
Inseticida Natural: Como ele pode ajudar no manejo da sua lavoura
Evelise Martins da Silva - 4 de abril de 2019
Inseticida natural: Conheça as opções que têm trazido melhores resultados e como fazer as aplicações na sua propriedade.
Cerca de 40% da produção agrícola no mundo é perdida devido ao ataque de pragas, segundo a FAO.
E as notícias sobre as falhas de controle com alguns inseticidas tradicionais já são conhecidas. Isso tem relação com pouco monitoramento, o que intensifica a pressão de seleção dos insetos.
Assim vemos que para otimizar o controle é válido incluir novas estratégias de manejo de insetos.
Neste artigo, compartilho informações sobre o uso de inseticidas naturais que, se bem posicionados, podem dar ótimos resultados. Confira a seguir!
Índice do Conteúdo
Inseticida natural: Como defender minhas plantas
Os mecanismos naturais de defesas das plantas são eficientes: é como nosso sistema imunológico.
A fitopatologia confirma que a resistência é uma regra. A suscetibilidade é exceção.
Esses mecanismos de defesa contra qualquer patógeno e inseto são:
- Defesa induzida direta: a defesa da planta acontece a partir de algum ataque de inseto.
Ocorre pela produção de compostos repelentes de herbívoros e substâncias químicas que inibem degradação das proteínas ingeridas pelos insetos (inibidores de proteases).
- Defesa induzida indireta: a planta produz compostos voláteis que atraem inimigos naturais dos insetos.
E esses compostos voláteis são base de algumas formas de controles naturais contra insetos.
No entanto, a entomologia considera que as populações de insetos se multiplicam acima do normal e se transformam em pragas em condições excepcionais.
Além disso, segundo a lei da trofobiose, há forte relação de plantas mais suscetíveis ao ataque de pragas com quantidades maiores de aminoácidos.
Estes seriam os alimentos preferenciais dos insetos, e é o que ocorre nas lavouras atuais devido às práticas que temos hoje.
Mas, então, por onde começamos quando os ataques à lavoura ocorrem? Vou explicar melhor.
(Fonte: Mais Soja)
Manejo Integrado de Pragas
Não existe um inseticida milagroso para controlar os ataques de pragas. É a integração de diferentes táticas de controle que fará a diferença.
Portanto, adotar o MIP (Manejo Integrado de Pragas) pode reduzir 50% dos seus custos com defensivos agrícolas.
A base do MIP é o monitoramento constante para identificação da espécie que está atacando a lavoura.
Isso se realiza a partir de amostragem, registro e acompanhamento das populações de insetos-pragas e inimigos naturais presentes na cultura.
As orientações corretas de amostragem, além dos níveis de ação necessários, devem ser considerados na tomada de decisão para o MIP.
Lembre-se que um bom monitoramento deve apresentar a realidade de campo!
E faz diferença ter o histórico dessas informações no bolso. Além de facilitar o registro, isso permite ter informações acessíveis para agir na hora certa.
O Aegro permite que o monitoramento e o armadilhamento de pragas sejam feitos de forma fácil e com todos os dados seguros e fáceis de serem interpretados.
Aegro permite que você coloque o nível de controle por pragas, indicando o momento em que há risco de perdas econômicas na lavoura
A tecnologia é uma ferramenta importantíssima, mas precisa ser integrada a outras práticas.
Aqui no Lavoura10 nós explicamos os “8 fundamentos sobre Manejo Integrado de Pragas que você ainda não aprendeu”.
Agora que você já sabe mais sobre o MIP, vamos falar sobre inseticida natural para proteger suas plantas.
Inseticida natural: o que você precisa saber
Hoje existem diversas opções de produtos alternativos aos inseticidas químicos no mercado.
Há diferentes tipos: desde produtos à base de micro e macrorganismos até os que têm base de extratos vegetais, como os bioquímicos e semioquímicos (feromônios e aleloquímicos).
Quanto aos feromônios é importante ressaltar que mesmo sendo considerados por muitos um inseticida natural, já que de alguma maneira pode controlar a população de insetos por armadilhas, conceitualmente ele não se trata de um inseticida já que não mata as pragas.
Além disso, o mais comum é utilizar os feromônios sintéticos.
Já falamos sobre todos esses produtos aqui no blog em: “Como utilizar defensivos naturais e diminuir custos”.
Inseticida natural não é somente para a agricultura orgânica. O importante é superar preconceitos e conhecer mais opções, sejam químicas ou naturais. Afinal de contas, o objetivo final é o mesmo!
Os principais inseticidas naturais que eu recomendaria para que você teste em sua lavoura são:
Beauveria bassiana
É um fungo que parasita mais de 200 espécies de artrópodes como mosca branca, ácaros, incluindo carrapatos.
