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Como as ondas de calor e seca podem afetar a soja e milho

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Ondas de calor e seca: O efeito de temperaturas acima das ideais e baixas pluviosidades para as culturas agrícolas e como o produtor pode se precaver para manter bons níveis de produtividade nesses casos

Introdução

É cada dia mais comum ouvirmos no meio rural que o clima tem influenciado negativamente na produção agrícola. O agronegócio é, em sua maioria, uma “indústria a céu aberto”, o que faz com que a atividade seja muito mais susceptível aos efeitos climáticos, sejam eles amenos ou mais extremos.

A temperatura é um fator primordial para o crescimento de plantas juntamente com a disponibilidade de água, os nutrientes, a radiação solar e demais fatores. Porém, grandes alterações de temperatura, tanto para mais ou para menos, podem causar prejudicar o crescimento de plantas e gerar queda de produtividade.

Com uma tendência de aumento global de temperatura, espera-se que as perdas por ondas de calor na agricultura mundial sejam cada vez maiores e mais recorrentes, por isso é importante conhecermos os efeitos da temperatura e água nas plantas, quais as soluções para diminuir os riscos e as técnicas de manejo para amenizar seus efeitos.

Nesse artigo trataremos do efeito das ondas de calor em cultivos agrícolas, com ênfase especial em milho e soja. Siga conosco.

Estresses abióticos e suas causas

Os estresses abióticos são definidos como alterações em fatores não-vivos que levem a condições não ideais para os cultivos agrícolas. Eles normalmente são alterações nos seguintes fatores: temperatura, precipitação, nutrientes, nível de poluentes ou materiais tóxicos, salinidade, etc.

A influência do clima, contudo, é a mais comumente reportada como limitante, sendo que a restrição hídrica e as altas temperaturas são as mais impactantes na agricultura tropical brasileira. Apesar de terem efeitos um pouco diferentes, normalmente os estresses de altas temperaturas (térmico) e de baixa disponibilidade de água (hídrico), acontecem em conjunto. 

Os padrões de alteração de elevação de temperatura e alteração do regime de chuvas são normalmente influenciados por efeitos climáticos, como o El Niño e La Niña e também por padrões globais que se alteram ao longo dos anos.

No Brasil, o fenômeno La Niña normalmente é relacionado à evento de seca e altas temperaturas no Sul do país, como observado na safra 2022/23. Já o El Niño causa efeitos similares na região Centro-Oeste, como visto no início da safra 2023/24.

Efeitos do El Niño e La Niña no Brasil (Fonte: Kasuya)

Como as ondas de calor e seca influenciam as plantas?

Toda planta tem uma faixa ideal de temperatura e estado hídrico em que ela tem seu ponto ótimo de metabolismo. Temperaturas acima ou abaixo da faixa ideal causam diminuição na eficiência metabólica, na atuação de enzimas, refletindo nos níveis de transpiração, respiração e fotossíntese. Isso acarreta perda na acumulação de biomassa e impactos negativos na produtividade.

Ao vivenciar uma situação de estresse, as plantas lançam mão de estratégias para acelerar sua produção, gerar sementes e perpetuar a espécie. Algumas dessas estratégias são o encurtamento de ciclo, senescência foliar, aborto e derrubada de estruturas reprodutivas (como flores e frutos). Essas estratégias de sobrevivência, normalmente são contrárias à alta produção. 

Os estresses por calor ou seca, causam problemas principalmente nos processos abaixo:

Influência do calor e seca na soja e milho

Além dos fatores citados acima, o calor e seca alteram o ciclo de produção da soja e do milho. Os estresses abióticos atuam de maneira diferente em cada estádio de desenvolvimento das culturas do milho e da soja.

Em termos de condições ideais, há diferenças entre a soja e o milho, principalmente por serem plantas com metabolismos diferentes, C3 e C4. A soja se desenvolve melhor em temperaturas na faixa dos 20 aos 28 oC, enquanto o milho tem uma faixa mais alta de 24 a 30 oC. Em termos hídricos, há grande variação entre os materiais genéticos, mas a faixa de 400 a 800 mm ao longo do ciclo, é o mais comum para ambas as culturas.

Além das influências citadas acima, há alterações também no ciclo das culturas e suas épocas de plantio e colheita. Condições de pouca pluviosidade combinada com calor extremo normalmente levam ao atraso no plantio da soja, pois o produtor aguarda por condições mais propícias e seguras para o plantio.

Dessa forma, um plantio tardio da soja causa um atraso em sua colheita e consequente atraso no plantio do milho. A soja tardia corre mais riscos de perdas por doença, além da diminuição da produtividade por questões como radiação e temperatura.

Já no milho, um atraso na safrinha aumenta grandemente a possibilidade de limitação hídrica no final do ciclo, com a redução natural de chuvas no Outono e consequente perda de produtividade.

Ciclo vegetativo da soja (Fonte: Aegro)

Ciclo vegetativo do milho (Fonte: Aegro)

Técnicas para manter produtividade frente a ondas de calor

Existem técnicas que podem ser usadas para aumentar a tolerância e amenizar os efeitos das ondas de calor e secas no campo. Hoje em dia, cada vez mais se usam técnicas conservacionistas que visam dar maior robustez ao sistema agrícola como um todo.

Abaixo citamos alguns exemplos:

Conclusão

As condições climáticas afetam grandemente a viabilidade e rendimento das culturas agrícolas. Condições não-ideais de temperatura e pluviosidade causam alterações metabólicas nas plantas, levando à limitação da produção.

Esses extremos climáticos podem ser causados por fenômenos específicos regionais ou fazem parte de um padrão global. As perdas por esse motivo podem causar quebras de safra de produtos agrícolas, com consequente alteração nos seus preços, levando a insegurança alimentar.

O produtor pode lançar mão de técnicas para se prevenir ou para amenizar os efeitos nocivos dos estresses abióticos e deve estar atento às possibilidades que são apresentadas.

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