Doenças do milho: conheça as 10 principais e as formas de manejo 

Atualizado em 09 de agosto de 2022.

Doenças do milho: saiba como identificá-las, quando acontecem, quais danos trazem à cultura e muito mais!

A cultura do milho pode ser afetada por diversas doenças causadas por fungos, bactérias, vírus e nematoides.

As doenças são um dos fatores limitantes para a produção de milho. Por isso, a correta identificação é essencial para a adoção de estratégias de manejo adequadas. 

A seguir, conheça um pouco mais sobre as doenças do milho e como realizar o controle. Boa leitura!

Quais as principais doenças do milho?

As principais doenças da cultura do milho são:

  • Antracnose;
  • Cercosporiose;
  • Enfezamento;
  • Ferrugem;
  • Helmintosporiose;
  • Mancha-branca ou pinta-branca;
  • Mosaico comum;
  • Nematóides;
  • Podridão de Fusarium;
  • Mancha de Diplodia.

Das citadas, as doenças foliares no milho são as ferrugens, a antracnose foliar, a helmintosporiose, a cercosporiose e a mancha-branca. A mancha de Diplodia e a podridão de Fusarium são doenças da espiga do milho, que causam podridões no colmo e nas espigas.

Agora, confira um pouco mais sobre cada uma delas e entenda como identificar as doenças no milho.

1. Antracnose no milho

A antracnose é uma doença fúngica causada pelo patógeno Colletotrichum graminicola. Os sintomas da antracnose no milho podem ser observados nas folhas e no colmo da planta.

Nas folhas, aparecem lesões de formatos variados e de coloração castanho claro. Geralmente, os sintomas iniciam nas folhas do baixeiro e avançam em direção ao ápice da planta.

No colmo, é possível observar lesões com aspecto encharcado e de coloração marrom escuro. Em áreas onde é realizado o sistema de plantio direto, a incidência de antracnose é maior. Isso ocorre em razão do aumento da quantidade de inóculo nos restos culturais. 

2. Cercosporiose do milho

A cercosporiose é uma doença de grande importância econômica e que ataca as folhas do milho. Ela é causada pelos fungos Cercospora zea-maydis, Cercospora sorghi f. sp. maydis e Cercospora zeina.

O principal sintoma da cercosporiose é o aparecimento de lesões que crescem paralelamente às nervuras das folhas. Dependendo da severidade da doença, pode ocorrer o acamamento das plantas.

A disseminação da doença é feita pelos esporos do fungo. Os restos culturais são a principal fonte do inóculo.

3. Enfezamento

O enfezamento do milho é uma doença sistêmica causada por microrganismos conhecidos por molicutes. Dois tipos de enfezamento atacam a cultura do milho, são eles:

  • Enfezamento pálido (Spiroplasma kunkelli);
  • Enfezamento vermelho (Phytoplasma). 

O inseto vetor dessa doença no milho é a cigarrinha (Dalbulus maidis). O sintoma característico do enfezamento pálido são estrias de coloração esbranquiçada que surgem na base das folhas. Além disso, as plantas ficam raquíticas.

No enfezamento vermelho, as folhas adquirem coloração avermelhada. Além disso, ocorre o encurtamento dos entrenós e perfilhamento na base da planta e nas axilas foliares. 

Em ambos os casos, as plantas de milho infectadas podem apresentar maior número de espigas. No entanto, elas têm poucos ou nenhum grão, o que afeta diretamente a produtividade.

4. Ferrugem (comum, polissora e tropical)

As doenças conhecidas por ferrugem são de origem fúngica. Elas estão disseminadas na maioria das áreas produtoras de milho. A cultura do milho pode ser atacada por  três tipos de ferrugem:

  • Ferrugem comum do milho(Puccinia sorghi);
  • Ferrugem polissora do milho (Puccinia polysora);
  • Ferrugem tropical ou branca do milho(Physopella zeae).

Dessas três, a ferrugem polissora pode ser considerada a mais agressiva. Quando o manejo não é realizado de forma adequada, as lavouras contaminadas pela ferrugem polissora podem ter a produtividade reduzida em mais de 50%

Confira no quadro abaixo quais são os sintomas dos três tipos de ferrugem e quais as condições favoráveis para o desenvolvimento de cada uma delas.

Diferenças entre as ferrugens do milho
(Fonte: adaptação da autora)

5. Helmintosporiose no milho

A helmintosporiose é uma doença que tem maior incidência em lavouras de milho cultivadas na safrinha. Essa doença é causada pelo fungo Exserohilum turcicum.

