Armazenar milho pós-colheita da forma certa faz toda a diferença entre conservar o valor da colheita ou sofrer com perdas causadas por pragas, umidade e fermentação.
E não importa se você vai guardar o milho em sacaria, bombonas, silos ou até em casa: entender as opções e os cuidados é o primeiro passo.
Segundo dados da Embrapa (2023), até 30% da produção de milho pode ser comprometida por falhas no armazenamento.
Já o manejo pós-colheita adequado pode garantir uma redução de perdas para menos de 2%, preservando qualidade, vigor do grão e valor comercial.
Índice do Conteúdo
Como deve ser o armazenamento do milho?
O armazenamento do milho começa com o grão seco, limpo e colhido no ponto ideal de umidade.
Se você for guardar o milho por mais tempo, o ideal é que ele esteja com no máximo 13% de umidade. Acima disso, o risco de mofos e fermentação aumenta muito.
Além disso, é não é recomendado armazenar milho com grãos quebrados ou muito verdes, mas é necessário manter o ambiente limpo e sem resto de safras anteriores.
Antes de armazenar os grãos, também é importante preparar a unidade de armazenamento, fazendo o controle de pragas e da umidade.
Verifique toda a estrutura do silo ou armazém, corrija possíveis infiltrações, limpe bem o local e utilize produtos adequados para o manejo de insetos.
Esses cuidados ajudam a preservar a qualidade do milho e a evitar perdas durante o período de estocagem.
Quais são os 3 tipos de armazenamento do milho?
Para manter a qualidade do milho após a colheita, é necessário escolher o tipo de armazenamento mais adequado à realidade da fazenda.
Essa escolha deve considerar fatores como o teor de umidade dos grãos, o tempo previsto de armazenagem e custo benefício. Entenda:
1. Silo graneleiro
O silo graneleiro para armazenar milho é a estrutura mais indicada para grandes volumes, oferecendo recursos como termometria, aeração forçada e até sistemas de secagem incorporados.
Um dos maiores benefícios é o controle preciso da temperatura e umidade interna, reduzindo os riscos de deterioração. Por conta disso, é muito usado por cooperativas, usinas e produtores com maior escala.
A estrutura cilíndrica metálica protege contra variações climáticas, e o uso de sensores ajuda no monitoramento constante do ambiente interno, evitando perdas silenciosas.
2. Armazenamento em sacaria
O uso de sacaria de ráfia ainda é bastante comum em propriedades de pequeno e médio porte.
As sacas, geralmente de 50 a 60 kg, devem ser empilhadas sobre estrados de madeira ou pallets, mantendo-se longe do chão para evitar umidade ascendente.
É importante empilhar deixando espaço lateral e entre fileiras, para permitir circulação de ar, mas em ambientes fechados devem ter ventilação natural ou forçada.
3. Bombonas ou tambor plástico
As bombonas plásticas são ideais para armazenar milho em menores quantidades, especialmente quando o destino é o consumo doméstico, sementes ou alimentação animal.
Para a armazenagem não ser prejudicada, é preciso vedar, limpar e secar bem, evitando entrada de oxigênio, umidade e insetos.
As bombonas com tampa rosqueável e vedação de borracha oferecem maior proteção, sendo uma alternativa prática e segura em pequenas propriedades ou zonas urbanas.
Como armazenar o milho para não dar caruncho?
O caruncho do milho (Sitophilus zeamais) é uma das pragas mais comuns no armazenamento. Segundo a Embrapa, ele pode comprometer até 40% da produção armazenada se não houver controle.
Para evitar:
- Faça a limpeza completa do local antes de armazenar;
- Nunca misture milho novo com milho velho;
- Reduza a umidade abaixo de 13%;
- Use produtos autorizados para controle de pragas de armazenamento;
- No caso do milho de plantio, evite o uso de inseticidas e prefira o armazenamento hermético (bombonas bem vedadas).

