mapeamento agrícola com drones é uma ferramenta poderosa que permite obter informações detalhadas sobre as condições da lavoura. 

O processo pode ser dividido em etapas bem definidas, garantindo a qualidade dos dados coletados e a precisão dos resultados:

1. Processamento dos dados

As imagens capturadas são transferidas para programas como Pix4D, Agisoft Metashape ou QGIS, que processam os dados e geram mapas detalhados, como mapas de NDVI (Índice de Vegetação por Diferença Normalizada), mapas topográficos e ortomosaicos.

Esses mapas oferecem uma visão clara e detalhada da área, permitindo a identificação de padrões e problemas.

2. Planejamento do voo

Utilizar softwares especializados como DroneDeploy, DJI Terra ou similares para traçar a rota do drone. O planejamento deve garantir a cobertura completa da área de interesse, considerando a altitude, a sobreposição de imagens e as condições climáticas no momento do voo.

Além disso, é importante definir os pontos de decolagem e pouso para otimizar o tempo e a segurança da operação.

3. Captura de imagens georreferenciadas

Durante o voo, o drone coleta imagens de alta resolução, georreferenciadas com o auxílio de GPS ou sistemas RTK/PPK, que aumentam a precisão dos dados.

Essa etapa é fundamental para obter informações detalhadas sobre o solo, saúde das plantas e topografia da área.

Esses mapas agrícolas são ferramentas indispensáveis para identificar pragas, doenças, deficiências nutricionais, problemas de drenagem ou compactação do solo. 

Com as informações obtidas, é possível realizar intervenções localizadas, reduzindo custos e otimizando os recursos utilizados.

Quanto custa um drone agrícola?

Os custos variam de acordo com o modelo e as funcionalidades:

  • Básicos: Entre R$ 15.000 e R$ 50.000;
  • Avançados: Acima de R$ 100.000;
  • Serviços terceirizados: De R$ 50 a R$ 150 por hectare.

O investimento em drones pode gerar retornos significativos, considerando a precisão das aplicações e os dados fornecidos.

Como escolher o drone de lavoura ideal?

Escolher o drone ideal para a sua lavoura envolve considerar diversos fatores para garantir que ele atenda às necessidades específicas da sua operação agrícola. Aqui estão alguns pontos importantes a serem analisados:

1. Objetivo do uso

  • Monitoramento de Cultivos: Se o objetivo é simplesmente fazer a vigilância das lavouras e identificar problemas, drones com câmeras de alta resolução (RGB ou multispectrais) são suficientes.
  • Aplicação de Insumos: Se o objetivo é também aplicar produtos, como fertilizantes ou defensivos, é necessário um drone com capacidade para carregar e dispersar insumos de maneira eficiente.

2. Capacidade de Carga

  • Para drones que aplicam insumos, é importante verificar a capacidade de carga. Modelos com maior capacidade podem carregar mais produtos, aumentando a eficiência e autonomia da operação.

3. Autonomia de Voo

  • A autonomia é crucial para grandes áreas. Verifique quanto tempo o drone pode voar com a carga completa de bateria. Drones agrícolas de boa qualidade têm autonomia que pode variar de 30 minutos a 1 hora ou mais.

4. Resolução e Tipos de Câmera

  • Para a coleta de dados visuais, as câmeras podem variar entre RGB (para imagens padrão), multispectrais (para monitoramento de saúde das plantas) e termográficas (para detecção de temperaturas).
  • Câmeras multispectrais e hiperespectrais são indicadas para quem busca uma análise mais profunda, como a detecção de estresse hídrico, doenças ou carência de nutrientes.

5. Tamanho e Peso

  • Para pequenas ou médias lavouras, um drone mais compacto pode ser ideal, enquanto em áreas grandes, drones maiores, com maior autonomia e capacidade de carga, são mais indicados.
  • A escolha do tamanho e peso impacta no tipo de terreno e espaço disponível para o voo.

6. Sensores e Mapeamento

  • Verifique se o drone tem sensores como o GPS RTK, que garantem alta precisão no mapeamento e na análise de dados. Isso é essencial para gerenciar grandes áreas e fazer análises de campo detalhadas.

7. Facilidade de Uso

  • Certifique-se de que o drone seja fácil de manusear, especialmente se você não tiver muita experiência com tecnologia. Muitos drones agrícolas vêm com interfaces intuitivas e sistemas de voo automatizado que facilitam o trabalho.

Como os drones contribuem para a agricultura de precisão?

Os drones contribuem significativamente para a agricultura de precisão, proporcionando uma série de benefícios que otimizam a gestão das lavouras e aumentam a produtividade.

Equipados com câmeras de alta resolução e sensores especializados (como multispectrais e térmicos), os drones permitem o monitoramento em tempo real das culturas, facilitando a identificação rápida de problemas como pragas, doenças e deficiências nutricionais.

Além disso, eles geram mapas detalhados que ajudam na análise do solo, permitindo uma gestão mais eficiente e precisa de recursos como água e fertilizantes.

Com a integração de sistemas de pulverização, aplicam insumos de forma precisa e localizada, reduzindo o desperdício e evitando o uso excessivo de defensivos agrícolas, o que torna o processo mais sustentável.