O principal sintoma da helmintosporiose na cultura do milho é o aparecimento de lesões necróticas nas folhas. Essas manchas têm formato alongado e podem ser observadas primeiro nas folhas mais velhas.

6. Mancha-branca ou pinta-branca

A mancha-branca é uma doença do milho causada por mais de um patógeno. A bactéria Pantoea ananatis é a principal deles. Alguns fungos no milho também estão associados a essa doença. 

O sintoma característico dessa doença é o aparecimento de lesões de formato circular. Essas lesões têm o aspecto encharcado e coloração verde-clara.

Esse sintoma tem início na ponta das folhas. Eles são visíveis, primeiro, nas folhas inferiores. À medida que a doença avança, esses sintomas atingem as folhas superiores da planta.

7. Mosaico-comum do milho

O mosaico comum do milho é uma doença causada pelo vírus Sugarcane mosaic virus. Essa virose também ataca a cultura do sorgo e outras gramíneas. O principal vetor do mosaico comum é o pulgão (Rhopalosiphum maidis).

O sintoma típico dessa doença é o aparecimento de manchas em diferentes tons de verde nas folhas. Essas manchas conferem às folhas um aspecto de mosaico.

Além disso, as plantas de milho contaminadas apresentam menor altura. As espigas e os grãos também têm o tamanho reduzido. 

8. Nematoides

As principais espécies de nematoides que atacam o milho são:

  • Pratylenchus brachyurus;
  • Pratylenchus zeae; 
  • Helicotylenchus dihystera;
  • Criconemella spp.; 
  • Meloidogyne spp; 
  • Xiphinema spp.

Os sintomas causados por nematóides dependem da suscetibilidade do milho, da espécie e da densidade populacional do patógeno.

Os nematóides atacam o sistema radicular das plantas e interferem na absorção de água e nutrientes. Isso prejudica o desenvolvimento do milho.

Reflexo do ataque desses parasitas, as plantas de milho apresentam menor porte, clorose e murcha foliar nos períodos mais quentes do dia.

9. Podridão de Fusarium

A podridão de Fusarium é uma doença causada por fungos no milho, sendo eles o Fusarium moniliforme e o Fusarium subglutinans. Essa doença causa a murcha das plantas, tombamento e podridão da espiga.

No colmo das plantas de milho é possível observar lesões de coloração marrom. Na parte interna do colmo, o tecido adquire coloração rosada.

A infecção por esses patógenos é favorecida por alguma injúria causada por insetos e nematóides, por exemplo. A lesão funciona como porta de entrada para o fungo.

Os agentes causadores da podridão de Fusarium são fungos de solo. Eles têm a capacidade de sobreviver nos restos culturais por longos períodos.

>>Leia mais: “Podridão branca da espiga: Entenda mais e controle essa doença na sua área

10. Mancha de diplodia

A mancha de diplodia é causada pelo fungo necrotrófico Stenocarpella macrospora

Os sintomas dessa doença podem ser observados em várias partes da planta: folhas, colmo, hastes, espigas e sementes do milho.

A mancha de diplodia causa lesões nas folhas, podridão do colmo, podridão da espiga e grãos ardidos. As lesões foliares têm formato alongado e se caracterizam pela presença de um pequeno círculo visível contra a luz.

As sementes infectadas são o principal veículo de disseminação da doença. Os esporos do fungo sobrevivem nos restos culturais.

Quando as doenças no milho ocorrem?

Algumas doenças têm maior ocorrência dependendo da fase fenológica do milho. A ferrugem comum, por exemplo, pode acontecer entre os estádios V3 e R4. A ferrugem polissora, por sua vez, acontece entre V6 e R5.

A cercosporiose tem maior incidência entre a metade do estádio V6 e o final do R5. A mancha-branca ocorre entre metade do estádio V9 até o fim do ciclo da cultura. 

Já a podridão de fusarium acontece mais para o final do ciclo, entre R3 e R6. Ficar por dentro das épocas de incidência é fundamental para conseguir evitar as doenças, protegendo a produtividade da lavoura.

Confira abaixo quais as épocas de maior incidência de outras doenças do milho, de acordo com o ciclo da cultura.

Agora que você conheceu as principais doenças da cultura do milho e quando elas ocorrem, veja como realizar o manejo. 

