O ASG na agricultura reúne práticas ambientais, sociais e de governança para tornar a fazenda mais sustentável e competitiva.
Com grandes avanços no Brasil, a prática possibilita gerenciar de forma mais responsável a fazenda, se tornando cada vez mais sustentável sob todos os aspectos.
As mudanças climáticas têm afetado a economia global e ameaçado a segurança alimentar. Por isso, ações de mitigação desses efeitos são cada vez mais cobradas pela sociedade.
No agronegócio, há também uma cobrança para que sejam cada vez mais difundidas as práticas da empresa ASG.
Índice do Conteúdo
O que é ASG no agronegócio?
ASG, sigla em inglês para Ambiental, Social e Governança, são práticas voltadas ao desenvolvimento sustentável e à longevidade dos negócios rurais.
O conceito ganhou força global em 2005, quando a ONU lançou recomendações para investimentos responsáveis, destacando questões como mudanças climáticas, desmatamento, fome, pobreza e governança corporativa.
Essas práticas ajudam empresas e governos a antecipar riscos, buscar soluções e melhorar o planejamento estratégico.
Apesar disso, avanços concretos têm sido limitados. O Acordo de Paris, de 2015, que estabelece metas para limitar o aquecimento global a menos de 2°C até 2030, mostra que muitos países ainda estão longe de cumprir os compromissos, gerando efeitos ambientais irreversíveis.
No agronegócio, adotar o ASG aumenta competitividade, fortalece a resiliência e garante a longevidade das operações.

(Fonte: Blog da Aegro)
Qual a importância da ASG na agricultura?
A ASG na agricultura vai muito além de construir uma imagem sustentável, já que reduz riscos climáticos e financeiros, facilita o acesso a crédito e ajuda a chegar em mercados cada vez mais exigentes.
Adotar a ASG fortalece a sustentabilidade do agronegócio e garante competitividade a longo prazo.
Com impactos ambientais e sociais positivos, o ASG no agronegócio contribui para solos mais férteis, maior produtividade, redução de riscos e vulnerabilidades.
Empresa ASG: O que significa cada um dos pilares?
Os fatores ASG estão relacionados às práticas de preservação do meio ambiente, responsabilidade social e de boa governança.
No Brasil, como um país em que o setor agrícola representa cerca de 30% do PIB e 43% das exportações, adotar essas práticas aumenta competitividade, reduz riscos e abre novas oportunidades de mercado.
Estudos indicam que a implementação de ASG pode ampliar o PIB em até R$ 2,8 trilhões até 2030, reforçando que sustentabilidade e performance econômica caminham juntas, fortalecendo ainda mais o setor.
1. Fatores ambientais
O ASG ambiental é um dos fatores ambientais estão entre os mais cobrados pela sociedade e por investidores de grandes empresas quando se refere ao ASG.
Isso porque a preservação do meio ambiente é essencial para que seja possível prolongar a vida do ser humano na terra. Afinal, a natureza ajuda a sequestrar o carbono que favorece ao aumento do aquecimento global.
As ações voltadas para intensificar o sequestro de carbono pela natureza estão entre as principais metas do Acordo de Paris. Na COP26, realizada na Escócia, finalizou a proposta para a criação de um mercado global de créditos de carbono.
Na finalização deste acordo, o Brasil teve grande protagonismo, já que teve sua proposta aprovada para a criação desse mercado.
Além disso, publicou o Decreto 11.075/2022, passo inicial para regulamentar o mercado nacional de créditos de carbono. Ele tem incentivado as fazendas sustentáveis por meio do aumento de recursos do Plano Safra para esta finalidade.
ASG e agricultura de baixo carbono
O ASG no agronegócio do Brasil é incentivado por meio do Plano ABC, que estimula a agricultura de emissão de baixo carbono.
O plano tem uma linha de crédito chamada Programa ABC (agricultura de baixo carbono), que teve disponibilizado no Plano Safra R$ 6,19 bilhões.
Há ainda produções sustentáveis por meio de programas voltados para a agricultura regenerativa, agricultura orgânica, agrofloresta e agricultura biológica. Outras práticas de sustentabilidade ambiental no agronegócio já difundidas no país são:
- ILPF (Integração Lavoura-Pecuária-Floresta);
- Plantio direto, que favorece à maior fertilidade do solo;
- MIP (Manejo Integrado de Pragas), mais eficiente no controle de pragas e doenças;
- Tecnologias de agricultura de precisão, por meio das quais se reduz o impacto ambiental nas operações agrícolas.
2. Fatores sociais
As relações sociais no ASG na agricultura também ganham cada vez mais força, diante da constante valorização do ser humano.
Seja ele um colaborador da empresa, integrante de comunidades que residem no entorno ou os próprios clientes.
A sociedade moderna é composta por pessoas diferentes em vários aspectos. Cada uma deseja ser respeitada pelo que é, desde que não prejudique o outro em sua prática.
Neste sentido, as práticas sociais em uma empresa, seja ela rural ou urbana, devem prezar pelo respeito à diversidade e oportunidade igual para todos. Isso tudo independente de gênero, cor, raça ou orientação sexual.
O respeito às leis trabalhistas e aos direitos dos colaboradores também devem ser incentivados pela empresa a se desenvolverem cada vez mais profissionalmente. Isso serve para o bem dele próprio e da própria companhia.
Ainda sobre os aspectos sociais, as empresas precisam praticar sempre o respeito aos direitos humanos, aprimorar a proteção de dados dos colaboradores e dos clientes.
3. Fatores de governança
As ações de sustentabilidade ambiental e de responsabilidade social não podem ser dissociadas da governança, já que é responsável por estruturar todas as ações da empresa rural e fazê-las acontecer.
A governança deve cuidar para que todas as regras da empresa sejam voltadas para o ESG. Além disso, outras estratégias de atuação também devem ser executadas pelos colaboradores.
Da mesma forma, a governança deve dar todo o suporte necessário ao desenvolvimento de ações fora da empresa. Isso pode ser feito junto a comunidades do entorno e ações de preservação ambiental.
Na gestão da empresa rural, é necessário que a governança atue com a mitigação de riscos. Sejam eles relacionados aos mercados ou às mudanças climáticas.
Promover, junto aos colaboradores, o bem-estar no serviço também é fundamental. Assim, eles podem desenvolver melhor suas atividades e fazer a empresa crescer.
Deve ser feito o uso de tecnologias digitais que favoreçam a maior agilidade na execução dos serviços, na sustentabilidade ambiental e eficiência na gestão.

