Principais espécies de Brachiaria e características

A brachiaria já foi sinônimo de alimentação para o gado. Mas o papel dessa gramínea vai muito além de oferecer só forragem aos rebanhos. 

Além de melhorar a sanidade do solo e traz ganho de produtividade para outras culturas, principalmente grãos.

Mas quando é a melhor época para semear a forrageira? Quais espécies são as mais indicadas para proteção do solo, palhada ou alimento para o gado? Confira esses e outros pontos no artigo a seguir!

O que é uma Brachiaria?

A Brachiaria é um tipo de gramínea tropical usada em pastagens e na agricultura, como uma forma de melhorar a qualidade do solo

As espécies desse gênero, como Brachiaria brizantha, Brachiaria decumbens e Brachiaria ruziziensis, são conhecidas por sua resistência, alta produtividade e capacidade de adaptação a diferentes condições climáticas e tipos de solo.

Essas gramíneas ainda ajudam na fixação de carbono e no aumento da matéria orgânica no solo, o que contribui para a melhoria da sua fertilidade.

Alguns tipos de Brachiaria também utilizados na recuperação de áreas degradadas e em sistemas de integração lavoura-pecuária, gerando  benefícios no controle da erosão, aumento da cobertura do solo e aumento da produtividade das pastagens.

Qual a importância da Brachiaria para o agronegócio?

Introduzidas nas décadas de 1950 e 60, as espécies do gênero Brachiaria são as principais plantas forrageiras utilizadas no Brasil atualmente. 

Com alta persistência em solos ácidos, a introdução do braquiarão (Brachiaria brizantha cv. Marandu) em 1965 foi a responsável por intensificar a bovinocultura de corte no país.

As espécies do gênero Brachiaria são nativas do continente africano e, salvo algumas diferenças que veremos a seguir, são todas originárias das savanas. Isso mostra seu enorme potencial e adaptabilidade ao nosso clima tropical e ao nosso cerradão.

A intensificação da pecuária de corte no Brasil foi impulsionada pela Brachiaria, que aumentou a produtividade e a capacidade de suporte das pastagens, elevando a taxa de lotação de 0,3 UA/ha para 1,5 UA/ha. 

Esse aumento de produtividade ajudou o Brasil a se tornar o maior produtor de carne bovina do mundo, com a Brachiaria ocupando 80% das pastagens do país.

Manejo integrado da lavoura: como ele pode impulsionar sua produtividade

Quais são os tipos de Brachiaria?

Entre as principais espécies de Brachiaria se destacam a B. brizantha, a B. decumbens, B. ruziziensis e a B. humidicola.

Apesar das mais de 80 espécies do gênero, esses 4 tipos têm a maior importância econômica no Brasil e representam 80% das pastagens cultivadas no país.

A B. brizantha é de longe a mais utilizada, correspondendo por 50% das pastagens brasileiras atualmente, com três cultivares bem consolidados:

  • Cv. Marandu, famoso Braquiarão;
  • Cv. Piatã, lançado pela Embrapa em 2007;
  • Cv. Xaraés, lançado pela mesma empresa no ano de 2003.

Já com as espécies de Brachiaria decumbens temos a famosa braquiarinha cultivar Basilisk. Importada da Austrália na década de 60, dominou as pastagens brasileiras até a chegada do cv. Marandu. Alcançam até 70 cm de altura.

A espécie B. humidicola se divide em três cultivares: o cv. Lianero, o cv. Comum e o cv. Tupi. Enquanto a B. ruziziensis apresenta um cultivar de maior importância, o cv. Kennedy e um híbrido entre B. decumbens e B. ruziziensis muito utilizado atualmente, o cv. Mulato 2.

Como identificar uma Brachiaria?

A Brachiaria é usada, principalmente, nas áreas de pastagem e integração lavoura-pecuária, por conta da sua adaptação. 

Identificar essas plantas requer atenção a algumas das suas características, como o hábito de crescimento, o tipo de folha e a inflorescência. Confira:

  • Hábito de Crescimento: A Brachiaria geralmente cresce em touceiras, podendo ser ereta ou semi-ereta, dependendo da cultivar. Algumas espécies, como a Brachiaria decumbens, têm crescimento prostrado.
  • Folhas: As folhas da Brachiaria são estreitas, finas e podem ter bordas serrilhadas ou lisas, dependendo da variedade. A Brachiaria brizantha, por exemplo, possui folhas mais largas e com uma coloração verde-vibrante.
  • Crescimento Vegetativo: Apresenta estolões (ramificações que crescem horizontalmente ao longo do solo) em algumas espécies, como a Brachiaria decumbens, o que ajuda na cobertura do solo.
  • Tamanho: A altura pode variar dependendo da espécie, mas a maioria das Brachiarias tem uma altura entre 50 cm e 1,5 metros.
  • Inflorescência: As flores das Brachiarias são pequenas e formam uma inflorescência do tipo panícula, geralmente com várias ramificações. A cor da flor pode variar, mas em geral são de coloração esbranquiçada a amarelada.
  • Sementes: As sementes de Brachiaria são pequenas, geralmente de cor marrom ou preta, e com características específicas de cada cultivar.

Estabelecimento da forrageira após a sobressemeadura, ainda em consórcio com a soja

(Fonte: Embrapa)

Importância da Brachiaria para o plantio direto

Diante do nosso clima tropical, a brachiaria tem um papel fundamental para a adoção do sistema de plantio direto

Apesar de não ser a única alternativa para a produção de palha, ela se destaca pelas características rústicas e pela alta produção de biomassa, com relação C/N mais adequada para a persistência no solo.

A gramínea pode entrar de duas formas no sistema de produção:

  • Semeada em monocultivo após a primeira safra;
  • Consorciada na segunda safra.

Em ambos os casos, a semeadura da brachiaria deve ser realizada durante o período da segunda safra. Isso porque, pelas características do gênero, ela não apresenta crescimento expressivo em baixas temperaturas.

Entre as duas maneiras de incluir a brachiaria no SPD, o consórcio é o mais técnico, mas divide opiniões. Diante disso, trataremos dessa técnica um pouco mais a fundo.

Consórcio com brachiaria

O consórcio de forrageiras, como a brachiaria, com culturas graníferas, teve início com o Sistema Barreirão da Embrapa. 

O sistema consistia no cultivo de arroz de sequeiro consorciado com a forrageira, buscando amenizar custos de renovação da pastagem.

Nessa técnica, o solo passava por um preparo pesado, sem o uso do plantio direto. A ideia era corrigir o perfil do solo em profundidade, reformando a pastagem degradada, sem a intenção de rotacionar a área com agricultura.

Anos depois, a Embrapa lançou o Sistema Santa Fé, que incluiu os princípios do plantio direto ao consórcio e preconizou a rotação entre pastagem e agricultura na área.

A partir disso, o uso de culturas como milho e sorgo no consórcio com brachiaria cresceu exponencialmente, pois muitos experimentos mostraram a manutenção da produtividade dessas culturas na presença da brachiaria.

Integração Lavoura-Pecuária

O uso da integração entre lavoura e pecuária vem aumentando no Brasil nos últimos anos. 

Assim, os pecuaristas buscam reduzir os custos de renovação da pastagem. Já os agricultores visam a diversificação da propriedade e até a renda de uma terceira safra!

Essa técnica, é possível ter uma  safra de verão com soja, por exemplo, uma safrinha de milho ou sorgo consorciado à brachiaria e, após a colheita da safrinha, o gado entra na jogada até o plantio da próxima safra.

Nesse caso, a utilização de capins mais rústicos e produtivos, como o capim Marandu ou Piatã, são as melhores opções.

No entanto a “safrinha de boi”, como ficou conhecida pelos divulgadores da técnica, não é obrigatória, você pode rotacionar as áreas da fazenda entre agricultura e pasto.

Além disso, a forrageira pode entrar de outra maneira no sistema de produção, com a técnica da sobressemeadura da brachiaria na soja, realizada entre a fase de enchimento de grãos e o início da maturação (R5 a R7).

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Características das brachiarias e manejo dos sistemas

Cada cultivar das brachiarias tem suas características específicas, que determinam seu uso e manejo adequado. 

A escolha depende de fatores como resistência a pragas, capacidade de adaptação ao clima e solo, além da produtividade e tolerância ao pastejo. Confira a seguir: 

1. Brachiaria brizantha

A Brachiaria brizantha é uma planta forrageira perene de crescimento ereto ou semi ereto, originária da África. 