Toda essa automação proporciona uma economia de tempo e custos operacionais, além de oferecer uma visão mais precisa da saúde da lavoura em menos tempo.

Em suma, os drones de lavoura tornam a agricultura mais eficiente, sustentável e rentável, com o uso otimizado dos recursos e uma melhor gestão do ambiente agrícola.

Aegro: Integrando Tecnologias em um Software para Fazendas
Redator Alasse Oliveira

Alasse Oliveira

Engenheiro-Agrônomo (UFRA/Pará), Técnico em Agronegócio (Senar/Pará), especialista em Agronomia (Produção Vegetal) e mestre em Fitotecnia pela (Esalq/USP).

Principais doenças de solo e como proteger suas culturas

O solo é um dos recursos mais importantes para a agricultura, não apenas sustenta as plantas, mas também influencia diretamente a qualidade e a produtividade das lavouras.

Quando negligenciado, pode se tornar um ambiente propício para o surgimento de doenças de solo que afetam severamente a produção agrícola. 

Estas doenças podem comprometer as raízes, caules e até os frutos prejudicando tanto a qualidade quanto a quantidade colhida

A grande maioria das doenças de solo são causadas por agentes patogênicos como fungos, bactérias, nematóides e vírus que sobrevivem e se multiplicam no solo.

Essas pragas atacam diretamente as plantas comprometendo seu desenvolvimento e em muitos casos levando à morte.

A presença desses organismos no solo é um dos principais fatores que comprometem a longevidade das lavouras e a saúde do ecossistema agrícola.

O que são doenças de solo?

As doenças de solo são originadas por agentes patogênicos como fungos, bactérias, nematoides e vírus, que possuem a capacidade de sobreviver e se multiplicar no ambiente do solo, criando condições desfavoráveis ao desenvolvimento das plantas.

Esses organismos podem permanecer inativos no solo por longos períodos, esperando condições adequadas para se retirarem e atacarem as culturas agrícolas.

É comum agirem diretamente nas raízes e, em alguns casos, nas partes aéreas das plantas, interferindo na absorção de água e nutrientes, enfraquecendo o sistema radicular e limitando o crescimento das culturas.

Além disso, podem causar sintomas como lesões, podridões, murchas e até a morte das plantas, comprometendo seriamente a produtividade e a viabilidade econômica da lavoura.

Um aspecto preocupante é que esses agentes patogênicos se adaptam facilmente às condições do ambiente e podem ser disseminados por meio de água, vento, resíduos de culturas anteriores, ferramentas agrícolas contaminadas ou pelo trânsito de máquinas e implementos entre talhões.

Isso torna o manejo das doenças de solo um grande desafio para os produtores. Entre os exemplos mais comuns estão fungos como Fusarium spp. e Rhizoctonia solani, que causam doenças como tombamento de plântulas e podridão de raízes, além de nematoides como Meloidogyne spp., responsáveis por formar galhas nas raízes.

Saiba mais!

Quais as principais doenças do solo? 

As principais doenças do solo vão variar conforme a cultura e o patógeno. Algumas delas são mais comuns na lavoura de soja, como a antracnose, mas podem aparecer em outras plantações. 

De qualquer forma, existem pelo menos 7 doenças de solo que você deve se preocupar. Acompanhe quais são elas e como tratar. 

 1. Tamanduá-da-Soja (Sternechus subsignatus)

  • Sintomas: Corte na base das hastes da soja, murcha das plantas e redução do porte e menor número de vagens.
  • Principais culturas afetadas: Soja e algumas leguminosas. 
  • Impactos: Perda total da planta afetada e redução na produtividade devido à queda de vagens.
  • Manejo: Rotação de culturas para evitar a perpetuação do ciclo da praga, controle químico com inseticidas direcionados à fase adulta e Destruição dos restos culturais para eliminar os refúgios da praga.

Confira mais informações no conteúdo 12 principais pragas da soja que podem acabar com sua lavoura.

2. Broca-do-Café (Hypothenemus hampei)

  • Sintomas: Perfuração nos frutos do café e grãos ocos ou com perda de qualidade devido à alimentação da larva.
  • Impactos: Redução da qualidade dos grãos e perdas na produtividade que podem chegar a 30% em infestações severas.
  • Manejo: Monitoramento com armadilhas de captura, uso de inseticidas específicos em momentos de maior vulnerabilidade e controle biológico com fungos entomopatogênicos, como Beauveria bassiana.

Para mais informações sobre o patógeno siga a leitura: Broca-do-café: Alternativas de controle.

3. Antracnose (Colletotrichum spp.)

  • Sintomas: Lesões escuras em vagens, folhas, hastes e sementes, apodrecimento e queda de folhas em estágios avançados.
  • Principais culturas afetadas: Soja, feijão, milho, tomate e algodão.
  • Impactos: Perda de produtividade devido ao apodrecimento de vagens e frutos, e redução na qualidade das sementes.
  • Manejo: Uso de sementes sadias e certificadas, tratamento de sementes com fungicidas, rotação de culturas e manejo de restos culturais.