Manejo pós-colheita de grãos de milho
O armazenamento de milho começa muito antes dos grãos entrarem no silo.
O manejo pós-colheita envolve etapas que garantem a conservação da qualidade, evitam perdas e aumentam o valor comercial do produto. Entenda:
1. Limpeza
A remoção de impurezas como palha, sabugo e sementes quebradas deve acontecer logo após a colheita para evitar fungos e pragas.
Utilize peneiras, ventiladores agrícolas ou mesas densimétricas para esse processo. Uma boa limpeza é o primeiro passo para manter a qualidade do lote.
2. Secagem
A umidade dos grãos deve ser reduzida para 13% ou menos para armazenamento de longa duração. Se estiver acima de 16%, é necessário o uso de secadores mecânicos ou secagem ao sol com revolvimento diário.
A secagem rápida e uniforme evita o desenvolvimento de fungos, toxinas e fermentações indesejadas, além de preservar o valor nutricional.
3. Classificação
Classificar o milho é separar os grãos por tamanho, peso específico e qualidade sanitária, que etapa é uma etapa importante para determinar o uso final: comercialização, alimentação ou semente.
Além disso, a classificação facilita a gestão de estoque, permitindo melhores negociações de preço, especialmente em mercados exigentes.
4. Armazenamento
Após seco e limpo, o milho deve ser armazenado em estruturas compatíveis com o volume e objetivo do produtor.
A escolha entre silo graneleiro, sacaria ou bombonas depende do espaço, da frequência de uso e do tempo de guarda.
É importante manter a monitoria constante, com termômetros e verificações visuais. O uso de lonas ou plásticos nos armazéns também auxilia no isolamento da umidade externa.
Tipos de silos para armazenamento de milho
A escolha da estrutura de armazenagem influencia na conservação dos grãos, na logística da fazenda e nos custos operacionais.
No Brasil, diferentes tipos de silos são utilizados conforme o porte da propriedade, o volume de produção, o tempo de estocagem e os recursos disponíveis. Veja qual o ideal:
1. Silo metálico
O silo metálico é o mais utilizado em propriedades de médio e grande porte, por oferecer alto controle ambiental interno.
Isso acontece a partir de sistemas de aeração forçada, termometria automatizada e monitoramento remoto, que reduzem o risco de perdas por calor e fungos.
Esses silos têm alta durabilidade estrutural, podendo armazenar até milhões de sacas de milho com segurança por mais de 18 meses, desde que bem manejados.
2. Silo bolsa
O silo bolsa é uma estrutura flexível e tubular, produzida em polietileno com camadas protetoras anti-UV.
Muito usado em países como Argentina e Brasil, é ideal para armazenamento temporário diretamente na lavoura.
Com custo inferior aos silos metálicos, permite armazenar milho por até 18 meses em ambiente hermético.
Esse sistema limita o contato com o oxigênio, dificultando o desenvolvimento de fungos e insetos.
3. Silo trincheira
O silo trincheira é construído com paredes de alvenaria ou escavado diretamente no solo, e normalmente utilizado para silagem. No entanto, pode ser adaptado para armazenar milho seco em pequenas quantidades.
É uma solução acessível e de fácil construção, porém requer cobertura adequada, drenagem eficiente e monitoramento constante da umidade para evitar perdas por fermentação ou contaminação por água de chuva.

Quanto tempo o milho pode ficar armazenado?
O milho seco e bem armazenado pode durar de 6 meses a 1 ano sem perder qualidade. Em silos com controle de temperatura e baixa umidade, esse prazo pode ser superior a 18 meses.
Já o milho destinado ao plantio deve ser utilizado em até 6 meses para garantir o vigor e a germinação.
Após esse período, mesmo com boas condições de armazenamento, a qualidade fisiológica da semente pode cair, comprometendo a produtividade da próxima safra.
O tempo ideal de armazenagem depende também do tipo de estrutura utilizada, do teor de umidade dos grãos no momento do armazenamento e das boas práticas adotadas durante o manejo pós-colheita.
Armazenamento do milho no Brasil
Apesar de avanços, o Brasil ainda tem deficiência na estrutura de armazenamento de grãos.
Segundo dados da Conab (2024), apenas cerca de 15% dos produtores possuem silos próprios. A maioria depende de armazéns terceirizados ou improvisa soluções temporárias.
Essa limitação compromete o planejamento da comercialização, aumentando as perdas por deterioração e contaminação, pressionando a venda mais rápida após a colheita em momentos de preços desfavoráveis.
Além disso, a logística de transporte se torna mais onerosa e concentrada, especialmente nas regiões com maior produção, como o Centro-Oeste.
Investir em armazenamento próprio e adotar boas práticas de manejo pós-colheita são formas de reduzir drasticamente as perdas, melhorando a gestão do estoque e aumentando o poder de negociação no mercado.


Engenheiro Agrônomo, Mestre e Doutorando em Produção Vegetal pela (ESALQ/USP). Especialista em Manejo e Produção de Culturas no Brasil.