Como controlar as doenças no milho

O manejo de doenças na cultura do milho é realizado pela adoção de medidas genéticas, culturais e químicas

É importante que sejam adotadas várias estratégias de controle para aumentar a eficiência do manejo. Abaixo, veja algumas medidas a serem empregadas no manejo de doenças em lavouras de milho:

  • Plantio de cultivares resistentes/tolerantes;
  • Evitar alta densidade de semeadura;
  • Evitar o plantio sucessivo de milho na mesma área;
  • Realizar o plantio e a colheita em épocas adequadas;
  • Utilizar sementes com qualidade fisiológica e sanitária;
  • Tratamento de sementes com fungicidas para milho;
  • Rotação com espécies não hospedeiras das doenças;
  • Controle das plantas invasoras;
  • Controle das pragas do milho;
  • Adubação do milho equilibrada;
  • Evitar o excesso de água em lavouras irrigadas;
  • Eliminação de restos culturais contaminados;
  • Escolha híbridos de milho resistentes;
  • Controle químico com produtos registrados no Mapa.

Todas essas recomendações são de grande importância e devem ser consideradas no programa de manejo de doenças na cultura do milho.

Conclusão

De modo geral, a ocorrência de doenças nas lavouras é um dos gargalos da produção agrícola. O milho é uma cultura afetada por doenças causadas por vírus, bactérias, fungos e nematóides. 

O conhecimento das doenças e de como realizar o controle faz parte do planejamento agrícola. Isso garante maiores chances de sucesso para o seu negócio.

Agora que você conhece as principais doenças do milho adote as estratégias citadas no artigo para maior eficiência no controle das doenças e também maior produtividade da lavoura.

Você tem mais dúvidas sobre estas doenças do milho? Quais práticas de manejo você utiliza? Adoraria ver seu comentário aqui embaixo.

foto da redatora Tatiza. Ela está com blusa preta, casaco jeans azul, e está sorrindo na frente de uma paisagem cheia de plantas

Atualizado em 09 de agosto de 2022 por Tatiza Barcellos.

Tatiza é engenheira-agrônoma e mestra em agronomia, com ênfase em produção vegetal, pela Universidade Federal de Goiás.

9 curiosidades que você não sabe sobre ferrugem asiática da soja e como combatê-la

A ferrugem asiática da soja é considerada a principal doença dessa cultura atualmente.

Alguns estudos relatam que a Phakopsora pachyrhizi, nome científico da ferrugem da soja, segundo a Embrapa, pode causar perdas de 10% a 90%.

A doença chegou ao Brasil em 2001, e desde então, causou prejuízo de mais de US$ 25 bilhões.

Para evitar, manejar e controlar qualquer coisa, você primeiro deve conhecê-la.

Na atividade agrícola não é exceção. Muito menos com essa doença que tem causado tantos prejuízos.

Confira agora 9 curiosidades que você (ainda) não sabe sobre a ferrugem asiática e proteja sua produção de soja:

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1. O fungo só sobrevive e reproduz em plantas vivas

ferrugem da soja

(Fonte: Grupo Cultivar)

A ferrugem asiática da soja é causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi.

O fungo só sobrevive e reproduz em plantas vivas, o que permite ter ampla gama de hospedeiros (plantas que pode infestar), sendo cerca de 150 espécies de leguminosas, como a soja.

2. Sintomas da doença na planta

Essa doença pode ser observada em qualquer estádio de desenvolvimento da planta.

Inicialmente os sintomas nas folhas são pequenos pontos, com coloração mais escura que o tecido sadio. Nesse momento, você pode observar no verso da folha, com ajuda de uma lupa, urédias (estruturas de reprodução do fungo), que se apresentam como pequenas saliências na lesão.

fungo ferrugem

Urédias na fase inicial da ferrugem da soja

(Fonte: Consórcio Antiferrugem)

Com o progresso da doença, essas estruturas ficam com coloração castanha, se abrem e liberam esporos.

Também com o progresso da ferrugem, as folhas amarelecem e caem. Isso compromete o desenvolvimento da planta, prejudicando o enchimento das vagens, qualidade e quantidade dos grãos.

lavouras com ferrugem asiática

Lavoura de soja durante o período reprodutivo intensamente atacada por ferrugem asiática (A), e a mesma lavoura, uma semana após, apresentando severa desfolha (B).

(Fonte: Pioneer sementes)

Você sabe identificar a ferrugem no campo?

Agora que você conhece um pouco da doença, já sabe que pode utilizar uma lupa e observar os sintomas nas folhas, especialmente no verso dela. Essa percepção antecipada da doença dará vantagem para seu adequado controle.

Ou seja, quanto antes você perceber que a lavoura está doente, mais cedo irá controlá-la e menos perdas a doença irá causar.

Por isso, o diagnóstico correto e o monitoramento constante são essenciais para o controle adequado da doença.

