Helicoverpa zea: Como identificar facilmente a lagarta-da-espiga e quais as medidas de controle mais eficientes para a lavoura.
A Helicoverpa zea, também conhecida por lagarta-da-espiga, está entre as espécies de pragas mais importantes para a agricultura.
Isso porque ela ataca inúmeras culturas, especialmente o milho, chegando a até 96% de infestação nas espigas.
Essa espécie tipicamente do “Novo Mundo” (do continente Americano, como mostra figura abaixo) pode causar inúmeros danos.
No entanto, com tantas lagartas que podem atacar a lavoura, podemos facilmente nos confundir e nos deixar levar pela rotina do dia a dia.
Por isso, veja aqui 7 verdades sobre Helicoverpa zea que lhe ajudarão a entender melhor sobre essa praga e como combatê-la.

Distribuição global de Helicoverpa zea
(Fonte: CABI)
Índice do Conteúdo
- 1 1.Helicoverpa zea e sua origem
- 2 2. A identificação da Helicoverpa zea não é tão complicada
- 3 3. Conhecer o ciclo de vida da Helicoverpa zea ajuda a combatê-la
- 4 4. Os danos da Helicoverpa zea no milho são característicos
- 5 5. O controle de Helicoverpa zea pode ser por produtos biológicos
- 6 6. O controle de Helicoverpa zea por inseticidas não é tão fácil assim
- 7 7. Helicoverpa zea é resistente a algumas medidas de controle
- 8 Conclusão
1.Helicoverpa zea e sua origem
A lagarta-da-espiga tem sua distribuição em parte da América do Norte, na América Central e parte da América do Sul, englobando todo o território brasileiro.
Atualmente, existem 18 espécies identificadas do gênero Helicoverpa spp., sendo que, duas delas estão presentes no Brasil: a lagarta-da-espiga-do-milho (Helicoverpa zea) e a Helicoverpa armigera.
A Helicoverpa armigera é da região da Oceania, sendo mais adaptada às culturas do algodão e da soja.
Já a Helicoverpa zea é originária da região do México, resultando em maior adaptação ao milho e, por isso, sendo mais facilmente encontrada nessa cultura.
Essas duas lagartas, normalmente, não podem ser diferenciadas a olho nu, sendo necessário o uso de alguma lupa ou microscópio.
Desse modo, a morfologia externa desses insetos, em todas as fases do ciclo biológico são muito semelhantes, o que dificulta a identificação.
No entanto, se você encontrar um inseto com as características da Helicoverpa em milho é mais provável que seja a H. zea. A seguir você confere todas essas características:
2. A identificação da Helicoverpa zea não é tão complicada
O inseto adulto da Helicoverpa zea é uma mariposa que mede cerca de 40 mm, com asas anteriores amarelo-parda.
Ele também possui uma faixa escura na transversal e algumas manchas nas asas, também de coloração escura. Já as asas posteriores são de cor mais clara.
Abaixo você pode ver as principais características da Helicoverpa zea e H. armigera, bem como seu ciclo:

Ciclo e identificação de Helicoverpa zea ou H. armigera
(Fonte: MAPA, Bayer, FAEG e Santin Gravena em Globo Rural)
Além disso, os danos causados pela lagarta-da-espiga podem ser confundidos com os danos causados pela lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda).
Mas você pode diferenciá-las facilmente através da coloração da cabeça, que é mais escura na Spodoptera frugiperda.
A lagarta-da-espiga tem a cabeça de coloração marrom bem clara enquanto a lagarta-do-cartucho apresenta a cabeça quase preta. Aqui no blog, temos outros artigos sobre esse assunto. Veja:
>> As tecnologias que você precisa saber para controlar “Spodoptera frugiperda”
>> Passo a passo de como combater a lagarta-do-cartucho
>> Como fazer o controle Spodoptera frugiperda na sua lavoura do milho
3. Conhecer o ciclo de vida da Helicoverpa zea ajuda a combatê-la
O conhecimento do ciclo de vida dos insetos te ajuda a entender em que fase as pragas agrícolas atacam a cultura.
Além disso, esse conhecimento é essencial para facilitar a identificação e saber quando é melhor fazer o monitoramento da lavoura.
Como você viu na imagem acima, a vida total desse inseto é em torno de 40-45 dias, sendo que ele passa por seis instares larvais num período de aproximadamente 18 dias.
Assim, podem ocorrer durante o ano mais de cinco gerações.
Com essas informações podemos definir algumas estratégias de manejo para combate da Helicoverpa zea:
- Como o tempo de cada geração é de aproximadamente 30 dias, estabeleça janelas de aplicação com aproximadamente 30 dias de duração;
- Você até pode fazer aplicações múltiplas do mesmo modo de ação dentro de uma janela, mas desde que os efeitos não excedam os 30 dias duração da janela. Assim, a chance da lagarta ser exposta ao mesmo modo de ação do inseticida são reduzidas, sendo menor o risco de desenvolvimento de resistência;
- As aplicações em pré-plantio e no tratamento de sementes também devem ser seguir essa estratégia de janela de 30 dias;
- O tratamento de sementes podem não oferecer controle de 30 dias, então, se necessário, aplique um inseticida foliar. No entanto, é indicado que essa aplicação ocorra mais tarde, até 25 dias após a semeadura;
- Caso não consiga manter essa janela de aplicação, mude o mecanismo de ação do inseticida em cada pulverização;
A praga possui hábitos noturnos, movimentando-se a partir do entardecer, sendo que as condições de umidade contribuem para seu crescimento populacional.
No milho, a lagarta-da-espiga está listada entre as pragas primárias, tendo grande importância nos estádios de R1 a R4.