Adaptada a altitudes de 80 a 2.000 m e precipitação de 500 a 2.500 mm anuais, tolera solos com pH entre 4 e 8, demonstrando alta capacidade de adaptação.

Introduzida no Brasil em 1967, a cultivar Marandu (braquiarão) se destacou pela produtividade, resistência à cigarrinha-das-pastagens e boa digestibilidade. 

Novas cultivares surgiram posteriormente, como Xaraés (2003) e Piatã (2007), ampliando as opções para pastagem.

Cultivares Principais
MaranduXaraésPiatã
Altura de 1 a 1,5 mCrescimento ereto, altura de 1,5 mPorte médio (0,8 a 1 m)
Boa adaptação ao clima tropicalAlta produtividade e prolongamento do pastejo na secaProdução entre 17 e 20 t de matéria seca/ha
Alta produção (até 20 t de matéria seca/ha)20% mais capacidade de suporte que MaranduBoa resistência às cigarrinhas 
Resistente à cigarrinha e livre de fotossensibilidadeSuscetível à mela das sementes e cigarrinhasTolerância moderada a solos mal drenados
Manejo com 20 cm (pastejo contínuo) ou 25 cm/15-18 cm (pastejo rotacionado)Manejo com 25 cm (pastejo contínuo) ou 30 cm/15-20 cm (pastejo rotacionado)Manejo com  35 cm (pastejo rotacionado)

As cultivares de Brachiaria brizantha são adequadas para integração lavoura-pecuária, com recomendação de menor densidade de plantas (6 a 12 plantas/m²) quando consorciadas com milho, a fim de evitar perda de produtividade. 

Para dessecação, as plantas podem apresentar resistência moderada ao glifosato, sendo indicada a aplicação de 3 a 4 L/ha.

2. Brachiaria decumbens

A Brachiaria decumbens cv. Basilisk é uma das gramíneas tropicais mais cultivadas, desde a expansão para o Brasil entre 1968 e 1974.

Sua adaptação a solos ácidos e de baixa fertilidade favorece o estabelecimento e competição com a vegetação nativa. 

Com crescimento prostrado (50-100 cm), alta emissão de estolões e folhas curtas e eretas, é resistente a curtos períodos de seca (mínimo de 800 mm de água/ano), mas não tolera solos encharcados.

Produz entre 8 e 10 toneladas de matéria seca/ha/ano, sendo 80% no período chuvoso e suas sementes têm dormência de até 12 meses, dificultando a erradicação.

Brachiaria e Cobertura do Solo

A Brachiaria decumbens é eficiente na cobertura do solo, seja consorciada com milho/sorgo ou semeada sobre a soja. 

No entanto, sua difícil erradicação e dormência prolongada tornam seu controle desafiador, enquanto outras espécies, como a ruziziensis, podem ser mais indicadas para essa função.

Embora tenha valor nutricional semelhante a outras braquiárias, a decumbens apresenta menor produtividade e resposta à adubação quando comparada à B. brizantha

Além disso, é suscetível às cigarrinhas-das-pastagens, o que pode comprometer sua viabilidade em sistemas de longo prazo.

Para integração lavoura-pecuária, espécies mais produtivas e eficientes no aproveitamento de adubação residual podem ser alternativas mais vantajosas.

3. Brachiaria humidicola

Para terrenos mal drenados, a principal indicação são as cultivares da B. humidicola. Elas apresentam crescimento estolonífero e boa adaptação a solos com baixa fertilidade. 

Mas apenas a cultivar comum apresenta tolerância às cigarrinhas das pastagens. Em geral, todas as cultivares têm um estabelecimento lento devido ao menor enraizamento dos estolões.  

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4. Brachiaria ruziziensis

A B. ruziziensis é a espécie mais utilizada no sistema de plantio direto na palha. Ela tem rápido estabelecimento e fácil dessecação e controle. 

Porém, possui baixa adaptação a solos ácidos e de baixa fertilidade, alta suscetibilidade às cigarrinhas das pastagens e baixa competição com as invasoras. Tudo isso limita sua escolha na hora de implantar o sistema.

Semeadura da brachiaria

A semeadura da forrageira em consórcio com milho ou sorgo pode ser tardia, na adubação de cobertura (V3-V5). Isso diminui a competição com a cultura principal e, consequentemente, a produção de forragem.

A semeadura da forrageira pode ser feita também junto com o plantio do milho, a lanço, na entrelinha da cultura ou na linha, semeada em maior profundidade. 

Esse tipo de estabelecimento aumenta a produção de forragem e pode ser uma escolha mais interessante quando a forrageira for utilizada para recria e engorda do gado de corte.

Para diminuir a competição na semeadura conjunta das duas espécies, você pode lançar mão da utilização de graminicidas em subdosagem aliados à atrazina.

O herbicida atrazine deve ser usado na dose de 1500 g i.a./ha (3 L p.c./ha) para o controle de plantas daninhas dicotiledôneas. 

Já o nicosulfuron é recomendado na dose de 4 a 8 g i.a./ha (0,1 a 0,2 L p.c./ha), visando o controle das invasoras de folha larga e a diminuição do crescimento da forrageira, sem matá-la.

brachiaria

(Fonte: Adaptado de Tsumanuma, 2004 e Pantano, 2003)


O que é e como fazer adubação verde: Melhores práticas

Adubação verde: entenda o que é, como funciona, vantagens, características dos adubos verdes e muito mais

Os sistemas intensivos de produção agrícola têm acelerado o processo de degradação do solo e causado sérios impactos ambientais. Diante disso, é urgente a necessidade de se adotar práticas de manejo mais sustentáveis.

Essas técnicas possibilitam a manutenção da capacidade produtiva do solo a longo prazo. Se você produz, precisa ficar por dentro de como técnicas como adubação verde funcionam.

Confira a seguir informações sobre a adubação verde e entenda como essa prática pode ser vantajosa para sua lavoura. Boa leitura!

O que são adubos verdes?

A adubação verde é uma técnica agrícola para melhorar as condições do solo e aumentar sua capacidade produtiva. Consiste em cultivar determinadas espécies vegetais, que depois serão incorporadas ao solo ou roçadas e mantidas na superfície. 

Os adubos verdes podem ser usados como cobertura de solo na entressafra, protegendo o solo contra a radiação solar e a erosão. 

Fornecendo palha para o sistema de plantio direto, esses adubos favorecem a infiltração de água no solo.

Por terem raízes profundas, as plantas ajudam a descompactar camadas mais duras do solo e favorecem a circulação de água e nutrientes.

A técnica também pode ser utilizada para fixar nitrogênio atmosférico, contribuindo para a fertilização natural do solo e reduzindo a necessidade de adubação química.

Adubação verde: corte e deposição dos resíduos vegetais sobre o solo 
(Fonte: Universidade Estadual de Washington)

Como o adubo verde funciona?

A adubação verde pode ser realizada em rotação, sucessão ou consórcio com a cultura principal. No sistema de rotação, a área é dividida em talhões e cada talhão é plantado com o adubo verde de maneira rotacionada com a cultura de interesse comercial.

Em sucessão, o adubo verde é semeado na mesma área e antes da cultura principal. Nesse caso, as plantas utilizadas como adubo verde são manejadas antes do plantio da lavoura

Quando em consórcio, o adubo verde é plantado junto da cultura de interesse econômico, que pode ser cultivado na entrelinha em faixas intercaladas. Em alguns casos, o adubo verde é semeado no final do ciclo da cultura com o intuito de beneficiar a próxima safra.

O plantio das sementes é feito em linhas ou a lanço com posterior incorporação com grade niveladora. Na adubação verde, também pode ser feito um coquetel com sementes de diferentes espécies, como sorgo-forrageiro e crotalária

Outra alternativa de coquetel para adubação verde é a mistura de sementes de crotalária, feijão-guandu, mucuna-preta, sorgo-forrageiro e milheto.

Quais são as vantagens da adubação verde?

A adubação verde pode ajudar em vários pontos, desde a qualidade do solo até a redução de custos com insumos, promovendo uma agricultura mais eficiente e menos dependente de produtos químicos. 

