O capital de giro rural é necessário para custear as diversas atividades da fazenda. Isso vale para desde as mais simples às mais complexas, para as quais nem sempre há dinheiro.
Diversos bancos oferecem capital de giro rural, que pode ser investido em implantação e ampliação da produção, beneficiamento, industrialização e serviços rurais, etc. Por isso, ele é de grande relevância para a gestão da sua empresa rural.
Saiba neste artigo como obter recursos para o capital de giro, quais são os tipos e onde usar esse dinheiro. Boa leitura!
Índice do Conteúdo
O que é capital de giro rural?
O capital de giro rural é o valor que você precisa para sustentar a produção enquanto o dinheiro da venda não entra no caixa.
Ou seja, é o recurso usado para comprar sementes, defensivos, combustível para maquinário, pagar funcionários e cobrir despesas do dia a dia até que a colheita seja vendida e o pagamento recebido.
O capital de giro também funciona como uma reserva de dinheiro que será utilizada para suprir necessidades financeiras que aparecem ao longo da atividade agrícola.
No caso do produtor rural familiar, esse valor muitas vezes representa a principal fonte de renda da família, que depende exclusivamente da produção da propriedade.
Por isso, separar, planejar e manter disponível esse recurso é importante para evitar dívidas altas e atrasos no cumprimento das obrigações financeiras.
Quais são os 3 tipos de capital de giro?
Os tipos de capital de giro rural se dividem em capital de giro próprio, capital de giro financiado e necessidade de capital de giro.
A utilização de cada um deles depende da saúde financeira da fazenda, do momento do ciclo produtivo e do nível de risco que se está disposto a assumir. Veja abaixo:
- Capital de giro próprio: Vem do dinheiro que você já tem em caixa ou reserva financeira. É a forma mais barata de manter as operações, pois não depende de empréstimos;
- Capital de giro financiado: É o dinheiro que bem de linhas de crédito, como custeio agrícola ou crédito rural para capital de giro. Permite que você continue produzindo mesmo quando o caixa está apertado, mas exige um bom planejamento financeiro para não comprometer a renda futura;
- Necessidade de capital de giro: É o valor que falta para cobrir todas as despesas até que o dinheiro da venda entre na conta.
Qual o melhor empréstimo para produtor rural?
O melhor empréstimo para capital de giro rural é aquele que acompanha o ciclo da sua produção. Com isso, as opções mais usadas são:
- Linhas de crédito rural de custeio: Oferecidas pelos bancos dentro do Plano Safra, têm juros mais baixos e prazos que acompanham o calendário da lavoura, sendo ideais para capital de giro para a próxima safra;
- Empréstimos específicos para capital de giro: Algumas instituições financeiras oferecem crédito rápido para despesas operacionais da fazenda. Os juros costumam ser maiores que no custeio, mas a liberação é mais ágil;
- Antecipação de recebíveis: Se você já tem contrato de venda ou notas a receber, pode adiantar o pagamento para garantir capital de giro imediato.
Antes de contratar qualquer linha de crédito, é importante comparar taxas, prazos e condições para não comprometer sua renda futura.

Onde usar o capital de giro?
O capital de giro rural serve para cobrir despesas em geral, como a compra de sementes e defensivos, até a aquisição de maquinário agrícola ou pagamento de fornecedores.
Também é usado para manter as operações administrativas e de campo, equilibrar o fluxo de caixa, e cumprir obrigações como impostos e salários.
Em alguns casos, esses recursos vêm de linhas de crédito, que financia as atividades agrícolas e pecuárias, além de ser usado para manter em dia:
- Despesas de rotina: peças ou consertos de equipamentos, compra de ferramentas, maquinários de pequeno e grande porte, contas de energia;
- Manutenção de atividades realizadas em campo, no escritório ou na sede da fazenda ou agroindústria;
- Geração de fluxo de caixa e balanceamento do ativo e do passivo financeiro;
- Compra de insumos (corretivos de solo, adubos, fertilizantes, agrotóxicos);
- Pagamento de fornecedores, impostos, salários de colaboradores e outras despesas.
