Inseticidas para soja: Veja as principais dicas de defensivos e suas aplicações para que você tenha um manejo de pragas mais eficiente e econômico.
O uso adequado dos inseticidas, com o MIP, economizaria R$ 4 bilhões na produção nacional de soja, segundo Embrapa.
Os produtos corretos, a tecnologia e o momento da aplicação são fundamentais para isso.
No entanto, ao ver a lavoura com percevejos e lagartas fica difícil estimar o quanto podemos esperar para compensar a aplicação, ou mesmo as alternativas de controle.
Por isso, aqui mostramos as mais importantes informações para embasar suas decisões na lavoura e conseguir um manejo que faça os inseticidas se pagarem. Confira:
Índice do Conteúdo
- 1 Entendendo as realidades da soja Bt e não-Bt
- 2 Como fazer o manejo nas áreas de soja Bt e não-Bt
- 3 Dica de manejo antes da decisão de aplicar
- 4 Principais orientações sobre inseticidas para soja
- 5 Dicas para uma tecnologia de aplicação ainda melhor
- 6 Uso de inseticidas seletivos e manejo da resistência
- 7 Os inseticidas se pagaram?
- 8 Conclusão
Entendendo as realidades da soja Bt e não-Bt
Liberada para comercialização desde a safra 2013/2014, a soja transgênica, que expressa a proteína inseticida derivada de Bacillus thuringiensis (Bt), representa a maior parte das lavouras brasileiras.
A tecnologia de soja Bt, comercialmente chamada de INTACTA RR2 PRO, apresenta atividade inseticida e efetividade no controle dos insetos:
- Lagarta-falsa-medideira (Chrysodeixis includens);
- Lagarta-da-soja (Anticarsia gemmatalis);
- Lagarta-das-maçãs( Chloridea (=Heliothis) virescens);
- Helicoverpa armigera.

Principais pragas alvo da soja Bt
( Fonte: Pioneer)
O que isso quer dizer para o manejo de pragas na cultura da soja?
O uso da tecnologia Bt implica na realização de áreas de refúgio. Elas devem corresponder a 20% da área, e é importante que você a faça para evitar a resistência dos insetos da sua área aos defensivos agrícolas.
Essas áreas tem como objetivo de manter os insetos suscetíveis às proteínas Bt, se acasalando com os insetos resistentes da vindos da lavoura Bt.
Além disso, você preserva essa tecnologia e consegue aumentar o número de safras com ela, o que resulta em economia das pulverizações e sustentabilidade do meio ambiente.
Você pode conferir o passo a passo de como fazer a área de refúgio aqui.
Consequentemente, os insetos alvo da tecnologia Bt serão grandes problemas como pragas nas áreas cultivadas com soja não-Bt (área de refúgio).
O esperado é que nas áreas de soja não-Bt teremos mais lagartas atacando as plantas quando comparado a soja Bt.

Área semeada com soja não-Bt à esquerda e soja Bt à direita
(Fonte: Monsanto)
No entanto, pragas em comum nas sojas Bt e não-Bt também ocorrerão, como é o caso das lagartas do gênero Spodoptera spp., os percevejos-fitófagos, mosca-branca, ácaros, entre outras pragas.
A pergunta que fica é: Será que esse ataque na parte não Bt vai afetar minha produtividade e rentabilidade?
Se você seguir as recomendações do Manejo Integrado de Pragas (MIP), inclusive as dicas aqui citadas, aplicando somente quando necessário, a resposta dessa pergunta é não.
Aliás, diversos estudos de caso e científicos mostram cada vez mais que a produtividade e economia tendem a aumentar em áreas que seguem essas recomendações do MIP.
Como fazer o manejo nas áreas de soja Bt e não-Bt
Você pode aplicar inseticidas e outros métodos de controle nas áreas de refúgio.
Mas, antes de fazer qualquer aplicação de inseticida nas áreas de soja Bt e não-Bt é fundamental o monitoramento e amostragens dos insetos-praga para verificar se há a necessidade de alguma intervenção.
Monitore sua lavoura constantemente, sendo recomendado a frequência semanal. Anote os danos ou número de inseto que você encontrou em algum lugar e verificar o Nível de Controle (NC).
O NC é o nível de danos ou de insetos que ainda não estão prejudicando economicamente sua produção, mas que indica a necessidade de tomar alguma medida de controle dentro de pouco tempo, evitando o prejuízo econômico.
Os níveis de ação ou de controle das pragas podem ser verificados na figura abaixo.