Para identificar a ferrugem de outras doenças da soja, você deve observar as urédias. Lembre-se de observar o verso da folha.

Se ainda restar dúvidas, procure uma clínica fitopatológica para a correta identificação.

lupa para monitoramento da ferrugem asiática

O monitoramento e a identificação da ferrugem nos estádios iniciais são essenciais para o controle eficiente.

(Fonte: Gazeta do Povo)

3. Germinação do fungo da ferrugem asiática da soja: entenda a importância

Os esporos são como as sementes para as plantas. Eles dão origem a novas infecções, ou seja, germinam e penetram na planta dando origem a doença.

esporos do fungo phakopsora pachyrhizi

Urediniósporos de Phakopsora pachyrhizi.

(Fonte: Manual de fitopatologia disponível em USP)

A disseminação dos esporos para outros locais ocorre principalmente pelo vento, os levando para longas distâncias.

Para você entender mais sobre esse processo, veja o ciclo da Phakopsora pachyrhizi:

ciclo da ferrugem na soja

(Fonte: Reis e Carmona em edisciplinas USP)

Para os esporos infectarem as plantas de soja são necessárias algumas condições ambientais que estão descritas no próximo item.

4. Condições ambientais que favorecem a ferrugem asiática da soja

A infecção ocorre quando as folhas estão molhadas e as temperaturas entre 8°C e 28°C, sendo mais favorável ainda as temperaturas de 16°C a 28°C.

Na temperatura de 25°C, algumas infecções ocorrem quando há no mínimo 6 horas de molhamento foliar, sendo o ótimo de 12 horas.

Além do orvalho, as chuvas também favorecem a ocorrência da doença, já que mantêm o tecido foliar úmido.

Como já comentei, a ferrugem pode ocorrer em qualquer momento da cultura, porém, ocorre preferencialmente a partir do fechamento do dossel, por proporcionar condições favoráveis para os esporos (alta umidade e proteção contra radiação ultravioleta).

No Brasil, a ferrugem asiática é de grande importância, pois fecha o “triângulo da doença”, conceito da Fitopatologia (estudo das doenças de plantas).

triangulo da doença

Representação clássica dos fatores que interagem para a ocorrência de doenças em plantas.

(Fonte: Fitopatologia)

Você deve estar se perguntando: Qual a relação desse “triângulo da doença” com a ferrugem asiática da soja na minha lavoura?

Vamos explicar melhor este conceito.

Como você pode observar na figura acima, em cada vértice tem escrito uma palavra (hospedeiro, ambiente e patógeno), essas são essenciais para a doença ocorrer. No caso da ferrugem asiática:

Hospedeiro: é a cultura da soja suscetível ao patógeno, ou seja, variedades de soja que não são resistentes à doença.

Patógeno: fungo Phakopsora pachyrhizi que é disseminado por esporos.

Ambiente: favorável ao desenvolvimento da doença (clima tropical).

Assim, o Brasil tem os três fatores para o desenvolvimento da ferrugem. E por isso, a doença é de grande importância.

Agora que você sabe um pouco da doença, vamos falar do seu histórico.

5. Ferrugem asiática da soja no Brasil: Primeira ocorrência encontrada

Você sabia que a ferrugem asiática da soja foi identificada pela primeira vez no Brasil em 2001, no estado do Paraná?A primeira ocorrência da ferrugem asiática no continente americano foi também em 2001 no Paraguai. Meses depois, foi identificada no Brasil, indicando o grande poder de disseminação da doença e as condições favoráveis do país.

Assim, hoje a doença está espalhada por todas as regiões produtoras de soja do Brasil.

E hoje como anda a ocorrência da doença no Brasil?

6. Ocorrência da doença

Na safra 2016/2017 foram identificados 415 pontos com ocorrência da ferrugem-asiática.  Os estados com maiores dispersões foram Rio Grande do Sul (115), Paraná (87) e Mato Grosso do Sul (64).

Veja a ocorrência da ferrugem asiática na safra 2016/2017 no mapa abaixo.

consórcio antiferrugem

(Fonte: Consórcio antiferrugem)

O Consórcio antiferrugem mostra o número de pontos com ocorrência da doença, você pode observar essa ocorrência por estado.

Você já sabe algumas coisas sobre a ferrugem: causa, sintomas, condições favoráveis e o histórico. Mas, como realizar o controle da ferrugem na sua lavoura?

>> Veja também: Como fazer administração rural com essas 3 ferramentas mesmo não sabendo nada de tecnologia

7. Como fazer o controle da ferrugem da soja

Uso de variedades resistentes ou tolerantes

Infelizmente são poucas no mercado, mas as empresas tendem a lançar mais variedades no futuro com a importância da doença no país.