Segundo a Embrapa, esse tipo de adubação promove a ciclagem de nutrientes, contribui para uma maior retenção de água no solo e melhora: 

  • Condições físico-químicas e biológicas do solo;
  • Incremento do teor de matéria orgânica;
  • Favorecimento de microrganismos que aumentam a absorção de água e nutrientes;
  • Fixação biológica do nitrogênio atmosférico;
  • Descompactação do solo, estruturação e aeração do solo;
  • Proteção do solo contra erosão (hídrica e eólica);
  • Proteção do solo contra radiação solar;
  • Manutenção da umidade das camadas superficiais do solo;
  • Controle de pragas, doenças e plantas daninhas;
  • Controle de fitonematóides;
  • Favorecimento da população de inimigos naturais;
  • Aumento da produtividade da cultura sucessora; 
  • Economia com fertilizantes;
  • Redução dos custos de produção.

As leguminosas, fixadoras de nitrogênio, são ideais para adubação verde, pois produzem biomassa rica nesse nutriente. 

Quando roçadas e incorporadas ao solo, melhoram as condições nutricionais e aumentam a matéria orgânica após a decomposição, liberando nitrogênio que é aproveitado pela cultura subsequente. 

Isso reduz a necessidade de fertilizantes nitrogenados, diminuindo custos e aumentando a produtividade. 

Além disso, as leguminosas favorecem a presença de fungos micorrízicos, que ajudam na absorção de nutrientes e água, e suas raízes criam canais no solo, melhorando sua estrutura e facilitando a infiltração e retenção de água.

Alelopatia: Qual a relação com adubação verde?

A alelopatia é o efeito efeito de substâncias químicas liberadas pelas plantas, vivas ou em decomposição, causam, inibindo o crescimento e/ou desenvolvimento de outras plantas.

Fenômeno muito importante na redução de populações de plantas daninhas e controle de nematoides, que pode ser causado por leguminosas usadas como adubo verde.

Assim, muitas espécies vêm sendo estudadas e descobertos inúmeros benefícios adicionais através da alelopatia.

A espécie leguminosa feijão-de-porco (Canavalia ensiformis), por exemplo, se mostra como inibidora da planta daninha tiririca.

feijão de porco usado na adubação verde

Feijão-de-porco (Canavalia ensiformis)

(Fonte: Useful Tropical Plants)

Como deve ser feita a adubação verde?

É importante destacar a importância de escolher espécies de adubos verdes adaptadas às condições de clima e solo de onde será cultivada. Além disso, a época de corte das plantas é outro ponto que merece atenção. 

A biomassa aérea deve ser cortada antes das plantas produzirem sementes. O corte tardio dos adubos verdes pode gerar um grande problema. Afinal, as sementes serão liberadas no solo e têm grande potencial de se tornarem plantas invasoras na próxima safra.

Algumas espécies, como a mucuna-preta, apresentam dormência e podem germinar em diferentes épocas do ano, o que dificulta o controle. Por fim, a melhor época para a semeadura dos adubos verdes é no início da temporada de chuvas

Nesse período, as plantas acumulam maior quantidade de biomassa e nutrientes. No entanto, é justamente esse o único período viável para a semeadura da cultura comercial. Os adubos verdes são, geralmente, cultivados na entressafra.

Uma alternativa é cultivar as espécies de adubos verdes no final da estação chuvosa, após a colheita da cultura de interesse. Também é possível realizar a semeadura no veranico. Nesse caso, é importante escolher espécies de adubos verdes resistentes à seca.

Quais são os principais adubos verdes?

Plantas de diferentes famílias são utilizadas na forma de adubo verde, mas leguminosas são as preferidas e ocupam lugar de destaque, por serem capazes de realizar a fixação biológica do nitrogênio.

As leguminosas têm menor tempo de decomposição (baixa relação carbono/nitrogênio). Esse aspecto favorece a rápida disponibilização dos nutrientes para as culturas seguintes. Dentre as usadas na forma de adubo verde, destacam-se:

  • Amendoim-forrageiro;
  • Crotalárias;
  • Estilosantes
  • Feijão-bravo-do-Ceará;
  • Feijão-guandu;
  • Feijão-de-porco;
  • Labe-labe;
  • Mucunas;
  • Tremoços. 

As gramíneas também têm sido cultivadas para adubação verde. Em geral, elas se decompõem mais lentamente (alta relação carbono/nitrogênio) e permanecem no solo por mais tempo. Confira a seguir algumas gramíneas cultivadas como adubo verde:

  • Aveia-preta;
  • Azevém;
  • Braquiárias;
  • Milheto;
  • Sorgo-forrageiro.

A semeadura simultânea de diferentes plantas, como leguminosas e gramíneas, possibilita a cobertura do solo por mais tempo. Isso quando comparado ao cultivo solteiro de espécies leguminosas

Além das leguminosas e gramíneas, outras plantas são empregadas na adubação verde, como o nabo-forrageiro e o girassol.

Características das plantas de adubação verde

As espécies vegetais utilizadas como adubo verde devem apresentar algumas características agronômicas. São elas:

  • Sistema radicular profundo e ramificado;
  • Eficiência nutricional;
  • Tolerância ao alumínio;
  • Tolerância ao estresse hídrico;
  • Elevada produção de fitomassa e de sementes;
  • Sementes de fácil obtenção;
  • Rápido desenvolvimento;
  • Ciclo compatível com o sistema de produção;
  • Baixa suscetibilidade ao ataque de pragas e doenças;
  • Eficiência no controle de nematoides e plantas daninhas;
  • Capacidade de realizar a fixação biológica do nitrogênio.
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Saiba o que é o sequestro de carbono na agricultura e como se beneficiar dele

Sequestro de carbono na agricultura: saiba quais são as melhores práticas e como lucrar com isso

O sequestro de carbono na agricultura é uma prática que tende a ser ampliada. Afinal, o agronegócio brasileiro é cada vez mais cobrado por ações relacionadas às práticas ambientais, sociais e de governança, conhecidas como ESG.

Dentre os objetivos, está a redução da emissão de gases de efeito estufa na atmosfera.

A grande liberação desses gases provoca mudanças climáticas que impactam diretamente o agro, a exemplo da seca e geada que dizimaram lavouras em 2021.

Neste artigo, você saberá mais sobre algumas práticas que sequestram carbono e como se beneficiar delas. Confira!

Emissão de carbono e o agronegócio

A dependência da sociedade por combustíveis fósseis aumenta cada vez mais as emissões dos gases de efeito estufa na atmosfera. Dentre esses gases, estão o gás carbônico (CO2) e o metano (CH4), que vêm  de atividades industriais e agropecuárias.

Por isso, o Brasil tem sido cada vez mais cobrado para desenvolver práticas de ESG no agronegócio.

Relatório recente aponta que adotar modelos de negócios alinhados com práticas ESG serão o diferencial do mercado. Também serão a base para o crescimento e perpetuidade.

Atento a esta cobrança, o Governo Federal tem estimulado o produtor brasileiro à sustentabilidade ambiental por meio do Plano ABC, que faz parte do Plano Safra

Dentre as práticas, estão as relativas ao sequestro de carbono na agricultura. Elas auxiliam na captura de gás carbônico da atmosfera. Saiba mais sobre essas ações a seguir.

O que é sequestro de carbono na agricultura?

O sequestro de carbono é o termo usado para indicar o processo de exclusão do gás carbônico na atmosfera. Isso ocorre na agricultura através da fotossíntese das plantas. Elas captam dióxido de carbono no ar e o transforma em fotoassimilados. 

Utilizados como fonte de energia por bactérias que fixam nitrogênio nas raízes das plantas, os fotoassimilados são resultados da fotossíntese dos vegetais.

Ilustração que mostra como acontece o ciclo do carbono em ecossistemas conservacionistas
Ilustração de como ocorre o ciclo do carbono
(Fonte: Embrapa)

Durante a decomposição, de 15% a 25% desses resíduos são convertidos em carbono orgânico no solo. O restante vai para a atmosfera.

Mas a quantidade de carbono que sai do solo depende do manejo.

O sequestro ocorre quando as entradas de resíduos culturais são maiores que as saídas do carbono, por meio da atividade microbiana.

Porém, como saber se isso está ocorrendo, em que quantidade e como ganhar dinheiro com a geração de créditos de carbono? Acompanhe para saber mais!

Créditos de carbono no agronegócio

Os estudos sobre o sequestro de carbono e sua monetização ainda estão em estágio inicial em todo o mundo. No entanto, já há quem lucre com a captura de carbono na fazenda.

Recentemente, nos Estados Unidos, 267 produtores foram remunerados pela Indigo

Isso aconteceu por adotarem práticas agrícolas que resultaram na redução das emissões e sequestro de carbono. O valor da remuneração não foi informado.

As medições foram realizadas com base numa metodologia particular da Climate Action Reserve, uma organização não governamental.