Níveis de ação para os principais lepidópteros-praga da soja
(Fonte: IRAC-BR)
No caso dos percevejos na soja, os níveis de ação são os mesmo e podem ser verificados no post “Percevejo marrom: 7 estratégias de controle na soja”.
Para facilitar os registros do seu monitoramento de pragas e verificação do NC, nós preparamos uma planilha de Excel que automatiza mais essas informações e te dá muito mais segurança.
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Dica de manejo antes da decisão de aplicar
A cultura da soja, diferente das demais, consegue compensar níveis de desfolhas sem que haja interferência na sua produtividade.
Na fase vegetativa ela tolera até 30% de desfolha e na fase reprodutiva até 15% sem que haja implicações na produção.
Sendo assim, faça o monitoramento de pragas e também verifique o nível de desfolha na cultura.

Escala de desfolha em folíolos de soja
(Fonte: NC Soybean)
Principais orientações sobre inseticidas para soja
Uma coisa que você deve estar ciente é que as pragas se diferenciam de local para local.
Ou seja, elas sofrem a influência da cultura anterior e das condições climáticas, entre outros, que poderão favorecer ou não determinado inseto-praga.
Portanto o “segredo” do manejo é amostrar os insetos, antes e durante o plantio, para saber o melhor inseticida a ser utilizado, e o momento correto.
Aqui vamos dividir as pragas e os principais tipos de inseticidas utilizados conforme o momento de ataque na cultura.
Antes disso, confira os grupos químicos e os principais inseticidas em cada um, entendendo melhor as dicas a seguir:

(Fonte: IRAC)
Pragas iniciais e de solo
Considerado um dos períodos críticos da cultura, esse conjunto de pragas pode comprometer o número de plantas de soja/ha (estande).
Isso porque elas atacam a raiz, o colo da planta e seccionam o caule da planta, implicando em replantio.
As principais pragas nessa fase são:
- Diabrotica speciosa (vaquinha ou patriota) em sua fase larval;
- Scaptocoris castanea (percevejo castanho);
- Elasmo lignosellus (lagarta elasmo);
- Liogenys sp (bicho-bolo ou coró);
- Agrotis ipsilon (lagarta-rosca);
- Spodoptera frugiperda (lagarta-do-cartucho).
Aqui pode-se fazer o controle químico com inseticidas do grupo químico dos carbamatos, organofosforados e piretroides no momento da dessecação da área para o plantio.
Após a dessecação da área, pode se fazer o tratamento de sementes com inseticidas do grupo químico dos fenilpirazóis, carbamatos, piretroides, neonicotinoides e diamidas conforme as pragas-alvo da área.
Pragas da parte aérea ou de folhas
Conforme mencionado anteriormente, a cultura da soja pode tolerar 30% de desfolha na fase vegetativa e 15% na fase reprodutiva.
Durante a fase vegetativa os principais grupos de pragas que atacam a cultura são os lepidópteros (lagartas), coleópteros (besouros) e hemípteros (mosca-branca).
Entre as lagartas, as principais espécies são Helicoverpa armigera e Chrysodeixis includens.
Com relação aos besouros, se destaca D. speciosa e Maecolaspis sp. Nas últimas 5 safras tem se verificado o intenso ataque de Bemisia tabaci biótipo B (mosca-branca).

