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Evelise Martins da Silva - 17 de setembro de 2020
Atualizado em 22 de maio de 2023
Solo alcalino: como identificar e as opções mais efetivas para corrigir o pH em sua propriedade
O pH de um solo tem relação direta com a disponibilidade dos nutrientes. E a nutrição correta das suas plantas é um dos principais fatores para o sucesso da produção.
A correção dos solos pode até parecer um detalhe do manejo, mas a realidade é que ela é uma das principais práticas a ser realizada para a fertilidade do solo.
Em solos ácidos, as práticas são mais conhecidas, pois a maior parte dos solos tropicais é acidificada. Mas a presença de solos alcalinos também é uma realidade brasileira e é necessário ajustar o pH para as plantas.
Qual corretivo utilizar? Qual o manejo realizar? Confira essa e outras respostas a seguir!
Índice do Conteúdo
O pH é o potencial ou teor de hidrogênio do solo, do H⁺ presente na solução do solo e um dos principais indicadores da sua fertilidade.
A variação do pH se encontra entre 1 e 14, sendo 7 o valor para um solo neutro.
É considerado um solo ácido aquele com pH abaixo de 5,5, o qual estaria saturado de H⁺ e com maior presença de Al³. Os solos com pH acima de 7 são solos alcalinos.
A faixa ideal de pH para as plantas gira em torno de 6 a 7, pois nessa faixa os nutrientes se encontram mais disponíveis.
A relação direta com a fertilidade é no equilíbrio químico de trocas que acontecem e disponibilizam ou complexam os nutrientes no solo. A capacidade de troca de cátions, a CTC do solo, também é pH dependente.
Como solos alcalinos possuem baixa quantidade de íons de H e Al, os pontos de troca de cargas encontram-se ocupados por bases trocáveis.
O clima e a morfologia têm interferência direta no tipo de solo. O solo alcalino é característico das regiões com climas mais seco ou semi-árido (ou ainda com processos inundativos), como alguns solos do nordeste e Pantanal.
A alcalinidade também pode ocorrer devido à calagem feita de forma equivocada, por exemplo.
Os solos alcalinos possuem um poder tampão forte, ou seja, apresentam resistência à mudança do seu pH.
A presença de carbonatos de cálcio e magnésio no solo promovem a neutralização de adubações acidificantes.
O acúmulo de sais de cálcio, magnésio, potássio e carbonato de sódio saturam as cargas negativas do solo e diminuem a disponibilidade de micronutrientes como Manganês, Zinco, Ferro, Cobre e do macro P (potássio).
A análise de solo é a principal ferramenta para identificar todas as condições do solo. Já falamos aqui no blog sobre o assunto, confira: Análise química do solo: o porquê da sua realização.
Um indicador visível na lavoura de que o solo está alcalino pode ser a clorose promovida pela deficiência de ferro. Isso ocorre pois, no processo da fotossíntese, o ferro é um elemento importante. A clorose se inicia nas folhas jovens com o amarelecimento do limbo foliar.
Assim como na correção de solos ácidos utilizamos fontes minerais, em solos alcalinos elas também são uma das opções.
É possível utilizar materiais como enxofre e adubos nitrogenados, mas também a utilização de adição de material orgânico e manejos com leguminosas.
O planejamento agrícola aqui é fundamental, pois alguns processos de correção são lentos e têm interferência direta com a umidade, temperatura e bactérias presentes no solo.
O enxofre elementar (So) contribui para a regulação do pH do solo e é uma das opções com ótimo custo benefício.
Alguns fatores são importantes e devem ser considerados no seu uso, como a granulometria do produto, que interfere na reação do mesmo, e o solo possuir umidade para solubilização.
A liberação do S no solo é um processo de oxidação biológica e, por isso, a presença de bactérias sulfurosas para realizar a transformação do S em sulfato (SO4)² é fundamental.
O enxofre é uma barreira física, semipermeável que permite que a ureia seja solubilizada de forma gradual.
A sua atuação na diminuição do pH do solo é percebida em cerca de duas a três semanas após a aplicação, por sua reação no solo.
É um bom fertilizante, pois, com o revestimento, a lixiviação e volatilização diminuem em cerca de 50%. É promovida uma proteção gradual às ureases presentes nos solo e resíduos, auxiliando a lenta disponibilização para o solo.
O sulfato de amônio é comumente utilizado para a adubação de cobertura. Como esse fertilizante conta com a presença de N e S, seu processo no solo promove a acidificação do mesmo.
O ciclo natural de decomposição da matéria orgânica promove a geração de ácidos orgânicos.
Por isso, uma das formas de promover a acidificação do solo é a adição de matéria orgânica como compostos ou turfa na camada arável do solo, de 0 cm a 20 cm.
O ideal é fazer aplicações graduais, podendo ser seguidas de aplicação de microrganismos benéficos como EM, Bacilus subilits ou biofertilizantes que possam contribuir com a microbiota do solo. Isso favorece a decomposição da matéria orgânica adicionada.
Como um dos principais papéis das leguminosas no solo é a adição de nitrogênio, esse passa naturalmente pelo processo de nitrificação e, consequentemente, lixiviação do nitrato, promovendo a acidificação do solo pela liberação maior de íons H+.
Além disso, o processo de decomposição da massa verde também gera ácidos orgânicos no solo, ou seja, contribuindo para a acidificação do solo.
Sem dúvidas, a correção dos solos alcalinos é fundamental para a produtividade da sua lavoura.
Neste artigo, você viu diversas possibilidades de corrigir um solo alcalino, como adubação verde, adubação nitrogenada, utilização de enxofre e ureia, por exemplo.
A escolha da melhor prática do ponto de vista técnico e econômico será a chave do seu retorno econômico.
Realize o planejamento agrícola adequado, sem perda de tempo nem desperdícios, e obtenha maior rentabilidade em sua fazenda!
Você tem solo alcalino em sua propriedade? Como tem feito o manejo? Deixe seu comentário abaixo!