Saiba mais informações sobre a Antracnose e detalhes de como realizar o controle para diferentes culturas.

4. Tombamento (Fusarium spp., Rhizoctonia solani, Phytophthora spp.)

  • Sintomas: Morte de plântulas logo após a emergência, lesões marrons ou negras no coleto e reboleiras de falhas no estande.
  • Principais culturas afetadas: Soja, feijão, milho, algodão e hortaliças.
  • Impactos: Perda de plantas na fase inicial e dificuldade em atingir o estande ideal.
  • Manejo: Tratamento de sementes com fungicidas específicos, uso de variedades resistentes, adequação do espaçamento e drenagem para evitar excesso de umidade.

Saiba todas as informações sobre tombamento da soja e como fazer o melhor manejo na sua lavoura.

5. Nematóides (Meloidogyne spp., Pratylenchus spp., Heterodera glycines)

  • Sintomas: Raízes com galhas ou lesões necróticas, murcha, clorose e plantas de menor porte e reboleiras com falhas no estande.
  • Principais culturas afetadas: Soja, milho, feijão, algodão, cana-de-açúcar e hortaliças.
  • Impactos: Redução na capacidade de absorção de água e nutrientes, e queda significativa na produtividade.
  • Manejo: Uso de cultivares resistentes ou tolerantes, rotação de culturas com plantas não hospedeiras, controle biológico com agentes como Bacillus spp. ou Pasteuria spp e uso de nematicidas em casos severos.
Nematoides: como identificar e controlar

6. Lagarta-Elasmo (Elasmopalpus lignosellus)

  • Sintomas: Ataque ao coletor (base do caule), causando murcha e morte das plantas, e plântulas mortas em reboleiras.
  • Principais culturas afetadas: Milho, soja, sorgo, algodão e feijão.
  • Impactos: Perda de plantas na fase inicial, comprometendo o estande.
  • Manejo: Tratamento de sementes com inseticidas, manejo da palhada para reduzir populações iniciais, monitoramento e controle químico em áreas de alta infestação.

7. Coró-da-Soja (Phyllophaga spp.)

  • Sintomas: Corte das raízes e morte das plantas em reboleiras e murcha causada pela perda de capacidade de absorção de água e nutrientes.
  • Principais culturas afetadas: Soja, milho, pastagens e trigo.
  • Impactos: Redução do estande e produtividade, plantas enfraquecidas e maior suscetibilidade a estresses.
  • Manejo: Rotação de culturas com espécies menos suscetíveis, tratamento de sementes com inseticidas sistêmicos e manejo integrado, incluindo controle biológico com nematóides entomopatogênicos.
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Como evitar doenças de solo?

A melhor forma de evitar doenças de solo é a implementação de práticas agronômicas que protejam as plantas e promovam a saúde do solo, reduzindo a presença e a atividade de agentes patogênicos. 

As medidas a seguir são essenciais para minimizar os impactos e, ao mesmo tempo,  garantir uma lavoura mais resiliente e produtiva. Confira:

1. Rotação de culturas

Alterar as culturas no mesmo talhão ao longo das safras é uma técnica eficaz para reduzir a pressão de patógenos. 

Ao introduzir plantas que não são hospedeiras, como crotalária antes da soja ou milho, é possível interromper o ciclo de vida de fungos, nematoides e outras pragas

Além disso, essa a rotação de culturas a diversificar os sistemas de cultivo, promovendo um equilíbrio biológico no solo.

2. Cobertura do solo 

As plantas de cobertura, como crotalária, braquiária e milheto, desempenham um papel importante no manejo de doenças. 

Sua função é criar uma barreira física que dificulta a proliferação de pragas e patógenos, além de melhorar a estrutura do solo e contribuir para a retenção de umidade e nutrientes. 

A cobertura também reduz a erosão e previne o aparecimento de plantas daninhas que podem servir como hospedeiras de doenças.

3. Higienização de equipamentos

A movimentação de máquinas e implementos agrícolas entre talhões pode disseminar patógenos, como fungos e nematoides. 

Por isso, é essencial realizar a limpeza e a desinfecção regular dos equipamentos. 

O uso de desinfetantes específicos e a eliminação de resíduos de solo e vegetais aderidos às máquinas ajudam a evitar a contaminação cruzada entre áreas.

4. Adubação equilibrada

Fornecer nutrientes em quantidades adequadas é uma medida excelente para fortalecer as plantas e tornar a lavoura menos vulnerável a doenças. 

Solos bem nutridos e com balanço adequado de macro e micronutrientes proporcionam um ambiente mais favorável ao desenvolvimento das culturas e menos propício à proliferação de patógenos. 

A aplicação de matéria orgânica e compostos orgânicos também pode melhorar a atividade microbiológica do solo, inibindo a ação de organismos prejudiciais.

5. Análise periódica do solo

Realizar análises regulares do solo permite identificar a presença de patógenos e avaliar as condições gerais da área. 

Com base nos resultados, é possível implementar práticas corretivas, como o ajuste do pH ou a aplicação de produtos biológicos que favorecem a saúde do solo.