Um estudo da Imaflora (Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola) apontou que 34 fazendas de café em Minas Gerais emitem uma quantidade de carbono por hectare/ano 7 vezes menor que a média global de fazendas de café.

Os cafeicultores mineiros ainda não estão sendo remunerados. 

No entanto, aproveitam o estudo para comprovar boas práticas e utilizá-las como marketing de venda. Dessa forma, atraem clientes dispostos a pagar mais caro pelo café.  

A monetização dos créditos de carbono deve ser o principal tema da COP26 (Conferência das Nações Unidades sobre o clima). 

A tendência é que os créditos de carbono virem a próxima commodity do agronegócio. Em 2020, o mercado internacional de créditos de carbono movimentou R$ 53 bilhões

3 práticas de manejo para o sequestro de carbono na agricultura

Dentre as principais práticas de manejo que resultam em sequestro de carbono da atmosfera, as que mais se destacam são:

  • o plantio direto na palha;
  • a rotação de culturas;
  • o sistema ILPF (Integração Lavoura Pecuária-Floresta).

Essas práticas podem ou não ser reconhecidas por empresas certificadoras (nacionais ou internacionais), já que não há metodologia única de avaliação.

Sistema de Plantio Direto

O sistema de Plantio Direto é uma das principais inovações dos últimos 50 anos no agronegócio brasileiro.

Esse sistema permite que o plantio/semeadura seja feito diretamente na palha (restos das plantas utilizadas para tal fim). 

Há possibilidade de até três safras no mesmo local, em um ano.

No plantio direto, você aproveita a matéria orgânica de uma plantação como cobertura do solo. A prática provoca maior umidade e reduz o aquecimento

Essa técnica faz com que o processo de decomposição da planta de cobertura seja mais lento. 

Consequentemente, o carbono é estocado no solo, e há redução de perdas para a atmosfera.

Pesquisas mostram que no clima tropical do Brasil, um hectare pode sequestrar até 0.8 toneladas de dióxido de carbono.

Esquema que mostra a dinâmica do carbono no sistema de preparo convencional e no sistema plantio direto
Dinâmica do carbono no sistema de preparo convencional e SPD 
(Fonte: Esalq)

Rotação de culturas

A rotação de culturas é outra técnica estratégica para a diminuição do efeito estufa na atmosfera.

A rotação protege o solo e possibilita a imersão de culturas de cobertura, como as gramíneas e as leguminosas.

A ideia é procurar culturas que possam produzir bastante palha, como o milho e a aveia. 

Outra opção são culturas de compensação, como soja e trigo, que fazem os balanços de carbono no solo.

Nas linhas da produção de café, tem sido muito utilizada a plantação de capim braquiária, como meio de obter cobertura verde do solo.

São feitas roçagens periódicas que resultam na formação de uma “cama verde”. Com a decomposição, é possível que se tenha de 15% a 25% convertidos em carbono.

Sistema ILPF

Desenvolvido pela Embrapa, o ILPF é considerado uma das alternativas mais apropriadas quando se fala em sustentabilidade.

Ele consorcia a criação de bovinos com a exploração florestal, geralmente de plantios de eucaliptos.

Estudos mostram que as sombras proporcionadas pelas árvores proporcionam bem-estar aos animais. 

Estes, por sua vez, reduzem a emissão de gás metano pela boca — o gás vem do processo digestivo dos bovinos, que são animais ruminantes.

O ILPF favorece a geração de serviços ambientais, como o sequestro de carbono, mas as medições sobre quantidades de emissões ainda são alvo de pesquisas.

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Conclusão

O sequestro de carbono na agricultura é uma ação de grande importância para o agronegócio brasileiro e mundial.

Atrelado às práticas ambientais, sociais e de governança (ESG) no agro, a tendência é de crescimento cada vez maior.

Por isso, é importante que você se atente às discussões sobre a monetização dos créditos de carbono. Elas serão a principal pauta do COP26, no final do ano.

Desenvolver práticas de ESG na fazenda é algo que você deve fazer sempre, tanto para a sustentabilidade ambiental quanto da sua própria permanência na atividade.

Além disso, as mudanças climáticas estão acontecendo e não dá para falar mais em futuro. Elas já exigem que a humanidade mude sua forma de viver no mundo

>>Leia mais:

“Agricultura de baixo carbono: o que é e como fazer?”

Você conhecia as práticas que fazem sequestro de carbono na agricultura? Faz o uso de alguma delas? Deixe seu comentário!

O que é e por que investir em tecnologias poupa-terra?

Tecnologias poupa-terra: entenda como elas podem aumentar a produção agrícola sem expansão da área cultivada

Expandir a área de cultivo pode ser uma grande dor de cabeça. No entanto, existem formas de aumentar a produção agrícola, sem expansão da área cultivada.

Inserir tecnologias poupa-terra em seu planejamento pode ser interessante. Aproveite o período de entressafra para incorporá-las em sua propriedade.

Neste artigo, você vai conhecer algumas tecnologias poupa-terra e os benefícios que elas geram para o setor agrícola. Confira a seguir!

O que são tecnologias poupa-terra?

Tecnologias poupa-terra são estratégias de poupança de terra que aumentam a produção agrícola, sem expansão da área cultivada.

Essas tecnologias consistem, por exemplo, em:

Quando essas tecnologias são adotadas, não há a necessidade de abertura de novas áreas. Isso acontece devido ao aumento da produção em uma área já utilizada para o cultivo.

Algumas delas já estão consolidadas no Brasil, e são cada vez mais utilizadas pelos produtores.

Vantagens das tecnologias poupa-terra

Ocupar o solo com tecnologias que aumentem a produção em áreas já utilizadas garante a sustentabilidade do setor agrícola.

Em vez de aumentar a produção pela incorporação de novas áreas, a produção é mais intensa em áreas já cultivadas.

A adoção dessas tecnologias traz diversas outras vantagens, como:

  • redução da área cultivada;
  • podem ser adotadas por pequenos, médios e grandes produtores;
  • auxiliam no crescimento do setor agrícola;
  • aumentam a produção agrícola;
  • revertem impactos negativos de práticas agrícolas que empobrecem o solo;
  • contribuem para a preservação de áreas nativas.

Caso esses recursos não fossem utilizados, os impactos ambientais seriam negativos.

O que é preciso para incentivar a adoção de tecnologias poupa-terra no Brasil?

É necessária a criação e aperfeiçoamento de políticas públicas, como o Plano ABC (Programa de Agricultura de Baixo Carbono).

Nesse contexto, é necessária a criação de estratégias e políticas públicas que favoreçam o incentivo e divulgação dessas tecnologias aos produtores rurais.

Abaixo algumas tecnologias acessíveis e de fácil aplicabilidade pelos produtores: 

  • fixação biológica de nitrogênio;
  • sistema plantio direto;
  • rotação de culturas;
  • mix de plantas de cobertura;
  • consórcio milho-braquiária.

Impactos na produção de grandes culturas

Soja

O uso de tecnologias poupa-terra no cultivo da soja foi capaz de poupar milhões de hectares de área cultivada.

Na cultura da soja, é possível destacar:

gráfico comparativo entre a área cultivada e a área poupada, caso a produtividade da soja permanecesse constante ao longo dos anos

Comparativo entre a área cultivada e a área poupada, caso a produtividade da soja permanecesse constante ao longo dos anos
(Fonte: Conab, 2020; Gazzoni et al., 2021)

Caso a produtividade da soja atual fosse a mesma do início do cultivo da cultura no Brasil, hoje, a área cultivada seria 195% superior à área atual.

As tecnologias poupa-terra utilizadas no cultivo da soja foram capazes de poupar cerca de 71 milhões de hectares de áreas cultivadas.

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Milho

A intensificação do uso do solo foi possível devido à sucessão soja-milho safrinha. Mas também há outras tecnologias poupa-terra utilizadas nessa cultura, como:

A produção do milho primeira safra (verão) permaneceu estagnada nos últimos anos. 

O milho segunda safra (safrinha) é o grande protagonista do crescimento da produção do cereal no Brasil.

Segundo os dados da Conab, entre as safras 1989/1990 e 2019/2020, a produção de milho no Brasil passou de 22,2 milhões de toneladas para 102,1 milhões de toneladas. O aumento foi de 359%.

