Se você é produtor de grãos, acompanhar o mercado agrícola é mais do que importante: é estratégico.
Fatores como a lei da oferta e demanda e o volume de produção no país influenciam diretamente os preços praticados.
Saber o que está acontecendo no campo ajuda você a tomar decisões mais seguras, desde a hora de vender até a de planejar a próxima safra.
Por isso, neste artigo você vai entender como está a produção de grãos no Brasil e o que isso significa para o seu bolso e o seu trabalho.
Índice do Conteúdo
Como está a produção de grãos no Brasil?
A participação do setor do agronegócio no PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro tem média acima de 20% do total.
Em valores reais, o PIB do agronegócio gerou nos últimos anos uma média de mais de R$ 1,2 trilhões. Somente o ramo agrícola apresenta grande parte destes ganhos.
Na safra 2023/2024, houve uma retração totalizando 298,4 milhões de toneladas, uma redução de 6,7% em relação à safra anterior, que havia alcançado 319,8 milhões de toneladas.
Já para a safra 2024/2025, o cenário é de recuperação e crescimento, com estimativa de 328,3 milhões de toneladas de grãos, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
O número representada um aumento de 10,3% em relação à safra anterior, que se deve a melhora nas condições climáticas, à ampliação da área plantada e à recuperação da produtividade média das lavouras, estimada em 4.023 kg/ha.
A soja segue como principal cultura, com produção estimada em 167,4 milhões de toneladas, um crescimento de 13,3% em relação ao ciclo anterior.
Enquanto isso, o milho deve alcançar 122,8 milhões de toneladas, registrando um avanço de 6,1%.
O Brasil deve recuperar as perdas da safra passada e também bater novo recorde histórico de produção, fortalecendo ainda mais o papel do agronegócio na economia nacional.

Qual é a área cultivada com grãos no Brasil?
A área total destinada à produção de grãos no Brasil na safra 2024/25 é estimada em 78,2 milhões de hectares, conforme dados da Conab.
Esse número reflete o contínuo crescimento do setor agrícola, especialmente impulsionado pelo avanço das culturas de soja e milho.
A expansão ocorre tanto em áreas já consolidadas quanto em novas fronteiras agrícolas, como o MATOPIBA.
A produção de grãos no Brasil está aumentando?
Sim, a produção de grãos no Brasil está aumentando na safra 2024/25 e deve bater o recorde de 328,4 milhões de toneladas.
Esse aumento é resultado da evolução tecnológica no campo, melhoria na eficiência do manejo, maior uso de máquinas agrícolas e insumos modernos, além da adoção de cultivares mais produtivas.
De acordo com o Ministério da Agricultura, a expectativa é que o Brasil alcance cerca de 379 milhões de toneladas de grãos até 2033/34, se consolidando como um dos maiores produtores agrícolas do planeta.
Quais os grãos mais produzidos no Brasil?
Os principais grãos cultivados no país continuam sendo soja, milho, arroz, feijão, algodão e trigo.
A soja lidera a produção nacional, seguida pelo milho e esses dois grãos, juntos, representam mais de 80% da produção de grãos no Brasil.
Com isso, os estados com maior produção de grãos no Brasil em 2024/25 são:
- Mato Grosso : Principal produtor de soja e milho;
- Paraná: Destaque na produção de milho, trigo e feijão;
- Goiás: Grande produtor de soja, milho e feijão;
- Rio Grande do Sul: Referência no cultivo de arroz e trigo;
- Bahia e Maranhão: Crescem como novas fronteiras agrícolas no Matopiba.
Soja
Na safra 2024/25, o Brasil deve colher 155,3 milhões de toneladas de soja, se consolidando como o maior produtor mundial da oleaginosa, à frente dos Estados Unidos.
O Mato Grosso segue na liderança isolada, com mais de 40 milhões de toneladas, seguido por Paraná, Rio Grande do Sul e Goiás.
A cultura continua sendo o carro-chefe do agronegócio brasileiro, com destaque para as exportações para a China, principal destino da soja em grão.
A área plantada com soja em 2024/25 foi estimada em 45,4 milhões de hectares, com aumento modesto em relação à safra anterior, impulsionado por boa rentabilidade e demanda aquecida no mercado internacional.
O principal país importador da soja brasileira e americana é a China, com uso principal para ração animal. Logo atrás do Brasil, há os Estados Unidos lidera na produção e exportação.

