Guanxuma: época certa para controle, quais herbicidas utilizar e as principais dicas para evitar prejuízo na lavoura.
A guanxuma é um grande problema na lavoura.
Ela causa interferência direta na plantação, reduzindo o rendimento dos grãos na cultura da soja, por exemplo.
Além disso, sua presença pode indicar uma possível compactação do solo, demonstrando que o cultivo está suscetível à seca e ao tombamento.
Neste artigo, mostrarei como identificar, manejar e controlar a guanxuma na sua lavoura. Confira!
Índice do Conteúdo
- 1 Identificação das principais espécies de guanxuma no Brasil
- 2 Interferência de guanxuma nas culturas
- 3 Guanxuma: principais pontos sobre essa daninha
- 4 E o que essas características influenciam no manejo?
- 5 Manejo de guanxuma na entressafra do sistema soja-milho
- 6 Manejo na pós-emergência das culturas de soja e milho
- 7 Conclusão
Identificação das principais espécies de guanxuma no Brasil
No Brasil as espécies mais comuns são:
Sida glaziovii
Ocorre frequentemente em solos arenosos das regiões tropicais do Brasil. Infesta principalmente áreas de pastagens, beiras de estrada, carreadores pomares e culturas perenes em geral.
É uma das principais infestantes em áreas de novos canaviais no cerrado.
Pode ser reconhecida pela coloração prateada de suas folhas.
Planta adulta de Sida glaziovii
(Fonte: Mercadante, 2015)
Sida spinosa
Planta medianamente frequente, infesta geralmente cultivos anuais ou perenes, pomares e pastagens, nas regiões centro e sul do País.
Muito comum em áreas de solo arenoso e tolera solos ácidos e pobres.

Planta adulta de Sida spinosa
(Fonte: Weedimages)
Sida rhombifolia
Dentre as espécies de guanxuma, é a mais comum em áreas cultivadas do país. Infesta principalmente lavouras anuais e perenes, pomares e pastagens.
É mais frequente em cultivos de cereais em sistema de plantio direto.
É curiosamente conhecida como relógio, devido à pontualidade com que suas flores se abrem e se fecham diariamente.

Planta adulta de Sida rhombifolia
(Fonte: Mercadante, 2013)
Interferência de guanxuma nas culturas
A guanxuma tem crescimento inicial lento, o que a torna um planta daninha pouco competitiva. Porém, em estádios mais avançados, possui maior competitividade com culturas e se torna de difícil controle.
Pesquisas demonstram que 10 plantas de guanxuma por m² podem reduzir em 6% o rendimento de grãos da cultura da soja.
Além dos problemas de interferência direta, essa planta daninha pode ser hospedeira de pragas e doenças.
A guanxuma pode ser hospedeira de nematoides das galhas e das lesões.
Sua presença na lavoura também pode ser indicadora de compactação do solo.
Tome muito cuidado com sinais de compactação!
A compactação limita o crescimento e desenvolvimento das raízes à camada superficial de solo, deixando o cultivo muito suscetível à seca e tombamento.
Guanxuma: principais pontos sobre essa daninha
É muito importante salientar que não foram registrados casos de resistência a herbicidas para as espécies de guanxuma no Brasil!
Mundialmente, registrou-se apenas um caso nos Estados Unidos para a espécie Sida spinosa resistente a imazaquin.
Desta forma, é muito importante entender a biologia destas espécies para traçar estratégias de manejo eficientes e não selecionar ervas daninhas resistentes.
Esta planta daninha produz em média 510 sementes por planta, podendo a chegar até 28 mil sementes m-2, que são indiferentes à luz. Ou seja, são capazes de germinar no claro e no escuro.
Sua germinação é favorecida com alternância de temperatura em 20°C a 30°C. Já a profundidade de enterrio não possui influência sobre a emergência desta planta daninha.
Mesmo com profundidade de 5 cm, as sementes possuem boa germinação!
Por outro lado, a deposição de matéria orgânica na superfície do solo (palhada) dificulta a emergência das sementes devido à baixa quantidade de reserva nas sementes.
Nestas condições, a plântula gasta uma grande quantidade de reserva para atravessar essa barreira. Isso a torna mais suscetível ao efeito de herbicidas.
O grande problema está nas sementes de guanxuma que possuírem dormência, ou seja, mesmo com condições ideais, a germinação não ocorre devido a um impedimento natural.
Sementes da espécie Sida rhombifolia
(Fonte: Teo, 2014)
E o que essas características influenciam no manejo?
Plantas daninhas com dormência apresentam vários fluxos de emergência, muitas vezes fora do período de aplicação de herbicidas, o que dificulta o seu manejo.
Além disso, essa planta daninhas possui características morfológicas que dificultam seu manejo quando estão em estágio de desenvolvimento avançado.
Quando adulta, suas folhas possuem maior acúmulo de tricomas (pelos) e ceras, o que dificulta a absorção e transporte do herbicida na planta.