6. Uso de produtos biológicos 

O uso de bioinsumos, como microrganismos antagonistas, são ferramentas importantes no manejo de doenças de solo

A aplicação em fungos como Trichoderma spp. e bactérias como Bacillus spp. podem ser aplicados para combater diretamente os patógenos e melhorar o equilíbrio biológico do solo.

Doenças do solo: Um desafio constante

As doenças de solo são desafios constante que exigem atenção contínua e práticas bem planejadas. 

Conhecer os patógenos, entender as particularidades do solo e adotar medidas de manejo adequadas são ações indispensáveis para garantir a saúde das culturas e a sustentabilidade da produção agrícola. 

Ao aplicar soluções como rotação de culturas, uso de sementes certificadas e controle biológico, o é possível minimizar muito os impactos dessas doenças e preservar sua lavoura ao longo dos ciclos.

Outro ponto que também ajuda é o monitoramento regular da lavoura. No Software Aegro é possível ter esse tipo de cuidado por NDVI, além de fazer manejo integrado de pragas e registrar cada evolução no próprio sistema.

Redator Alasse Oliveira

Alasse Oliveira

Engenheiro-Agrônomo (UFRA/Pará), Técnico em Agronegócio (Senar/Pará), especialista em Agronomia (Produção Vegetal) e mestre em Fitotecnia pela (Esalq/USP).

Nematóides do milho: Veja quais são os sintomas e o melhor cuidado

O Brasil ocupa a terceira posição entre os maiores produtores de milho no cenário global, ficando atrás dos Estados Unidos e da China. 

Para a safra 2023/24, a produção nacional foi estimada em 118,5 milhões de toneladas, conforme dados da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB). 

De acordo com um estudo desenvolvido pela Syngenta, a Agroconsult e a Sociedade Brasileira de Nematologia, os prejuízos causados por nematoides do milho podem superar R$ 873 bilhões até 2031, com mais de R$ 110 bilhões relacionados exclusivamente à produção de milho.

Os nematóides do milho são um dos maiores desafios enfrentados pelos produtores, por serem organismos microscópicos e podem causar perdas econômicas expressivas. 

Principais sintomas de nematoides do milho 

Os nematóides do milho podem causar danos severos, especialmente no sistema radicular, comprometendo a absorção de água e nutrientes. 

Embora os sintomas sejam mais visíveis em cultivos como a soja, onde é comum a formação de reboleiras, no milho o impacto é mais silencioso, mas igualmente prejudicial.

Identificar os sinais logo no início, pode salvar a lavoura. Neste sentido, fique de olho se a plantação apresentar: 

  • Manchas desuniformes no campo: áreas com plantas de diferentes alturas e vigor;
  • Folhas amareladas: indicativo de deficiência de nutrientes;
  • Raízes deformadas ou com galhas: sinal clássico de ataque de Meloidogyne spp.
  • Redução no desenvolvimento: perceptível em períodos de estresse hídrico.

Esses sintomas geralmente são mais visíveis em solos com histórico de compactação ou baixa fertilidade.

planilha de planejamento da safra de milho

Ciclo de vida dos nematóides no solo

Os nematóides têm um ciclo de vida complexo que inclui as fases de ovo, larva e adulto.  As condições ambientais, como temperatura e umidade, influenciam diretamente sua reprodução e atividade. 

Em solos compactados ou mal manejados, os nematóides encontram condições ideais para sua multiplicação.

Além disso, práticas como o uso de maquinário contaminado e o cultivo contínuo de culturas hospedeiras contribuem para a dispersão e o aumento das populações. 

As plantas daninhas e tigueras também são importantes hospedeiras para essas pragas, mantendo sua população ativa mesmo na ausência de uma cultura principal.

Espécies de nematóides que atacam o milho

Os nematóides do milho podem atacar as plantas em qualquer estágio de desenvolvimento após a eclosão do ovo. Por esse e outros motivos, o manejo adequado desde o início do ciclo é tão importante. 

A falta de cuidados pode gerar danos devastadores, causando perdas significativas na produção de milho, que podem chegar a 50% em situações de alta infestação na fase inicial. 

Você não precisa passar por esse problema se souber identificar os parasitas. Confira a lista que preparamos abaixo:

1. Meloidogyne spp. (nematóide das galhas)

Este tipo de nematóide induz a formação de galhas nas raízes, que são estruturas que dificultam a absorção de nutrientes e água, resultando em plantas debilitadas.

O seu ciclo se completa no solo e nas raízes hospedeiras, passando por fases de ovo, larva e adulto, também sendo comum nas culturas da soja, tomate, algodão, batata e cenoura.

Figura 2. Galhas em raízes de milho causadas pela atividade do nematoide-das-galhas.
Fonte: NCStateExtension, 2022.


2. Pratylenchus spp. (nematóide das lesões radiculares)

Ataca diretamente as células radiculares, provocando lesões que servem como porta de entrada para patógenos secundários, como fungos e bactérias. 

O Pratylenchus spp. é um nematoide do milho classificado como endoparasita migrador, o que significa que ele se desloca e se alimenta dentro dos tecidos das plantas. 

Já o Pratylenchus zea é frequentemente encontrado em áreas cultivadas com gramíneas, enquanto o P. brachyurus ocorre com maior frequência em sistemas de rotação que incluem culturas como soja e algodão, devido à sua ampla gama de hospedeiros. 