O capital de giro rural serve também como complemento de recursos para ser utilizado nas despesas da fazenda com certa limitação de uso por conta das regras do MCR (Manual de Crédito Rural).
Como gerir o capital de giro?
Obter o capital de giro rural é essencial para a sua fazenda, mas ele também precisa ser bem gerido para que o gasto não saia do controle. Veja abaixo algumas dicas de gestão eficiente do capital de giro:
- Já que você está com o dinheiro, o ideal é fazer compras à vista, que geralmente saem mais em conta que a prazo. Lembre-se de pegar a nota fiscal ou recibo da compra;
- No acompanhamento do fluxo de caixa, é essencial também que você verifique o aumento do preço dos produtos ou serviços, de modo que estabeleça, com base nisso, uma maior margem de lucro na venda da sua produção;
- Tenha cuidado também com o excesso de empréstimos e financiamentos. Além de ter mais trabalho para gerir todos eles, você precisa honrar cada um e se atrasar as parcelas ainda paga com juros maiores se fosse pago em dia;
- Evite gastos excessivos e reduza seu custo de produção: Você não vai deixar de investir onde precisa, mas sim no que realmente é necessário.
Como se planejar para manter o capital de giro?
O planejamento de como será investido o seu capital de giro deve seguir como é feito com o crédito rural. Nele, o projeto precisa ser seguido conforme foi apresentado ao banco.
No capital de giro, esse planejamento exige mais disciplina da sua parte porque o único fiscal que averigua se o dinheiro está sendo aplicado conforme o programado é você.
No planejamento, devem constar ampliação do capital de giro por meio da margem de lucro e o que pode ser feito por meio do aumento da produtividade. Essa ampliação também pode acontecer através da melhoria na qualidade do seu produto e da busca por novos mercados.
Com isso, você tem muito mais possibilidade de criar até o seu próprio capital de giro para a próxima safra, sem precisar depender de financiamentos para isso.
Quais são os tipos de capital de giro na agricultura?
Na agricultura, o capital de giro pode assumir diferentes formas, cada uma com um papel estratégico no planejamento financeiro da propriedade e no aproveitamento de oportunidades de investimento. Com isso, existem quatro categorias de capital de giro:
- Capital de giro líquido;
- Capital de giro negativo;
- Capital de giro próprio;
- Capital de giro associado a investimentos.
1. Capital de giro líquido
O capital de giro líquido é a quantia que sobra após subtrair o passivo circulante (obrigações a serem pagas no período de um ano) do ativo circulante (bem ou direito que pode ser convertido em dinheiro em curto prazo).
2. Capital de giro negativo
O capital de giro negativo ocorre quando o valor das dívidas em determinado período é maior do que os valores disponíveis em caixa e os bens de capital.
O capital de giro negativo deve ser temporário e de curto prazo. Caso contrário, resulta em desorganização do andamento das atividades, impossibilitando a realização das mesmas.
Para ele ser saneado logo, é preciso ter uma arrecadação futura de curto prazo.
3. Capital de giro próprio
O capital de giro próprio é o mais apropriado para se ter. Uma empresa rural com capital de giro próprio é aquela que segue um nível de excelência em gestão.
Com isso, a empresa rural não necessita pegar dinheiro emprestado para ter capital de giro: a cada safra, ela já separa um valor determinado para isso, conforme o planejamento.
4. Capital de giro associado a investimentos
O capital de giro associado a investimentos é aquele utilizado na cobertura de despesas com os variados investimentos necessários para a fazenda.
Um exemplo é a compra de maquinários, ampliação de galpões ou da estrutura de beneficiamento da agroindústria.
Como calcular o capital de giro rural?
Para calcular o capital de giro rural é preciso reunir algumas informações e garantir que a fazenda funcione sem imprevistos financeiros durante o ciclo produtivo. O cálculo é simples:
- Liste todas as despesas até a colheita ou até o momento em que o pagamento das vendas entra na conta;
- Projete as receitas esperadas no mesmo período, considerando o valor e o prazo de recebimento dos compradores;
- Compare despesas e receitas. Se sobrar dinheiro, ótimo. Se faltar, é necessário um aporte de capital de giro ou buscar crédito rural para não atrasar pagamentos e evitar dívidas caras.