(Fonte: Mato Grosso Econômico)
Por serem espécies diferentes, com comportamentos distintos, os inseticidas aqui também deverão ser específicos para cada grupo de praga:
Lagartas
Ao atingirem o nível de controle, os principais inseticidas utilizados são representados pelos grupos químicos das benzoilfeniluréias, diamidas, diacilhidrazina, espinosina, oxadiazina e semicarbazone.
Além dos químicos, temos os inseticidas microbiológicos a base de vírus que podem ser utilizados para o controle de C. includens, H. armigera e Spodpotera spp.
Aqui cabe uma ressalva: não utilize inseticidas a base de B. thuringiensis nas áreas de soja Bt e nas áreas de refúgio.
O intuito é não aumentar a pressão de seleção das pragas-alvo da soja Bt e retardar o processo de evolução da resistência.
Vaquinha (fase adulta)
Com relação ao controle de D. speciosa na fase adulta, os principais inseticidas utilizados são do grupo químico dos piretroides e análogo ao pirazol.
Mosca-branca
Para B. tabaci os principais inseticidas são a base de diamidas, éter piridiloxipropílico, cetoenol, feniltioureia, o microbiológico a base de Beauveria bassiana e Tetranortriterpenóide (azadiractina).
Pragas das estruturas reprodutivas ou de vagens
Nessa fase os principais grupos de pragas são os lepidópteros e os percevejos pragas. No primeiro grupo tem destaque as espécies do complexo Spodoptera spp., S. frugiperda, S. eridania e S. cosmioides.
Por danificarem as vagens e os grãos, devem ser eficientemente controladas. Os principais inseticidas utilizados são os mesmos mencionados no item anterior para pragas de parte aérea.
Entre os percevejos-praga, as principais espécies são Euschistus heros, Piezodorus guildinii e Dichelops spp.
Atualmente esse grupo de pragas carece de novas moléculas inseticidas para o seu controle e está limitado basicamente a três principais grupos químicos, que são: neonicotinoides, piretróides e organofosforados.
Por isso, é importante pensar no manejo dos inimigos naturais e no uso de inseticidas naturais. Saiba mais sobre eles nestes artigos:
“Como manejar os inimigos naturais de pragas agrícolas da sua área”
“6 Inseticidas naturais para você começar a usar na sua lavoura”
Dicas para uma tecnologia de aplicação ainda melhor
Cada cultivar de soja possui uma arquitetura que favorece ou desfavorece a penetração dos inseticidas.
Assim, o sojicultor pode trabalhar com algumas estratégias de tecnologia de aplicação para maximizar o controle.
Dentre elas, se atente para:
- Pontas de pulverização;
- Taxa de aplicação (L/ha);
- Pressão de serviço;
- Assistência de ar na barra de pulverização;
- Momento da aplicação: umidade do ar e temperatura devem ser observadas;
- Estude o uso de adjuvantes ou surfactantes.
Uso de inseticidas seletivos e manejo da resistência
Priorize inseticidas seletivos na fase inicial da cultura para evitar o desequilíbrio biológico. Esse desequilíbrio prejudica ainda mais a infestação de pragas na sua lavoura.
Faça também o manejo da resistência de inseticidas intercalando grupos de inseticidas diferentes por janela da praga.
Atenção especial deverá ser dada às áreas de refúgio (soja não-Bt). Esteja ciente quanto ao número de aplicações permitidas por janela e o grupo químico do inseticida utilizado para não comprometer o MRI e efetividade da soja Bt.
Veja o quadro informativo abaixo:
Esquema de manejo de pragas da soja com inseticidas
( Fonte: IRAC-BR)
Os inseticidas se pagaram?
Você utilizou novos defensivos, alguns produtos biológicos, fez talhões com manejos diferentes… mas isso se pagou?
Só a partir dos registros corretos do que foi utilizado na sua área, e do quanto foi produzido, é possível saber se o manejo foi rentável.
Para isso, softwares de gestão agrícola facilitam esses registros e as análises provenientes dos mesmos. Veja o exemplo da rentabilidade de uma safra abaixo:
Exemplo de rentabilidade total e por talhão em uma safra. Saiba mais sobre o Aegro aqui.
Além disso, como citamos anteriormente, também temos a planilha de excel para o MIP na soja e milho gratuita que você pode baixar aqui!
Conclusão
Aqui vimos que os inseticidas estão entre as principais estratégias de manejo na cultura da soja. Mas, eles apenas deverão ser utilizados quando detectado o nível de controle da praga em questão.
Tenha em mente que a escolha de inseticidas seletivos é fundamental para preservar a comunidade de inimigos naturais e favorecer o controle biológico de pragas.
O manejo da resistência de insetos na soja Bt e não-Bt também deverá ser realizado para prolongar a vida útil e efetividade dessa ferramenta no MIP na cultura da soja.
Aproveite todas essas dicas e faça seus inseticidas, e todo seu manejo, se pagar!
Como você contabiliza a eficiência dos seus inseticidas hoje? Tem outras dicas que não citei aqui? Restou alguma dúvida? Deixe seu comentário aqui embaixo!