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Sistemas de colheita: Como ter uma colheita mais eficiente?

como é feita a colheita de soja

A colheita é mais do que o fim do ciclo produtivo: é o momento de concretizar todo o investimento e trabalho dedicado à lavoura.

Uma colheita bem executada aumenta o retorno sobre o investimento, enquanto falhas podem significar grandes prejuízos.

Por isso, entender e aplicar bem os sistemas de colheita é tão importante quanto usar uma boa semente.

Mais do que técnica, a colheita exige planejamento e decisões bem pensadas para garantir que todo o potencial da lavoura se transforme em resultado.

Quais os principais tipos de sistemas de colheita?

A escolha dos sistemas de colheita afeta a eficiência, os custos e a qualidade do produto final.

Basicamente, dividimos os tipos de colheita em três categorias principais: manual, mecanizada e automatizada.

A evolução entre esses sistemas reflete uma busca contínua por maior eficiência na agricultura, impulsionada por fatores econômicos, como custos de mão de obra e disponibilidade de novas tecnologias. Confira:

1. Colheita manual

A colheita manual envolve o uso de mão de obra humana com ferramentas simples, como foices ou cestos.

É comum em pequenas propriedades, na agricultura familiar e, principalmente, em culturas que exigem um manuseio mais cuidadoso ou seletivo, como certas frutas, hortaliças e cafés especiais.

Esse tipo de colheita ainda pode ser feita por derriça, quando é retirado todos os frutos de uma vez, ou de forma seletiva, colhendo apenas os frutos maduros em várias passadas.

Quais os benefícios da colheita manual?

O maior benefício da colheita seletiva, é a qualidade superior do produto final, pois apenas os itens no ponto ideal são colhidos. Isso é importante para mercados que exigem alta qualidade, como o de cafés especiais.

Além disso, permite que os trabalhadores observem a saúde das plantas e identifiquem problemas como pragas ou doenças.

O investimento inicial em equipamentos é baixo e, socialmente, pode gerar mais empregos na área rural.

Quais as desvantagens da colheita manual?

Entre os sistemas de colheita, a colheita manual tem uma produtividade pessoa menor. Há uma forte dependência da disponibilidade de mão de obra, que pode ser menor e cara em algumas regiões, como no Brasil.

A colheita seletiva, apesar de garantir qualidade, é mais demorada e a falta de trabalhadores no momento certo pode levar a perdas na lavoura.

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2. Colheita mecanizada

Na colheita mecanizada as máquinas agrícolas, como as colheitadeiras, realizam o trabalho.

É o sistema predominante em médias e grandes propriedades e em culturas extensivas como soja, milho, trigo, algodão e cana-de-açúcar.

O uso de máquinas aumenta a velocidade e a escala da operação, cobrindo grandes áreas em menos tempo e reduzindo a necessidade de um grande número de trabalhadores.

Em regiões com mão de obra cara, a mecanização pode se tornar mais rentável a longo prazo, apesar do investimento inicial.

Quais os benefícios da colheita mecanizada?

Alta produtividade e eficiência são os maiores benefícios da colheita mecanizada, permitindo colher grandes volumes rapidamente.

Além disso, reduz a dependência e os custos associados à mão de obra. Assim, com ajustes adequados, algumas máquinas agrícolas permitem certo controle de qualidade.

Quais as desvantagens da colheita mecanizada?

O investimento inicial em máquinas e infraestrutura é alto e ainda exige mão de obra qualificada para operar e manter os equipamentos.

Em culturas onde a seletividade é chave para a qualidade, como o café, a colheita mecanizada pode resultar em um produto de menor valor por colher frutos em diferentes estágios de maturação.

Existem limitações de terreno, pois máquinas grandes podem não operar bem em áreas muito inclinadas.

Há também preocupações com o impacto ambiental, como a compactação do solo pelo peso das máquinas, e o impacto social pela redução de postos de trabalho.

3. Colheita automatizada/robótica

Representa a evolução da colheita mecanizada, incorporando tecnologias avançadas como sensores, inteligência artificial (IA) e robótica.

As máquinas automatizadas ou robôs agrícolas podem realizar a colheita com mínima ou nenhuma intervenção humana direta, operando com base em dados e algoritmos para otimizar o processo.

Alguns sistemas são capazes de identificar e selecionar produtos individualmente com base em critérios como maturação e qualidade, usando visão computacional.

Quais os benefícios da colheita automatizada/robótica?

O potencial de aumento da eficiência e precisão é enorme, com máquinas operando continuamente e realizando tarefas com consistência com a colheita automatizada.

A automação pode reduzir custos operacionais a longo prazo, diminuindo a necessidade de mão de obra e otimizando o uso de insumos.

Além disso, diminuir perdas e desperdícios durante a colheita e manuseio e reduzir o impacto ambiental pelo do uso mais eficiente de recursos.

Quais as desvantagens da colheita automatizada/robótica?

O custo inicial ainda é muito elevado, sendo uma barreira significativa, especialmente para pequenos e médios produtores.

A tecnologia ainda está em desenvolvimento e pode enfrentar desafios em lidar com a complexidade de certas culturas, condições climáticas variáveis ou terrenos irregulares.