Esse aumento é resultado da:

  • maior produtividade média da cultura, que passou de 1.841 kg ha-1 para 5.520 kg ha-1;
  • maior área cultivada, que passou de 12,1 milhões de hectares para 18,5 milhões de hectares.
gráfico de evolução da produção na primeira e segunda safra de milho no Brasil, 1989/1990 a 2019/2020

Evolução da produção na primeira e segunda safra de milho no Brasil, 1989/1990 a 2019/2020
(Fonte: Conab, 2020; Miranda et al., 2021)

Para se produzir os 102,1 milhões de toneladas de milho colhido em 2019/2020, com a produtividade média de 1989/1990, seriam necessários 55,5 milhões de hectares.

Apesar do aumento da área cultivada, foram poupados 37 milhões de hectares pelos ganhos de produtividade.

Algodão

O algodão brasileiro passou por uma intensa transformação ao longo de quatro décadas. Também houve o aumento da produção com redução da área cultivada.

Esse resultado é fruto da adoção de tecnologias como:

gráfico que mostra que entre 1976 e 2020, a produção de algodão aumentou de 0,6 milhão de toneladas para 2,5 milhões de toneladas de fibra e a área plantada foi reduzida de 4,1 milhões de hectares para 1,7 milhão de hectares

Entre 1976 e 2020, a produção de algodão aumentou de 0,6 milhão de toneladas para 2,5 milhões de toneladas de fibra e a área plantada foi reduzida de 4,1 milhões de hectares para 1,7 milhão de hectares
(Fonte: Conab, 2021; Severino, 2021)

O aumento da produtividade da cultura sem expansão da área cultivada demonstra a sustentabilidade das tecnologias poupa-terra.

Café

O emprego de tecnologias e boas práticas agrícolas contribuíram para o avanço da cafeicultura. Também foi possível expandir a produção e reduzir a área de cultivo.

As tecnologias poupa-terra utilizadas no cultivo do café são:

  • o sequenciamento do genoma do café;
  • a utilização de cultivares mais produtivas;
  • a adequação da fertilidade e nutrição do cafeeiro;
  • a micropropagação;
  • a braquiária como planta de cobertura;
  • o manejo integrado de pragas do café, doenças e plantas daninhas, entre outras.
tabela com evolução da cafeicultura brasileira, nos anos 1997, 2019 e 2020

Evolução da cafeicultura brasileira, nos anos 1997, 2019 e 2020
(Fonte: Associação Brasileira da Indústria de Café, 2021)

De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Café, em 1997, o Brasil produziu 18,9 milhões de sacas.

Isso em uma área de 2,4 milhões de hectares, com produtividade média de 8 sacas por hectare.

Já em 2020, esse número saltou para uma produção de 63,1 milhões de sacas

Houve redução de cerca de 20% da área de cultivo e aumento da produtividade média para 33 sacas por hectare.

Conclusão

Tecnologias poupa-terra permitem o aumento da produção agrícola em uma mesma área. Graças ao seu uso, evita-se a abertura de novas áreas de cultivo.

Elas têm alcançado resultados impressionantes de produção em todo o território brasileiro. São fundamentais para o crescimento do setor agrícola.

É necessário ampliar a adoção dessas tecnologias de poupança de terra por meio do incentivo e divulgação aos produtores rurais.

Você utiliza, já utilizou ou pensa em utilizar alguma tecnologia poupa-terra em sua fazenda? Adoraria ler seu comentário abaixo! 

Adubação de sistemas: como fazer para ter mais economia e alta produtividade

Adubação de sistemas: entenda o que é, como implantar e as vantagens dessa estratégia quando aplicada na sucessão soja-milho-soja!

A adubação é o item mais custoso do custo de produção

Por isso, é essencial adotar medidas que otimizem o aproveitamento de nutrientes, evitem o desperdício de insumos, reduzam custos e causem menor impacto ambiental.

A adubação de sistemas é uma prática que contribui com tudo isso, além de cooperar com a sustentabilidade da atividade.

Neste artigo, você irá conferir como funciona a adubação de sistemas e quais são as vantagens ao adotar essa prática de manejo.

O que é a adubação de sistemas

A adubação de sistemas é uma estratégia de manejo da fertilidade do solo. Ela busca melhorar o aproveitamento dos nutrientes pelas plantas. 

Essa prática busca atender as exigências nutricionais de todas as espécies envolvidas no sistema.

Na adubação tradicional, a recomendação é realizada de forma isolada. Ela tem em vista somente as necessidades da cultura que será implantada

Na maioria das vezes, são utilizadas quantidades fixas de nitrogênio, fósforo e potássio. Como resultado, há adubações superdimensionadas

Isso tem impacto direto no meio ambiente e nos custos de produção.

Na adubação de sistemas, os fertilizantes não são destinados para uma única cultura, mas sim para todo o sistema de produção.

Como implantar a adubação de sistemas

É importante ter em mente que a adoção da adubação de sistemas implica em rotação de culturas e em plantio direto.

O primeiro passo para implantar essa técnica é realizar a análise físico-química do solo. Somente assim é possível conhecer a real fertilidade do solo.

Para estabelecer práticas de correção de acidez e adubação do solo, é necessário ter informações como:

  • a qualidade da palhada presente na superfície do solo;
  • a exigência nutricional das plantas cultivadas;
  • a taxa de exportação de nutrientes pelas culturas.

Conhecer o histórico das safras anteriores é fundamental.

A partir dessas informações, são determinadas as épocas das adubações, as fontes dos fertilizantes, as dosagens e os métodos de aplicação. 

Como é realizada a adubação de sistemas

Na adubação de sistemas, as culturas mais exigentes e responsivas à adição de fertilizantes recebem doses maiores de nutrientes, acima das exigidas pela cultura.

Milho, feijão e algodão são culturas que exigem adubações mais pesadas.

As culturas de verão geralmente são menos responsivas à adubação. Elas se beneficiam pelas condições deixadas pela safra anterior.

A soja, plantada em sucessão com o milho, se beneficia dos nutrientes pelo efeito residual das adubações e pela reciclagem da matéria.

O manejo racional da adubação:

  • evita o desperdício de insumos;
  • reduz o trânsito de máquinas na lavoura;
  • reduz os custos de produção;
  • tem menor impacto ambiental.

A sucessão soja-milho-soja

A sucessão soja-milho-soja é o sistema de produção de grãos mais adotado em plantio direto. Nesse sistema, a cultura da soja é plantada na primeira safra e o milho na segunda safra.

Por ser altamente responsiva à adubação, a cultura do milho pode receber doses acima da sua exigência nutricional

A soja é plantada com uma adubação de arranque e se beneficia da adubação residual e da matéria orgânica deixada pelo milho. 

Essa adubação de arranque é essencial em solos de textura arenosa, para não prejudicar o desenvolvimento das plantas.

A soja, por sua vez, beneficia o milho pelos resíduos de nitrogênio deixados no solo.

Além de otimizar as condições de solo, a sucessão soja-milho-soja em sistema de plantio direto também apresenta vantagens operacionais. Ela otimiza a mão de obra e o maquinário. 

Embora a sucessão soja-milho-soja esteja bastante consolidada, é fundamental diversificar a produção

Você pode fazer isso através da rotação de culturas com espécies que tenham propósito comercial e de recuperação do solo.

imagens que demonstram sucessão de soja-milho safrinha-soja

Sucessão de soja-milho safrinha-soja
(Fonte: Constantin et al., 2013)

Rotação de culturas

A rotação de culturas é uma prática que precisa ser planejada para beneficiar as espécies envolvidas. 

A ideia é que a espécie implantada seja favorecida pelas condições deixadas pelas culturas passadas.

A escolha das espécies envolvidas no sistema de rotação deve ser baseada na viabilidade técnica e econômica da atividade.

É importante escolher espécies adaptadas às condições climáticas da região de plantio e com diferentes sistemas radiculares. Isso promove a exploração do solo em profundidade variada. 

A rotação com plantas forrageiras eleva o teor de matéria orgânica do solo e favorece a ciclagem de nutrientes.

Além de melhorar as propriedades do solo, a rotação de culturas também contribui para o manejo de pragas, doenças e plantas daninhas

Você pode saber mais acessando nosso curso de Manejo de Solo. Inscreva-se gratuitamente clicando no botão abaixo!

Vantagens e desvantagens da adubação de sistemas

Veja a seguir as vantagens da adubação de sistemas:

  • maior eficiência no uso de nutrientes;
  • redução da quantidade de adubos aplicados;
  • redução dos custos de produção;
  • menor impacto ambiental;
  • evita o desperdício de insumos;
  • aumento da produtividade.

