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Rentabilidade da soja: Analisando Custos no Centro-Oeste

Imagem de uma lavoura de soja, com folhas verdes, sob o sol, mostrando o céu com nuvens.

A rentabilidade da soja não depende apenas do preço de venda. Também é resultado do equilíbrio entre custos de produção, produtividade e valorização da saca no mercado.

Entender essa dinâmica é importante para manter a saúde financeira da lavoura e planejar decisões mais seguras.

Para trazer clareza, analisamos dados reais de produtores do Centro-Oeste entre as safras de 2018 e 2025, período em que o custo médio da produção variou de 35 a 55 sacas por hectare (sc/ha), dependendo da região e do pacote tecnológico adotado.

Relação de custo em sacas e o preço de venda

Quando falamos em rentabilidade da soja, é preciso saber quantas sacas da sua produção são necessárias para cobrir os custos operacionais, ou seja: qual o seu ponto de equilíbrio.

O gráfico a seguir mostra exatamente isso: o cruzamento entre o custo em sacas por hectare e o preço médio da saca (R$/sc), mostrando a pressão sobre as margens de lucro.

gráfico indicando o custo de produção da soja em sacas por hectare, de 2018 até 2025.

Na linha azul está o preço de mercado da soja; na vermelha, o custo em sacas por hectare. Quanto mais distantes essas linhas estiverem, e em direções opostas, maior tende a ser a rentabilidade.

Em 2022, por exemplo, tivemos o cenário ideal: preço da saca de soja em alta e custo em sacas no nível mais baixo da série, o que garantiu uma rentabilidade recorde.

Já em 2024, a situação se inverteu, com queda de preço e aumento de custos, comprimindo as margens.

Esse comportamento reflete a lógica das commodities, com picos de preços seguidos de aumentos de custos, como vimos entre 2022 e 2024.

Para aprofundar a análise, a tabela abaixo mostra a variação percentual de custos e preços safra a safra, revelando como cada oscilação impactou diretamente a rentabilidade da soja.

Tabela de Variação Anual: Custo vs. Preço

SafraPreço da Saca (R$)Variação PreçoCusto Total (R$/ha)Variação Custo (R$)Custo (sc/ha)Variação Custo (sc)
201865,683.411,9951,95
201966,07+0,6%2.563,31-24,9%38,80-25,3%
202076,17+15,3%3.267,89+27,5%42,90+10,6%
2021109,17+43,3%3.834,09+17,3%35,12-18,1%
2022151,16+38,5%4.856,02+26,7%32,12-8,5%
2023133,53-11,7%6.375,51+31,3%47,75+48,7%
2024109,18-18,2%5.552,85-12,9%50,86+6,5%
2025110,47+1,2%5.160,71-7,1%46,71-8,2%

Fonte: Dados de clientes Aegro no Centro-Oeste.

Na 2023, enquanto o custo em reais subiu +31,3%, o preço da saca caiu -11,7%. O resultado foi uma explosão no custo, que aumentou +48,7%, explicando a forte queda na rentabilidade daquele ano. 

Em contrapartida, em 2021, uma alta de +43,3% no preço mais do que compensou o aumento de +17,3% no custo em reais, fazendo o custo em sacas cair -18,1%.

Rentabilidade da soja: Quantas sacas sobraram de lucro?

No final das contas, o que define o sucesso da safra é o lucro líquido, ou seja, as sacas que sobram após pagar todos os custos. 

Dentro do período de dados analisados, o auge da rentabilidade aconteceu na safra 2022, quando, após cobrir os custos, sobraram em média 28,8 sacas de lucro por hectare.

Já o ano mais crítico foi 2024, quando restou apenas 1,7 sacas de lucro por hectare, reforçando o que vimos na tabela de variação.

gráfico de rentabilidade e produtividade da soja em casas por hectare de 2018 a 2025.

O que esperar da safra 2026 e como se preparar?

A safra de soja 2025/26 deve ser recorde no Brasil, com projeções entre 173 e 180 milhões de toneladas, com crescimento na área plantada, com cerca 48 milhões de hectares.

Mesmo assim, a expectativa é uma safra com margens mais ajustadas, sem perspectiva de retorno imediato aos níveis recordes do início da década.

Isso reforça a necessidade de um olhar atento para eficiência operacional, gestão financeira e estratégias de mitigação de risco. Além disso é esperado:

1. Cenário de Custos

A queda nos preços dos fertilizantes, que aliviou o custo em sacas na safra 2025, é uma boa notícia. No entanto, o mercado de insumos continua volátil e sujeito a fatores globais.

 Para 2026, a estratégia é monitorar o mercado de perto e aproveitar as janelas de oportunidade para comprar bem, travando parte dos custos e diminuindo a incerteza.

2. Cenário de preços e rentabilidade

O preço da soja tende a permanecer pressionado pela grande oferta global. Isso significa que a rentabilidade virá cada vez mais da “porteira para dentro”. 

A grande lição da dramática diferença entre as safras 2024 (lucro de 1,7 sc/ha) e 2025 (lucro de 18,8 sc/ha) é o poder da produtividade.

Foi a recuperação da produtividade que impulsionou a rentabilidade, mesmo com preços longe dos recordes.

3. Foco na produtividade

A principal alavanca da rentabilidade da soja continua sendo a produtividade. Cada saca a mais colhida reduz o custo por hectare e aumenta a margem, mesmo em cenários de preços pressionados.

Investir em correção de solo, sementes de qualidade e manejo fitossanitário de precisão fará diferença no resultado final.

4. Gestão financeira e comercial

Conhecer detalhadamente o seu custo de produção por hectare é preciso para tomar decisões assertivas ao longo de todo o ciclo da soja.

Isso permite identificar onde é possível reduzir gastos, otimizar insumos e investir em áreas que realmente impactam a produtividade.

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Estratégias práticas para a safra 2026

Planeje sua safra com mais segurança

A rentabilidade da soja na safra 2025/26 será desafiada por custos altos e preços internacionais em queda.

Segundo o Itaú BBA, o custo de produção por hectare deve subir de R$ 3.918 para R$ 4.223, enquanto a margem bruta do produtor com terra própria pode cair 47,6%.

Essa pressão sobre as margens reforça a necessidade de um planejamento estratégico focado em produtividade, controle de custos e gestão de riscos.

Para auxiliar nesse planejamento, o Guia da Safra MT oferece orientações sobre como aumentar a produtividade, otimizar custos e tomar decisões mais seguras.

Acesse o guia completo e prepare-se para enfrentar os desafios da safra 2025/26 com mais segurança e eficiência.

Pedro Martins Dusso

Pedro Dusso

Bacharelado em Ciência da Computação pela UFRGS, Mestrado em Bancos de Dados e Sistemas de Informação, pela TU Kaiserslautern, Fundador e CEO da Aegro.

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