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Safra de café: preços e a qualidade do produto no mercado nacional

Café arábica

Grão de café arábica

O Brasil segue firme como o maior produtor e exportador de café do mundo, responsável por cerca de 40% da oferta global

A cafeicultura brasileira é referência internacional pela escala de produção, diversidade de regiões e qualidade dos grãos. No entanto, a cada safra, produtores enfrentam novos desafios no campo.

Em julho de 2025, a colheita da safra 2025/26 no Brasil chega ao fim, marcada por adversidades climáticas, como seca, calor excessivo e geadas localizadas, que afetaram a produção de café arábica.

Apesar da leve recuperação, o cenário ainda é desafiador para muitos cafeicultores, especialmente nas regiões afetadas por seca, altas temperaturas e geadas pontuais

Qual a previsão da safra de café para 2025?

De acordo com o 2º Levantamento da Conab de maio de 2025, a safra brasileira de café deve atingir 55,7 milhões de sacas, o que representa um crescimento de 2,7% em relação ao volume de 2024, apesar de ser ano de bienalidade negativa.

Caso esse volume se confirme, será o maior já registrado para um ciclo de baixa bienalidade, superando a colheita de 2023 em 1,1%  Já divisão entre as variedades revela cenários diferente.

Café conilon (C. canephora)

Deve alcançar 18,7 milhões de sacas, um recorde histórico motivado pela maior regularidade climática nas etapas de floração e frutificação. Produtividade média estimada em 50,4 sacas/ha (+28,3% em relação ao ano anterior)

Café arábica

Terá produção estimada em 36,97 milhões de sacas, mas isso representa queda de 6,6% em comparação ao ano anterior, principalmente por causa da bienalidade negativa e da seca prolongada em regiões como Minas Gerais.

A área total da cafeicultura cresceu levemente (+0,8%), atingindo 2,25 milhões de hectares, enquanto a área em produção diminuiu 1,4%, e as lavouras em formação cresceram 12,3%, o que é típico em anos de reposição de plantas.

Em termos de produtividade, o conilon apresentou aumento de 28,3%, chegando a cerca de 50,4 sacas/ha, enquanto o arábica registrou queda de 5,1%, ficando com 24,9 sacas/ha. 

Por que o café está tão caro em 2025?

A alta dos preços em 2025 tem relação direta com os eventos climáticos que reduziram a produtividade em importantes regiões produtoras como o Sul de Minas e Mogiana.

Além disso, o mercado internacional registra uma oferta global mais restrita, o que pressiona os preços.

Os contratos futuros de café arábica chegaram a ultrapassar US$ 2,58 por libra, reflexo da expectativa de menor produção e da valorização do produto brasileiro.

A qualidade do grão também foi afetada, com menor uniformidade e maior variabilidade entre talhões, o que contribui para a elevação dos preços dos melhores lotes.

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Qual o período da safra de café?

A safra de café no Brasil varia conforme a região produtora. Em estados como Minas Gerais e São Paulo, a colheita ocorre entre maio e agosto. 

Já nas regiões do Norte e Nordeste, como Bahia e Rondônia, a colheita pode iniciar mais cedo, em abril, devido às diferenças climáticas.

Essa variação é determinada pelas condições locais de solo e clima, que influenciam diretamente o ciclo de desenvolvimento das plantas. 

Por isso, entender o período de safra é essencial para planejar o manejo e atender às demandas do mercado no momento certo.

Produção de café no Brasil: Regiões de destaque

O Brasil é o maior produtor mundial de café, respondendo por cerca de 40% da produção global. As principais regiões produtoras incluem:

Cada região apresenta particularidades que influenciam o sabor, aroma e qualidade final do café, o que contribui para a diversificação de produtos no mercado nacional e internacional.

Tabela

Descrição gerada automaticamente

Tabela 1. Produção Mundial de Café estimada para a safra 2023: 174.340 (1000 sacos de 60 kg).

Quando é a próxima safra de café?

O ciclo do café no Brasil depende da região produtora. A próxima colheita se inicia em abril de 2026 nas regiões Norte e Nordeste, como Bahia e Rondônia, e entre maio e agosto de 2026 nas áreas do Sudeste e Sul, como São Paulo, Espírito Santo e Minas Gerais.

Conhecer o período da próxima safra é essencial para organizar o manejo, os tratos culturais e as compras de insumos.

