Adjuvante agrícola: Diferentes classificações e como escolher o produto certo para ter aplicações melhores e mais efetivas.
Eu já me senti confusa sobre o uso e efeito de adjuvante agrícola milhares de vezes.
A grande quantidade de tipos de adjuvantes e produtos disponíveis no mercado colabora muito com com isso.
Mas alguns dados me fizeram querer refletir e pesquisar mais sobre o assunto.
Especialmente porque em há casos em que a adição de adjuvante agrícola permite reduzir a dose herbicida em mais de 50%.
Aqui separei as principais informações sobre adjuvantes para que não haja mais confusão e dúvida, sabendo exatamente quando e qual utilizá-los.
>> Devo comprar Defensivos genéricos ou de marca?
Então acompanhe este artigo!
Índice do Conteúdo
- 1 O que são adjuvantes agrícolas?
- 2 Como os adjuvantes agrícolas são classificados?
- 3 Adjuvante agrícola ativador: Surfactante
- 4 Adjuvante agrícola ativador: Óleos
- 5 Adjuvante agrícola ativador: Fertilizantes nitrogenados
- 6 Adjuvante agrícola modificador de calda: Molhantes
- 7 Adjuvante agrícola modificador de calda: Corantes
- 8 Adjuvante agrícola modificador de calda: Controladores de deriva
- 9 Adjuvante agrícola modificador de calda: Agentes espessantes
- 10 Adjuvante agrícola modificador de calda: Agentes adesivos
- 11 Adjuvante agrícola modificador de calda: Condicionadores
- 12 Adjuvante agrícola modificador de calda: Agentes de compatibilidade
- 13 Adjuvante agrícola modificador de calda: Reguladores de pH
- 14 Adjuvante agrícola modificador de calda: Umectantes
- 15 Adjuvante agrícola modificador de calda: Antiespumantes
- 16 Adjuvante agrícola modificador de calda: Absorventes de UV
- 17 Quando utilizar adjuvantes?
- 18 Dicas extras para a escolha do adjuvante
- 19 Fonte consultada para a realização do texto e que você pode ver mais sobre o assunto
- 20 Conclusão
O que são adjuvantes agrícolas?
Podemos definir adjuvante agrícola como substância ou composto sem propriedades fitossanitárias, que são adicionados durante a preparação de caldas com defensivos.
O objetivo dos adjuvantes é aumentar a eficácia no combate a daninhas, pragas e doenças; facilitando a aplicação dos produtos e consequentemente reduzindo os riscos de perdas.

(Fonte: Cotrisoja)
Os adjuvantes são necessários principalmente quando estamos falando de produtos de contato, e que por isso precisam de uma boa cobertura foliar para não comprometer a eficácia do produto.
Mas também há outras situação em que podemos utilizá-los.
Para entender melhor sobre isso precisamos antes compreender sobre cada tipo de adjuvante agrícola:
>> Defensivos agrícolas: 8 curiosidades que você deveria saber
Como os adjuvantes agrícolas são classificados?
A classificação mais utilizada está relacionada a função desempenhada pelo adjuvante agrícola.
Assim, podemos dividi-los em dois tipos primários:

(Fonte: Arquivo pessoal)
1.Adjuvantes ativadores
Como o próprio nome sugere, eles elevam a atividade dos produtos quando adicionados ao tanque de pulverização. Nessa classe estão:
- Surfactantes;
- Óleos vegetais;
- Óleos minerais;
- Derivados de silicone;
- Fertilizantes nitrogenados.
>>Tudo o que você precisa saber sobre resistências a defensivos agrícolas
2. Modificadores de calda
Alteram as propriedades físicas ou químicas da calda, sendo adicionados com a finalidade de melhorar a aplicação da formulação. Aqui estão classificados:
- Molhantes;
- Corantes;
- Controladores de deriva;
- Agentes espessantes;
- Agentes adesivos;
- Condicionadores de calda;
- Agentes de compatibilidade;
- Reguladores de pH;
- Umectantes;
- Antiespumantes;
- Absorventes de UV.
>> Acerte nas aplicações de defensivos com planejamento agrícola
Você pode ter notado que existem muitos adjuvantes e pode ficar difícil saber qual utilizar, não é mesmo?
Não se preocupe, vamos falar um pouco sobre cada um deles e dar algumas dicas de quando você deve utilizar cada um a seguir:
Adjuvante agrícola ativador: Surfactante
Os surfactantes têm a capacidade de reduzir a tensão superficial da gota pulverizada.
Assim a absorção do produto na planta é facilitado, já que ocorre alteração na estrutura e na viscosidade das ceras que estão na superfície das folhas e caules.

