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Henrique Fabrício Placido - 16 de dezembro de 2020
Atualizado em 10 de fevereiro de 2025
Plantas daninhas do milho: conheça as principais infestantes e o que fazer para controlá-las
O milho é uma cultura extremamente responsiva ao manejo e, a cada ano que passa, são lançados híbridos mais produtivos no mercado.
Entretanto, infestações de plantas daninhas podem causar prejuízos significativos em sua rentabilidade, podendo diminuir em até 87% a produtividade da lavoura.
Assim, é importante conhecer as principais plantas daninhas do milho e saber como manejá-las para garantir que o potencial produtivo será alcançado. Confira a seguir!
Índice do Conteúdo
O milho é a principal cultura utilizada em sucessão com a soja no Brasil, semeando-se soja na safra principal (verão) e milho na segunda safra (inverno).
Para ter sucesso neste sistema de sucessão, é comum semear variedades de soja de ciclo curto logo após o final do vazio sanitário. E, logo após a colheita da soja, já é feita a semeadura do milho (muitas vezes isso ocorre no mesmo dia).
Assim, como não existe intervalo entre os cultivos de soja e milho, o manejo de plantas daninhas do milho deve ser pensado muito antes.
O foco deve ser sempre semear milho no limpo, principalmente sem infestação de gramíneas, pois como o milho é uma gramínea, o número de herbicidas que podem ser utilizados é muito reduzido.
Já no milho de verão (muito semeado para silagem), o manejo é mais simples. Isso porque pode-se realizar o controle na entressafra,cuidando principalmente para não haver problemas com efeito residual de herbicidas na cultura.
Lavoura de milho infestada por plantas daninhas
(Fonte: Paraquat Information Center)
O capim-amargoso é uma das principais plantas daninhas do Brasil. Ocorre em grande parte do território nacional e é considerada uma planta de difícil controle, pois possui casos de resistência a herbicidas e algumas características morfológicas que prejudicam a ação desses produtos.
É uma planta daninha de ciclo perene, herbácea, entouceirada, ereta e que produz rizomas (estruturas de reserva).
Sua grande dispersão está associada principalmente à grande capacidade de produzir sementes (mais de 100 mil sementes por inflorescência) e fácil dispersão através do vento.
Uma das características que torna essa planta daninha de difícil controle é a formação de rizomas a partir de 45 dias após a emergência. Isso lhe confere uma capacidade muito grande de recuperação da injúrias de herbicidas.
É muito importante que o manejo do capim-amargoso seja realizado antes da semeadura, evitando ao máximo a ocorrência de touceiras dessa daninha no milho.
Caso ocorram touceiras em sua área, recomenda-se que atrase a semeadura do milho para controlá-las antes do plantio (tenha cuidado com o período residual dos graminicidas). Outra opção é plantar trigo, o que dará uma maior janela para manejo.
Caso sua área já tenha apresentado um infestação muito grande de capim-amargoso nas culturas anteriores, provavelmente o banco de sementes possui muitas reservas desta planta daninha.
Assim, recomenda-se o uso de herbicidas pré-emergentes como: trifluralina, s-metolachlor e pyroxasulfone+flumioxazin.
Caso ocorram plantas pequenas em sua área (até 3 perfilhos), os herbicidas nicosulfuron, tembotrione e mesotrione podem ter um bom nível de controle.
Em híbridos com a tecnologia Liberty Link, o herbicida glufosinato de amônia também pode ser utilizado em plantas pequenas.
Já para plantas maiores não há produtos que sejam eficientes no controle de capim-amargoso (devido à resistência a glifosato).
Para os próximos anos, em híbridos com a tecnologia Enlist, será possível utilizar haloxyfop na pós-emergência do milho, o que auxiliará no manejo do capim-amargoso.
O capim-pé-de-galinha (Eleusine indica) infesta quase todas as regiões do Brasil e vem ganhando mais importância no últimos anos devido aos casos de resistência a herbicidas.
O capim-pé-de-galinha é uma planta daninha de ciclo anual (120 a 180 dias), que se reproduz por sementes, sendo capaz de produzir mais de 120 mil sementes por planta, facilmente disseminadas pelo vento.
Além disso, essa daninha perfilha muito cedo e, a partir de 3 perfilhos, os herbicidas começarão a ter menor eficiência de controle.
O manejo de capim-pé-galinha é muito semelhante ao descrito para capim-amargoso. Entretanto, é recomendável que o controle seja realizado em plantas com menos de 2 perfilhos.
Essa planta daninha, quando pequena, é bem prostrada e pode estar escondida embaixo da palha de sua área. Por isso, tome cuidado no monitoramento.