Exemplo de cálculo de capital de giro rural
Imagine uma fazenda que está se preparando para a safra de soja e projeta os seguintes custos e receitas para os próximos 6 meses:
Despesas previstas:
- Sementes: R$ 10.000
- Adubos e fertilizantes: R$ 8.000
- Defensivos agrícolas: R$ 5.000
- Combustível e manutenção de máquinas: R$ 7.000
- Mão de obra: R$ 15.000
- Fretes e logística: R$ 5.000
- Alimentação do gado: R$ 3.000
Total de despesas: R$ 53.000
Receitas previstas:
- Venda da produção: R$ 40.000 (com recebimento só após 3 meses)
Com essas anotações feitas, faça a conta: R$ 53.000 – R$ 40.000 = R$ 13.000
Ou seja, é preciso R$ 13.000 de capital de giro para manter a operação funcionando até o recebimento das vendas.
Ter esse valor disponível, seja de recursos próprios ou por meio de crédito, já garante um melhor uso dos recursos e que a safra seja produtiva e financeiramente saudável.
Como financiar capital de giro para produtor rural em 2025?
O financiamento rural de capital de giro pode ser feito por meio de instituições financeiras, como bancos oficiais, a exemplo do Banco do Brasil, BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e Banco da Amazônia.
BB Agro
No Banco do Brasil, o capital de giro rural funciona por meio do BB Giro Agro, crédito rotativo de capital de giro para a atividade agropecuária.
Com o BB Giro Agro, é possível adquirir bens ou insumos utilizados na atividade rural. Isso tanto na fase de produção, comercialização, beneficiamento ou industrialização.
Podem ter acesso ao BB Giro Agro produtores rurais pessoa física, exceto inscritos no Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar).
As taxas de juros aplicadas são as do mercado, com prazo de pagamento para 360 dias e possibilidade de renovação automática do crédito.
Capital de giro rural no BNDES
Produtores beneficiários do Pronaf associados a cooperativas podem acessar esse recurso.
O financiamento permite aplicar recursos em capital de giro, custeio ou investimentos por meio da cooperativa.
- Taxa de juros: até 6% ao ano;
- Valor máximo: até R$ 75 mil por produtor; até R$ 55 milhões para cooperativas, respeitando o limite por associado;
- Prazo: até 6 anos, incluindo carência.
Além disso, há linhas específicas do Pronaf para custeio, agroindústria, agroecologia, entre outras modalidades de crédito rural.
Giro Produtor Rural no Banco da Amazônia
O Giro Produto Rural no Banco da Amazônia é para aquisição de bens, matérias-primas, insumos e produtos, com prazo de pagamento em até 2 anos.
O bando dispensa garantias nas operações de até R$ 100 mil, com “taxas de juros atrativas”. Pessoas físicas e jurídicas correntistas do banco podem ter acesso ao Giro Produtor Rural.
Dicas para manter o capital de giro saudável na fazenda
- Use tecnologia para controlar o fluxo de caixa: Sistemas de gestão ajudam a acompanhar entradas e saídas, evitando surpresas;
- Planeje safra a safra: Tenha um calendário financeiro, sabendo quando vai gastar e quando vai receber;
- Negocie prazos e descontos: Comprar insumos no momento certo pode reduzir custos e aliviar a necessidade de crédito;
- Mantenha uma reserva financeira: Parte do lucro da safra anterior pode ser separada para cobrir emergências;
- Evite comprometer o caixa com dívidas caras: Analise juros e só contrate crédito se a receita futura cobrir com folga os pagamentos.


Daniel Oliveira
Formado em Ciências Contábeis, pós-graduado em gestão financeira, Mestre em Contabilidade e finanças pela UFMG, Doutorando em Economia aplicada pela USP Esalq.