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Culturas de inverno: Como aumentar o rendimento na propriedade?

culturas de inverno

As culturas de inverno são opções rentáveis para pequenos, médios e grandes produtores.

Elas diversificam a renda, além de promover melhoras significativas no sistema de produção como um todo.

Mas nem sempre a dobradinha ‘soja-milho’ é a mais vantajosa na sua propriedade.

Veja a seguir as melhores alternativas, vantagens, limitações e como se preparar para um plantio de inverno mais rentável!

Quais são as culturas de inverno?

As culturas de inverno são gramíneas, oleaginosas ou leguminosas cultivadas após a colheita do milho ou da soja de verão, geralmente entre janeiro/fevereiro e agosto/setembro.

É comum que as culturas de inverno sejam usada produção de grãos, fibras ou biomassa. Com isso, são plantadas várias as opções viáveis como:

A escolha deve ser marcada pela oportunidade econômica da região, optando pela cultura com melhor rentabilidade.

Além disso, preze pelo terceiro pilar do Sistema de Plantio Direto: a rotação de culturas.

Em muitos locais, a sucessão soja-milho é o padrão na escolha. Mas, o uso desse sistema ao longo dos anos, de modo consecutivo, pode gerar problemas.

Isso acontece porque há especialização de daninhas, pragas e doenças na área e, consequentemente, o uso dos mesmos fitossanitários, que começam a apresentar menor eficiência de controle.

culturas de inverno
Trigo é uma das culturas de inverno que podem gerar boa rentabilidade
(Fonte: Embrapa)

Características das culturas de inverno

As plantas cultivadas na entressafra têm características fisiológicas que permitem o cultivo em diferentes solos e climas.

No Sul, por exemplo, onde as temperaturas são mais baixas no período, culturas como trigo, aveia e centeio são boas opções após a soja de verão.

Em regiões com déficit hídrico, a aveia se destaca por sua maior tolerância à seca em comparação ao trigo.

Já no Centro-Oeste e Sudeste, sorgo, feijão, girassol, crambe e variedades de trigo adaptadas ao calor são indicados.

A escolha da segunda safra deve considerar a cultura de verão. Por exemplo, após a soja, optar por gramíneas na entressafra pode trazer mais vantagens ao sistema.

Alternar culturas com características diferentes ajuda a reduzir a pressão de pragas, doenças e plantas daninhas.

Além disso, o uso de defensivos com diferentes modos de ação aumenta a eficiência do manejo. Já em áreas com nematoides de galha, é recomendado o uso de espécies de crotalária na entressafra.

e-book culturas de inverno Aegro

Benefícios das culturas de inverno para o sistema de produção

Cada cultura de inverno tem as suas exigências nutricionais, capacidades de competição com plantas daninhas e níveis de resistência a pragas e doenças distintos.

Ao alternar diferentes espécies ao longo dos anos, o sistema de produção se torna mais equilibrado e resiliente.

A buva, uma das principais daninhas da soja, por exemplo, pode ser melhor controlada com culturas como trigo e aveia, que têm espaçamentos menores e efeito alelopático, dificultando sua germinação.

Além disso, a rotação de culturas permite variar o uso de defensivos, alternando pré e pós-emergentes, inseticidas e fungicidas, o que aumenta a eficiência e reduz o risco de resistência.

Os benefícios também se estendem ao solo, já que as culturas de inverno apresentam diferentes tipos de raízes e relações carbono/nitrogênio, o que ajuda a:

A figura a seguir mostra como essas características variam entre as espécies e contribuem para um sistema mais sustentável.

culturas de inverno
Exemplo das diferentes demandas e arquiteturas radiculares das opções de entressafra
(Fonte: Adaptado de Séguy L. & Bouzinac S. (2008))

Como se preparar para o plantio de inverno?

A escolha da cultura de inverno pode ser feita com base no zoneamento climático de cada talhão.

Outra estratégia é rotacionar parte das áreas de sucessão soja-milho, substituindo o milho por outras espécies ao longo dos anos.

