Colheita de arroz: ponto ideal para colher, regulagem do maquinário, como contabilizar e perdas e outras orientações para seu arrozal
Colher o arroz na época certa e adequadamente é fundamental para se obter um produto de qualidade e uma operação com maior rendimento.
Isso se traduz em rentabilidade, a qual pode ser prejudicada se tudo não for feito corretamente.
Por exemplo, cerca de 70% das perdas da colheita de arroz se deve à plataforma de corte.
Nesse artigo vamos mostrar estratégias para otimizar a colheita de arroz e alcançar uma melhor produtividade! Confira!
Índice do Conteúdo
- 1 Como definir a melhor época e o ponto de colheita do arroz
- 2 Qual é o período de colheita do arroz?
- 3 Como é o ciclo da cultura do arroz?
- 4 Como deve ser a regulagem do maquinário para colheita de arroz?
- 5 Evite perdas na colheita de arroz
- 6 4 dicas para otimizar a colheita de arroz
- 7 Quais as principais etapas de pós-colheita para o arroz?
- 8 Conclusão
Como definir a melhor época e o ponto de colheita do arroz
Definir o ponto ideal da colheita é muito importante, pois impacta diretamente a produtividade da sua lavoura.
Colher cedo demais pode representar grãos imaturos, gessados e malformados.
Isso afeta significativamente a qualidade industrial do grão.
Ou seja, representa menos rendimento de grãos inteiros, grãos que se quebram facilmente durante o beneficiamento, descasque e polimento.
Para definir o ponto ideal de colheita no monitoramento da lavoura de arroz, considere:
- O tempo de ciclo de desenvolvimento da plantação;
- Mudança visual da casca do grão: quando dois terços da panícula estiverem maduros, já é o ideal;
- Amostragem de tato: se o grão quebrar, está no ponto de colheita; se amassar, ainda precisa amadurecer mais um pouco;
- O teor de umidade adequado para a colheita de arroz está entre 18% e 23%.
Qual é o período de colheita do arroz?
A época de colheita do arroz varia de acordo alguns fatores:
- data de plantio;
- ciclo do material genético (dias entre plantio e colheita);
- condições climáticas;
Além disso, a colheita varia nas diferentes regiões do país, e mesmo especificamente em cada estado.
No Sul, a maior região produtora do país, a colheita acontece normalmente entre Fevereiro e Maio. O mesmo acontece nas regiões Sudeste e Norte.
Calendário agrícola de plantio (cor verde) e colheita do arroz (em laranja)
(Fonte: Conab)
Como é o ciclo da cultura do arroz?
O ciclo de desenvolvimento da cultura do arroz é bastante parecido com outras gramíneas. Ele é divido em fases, como semeadura, fase vegetativa e fase reprodutiva.
Dentro dessas fases os estágios são definidos de acordo com características específicas de partes da planta. Esses estágios são os mesmos em arroz de sequeiro ou irrigado, mas a duração de cada fase pode variar.
O ciclo total do arroz irrigado varia entre 100 a 140 dias e o de sequeiro entre 110 e 155 dias.
São fases características do ciclo do arroz: emergência, perfilhamento, crescimento vegetativo (medido em número de folhas), diferenciação floral, florescimento, enchimento de grãos e maturação.
Como deve ser a regulagem do maquinário para colheita de arroz?
Definido o perfeito momento de colheita, entramos na parte operacional.
Ter um dimensionamento da necessidade de mão de obra e tempo de passagem de colheita entre os talhões é fundamental.
Assim, evita-se que alguma área se perca devido a uma colheita prematura ou tardia. E isso será reflexo do planejamento da lavoura desde o plantio.
Na colheitadeira, precisamos da regulagem correta para obter máxima eficiência na trilha, com mínimo dano e perda de grão.
Por isso é necessário adequar a abertura entre o côncavo e o cilindro batedor de plantas.
Além disto, a velocidade do molinete precisa ser ligeiramente superior à velocidade de avanço da máquina, de forma a puxar as plantas ceifadas para dentro da máquina.
Para o arroz irrigado as seguintes recomendações são importantes:
- Equipar a colhedora com rodado de esteira para operar terrenos de baixa sustentação
- Controlar a velocidade do molinete para não ultrapassar de avanço da máquina
- Usar cilindro batedor de dentes com rotação entre 500 rpm e 700 rpm
- Regular adequadamente a abertura entre o côncavo e o cilindro batedor para obter máxima eficiência na trilha e mínimo dano e perda de grãos
- Evitar velocidades de operação excessivas, já que isso aumenta substancialmente as perdas
Evite perdas na colheita de arroz
Quando se fala em perdas, podemos classificar de duas formas: pela condição do grão em si e pela qualidade do processo de colheita.
No processo de colheita, o impacto das plantas com a plataforma provoca perdas, dependendo da facilidade de degrana da cultivar, da umidade do grãos e da presença de plantas daninhas.
Regulagem inadequada causa trilha deficiente, fazendo com que boa parte dos grãos fique presa às panículas.
Isso dificulta a operação de separação nas peneiras ou provoca trinca dos grãos, reduzindo a porcentagem de grãos inteiros no beneficiamento.
Determinação das perdas de grãos
A prática já é padrão, mas é bom reforçar a importância de realizar a amostragem da perda de grãos após a colheita de arroz.
Seja fazendo a coleta naquele 1 m², contando grãos ou através do peso, que é a forma mais prática.
Além disso, é válido considerar em que local a máquina pode estar registrando o maior desperdício.
Essa perda pode ser proveniente de três locais diferentes da colheitadeira: plataforma de corte, saca palha ou peneiras da colhedora.

