Site icon Blog da Aegro

Colheita de arroz: estratégias para otimizá-la e ganhar rentabilidade

colheita mecanizada do arroz

Colheita de arroz: ponto ideal para colher, regulagem do maquinário, como contabilizar e perdas e outras orientações para seu arrozal

Colher o arroz na época certa e adequadamente é fundamental para se obter um produto de qualidade e uma operação com maior rendimento.

Isso se traduz em rentabilidade, a qual pode ser prejudicada se tudo não for feito corretamente.

Por exemplo, cerca de 70% das perdas da colheita de arroz se deve à plataforma de corte.  

Nesse artigo vamos mostrar estratégias para otimizar a colheita de arroz e alcançar uma melhor produtividade! Confira!

Como definir a melhor época e o ponto de colheita do arroz

Definir o ponto ideal da colheita é muito importante, pois impacta diretamente a produtividade da sua lavoura.

Colher cedo demais pode representar grãos imaturos, gessados e malformados.

Isso afeta significativamente a qualidade industrial do grão.

Ou seja, representa menos rendimento de grãos inteiros, grãos que se quebram facilmente durante o beneficiamento, descasque e polimento.

Para definir o ponto ideal de colheita no monitoramento da lavoura de arroz, considere:

Qual é o período de colheita do arroz?

A época de colheita do arroz varia de acordo alguns fatores:

Além disso, a colheita varia nas diferentes regiões do país, e mesmo especificamente em cada estado. 

No Sul, a maior região produtora do país, a colheita acontece normalmente entre Fevereiro e Maio. O mesmo acontece nas regiões Sudeste e Norte. 

2-colheita-de-arroz
Calendário agrícola de plantio (cor verde) e colheita do arroz (em laranja)
(Fonte: Conab)

Como é o ciclo da cultura do arroz?

O ciclo de desenvolvimento da cultura do arroz é bastante parecido com outras gramíneas. Ele é divido em fases, como semeadura, fase vegetativa e fase reprodutiva.

Dentro dessas fases os estágios são definidos de acordo com características específicas de partes da planta. Esses estágios são os mesmos em arroz de sequeiro ou irrigado, mas a duração de cada fase pode variar.

O ciclo total do arroz irrigado varia entre 100 a 140 dias e o de sequeiro entre 110 e 155 dias.

São fases características do ciclo do arroz: emergência, perfilhamento, crescimento vegetativo (medido em número de folhas), diferenciação floral, florescimento, enchimento de grãos e maturação.

Fenologia do arroz
Fenologia do arroz (Fonte: Embrapa)

Como deve ser a regulagem do maquinário para colheita de arroz?

Definido o perfeito momento de colheita, entramos na parte operacional.

Ter um dimensionamento da necessidade de mão de obra e tempo de passagem de colheita entre os talhões é fundamental.

Assim, evita-se que alguma área se perca devido a uma colheita prematura ou tardia. E isso será reflexo do planejamento da lavoura desde o plantio.

Na colheitadeira, precisamos da regulagem correta para obter máxima eficiência na trilha, com mínimo dano e perda de grão.

Por isso é necessário adequar a abertura entre o côncavo e o cilindro batedor de plantas.

Além disto, a velocidade do molinete precisa ser ligeiramente superior à velocidade de avanço da máquina, de forma a puxar as plantas ceifadas para dentro da máquina.

Para o arroz irrigado as seguintes recomendações são importantes:

Evite perdas na colheita de arroz

Quando se fala em perdas, podemos classificar de duas formas: pela condição do grão em si e pela qualidade do processo de colheita.

No processo de colheita, o impacto das plantas com a plataforma provoca perdas, dependendo da facilidade de degrana da cultivar, da umidade do grãos e da presença de plantas daninhas.

Regulagem inadequada causa trilha deficiente, fazendo com que boa parte dos grãos fique presa às panículas.

Isso dificulta a operação de separação nas peneiras ou provoca trinca dos grãos, reduzindo a porcentagem de grãos inteiros no beneficiamento.

banner ebook produção eficiente de arroz

Determinação das perdas de grãos

A prática já é padrão, mas é bom reforçar a importância de realizar a amostragem da perda de grãos após a colheita de arroz.

