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Calcário no solo: tipos, vantagens, como funciona e eficiência

Calcário no solo

Calcário no solo: quais são os diferentes tipos, quando fazer a calagem e qual a quantidade ideal para aplicação na sua lavoura.

Muitas operações agrícolas são realizadas na fazenda antes do plantio da cultura. E a utilização de calcário no solo para correção da acidez é uma das técnicas mais conhecidas e muito recomendadas.

O calcário é proveniente de uma rocha sedimentar composta principalmente por carbonato de cálcio e age como um neutralizador da acidez do solo. 

Existem três diferentes tipos de calcário que apresentam teor de carbonato de cálcio suficiente para correção do solo, sendo que sua utilização faz grande diferença na produtividade da lavoura.

Mas você sabe por que realizar a calagem e como aumentar a eficiência dessa operação? Saiba qual tipo de calcário é mais recomendado e as quantidades certas a seguir!

O que é calagem no solo?

A calagem do solo é uma prática que consiste na aplicação de materiais corretivos, como calcário, para corrigir a acidez (pH baixo) e fornecer nutrientes essenciais, como cálcio (Ca) e magnésio (Mg).

Essa técnica faz parte de um dos principais cuidados com o solo, capaz de melhorar as condições químicas, promovendo um ambiente mais favorável para o desenvolvimento das plantas.

Para fazer a calagem, é preciso fazer uma análise de solo para identificar as necessidades, escolher o tipo de corretivo adequado (calcário dolomítico ou calcítico), calcular a quantidade recomendada e aplicar o produto de forma uniforme antes do plantio. 

Tipos de calcário no solo

Os tipos de calcário no solo variam de acordo com a porcentagem de magnésio e cálcio que eles apresentam:

Existe um calcário chamado filler que tem granulometria fina, sendo indicado para o sistema de plantio direto, já que não se faz necessário o revolvimento do solo por seu alto poder de neutralização.

Para definir qual é o melhor calcário para se utilizar, verifique em sua análise de solo as quantidades de cálcio e magnésio. 

Assim você poderá escolher se irá aplicar um calcário com maior ou menor concentração desses nutrientes.

Calcário dolomítico é utilizado para aumentar Mg no solo

A aplicação do calcário no solo pode ser:

No sistema de cultivo convencional ocorre a aplicação incorporada do calcário no solo. Já no sistema de plantio direto ocorre a aplicação superficial.

Agora que você sabe um pouco mais sobre a calagem, veja como o calcário reage no solo.

Benefícios do calcário agrícola e da calagem

A calagem é uma etapa do preparo do solo para o cultivo agrícola em que materiais de caráter alcalino são adicionados ao solo para neutralizar a sua acidez. Ou seja, quando se aplica calcário no solo.

A calagem atua no pH do solo, principalmente nas camadas superficiais.

Alguns benefícios da aplicação de calcário no solo são:

Além desses benefícios, é importante frisar que o custo com calagem representa cerca de 5% do custo com a produção total. 

Esse custo é muito baixo comparado aos efeitos positivos que a calagem pode trazer para sua propriedade.

Antes de entender como o calcário agrícola reage no solo, você precisa saber se deve aplicar e quanto de calcário usar em sua propriedade.

Que tipo de calcário escolher e quando utilizar?

A recomendação de calagem e a escolha do calcário dependem da análise de solo e das necessidades da cultura.

O calcário dolomítico é geralmente o mais indicado por seu elevado teor de magnésio, enquanto os calcários magnesiano e dolomítico, além de corrigirem a acidez, são formas econômicas de fornecer magnésio.

Já o calcário calcítico possui baixo teor de magnésio, mas sua aplicação pode ser complementada com fertilizantes como sulfato, carbonato ou óxido de magnésio.

A relação ideal entre cálcio e magnésio no solo é de 3 a 4:1 mol (Ca:Mg), garantindo boa absorção de ambos os nutrientes pelas plantas.

Embora o calcário rico em magnésio seja mais caro, todos os tipos de calcário possuem a mesma eficiência na correção da acidez do solo.

Por que corrigir o solo com calcário?

Um solo fértil é aquele que tem nutrientes suficientes para suprir as necessidades das plantas. Mas nem todos os solos são férteis.

Segundo a FAO, 33% dos solos do mundo estão degradados e os principais problemas são erosão; salinização; compactação; acidificação e contaminação. E isso tudo reduz a fertilidade dos solos.