A buva é uma das plantas daninhas com maior importância no Brasil, pois ocorre em grande parte do território nacional e possui vários casos de resistência a herbicidas.
Possui grande capacidade de hibridizar (cruzar com outras plantas do gênero Conyza), por isso sua classificação correta (espécie) é feita somente em laboratório.
Essas espécies têm ciclo anual, são eretas, xom ramos e folhas pubescentes, e propaga-se exclusivamente por sementes.
A grande dispersão de buva em nosso país está associada à grande capacidade de produção de sementes, que podem ser facilmente disseminadas pelo vento, podendo ser carregadas a até 1,5 km de distância.
A germinação de suas sementes ocorre no período de outono-inverno, geralmente nos meses de junho a setembro, muitas vezes coincidindo com o final do ciclo do milho.
Para controle da buva na pós-emergência do milho safrinha, é possível utilizar a associação de atrazina + tembotrione.
Caso o milho tenha tecnologia Liberty Link, pode-se utilizar glufosinato de amônia no manejo de buva para plantas pequenas ou no manejo sequencial.
Nos próximos anos, para híbridos com a tecnologia Enlist, deve haver a opção de utilizar 2,4 D em doses maiores na pós-emergência do milho, o que auxiliará no manejo de buva.
Além do manejo químico, o uso de consórcio de milho com braquiária tem sido muito efetivo no manejo da buva.
Infestação de buva logo após a colheita do milho
(Fonte: Albrecht, A.J.P. e Albrecht, L.P.)
O picão-preto (Bidens pilosa ou Bidens subalternans) é uma planta daninha de ciclo anual e pode ser encontrada em quase todo o território nacional.
É possível realizar a diferenciação entre as duas principais espécies presentes no Brasil pela quantidade de arestas nos aquênios (B. pilosa 2-3 aristas e B. subalternans 4 aristas).
O picão-preto se reproduz por sementes – pode produzir de 3 mil a 6 mil sementes. Estas possuem um mecanismo de dormência que possibilita emergirem em períodos mais favoráveis, o que a torna mais competitiva.
A principal forma de disseminação destas sementes ocorre por meio de animais, máquinas e implementos agrícolas.
Para o controle de picão-preto em milho convencional, recomenda-se a aplicação de atrazina na pré-emergência da planta daninha. Dependendo da infestação, é necessária uma aplicação complementar em pós-emergência.
Atualmente, em híbridos com a tecnologia RR, o glifosato tem sido muito eficiente no controle do picão-preto. Porém, fique atento, pois recentemente foi registrada resistência de picão-preto a glifosato no Paraguai.
Caso o milho tenha tecnologia Liberty Link, pode-se utilizar glufosinato de amônia no manejo de plantas pequenas ou no manejo sequencial.
Já nos próximos anos, para híbridos com a tecnologia Enlist, haverá a opção de utilizar 2,4 D em doses maiores na pós-emergência do milho, o que auxiliará no manejo de picão-preto.
O leiteiro (Euphorbia heterophylla L.) é uma planta daninha de ciclo anual, com alta capacidade de multiplicação, crescimento e desenvolvimento (podendo atingir até 2 m de altura).
As sementes do leiteiro são consideradas grandes e não são disseminadas pelo vento, tendo a capacidade de permanecer viáveis por muitos anos.
Além disso, podem germinar o ano todo, pois estão adaptadas a uma ampla faixa de temperatura, umidade e a solos com diferentes características.
A principal forma de disseminação das sementes ocorre por meio de animais, máquinas e implementos agrícolas.
Para o controle químico de leiteiro em milho convencional, recomenda-se a aplicação de atrazina, atrazine+s-metolachlor ou atrazine+simazine em sistema de plante-aplique.
Atualmente, em culturas RR, o glifosato tem sido muito eficiente no controle desta planta daninha no milho. Porém, recentemente, foi identificada uma população de leiteiro resistente a glifosato em nosso país. Por isso, fique atento.
Caso o milho tenha tecnologia Liberty Link, pode-se utilizar glufosinato de amônia no manejo de plantas pequenas ou no manejo sequencial.
Com a entrada da tecnologia Enlist, também haverá a opção de utilizar 2,4 D em doses maiores na pós-emergência do milho.
Para garantir uma lavoura mais produtiva é preciso controlar a presença de invasoras. Neste artigo, você acompanhou as particularidades do controle de plantas daninhas do milho e a importância de semear no limpo.
Também conferiu as principais ervas daninhas que afetam a cultura, bem como suas características e indicações de manejo.
Com essas recomendações, faça o controle certeiro e obtenha resultados melhores em sua propriedade!
>> Leia mais:
“Tudo a respeito do novo herbicida terbutilazina”
“Capim-rabo-de-raposa (Setaria Parviflora): guia de manejo”
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