Apesar de todos os benefícios que a adubação de sistemas pode trazer, existe um ponto negativo.

A sucessão de culturas pode provocar a degradação do solo ao longo do tempo, seja física, química ou biológica.

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Conclusão

A adubação de sistemas é uma estratégia de manejo que promove maior aproveitamento dos nutrientes pelas plantas. A cultura mais responsiva à adubação recebe doses maiores de fertilizantes

A cultura menos responsiva é beneficiada pela ciclagem de nutrientes e pelo efeito residual das adubações realizadas na cultura anterior.

O sistema de plantio direto, a rotação de culturas e a adubação de sistemas contribuem para a sustentabilidade da atividade.

É  importante lembrar que não existe receita de adubação. Avalie seu caso individualmente, e considere todas as características e peculiaridades dos seus sistemas de produção.

Você conhecia a adubação de sistemas? Sabia de todas as vantagens? Conte sua experiência nos comentários.

Como evitar o embuchamento em plantio direto de soja

Embuchamento em plantio direto de soja: Veja as dicas para a regulagem certeira das máquinas e minimize esse problema em suas operações agrícolas.

O embuchamento, literalmente, significa ficar completamente cheio. No caso das máquinas agrícolas, o embuchamento está relacionado à queda de rendimentos operacionais.

Diversas condições da lavoura, associadas às regulagens incorretas nas máquinas agrícolas, podem causar embuchamentos.

Em plantio direto, solos com muita palhada e discos montados muito próximos podem provocar essa situação.

Acompanhe neste artigo como reduzir o embuchamento das máquinas em plantio direto de soja e também em outras culturas!

Sistema de Plantio Direto

O sistema de plantio direto (SPD) vem sendo muito utilizado no Brasil para melhorias nas condições dos solos e aumento das produtividades da lavoura.

Porém, a adoção desse sistema exige um manejo do solo diferente da qual os produtores estavam acostumados a realizar.

Dentro do sistema de plantio direto, três fatores devem ser considerados: rotação de culturas, manutenção da palhada e o não revolvimento do solo. 

A rotação de culturas e uso da adubação verde podem ser utilizados dentro do SPD inclusive para reduzir problemas de compactação ocasionados pelo tráfego das máquinas dentro das lavouras.

Essa condução diferenciada no manejo requer mais cuidado quanto ao maquinário empregado e suas regulagens para obter melhor retorno operacional e financeiro.

Nos sistemas de plantio direto, é preciso se atentar a:

  • problemas de compactação do solo;
  • presença de água no solo;
  • infiltração de água no perfil;
  • manutenção de matéria orgânica com a utilização de cobertura vegetal;
  • estruturação do solo.

A semeadura na palha deve ser realizada com máquinas com discos para cortar essa cobertura superior do solo e depositar as sementes logo abaixo dessa camada.

Altos volumes de palhada na superfície e espaçamentos menores entre as linhas de plantio de soja, por exemplo, podem afetar o rendimento operacional de campo devido às paradas acarretadas pelo embuchamento das máquinas.

embuchamento em plantio direto de soja

(Fonte: Cotrijuc)

Máquinas utilizadas no Plantio Direto

As máquinas utilizadas no plantio direto possuem, geralmente, discos de corte para cortar a cobertura de palhada nas camadas superficiais do solo. Também têm sulcadores para abertura do sulco e deposição das sementes.

Essas peças encontradas nas semeadoras podem gerar mais ou menos embuchamentos durante o plantio.

Solos mais argilosos e com umidades mais elevada podem aderir e grudar mais nos discos de corte das semeadoras. Tal condição dificulta o corte da palha, resultando em mais embuchamentos e perdas na qualidade na operação.

Outro local propício para causar embuchamento são as hastes sulcadoras e os discos duplos. 

Em solos de mesmo padrão, argilosos e com maior umidade, eles podem acumular agregados de solo e palhada, o que dificulta a operação correta dos equipamentos.

Uma vez que estes discos corta-palha e as hastes sulcadoras estão incrustadas de solo e palhada, a mobilização do solo aumenta, reduzindo a eficácia do SPD.

Frente a isso, erosões e maior incidência de plantas daninhas podem ser observadas nas áreas. Tudo isso compromete a otimização dos processos, reduzindo a produtividade.

embuchamento em plantio direto de soja

(Fonte: Coagril)

As sementes também podem ser depositadas de forma desigual nos solos. Quando isso acontece, pode haver problemas de emergência, falhas no estande desejado e desuniformidade nas linhas de semeadura.

6 dicas para regular máquinas e evitar embuchamento em plantio direto de soja

Com intuito de evitar embuchamentos em plantio direto de soja, milho e outras culturas, algumas ações de manejo podem ser utilizadas. Confira algumas dicas:

1 – Observe a umidade do solo e tente adequar o melhor momento de semeadura na curta janela de plantio. Sei que isso às vezes pode ser um desafio muito grande.

2 – Se a janela de plantio for muito curta e a palhada na superfície não for muito espessa, alguns dizem cerca de 4 a 6 ton/ha (porém, dependendo do tipo da palhada, esses valores podem ser modificados), uma dica é retirar os discos de corte da máquina para minimizar o acúmulo de solo grudado nestas partes.

3 – Se não há muita palhada na cobertura dos talhões e a máquina for semeadora-adubadora, opere somente com os discos duplos na semente e fertilizante.

4 – Espaçamentos maiores entre linhas das semeadoras também ajudam na redução dos embuchamentos no momento do plantio.

5 – Espaçamentos de 45 cm ou 50 cm, no caso da soja, embora apresentem maior retorno em produtividade, podem representar mais embuchamentos na hora do plantio. Isso vai depender da umidade e textura dos solos.

6 – Com semeadoras múltiplas, sem a possibilidade de ajustar as linhas de semeadura para espaçamentos maiores, é preciso checar sempre o melhor arranjo destas máquinas. Assim é possível semear melhor as culturas e evitar paradas desnecessárias acarretadas por embuchamento. 

As multissemeadoras auxiliam no sistema de rotação de culturas dentro do plantio direto e estão ganhando mercado nas fazendas que praticam esse sistema!

custo operacional de máquinas

Embuchamento na colheita

O embuchamento não acontece apenas na semeadura das culturas em plantio direto – pode ocorrer também na hora da colheita.

A secagem natural da soja em campo, por exemplo, pode diminuir custos com a secagem artificial em silos. Porém, à medida em que estas plantas permanecem no campo, há possibilidade da invasão de plantas daninhas na lavoura.

embuchamento em plantio direto de soja

Fonte: (Up. Herb)

A dessecação mal feita pode trazer o mesmo problema, prejudicando o momento da colheita.

Assim, colheitas mecânicas podem perder rendimento operacional quando atingem estas massas de plantas invasoras verdes no meio do talhão. Tal condição representa possíveis embuchamentos das máquinas e perdas na eficiência.

Perdas causadas pelo embuchamento

Conforme comentei, inúmeras podem ser as perdas causadas pelo embuchamento das máquinas.

No momento do plantio, embuchamentos podem acarretar em maior presença de plantas daninhas e emergência desuniforme do estande de plantas.

Com maior incidência de daninhas e estande desuniforme das plantas, a produtividade fica comprometida.

Embuchamentos no plantio e na colheita podem propiciar maior desgaste e quebra das peças das máquinas agrícolas, o que aumentará os custos de produção.

Para evitar essas situações, é importante que sejam feitas manutenções preventivas no maquinário ao longo de toda a safra.

Você pode usar um software agrícola como o Aegro para gerenciar seus equipamentos e programar revisões periódicas, checando a necessidade de trocar peças ou realizar novas regulagens.

Utilizando-se de estratégias assertivas como essa, certamente você otimizará os rendimentos operacionais, o que fará toda a diferença na lucratividade da sua fazenda.

Conclusão

Diversas estratégias podem ser utilizadas para aumentar produtividade e reduzir o embuchamento em plantio direto de soja. 

Aqui mostramos a importância de checar a textura dos solos e a umidade na hora da semeadura. Dessa forma, você evita que os agregados do solo fiquem aderidos aos discos de corte, hastes sulcadoras e discos duplos das máquinas.

Você também viu que aumentar o espaçamento e retirar discos de corte também podem ser opções de arranjo nas semeadoras para otimizar rendimentos e evitar embuchamentos. 

A compra de equipamentos autolimpantes ou confeccionados com materiais menos abrasivos também é uma excelente opção. 