(Fonte: Crop Care)
A composição da molécula dos surfactantes são de duas partes distintas, uma com afinidade por óleos e outra com afinidade por água.
Os produtos do tipo adjuvante agrícola surfactante pode ser dividido ainda em quatro classes:
>>Tudo o que você precisa saber para fazer sua lista de defensivos agrícolas na pré-safra
1.Aniônicos
Os surfactantes aniônicos se dissociam em água e a porção ativa da molécula é o ânion (carga negativa).
São utilizados em caldas com herbicidas ou em mistura com os surfactantes não iônicos.
>>Armazenagem de defensivos agrícolas: como fazer e o que é preciso saber
2.Catiônicos
Em água se dissociam em um cátion e um ânion. O cátion é composto por nitrogênio, assim, também são conhecidos por sais de quaternários de amônio.
Entretanto, os surfactantes catiônicos são pouco utilizados pois, devido a alguns motivos já relatados:
- Elevado custo;
- Precipitam na presença de sais;
- Possuem fraco poder detergente;
- Podem causar fitotoxicidade nas culturas.
3.Não iônicos
Essa classe de surfactante não ioniza, nem dissocia em água. São os mais utilizados já que:
- Não reagem com sais ou com as moléculas de defensivos que estão na água;
- Não são influenciados pela “água dura”, não formando sais com cálcio, magnésio ou com íons de ferro.
- Baixa toxicidade aos mamíferos;
- Pouco tóxico às plantas.
Desse modo, eles possuem boa compatibilidade com os defensivos, aumentando sua absorção foliar, inclusive de fungicidas sistêmicos e inseticidas.
4.Anfotéricos
Surfactantes pertencentes a essa classe se dissociam em ânions e cátions, ou seja, eles podem apresentar parte da molécula com carga positiva e outra, negativa.
Por isso, tais produtos são especialmente dependentes do pH da calda, sendo muito pouco utilizado.
Adjuvante agrícola ativador: Óleos
Os adjuvantes a base de óleo possuem como objetivo aumentar a penetração dos herbicidas lipossolúveis (que possuem mais afinidade pelo óleo).
Geralmente são utilizados quando as condições ambientais são alta temperatura e baixa umidade, ou ainda quando a cutícula da folha é muito espessa.
Quando se utiliza um adjuvante a base de óleo, obrigatoriamente deve ser utilizado também um emulsionante tensoativo.
>> 5 novas tecnologias envolvendo defensivos agrícolas
Isso é para que as gotas de óleo de distribuem de maneira uniforme na mistura, já que estamos adicionando óleo em água.
1.Óleos minerais
Reduzem a tensão superficial, aumentam a molhagem e o espalhamento, aumentam a absorção e melhoram a resistência ao escorrimento.
Podem ser divididos em óleos parafínicos e óleos naftalênicos.
Os óleos parafínicos aumentam a absorção de herbicidas, pois causam trincas nas cutículas das plantas.
Formulados com predominância de frações parafínicas de hidrocarbonetos.
Veja também:
>>Como utilizar defensivos naturais e diminuir custos
>> Glifosato: Fatos e curiosidades sobre o mais usado herbicida
2.Óleos vegetais
Reduzem a tensão superficial, mas não são tão eficazes como os outros já citados, podendo ser de 2 tipos:
- Triglicerídeos: são aqueles conhecidos por “óleos de sementes”. No geral possuem apenas 5-7% de tensoativo emulsionante.
- Metilados: possuem de 10-20% de tensoativo emulsionante. No geral os óleos de sementes Metilados são melhores que os que possuem como base o petróleo, entretanto são mais caros.
O adjuvante agrícola do tipo óleo, em geral, degradam a cutina (que faz parte da cutícula da folha), possibilitando a entrada direta dos defensivos na planta.
>> 8 perguntas para fazer ao seu consultor sobre defensivos agrícolas

