Semeadura no pó: riscos, recomendações, qual a importância da água nesse momento e mais!
A escolha do momento da semeadura é fundamental para o sucesso da lavoura.
Apesar disso, entra safra e sai safra e a dúvida é: espero a chuva ou semeio no pó?
Semear no pó é uma decisão arriscada, que pode comprometer o estabelecimento de seu estande, uma vez que a presença de água no solo é essencial para a germinação.
Pensando nisso, separei algumas informações sobre a semeadura no pó e como manejar essa situação no dia a dia no campo. Confira a seguir!
Índice do Conteúdo
Semeadura no pó: momento de semear
Iniciar a semeadura logo após o fim do vazio sanitário é ideal para se ter uma janela de plantio para realizar a safrinha na mesma área.
Além disso, semear assim que possível auxilia no escalonamento do plantio em grandes áreas.
Contudo, acabou o vazio sanitário, estamos há vários dias sem chuva e o solo continua seco. Nesse momento vem a dúvida: esperar ou não as chuvas para iniciar o plantio?
As sementes são seres vivos, assim, a água é fundamental para realização de diversos processos.
A água tem de estar presente desde a germinação até o enchimento de grãos, sendo o principal fator limitante da produção.
Então, o momento ideal de semear é quando a umidade do solo for o suficiente para que as sementes absorvam a quantidade de água suficiente para poderem germinar e emergir.
Quantidade de água necessária para germinação e emergência
As sementes adquiridas para o plantio apresentam teor de água de 10% a 13%. Contudo, esses valores são adequados para armazenamento e não para a plantio.
Para início e continuidade do processo de germinação, o teor de água das sementes deve aumentar.
Veja abaixo o teor de água que as sementes de milho (albuminosas) e de soja ou feijão (exalbuminosas) precisam ter durante a germinação para emissão da radícula:

(Fonte: Esalq/USP)
Para que as sementes absorvam essa quantidade de água, o solo deve ter uma umidade de 50% a 85% de água disponível.
Desse modo, a quantidade de água presente no solo é suficiente para garantir que ocorra germinação e emergência das sementes.
Então, é importante conhecer a capacidade de retenção de água do solo que você irá semear, pois essa quantidade de água varia de acordo com o tipo de solo, compactação, sistema de produção, entre outros.
O que acontece se realizar a semeadura no pó?
Ao semear em solo seco, é como se você estivesse armazenando as sementes em condições de pouca umidade, alta temperatura e presença de microrganismos.
Se as sementes permanecerem nessa combinação de fatores durante um período superior a 15 dias, a germinação é drasticamente afetada.
O calor e falta de água faz com que as sementes respirem mais e se desenvolvam lentamente, ficando mais expostas ao ataque de pragas e microrganismos do solo.
A porcentagem, velocidade e uniformidade de germinação é afetada, podendo ocorrer perdas de 50% da produção.
Além disso, na cultura da soja ocorre perda da eficiência da inoculação, reduzindo a quantidade de bactérias viáveis.
Na prática, semeando no pó você pode perder a sua inoculação.
Outro fator bastante importante é a quantidade de chuva após dias de estiagem.
Se acaso você semear e ocorrer uma chuva de poucos milímetros, as sementes podem absorver água, entretanto, não será o suficiente para completar a germinação e emergir. Assim, ocorre morte das sementes e, consequentemente, falhas no seu estande.
Em casos de muitas falhas no estande, recomenda-se realizar a ressemeadura, resultando em tempo perdido e, principalmente, aumento do custo da lavoura.

Falha na emergência de plântulas em campo
(Fonte: Conesul News)
Estratégias para otimizar a semeadura no pó
Apesar de não ser uma técnica recomendável, caso seja extremamente necessário realizar a semeadura em solo seco, você deve levar em consideração alguns fatores como:
- qualidade das sementes;
- tratamento das sementes;
- inoculação;
- proximidade das chuvas;
- sistema de plantio.
Qualidade das sementes
Utilizar sementes com alta porcentagem de germinação e vigor é fundamental. Sementes de alta qualidade suportam por um período maior condições adversas, como a pouca umidade do solo, neste caso.
Além disso, apresentam desenvolvimento mais rápido se comparada a sementes de qualidade inferior.
Por isso, é muito importante que você utilize sementes certificadas, que possuam qualidade garantida!
Tratamento das sementes
O tratamento de sementes pode ser um forte aliado caso você deseje realizar a semeadura no pó.
Como o desenvolvimento das sementes é mais lento pela falta de água e alta temperatura do solo, o tratamento com fungicida previne o ataque de microrganismos e pragas, que aceleram a deterioração das sementes.
Veja na figura abaixo sementes com e sem tratamento em condições de baixa umidade do solo:

(Fonte: SEEDNews)
Inoculação
Para promover uma nodulação adequada em plantas de soja, a semente deve apresentar, no momento da semeadura, de 80 mil a 100 mil células de bactérias.
Ao semear no pó, os solos apresentam alta temperatura e pouca umidade, o que reduz, em menos de uma semana, metade do número de células viáveis, ocorrendo prejuízo no fornecimento de nitrogênio para planta.
Se você realizar a semeadura em solo seco, faça inoculação, mas busque métodos de complementar o fornecimento de N para planta.
Uma opção de complementação é a inoculação via pulverização em cobertura ou uso de fertilizante mineral.
Proximidade das chuvas
Não faça semeadura no pó sem ao menos ter uma previsão de chuva para os próximos 10 a 15 dias.
Mesmo com uso de sementes de alta qualidade e tratamento de sementes, a exposição em solo com pouca umidade por um período prolongado reduz a germinação e emergência das plantas.
Ter acesso a informações meteorológicas de qualidade minimiza esses riscos e permite traçar um planejamento melhor das operações da fazenda. Se esses dados estiverem integrados aos da propriedade, a tomada de decisão fica mais precisa.
Utilizar um software de gestão agrícola como o Aegro reúne as informações da fazenda e a previsão climática por geolocalização da área rural.
As informações de tempo e temperatura são atualizadas de hora em hora, com dados detalhados dos próximos 3 dias e previsões para os próximos 15 com relação à variação de temperatura, possibilidade de chuva, vento (velocidade e direção) e até janela de pulverização.
O sistema traz ainda dados sobre umidade relativa do ar por 15 dias e histórico das chuvas por geolocalização.
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Sistema de plantio
Se você se depara todos os anos com esse questionamento de semear ou não no pó, uma opção que auxilia nesse momento é a adoção do sistema de plantio direto.
Em comparação com sistema convencional, a palhada no solo no plantio direto tem várias vantagens, como a manutenção da umidade do solo por mais tempo.
Outro ponto positivo desse sistema é maior facilidade de infiltração de água no solo. Consequentemente, as raízes das plântulas emergidas utilizarão a água presente no perfil do solo.

Diferença visual de solo com sistema de plantio convencional e direto
(Fonte: Integrar)
Conclusão
Neste artigo vimos que o momento ideal de semear é com a chegada das chuvas, pois a água é fundamental para a formação e manutenção da lavoura.
Semeio em solo seco apenas em situações de extrema necessidade, pois é uma técnica bastante arriscada! Utilize sempre sementes de alta qualidade e realize um bom tratamento.
Como você viu, o recomendável é esperar as condições ideais para realizar a semeadura e, assim, evitar riscos de perdas!
>> Leia mais:
“Cálculo de semeadura da soja: 5 passos para a população de plantas ideal no seu sistema”
Você já realizou ou realiza a semeadura no pó? Ficou alguma dúvida? Deixe seu comentário abaixo!