Para a semeadura de culturas como trigo, aveia e cevada, é necessário é recomendado usar semeadoras de fluxo contínuo.

Essas máquinas agrícolas distribuem as sementes de forma uniforme e com espaçamento reduzido, em torno de 17 cm. Nesse processo, o você pode optar por dois tipos de maquinário:

As semeadoras múltiplas oferecem mais versatilidade, facilitando a diversificação das culturas no sistema de produção.

No entanto, para o uso com sementes miúdas, é necessário adaptar o equipamento: remover os sulcadores de adubo, o sistema de distribuição de grãos graúdos e ajustar o espaçamento entre linhas.

Essas modificações variam conforme o modelo da máquina e devem seguir as recomendações do fabricante.

Kit de gestão do maquinário da fazenda

Quais os benefícios das culturas de inverno?

Plantar no inverno no Brasil pode ser considerada uma estratégia de investimento, com impactos positivos no solo, na renda e na sustentabilidade do agronegócio nacional.

Somente na safra 2024/25, a produção total de grãos atingiu um recorde de 330,3 milhões de toneladas, um crescimento de quase 11% em relação ao ciclo anterior.

Com isso, as culturas de inverno, têm conquistado cada vez mais espaço, especialmente nas regiões Sul e Sudeste, fortalecendo ainda mais a cadeia produtiva. Além disso, pode oferecer benefícios como:

1. Solo mais fértil e protegido

Manter o solo coberto com culturas de inverno, como aveia ou milheto, aumenta a matéria orgânica, que funciona como o alimento da terra.

Essa prática protege o solo contra a erosão causada pela chuva e pelo vento, além de melhorar a absorção e o armazenamento de água, o que ajuda a lavoura a resistir melhor à seca.  

2. Menos pragas e plantas daninhas

A rotação de culturas quebra o ciclo de vida de doenças e pragas que afetam as safras de verão, como a soja e o milho.

A palha deixada no solo também ajuda a controlar o crescimento de plantas daninhas, como a buva e o capim-amargoso, diminuindo a necessidade de herbicidas.  

3. Safra de verão mais produtiva

Um solo mais saudável e com menos pragas resulta em maior produtividade na safra seguinte.

Estudos mostram que a soja e o milho produzem mais quando plantados depois de uma boa cultura de inverno, em comparação com áreas que ficam paradas (em pousio).  

4. Renda extra e redução de custos

O cultivo de inverno é uma ótima maneira de gerar receita em um período em que a terra normalmente ficaria parada.

Isso ajuda a manter o fluxo de caixa da fazenda e contribui para o equilíbrio financeiro anual.

Além disso, ao utilizar máquinas e equipamentos ao longo de todo o ano, os custos fixos são diluídos, o que aumenta a eficiência e pode elevar a lucratividade da safra principal.

Outro ponto positivo é a variedade de culturas adaptadas às diferentes regiões do Brasil, o que amplia as oportunidades de diversificação e rotação. Confira algumas opções:

Culturas de inverno por região do Brasil

RegiãoPrincipais Culturas e Destaques
Sul– Trigo, cevada (indústria cervejeira) e aveia são os destaques.- Canola em expansão, excelente opção para rotação de culturas.
Sudeste e Centro-Oeste– Milho safrinha é a principal cultura.- Sorgo: mais resistente à seca e de menor custo, usado para ração e etanol.- Girassol: usado para óleo e biodiesel.- Feijão irrigado de terceira safra em áreas com estrutura.
Cerrado– Trigo de sequeiro (safrinha) em crescimento.- Colheita no período seco garante grãos de alta qualidade e boa rentabilidade.

5. Mais biodiversidade e polinização na fazenda

Culturas de inverno como canola, girassol e nabo forrageiro atraem abelhas e outros insetos polinizadores com sua florada.

Essa presença aumenta a biodiversidade no entorno da lavoura e favorece a polinização de culturas subsequentes, especialmente em áreas próximas a frutíferas ou cultivos que dependem de insetos para o aumento de produtividade.