A necessidade de infraestrutura de suporte e a aceitação por parte dos agricultores, que podem hesitar em adotar processos radicalmente novos, também são desafios.

Essa barreira de custo e complexidade pode acentuar a diferença entre grandes fazendas tecnificadas e operações menores, impactando a estrutura social no campo, uma tendência já observada na transição do manual para o mecanizado.

Como a IA pode ser uma estratégia no setor agrícola?

Como escolher o melhor sistema para colheita?

Não existe um único sistema de colheita que seja o melhor para todas as situações. A decisão depende de vários fatores e exige uma análise estratégica por parte do produtor. Com base nisso, observe:

A escolha do método de colheita deve equilibrar eficiência operacional, custos, qualidade do produto final e sustentabilidade da operação a longo prazo.

Como melhorar a colheita das principais culturas brasileiras?

Otimizar a colheita não se resume a ter a máquina mais moderna. O processo começa muito antes, com decisões tomadas durante todo o ciclo da cultura.

A escolha da cultivar, as práticas de plantio, o manejo do solo e o controle de pragas e daninhas influenciam na facilidade e a eficiência da operação de colheita.

Uma colheita eficiente exige conhecimento específico sobre as regulagens críticas da máquina e os os fatores de perda para cada cultura. Confira:

CulturaPonto Ideal de Colheita Regulagens ChavePrincipais Fatores de Perda
Soja13-14% Plataforma (corte baixo, molinete), Trilha (cilindro lento, côncavo aberto), Limpeza (peneiras, vento) Plataforma (>70%), Atraso, Umidade inadequada, Regulagem incorreta
MilhoGrãos: ~25% (mat. fis.) ou 18-20% Plataforma (altura), Trilha (abertura p/ espiga), Limpeza Atraso (grãos secos > degrana), Umidade, Regulagem, Velocidade
CanaMaturidade industrial (ATR)Corte de base (altura), Velocidade, Rotação do extrator Corte basal, Extrator (lascas), Pisoteio/Compactação, Declividade
Arroz Irrig.20-24% Ajuste p/ cultivar, Cilindro, Côncavo, Peneiras, Vento. Evitar orvalho Umidade inadequada, Regulagem incorreta, Atraso na secagem (amarelecimento)
AlgodãoCapulhos abertos, baixa umidadeAjustes da unidade colhedora (picker/stripper), Limpeza. Uso de desfolhante Regulagem da máquina (<95% eficiência), Contaminação (folhas, daninhas), Umidade
FeijãoDepende do sistema (direto/indireto)Direto: Plataforma, Trilha. Indireto: Ceifa (altura), Recolhimento, Trilha Axial Plataforma (direto), Vagens baixas, Desuniformidade, Terreno, Daninhas, Clima (indireto)

Embora as regulagens específicas variem, os princípios básicos da colheita mecânica são universais.

Isso reforça a importância de operadores bem treinados e com conhecimento técnico, capazes de ajustar as máquinas dinamicamente às condições encontradas no campo.

A calibração cuidadosa e a manutenção preventiva são igualmente importante em todas as culturas.

Planejamento e logística: Como ter uma colheita eficiente?

Uma colheita eficiente não depende apenas da máquina, da escolha entre os sistemas de colheita e do operador no momento em que entram na lavoura.

O sucesso é construído sobre a escolha do melhor sistema de colheita, planejamento cuidadoso e uma logística bem executada.

Ou seja, uma estratégia de colheita eficaz começa muito antes das máquinas ligarem os motores, iniciando por:

    Desafios logísticos no Brasil

    A logística é um problema frequente da colheita no Brasil, especialmente para grãos.

    Mesmo com uma colheita eficiente no campo, gargalos no escoamento e armazenamento podem gerar grandes prejuízos. Os principais desafios incluem:

    A integração entre o planejamento operacional e logístico se complementam, então não adianta ter a colhedora mais rápida se o escoamento do produto não for eficiente.

    A sincronização entre as colhedoras e unidades de transbordo, por exemplo, é fundamental para evitar ociosidade das máquinas no campo.

    Colhendo os frutos da eficiência

    Dominar os sistemas de colheita é o que vai fazer a sua propriedade ter mais rentabilidade.

    Desde a escolha do método de colheita mais adequado, até o planejamento das operações e a execução precisa no campo, cada detalhe conta para aumentar o potencial produtivo da lavoura.

    A colheita eficiente não é fruto do acaso, mas sim da combinação certa de conhecimento agronômico específico para cada cultura, máquinas apropriadas e bem reguladas, operadores capacitados e uma atenção constante à logística de escoamento e armazenamento.

    A tecnologia, principalmente as ferramentas da agricultura de precisão, oferece recursos para monitorar, analisar e otimizar cada etapa, transformando dados em decisões mais inteligentes.

    Adotar uma estratégia de colheita proativa e informada é, sem dúvida, investir no sucesso e no futuro da sua produção agrícola, além de contar com o software de gestão rural Aegro.

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    Mathias Bergamin

    Engenheiro Agrônomo (UFRGS, Kansas State) e especialista de Novos Negócios na Aegro. Reconhecido como referência em Agricultura Digital, especialização em administração, gestão rural, plantas de lavoura.

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