Entre os principais sintomas estão lesões escuras e necroses nas raízes, além da redução das radicelas, consequências diretas da alimentação e deslocamento dos nematoides nos tecidos vegetais. 

Figura 3. Lesões necróticas em raízes de milho causadas pelo nematoide-das-lesões.
Fonte: ExtensionAUS, 2017.

Quais danos os nematóides do milho causam?

Os nematóides do milho causam danos diretos às raízes, como necroses e deformações, além de comprometerem a estrutura do sistema radicular.  Esses danos facilitam a entrada de patógenos secundários, resultando em doenças como:

1. Podridão radicular causada por Fusarium spp.: agravada por lesões feitas pelos nematóides.
2. Murcha bacteriana: nematóides abrem portas para infecções bacterianas.
3. Deficiências nutricionais generalizadas: decorrentes da incapacidade das raízes de absorver nutrientes adequadamente.

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Como reconhecer nematoides na lavoura?

A identificação de nematoides do milho é um desafio para os produtores, devido ao fato de os sintomas serem confundidos com deficiências nutricionais ou outras condições adversas, como estresse hídrico

No entanto, observar o comportamento das plantas, combinado com análises de solo e raízes, pode ajudar a diferenciar os tipos de nematoides que afetam a lavoura de milho.

Os nematoides das lesões (Pratylenchus spp.) se destacam pela presença de lesões necróticas nas raízes, redução das radicelas e a formação de reboleiras, onde as plantas apresentam porte reduzido. 

Por outro lado, os nematoides das galhas (Meloidogyne spp.) induzem a formação de galhas características nas raízes, associadas a deformações radiculares e sintomas de amarelecimento das folhas, especialmente em infestações severas.

Além desses, há os nematoides ectoparasitas, que vivem no solo ao redor das raízes e causam sintomas menos evidentes na parte aérea. Apesar de sua ação ser mais discreta, a redução do crescimento radicular é um indicador importante de sua presença.

A tabela a seguir fornece um panorama detalhado dos sintomas associados a cada tipo de nematoide e as características que os diferenciam no campo, facilitando o diagnóstico e o manejo adequado.

Tipo de NematoideSintomas CaracterísticosDiferenciação em Campo
Nematoide das Lesões (Pratylenchus spp.)– Lesões necróticas nas raízes
– Redução das radicelas
– Reboleiras com plantas menores
Lesões distribuídas ao longo das raízes e ausência de galhas visíveis.
Nematoide das Galhas (Meloidogyne spp.)– Formação de galhas nas raízes
– Deformação radicular
– Amarelecimento das folhas
Presença de galhas visíveis e deformidades marcantes nas raízes.
Nematoides Ectoparasitas– Redução no crescimento radicular
– Sintomas menos evidentes na parte aérea
Geralmente não causam galhas ou lesões visíveis; vivem ao redor das raízes.
Fonte: ExtensionAUS, 2017.

Manejo integrado: Melhor solução para Nematóides do milho

A forma mais eficiente de controlar nematóides no milho é por meio de um manejo integrado, que combina práticas culturais, biológicas e químicas. Confira algumas estratégias indispensáveis:

  1. Rotação de culturas: Alternar o cultivo com plantas não hospedeiras, como Crotalaria spp. ou Brachiaria spp., reduz a população de nematoides de forma significativa.
  2. Cultivares resistentes: Escolher híbridos de milho com menor fator de reprodução de nematoides ajuda a mitigar os danos às lavouras.
  3. Controle biológico: Organismos como Bacillus amyloliquefaciens oferecem uma solução sustentável, unindo ação nematicida ao fortalecimento das plantas.
  4. Uso de nematicidas químicos: Deve ser uma medida complementar, reservada para áreas com altas infestações e sempre sob recomendação técnica.
  5. Adubação orgânica: Contribui para a biodiversidade do solo, favorecendo o equilíbrio natural e estimulando a ação de inimigos naturais dos nematoides.

Para potencializar os resultados no manejo sustentável, o Aegro oferece o uso do NDVI, permitindo monitorar a saúde das lavouras de forma prática e precisa, identificando áreas com possíveis estresses antes mesmo que os sintomas sejam visíveis a olho nu. 

Assim, você pode direcionar o manejo de nematoides e outras práticas com maior eficiência, otimizando recursos e maximizando os resultados na sua produção agrícola. Faça uma demonstração e conheça a plataforma! 

Redator Alasse Oliveira

Alasse Oliveira

Engenheiro-Agrônomo (UFRA/Pará), Técnico em Agronegócio (Senar/Pará), especialista em Agronomia (Produção Vegetal) e mestre em Fitotecnia pela (Esalq/USP).

Saúde do solo: por que é tão importante cuidar disso?

A saúde do solo é definida pela capacidade de funcionar como um sistema vivo. Os solos saudáveis abrigam uma rica comunidade de organismos que auxiliam na supressão de pragas, reciclagem de nutrientes e controle de doenças

Além disso, mantêm a capacidade de retenção de água e nutrientes, fatores fundamentais para garantir a sustentabilidade da produção de alimentos.

