Plantio direto na soja: as espécies de cobertura mais indicadas, as máquinas agrícolas recomendadas e outras orientações para fazer esse sistema ainda melhor.
No Rally da Safra 2017/18 foi levantado que 99% produtores adotam o plantio direto em algum grau de medida. Ou seja, são milhões de hectares já com o plantio direto em algum nível.
Isso mostra que percebemos os benefícios do plantio direto na produtividade: o sistema pode aumentar em até 60% a produtividade de grãos.
Mas ao deixar a palha sobre o solo para começar o plantio direto você teve algumas dúvidas?
É normal que algumas questões apareçam ao mudar o sistema de produção agrícola.
Por isto, conheça mais desta prática que pode te ajudar a consolidar este sistema sustentável na sua lavoura.

(Fonte: Revista Granja, outubro de 2018)
Índice do Conteúdo
O Plantio Direto na soja
O Sistema Plantio Direto (SPD) tem se destacado como uma das estratégias mais eficazes para melhorar a sustentabilidade da agricultura em regiões tropicais e subtropicais.
O grande resultado é por minimizar as perdas de solo e de nutrientes por erosão, além de ajudar a conservar a umidade de solo.
Isto devido aos três princípios básicos do SPD, que são:
- Cobertura permanente do solo;
- Sistema de rotação de culturas;
- Mínimo revolvimento do solo.
São cerca de 40% a mais de carbono sequestrado do que o sistema convencional.
Plantar sem tirar a palhada das culturas anteriores, é a proteção mais assertiva na proteção das chuvas, de erosão, lixiviação de fertilizantes.
A rotação de culturas também é importante para ajudar a resolver o problema de compactação do solo.
Dessa forma você mantém seu investimento a longo prazo no campo, além de que todos esses benefícios do SPD fazem com que seja aumentado a produtividade da cultura da soja.
Além disto, há redução de operacional, e maior sustentabilidade ambiental na tua propriedade e no teu bolso.

(Fonte: Paulo Odilon Kurtz em Embrapa)
Como fazer plantio direto na soja?
Tudo vai começar com a escolha da cultura de rotação que será a fonte de cobertura e palhada para a cultura da soja.
Normalmente, essas espécies são chamadas de cultura de cobertura, as quais são também utilizadas na adubação verde.
E esta cultura pode ser a responsável pela quebra de ciclo de doenças e patógenos, e de grande importância no Manejo Integrado de Pragas.
Segundo estudos do IAPAR, algumas cultivares de aveia tiveram resultados muitos positivos no controle de nematoides.
Como a IPR Afrodite, que é resistente ao nematóide das galhas (Meloidogyne javanica e Meloidogyne incognita), enquanto o URS Brava é resistente ao nematoide das lesões (Pratylenchus brachyurus).
O nabo forrageiro também é uma ótima opção. É uma planta que em 60 dias cobre cerca de 70% do solo, e produz 20 a 35 t/ha de massa verde, 3,5 t/ha a 8 t/ha de massa seca.
Claro que este tipo de rotação é favorecido nas regiões mais subtropicais do Brasil, onde o inverno permite a sua produção.
Nesse sentido, manejos consorciados e de rotação foram discutidos na 5º Jornada Tecnológica no campo da IAPAR, neste ano de 2018.
Além disso, nas regiões mais quentes, tropicais do país, devemos incluir gramíneas, e não só leguminosas, para que a palha permaneça no solo e não se degrade tão rapidamente.
Gramíneas para culturas de cobertura no plantio direto
Com certeza a gramínea mais utilizada como palha no plantio direto na soja, são os restos da lavoura de milho, fazendo a sucessão de culturas soja e milho.
No entanto, é muito interessante a utilização de espécies diferentes, como no consórcio de braquiárias com leguminosas.
Por exemplo, consórcio de gramíneas com crotalárias, que possui alto potencial de reciclagem nutricional e controle de nematóides.
Um exemplo disso é a espécie Eleusine coracana (pé-de-galinha-gigante) consorciada com crotalária.
Bem como consórcios com culturas safrinhas como o milho, com crotalárias, guandú, ou com braquiárias.

Consórcio de milho safrinha com guandú, safra 2018.
(Fonte: Arquivo pessoal da autora)
Outra gramínea para ser usada é a Brachiaria ruziziensis, que possui abundância e matéria seca, podendo agregar 1% de matéria orgânica ao solo.