4. Os danos da Helicoverpa zea no milho são característicos
No milho, o adulto (mariposa) da lagarta-da-espiga coloca seus ovos nos estilos-estigmas (cabelo do milho).

Ovo de Helicoverpa spp. no “cabelo” (estilo-estigmas) de milho
(Fonte: Foto de J. Obermeyer em Purdue Extension)
Mas, também pode colocar os ovos nas folhas de plantas ainda em estádios vegetativos de desenvolvimento.
Na espiga, você poderá encontrar de 13 a 15 ovos, tendo um período de incubação em torno de três dias.
As larvas recém-nascidas alimentam-se dos cabelos de milho, e dependendo da intensidade de ataque podem ocorrer grandes falhas nas espigas pela não-formação dos grãos.
Já as lagartas maiores se alimentam dos grãos leitosos, o que também facilita a penetração de microrganismos e pragas de armazenamento de grãos.
Danos causados no milho:
- Ataca os estigmas impedindo a fertilização;
- Alimentam-se de grãos leitosos;
- Deixam orifícios que facilitam a penetração de microrganismos que podem causar podridões e facilitar as pragas no armazenamento.

(Fonte: Arquivo pessoal da autora)
Danos da Helicoverpa zea em outras culturas:
- Brocam os frutos;

- Destroem mudas;
- Alimentam-se dentro da coroa da planta causando buracos na nervura central;
- Abrem pequenos orifícios na extremidade da flor e causam falhas na produção de grãos.
5. O controle de Helicoverpa zea pode ser por produtos biológicos
O controle biológico é feito através dos predadores e parasitoides:
- A tesourinha Doru luteipes se alimenta de ovos e de larvas pequenas da praga;
- A vespa Trichogramma parasita os ovos de Helicoverpa zea.

Vespa Trichogramma
(Fonte: Lucas Machado – Universidade Federal de Lavras)
O uso de Trichogramma é recomendado tanto para área de plantio de milho convencional quanto de milho Bt.
A liberação do parasitoide deve ser associada ao monitoramento das mariposas na área-alvo.
O monitoramento deve ser feito com armadilhas contendo feromônio sexual sintético, específico para cada espécie de praga-alvo.
Pode ser utilizado também em soja, algodão, independentemente do tamanho da área.
Além disso, podemos controlar essa lagarta por meio de produtos biológicos Bt ou mesmo com a cultura transgênica Bt.
No entanto não utilize essas duas tecnologias em conjunto, já que isso seleciona indivíduos resistentes.
Para ver mais sobre usos de defensivos naturais no combate à pragas acesse este artigo:
“Como utilizar defensivos naturais e diminuir custos”
6. O controle de Helicoverpa zea por inseticidas não é tão fácil assim
O controle químico é difícil, pois as aplicações de inseticidas devem ser direcionadas às espigas.
Isso porque as lagartas, ao eclodirem dos ovos, penetram nas espigas através do estilo-estigma.
Por isso recomendamos a adoção do Manejo Integrado de Pragas (MIP), que traz inúmeros benefícios além do controle desta praga.

7. Helicoverpa zea é resistente a algumas medidas de controle
Têm sido relatados casos de resistência a inseticidas na América do Norte e na América Latina.
Esses casos são principalmente em relação aos grupos químicos dos carbamatos (1A), organofosforados (1B), piretróides (3A) ou a tecnologia de plantas Bt (Bacillus thuringiensis).
>> 4 motivos pelos quais você não deve ignorar cigarrinha-do-milho
>> Falsa-medideira: Como controlar adequadamente essa lagarta
Conclusão
A Helicoverpa zea (lagarta-da-espiga) continua sendo uma importante praga para a cultura do milho, sendo necessário conhecer mais sobre o inseto.
A correta identificação, bem como o conhecimento do ciclo, controle biológico e outras informações que você viu aqui,são essenciais para um manejo adequado.
Assim, faça o MIP e controle a Helicoverpa zea em sua lavoura, protegendo todo o potencial de produção de sua cultura!
Leia mais:
>> Reduza drasticamente suas aplicações utilizando o Manejo Integrado de Pragas
>> As perguntas (e respostas!) mais frequentes sobre manejo integrado de pragas
>> Como fazer manejo integrado de pragas (MIP) na cultura do milho
Como você faz o controle da Helicoverpa zea em sua propriedade? Adoraria ver seu comentário abaixo!