Relação entre a safra de café e as mudanças climáticas

As mudanças climáticas são um fator de grande preocupação para os produtores de café. O aumento das temperaturas médias, seca prolongada e chuvas em períodos inadequados têm alterado o ciclo produtivo da cultura.

Além disso, regiões que historicamente eram adequadas para o cultivo estão enfrentando novos desafios, enquanto áreas menos tradicionais começam a ganhar destaque.

Para mitigar os impactos, muitos produtores têm investido em tecnologias como irrigação, manejo de sombra e escolha de variedades mais adaptadas às novas condições climáticas.

Lavoura de café em formação

Figura 3. Lavoura de café em formação, bem nutrida, sem competição com plantas daninhas e livre de pragas e doenças. Foto: Laís Teles.

Principais doenças que afetam a safra de café

As doenças de solo e as pragas representam desafios constantes para os produtores de café. Entre as principais doenças estão:

O manejo preventivo, com uso de variedades resistentes, práticas culturais adequadas e monitoramento constante, é indispensável para evitar prejuízos significativos.

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Cuidados com a pós-colheita do café

A fase de pós-colheita é decisiva para preservar a qualidade dos grãos. Práticas inadequadas podem comprometer todo o esforço realizado ao longo da safra. Os cuidados incluem:

  1. Secagem: Realizar em terreiros ou secadores mecânicos para evitar fermentação indesejada;
  2. Armazenamento: Utilizar armazéns bem ventilados, com controle de temperatura e umidade, evitando contaminações;
  3. Classificação: Separar os grãos por qualidade, atendendo às exigências do mercado;

Essas práticas garantem que o café mantenha suas características sensoriais, valorizando o produto na comercialização.

Quanto está a saca de café?

O preço da saca de café é influenciado por fatores como qualidade, volume de produção e condições do mercado internacional. Em 2024, os preços acabaram oscilando um pouco. Confira:

Essas variações são o reflexo das condições de oferta e demanda, bem como os impactos climáticos nas regiões produtoras. Mesmo com isso, a alta qualidade do grão brasileiro, mantém o produto competitivo, mesmo em cenários desafiadores.

Previsão da saca de café para 2025

As projeções para os preços do café em 2025 indicam uma tendência de alta, influenciada por diversos fatores, entre eles:

  1. Condições Climáticas Adversas: A seca prolongada e as altas temperaturas em regiões produtoras, como Minas Gerais e São Paulo, vão afetar a produtividade das lavouras, especialmente do café arábica, mais sensível às variações climáticas.
  2. Oferta e Demanda: A oferta global de café está mais restrita, com a previsão de que a produção supere a demanda em apenas 150.000 sacas na temporada de outubro de 2024 a setembro de 2025, uma redução significativa em relação ao excedente de 700.000 sacas em 2023/24.
  3. Mercado Futuro: Os contratos futuros de café arábica subiram acima de US$ 2,58 por libra, mantendo-se próximos ao nível mais alto desde meados de outubro de 2024, refletindo as expectativas de preços elevados no mercado internacional.

Diante desse cenário, são esperados preços mais altos ao longo de 2025, impactando tanto os produtores quanto os consumidores finais.

Qual deve ser o impacto do tarifaço no café brasileiro?

A partir do dia 1 de agosto de 2025, a possível tarifa de 50% sobre o café brasileiro deve entrar vigor em podendo gerar grandes impactos nas exportações do Brasil para os EUA.

Atualmente, os Estados Unidos compram cerca de 8 milhões de sacas por ano, representando um importante mercado para o setor.

Com isso, o café brasileiro fica menos competitivo, favorecendo outras regiões, como a Colômbia e o Vietnã, mesmo que os países não consigam vender o mesmo volume e qualidade.

A maior preocupação são com os pequenos produtores, por serem os mais afetados e correrem risco de inviabilidade econômica em algumas regiões.

Além disso, o mercado americano enfrentaria aumento nos preços ao consumidor, com estimativas de alta entre 15% e 25%, pressionando torrefações e redes varejistas.

Ainda existem discussões sobre o café ser isento da tarifa, já que os EUA não produz o grão internamente, mas isso vai depender de negociações comerciais ainda em curso.

O cenário é de incerteza, com risco para a cadeia cafeeira brasileira e para a estabilidade do mercado global.

Redator Alasse Oliveira

Alasse Oliveira

Engenheiro Agrônomo, Mestre e Doutorando em Produção Vegetal pela (ESALQ/USP). Especialista em Manejo e Produção de Culturas no Brasil.

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