Guia de Plantio 2025: Planeje sua Safra por Região

Começar a safra com o pé direito exige planejamento, não é mesmo? Mas você sabe qual a melhor época para plantar na sua região?

O Brasil tem uma diversidade climática enorme e o que funciona bem para uma lavoura no sul, pode não ser adequado para o nordeste ou o centro-oeste.

É justamente aqui que entra a importância de um Guia de Plantio regional, que funciona como um mapa, orientando sobre as melhores datas para semear, considerando as condições climáticas e os riscos do seu município.

Ignorar as particularidades regionais e as recomendações técnicas pode levar a perdas na produção, impactando o seu bolso.

Por isso, vamos entender como usar as informações corretas a seu favor e transformar o planejamento em um diferencial para o sucesso da sua lavoura.

Por que o guia de plantio varia no Brasil?

O Brasil é um país muito grande, com diferentes tipo de solo, clima e quantidade de chuva.

Por isso, não dá para usar a mesma recomendação de plantio para uma lavoura em Roraima e outra no Rio Grande do Sul — cada região tem suas próprias necessidades.

É comum que alguns locais tenham longos períodos de estiagem, enquanto outros sofrem com excesso de chuvas e temperaturas médias muito distintas em cada localidade.

Para ajudar o produtor a lidar com as mudanças do clima e plantar com menos risco, o Ministério da Agricultura criou Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC).

O ZARC indica as melhores épocas de plantio para cada cultura, de acordo com as condições de clima e solo de cada município.

Com isso, você tem mais segurança para decidir quando plantar, reduzindo o risco de perder a safra por causa do clima.

O que é ZARC?

O Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC) é como um guia de plantio que ajuda a reduzir os riscos relacionados ao clima.

O ZARC indica os períodos mais seguros para plantar cada cultura em cada município do Brasil, com base em uma análise de dados climáticos, características do solo e exigências das plantas.

Ou seja, é um modo de entender quando é mais provável que a lavoura se desenvolva em boas condições, com menos risco de perdas por seca, excesso de chuva, geadas e outros problemas climáticos.

Seguir as orientações do ZARC é uma forma inteligente de fazer gestão de risco no campo.

Além de proteger a produção, é também um critério exigido para acessar políticas públicas importantes, como o Proagro e o seguro rural com subsídio do governo.

Guia de plantio por Região

O planejamento agrícola começa com uma análise regional, entender os fatores que mais influenciam o sucesso de uma safra e os principais desafios no campo.

Para simplificar, separamos tudo o que você deve saber no guia de plantio por região a seguir:

RegiãoClima Solos Culturas PrincipaisRecomendações / Janelas ZARCDesafios
SulSubtropical úmido; Estações definidas; Risco de geadas; Chuvas bem distribuídas (influência El Niño/La Niña).Férteis: Nitossolos, Latossolos, Argissolos. Planícies: Gleissolos, Planossolos (arroz).Soja, Milho (1ª safra), Trigo, Arroz, Cevada, Aveia, Feijão, Fumo, Uva, Maçã, Pecuária.ZARC essencial (geada, seca). Plantio Direto mandatório. Controle de erosão (nível, terraços). Agricultura de Precisão.Erosão hídrica severa. Riscos climáticos (geadas, veranicos).
SudesteTropical / Tropical de Altitude; Verão chuvoso, inverno seco; Risco de secas.Diversos: Latossolos, Argissolos (exigem correção); Nitossolos (férteis). Solos em relevo acidentado.Cana-de-açúcar, Café, Laranja (dominantes). Milho, Feijão, Soja, Hortifruti.Seguir calendário agrícola. Manejo da irrigação. Correção de solos (acidez, nutrientes ). Conservação do solo (erosão). Consultar ZARC para grãos.Crises hídricas. Degradação do solo (erosão, compactação). Competição por terra/água.
Centro-OesteTropical sazonal; Estação seca e úmida bem definidas.Predomínio de Latossolos (profundos, ácidos, baixa fertilidade natural).Soja, Milho (1ª e 2ª safra/safrinha), Algodão. Pecuária (ILPF), Cana-de-açúcar.Correção intensiva do solo (calagem, gessagem, adubação). ZARC crítico para soja e milho safrinha (janela curta). Manejo da safrinha (risco de seca). Plantio Direto (desafio da palhada).Dependência climática (janela safrinha). Manutenção da fertilidade. Logística.
NordesteDiversificado: Semiárido (maior parte, chuvas escassas/irregulares); Zona da Mata (úmida); Cerrado (MATOPIBA).Extrema variabilidade: Semiárido (rasos, pedregosos, Luvissolos, etc.); Áreas úmidas/Cerrado (Latossolos, Argissolos).Familiar/Sequeiro (Milho, Feijão, Mandioca). Irrigada (Frutas: Uva, Manga, Melão). Cerrado (Soja, Milho, Algodão).Adaptação por sub-região. Semiárido (convivência com a seca). Irrigadas (manejo água/salinidade). Cerrado (correção solos). Manejo sustentável (matéria orgânica, sistemas integrados).Seca e irregularidade climática (Semiárido). Degradação solos (erosão, salinização). Acesso à água.
NorteEquatorial úmido; Altas temperaturas e chuvas; Período menos chuvoso variável.Predomínio de Latossolos e Argissolos (profundos, ácidos, baixa fertilidade natural). Várzeas (férteis, inundáveis).Pecuária bovina (extensiva). Soja e Milho (em expansão). Mandioca, Açaí , Castanha, Cacau, Dendê.Manejo da fertilidade (correção, adubação). Priorizar Sistemas Agroflorestais (SAFs) e ILPF. Controle de erosão. Evitar desmatamento. Consultar ZARC para grãos.Baixa fertilidade natural dos solos. Pressão por desmatamento. Logística precária.