(Fonte: Armazém da Ciência)
O problema é que a planta continua com a cutícula prejudicada, até que possa refazê-la.
Por isso, após a aplicação de defensivos com óleos a folha fica muito sensível aos fatores externos, como luz, doenças, e outros.
Assim não é indicado a aplicação de fertilizantes foliares com óleos, já que ocorrerá absorção de nutrientes intensa e salinidade, resultando na necrose das folhas.
No caso de áreas de pousio onde vamos fazer a dessecação os óleos são altamente recomendados, prejudicando mais intensamente as plantas daninhas na área.
Adjuvante agrícola ativador: Fertilizantes nitrogenados
Os fertilizantes nitrogenados utilizados como adjuvantes são:
- Nitrato de amônio;
- Sulfato de amônio;
- Ureia;
- Polifosfato de amônio.
São adicionados a calda com objetivo de melhorar os efeitos de produtos e, também como adubo para a cultura.
São classificados como adjuvantes ativadores, entretanto podem agir como modificadores de calda, pois ajudam a evitar a formação de precipitados no tanque.
Possuem, assim como os outros, capacidade de reduzir a tensão superficial, além de aumentarem a difusão do defensivo na superfície da folha.
>>Como otimizar sua lavoura com pulverizador autopropelido
Adjuvante agrícola modificador de calda: Molhantes
Os agentes molhantes são basicamente os surfactantes não-iônicos diluídos em água, álcool ou glicóis.
Eles também reduzem a tensão superficial da gota, mas alguns desses produtos apenas irão afetar as propriedades físicas das gotas.
Ou seja, não irão afetar o comportamento da formulação quando entrar em contato com a planta.
>> 6 dicas de compra de defensivos agrícolas para potencializar o manejo da sua lavoura
Adjuvante agrícola modificador de calda: Corantes
Os corantes têm o objetivo apenas de visualização de onde o defensivo foi aplicado.
Dão coloração ao produto formulado, permitindo observar melhor de que como o produto foi aplicado e se a tecnologia de aplicação está correta.
Adjuvante agrícola modificador de calda: Controladores de deriva
Como o próprio nome diz, são utilizados para reduzir a deriva.
Para tanto, essa classe de adjuvantes vai alterar as propriedades da calda.
O que ocorre é que teremos maiores tamanhos de gotas e menor número de gotículas pequenas, realizando uma pulverização mais espessa.
No entanto, lembre-se que cada tipo de pulverização é requerido um tipo de gota, sendo gotas finas quando precisamos de maior cobertura (produtos de contato).
Por isso, não adianta adicionar adjuvantes controladores de deriva quando a aplicação exige uma melhor cobertura.

(Fonte: Jacto)
Adjuvante agrícola modificador de calda: Agentes espessantes
Modificam a viscosidade das caldas de pulverização.
São utilizados especialmente em aplicações aéreas com objetivo de reduzir as derivas.
Adjuvante agrícola modificador de calda: Agentes adesivos
Auxiliam na redução das perdas de produtos através da evaporação ou do escorrimento.
Os agentes adesivos mentem o produto em contato com a planta aumentando, evitando que sejam derrubados da superfície foliar ou lavados pela chuva.
São muito utilizados com as formulações de pó molhável seco e granulares.
Adjuvante agrícola modificador de calda: Condicionadores
São utilizados quando a água usada na aplicação tem muitos sais presentes, e, por isso pode resultar em formação de precipitados.
Neste caso é muito importante sabermos a qualidade da água utilizada na hora de preparar a calda.
A presença de muitos cátions (como em “água dura”), por exemplo, pode reduzir a absorção dos produtos pelas plantas.

Classificação da água de acordo com a quantidade de carbonato de cálcio presente
(Fonte: Silva, et al. Manejo de Plantas Daninhas. Viçosa, 2010)
Adjuvante agrícola modificador de calda: Agentes de compatibilidade
Já tratamos em outro artigo sobre as incompatibilidades físicas e químicas que podem ocorrer no tanque de pulverização.
Os agentes de compatibilidade evitam essas interações físicas ou químicas entre os produtos, mantendo-os em suspensão.
Mas não é porque vai adicionar um agente de compatibilidade que podemos sair misturando tudo!
Lembre-se que a associação de alguns produtos, causam efeitos antagônicos, reduzindo a eficácia dos produtos e até mesmo causando problemas de fitotoxicidade.
Veja mais sobre misturas de defensivos neste artigo:
>> O que você precisa saber sobre mistura de defensivos agrícolas
Adjuvante agrícola modificador de calda: Reguladores de pH
Todos já sabemos que o pH da calda afeta diretamente a eficácia dos produtos no tanque de pulverização.
Os reguladores de pH têm a capacidade de ajustar o pH da calda o que consequentemente melhora a dispersão do herbicida, além de aumentar a compatibilidade da mistura.
No geral, as caldas fitossanitárias apresentam uma maior estabilidade na faixa de pH entre 6,0 e 6,5.
Adjuvante agrícola modificador de calda: Umectantes
Os umectantes, assim como os agentes adesivos, têm o objetivo de aumentar o tempo que o produto fica sobre a folha e consequentemente disponível para absorção.
São materiais solúveis em água que demoram mais tempo para evaporar depois que seca a água utilizada na pulverização, isso porque eles conseguem reter a umidade do ambiente.
Também permitem rápida umectação do produto em contato com a água.