E, lembre-se: o embuchamento também pode ocorrer na colheita se a dessecação for mal realizada ou se a lavoura estiver com muitas plantas daninhas.

>> Leia mais:

Novidades de máquinas e implementos agrícolas que ainda não vemos por aí

Máquinas para culturas de inverno: diferentes tipos e particularidades

Você utiliza outras estratégias de manejo para evitar o embuchamento em plantio direto de soja ou outras culturas? Restou alguma dúvida? Adoraria ver seu comentário abaixo!

Quando e como usar as forrageiras em seu sistema de produção

Forrageiras: como fazer a semeadura, impacto na produtividade, principais espécies e mais!

O uso de forrageiras vem avançando no país, com produtores mais atentos aos benefícios dessas plantas para o sistema de produção.

Além de protegerem o solo e fornecer palha para o plantio direto, as forrageiras também ajudam a elevar a produtividade da lavoura. E isso, claro, traz reflexos à rentabilidade da fazenda!

Neste artigo, vou falar melhor sobre a cobertura do solo com forrageiras, como e quando utilizá-las. Confira a seguir!

O que são e como fazer a cobertura do solo com forrageiras

As forrageiras são plantas que têm como propósito proteger o solo, fornecer palha para o plantio direto e alimento para o consumo animal, podendo ser gramíneas ou leguminosas. No caso da alimentação animal, podem ser plantadas para pastagem ou colhida para ser servida como alimento posteriormente, como feno e silagem, por exemplo. 

Mas, para entendermos o impacto dessas culturas de cobertura nos nossos sistemas de produção, antes precisamos entender alguns pontos… Vamos lá! 

A agricultura em nosso país acontece basicamente em dois climas: tropical e subtropical

O clima subtropical está presente na região Sul e em parte do estado de São Paulo. Esse clima apresenta verões quentes e invernos mais frios, com chuvas mais bem distribuídas e, consequentemente, estações secas menos severas.

Já o clima tropical ocorre na maior parte do Brasil, pegando todo o Centro-Oeste, Norte, Nordeste e boa parte do Sudeste.

Ele tem como principais características verões quentes e chuvosos e invernos secos, com poucas diferenças de temperatura.

O clima tropical apresenta dois problemas para o uso do solo como agricultura: 

  1. Falta de água durante parte do ano, inviabilizando lavouras de sequeiro nesse período;
  2. Chuvas torrenciais, concentradas numa época do ano.

O primeiro problema é bem lógico e já conseguimos contorná-lo (de certa forma) com a segunda safra. 

Quanto ao segundo ponto, o problema é que as chuvas torrenciais têm alto potencial erosivo. E a única proteção contra erosão é o solo estar coberto.

Mas aí temos um terceiro problema: cobrir o solo num clima tropical é extremamente difícil.

Acredito que todos que trabalham nas antigas ou novas fronteiras agrícolas sabem como a palha “derrete” rapidamente no solo.

Isso acontece porque quando começa a estação das águas, a combinação de umidade e altas temperaturas são um “prato cheio” para os microrganismos do solo. Eles, literalmente, “devoram” a palha.

E em pouco tempo o solo está descoberto e sendo cultivado para a nova safra, o que gera uma combinação bem problemática.

Cobertura e proteção do solo

Uma planta precisa de basicamente três coisas para se desenvolver: luz, água e nutrientes, sendo os dois últimos adquiridos do solo. Daí já conseguimos ver a importância do solo para nosso sistema de produção.

A água retida no solo é perdida por transpiração (água que passa pela planta) e por evaporação (água perdida diretamente do solo para a atmosfera). A palha das forrageiras diminui a água perdida por evaporação, ou seja, água que sai do sistema sem “produzir”.

Outro objetivo de se manter o solo coberto é diminuir o impacto das gotas de chuva que desagregam o solo e, quando escorrem, levam essas partículas embora (erosão).

As partículas superficiais do solo perdidas pela erosão são valiosas, pois nelas estão a maior parte dos nutrientes. Se compramos e aplicamos nutrientes ao solo, eles são perdidos: é, literalmente, jogar dinheiro fora!

Gráfico mostra detalhes da extração de nutrientes
Extração total de N, P, K, Ca, Mg e S, em kg ha-1, alteradas pela quantidade de palha na superfície
(Fonte: Sá et al, 2010)

Note na figura acima que, quanto mais palha sobre o solo, maior a quantidade de nutrientes que a planta consegue absorver.

Dessa forma, sabemos que o adubo aplicado será melhor aproveitado e não perdido pela enxurrada das chuvas de verão.

Outro ponto importante são as características físicas do solo. A cobertura da palha propicia um ambiente que melhora o desenvolvimento das raízes, prevenindo a compactação do solo.

Podemos ver na figura abaixo como a presença da palha sobre o solo aumentou o comprimento das raízes das plantas de aveia. Isso ajudou na captação de água pela planta e na extração de nutrientes.

Como e quando usar forrageiras

Para tornar o uso de forrageiras e culturas de cobertura economicamente viáveis, existem duas formas: 

  1. Semeando as forrageiras na segunda safra (clima tropical) ou na safra de inverno (nas regiões de clima subtropical).

Assim, garantimos a safra de maior renda no verão e também a presença de palha protegendo o solo no início das chuvas e do próximo ciclo de cultivo.

  1. Através do consórcio das forrageiras com culturas como milho, sorgo, arroz e até mesmo soja.

Bom, para quem lê isso pela primeira vez pode até parecer loucura, mas já abordei esse assunto neste post do Lavoura 10

A essência do consórcio é que duas culturas subsistam no mesmo local durante alguma etapa dos seus ciclos de vida.

No caso da soja, o consórcio normalmente é feito usando a sobressemeadura das forrageiras no final do ciclo do grão, mais precisamente entre as fases R5 e R6. 

Isso permite as forrageiras emergirem antes da colheita da soja e aproveitarem as últimas chuvas e as temperaturas mais propícias do final da safra.

Nas regiões que propiciam uma segunda safra de milho ou até mesmo sorgo, as forrageiras podem ser incluídas no sistema de forma consorciada com essas culturas.

Semeadura de forrageiras

Normalmente, a semeadura das forrageiras é feita em linha (mais profunda, na caixa de adubo) ou a lanço, no mesmo momento da semeadura da cultura de milho ou sorgo, ou na realização da adubação de cobertura.

Rendimento de grãos em cultivares de milho safrinha sob monocultivo e em consorciação com forrageiras
(Fonte: adaptado de Jakelaitis et al, 2010)

E, como podemos ver na figura acima, a diferença entre a produtividade de milho solteiro ou em consórcio é mínima e muitas vezes inexistente. Isso viabiliza economicamente o consórcio, já que há redução nos custos de implantação da forrageira.

Principais forrageiras

diversas espécies forrageiras e cada uma delas pode se encaixar melhor no sistema de produção da sua propriedade.

Braquiárias

As braquiárias são as principais plantas forrageiras atualmente no país, principalmente devido à sua adaptabilidade ao clima tropical e ao cerrado.

Entre as espécies do gênero Brachiaria, são destaque a B. ruziziensis, B. brizantha, B. humidicola e B. decumbens.

Aqui no Blog do Aegro temos um post específico sobre quando semear a forrageira, como fazer consórcio e quais espécies são mais recomendadas. Confira: “Principais espécies de brachiaria e como fazer seu manejo.” 

Aveia

Existem diversas cultivares, com diferentes ciclos de produção. A aveia forrageira possui tolerância ao frio e geadas, boa produção de massa verde e boa rusticidade. 

Além de produzir forragem, também pode ser utilizada para produção de palha para o SPD (Sistema de Plantio Direto).

Feijão guandu

O feijão guandu tem sido utilizado por cada vez mais produtores como forrageira para ser ofertada para os animais no inverno (picada, pastejada diretamente, ensilado com milho ou em fardos de feno).

Pode ser consorciado com milho e também com outras forrageiras tropicais, como a braquiária. Em 2010, inclusive, a Embrapa lançou um sistema que consorcia milho, guandu e braquiária: o Sistema Santa Brígida.

Separei alguns outros posts aqui do Blog em que falo mais sobre outras forrageiras e que podem te ajudar a escolher a melhor opção para sua propriedade:

“Culturas de inverno: Como aumentar o rendimento na propriedade”

Adubos verdes: Saiba como cultivar e as características de cada espécie

Divulgação do kit de 5 planilhas para controle da gestão da fazenda

Conclusão

As forrageiras têm se mostrado uma das principais aliadas na agricultura tropical e na implantação de um plantio direto correto, que consiga cumprir o papel de proteção do solo.

