Um dos pontos-chave para o sucesso da produção de milho é o momento da colheita. Quanto menores as perdas na colheita, maiores serão seus lucros.
E no caso do milho, diversos fatores como a umidade ideal, linha de leite e até a folhagem são pontos que precisam ser considerados.
Com isso, a a safra 2024/2025 promete ser grande, mas ainda há muitos desafios pela frente, como o clima e o mercado instável.
Neste artigo, você vai conferir algumas previsões para a colheita de milho no Brasil, entender o que está influenciando o mercado e qual o momento certo de colher. Acompanha!
Índice do Conteúdo
- 1 Como estão as previsões para a colheita de milho no Brasil?
- 2 O que influencia o preço do milho e a comercialização?
- 3 Como o mercado tem se comportado recentemente?
- 4 Quando fazer a colheita do milho?
- 5 Como armazenar o milho corretamente?
- 6 Qual a regulagem dos equipamentos na colheita mecanizada do milho?
- 7 Perdas na colheita de milho
Como estão as previsões para a colheita de milho no Brasil?
De acordo com dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a estimativa da safra total de grãos está projetada em 330,3 milhões de toneladas.
Especificamente para o milho, a projeção aponta para uma produção total de 124,7 milhões de toneladas, somando as três safras do ciclo.
No entanto, o clima segue sendo um fator decisivo, principalmente para a segunda safra de milho (safrinha), que tem maior parte da produção nacional.
O início do ano trouxe algumas preocupações, como chuvas abaixo da média e temperaturas elevadas em áreas importantes do Sudeste e Centro-Oeste, regiões chave para a safrinha.
Felizmente, o cenário melhorou em abril, com a chegada de chuvas no Centro-Sul que aliviaram o estresse hídrico causado pelo tempo mais seco de março, ajudando a conter perdas no potencial produtivo.
O Boletim de abril da Conab confirmou: enquanto Norte, Centro-Oeste e Sudeste tiveram boa umidade, áreas de São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Paraná sofreram com chuvas irregulares e falta de água, prejudicando o milho segunda safra.
A previsão nacional é recorde, mas depende do bom desempenho nas regiões com clima favorável para compensar as perdas nas demais.
Como a safrinha representa mais de 70% da produção, o resultado final é sensível ao clima no outono e início do inverno. Qualquer instabilidade pode afetar a oferta de milho no país.
Qual a importância da cultura do milho?
O milho (Zea mays L.) é uma gramínea anual, com caule do tipo colmo ereto e sistema radicular fasciculado. É um dos cereais mais cultivados no mundo, e é fonte de matéria-prima de vários subprodutos alimentícios, bebidas e combustível.
O milho é utilizado para produção de grãos, de silagem e de milho verde. Sua planta pode atingir dois metros de altura e produzir de uma a duas espigas.
A cultura do milho tem grande importância socioeconômica para o país. É uma planta cultivada em todo território brasileiro.
O Brasil está entre os maiores produtores mundiais desse cereal, com expectativa de colher mais de 112 milhões de toneladas de milho na safra 2021/22, crescimento de 27% na comparação com a anterior.
A maior parte da produção de grãos é destinada à fabricação de ração animal. O milho também é utilizado na alimentação humana, em função do elevado valor nutricional.

O que influencia o preço do milho e a comercialização?
O preço do milho e comercialização são impactos por uma série de fatores, que vão desde clima até negociações no mercado internacional.
No final das contas, tudo pode impactar o valor final do grão, mas além desses aspectos mais amplos, também influenciam diretamente o mercado do milho:
1. Oferta e demanda
O maior motor é a produção de ração animal (aves, suínos, bovinos), junto da crescente produção de etanol de milho.
O Brasil é um gigante na exportação de milho e a demanda global, puxada pelo consumo de proteína animal e biocombustíveis, influencia nossos preços.
As políticas de importação de grandes compradores, como a China que aumentou suas compras recentemente, e a produção de concorrentes como EUA e Argentina, são fatores externos muito fortes.