Estruturas presentes na superfície foliar da espécie Sida rhombifolia
(Fonte: Albert e Victoria Filho, 2002)
Por isso, é importante que o controle seja feito com plantas pequenas de até 4 folhas.
>>Leia mais: “Guia para o controle eficiente da trapoeraba“
Manejo de guanxuma na entressafra do sistema soja-milho
Herbicidas pós-emergentes
O principal ponto no manejo eficiente de guanxuma em pós-emergência é a aplicação em plantas pequenas (até 4 folhas). Elas absorvem maior quantidade de herbicidas e possuem menor capacidade de rebrota.
Outro ponto muito importante é a tecnologia de aplicação utilizada. Como são plantas que podem ter menor capacidade de absorção, é importante seguir estas dicas:
- Garantir uma boa cobertura do alvo;
- Utilizar bons adjuvantes, de acordo com as necessidades dos herbicidas;
- Aplicar em condições climáticas ideias;
- Cuidar com incompatibilidade de calda, na mistura de tanque de produtos fitossanitários.
Os dois principais herbicidas pós-emergentes em áreas sem cultivos são:
Glifosato
Quando em estádios iniciais (até 4 folhas), é muito eficiente no controle desta planta daninha. Recomendações de dose de 2 L ha-1.
Fui uma importante solução para o controle de guanxuma em pós-emergência da soja (com tecnologia RR), fornecendo ótimo controle sem afetar o cultivo.
2, 4 D
Pode ser utilizado na entressafra para o controle de plantas pequenas (até 4 folhas). Recomendações de dose de 1 a 1,5 L ha-1.
Cuidado com antagonismo em mistura com outros herbicidas!
Herbicidas pré-emergentes
O uso de herbicidas pré-emergentes para o controle dessa planta daninha é essencial!
Como suas sementes possuem dormência, ou seja, com vários fluxos de emergência, estes herbicidas reduzem a necessidade de aplicações em pós-emergência. Eles ainda aumentam a possibilidade da cultura fechar no limpo!
Diclosulam
Herbicida com ação residual para controle de banco de sementes.
Utilizado na primeira aplicação do manejo outonal associado a herbicidas sistêmicos (ex: glyphosate e 2,4 D). O solo deve estar úmido.
Recomendações de dose de 29,8 a 41,7 g ha-1.
Flumioxazin
Herbicida com ação residual para controle de banco de sementes.
Utilizado na primeira aplicação do manejo outonal associado a herbicidas sistêmicos (ex: glyphosate, 2,4 D e imazetapir) ou no sistema de aplique plante da soja. Recomendação de dose de 50 a 120 g ha-1.
Sulfentrazone
Herbicida com ação residual para controle de banco de sementes.
Utilizado na primeira aplicação do manejo outonal associado a herbicidas sistêmicos (ex: glyphosate e 2,4 D). Recomenda-se dose de até 0,5 L ha-1, pois apresenta grande variação na seletividade de cultivares de soja.
Recomendado principalmente para áreas onde também ocorre infestação de tiririca!
Manejo na pós-emergência das culturas de soja e milho
Soja
Cloransulam
Utilizado em pós-emergência da soja, na dose de 35,7 g ha-1.
Imazetapir
Utilizado em pós-emergência precoce da guanxuma e na soja com até 2 trifólios, na dose de 1,0 L ha-1.
Milho
Atrazina
Quando em estádios iniciais (até 4 folhas) é muito eficiente no controle dessa planta daninha.
Recomendações de dose de 4 a 5 L ha-1, dependendo das características do solo.
Mesotrione
Aplicar de 2 a 3 semanas após semeadura do milho, sobre plantas daninhas em pós-emergência precoce (2 folhas). Recomendações de dose de 0,4 L ha-1 + óleo mineral.
>> Leia mais: “O guia completo para o controle do capim-pé-de-galinha“
Conclusão
Neste artigo vimos a importância econômica que a guanxuma possui e como realizar um manejo eficiente em lavouras de grãos.
E entendemos a importância de conhecer a biologia da planta daninha antes de manejá-la.
Vimos que o estádio de aplicação, uso de correta tecnologia de aplicação e inclusão de pré-emergentes são determinantes no controle dessa planta daninha.
Espero que com as dicas passadas aqui você consiga realizar um manejo eficiente da guanxuma!
>> Leia mais:
“Planta tiguera: Quais os manejos mais eficientes para sua lavoura”
“Guia do manejo eficiente da buva”
“Como fazer o manejo eficiente do capim-amargoso”
Você já teve problemas com infestação de guanxuma em sua lavoura? Quais técnicas utilizar para manejá-la? Adoraria ver seu comentário abaixo!
Quero saber como controlar a guaxuma sem uso de agrotoxicos. Meu principal objetivo aqui é saber se o surgimento da guaxuma é por causa de alguma deficiencia do solo: tipo, falta ou ausencia de algum macro ou micronutriente. Ou presença de aluminio ou coisa assim.