About Giuliana Rayane Barbosa Duarte

Sou Agrônoma e Mestre em Fitotecnia pela Universidade Federal de Lavras (UFLA). Atualmente também trabalho como Técnica em Agropecuária na UFLA.

5 dicas para otimizar a logística na sua fazenda

Logística:  Como minimizar os custos do escoamento de produção e entrega de insumos para alcançar resultados cada vez melhores em sua empresa rural.

A logística custa cerca de 15% do PIB do Brasil. Fica claro que os custos aqui são altos.

Você precisou dos insumos certos, no momento adequado de utilização, para garantir uma boa safra, e precisará escoar toda essa produção.

Ou seja, precisamos de operações logísticas para que todo esse processo siga com eficiência.

Essas operações impactam diretamente os custos, a produtividade e os lucros na sua fazenda.

Por isso, separei 5 dicas que vão ajudar a otimizar a logística na sua empresa rural. Confira!

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(Fonte: Cargox)

Logística na fazenda: como fazer um bom processo operacional

A logística tem a função de organizar as atividades e tornar mais eficiente a utilização dos recursos disponíveis.

O planejamento logístico, portanto, é o estabelecimento de metas que devem ser realizadas em determinado prazo para que os objetivos de eficiência sejam satisfeitos.

Adaptando essa situação ao campo: uma boa logística é garantir que haverá insumos suficientes, na etapa certa da produção.

E que, após a colheita, seus produtos agrícolas sairão da fazenda e chegarão no local correto, dentro do prazo estipulado e com o menor custo possível.

Para te ajudar nesse processo, listei 5 dicas para otimizar a logística no ramo agrário.

1ª Dica – Organização é essencial para a logística

Em todo negócio, é importantíssimo conhecer bem todas as etapas referentes a ele. Na lavoura, isso inclui saber desde a quantidade de utilização de água, por exemplo, até a produtividade e escoamento da produção.

Esse conhecimento amplo e específico deve ser tratado como organização do negócio.

A organização se insere em um ciclo de atividade dentro do agronegócio. Um deles é a logística.

Mas e quando a dificuldade está em conseguir se organizar?

Bom, primeiramente é preciso saber claramente como andam os processos da sua linha de produção – supply chain (cadeia de suprimentos).

Nos processos que envolvem a cadeia de produção, é essencial que eles estejam ágeis devido à fluidez da atividade, principalmente a sazonalidade de produção.

É importante que haja alinhamento nas várias etapas, como produção e o transporte, por exemplo.

Além disso, que apresentem estratégias de adaptação, visto que trabalhamos com materiais biológicos, que estão propensos a várias adversidades, destacando a climática.

Estando tudo “nos conformes”, o profissional de logística, se incumbirá dos recursos e das informações para que o negócio tenhas saldos positivos.

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Logística da distribuição de grãos e derivados no Brasil
(Fonte: CNT em Sá e Souza, 2017)

2ª Dica – Conheça bem o mercado

Assim como qualquer negócio, saber as expectativas de oferta e demanda são essenciais. Isso possibilitará melhores negociação e comercialização do que foi produzido.

Com isso você tem mais chances de produzir o que estiver com melhores preços, além de planejar diferentes estratégias de comercialização.

Um exemplo é a venda escalonada, o que exigirá uma boa logística cada vez que você vender um pouco da produção.

3ª Dica- Utilize tecnologia

A tecnologia é cada vez mais importante e presente no nosso dia a dia. Por que não aproveitá-la ao máximo também na agricultura?

Hoje, temos escassez de mão de obra e, além disso, uma exigência maior quanto à quantidade produzida. E então, como vamos resolver isso?

Bem, o uso da tecnologia é um caminho. E já estamos conseguindo resultados super positivos.

A tecnologia pode ser usada na produção propriamente dita e também na logística.

Um exemplo é a utilização da localização de caminhões no transporte, em tempo real, através dos rastreamentos via satélite.

Além disso, com uso de um software agrícola você pode controlar seus estoques, tanto de insumos quanto da produção. Assim, você cobre as demandas de controle que essas etapas exigem.

