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Integração Lavoura Pecuária: como implementar e tirar o melhor proveito

integração lavoura pecuária

Integração Lavoura Pecuária: conceitos e dicas para fazer na prática e aumentar a produtividade da sua fazenda. 

Nos últimos anos, a técnica de produção que integra a lavoura com a pecuária tem caído no gosto dos produtores, principalmente no cerrado onde existem largas áreas de pecuária subutilizadas. 

A integração lavoura pecuária (ILP) tem sido uma revolução na agricultura tropical, pois permite aumentar a lotação animal e ainda produzir grãos na mesma área.

Nesse texto veremos quais os conhecimentos necessários para a implantação do sistema e como adotar a integração lavoura pecuária para aumentar a produtividade da fazenda.

O que é Integração Lavoura Pecuária?

A Integração Lavoura Pecuária ou ILP é uma técnica que possibilita o cultivo de pastagem e de produção de grãos ao mesmo tempo na mesma área.

Isso é possível graças ao consórcio entre culturas, o qual já abordamos aqui no Blog do Aegro. A pastagem pode ser consorciada com grãos como milho, sorgo, arroz e até mesmo com a soja.

integração lavoura pecuária
(Fonte: Banco de imagens do autor)

Alguns dias ou semanas após a colheita dos grãos, o capim já está pronto para o pastejo – garantindo um pasto de ótima qualidade na entressafra.

Ela pode ser utilizada para a pecuária ao longo do período da seca e depois dessecada para uma nova semeadura de grãos ou pode continuar como pasto por algumas safras, sendo rotacionada com outras áreas.

O sistema de Integração Lavoura Pecuária pode resultar em vários benefícios à fertilidade do solo quando bem implantado.

modelos ILP
Fonte: (Bungenstab et al. (2012))

Os benefícios da ILP se originam da entrada das plantas forrageiras no ambiente de produção. 

Com suas raízes e sua grande produção de biomassa, elas reciclam nutrientes, melhoram a física do solo e aumentam os teores de matéria orgânica em profundidade no solo.

Implantando um Sistema de Integração Lavoura Pecuária

Pré-requisitos

Ao pensar em adotar o sistema de ILP, o produtor deve se atentar às ferramentas que ele tem na propriedade e na região para a devida mão de obra.

Isso porque para um pecuarista ter o maquinário necessário para a implantação, manutenção e colheita de uma lavoura nem sempre é algo comum. 

Por isso é importante que o pecuarista se certifique da existência de vizinhos ou prestadores desses tipos de serviços na sua cidade e região.

Já para o agricultor, a infraestrutura necessária para a pecuária é um grande investimento.

Dessa forma, o primeiro passo é planejar a manufatura das cercas e divisão dos talhões (futuros pastos) bem como de embarcadouros e troncos.  

Se certificar da estrutura pecuária da região também é extremamente importante, assim como os fornecedores de matrizes ou de novilhos(as) e possíveis abatedouros para a comercialização.

Em qual safra consorciar?

Deve-se realizar um planejamento para consorciar a forragem na primeira ou na segunda safra.

Se o produtor rural optar por um consórcio com a cultura de primeira safra teremos um pasto com mais matéria seca e com formação mais rápida, já que ele crescerá com abundância de luz e calor e com baixo ou nenhum estresse hídrico.

Por outro lado, o consórcio do capim com a cultura de segunda safra proporcionará uma menor produção de forragem.

Porém o produtor terá produzido duas safras na área, o que pode aumentar o lucro ou a oferta de alimento final para o gado.

Sistema de Produção de braquiária consorciada com milho
Sistema de Produção de braquiária consorciada com milho em primeira e segunda safra
(Fonte: Oliveira et al. (2019))

Antes de decidir quando semear a forrageira é preciso verificar se a oferta de forragem será suficiente nas áreas que não serão semeados os grãos, garantindo sempre áreas de pastagens em meio à rotação de culturas dos talhões.

Após certificar que o gado não passará fome durante o crescimento da primeira ou da segunda safra, é o momento de escolher o capim e a forma de semeá-lo.