A preservação da qualidade do solo não favorece apenas a produtividade agrícola, mas também a mitigação das mudanças climáticas ao armazenar carbono. 

Até o momento, é estimado que 95% da produção mundial de alimentos depende direta ou indiretamente da terra, reforçando a necessidade de práticas sustentáveis para garantir a segurança alimentar global. 

Nesse contexto, a FAO, Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, destaca a importância da conservação do solo, apresentando os principais benefícios proporcionados por solos saudáveis.

O que é considerado um solo saudável?

Um solo saudável é bem estruturado, rico em biodiversidade microbiana, com níveis adequados de nutrientes e matéria orgânica, oferecendo condições ideais para o desenvolvimento das plantas e maior rendimento das culturas.

Além disso, alimentos cultivados em solos saudáveis tendem a apresentar maior valor nutricional, com concentrações mais elevadas de vitaminas, minerais e compostos bioativos

A manutenção da saúde do solo garante uma produção agrícola sustentável, viável economicamente e capaz de atender às demandas por alimentos mais nutritivos.

A melhor estrutura física desses solos facilita a infiltração de água, a aeração e o crescimento das raízes. 

Enquanto isso, a alta biodiversidade microbiana melhora a ciclagem de nutrientes e reduz a incidência de patógenos, enquanto a presença adequada de matéria orgânica aumenta a capacidade de retenção de água e a fertilidade. 

Já o equilíbrio de nutrientes garante a disponibilidade dos elementos essenciais para o crescimento saudável das plantas, contribuindo para uma agricultura mais eficiente e sustentável.

Por que a saúde do solo é tão importante?

Um solo saudável é importante porque fornece os nutrientes, a estrutura e a água necessários para o crescimento das plantas, gerando uma produtividade maior e qualidade dos alimentos.

Além disso, funcionam como filtros naturais, protegendo a qualidade da água e contribuindo para o sequestro de carbono, mitigando as mudanças climáticas e promovendo a sustentabilidade ambiental. 

Manter a saúde do solo não impacta apenas a lavoura, mas também o consumo de alimento mundial, interferindo economicamente. Entenda mais detalhes: 

1. Produção de Alimentos

  • Suporte para Plantas: Fornecimento de nutrientes essenciais que as plantas precisam para crescer, como nitrogênio, fósforo e potássio. Também ajuda na retenção de água e permite que as raízes se fixem e absorvam esses nutrientes.
  • Melhora a Produtividade: Solos ricos em matéria orgânica e bem estruturados aumentam a produtividade agrícola, permitindo que as culturas cresçam mais saudáveis e vigorosas.

2. Qualidade da Água

  • Filtragem Natural: Solos saudáveis atuam como filtros naturais, limpando a água que passa através deles. Eles absorvem contaminantes e evitam que poluentes entrem nos corpos d’água, contribuindo para a preservação de rios, lagos e lençóis freáticos.
  • Retenção de Água: Solos ricos em matéria orgânica conseguem reter mais água, o que é importante para reduzir a erosão e para garantir o abastecimento hídrico das plantas durante períodos de seca.

3. Ciclo de Nutrientes

  • Reciclagem de Nutrientes: Um solo saudável promove a decomposição de matéria orgânica, reciclando nutrientes para que estejam disponíveis para novas plantas. Isso reduz a necessidade de fertilizantes químicos e promove uma agricultura mais sustentável.
  • Fixação de Nitrogênio: Certos microrganismos no solo ajudam a converter o nitrogênio atmosférico em formas utilizáveis pelas plantas, um processo essencial para o crescimento saudável das culturas.

4. Sustentabilidade e Conservação Ambiental

  • Prevenção da Erosão: Solos bem estruturados são menos propensos à erosão, que é a perda de camadas superficiais do solo devido ao vento ou à água. A erosão reduz a fertilidade do solo e pode causar danos ambientais significativos.
  • Sequestro de Carbono: Solos ricos em matéria orgânica ajudam a capturar e armazenar carbono, reduzindo a quantidade de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera. Isso contribui para a mitigação das mudanças climáticas.

5. Biodiversidade

  • Habitat para Organismos: Um solo saudável é um ecossistema vivo, abrigando uma enorme variedade de microrganismos, insetos e outros organismos que desempenham papéis importantes na decomposição de matéria orgânica, controle de pragas e reciclagem de nutrientes.
  • Promove a Resiliência das Plantas: A biodiversidade do solo contribui para plantas mais resistentes, ajudando a prevenir doenças e ataques de pragas, e promovendo uma agricultura mais sustentável.
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BioAS: O que é e qual a ligação com saúde do solo?

Para promover um manejo mais sustentável na agricultura, a Embrapa desenvolveu a tecnologia BioAS

A proposta é integrar a bioanálise das avaliações do solo, proporcionando uma visão mais completa da sua saúde e contribuindo para aumentar a produtividade agrícola.

A criação da BioAS foi impulsionada após a FAO informar que aproximadamente 33% dos solos do mundo estão degradados. 

Grande parte dessa degradação poderia ser evitada ou revertida com práticas agrícolas que valorizassem a biologia do solo. 