Isso te ajuda a ter uma gestão melhor do estoque, o que é crucial no momento da comercialização do produto.

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Com Aegro você consegue controlar e gerenciar seu estoque de forma simples e precisa

E, falando em comercialização, muitas delas – e até mesmo negociações de produtos – vêm sendo feitas via internet, que é um meio mais dinâmico e prático.

E mais uma vez a tecnologia vem sendo usada por profissionais da área de logística para agilizar e aumentar a eficiência das atividades através do comércio eletrônico.

4ª Dica – Saiba selecionar os responsáveis pela logística  

Quando tratamos de um negócio rural, também devemos selecionar pessoas aptas às funções, certo?!

Neste caso, estamos tratando das pessoas que vão fazer a parte da logística do negócio agro.

A logística rural, assim como a logística empresarial, deve ser algo bem dinâmico. É preciso estar atento às sazonalidades produtivas e, além disso, às condições climáticas, que influenciam muito neste tipo de negócio.

Atualmente, existe formação específica para a área, com cursos de logística em diversos níveis: curso técnico, graduação e pós-graduação.

Eles ajudam na formação de profissionais com competências para gestão de estoques, fluxo de produtos, logística reversa, etc.

O mercado de trabalho demanda profissionais com expertise na área, o que reduz gastos, utilizando melhor os recursos, conseguindo suprir as demandas de mercado.

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Profissionais de logística podem atuar em diversas funções, com gestão de produtos desde o estoque até a entrega, por exemplo
(Fonte: TecHoje)

5ª Dica – Diversifique transportadoras

Quando se trata de logística, é comum associarmos a transporte, não é mesmo?

Realmente não estamos errados, mas devemos ter em mente que não é só isso que uma pessoa da logística faz!

O transporte é de muita relevância dentro da logística porque é através dele que conseguimos levar o produto até o consumidor.

Mas quais os perigos quando essa atividade é mal dirigida?

O primeiro e mais direto reflexo é a não chegada do produto ao consumidor.

Além disso, quando o transporte é feito por uma só empresa, corremos muito risco quanto à qualidade do serviço e até mesmo com relação às entregas.

Então, considere utilizar mais de uma empresa transportadora. Isso ajuda na fiscalização do serviço prestado, pois uma fica de olho na outra e, caso haja algum problema, não haverá o risco do produto não ser entregue.

Nessa fase do processo, o pessoal de logística tem de associar estoque com escoamento, sempre tentando negociar os melhores preços para os produtores.

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(Fonte: Sistema Faep)

Conclusão

A logística é fundamental em uma fazenda e impacta seus custos de produção.

Nesse artigo, você conferiu as dicas para melhorá-la na empresa rural e como deve funcionar a sua cadeia de produção.

Também discutimos a questão do transporte da fazenda e a importância da tecnologia para o setor.

Com isso, podemos concluir que, quando feita uma logística bem direcionada, é possível produzir de maneira eficiente, utilizando os recursos da melhor forma, que é produzindo mais.

Como você faz a logística na sua fazenda? Como tem sido seus resultados? Adoraria ver seu comentário!

Entenda o ciclo do milho safrinha e melhore sua produtividade

Ciclo do milho safrinha: Tire suas dúvidas sobre cronograma de plantio, desenvolvimento da cultura e ponto certo da colheita.

Logo após a colheita principal, o plantio de milho safrinha se torna uma boa oportunidade para o produtor rural.

Mas seu cultivo envolve riscos devido às condições climáticas, que não são as mais favoráveis.

Por isso, é fundamental entender o ciclo do milho safrinha para alcançar o potencial produtivo da cultura.

Atrasar o plantio em uma semana, por exemplo, pode significar um ciclo de desenvolvimento até 20 dias mais longo. E isso, é claro, impacta a rentabilidade.

Neste artigo, vamos falar sobre o ciclo do milho safrinha, o ponto ideal de colheita e outros fatores estratégicos para sua lavoura!

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Ciclo do milho safrinha em dias

Atrasar o plantio do milho pode prolongar muito seu desenvolvimento. Isso acontece porque há adversidades climáticas. O período da safrinha é de menos luminosidade, menos chuvas e temperaturas mais baixas em relação à primeira safra.