Neste artigo, tratamos sobre os benefícios dessas plantas, principais forrageiras e características de semeadura.

O importante é escolher a espécie que melhor se adapta ao seu sistema e começar a proteger o solo, que é literalmente a base do sucesso do Agro brasileiro!

>> Leia mais: O que você precisa saber sobre a cobertura do solo com nabo forrageiro

Quais forrageiras você já utilizou em seu sistema de produção? Restou alguma dúvida sobre o tema? Deixe seu comentário!

Tudo sobre a plantação de aveia: tipos, manejo, colheita e forragem

Plantação de aveia: confira os tipos, além de como realizar o plantio, manejo da cultura, colheita e mais.

A aveia é um cereal de inverno assim como o trigo e a cevada, mas diferentes desses outros, é uma planta mais rústica, apresentando maior resistência a doenças e pragas.

Segundo dados de 2019 da Conab, a aveia conta com uma área de 398 mil hectares, produção anual de 900 mil toneladas e produtividade média de 2,2 toneladas por hectare

Outro ponto positivo é sua tolerância aos solos ácidos e pouco férteis, o que tem contribuído para o aumento da área plantada para cobertura, grãos e forragem no período de inverno. Outra razão para o crescente uso da aveia é o sistema de plantio direto

Veja a seguir, um pouco mais sobre plantação de aveia e seu cultivo no Brasil. Vamos lá?

Plantação de aveia: quais os tipos? 

Existem várias espécies no gênero da aveia (Avena spp.), mas são duas as que se destacam na produção de grãos mundial: a Avena sativa ou aveia branca (80% da área mundial) e a Avena byzantina ou aveia amarela (20% da área). 

Mas, principalmente aqui na América do Sul, outra espécie se destaca: a Avena strigosa ou aveia preta, como é popularmente conhecida. 

Essa espécie de aveia é bem mais rústica que as comumente utilizadas para grão e seu uso é basicamente como cultura de cobertura ou forragem para a alimentação animal.

A aveia teve sua origem lá no Oriente Médio, em locais muito próximos de outros cereais de inverno como o trigo.  Mas seu cultivo só passou a ser explorado muitos anos depois, já que no início, esse vegetal era apenas uma planta daninha da cultura do trigo.

A aveia é uma planta anual, sendo que algumas cultivares podem apresentar rebrota (duplo propósito) e têm um crescimento ereto, variando entre 0,7 e 2 metros de altura.

Além disso, ela tem raízes profundas e fasciculadas, ou seja, não apresenta uma raiz pivotante ou principal.

Como fazer a plantação de aveia?

A aveia é cultivada ao longo do outono e inverno aqui no Brasil por se tratar de uma planta de clima temperado.

Apesar de ser extremamente tolerante quanto ao solo (pH 4,5 a 6 e menor exigência de nutrientes que trigo), o plantio de aveia é bem mais exigente quanto às condições climáticas.

Assim, a temperatura ideal para a semeadura é acima dos 7º C, sendo abaixo de 4º C diminui drasticamente a germinação das sementes.

A época de semeadura varia de 15 de março (para o MS) até 15 de julho (em SC), e a quantidade de sementes entre 200 e 300 por metro quadrado.

LocalPeríodo de Semeadura
Região de Ijuí (RS)15 de maio a 15 de junho
Região de Passo Fundo (RS)15 de maio a 15 de junho
Região dos Campos de Cima da Serra (RS)15 de junho a 15 de julho
Região Sul do Paraná15 de maio a 15 de julho
Regiões Norte e Oeste do Paraná15 de março a 15 de maio
Região de Campos Novos e Lages (SC)15 de junho a 15 de julho
Região do Sul de São Paulo15 de abril a 30 de maio
Região do Mato Grosso do Sul15 de março a 15 de maio

(Fonte: Indicações técnicas para a cultura da aveia, 2014)

No Brasil é recorrente o uso de sementes piratas na semeadura da aveia e essa prática apresenta altos riscos que, muitas vezes, não são contabilizados pelo produtor. 

Entre esses perigos estão a contaminação das sementes por patógenos e pragas, sem contar possíveis sementes de daninhas que podem infestar a área e a baixa germinação que podem apresentar, afetando diretamente a produção.

O perfilhamento está diretamente relacionado com a produtividade da aveia, sendo que ao final do ciclo, os perfilhos mais jovens auxiliam no enchimento de grãos dos mais velhos.

Dessa forma, regiões mais quentes e semeaduras tardias requerem uma quantidade maior de sementes.

A recomendação de espaçamento é entre os 17 e 20 cm entre linhas com uma profundidade de deposição da semente entre 2 e 4 cm.

Manejo da cultura de aveia

A duração do ciclo da cultura de aveia varia entre 120 e 130 dias aqui no Brasil, mas podem chegar de 90 a 180 dias no mundo todo.

O desenvolvimento da aveia é dividido basicamente em quatro etapas: a fase vegetativa, a fase de transição, a fase reprodutiva e a fase de formação dos grãos.

Sendo que após a fase vegetativa (3 a 4 folhas e início do perfilhamento), é quando se inicia o controle químico em pós-emergência das plantas daninhas.

Foto que mostra a evolução da planta de aveia
Desenvolvimento da aveia
(Fonte: Adaptado de Zocks et al (1974))

Os principais herbicidas registrados para a cultura da aveia são o 2,4 D e o metasulfuron, ambos recomendados para o controle de folhas largas.

O controle químico de azevém em campos de aveia ainda não é possível por meio dos herbicidas registrados disponíveis no Brasil.

Já para o manejo de pragas, o mais indicado é o tratamento de sementes (Imidacloprido e Tiodicarbe), que combate duas das principais pragas da aveia, os corós e os afídeos (ou pulgões)

Agora, as principais doenças que afetam a plantação de aveia são a ferrugem das folhas, a qual a aveia branca é mais susceptível, e a ferrugem dos colmos, que não tem grande incidência na região Sul, mas pode ter grande gravidade em condições de alta umidade e temperatura.

Como realizar a colheita de grãos

Na maturação, a plantação de aveia tolera altas temperaturas diurnas, baixas temperaturas noturnas e baixa umidade, permitindo a colheita e evitando a perda de grãos.

Para a produção de sementes, baixas temperaturas durante o desenvolvimento elevam os níveis de dormência das sementes.

Assim, a colheita da aveia deve ser realizada quando os grãos estão em condições de debulha (teor de água abaixo dos 20%) e a planta ainda está de pé.

A regulagem da colhedora é essencial, já que quando descascado, o grão ativa enzimas que causam a rancificação do produto. 

Para o fornecimento industrial, os grãos não devem receber chuvas após a maturação, a fim de evitar que eles adquiram coloração escura.

Vantagens da produção de forragem

A produção de aveia forrageiras possui vantagens como:

  • Tolerância ao frio e geadas;
  • Resistência ao pisoteio;
  • Boa produção de massa verde (alta qualidade);
  • Boa rusticidade;
  • Existência de cultivares com diferentes ciclos de produção.

A aveia forrageira pode ser usada para corte verde, feno, silagem ou ainda pastejo, sendo a altura de entrada entre 25 e 30 cm e a altura de saída dos animais em torno dos 10 cm. 

Para produção de silagem, o ideal é realizar o corte das plantas inteiras com a matéria seca dos grãos entre 30% e 40% (ou seja 60% a 70% de umidade nos grãos).

Para implantar um pasto de aveia forrageira, o indicado é utilizar espaçamento de 17 cm entre linhas e populações com 350 plantas por metro quadrado.

Além de produzir forragem, esse sistema de plantio também pode ser utilizado para a produção de palha para o plantio direto. Sendo que a produção de matéria seca varia entre 3 e 6 toneladas.

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Conclusão 

A plantação de aveia como cultura de cobertura deu início ao sistema de plantio direto, dando a possibilidade de acumular biomassa sobre o solo ao longo do ano para a realização da semeadura na safra de verão.

Mas, apesar disso, o mau manejo pode gerar complicações.

Por isso, é sempre importante realizar o controle adequado da aveia espontânea em outras culturas (tiguera). Isso garante a diminuição de doenças e pragas. 

Portanto, a aveia é uma planta extremamente versátil que pode ser utilizada desde a produção de grão, forragem e cultura de cobertura. Seu uso estratégico ajuda a garantir a força do agro brasileiro.

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“Quando e como usar as forrageiras em seu sistema de produção”

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