Com o incremento da fertilidade, proporcionamos um melhor ambiente para o desenvolvimento do sistema radicular, tendo, assim, um efeito benéfico, refletindo em aumento de produtividade.

Assim, um sistema radicular bem distribuído e a posição dos nutrientes na camada de 0 cm a 40 cm do perfil do solo, permite que a raiz absorva água em profundidade e nutrientes nas quantidades necessárias para a nutrição da planta.

No entanto, em solos brasileiros, um problema recorrente é a acidez natural do solo. Já os solos ácidos têm presença de íons de hidrogênio (íons H+) e alumínio (Al3+), o que está diretamente ligado a pH do solo.

O pH pode ser dividido em ácido, básico e neutro, sendo o neutro próximo de 7. Assim, valores de pH menores que 5,5 (pH ácido), resultam em baixa disponibilidade dos nutrientes para as plantas.  Então, dependendo do pH do solo, há alteração na disponibilidade de nutrientes.

calcário no solo

(Fonte: Malavolta, 1979, em Agronomia com Gismonti)

O pH ideal para as plantas varia de 5,5 a 7, onde são disponibilizados os nutrientes essenciais para elas. Isso depende muito da cultura, como você pode observar na tabela abaixo:

(Disponível em: Associação Interprofissional de horticultura do oeste)

Por isso, a importância da correção do solo. Assim, com a calagem, você pode reduzir a acidez do solo e também fornecer nutrientes como cálcio e magnésio para as plantas.

Como determinar a necessidade de calagem?

A necessidade de calagem é determinada pela análise de solo. Somente a partir dos resultados dessa avaliação é estabelecida a quantidade de calcário a ser aplicada.  O cálculo de calagem pode ser feito pelos seguintes métodos:

É importante deixar claro que cada método é utilizado de acordo com a região do país. O método da elevação da saturação por bases é utilizado em São Paulo, no Paraná e em algumas regiões de Cerrado.

O método de neutralização do alumínio é usado em Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Já o método pH SMP é aplicado nos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Geralmente, a avaliação da exigência de calcário é realizada a cada 3-5 anos.  Em solos mais arenosos, o intervalo de amostragem do solo deve ser menor.

Isso porque os solos com maior teor de areia necessitam de calagem com maior frequência quando comparados aos solos argilosos.

Por fim, é preciso frisar que doses de calcário em excesso ou quando a operação de calagem é mal executada interferem na disponibilidade dos micronutrientes.

Calcário no solo: Como precisar a quantidade ideal?

Antes de começar a realizar qualquer operação de nutrição, calagem ou gessagem, você precisa realizar a análise de solo.

Com a análise química do solo, é determinada a acidez e a disponibilidade de nutrientes para as plantas.

A análise do solo deve ser realizada antes da implantação da lavoura, podendo ser realizado no período de entressafra.

O calcário deve ser aplicado cerca de 3 meses antes do plantio da cultura. Assim, há tempo de reagir com o solo e reduzir a acidez.

Lembrando que o calcário no solo precisa de umidade para reagir. Assim, dependendo da região, essa aplicação deve ser feita ainda antes dos 3 meses.

Por isso, é importante realizar um bom planejamento agrícola, efetuando a análise de solo meses antes da implantação da cultura.

E você precisa realizar uma boa interpretação de análise de solo para determinar se precisa realizar a calagem e qual a quantidade de calcário utilizar.

Há dois métodos de cálculo de calagem que são mais utilizados no Brasil: Método da saturação por bases e Método baseado nos teores de Al e (Ca + Mg) trocáveis. Vou falar sobre eles a seguir:

Método da saturação por bases 

A fórmula utilizada por este método é:

NC = [CTC x (V2 – V1) x (100/PRNT)] / 100

NC = Necessidade de calcário, em t/ha;

CTC = CTCpH7 (capacidade de troca de cátions) em cmolc/dm3;

V2 = Porcentagem de saturação por bases desejada – isso depende da cultura da cultura, mas em geral utiliza-se:

V1 = Porcentagem de saturação por bases atual do solo (encontrada na análise do solo) ou com:

V1 = [Soma de bases (K + Ca + Mg + Na) x 100 ]/CTC

PRNT = Poder Relativo de Neutralização Total (encontrado na embalagem do calcário).

Este é o conteúdo de neutralizantes contidos em corretivo de acidez, expresso em equivalente de Carbonato de Cálcio puro (%ECaCO3), que reagirá com o solo no prazo de 3 meses.