Além disso, uma fazenda com maior diversidade biológica tende a ter menos surtos de pragas e maior presença de inimigos naturais, o que reduz a necessidade de defensivos.

Quais os desafios das culturas de inverno?

Apesar dos benefícios para a lavoura e para o financeiro, o cultivo de inverno no Brasil ainda tem desafios importantes que exigem atenção e planejamento, como:

1. Risco climático

No Brasil, os riscos climáticos para as culturas de inverno variam bastante conforme a região.

No Sul, o maior desafio são as geadas e os períodos de frio intenso, que podem comprometer o desenvolvimento das plantas, especialmente durante os estágios reprodutivos.

Já nas regiões Centro-Oeste e Sudeste, a principal preocupação é o déficit hídrico, já que o inverno é geralmente seco nessas áreas.

Por isso, a escolha de culturas mais tolerantes à seca, como sorgo, milheto ou trigo de sequeiro, são escolhas melhores para reduzir os riscos e garantir bons resultados.

2. Custos de produção e instabilidade de mercado

O alto custo de insumos, como fertilizantes e sementes, impacta diretamente a viabilidade econômica das culturas de inverno.

Além disso, a volatilidade nos preços de grãos como trigo, feijão e girassol pode afetar a rentabilidade, especialmente em anos com baixa demanda ou excesso de oferta no mercado.

3. Manejo técnico e fitossanitário

Cada cultura de inverno exige um manejo específico, que envolve a escolha adequada de cultivares, adubação equilibrada e controle rigoroso de pragas e doenças.

No Cerrado, por exemplo, a brusone é uma das principais ameaças, podendo causar grandes perdas.

Já a presença de plantas daninhas resistentes, como buva e capim-amargoso, demanda estratégias integradas de manejo para evitar o aumento dos custos com herbicidas e garantir a eficiência do sistema produtivo.

Manejo integrado da lavoura: como ele pode impulsionar sua produtividade

Manejo das culturas de inverno

O manejo das culturas de inverno envolve a combinação de boas práticas agronômicas com um planejamento cuidadoso, desde a escolha da cultura até os cuidados com a colheita.

Para isso, é preciso considerar o clima da região, a cultura semeada na safra anterior, a qualidade do solo e outros passos. Veja a seguir:

1. Planejamento da cultura

O primeiro passo no manejo das culturas de inverno é o planejamento, que deve levar em conta o clima e as características do solo da região.

Para isso, o recomendado é usar ferramentas como o ZARC, além da cultura cultivada no verão anterior, evitando repetições que favoreçam pragas e doenças.

Também é importante definir o objetivo do cultivo, seja para cobertura do solo, produção de grãos, forragem ou palhada.

Por fim, leve em consideração a liquidez da cultura no mercado ajuda a garantir um bom escoamento da produção e maior rentabilidade.

2. Preparo do solo

O preparo do solo deve começar com uma análise para corrigir a acidez por meio da calagem e definir a adubação adequada.

É fundamental manter a palhada da safra anterior sobre o solo para protegê-lo contra erosão e conservar a umidade.

Em sistemas de plantio direto, é importante evitar o revolvimento do solo, realizando a descompactação apenas quando necessário para preservar sua estrutura e saúde.

3. Semeadura correta

A semeadura correta começa com a escolha de sementes certificadas, com alto poder germinativo e adaptadas às condições da região.

A partir disso, é preciso respeitar o espaçamento ideal entre linhas, no caso de culturas como trigo e aveia, o recomendado é utilizar semeadoras de fluxo contínuo com cerca de 17 cm entre linhas.

Além disso, mantenha a profundidade de plantio uniforme, ajustada ao tipo de solo e às exigências da cultura, garantindo uma emergência mais homogênea e um melhor desenvolvimento inicial das plantas.

4. Adubação equilibrada

A adubação equilibrada deve ser definida com base na análise de solo e no histórico da área, garantindo que as doses sejam ajustadas às necessidades específicas da cultura.