As análises tradicionais costumam focar apenas em aspectos químicos e físicos, deixando de lado a biodiversidade presente no solo e seu papel vital na manutenção da qualidade.

Como avaliar a saúde do solo?

A avaliação da saúde do solo pode ser feita por coleta de amostras, principalmente pela BioAS, pela confiabilidade dos resultados.

1. Escolha do local de análise 

Primeiramente, é preciso escolher locais representativos da lavoura, evitando áreas anômalas, como declives acentuados, depressões ou locais próximos a carreadores, que podem distorcer os resultados. 

2. Condições de coleta 

A coleta deve ser feita após a colheita, em condições de solo estáveis, evitando períodos de alta umidade ou seca extrema. A profundidade recomendada é de 0 a 10 cm, onde ocorre maior atividade microbiana e concentração de matéria orgânica. 

3. Quantidade da coleta 

A quantidade ideal de solo coletada deve ser suficiente para todas as análises previstas, geralmente entre 500 g e 1 kg. 

Para garantir que a amostra seja representativa, é necessário homogeneizar bem o solo retirado de diferentes pontos da área. 

4. Conservação e envio da amostra 

Após a coleta, as amostras devem ser mantidas em local fresco e ao abrigo do sol, e se o envio ao laboratório demorar mais de 24 horas, é recomendado armazenar em recipiente refrigerado. O envio deve ser realizado o mais rápido possível para garantir a precisão dos resultados. 

A Embrapa disponibiliza uma lista atualizada dos laboratórios capacitados para realizar a bioanálise de solo com a tecnologia BioAS, garantindo que estes sigam protocolos rigorosos para assegurar a confiabilidade das análises.

Para ajudar ainda mais nos cuidados com a saúde do solo, separamos algumas dicas de manejo integrado a seguir. Clique no play para assistir o vídeo.

Manejo integrado da lavoura: como ele pode impulsionar sua produtividade

Quais são os principais componentes do solo vivo e o que o ameaça?

Para entender o cuidado com o solo, precisamos conhecer suas três partes principais: a física, a química e a biológica.

Todas elas trabalham juntas, como engrenagens de um motor. Se uma falha, todo o sistema sofre. A interação equilibrada entre esses três pilares define um solo verdadeiramente saudável.

Componentes físicos do solo

  • Textura: Proporção de areia, silte e argila influencia a drenagem e a disponibilidade de água para as plantas;
  • Estrutura: É como as partículas do solo se agregam, formando unidades maiores. Uma boa estrutura cria um ambiente poroso favorável ao crescimento das raízes, à infiltração de água e à aeração;
  • Porosidade: São os espaços vazios entre as partículas sólidas do solo, que podem ser grandes (macroporos) ou pequenos (microporos);
  • Densidade: Massa do solo por unidade de volume. Se a densidade for alta, indica que o solo está compactado, dificultando o crescimento das raízes e a movimentação de água e ar.

Componentes químicos do solo

  • pH: Mede a acidez ou alcalinidade do solo, sendo fator determinante que afeta a disponibilidade da maioria dos nutrientes para as plantas e a atividade dos microrganismos;
  • Nutrientes: São os alimentos das plantas, como Nitrogênio (N), Fósforo (P), Potássio (K), Cálcio (Ca), Magnésio (Mg), Enxofre (S) e micronutrientes;
  • Capacidade de Troca Catiônica (CTC): É a capacidade do solo de reter íons positivos (cátions), como Ca²⁺, Mg²⁺, K⁺.6 O solo guarda esses nutrientes importantes, liberando gradualmente para as plantas;
  • Matéria Orgânica do Solo (MOS): É composta por restos de plantas, animais em decomposição e húmus. É responsável por melhorar a estrutura física, aumentar a capacidade de retenção de água, atuar como reserva e ser fonte de nutrientes. Além de tudo isso, ainda aumenta a CTC e serve de alimento para a vasta comunidade de organismos do solo.

Componentes biológicos do solo

  • Microrganismos: Incluem bactérias, fungos, actinomicetos e protozoários. São importante na decomposição da matéria orgânica, ciclagem de nutrientes, formação da estrutura do solo e podem até suprimir doenças e fixar nitrogênio atmosférico.
  • Macrofauna: São organismos maiores como minhocas, cupins, formigas e besouros. Suas atividades melhoram a aeração e a infiltração de água, e ajudam a incorporar a matéria orgânica das camadas superficiais para as mais profundas.
Plântulas crescendo em solo fértil, com destaque para as raízes e a estrutura do solo, simbolizando um bom manejo e saúde do solo na agricultura.
Foto: Felipe Fabbri, zootecnista me 

Como melhorar a qualidade da saúde do solo?

Se durante a análise, foi constatado que há problemas, existem formas de melhorar a qualidade do solo. Esse cuidado envolve práticas que aumentam a fertilidade, estrutura e biodiversidade. Confira abaixo o que fazer: 

1. Adição de Matéria Orgânica

  • Compostagem: Como esterco, restos de culturas e composto doméstico, melhora a estrutura do solo, aumenta a retenção de água e fornece nutrientes essenciais.
  • Cobertura Vegetal: Leguminosas ajudam a adicionar matéria orgânica ao solo e proteger sua superfície.