(Fonte: Vídeo SOESP)
Além desta temos a Mombaça e a quênia (Panicum maximum), a BRS Paiaguás (Brachiaria brizantha), o milheto e muitas outras.
Assim, procure informações sobre as plantas que pode utilizar na rotação, fique à vontade para escolher a da sua preferência.
Lembre-se, se você planejar, dá para casar as operações nas lavouras, colher e já plantar.
Acertar no momento de roçar e dessecar o adubo verde escolhido para formação de palhada, é o segredo.
Já falamos disso aqui no blog: “Adubação verde e Cultura de Cobertura: Como fazer?”.
Além disso, você pode ver mais sobre adubação de soja neste manual rápido.
Falando em operações agrícolas, veremos agora quais as máquinas para o plantio direto na soja:
Quais as principais máquinas agrícolas para o plantio direto?
As principais são a semeadora e a colhedora diferenciais para este tipo de sistema de plantio.
São tão importantes de serem adequadas, que pode se perder cerca de 10% com uma semeadura inadequada em uma lavoura de soja.
Isso pode ocasionar uma perda de cerca de 6 sacas por hectare, significativo né?
No plantio direto você precisa de uma máquina adequada. Aquela que mobilize o mínimo necessário a linha de plantio, que corte e afaste a palha, bem como uma que distribua bem a palhada na colheita.
Muitos detalhes e dicas importantes sobre as principais características de máquinas do SPD, você pode conferir em “Semeadoras plantio direto: como encontrar a melhor para sua fazenda”.
Além disto, a colhedora deve ser equipada com picador de palha regulado para distribuir uniformemente a palhada sobre o solo, na faixa equivalente a largura de corte da colhedora.
E o válido mesmo, é estar sempre observando na hora da colheita como está a distribuição da palhada.
Isso porque, quanto mais você regular a distribuição de palhada neste momento, melhor será todo o teu futuro nesta lavoura.
A distribuição irregular da palhada dificulta as próximas operações agrícolas, e também pode deixar alguns espaços de área descoberta.
Isso faz com que não tenhamos os benefícios da palha em toda a área, especialmente na conservação da umidade e controle de plantas daninhas.

Colheita de soja em SPD, Mato Grosso
(Fonte: Arquivo pessoal da autora)
Vantagens do Sistema Plantio Direto na soja
O SPD é por si só uma vantagem ao seu sistema agrícola.
Com ele fica mais fácil otimizar o seu maquinário, você vai formando solo e contribuindo nas propriedades físicas, químicas e biológicas do solo mesmo com a intensidade de manejo no mesmo nas safras.
Além de, ser significativo sua contribuição na redução dos gases do efeito estufa, bem como nos seus custos se bem planejado.
É claro que temos desafios, as opções de rotações para formação de palhada nas entressafras ou até mesmo nos consórcios das safra, nem sempre são comerciais, e isto ainda é um obstáculos.
Mas se pensar a longo prazo a palhada deixada no teu sistema é um dos melhores investimentos de baixo custo que terá feito na sua propriedade.
Você pode ler mais em “Porque o Plantio Direto contribui na fertilidade do solo? “
O que é o Padrão RTRS de Produção de Soja Responsável?
Resultado do envolvimento na cadeia de valor da soja, principalmente produtores e indústrias, foi criado o padrão RTRS, como o nome diz, uma padrão de produção de soja responsável.
Os princípios e critérios para a certificação da soja como uma cultura responsável são:
- Cumprimento legal e boas práticas empresariais;
- Condições de trabalho responsáveis;
- Relações comunitárias responsáveis;
- Responsabilidade ambiental;
- Práticas agrícolas adequadas.

(Fonte: Responsiblesoy)
E se tratando das práticas agrícolas, o Sistema Plantio Direto é um deles.
Além disto, por exemplo, a propriedade deve ter um plano de manejo integrado, que preveja prevenção e outros tipos de controle, como o biológico e defensivos naturais.
Assim como, medidas sistemáticas para planejar e implementar o monitoramento de proliferação de novas pragas e espécies invasoras introduzidas.
Conclusão
De cara, parece fácil escrever aqui como se faz, mas eu sei que na prática é um desafio enorme.
Às vezes a rotação estava perfeita, mas deixamos passar um mal espalhamento de palhada em alguma parte do talhão, e só isso já traz consequências lá na frente.
Mas tenha o objetivo de ir consolidando o Sistema Plantio Direto na soja. A palhada pode ser a sua poupança segura a longo prazo.
Lembre se que a meta é você conseguir ter maior domínio dos fatores que são chave na sua propriedade, e que realmente podem ser controlados por você.
Ou seja, não falo do clima ou dos valores de mercado dos insumos e do seu produto, mas dos fatores internos a tua propriedade.
Com um bom sistema de gestão e planejamento vai ficando mais “fácil” manejar esses fatores, fazendo decisões mais assertivas.
Leia mais:
“Como fazer a dessecação de soja para colheita eficiente”
“Calagem plantio direto: Dúvidas frequentes e suas respostas“
“4 cuidados que você precisa ter no plantio direto de milho“
E você, como tem feito o plantio direto na soja? Tem mais algumas dicas para esse sistema? Restou alguma dúvida? Deixe seu comentário!
No techo “resistente ao nematoide das lesões (Meloidogyne pratylenchus).” o correto nome científico do nematoide das lesões é Pratylencus brachyurus. Provavelmente houve uma confusão com o gêneros.
Já corrigimos Italo! Muito obrigada!