O financiamento de plantio é uma forma de viabilizar seus projetos e impulsionar a produtividade no campo.
Essa linha de crédito cobre boa parte dos custos da produção agrícola antes da colheita e da geração de receita.
Ou seja, mesmo antes de vender a safra, você precisa investir pesado, e o financiamento surge como um opção de antecipar esse capital.
Se você é produtor rural e busca entender melhor como custear sua próxima safra, este conteúdo é para você. Acompanhe!
O que é financiamento de plantio?
O financiamento de plantio, também conhecido como custeio agrícola, custeio rural ou custeio agropecuário, é usado para cobrir as despesas operacionais do ciclo produtivo.
É como se fosse um capital de giro da sua lavoura, que permite financiar os gastos para levar a produção adiante, desde a compra de insumos até a colheita ou o manejo dos animais.
Mas o que exatamente o custeio pode cobrir? A lista é variada e busca atender às necessidades rotineiras da produção, como:
- Na agricultura: Compra de sementes, fertilizantes, defensivos, mudas, gastos com preparo do solo, plantio, tratos culturais e colheita;
- Na pecuária: Aquisição de ração, sal mineral, medicamentos veterinários, vacinas, inseminação artificial, e até a compra de animais para recria e engorda (em alguns casos);
- Outras despesas: Em algumas linhas, pode cobrir até pequenos investimentos ligados ao ciclo, como a aquisição de silos (com limites percentuais sobre o valor do custeio).
Algumas linhas de custeio, como as oferecidas pelo Banco do Brasil, podem financiar até 100% do orçamento apresentado, garantindo que você tenha acesso aos melhores insumos para um ciclo produtivo bem-sucedido.
Essa possibilidade de financiar a totalidade dos custos operacionais alivia o fluxo de caixa, mas exige um planejamento financeiro cuidadoso para gerenciar o endividamento e garantir o pagamento após a venda da produção.

Principais tipos de crédito rural para custeio em 2025
Para a safra 2025, as condições de crédito rural são definidas pelo Plano Safra 2024/2025, a principal política do governo federal para o setor.
Anualmente, o Plano Safra estabelece os volumes de recursos disponíveis, as taxas de juros, os prazos e os públicos prioritários para o financiamento agropecuário.
Para o ciclo 2024/2025, foi anunciado um volume recorde de R$ 475,5 bilhões no total, sendo R$ 76 bilhões destinados especificamente à agricultura familiar (Pronaf) e R$ 400,59 bilhões para a agricultura empresarial (incluindo médios produtores via Pronamp).
Dentro desse universo, se destacam alguns programas e tipos de linhas de crédito para custeio. Os principais são:
1. Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar)
O Pronaf é destinado para agricultores familiares que se enquadram em alguns critérios legais, sendo eles:
- Ter Cadastro Nacional da Agricultura Familiar (CAF) ativo;
- Respeitar o limite de Renda Bruta Familiar Anual (RBFA);
- Possuir a maior parte da renda vinda da atividade agropecuária;
- Usar mão de obra predominantemente familiar;
- Ter área de até 4 módulos fiscais.
O Pronaf é a principal fonte de crédito para pequenos produtores, com as menores taxas de juros do mercado, subsidiadas pelo governo.
As taxas variam conforme o tipo de produção, sendo menores para alimentos básicos e agroecológicos.
Já os limites de financiamento são voltados à agricultura familiar, público-alvo do programa, reconhecido como essencial para seu desenvolvimento no Brasil.
2. Pronamp (Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural)
Produtores rurais cuja Renda Bruta Anual (RBA) ultrapassa o teto do Pronaf, mas se mantém dentro do limite estabelecido para o Pronamp (atualmente R$ 3 milhões). É preciso ter no mínimo 80% da renda originária da atividade agropecuária.
O Pronamp oferece condições de financiamento mais vantajosas que as linhas de mercado com recursos livres, mesmo com juros amiores aos do Pronaf.
Para o Plano Safra 2024/2025, a taxa de juros para custeio e comercialização no Pronamp foi fixada em 8% ao ano. O limite de financiamento para custeio é de R$ 1,5 milhão por ano agrícola.
3. Linhas de Crédito de Bancos (Públicos/Privados) e Cooperativas (Recursos Livres/Outros)
Produtores rurais de todos os portes podem acessar crédito rural para financiamento de plantio, conforme a política de cada instituição financeira.
Além de operarem os recursos dos programas oficiais, as instituições como Banco do Brasil e CAIXA, e cooperativas de crédito como Sicredi, Cresol e Sicoob, também oferecem linhas de custeio com recursos próprios ou de outras fontes.
As condições dessas linhas são definidas pelas próprias instituições e, geralmente, seguem o mercado, sendo menos vantajosas do que as linhas subsidiadas pelo governo.