2. Rotação de Culturas

  • Diversificação das Plantas: Ajuda a evitar o esgotamento de nutrientes específicos e melhora a estrutura e a saúde do solo.

3. Plantio Direto

  • Redução da Erosão: Evita o revolvimento constante do solo, preservando sua estrutura e reduzindo a erosão. Também ajuda a reter mais umidade e matéria orgânica.

4. Controle de Erosão

  • Curvas de Nível e Terraços: Instalar barreiras físicas e técnicas para evitar que o solo seja carregado pela água da chuva, prevenindo a perda de nutrientes.
  • Cobertura do Solo: Palha ou culturas de cobertura protegem o solo contra o impacto direto das chuvas e vento.

5. Uso de Fertilizantes Naturais

  • Adubos Verdes: Culturas específicas, como feijão e ervilhaca, podem ser plantadas e incorporadas ao solo para adicionar nitrogênio e outros nutrientes naturalmente.
  • Evitando o Uso Excessivo de Fertilizantes Químicos: O excesso de fertilizantes prejudica a estrutura do solo e contamina lençóis freáticos.

6. Biodiversidade no Solo

  • Apoio à Vida Microbiana: Introduzir microrganismos como bactérias e fungos no solo, ajudam na decomposição de matéria orgânica e na disponibilidade de nutrientes para as plantas.
  • Manejo Integrado de Pragas e Doenças: Promover práticas que não prejudiquem a fauna do solo e que ajudem a controlar pragas de forma natural.

7. Teste Regular do Solo

  • Monitoramento de Nutrientes: Realizar análises regulares para identificar a necessidade de correções, garantindo um equilíbrio adequado de nutrientes e ajustando práticas de manejo conforme necessário.

Práticas Conservacionistas Comuns no Brasil

PráticaBenefíciosConsiderações
Plantio Direto (SPD)Reduz a erosão, aumenta MOS e infiltração de água, melhora estrutura e conserva umidade.Seu sucesso depende da cobertura permanente e rotação e pode exigir manejo de compactação superficial inicial.
Rotação de CulturasQuebra ciclo de pragas/doenças, melhora estrutura física e otimiza uso de nutrientes. É recomendado planejar a sequência considerando necessidades nutricionais e produção de palhada.
Adubação Verde/CoberturaProtege o solo, suprime daninhas, adiciona MOS e melhora estrutura, Escolha uma espécie adaptada à região. Se você estiver no Cerrado, por exemplo, opte por Braquiária ou Crotalária.

Saúde do solo e clima: Qual a ligação? 

Solos saudáveis são fundamentais para a agricultura para fazer a armazenagem de carbono e manter o equilíbrio do ciclo da água

Por outro lado, alterações climáticas, como mudanças nos padrões de temperatura e precipitação, afetam a estrutura e a fertilidade do solo, influenciando a disponibilidade de nutrientes, a atividade de microrganismos e a retenção de água.

Além disso, práticas agrícolas que degradam o solo, como o uso excessivo de fertilizantes químicos e o desmatamento, contribuem para a liberação de carbono armazenado, aumentando as emissões de gases de efeito estufa. 

Considerando tudo isso, a manutenção da saúde do solo é essencial para mitigar os efeitos das mudanças climáticas, além de garantir a produtividade agrícola e a sustentabilidade dos ecossistemas.

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Quais tecnologias ajudam no cuidado com o solo?

A tecnologia moderna oferece ótimas opções de ferramentas para melhorar os cuidados com a saúde do solo, complementando as práticas de manejo conservacionista.

A Agricultura de Precisão (AP) é um exemplo disso, que reconhece e gerencia a variabilidade espacial dentro de cada talhão.

As tecnologias como GPS, sensores embarcados em máquinas, sensores de solo imagens de satélite e drones, são usadas para mapear essas diferenças.

Esse mapeamento permite criar um diagnóstico detalhado da variabilidade da fertilidade, identificar zonas com maior ou menor potencial produtivo, áreas compactadas, problemas de drenagem ou infestações localizadas de pragas e daninhas.

Com base nesse diagnóstico preciso, a AP permite a Aplicação em Taxa Variável (VRT). Usando mapas de recomendação e equipamentos específicos, você pode fazer aplicações apenas onde é necessário.

Os bioinsumos, como inoculantes com microrganismos benéficos, também vêm ganhando espaço por promoverem o crescimento das plantas e a saúde do solo.

Na soja, conseguem eliminar a necessidade de adubo nitrogenado, enquanto no milho, ajudam na absorção de nutrientes.

Além disso, atuam na solubilização de fósforo, produção de hormônios e controle biológico.

O Brasil é destaque no uso dessas tecnologias, que funcionam melhor quando associadas a boas práticas de manejo e ao uso de dados para decisões mais precisas no campo.

Redator Alasse Oliveira

Alasse Oliveira

Engenheiro-Agrônomo (UFRA/Pará), Técnico em Agronegócio (Senar/Pará), especialista em Agronomia (Produção Vegetal) e mestre em Fitotecnia pela (Esalq/USP).