2. Custos de produção e logística
Os gastos com insumos (fertilizantes, sementes, defensivos), muitos deles cotados em dólar, impactando a diretamente a rentabilidade.
O preço do diesel afeta o custo do frete, seja para o mercado interno ou para os portos, um componente significativo no preço final.
3. Taxa de câmbio (Dólar)
Quando o Real está desvalorizado frente ao dólar, nosso milho fica mais barato para o comprador internacional, estimulando as exportações e podendo dar suporte aos preços internos.
Esse aumento na demanda externa pode reduzir a oferta interna, ajudando a sustentar ou até elevar os preços no mercado nacional.
Por outro lado, quando o real se valoriza, o produto brasileiro perde atratividade no exterior, o que pode reduzir as exportações e pressionar os preços internos para baixo, especialmente em períodos de grande oferta
4. Mercado global
O cenário internacional tem grande peso na formação dos preços do milho. As cotações nas bolsas internacionais tem sido influenciadas pelo nível dos estoques mundiais, acordos comerciais, tensões geopolíticas e políticas voltadas para biocombustíveis.
Essas oscilações nos preços globais acabam impactando o mercado brasileiro, tanto nas exportações quanto na precificação interna, especialmente em um cenário cada vez mais conectado e competitivo.
Como o mercado tem se comportado recentemente?
Pesquisas do Cepea indicam uma tendência de queda nos preços em diversas regiões. Isso foi atribuído a uma maior oferta chegando ao mercado com o avanço da colheita, combinada com uma liquidez reduzida.
Essa dinâmica de mercado ressalta a importância de acompanhar não apenas a produção, mas também o comportamento dos compradores.
Mesmo com uma boa oferta, se os compradores decidem esperar, a pressão sobre os preços pode aumentar.
Dados recentes apontam a saca de milho em Campinas (SP) cotada a R$ 82,13, enquanto no Leste de Mato Grosso do Sul estava a R$ 67,28 – uma variação de mais de 22%.
Isso evidencia como custos logísticos, a proximidade de polos consumidores e a dinâmica local de oferta e demanda são determinantes.
O preço médio nacional, muitas vezes divulgado, tem pouca utilidade prática, o que vale é a cotação na sua região.
Planejamento da colheita de milho
O planejamento da colheita de milho começa com a divisão da área plantada em talhões, para facilitar a movimentação das máquinas e o escoamento da produção. A partir disso, considere:
- Umidade do milho para colheita;
- Tamanho da área plantada;
- Ciclo do milho;
- Condições climáticas;
- Janela de colheita;
- Maquinário e mão de obra disponível;
- Tempo de colheita do milho;
- Distância entre os talhões e os locais de secagem/armazenamento;
- Capacidade de secagem e armazenamento.
Desde o planejamento agrícola, você deve saber qual será o destino do produto que irá colher. Avalie se o milho plantado será vendido para silagem, para cooperativas ou seco e armazenado para vendas futuras.
Embora não seja uma regra, um bom planejamento ajuda a evitar surpresas e, na maioria das vezes, garante melhores preços na venda dos grãos.
Também é interessante acompanhar o valor da saca na sua região e ficar atento a possíveis quebras de safra, que impactam diretamente o mercado.
Os preços do milho safra e safrinha variam conforme a oferta. Em anos de alta produção, armazenar os grãos pode ser uma alternativa estratégica para vender em períodos de maior valorização.
O milho pode ser estocado por longos períodos sem perda de qualidade, desde que a secagem e o armazenamento sejam feitos de forma adequada. Mas é importante considerar os custos envolvidos e avaliar se a armazenagem realmente compensa.
Quando fazer a colheita do milho?
O tempo de colheita do milho é de 120 a 180 dias após o plantio, o que pode variar conforme o tipo de híbrido que você escolher.
Em geral, as espigas estão maduras 50 dias depois da floração, quando ficam secas e os cabelos (estilos-estigmas) ficam marrons.
A colheita do milho pode começar quando o grão está maduro fisiologicamente, mas as sementes devem estar com a máxima matéria seca.
Na maioria das espécies, a maturação completa do milho pode coincidir com as plantas muito vigorosas, além da máxima germinação.