Como transformar o guia de plantio em ações práticas na lavoura?

Com desafios de mudanças climáticas e as flutuações do mercado, os produtores precisam tomar decisões cada vez mais estratégicas.

O guia de plantio, que orienta sobre o melhor período para o cultivo e os cuidados necessários para cada safra, é algo que pode ajudar muito a partir de algumas ações, como:

  1. Defina a cultura: Escolha o que plantar com base na aptidão agrícola da sua região, oportunidades de mercado, estrutura e na necessidade de rotação de culturas para a saúde do solo;
  2. Consulte o ZARC: Acesse a portaria do ZARC específica para a cultura escolhida e o seu município. Identifique a janela de plantio que oferece o menor risco climático (idealmente a de 20%) para o tipo de solo predominante na sua área.
  3. Ajuste com previsões climáticas: Acompanhe as previsões climáticas de curto e médio prazo. Se a previsão indicar um período muito seco ou chuvoso logo no início da janela recomendada, ajuste a data de semeadura dentro dessa janela.
  4. Planeje as operações: Com a janela de plantio definida, organize todo o cronograma de operações da safra, incluindo compra de insumos, preparo do solo, maquinário e mão de obra;
  5. Projete a colheita: A data de plantio tem influência direta sobre a época da colheita. Use essa estimativa para planejar a logística de colheita e armazenamento da produção.
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Onde encontrar calendário agrícola 2025?

Existem vários lugares na internet com calendários que se baseiam em fases da lua ou em princípios biodinâmicos e que podem ser usados com o guia de plantio.

Para não seguir nenhum fonte errada, separamos uma lista de locais confiáveis para encontrar o calendário de plantio para sua região. Confira:

1. CONAB (Companhia Nacional de Abastecimento)

É a referência principal para dados oficiais sobre a produção agrícola brasileira, estimativas de safra, informações de mercado e cronogramas de divulgação.

A CONAB publica regularmente o calendário de levantamentos das safras de grãos e outros produtos, indicando datas importantes para o setor ao longo do ano.

2. Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária)

É a principal instituição de pesquisa agropecuária do país e uma fonte muito grande de conhecimento técnico.

A Embrapa desenvolve e divulga tecnologias, recomendações de manejo para diversas culturas, informações sobre cultivares adaptadas a cada região, estratégias para manejo de pragas e doenças e práticas de conservação do solo e da água.

As publicações da Embrapa ajudam a entender o como plantar com mais eficiência e sustentabilidade, complementando o quando plantar indicado pelo ZARC.

3. MAPA (Ministério da Agricultura e Pecuária)

O MAPA atua através da divulgação das portarias do ZARC, definindo as janelas de plantio de menor risco climático.

Além disso, se responsabiliza por disseminar informações relacionadas à fitossanidade, controle de pragas e doenças, e práticas de manejo sustentável, visando a manutenção da saúde das lavouras e a segurança alimentar.

Através de suas portarias e diretrizes, o Ministério orienta sobre os melhores períodos para plantio, colheita e manejo, considerando as condições climáticas, as necessidades do mercado e os impactos ambientais.

4. Secretarias Estaduais de Agricultura e Entidades de Extensão Rural (Emater)

Órgãos como a Secretaria da Agricultura e as Ematers estaduais publicam informações adaptadas à realidade local.