E a redução na quantidade de luz influencia significamente o desenvolvimento do milho, fazendo com que seu ciclo seja estendido.

Portanto, ao atrasarmos em uma semana a semeadura, o ciclo do milho safrinha pode se prolongar em até 20 dias!

Lembrando que, quanto mais próximo do inverno, mais condições adversas para completar o final do ciclo, o que afeta os valores produzidos.

O ciclo dos híbridos para milho safrinha podem variar bastante. Híbridos superprecoces completam o ciclo entre 105 e 125 dias, enquanto o ciclo dos precoces varia de 115 a 130, e normais entre 125 e 140 dias. Veja a diferença dos ciclos de acordo com a época de plantio na tabela que eu separei:

ciclo do milho safrinha

(Fonte: Cruz et al. A Cultura do Milho, 2008)

Note que as cultivares de milho tendem a prolongar seu ciclo quanto mais tarde é o semeio, mesmo levando em consideração sua precocidade.

Por isso, nos casos em que a safra de verão teve sua colheita atrasada, é interessante a utilização de milho 2ª safra mais precoce.

Assim, a planta sairá do campo antes e sofrerá menos os déficit ambientais (água, luz e temperatura).

Quando falamos sobre ciclo, isso está completamente associado à fenologia da planta.

Então vou explicar melhor essa relação para que possamos fazer o cronograma em seguida.

Fenologia é o estudo dos estágios de desenvolvimento da planta, relacionando ainda as condições ambientais.

E porque é importante conhecer os estágios de desenvolvimento? Porque é através deste conhecimento que vamos agir de forma certeira no manejo da cultura do milho.

A seguir apresento a fenologia do milho, que é diferente do milho safrinha só pelos dias em cada fase. Veja:

ciclo do milho safrinha ciclo do milho safrinha
(Fontes: DuPont Pioneer Corn Growth and Development)

Cronograma do milho safrinha

Como já conhecemos o ciclo da cultura, vamos elaborar nosso cronograma.

Um cronograma eficiente é aquele que consegue aliar as atividades de manejo com o ciclo do milho safrinha.

Vou listar as atividades que precisam ser realizadas no ciclo do milho safrinha. Veja a seguir.

1. Análise de solo

A análise de solo deve ser feita sempre, pois o milho safrinha também demanda solos balanceados quimicamente.

Além disso, deve-se realizar a correção do solo com a calagem quando necessário.

Aqui no blog, nós falamos Tudo o que você precisa saber sobre calagem e Como fazer calagem e gessagem nas culturas de soja, milho e pastagem.

2. Preparo e adubação de plantio

Depois da análise e correção, ocorre o preparo do solo, quando o plantio da safrinha do milho for em sistema convencional.

Quando ocorrer em sistema de plantio direto (SPD), faz-se o plantio e adubação após a colheita de soja. Recomenda-se que o plantio do milho segunda safra seja feito em solos com boa fertilidade e que apresente teor de nutrientes em nível adequado a alto.

Isso por que é uma cultura que normalmente instiga certo receio em investimento.

Quanto à adubação de plantio, faz-se o fósforo e o potássio total, visto que os dois serão em pequenas quantidades.

Caso a recomendação exija muito desses dois, vale refletir se é viável o plantio do milho safrinha!

Se houver recurso disponível, pode-se utilizar o tratamento de sementes.

Essa prática ajuda a reduzir o ataque de nematoides e de insetos que atacam a lavoura em seu estágio inicial.

planilha de planejamento da safra de milho

3. Controle de plantas daninhas

Normalmente, quando se utiliza SPD (Sistema Plantio Direto), as plantas daninhas têm certa dificuldade de estabelecimento, pois estão cobertas de palha.

Mas, mesmo nessa condição, recomenda-se a utilização de herbicidas até o estágio V4.

Estudos mostraram que, até essa fase, ocorre competição desfavorável, o que afeta diretamente a produtividade do milho safrinha.

E diante de tantos herbicidas, qual utilizar na sua lavoura?