Ou seja, o momento certo de colheita envolve equilibrar a maturidade do grão com a umidade adequada para a operação mecanizada e o armazenamento. Entenda:
1. Maturidade Fisiológica (Estádio R6)
Este é o ponto em que o grão para de acumular matéria seca, atingindo seu peso máximo e, teoricamente, o pico de rendimento.
Isso acontece cerca de 50 a 60 dias após a polinização e pode ser identificado visualmente pela formação da “camada preta” na base do grão, onde ele se conecta ao sabugo.
O problema é que, na maturidade fisiológica, a umidade do grão ainda é bastante alta, geralmente entre 30% e 38%.
Colher nesse ponto dificulta a operação da máquina e exige secagem imediata para evitar deterioração.
2. Faixas de umidade: Secagem artificial
Se você dispõe de secadores e pode secar o milho logo após a colheita, é possível começar a colher com umidade entre 18% e 25%.
Isso permite capturar o rendimento mais próximo do potencial máximo, mas implica custos com secagem.
3. Faixas de umidade: Sem secagem ou com secagem natural
Para reduzir danos mecânicos aos grãos durante a colheita e facilitar o armazenamento sem secagem artificial, o ideal é esperar um pouco mais e colher com umidade entre 16% e 18%.
Colher com umidade abaixo de 16% aumenta o risco de quebra dos grãos na debulha, especialmente se a colheitadeira não estiver perfeitamente regulada, pois eles perdem a maleabilidade.
4. Indicadores práticos no campo
Além da camada preta, observar o avanço da “linha do leite” em direção à base é um bom indicador do processo de secagem.
Métodos tradicionais, como verificar a resistência do grão ao ser riscado com a unha ou pressionado com o dente, também podem ajudar a estimar a umidade.
A decisão sobre quando colher o milho não é única, mas uma escolha estratégica dentro de uma janela de tempo.

Tipos de colheita de milho
A colheita de milho pode ser feita de forma manual ou mecanizada.
A colheita manual de milho é empregada em pequenas propriedades. Ela tem baixo rendimento e demanda muita mão de obra. Afinal, é feita sem o suporte de máquinas agrícolas.
Já a colheita realizada com colhedoras apresenta alto rendimento operacional. Ela exige menos mão de obra, o que contribui para a redução dos custos de produção.
Se você optar pela colheita mecanizada, é importante analisar os pontos a seguir para garantir um bom resultado.
Como armazenar o milho corretamente?
A colheita do milho não se encerra com a saída do grão da lavoura. É no armazenamento que se preserva a qualidade conquistada no campo e aumentam as chances de uma boa comercialização. Veja o passo a passo:
1. Limpeza pré-armazenagem
É fundamental remover impurezas como pedaços de palha, sabugo, terra e grãos quebrados antes de secar ou armazenar.
Essas impurezas podem contêm mais umidade que os grãos sadios, dificultam a passagem do ar durante a secagem, servindo de abrigo e alimento para insetos e fungos dentro do armazém.
2. Secagem
O milho precisa atingir a umidade correta para ser armazenado com segurança. O alvo ideal para armazenamento a granel por longos períodos é em torno de 13%, ou entre 12,5% e 14% se for ensacado.
Se a colheita foi feita com umidade mais alta, a secagem artificial deve ser feita o quanto antes.
Mas atenção à temperatura do ar de secagem: usar ar a 90°C é comum, mas garanta que a temperatura do grão não ultrapasse cerca de 45°C para não causar danos.
Se for armazenar em espigas em paióis bem ventilados, a umidade inicial pode ser um pouco maior (16% a 18%), pois a secagem continuará naturalmente.
3. Manejo Integrado de Pragas (MIP)
O Manejo Integrado de Pragas (MIP) é a melhor forma de combater insetos e roedores no milho armazenado, unindo prevenção, higiene e monitoramento.
As pragas mais comuns são caruncho, traça dos cereais, gorgulho e roedores, por isso a base do controle está na limpeza rigorosa de silos, armazéns e equipamentos antes do armazenamento.