Pontos de coletas de grãos perdidos por uma colhedora
(Fonte: Embrapa)
4 dicas para otimizar a colheita de arroz
Como engenheira agrônoma, entendo que, para além da prática, a gestão das informações faz muita diferença na execução de uma produção.
As informações te ajudam a ter um melhor planejamento da safra!
A tecnologia dos maquinários trazem muitos dados que, várias vezes, são subutilizados.
Para te auxiliar na colheita e na utilização desses recursos tecnológicos disponíveis, vou te dar 4 dicas:
1 – Criar roteiros para otimizar os dados da colheita
Aqui entra o planejamento de cada área das lavouras. Esse roteiro é muito importante para comparações.
Comece padronizando a nomenclatura das áreas, para todos os manejos, para que não ocorra sobreposição ou troca de informações entre elas.
Depois, faça o cronograma com a ordem de semeadura das áreas, informações do solo e outras questões fitossanitárias que vão ser levadas em consideração.
Mantenha esse planejamento em local seguro e de fácil visualização para sua equipe de campo.

2 – Precisão de dados na hora da colheita
É fundamental conferir a calibragem de suas máquinas agrícolas, inclusive durante a operação de colheita.
Realizar a contagem das perdas e a distribuição da palhada também fazem a diferença.
Caso seja cultivo de arroz irrigado, é importante verificar a drenagem correta para que as máquinas não atolem.
Isso tudo garante que os dados entre os talhões sejam precisos, ou seja, sem influência de diferenças do processo de colheita.
(Fonte: Planeta Arroz)
3 – Limpar e padronizar arquivos
Quando você baixa os dados das máquinas para seu computador, como costuma salvá-los?
É importante que você padronize os nomes dos arquivos e confira se as nomenclaturas estão corretas.
Essa padronização é importante para todos os manejos da sua propriedade, para que eles sejam identificados por numeração de talhão ou outro nome.
Tudo isso facilita o acesso posterior a informações que são muito úteis. Parece simples, mas é algo que falha muito nas propriedades.
4 – Analise os dados pós-colheita e entenda melhor seus resultados
Após a limpeza dos dados, é momento de analisar, tirar conclusões e tomar decisões.

E, como sugestão, foque em:
- produtividade
- considere fatores como condições climáticas, solo da área, manejo nutricional e fitossanitário utilizados
- considere outras práticas que você experimentou, como um manejo diferenciado que você utilizou
A produtividade é um grande indicador, é claro! Mas compreender como você atingiu esse resultado é o diferencial para manter e melhorar essa produtividade.
Quais foram as práticas que te ajudaram a chegar no resultado esperado?
Cheque com sua equipe, abra manejos realizados, resgate informações e mapeie os erros e acertos no programa planejado.
Ajuste para melhorias e planeje com informações vinculadas ao que quer para o futuro.
Assim também fica muito mais fácil colocar em números o programa de controle utilizado. Planilhas e software de gestão agrícola vão te ajudar!
Quais as principais etapas de pós-colheita para o arroz?
Após a colheita do arroz, é necessário o processo de pós-colheita para comercialização do produto que chega às nossas mesas. As principais são:
- Transporte: retirada do produto trilhado até a unidade armazenadora. Esse passo deve ser feito o mais rápido possível, de acordo com a infraestrutura do produtor, pois o produto pode estar em umidade não ideal para armazenamento, o que pode aumentar a chance de deteriorar os grãos;
- Recebimento: o arroz é recebido e pesado na unidade de recebimento e amostras são recolhidas para verificação de impurezas e da umidade da amostra;
- Pré-limpezas: por meio de jogos de peneiras e fluxo de ar são retiradas impurezas e objetos estranhos presentes na massa de grãos após a colheita;
- Secagem: a secagem pode ser natural ou forçada, sendo que existem várias técnicas de secagem forçada. A temperatura não deve atingir mais de 40 graus e não se deve baixar mais de 2% de umidade por hora na massa de grãos. A umidade ideal para armazenamento é de cerca de 13%;
- Armazenamento: o arroz deve ser preferencialmente armazenado antes de ser beneficiado e comercializado, pois isso auxilia em suas características culinárias. O armazenamento pode ser feito à granel ou em sacaria e deve-se atentar para temperatura, umidade e presença de pragas;
- Beneficiamento: essa etapa transforma o arroz bruto (com casca) em um produto comercializável. Inicialmente faz-se a limpeza e retirada da casca, resultando no arroz integral. Posteriormente, para o arroz comum, faz-se a brunição e homogeneização para retirada do farelo de arroz. Finalmente o arroz é classificado de acordo com a porcentagem de grãos inteiros e quebrados.
Conclusão
O momento mais esperado da produção é a colheita. E planejar bem essa operação é essencial.
Neste texto, falamos sobre o momento ideal para colheita, regulagem de máquina e como analisar melhor alguns dados da lavoura.
Espero que essas informações e dicas estratégicas te ajudem no próximo planejamento de safra e na gestão de sua propriedade. Tenha uma boa colheita de arroz!
>> Leia mais:
“Pragas do arroz: como identificar e combatê-las na cultura”
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Atualizado em 31 de julho de 2023 por João Paulo Pennacchi.
João Paulo é engenheiro eletricista formado pela Unifei e engenheiro-agrônomo formado pela UFLA. Ele é mestre e doutor em agronomia/fisiologia vegetal pela UFLA e PhD em ciências do ambiente pela Lancaster University.