Linha de Crédito | Público-Alvo (Resumo) | Taxa de Juros Referência (a.a.)* | Limite Referência (por ano-safra)* | Onde Solicitar |
---|---|---|---|---|
Pronaf Custeio | Agricultores Familiares (CAF, Renda até R$500k, etc.) | 0,5% a 6% | Até R$ 250 mil | Bancos e Cooperativas Credenciadas |
Pronamp Custeio | Médios Produtores (Renda até R$3M, 80% agro) | 8% | Até R$ 1,5 milhão | Bancos e Cooperativas Credenciadas |
Linhas Livres/Outras | Todos os portes (conforme instituição) | Variável (Mercado) | Variável (conforme instituição) | Bancos e Cooperativas |
*Valores de referência baseados no Plano Safra 2024/2025. Condições podem variar. Consulte a instituição financeira.
Como solicitar financiamento de plantio?
Conseguir o financiamento de plantio para sua safra 2025 pode parecer complexo, mas seguindo alguns passos e com organização, o processo se torna mais claro.
Seja para Pronaf, Pronamp ou outras linhas, o caminho geral costuma ser semelhante, necessitando de:
- Planejamento de tudo o que você precisa
- Documentos pessoais, como RG, CPF, comprovante de estado civil e residência;
- Escolha da instituição financeira;
- Apresentação da proposta e análise;
- Acompanhamento e fiscalização da instituição;
- Liberação dos recursos na sua conta ou aos fornecedores, de acordo com o cronograma estabelecido.
Como conseguir financiamento para plantio de soja?
O processo é exatamente o mesmo. A principal diferença estará na linha de crédito, que envolve áreas e custos maiores, se enquadrando melhor no Pronamp ou utilizam linhas de crédito com recursos livres.
O Pronaf Custeio também pode financiar soja para agricultores familiares, mas o limite de R$ 250 mil pode ser baixo para grandes áreas.
A taxa de juros provavelmente será a geral, de 6% na safra 24/25, a menos que se encaixe em alguma condição especial.
Financiamento de Plantio: Financiando de terras e culturas
O crédito rural oferece soluções para para o financiamento de culturas específicas e compra de terra, que também são importante para o financiamento de plantio.
As linhas de custeio do Pronaf, Pronamp e linhas livres são aplicáveis para financiar as despesas de produção da maioria das culturas, como café, soja, cacau, mandioca e laranja.
O que pode mudar de uma para a outra são as condições específicas, especialmente dentro do Pronaf. Veja:
Incentivos no Pronaf
Como vimos, o Pronaf tem taxas de juros mais baixas para o custeio de produtos essenciais, como mandioca, feijão, arroz, milho (até R$ 20 mil), e algumas frutas como laranja.
As culturas ligadas à sociobiodiversidade, como cacau extrativo ou cultivado em sistemas agroecológicos/orgânicos, também podem ter acesso a taxas reduzidas . Isso funciona como um estímulo direto para investir nessas produções.
Culturas de maior escala
Culturas como soja e café , que demandam maior volume de recursos e tecnologia, costumam ser financiadas via Pronamp ou por de linhas de crédito de bancos e cooperativas.
As projeções indicam crescimento contínuo para essas culturas nos próximos anos , reforçando a importância do acesso ao crédito.
Comprar terra é um passo gigante e representa um investimento de longo prazo, muito diferente do custeio, que cobre as despesas de um ciclo produtivo.
Por isso, as linhas de crédito para aquisição de terra são específicas. A principal política pública para isso é o Programa Nacional de Crédito Fundiário (PNCF), rebatizado como Terra Brasil.
O objetivo é permitir que agricultores familiares sem terra ou com pouca terra consigam comprar seu próprio imóvel rural.
Como o Terra Brasil funciona?
O programa usa recursos do Fundo de Terras do Governo Federal para financiar a compra da terra e o investimentos básicos necessários para iniciar a produção, estruturar a propriedade e os custos com documentação.
O processo pode ser de forma digital, pelo do portal Gov.br, com a participação de entidades de Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER) credenciadas, que ajudam na elaboração do projeto.
As condições estão liberadas para trabalhadores rurais sem terra, posseiros, arrendatários, parceiros, meeiros e proprietários de áreas muito pequenas.
O programa ainda disponibiliza diferentes linhas de crédito com condições variadas. Veja:
- PNCF Mais: Para famílias com RBFA de até R$ 58.235,86 e patrimônio de até R$ 140 mil. Juros de 2,5% a.a;
- PNCF Social: Para famílias inscritas no CadÚnico, com RBFA de até R$ 29.117,93 e patrimônio de até R$ 70 mil (região Norte e SUDENE). Juros de 0,5% a.a;
- PNCF Jovem: Para jovens agricultores (menos de 30 anos) com RBFA de até R$ 58.235,86 e patrimônio de até R$ 140 mil. Juros de 0,5% a.a;
- PNCF Empreendedor: Para famílias com RBFA de até R$ 314.379,46 e patrimônio de até R$ 500 mil. Juros de 4% a.a;
- O teto de financiamento por beneficiário é de R$ 293.527,64. Há também um bônus de adimplência (desconto) para quem paga as parcelas em dia.


Daniel Oliveira
Formado em Ciências Contábeis, pós-graduado em gestão financeira, Mestre em Contabilidade e finanças pela UFMG, Doutorando em Economia aplicada pela USP Esalq.