Armazene apenas grãos limpos e secos, sem misturar safras e inspecione tudo com frequência em busca de sinais de infestação, como insetos, teias, grãos danificados ou aquecimento.

Qual a regulagem dos equipamentos na colheita mecanizada do milho?
A regulagem correta das colhedoras é essencial para reduzir as perdas em campo. Para a cultura do milho, o cilindro adequado é o de barras.
A distância entre este cilindro e o côncavo varia de lavoura para lavoura, com base no diâmetro das espigas.
Para grãos colhidos com umidades de 12% a 14%, é ideal o trabalho da rotação do cilindro entre 400 a 600 rpm em colhedoras automotrizes. Para colhedoras acopladas ao trator, a rotação ideal é entre 850 a 980 rpm.
Para grãos de milho colhidos com umidades maiores (de 14% a 20%), o ideal são rotações do cilindro também maiores: cerca de 550 a 800 rpm.
A relação do teor de umidade com a rotação do cilindro batedor é diretamente proporcional. Ou seja, quanto mais umidade presente nos grãos, maior terá de ser a velocidade de rotação do cilindro.
Quanto mais úmidos os grãos, maior a dificuldade de debulha. À medida em que os grãos vão perdendo a umidade, eles se tornam mais fáceis de serem debulhados. Isso exige menores velocidades de rotação do cilindro batedor.
Fique de olho na debulha das espigas e na presença de grãos quebrados. A área da colheita do milho deve estar o mais uniforme possível em questões fisiológicas da cultura.
A regulagem do espaçamento do cilindro e do côncavo também pode variar de acordo com a umidade presente nos grãos. A distância entre eles deve ser calculada de modo em que a espiga seja debulhada sem ser quebrada. O sabugo deve sair inteiro.
De maneira geral, o nível de danos em grãos de milho é menor quando eles são colhidos em rotações mais baixas e com umidades inferiores a 16%.
Além do corte da planta, da remoção da palha e da trilha (debulha), é importante executar bem os demais processos.
Perdas na colheita de milho
As perdas na colheita de milho podem acontecer de 4 maneiras: na pré-colheita, na plataforma, em grãos presos no sabugo e grãos soltos.
As perdas aceitáveis na colheita do milho estão na ordem de 1,5 sacos/ha. Mas trazer esse valor para o mais próximo possível do zero é essencial.
Perda de pré-colheita
A perda de milho na pré-colheita ocorre antes da interferência da máquina no campo para realização da operação.
Está relacionada ao tipo da cultivar e à porcentagem de tombamento das plantas devido à quebra do colmo.
1. Perda de plataforma
As perdas do milho em plataforma estão relacionadas à altura das espigas, porcentagem de acamamento da cultura e de quebramento das plantas.
O número de linhas da semeadora deverá ser equivalente ou múltiplo ao número de bocas da plataforma.
2. Perda de grãos presos nos sabugos
As perdas de grãos presos nos sabugos refletem a má regulagem do cilindro e do côncavo.
É possível ocorrer quebra do sabugo em vez da debulha ou, dependendo da folga, a passagem do material direto sem ser debulhado.
Além disso, cuidado para não trabalhar com velocidades de rotação erradas no cilindro, com peças avariadas ou tortas na colhedora.
3. Perda de grãos soltos
De acordo com as regulagens realizadas na máquina, grãos soltos podem ser perdidos no campo. Isso se deve ao fato do rolo espigador, que geralmente está no final da linha, receber um fluxo menor de plantas do que o necessário.
Também acontece se a chapa de bloqueio estiver pouco aberta ou com espigas menores que o padrão calibrado.
Na hora da separação, também pode haver perdas de grão soltos. Isso acontece se o saca-palhas estiver sobrecarregado, o ventilador trabalhando com velocidade maior que o recomendado e as peneiras mal dimensionadas.

Bacharelado em Ciência da Computação pela UFRGS, Mestrado em Bancos de Dados e Sistemas de Informação, pela TU Kaiserslautern, Fundador e CEO da Aegro.