Isso inclui boletins agrometeorológicos, notícias sobre o andamento do plantio e da colheita na região, e recomendações técnicas específicas.

Fontes secundárias, como blogs especializados, portais de notícias agrícolas e sites de empresas do agronegócio, podem ser úteis também.

Mas é sempre importante verificar se as informações apresentadas por essas fontes estão alinhadas e se baseiam nos dados das fontes oficiais (CONAB, Embrapa, MAPA).

Planejamento Regional, Colheita Ideal

Fica claro que utilizar um Guia de Plantio específico para a sua região não é apenas uma boa prática, mas sim uma estratégia inteligente e necessária para quem busca sucesso na agricultura.

O Brasil é diverso, e considerar as particularidades climáticas e de solo de cada localidade, com o apoio de ferramentas como o ZARC para reduzir riscos e otimizar o potencial produtivo da lavoura.

Fontes confiáveis como a CONAB, a Embrapa e o MAPA, complementadas pelas informações das Secretarias de Agricultura e Emater locais, são seus maiores aliados na hora de elaborar o planejamento da safra.

Além disso, consultar o calendário de plantio por região e seguir as recomendações técnicas adaptadas à sua realidade faz toda a diferença entre uma safra incerta e uma colheita bem-sucedida.

Lembre-se: investir tempo no planejamento, utilizando dados regionais e ferramentas adequadas, é investir na segurança, na sustentabilidade e na rentabilidade do seu negócio rural.

Mathias Bergamin

Engenheiro Agrônomo (UFRGS, Kansas State) e especialista de Novos Negócios na Aegro. Reconhecido como referência em Agricultura Digital, especialização em administração, gestão rural, plantas de lavoura.

Estratégia de Plantio: Lições para uma safra de sucesso

O último ano agrícola trouxe uma série de desafios para o produtor rural brasileiro, que apenas uma boa estratégia de plantio é capaz de ajudar.

Houve a presença de um clima mais imprevisível, marcado por eventos extremos, como as inundações no RS, períodos de seca e calor intenso em outras regiões.

Somado a isso, as flutuações do mercado e a pressão crescente nos custos de produção, exigem ainda mais atenção.

Não por acaso, a produção agrícola geral no Brasil em 2024 apresentou uma queda em comparação com 2023.

Diante de tudo isso, desenhar uma estratégia de plantio eficiente não é apenas uma opção, mas uma necessidade.

Como fazer um bom planejamento de plantio?

Um bom planejamento de plantio começa antes da semeadora entrar no campo. O primeiro passo é analisar os sucessos, os erros e os problemas que aconteceram nas últimas safras.

Questionar quais áreas tiveram melhor desempenho, onde a produtividade ficou abaixo do esperado ou quais pragas ou doenças causaram mais dor de cabeça, também devem entrar na análise.

Busque conhecer o histórico detalhado da área de plantio, como as correções de solo feitas, sistemas de cultivo anteriores e defensivos aplicados. Tudo isso ajuda a antecipar desafios e otimizar o manejo.

Com base nisso, você pode começar a montar uma estratégia de plantio com dados confiáveis, envolvendo:

Banner planilha- manejo integrado de pragas

Estratégias de plantio: Planejamento financeiro

Dentro das estratégias de plantio, o planejamento financeiro não pode ficar de fora, já que é importante avaliar a saúde financeira da fazenda (investimentos, dívidas, fluxo de caixa).

Junto disso, é preciso analisar as perspectivas do mercado para as culturas que você pretende plantar, bem como os preços esperados para os insumos.

A tendência de racionalização de custos, impulsionada por margens mais apertadas, torna essa análise ainda mais relevante.

Com base nesse diagnóstico, crie um orçamento detalhado, especificando como os recursos serão alocados em cada etapa do manejo, desde a compra de sementes até a colheita.

Apenas com isso feito, o planejamento de plantio pode entrar em ação, mas acompanhado do plano operacional e o cronograma agrícola.

O plano operacional detalha cada atividade, especificando os insumos necessários e a mão de obra envolvida.

Já o cronograma agrícola estabelece as datas ou janelas ideais para cada etapa: preparo do solo, plantio, adubação, pulverizações e colheita.

O planejamento de plantio é uma maneira de aumentar a produtividade em condições ideais, sendo usado como uma ferramenta de gestão de riscos.

Diante da crescente volatilidade climática e das pressões de custos, cada etapa funciona como uma medida proativa para mitigar incertezas.