Bem, já escrevi aqui no Blog sobre as diferentes espécies de braquiárias e os prós e contras de cada uma (confira aqui), então falarei diretamente sobre os modos de implantação do consórcio de grãos com forrageiras tropicais.

Integração Lavoura Pecuária: quando semear a forrageira?

As forrageiras podem ser semeadas em dois tempos diferentes, no mesmo momento da semeadura dos grãos ou um período depois.

Para a semeadura conjunta do capim com a cultura granífera é necessário utilizar culturas de rápido crescimento como o milho ou o sorgo forrageiro que sombreiam rapidamente as entrelinhas, limitando o crescimento da forragem.

Nesse caso, também utilize algum herbicida como Nicosulfuron e Mesotrione para o milho (ou Glifosato para milho resistente) em subdose (1/2 ou 1/3) para diminuir a competição do capim com a cultura.

Para consórcio da forrageira com sorgo, ainda não existem graminicidas registrados para a cultura, mas mesmo assim a competição entre as espécies pode ser diminuída aumentando a população de sorgo ou semeando a forrageira na época da adubação de cobertura. 

A forrageira é semeada após a cultura quando se deseja diminuir a competição por risco climático, no caso do milho, ou por conta da cultura apresentar crescimento mais lento, como no caso da soja e do sorgo forrageiro (porte baixo e demora para sombrear a entrelinha).

Quando a semeadura da forrageira é feita de forma defasada (após o plantio da cultura) no milho ou no sorgo, ela é realizada a lanço por causa da adubação de cobertura.

integração lavoura pecuária
Produção de braquiária semeada simultaneamente ao milho e na ocasião da adubação de cobertura
(Fonte: Borghi et al. (2015))

Já no caso da soja, a semeadura do capim é feita a lanço também, mas no final do enchimento dos grãos (R5-R6), para que após isso as folhas da soja caiam e cubram as sementes da forrageira.

Como semear a forrageira?

No sistema de Integração Lavoura Pecuária a forrageira pode ser semeada em consórcio com a cultura de grãos de duas formas: a lanço e em linha.

Quando semeada em linha, o capim pode ser colocado na caixa do adubo de plantio e semeado na mesma linha da cultura. O importante aqui é lembrar de utilizar apenas adubo fosfatado para não prejudicar a semente.

Dessa forma, a germinação da planta forrageira será mais lenta e pode reduzir a competição entre as espécies. 

Além disso, a forrageira também pode ser semeada na entrelinha da cultura, apesar de ser um método menos utilizado.

Isso é possível quando o milho ou o sorgo são semeados com espaçamentos maiores (90, 80 cm) e os carrinhos da semeadora são usados intercalados.

E o método mais utilizado pelos produtores é a semeadura a lanço da forrageira, com um implemento de distribuição na frente do trator. 

Massa Seca de Milho e de Forrageira no momento da colheita do milho
Massa Seca de Milho e de Forrageira no momento da colheita do milho, de acordo com o método de semeadura do consórcio
(Fonte: Pereira et al. (2015))

Esse método é mais eficaz quando se usa uma semeadora de arrasto, que é capaz de incorporar de maneira mais eficiente a semente do capim semeado a lanço. 

Lembre-se: É importante aumentar a porcentagem de sementes utilizada em 20% a 30% quando aplicada a semeadura a lanço!

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Conclusão

A Integração Lavoura Pecuária possibilita uma rotação entre agricultura e pastagem que beneficia o solo, a recuperação de áreas degradadas e auxilia intercalando princípios ativos de fitossanitários na produção.

Como resultado, vimos nesse texto que a técnica pede cuidado maior do produtor e atenção no manejo, mas que a longo prazo esse trabalho pode gerar rendimento maior no bolso.

Agora que sabemos que essa tal de ILP não é um bicho de sete cabeças, você pode se informar mais sobre o método com consultores, cooperativas ou aqui mesmo no Blog do Aegro! 

>> Leia Mais:
ILPF: O que você precisa saber para utilizar esse sistema

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Pretende implementar a Integração Lavoura Pecuária? Tem alguma dica para nos passar? Deixe seu comentário abaixo para continuarmos essa conversa!

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