Como implementar ASG na propriedade rural?
Para adotar práticas ASG na fazenda, o primeiro passo é realizar um diagnóstico detalhado, identificando riscos ambientais, sociais e de governança, bem como oportunidades de melhoria e inovação.
Com base nesse levantamento, defina metas claras e realistas, que possam ser acompanhadas ao longo do tempo.
Neste momento, é preciso envolver toda a equipe, além de capacitar os funcionários, promover uma cultura de responsabilidade e incentivar a participação nas ações sustentáveis.
Utilize checklists, indicadores de desempenho ou softwares de gestão rural para monitorar o progresso e ajustar estratégias quando necessário.
Junto disso é importante comunicar resultados e avanços a parceiros, compradores e investidores reforça a transparência e o compromisso com o ASG, fortalecendo a reputação da propriedade e criando vantagens competitivas.
Qual a diferença entre ASG e agricultura sustentável?
A agricultura sustentável se concentra no manejo equilibrado de recursos naturais, garantindo produção eficiente sem degradar o solo, a água e a biodiversidade.
Já o ASG vai além do meio ambiente, incorporando também governança transparente e responsabilidade social, como boas práticas de gestão, condições de trabalho justas e engajamento com a comunidade local.
Isso significa que uma fazenda pode ser ambientalmente sustentável, mas ainda não atender a todos os critérios de ASG se não tiver processos de governança claros ou ações sociais estruturadas.
Implementar o ASG transforma a propriedade em um modelo de gestão integrada e resiliente, que reduz riscos, amplia oportunidades de mercado e fortalece a reputação com parceiros, investidores e consumidores exigentes.

Engenheiro Agrônomo, Mestre e Doutorando em Produção Vegetal pela (ESALQ/USP). Especialista em Manejo e Produção de Culturas no Brasil.