As culturas de inverno, especialmente as gramíneas, demandam nitrogênio, fósforo e potássio em proporções adequadas para alcançar bom desempenho.

A adubação de cobertura, como a aplicação de ureia, deve ser realizada quando as plantas estiverem bem estabelecidas, promovendo um desenvolvimento saudável e maior produtividade.

5. Manejo fitossanitário (MIP)

O manejo fitossanitário das culturas de inverno deve começar com o monitoramento constante de pragas e doenças desde os estágios iniciais da lavoura.

O uso de defensivos químicos deve ser feito apenas quando necessário, com base no nível de dano econômico, para evitar desperdícios e preservar os inimigos naturais.

É importante estar atento a problemas específicos de cada cultura e região, como a brusone no trigo a ferrugem na aveia e a infestação por plantas daninhas resistentes.

Quando bem conduzidas, as culturas de inverno também contribuem para diminuir a pressão de pragas e daninhas na safra de verão, fortalecendo o sistema produtivo como um todo.

Planilha de manejo integrado de pragas

6. Rotação e cobertura

A rotação e a cobertura do solo são práticas para manter a saúde e a produtividade do sistema agrícola.

Alternar culturas com diferentes sistemas radiculares e exigências nutricionais, como gramíneas, leguminosas e brássicas, melhora a estrutura do solo, otimiza o uso de nutrientes e dificulta o desenvolvimento de pragas e doenças.

Espécies como canola e nabo forrageiro agregam valor biológico, promovem descompactação natural e facilitam o manejo do solo.

Após a colheita, é importante manter a palhada sobre a superfície, protegendo contra a erosão, conservando a umidade e favorecendo a atividade biológica no solo.

Safra de inverno 2025/26: O que esperar?

A safra de inverno 2025/26 deve apresentar redução na área plantada de trigo, com queda estimada de até 16,5%, principalmente no Sul, devido a riscos climáticos e margens apertadas.

Ainda assim, a projeção de produtividade é de até 9 milhões de toneladas para o cereal.

Outras culturas como aveia e cevada devem manter crescimento moderado, com destaque para o Paraná e Rio Grande do Sul.

Já a canola se destaca como uma das culturas que mais crescem, com expansão de 37% na área plantada no RS e produção estimada em 352 mil toneladas, impulsionada pela demanda da indústria de biodiesel.

Mesmo com os desafios climáticos e de mercado, a expectativa é positiva: o uso de tecnologias, a diversificação de culturas e o foco em produtividade devem garantir uma safra sólida e estratégica para a sustentabilidade e a rentabilidade no inverno brasileiro.

Como medir a rentabilidade das culturas de inverno?

A rentabilidade das culturas de inverno está diretamente ligada à sua liquidez no mercado e à viabilidade agronômica da sucessão.

Por isso, é importante escolher culturas que tenham bom escoamento comercial na sua região e ofereçam retorno financeiro compatível com o investimento durante a safra de inverno.

Em anos de preços baixos para o milho, por exemplo, é melhor optar por outras culturas de inverno mais vantajosas, aproveitando o período da entressafra para diversificar e colher os benefícios da rotação nos anos seguintes.

O mesmo vale para situações em que há atraso no plantio da safra de verão, tornando mais estratégica a escolha de uma cultura de inverno com ciclo mais curto e menor risco climático.

Com o Aegro, você pode comparar custos, margens e retorno esperado de cada cultura, analisando cenários com dados reais da fazenda.

O sistema facilita o planejamento da segunda safra e ajuda na tomada de decisão com base em indicadores financeiros e produtivos, garantindo mais segurança e rentabilidade em cada ciclo. Faça um teste grátis e veja como se beneficiar!

Mathias Bergamin

Engenheiro Agrônomo (UFRGS, Kansas State) e especialista de Novos Negócios na Aegro. Reconhecido como referência em Agricultura Digital, especialização em administração, gestão rural, plantas de lavoura.

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