Arroz
Na safra 2024/25, a produção brasileira de arroz está estimada em cerca de 10,4 milhões de toneladas, considerando a colheita do arroz irrigado e do arroz de sequeiro.
A área plantada foi de aproximadamente 1,5 milhão de hectares, com destaque para o arroz irrigado, que representa mais de 75% da produção nacional.
Esse sistema proporciona maior estabilidade na produtividade, mesmo em anos com adversidades climáticas.
O Rio Grande do Sul continua como o maior produtor nacional, responsável por mais de 70% do volume total, seguido por Santa Catarina e Tocantins.
A produção brasileira atende majoritariamente ao mercado interno, sendo o arroz um dos grãos mais consumidos pela população.
Mesmo com estabilidade na área cultivada, a cultura tem enfrentado desafios com custos de produção e concorrência com outras culturas mais rentáveis, como soja e milho.
Feijão
Na safra 2024/25, a produção brasileira de feijão está estimada em 3,3 milhões de toneladas, considerando as três safras da leguminosa.
Esse volume representa um crescimento de 2,1% em relação à safra anterior, impulsionado por uma leve melhora na produtividade média das lavouras, que passou de 1.135 kg/ha para 1.157 kg/ha.
A área cultivada com feijão permanece estável, totalizando 2,86 milhões de hectares no país, com concentração em estados, como:
- Paraná: Destaque na produção da primeira e segunda safras;
- Minas Gerais: Relevante nas três safras, especialmente na segunda;
- Goiás e Bahia: Importantes na produção do feijão-caupi, especialmente na terceira safra.
Milho
Na safra 2024/25, a produção total de milho no Brasil está estimada em 124,7 milhões de toneladas, considerando as três safras do cereal.
Esse volume representa um aumento de aproximadamente 9 milhões de toneladas em relação ao ciclo anterior.
A segunda safra, conhecida como “safrinha“, continua sendo a principal responsável por esse resultado, com previsão de 97,9 milhões de toneladas, impulsionada por uma área plantada de 16,9 milhões de hectares e produtividade média de 5.794 kg/ha.
Esse desempenho é sustentado pelos principais estados produtores de milho no Brasil, como:
- Mato Grosso: Líder nacional na produção, com destaque para a segunda safra;
- Paraná: Importante produtor nas três safras;
- Goiás: Relevante na produção da segunda safra;
- Minas Gerais e Mato Grosso do Sul: Também se destacam na produção do cereal.
O plantio de milho é fundamental para o abastecimento interno, especialmente na alimentação animal, e também para as exportações, consolidando o Brasil como um dos maiores produtores e exportadores mundiais do grão.

Qual a projeção de produção de grãos no Brasil até 2031?
Segundo o Ministério da Agricultura e a Conab, a produção brasileira de grãos pode atingir 379 milhões de toneladas até a safra 2033/34, um aumento estimado de 27% em relação à safra 2023/24. Esse crescimento deve ser sustentado por:
- Aumento da produtividade, com uso de tecnologias como agricultura de precisão e melhoramento genético;
- Expansão da área cultivada, especialmente no Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia);
- Adoção de boas práticas agrícolas, aliadas à sustentabilidade e ao uso racional dos recursos naturais.
A partir disso, algumas culturas devem aumentar o crescimento em área e produção, como:
- Soja, com aumento estimado de 26,9% na área plantada;
- Milho (segunda safra), com previsão de crescimento de 35,2% na área;
- Algodão, com tendência de expansão contínua para atender à demanda global.
Já culturas como arroz e feijão podem ter redução de área plantada, mas com manutenção da produção total, graças ao aumento de produtividade e uso de cultivares mais eficientes.
Qual a projeção do aumento e redução da área de produção no Brasil?
Há estimativas para um aumento de área de produção. Mas, segundo as projeções, nem todas as culturas participarão deste aumento de área.
Segundo o Mapa, o arroz perderá 62% de área colhida. O feijão perderá 36,9% de área. Por outro lado, o milho segunda safra ganha 35,2% de área plantada, a soja ganha 26,9% e o milho, 10,6% a mais.
A boa notícia é que não haverá redução da produção destas culturas que perdem área. Afinal, as projeções realizadas consideram vários fatores, como:
- Aumento tecnológico;
- Novas cultivares mais adaptadas e resistentes às principais doenças e pragas;
- Novos produtos para manejo e maior produtividade, etc.
Assim, mesmo com a redução da área de plantio de algumas culturas, a produtividade pode manter ou até mesmo aumentar ao longo dos anos.


Engenheiro-Agrônomo (UFRA/Pará), Técnico em Agronegócio (Senar/Pará), especialista em Agronomia (Produção Vegetal) e mestre em Fitotecnia pela (Esalq/USP).