(Fonte: Formulações de adjuvantes agrícolas)
Adjuvante agrícola modificador de calda: Antiespumantes
A espuma é um problema na preparação da caÌda e durante a apÌicação, evitando que o produto seja aplicado corretamente em campo
Os antiespumantes têm a capacidade de reduzir a formação de espuma no tanque, favorecendo a tecnologia de aplicação adequada.
Adjuvante agrícola modificador de calda: Absorventes de UV
Há poucos adjuvantes que podem proteger o produto da degradação devido a luz.
Os que fazem tem que ter a capacidade de absorverem a luz ultravioleta ou de aumentar a taxa de captação do herbicida pela cutícula da folha.
Quando utilizar adjuvantes?
A bula do defensivo agrícola que você vai utilizar sempre vai trazer a informação de quando se deve utilizar um adjuvante.
Alguns produtos já vêm com adjuvantes na formulação e por isso não precisam ser adicionados na hora da aplicação.
Também é importante conhecer a água que você tem disponível, observando se é ou não água dura e se é preciso usar algum adjuvante para adequar isso.
Mas precisamos ter precaução: utilizar adjuvantes quando não é necessário pode causar fitotoxicidade na cultura.
A quantidade indicada na bula do produto também deve ser respeitada, pois o excesso pode prejudicar a cultura.
E mesmo que não ocorra intoxicação das plantas, você pode estar gastando dinheiro à toa.
Não esqueça de adicionar o custo do adjuvante ao custo de sua aplicação.
Depois você pode verificar qual o custo por talhão de seu manejo, e se ele valeu mesmo a pena.
No Aegro você pode ter em poucos cliques o custo e ganhos por área, resultando na sua rentabilidade detalhada e descomplicada.
Dicas extras para a escolha do adjuvante
Não é preciso receita agronômica para produtos do tipo adjuvante agrícola desde novembro de 2017.
No entanto, ainda sim é importante verificar com seu consultor Engenheiro(a) Agrônomo(a) sobre o produto em questão, sendo essa uma das mais importantes dicas que posso te dar aqui.
Outro ponto muito relevante é ter conhecimento do produto, de seu rótulo e verificar se são confiáveis.
Também é importante ter os custos desse adjuvante e seu ganho em termos de produtividade na ponta do lápis, ou em planilhas e em software agrícola.
Como já comentamos, é assim que você saberá se o adjuvante agrícola realmente valeu a pena e se compensa comprá-lo nas próximas safras.
Fonte consultada para a realização do texto e que você pode ver mais sobre o assunto

- Aspectos da Biologia e Manejo das Plantas Daninhas/organizado por Patricia Andrea Monquero – São Carlos: RiMa Editora, 2014. 430p.
- Silva, A.A.; Ferreira, E.A.; Pires, F.R.; Ferreira, F.A.; Santos, J.B.; Silva, J. Ferreira.; Silva, J. Francisco.; Vargas, L; Ferreira, L.R.; Vivian, R.; Júnior, R.S.O.; Procópio, S. Proteção de Plantas – Manejo de Plantas Daninhas. Viçosa, 2010.
Além disso, neste ano teremos o II Workshop sobre Adjuvantes em Caldas Fitossanitárias promovido pela UNESP, na cidade de Jaboticabal.
Aqui neste link você tem mais informações sobre o evento.
Conclusão
Os inúmeros tipos de adjuvantes e diferentes situações de aplicação podem nos deixar confusos, mas depois de conhecer mais sobre cada um deles a escolha fica simples.
É claro que o adjuvante agrícola pode nos ajudar muito, fazendo com que tenhamos aplicações melhores e mais efetivas.
No entanto, se atente para quando realmente é preciso utilizá-los, sempre verificando se o custo vale a pena!
Leia também:
>> Guia para iniciantes sobre Agricultura de Precisão (AP)
>> Software para Agricultura de Precisão: O guia definitivo para escolher um
>> O que você precisa saber sobre regulagem e manutenção de implementos agrícolas
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