O herbicida mais recomendado no cultivo do milho safrinha é a atrazina, que controla principalmente plantas de folhas largas.

No caso de milho RR (resistente a  roundup), também ocorre uma grande utilização de herbicidas com o glifosato.

Mas tenha cautela quanto à seleção de indivíduos que apresentem resistência. Conviver com essas plantas daninhas é muito difícil e pode ser um inconveniente nos próximos tratos culturais.

Utilize produtos que sejam registrados para a  cultura do milho e na dosagem recomendada! Consulte sempre um engenheiro(a) agrônomo(a).

4. Adubação de cobertura

A época mais recomendada para fazer a adubação de cobertura é entre os estádios V6 e V8.

É neste momento que as plantas demandam nitrogênio (N) para o crescimento vegetativo.

A aplicação de N é feita na cobertura quando as quantidades recomendadas excedem 50 kg/ha. Esse é o valor limite para a aplicação no sulco de plantio.

Quando a quantidade a aplicar supera esse valor limite, mas o produtor insiste na ação tentando reduzir uma operação, pode ter problemas de produtividade.

Isso porque essa aplicação incorreta promove redução do estande de planta e, por consequência, redução da produtividade.

Desta forma, a recomendação é parcelar a operação, ainda que se tenha mais um gasto operacional.

Já com relação aos micronutrientes, o mais indicado é a aplicação via solo e/ou foliar do nutriente que está em deficiência.

5. Monitoramento de pragas e doenças

Deve ser realizado desde o plantio até a colheita, pois o milho apresenta pragas e doenças durante toda fase de desenvolvimento.

Mas, nesse quesito, a safrinha leva certa vantagem em relação à safra normal.

Na segunda safra, a pressão de pragas é menor devido à diminuição de temperatura e umidade, condições desfavoráveis também aos insetos.

6. Colheita

A última etapa do ciclo do milho safrinha é a colheita, que deve ser realizada em R6.

Mas, sobre ela, vou falar especificamente no próximo tópico.

Abaixo, apresento um calendário das atividades de manejo do milho safrinha.

ciclo do milho safrinha
(Fonte: Rouxinol)

Ciclo do milho safrinha: ponto certo de colheita

A colheita deve ser realizada quando houver o ponto de maturidade fisiológica (PMF).

Esse ponto é determinado quando o grão se “separa” fisiologicamente da planta mãe.

Na prática, podemos notar isso quando a semente apresenta uma pequena mancha preta na inserção do sabugo.

É importante que a colheita seja feita nesse momento, pois o grão já teve o seu máximo desenvolvimento.

A partir daí, para se manter vivo, este grão estará utilizando suas próprias reservas, ou seja, gastando seu amido para se manter.

Então, colher antes pode ser uma boa ideia?

Infelizmente não, pois você estará colhendo um grão com muita umidade.

Isso implicará um processo de secagem posterior para que, só então, o milho possa ser armazenado.

Para uma boa colheita, é super importante associar esse PMF com a umidade, pois facilita o armazenamento e diminui as perdas por deterioração.

A umidade adequada está entre 18% e 20%, porém, para ser armazenado, o milho deve estar com um teor de 13% de umidade.

Desta forma, planejar a colheita é crucial, visto que tomando atitudes certas pode-se evitar perdas e ainda redução com gastos operacionais.

Planilha de Planejamento da Safra de Milho

Conclusão

Conhecer bem a cultura e o ciclo do milho safrinha é uma das melhores estratégias para alcançar o potencial produtivo.

Neste artigo, vimos que a melhor ferramenta para isso é o cronograma. E quando ele está associado ao ciclo da cultura, as decisões quanto ao manejo são mais certeiras!

Também vimos a importância de planejar a colheita da safrinha. Afinal de contas, de nada adianta plantar e conduzir a lavoura de maneira correta para colher com umidade inadequada.

Portanto, agora que já estamos afiados com o ciclo do milho safrinha, espero que você alcance ótimos resultados!

Como você faz o seu cronograma de plantio? Restou alguma dúvida sobre o ciclo do milho safrinha? Deixe seu comentário abaixo!