Através, do contato direto com o alvo, o fungo germina na superfície do inseto, penetrando no tegumento e colonizando-o internamente, liberando toxinas. Isso leva os insetos à morte.
Insetos atacados pelo fungo ficam com aspecto chamado de “mumificação”, acima o exemplo de uma lagarta que sofreu o ataque
(Fonte:Kansas Bugs)
Metarhizium anisopliae
Também é um fungo. Neste caso, os esporos entram em contato com o inseto, penetram sua cutícula, colonizando os órgãos internos do hospedeiro, que para de se alimentar e morre.
Este processo ocorre entre 2 e 7 dias após a aplicação, dependendo das condições climáticas.
Pode ser usado no controle de cigarrinha das pastagens, mas também em larva alfinete ou coró na cultura do milho e outras.
Cigarrinha das pastagens pode ser controlada com Metarhizium anisopliae
(Foto: Robson Paiva em Emater-RO)
Bacillus thuringiensis
Bactéria que auxilia principalmente no controle de lagartas ao ser ingerida pelo inseto.
É muito conhecida pelas culturas Bt, onde os genes que produzem as proteínas tóxicas às lagartas são incorporados às plantas de soja, algodão ou milho.
Também existe o bioinseticida à base de Bacillus thuringiensis. Mas não devemos utilizar culturas Bt e inseticidas também Bt, já que são dois métodos de controle com a mesma tecnologia.
Isso porque a pressão de seleção de indivíduos resistentes à tecnologia Bt aumentaria muito.
É um produto comercial registrado e de alta qualidade no mercado. A Embrapa inclusive tem promovido formações de capacitações para a produção “on farm” de qualidade.
Chromobacterium subtsugae
É uma bactéria que tem sido relatada para combater pragas como percevejo, mosca branca, pulgões e ácaros.
Através da produção de substâncias como a violaceína, polihidroxialcanoatos, cianeto de hidrogênio, antibióticos e quitinase.
Sua ação ocorre através da ingestão da mesma presente sobre as plantas.
Em pesquisa, houve até 78% de insetos emergidos no controle de caruncho do feijão (callosobruchus maculatus).
Feromônios
O uso de feromônios tem mostrado bons resultados para fazer o controle de pragas nas lavouras.
A Embrapa, por exemplo, conduziu pesquisa com produção de feromônio de percevejo macho em laboratório, usando-o em armadilhas para atração das fêmeas nas plantações de soja e arroz.
Os resultados foram tão bons que as armadilhas à base de feromônios estão patenteadas e à disposição no mercado pela empresa Isca.
Existem muitos outros tipos de feromônios, como para controle de traça na folha de tomate.
E outros como: Isaria fumosorosea (para mosca branca); Baculovirus spp. (para lagartas); e calda bordalesa (que pode ser pulverizada sobre as plantas, funcionando como repelente contra cigarrinha verde, cochonilhas, trips e pulgões).
Armadilhas para teste de feromônio do percevejo da soja
(Fonte: Embrapa)
Conclusão
Quando o ataque de pragas se inicia, todo mundo quer conhecer todas as alternativas existentes para controle.
E os biopesticidas são uma opção. É uma tecnologia que atua mais a favor do meio ambiente e do bem-estar dos inimigos naturais.
Eles não servem só para sua horta orgânica, pelo contrário!
Vimos aqui que o inseticida natural tem tido cada vez mais resultados comprovados nas lavouras.
Por isso, inclua em seu planejamento agrícola novas estratégias de controle de pragas!
>>Leia mais: “7 pragas de armazenamento de grãos para você combater”
>>Leia mais: “Inseticida piretroide: Como fazer o melhor uso dele”
Você já utilizou inseticida natural na sua lavoura? Quais foram os resultados? Compartilhe sua experiência conosco!
Sou Engenheira Agrônoma formada pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), pós-graduada em Biotecnologia e Bioprocessos pelas Universidade Estadual de Maringá (UEM) e apaixonada pelos desafios de uma agricultura sustentável.
A matéria está muito bem redigida. Excelente!
Quero fazer uma pergunta: é sobre a bactéria Chromobacterium subtsugae. Já há produção comercial dela no Brasil?
Meu pé de Flamboyam está bem no comecinho do tronco escorre um líquido branco e forma uma espuma é alguma praga?
Obrigada
Que bom que gostou do conteúdo Helisson! 🙂
Em relação a Chromobacterium subtsugae tenho só conhecimento de portifólio da Agrobiológica – Soluções Naturais.
Continue acompanhando os artigos da Aegro, sempre tentamos trazer ao máximo uma diversidade de informações relevantes para o produtor! Um abraço
Ótimo material! Parabéns!
Olá. Eu faço multiplicação de Chromobacterium on Farm…