O PRNT é calculado por: PRNT = (PN x RE) / 100

PN = Poder de neutralização;

RE = Reatividade das partículas.

Assim, quanto maior o poder de neutralização do calcário, maior será a quantidade de ácidos que ele vai neutralizar – e menor será a quantidade de produto necessário. Por isso, é importante entender esse índice para a calagem.

Método baseado nos teores de Al e (Ca + Mg) trocáveis

Esse método é menos utilizado, sendo indicado para solos com baixa CTC (menor que 5 cmolc/dm3), com fórmula:

NC  = Y [Al3+ – (mt – t/100)] + [X – (Ca2+ + Mg2+)]

NC = Necessidade de calcário, em t/ha;

Y = Valor tabelado em função do poder tampão do solo:

mt = Saturação por Al3+ (100xAl/SB+Al);

t = CTCefetiva (SB + Al);

X = Teor mínimo de Ca + Mg : tabelado, sendo que para forrageiras tropicais é de 1 a 2;

Ca2+ + Mg2+ = teores trocáveis de Ca e Mg, em cmolc/dm3.

Para te auxiliar na correta determinação de calagem, procure um(a) engenheiro(a) agrônomo(a)!

Como o calcário reage no solo?

Quando aplicamos calcário no solo, ocorrem várias reações para a redução da acidez no solo. Veja resumidamente o que ocorre, de acordo com Vitti e Priori:

1- Calcário em contato com a água (umidade do solo) forma íons no solo de cálcio e magnésio (dependendo do tipo de calcário) e ânions HCO3 OH

calcário no solo

2- Os ânions serão utilizados para reduzir a acidez do solo, neutralizando a acidez (H+) e neutralizando o alumínio (AL+3)

calcário no solo

Assim, ocorre o aumento do pH, neutralização do alumínio e disponibilização de íons de cálcio e magnésio.

Como mencionei é importante o solo apresentar umidade e a prática de calagem ser realizada meses antes do plantio, pois o processo de aumento de pH e neutralização do alumínio podem demorar algum tempo.

Depois de realizar a calagem, você deve realizar a adubação para a cultura. De nada adianta realizar a adubação em solo com acidez, pois os nutrientes não serão disponibilizados para as plantas. Por isso, é importante realizar a calagem do solo antes da adubação.

Problemas do excesso de calcário no solo

Quando estamos doentes, tomamos uma dose adequada de remédio para nosso tratamento, certo? Se tomarmos uma dose maior, isso pode trazer malefícios.

Com o calcário, também é assim. Não é porque ele tem muitos benefícios que você pode utilizar qualquer dose e até aumentar a dose que é recomendada. 

Esse excesso de calcário no solo pode ser chamado de super calagem.

Por isso, utilizar o calcário na quantidade recomendada através da análise de solo é essencial.

Como mencionei anteriormente, o pH ideal é entre 5,5 a 7 (dependendo da cultura). E se o pH se elevar acima desse limite, vários nutrientes começam a ficar indisponíveis para as plantas.

Além disso, quando aplicamos calcário, adicionamos ao solo cálcio e magnésio. Esses dois nutrientes, quando em excesso, podem trazer problema para as plantas, além de interferir na absorção de potássio.

Dessa forma, as aplicações de calagem e gessagem, além da adubação devem ser feitas seguindo a análise de solo, com a dose recomendada para a cultura.

Fatores que tornam a calagem mais eficiente

Ao longo do texto falamos de vários fatores que tornam a calagem mais eficiente, separei alguns para te auxiliar nesta prática agrícola:

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Conclusão

Neste artigo, mostramos que a aplicação de calcário no solo corrige a acidez e fornece macronutrientes importantes como magnésio e cálcio, além de neutralizar o efeito fitotóxico do alumínio e do manganês, aumentando a disponibilidade de nutrientes e potencializando os efeitos dos fertilizantes.

Também explicamos como saber se a sua área precisa de calagem e, em caso positivo, como calcular a quantidade de calcário necessária.

Falamos ainda sobre os problemas que excesso de calagem pode causar. E, por fim, comentamos sobre os fatores que tornam a calagem mais eficiente.

Com essas informações, realize uma boa calagem na sua fazenda e aumente as chances de lucro com a sua lavoura!

Você faz aplicação de calcário no solo da sua fazenda? Já conhecia os fatores que podem aumentar a eficiência da calagem? Adoraria ver seu comentário abaixo!

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