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Checklist da Estratégia de Plantio

Etapa do PlanejamentoDescrição
Análise da Safra AnteriorIdentificar erros, problemas e sucessos para aprender e ajustar.
Histórico da ÁreaConhecer manejo passado, pragas/doenças comuns, correções de solo.
Planejamento com DadosBasear decisões em análise de solo, dados climáticos, mapas, relatórios.
Definição de MetasEstabelecer objetivos claros (produtividade, custos, manejo, qualidade).
Análise FinanceiraAvaliar saúde financeira da fazenda e perspectivas de mercado/custos.
Orçamento DetalhadoEspecificar gastos previstos para cada etapa do manejo.
Plano OperacionalDetalhar o quê, como, quando fazer cada operação, incluindo insumos e mão de obra.
Cronograma AgrícolaDefinir datas/janelas para as principais atividades da lavoura.
Avaliação TecnológicaVerificar quais tecnologias podem otimizar o planejamento e a execução.

Quais tecnologias ajudam na estratégia de plantio?

O uso da tecnologia é uma estratégia de plantio que pode fazer muita diferença, permitindo uma uma forma de agir mais precisa.

A agricultura de precisão, por exemplo, deixou de ser uma tendência e virou uma realidade em muitas propriedades, melhorando cada etapa do cultivo.

Entre essas tecnologias que estão ganhando espaço, podemos destacar:

  • Drones: Usados para monitoramento das lavouras, identificação de falhas de plantio, áreas com estresse hídrico ou ataque de pragas;
  • Sensores de solo e clima: Coletam dados em tempo real sobre umidade, temperatura, níveis de nutrientes, ajudando a tomar decisões mais assertivas sobre irrigação e adubação;
  • Sistemas de navegação por satélite (GPS): Ajudam no piloto automático de máquinas, plantio em linhas precisas e aplicação localizada de insumos;
  • Inteligência Artificial (IA): Analisa grandes volumes de dados (climáticos, de solo, de imagens) para gerar recomendações, prever riscos e otimizar o manejo;
  • Plataformas de gestão agrícola: Softwares de gestão rural e aplicativos, como o Climate FieldView™ ou soluções baseadas em satélite , integram dados de fontes diferentes, geram mapas de produtividade, diagnósticos da saúde da lavoura e até prescrições para aplicação de sementes e fertilizantes em taxa variável.

Os benefícios dessas tecnologias estão relacionados ao aumento da produtividade, uso mais eficiente de recursos como água e fertilizantes e melhoria na qualidade final da colheita.

Como aplicar uma estratégia de recuperação no plantio?

Os desafios climáticos são uma realidade cada vez mais presente na agricultura brasileira.

Eventos como as enchentes devastadoras no Rio Grande do Sul em 2024, os longos períodos de estiagem e ondas de calor reforçam a necessidade de construir lavouras mais resilientes.

Uma estratégia de plantio para recuperação eficaz combina ações emergenciais com práticas de manejo de longo prazo. Veja:

Após eventos extremos: Enchentes

Quando as águas baixam ou a seca severa passa, a recuperação do solo exige algumas cuidados e técnicas específicas, como:

  1. Avaliação detalhada: Para avaliar a extensão dos danos, mapear as áreas afetadas por erosão ou deposição de sedimentos, além de verificar a presença de restos vegetais, lixo ou entulho;
  2. Limpeza e manejo de sedimentos: Remova os detritos que não puderem ser misturados ao solo. Sedimentos com menos de 10 cm podem ser incorporados com aração ou gradagem. Já camadas mais espessas devem ser espalhadas para reduzir a espessura ou descartadas em locais adequados. Evite máquinas pesadas em solo úmido para não causar compactação;
  3. Análise química do solo pós-evento: Após a limpeza inicial, colete amostras de solo para cada área com diferentes níveis de impacto. A análise química vai indicar a necessidade de correção da acidez (pH) e a disponibilidade de nutrientes;
  4. Correção da fertilidade: As recomendações de calagem e adubação devem ser baseadas nos resultados da análise de solo. Aplicar insumos sem essa base pode ser ineficaz e gerar custos desnecessários;
  5. Reparo da Erosão: Sulcos rasos podem ser corrigidos com preparo do solo conservacionista (em nível). Grandes sulcos e voçorocas podem exigir terraplanagem e revegetação com espécies adequadas para estabilizar a área;
  6. Atenção à compactação: O movimento da água pode causar compactação superficial, dificultando a infiltração e o desenvolvimento das raízes. Em casos leves, o preparo do solo e a atividade biológica podem ajudar na recuperação.
Compactação do solo: como evitar e corrigir em sua propriedade