Seja fazendo a coleta naquele 1 m², contando grãos ou através do peso, que é a forma mais prática.

Além disso, é válido considerar em que local a máquina pode estar registrando o maior desperdício.

Essa perda pode ser proveniente de três locais diferentes da colheitadeira: plataforma de corte, saca palha ou peneiras da colhedora.

4-colheita-de-arroz

Pontos de coletas de grãos perdidos por uma colhedora
(Fonte: Embrapa)

4 dicas para otimizar a colheita de arroz

Como engenheira agrônoma, entendo que, para além da prática, a gestão das informações faz muita diferença na execução de uma produção.

As informações te ajudam a ter um melhor planejamento da safra!

A tecnologia dos maquinários trazem muitos dados que, várias vezes, são subutilizados.

Para te auxiliar na colheita e na utilização desses recursos tecnológicos disponíveis, vou te dar 4 dicas:

1 – Criar roteiros para otimizar os dados da colheita

Aqui entra o planejamento de cada área das lavouras. Esse roteiro é muito importante para comparações.

Comece padronizando a nomenclatura das áreas, para todos os manejos, para que não ocorra sobreposição ou troca de informações entre elas.

Depois, faça o cronograma com a ordem de semeadura das áreas, informações do solo e outras questões fitossanitárias que vão ser levadas em consideração.

Mantenha esse planejamento em local seguro e de fácil visualização para sua equipe de campo.

começo-atividades-aegro

2 – Precisão de dados na hora da colheita

É fundamental conferir a calibragem de suas máquinas agrícolas, inclusive durante a operação de colheita.

Realizar a contagem das perdas e a distribuição da palhada também fazem a diferença.

Caso seja cultivo de arroz irrigado, é importante verificar a drenagem correta para que as máquinas não atolem.

Isso tudo garante que os dados entre os talhões sejam precisos, ou seja, sem influência de diferenças do processo de colheita.

5-colheita-de-arroz
(Fonte: Planeta Arroz)

3 – Limpar e padronizar arquivos

Quando você baixa os dados das máquinas para seu computador, como costuma salvá-los?

É importante que você padronize os nomes dos arquivos e confira se as nomenclaturas estão corretas.

Essa padronização é importante para todos os manejos da sua propriedade, para que eles sejam identificados por numeração de talhão ou outro nome.

Tudo isso facilita o acesso posterior a informações que são muito úteis. Parece simples, mas é algo que falha muito nas propriedades.

4 – Analise os dados pós-colheita e entenda melhor seus resultados

Após a limpeza dos dados, é momento de analisar, tirar conclusões e tomar decisões.

E, como sugestão, foque em:

A produtividade é um grande indicador, é claro! Mas compreender como você atingiu esse resultado é o diferencial para manter e melhorar essa produtividade.

Quais foram as práticas que te ajudaram a chegar no resultado esperado?

Cheque com sua equipe, abra manejos realizados, resgate informações e mapeie os erros e acertos no programa planejado.

Ajuste para melhorias e planeje com informações vinculadas ao que quer para o futuro.

Assim também fica muito mais fácil colocar em números o programa de controle utilizado. Planilhas e software de gestão agrícola vão te ajudar!

Quais as principais etapas de pós-colheita para o arroz?

Após a colheita do arroz, é necessário o processo de pós-colheita para comercialização do produto que chega às nossas mesas. As principais são:

Conclusão

O momento mais esperado da produção é a colheita. E planejar bem essa operação é essencial.

Neste texto, falamos sobre o momento ideal para colheita, regulagem de máquina e como analisar melhor alguns dados da lavoura.

Espero que essas informações e dicas estratégicas te ajudem no próximo planejamento de safra e na gestão de sua propriedade. Tenha uma boa colheita de arroz!

>> Leia mais:
“Pragas do arroz: como identificar e combatê-las na cultura”

Gostou das dicas para a colheita de arroz? Assine nossa newsletter para receber mais textos assim diretamente em seu e-mail.

Atualizado em 31 de julho de 2023 por João Paulo Pennacchi.

João Paulo é engenheiro eletricista formado pela Unifei e engenheiro-agrônomo formado pela UFLA. Ele é mestre e doutor em agronomia/fisiologia vegetal pela UFLA e PhD em ciências do ambiente pela Lancaster University.

Exit mobile version