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Crédito de carbono: O que é, como funciona e o que esperar do mercado

Homem de terno segurando um cofrinho branco em formato de porquinho enquanto deposita uma moeda simbólica feita de folha verde com o selo "eco", representando investimento em sustentabilidade e crédito de carbono.

O crédito de carbono deixou de ser apenas uma promessa ambiental e passou a figurar como uma das moedas verdes mais discutidas do momento.

Com movimentações recentes, como a compra de créditos por parte da Petrobrás e o avanço da regulamentação no Brasil, o mercado começa a mostrar sua força e atrair olhares de investidores, empresas e produtores rurais.

No campo, a discussão já não gira apenas em torno de “preservar ou não preservar”. Hoje, preservar, recuperar e manejar bem o solo, a floresta e os resíduos pode significar uma nova fonte de receita. 

E mais: a geração de créditos de carbono pode valorizar a propriedade, abrir portas para parcerias com empresas e transformar práticas sustentáveis em um ativo comercializável.

Neste conteúdo você vai entender como funciona a comercialização, quais atividades geram crédito, como está o mercado brasileiro em 2025 e o que precisa saber para entrar nesse cenário.

O que é crédito de carbono?

O crédito de carbono é uma unidade que representa uma tonelada de dióxido de carbono (CO₂) que deixou de ser emitida ou foi removida da atmosfera. 

Essa “tonelada evitada” pode ser transformada em um título e vendida, como uma moeda verde, para empresas ou governos que desejam compensar suas emissões.

A criação desse mecanismo veio com o Protocolo de Quioto (1997) e se fortaleceu com o Acordo de Paris, se consolidando como uma das principais ferramentas para conter o aquecimento global.

No campo, isso se traduz em oportunidades para quem preserva, refloresta ou adota práticas agrícolas de baixo impacto.

Como funcionam os créditos de carbono?

O crédito de carbono nasce a partir de projetos que demonstram a capacidade de evitar, reduzir ou capturar emissões de gases do efeito estufa. 

Essas ações são quantificadas por meio de metodologias específicas, validadas por instituições independentes. Após a verificação, os créditos são emitidos e disponibilizados no mercado.

A partir disso, o mercado é dividido em duas modalidades, sendo elas:

No Brasil, o mercado voluntário ainda lidera, mas o cenário está mudando com a regulamentação do sistema nacional.

Crédito de carbono para o produtor rural: Porque é importante e como torná-lo lucrativo

Como funciona a comercialização de crédito de carbono?

A comercialização de créditos de carbono consiste na compra e venda de certificados que representam a redução ou remoção de uma tonelada de dióxido de carbono (CO₂) ou outros gases de efeito estufa (GEE) da atmosfera.

No Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), projetos validados geram Reduções Certificadas de Emissões (RCEs), que são negociadas com empresas ou países que não conseguiram atingir as metas de redução.

Já no mercado de emissões (cap-and-trade), as empresas com emissões abaixo de seus tetos podem vender créditos excedentes para outras. E com isso existem duas formas principais de venda:

Assim como qualquer ativo financeiro, o valor do crédito varia conforme a oferta e a demanda, além de fatores como qualidade do projeto, auditoria, rastreabilidade e tipo de certificação.

Como funciona o crédito de carbono no Brasil?

O Brasil vem estruturando seu próprio mercado nacional de carbono. Em 2022, o Decreto 11.075/22 estabeleceu as bases para a criação do mercado regulado.

Em dezembro de 2024, a sanção da Lei do Mercado Brasileiro de Redução de Emissões (MBRE) deu sequência ao processo de regulamentação.

Esse marco legal prepara o país para ter um sistema estruturado até 2025, com definição clara de setores regulados, registro de projetos e mecanismos de verificação.

Enquanto isso, o mercado voluntário segue como principal caminho para produtores rurais interessados em comercializar créditos.

Estudos mostram que o Brasil pode atender até 37,5% da demanda global do mercado voluntário e 22% do mercado regulado da ONU até a próxima década (ICC Brasil, 2023).

Mercados de Carbono - NDC5

Quais atividades geram créditos de carbono?

A geração de créditos de carbono é um processo técnico, que requer o cumprimento de uma série de etapas para garantir a validade e a confiabilidade das reduções de emissões. Por isso é preciso seguir um processo:

  1. Elaborar um projeto com base em metodologias reconhecidas;
  2. Medir a redução de emissões em CO₂ equivalente;
  3. Registrar o projeto em plataformas como Verra, Gold Standard ou o sistema nacional;
  4. Passar por auditoria independente;
  5. Emitir os créditos, que podem ser vendidos.

Esse processo exige conhecimento técnico e costuma contar com o apoio de consultorias ambientais e empresas especializadas.

Como está o mercado de créditos de carbono em 2025?

Em 2025, o setor vive um momento de forte reorganização. O anúncio da Petrobrás e do BNDES sobre a compra de créditos de carbono da Amazônia marcou a entrada de grandes estatais nesse mercado, indicando que a valorização dos ativos verdes está em curso.

Além disso, o mercado voluntário, segundo a FGV (2023), cresceu 236% em volume em 2021, com tendência de alta.

Atualmente, o Brasil ocupa atualmente o 7º lugar no ranking global, com aproximadamente 4,6 MtCO₂e, atrás de potências como Índia, EUA e China. Com isso, se destacam como tendências no setor:

Essas tendências apontam para um cenário de maior estabilidade jurídica, valorização dos projetos certificados e uma expansão das oportunidades para o agro brasileiro no mercado de carbono.

Quanto rende 1 hectare de crédito de carbono?

O valor depende da atividade, do bioma e da metodologia usada. Estimativas médias apontam:

Tipo de ProjetoCréditos/ha/anoValor/ha/ano (R$)
Floresta em pé (REDD+)5 a 10R$ 250 a R$ 1.000
Reflorestamento8 a 15R$ 400 a R$ 1.500
ILPF / Agricultura de baixo carbono1 a 4R$ 50 a R$ 400
Pastagens bem manejadas1 a 3R$ 50 a R$ 300

O valor do crédito gira hoje entre US$ 10 a US$ 30 por tonelada (R$ 50 a R$ 150), variando conforme a origem e certificação.

Quem pode emitir crédito de carbono?

A emissão de créditos de carbono está disponível para vários setores, desde produtores rurais até empresas e entidades públicas, além de:

A exigência principal é comprovar, com base técnica e documental, que o projeto reduziu emissões de forma real, mensurável e permanente.

Redator Alasse Oliveira

Alasse Oliveira

Engenheiro Agrônomo, Mestre e Doutorando em Produção Vegetal pela (ESALQ/USP). Especialista em Manejo e Produção de Culturas no Brasil.

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