Construindo resiliência a longo prazo

Tão importante quanto a recuperação imediata é a adoção de práticas que tornem a lavoura menos vulnerável a futuros eventos climáticos, como:

  • Sistema plantio direto: Ao evitar o revolvimento e manter o solo coberto com palhada, o sistema de plantio direto protege contra a erosão, melhora a infiltração de água, aumenta a matéria orgânica e pode reduzir custos a longo prazo;
  • Agricultura regenerativa: Um conjunto de práticas focadas na saúde do solo, incluindo rotação de culturas e uso de plantas de cobertura, que aumenta a resistência e recuperação de estresse do solo;
  • Plantas de cobertura: Espécies como leguminosas e gramíneas que protegem o solo do impacto da chuva, suprimem plantas daninhas, adicionam matéria orgânica e melhoram a estrutura do solo;
  • Manejo eficiente da água: Investir em técnicas de captação e armazenamento de água da chuva, sistemas de irrigação eficientes e sistemas de drenagem adequados são aliados para lidar com excesso e falta de água;
  • Sistemas Integrados (SAF/ILPF): A integração de árvores com lavouras e/ou pastagens (Sistemas Agroflorestais ou Integração Lavoura-Pecuária-Floresta) cria sistemas mais complexos e resilientes, que regulam o microclima, protegem o solo, sequestram carbono e diversificam a renda;
  • Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC): Use as informações do ZARC para definir as culturas e datas de plantio mais seguras, reduzindo os riscos climáticos na sua região.

Crises como grandes enchentes podem acelerar mudanças positivas. A recuperação de áreas degradadas é uma chance de revisar o manejo e adotar sistemas mais resilientes e sustentáveis.

Em vez de apenas restaurar o que foi perdido, é possível avançar para uma agricultura mais preparada, com foco na saúde do solo e na resiliência a longo prazo.

Como avaliar novas terras para a estratégia de plantio?

Expandir a área de cultivo ou iniciar uma nova estratégia de plantio exige mais do que encontrar um terreno disponível.

A metodologia para prospecção estratégica de terras para plantio deve ir além da simples análise de preço, já que faz parte da estratégia de plantio. Veja os critérios de avaliação:

1. Análise de solo completa

Realizar análises químicas e físicas detalhadas revela o potencial produtivo, as necessidades de correção, adubação, textura, estrutura e a capacidade de retenção de água do solo.

Alguns programas, como o PronaSolos, buscam fornecer informações mais detalhadas sobre os solos brasileiros.

2. Logística e Infraestrutura

Avaliar a localização em relação a vias de acesso, facilidade de transporte da produção, proximidade de mercados consumidores ou unidades de processamento/armazenamento.

Também é importante considerar a qualidade das estradas, a disponibilidade de serviços logísticos na região, a presença de energia elétrica, conectividade e acesso à assistência técnica.

Esses fatores influenciam nos custos operacionais, a eficiência na distribuição e a competitividade do negócio.

3. Aspectos legais e ambientais

Avalie se a área está de acordo com o zoneamento agrícola (ZARC) e o Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE).

Verifique a regularidade da documentação, a existência de passivos ambientais e o cumprimento das legislações vigentes, como a manutenção da Reserva Legal (RL) e das Áreas de Proteção Permanente (APPs).

Também é importante analisar a disponibilidade hídrica e, se for o caso, a necessidade de uma autorização legal para uso de água na irrigação.

4. Histórico de uso

Investigar o uso anterior da terra pode revelar informações sobre possíveis contaminações, compactação preexistente ou problemas de manejo anteriores.

Em um cenário de mudanças climáticas, a avaliação estratégica de terras assume uma nova dimensão: de avaliar o potencial de resiliência futura.

O agronegócio representa cerca de 20% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, demonstrando a imensa força e importância do campo para a economia nacional.

Além de alimentar o Brasil, o setor é um gigante na exportação mundial de produtos como soja, café, açúcar e suco de laranja. Neste sentido, montar uma estratégia de plantio vai muito além da sua fazenda.

banner com fundo, com um notebook no lado direito e texto no lado esquerdo, convidando para uma demonstração no software Aegro

Mathias Bergamin

Engenheiro Agrônomo (UFRGS, Kansas State) e especialista de Novos Negócios na Aegro. Reconhecido como referência em Agricultura Digital, especialização em administração, gestão rural, plantas de lavoura.