Eliminação de plantas voluntárias de soja e a ausência de cultivo de soja na entressafra (vazio sanitário)

Os estados que adotam esta prática são: Paraná, Tocantins, Pará, Bahia, Rondônia, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Minas Gerais, Maranhão, Santa Catarina e o Distrito Federal.

O objetivo do vazio sanitário é reduzir a sobrevivência do fungo causador da ferrugem asiática durante a entressafra e assim atrasar a ocorrência da doença na safra, já que o fungo precisa de plantas vivas para sobreviver. Isso diminuí a quantidade de inóculo para a próxima safra.

Veja os períodos para cada estado do vazio sanitário em 2017.

vazio sanitário

(Fonte: Embrapa)

Uso de cultivares precoce

Semeaduras tardias de soja podem receber mais inóculo (esporos) ainda nos estádios vegetativos, exigindo a antecipação da aplicação de fungicida e demandando maior número de aplicações.

Quanto maior o número de aplicações, maior a exposição dos fungicidas e aumenta a chance de acelerar o processo de seleção de populações resistentes a esses fungicidas.

Semeadura no início do período recomendado (calendarização da semeadura)

Esta prática é a determinação de uma data que é limite para semear a soja. Os estados que adotam são: Goiás, Mato Grosso, Paraná, Santa Catarina, Tocantins, Bahia e Mato Grosso do Sul.

O objetivo da calendarização é reduzir o número de aplicações de fungicidas ao longo da safra, e com isso, reduzir a pressão de seleção de resistência do fungo aos fungicidas.

periodos-de-semeadura-soja

(Fonte: Embrapa)

Manejo Integrado de Doenças (MID)

A Emater-PR realizou o monitoramento da ferrugem asiática na safra 2016/17 para a tomada de decisão, ou seja, utilizou o manejo integrado de doenças (MID).

Para você saber mais sobre o que é MID entre aqui.

Nesta pesquisa, a média de aplicações de fungicidas nos locais estudados foi 42% menor do que a média das propriedades em que não foi adotado o MIP/MID. Em 7,2% das propriedades não foi necessário realizar aplicações de fungicidas para controle da ferrugem asiática.

O controle químico faz parte do MID e é outro método de controle da ferrugem da soja, mas isso é tão importante que vamos falar dele em um tópico a parte:

Quer ter mais controle sobre sua fazenda? veja aqui 5 motivos para você começar agora a controlar seu estoque.

8. Controle químico da ferrugem asiático da soja

O controle com produtos químicos é mais eficiente quando utiliza mais de um tipo químico, ou seja, rotação de produtos com diferentes modos de ação. Isto também reduz a resistência do fungo a fungicidas.

Você pode consultar os fungicidas registrados para ferrugem asiática no Agrofit, veja como fazer isso e ainda confira outras dicas sobre aplicação de defensivos agrícolas nesse artigo.

Além disso, a Embrapa realizou uma pesquisa sobre a eficiência de fungicidas para o controle da ferrugem asiática na safra 2016/17. Você pode conferir os resultados aqui.

aplicação de defensivos agrícolas para combater a ferrugem asiática na soja

(Fonte: Agron)

Você ainda pode consultar as recomendações de defensivos agrícolas para essa doença no FRAC.

9. Redução da eficiência de fungicidas para controle da ferrugem asiática da soja

Em 2017, o FRAC , um comitê que monitora a resistência de fungos a fungicidas, comunicou a detecção de uma mutação no fungo P.  pachyrhizi.

Essa mutação foi associada a menor eficiência de fungicidas carboxamidas observada nos ensaios na região Sul, na safra 2016/17.

Além disso, a partir da safra 2007/08, foi observada redução de eficiência dos triazóis, em ensaios realizados em semeaduras tardias de soja.

Essa resistência é quantitativa, ou seja, ocorre mudança gradual na sensibilidade do patógeno, aumentando ano após ano com o uso contínuo do produto, mas sem a perda completa de eficiência.

A partir da safra 2013/14, uma redução de eficiência foi observada para a estrobilurina isolada.

Na safra 2013/2014, as misturas de triazóis e estrobilurinas também tiveram sua eficiência reduzida.

Essas notícias mostram a importância de realizar estratégias de manejo para a redução da pressão de seleção de resistência.

Algumas medidas que podem ser tomadas e já foram aqui explicadas são: uso de fungicidas com diferentes modos de ação, redução de excessivas aplicações de fungicidas e calendarização da semeadura.

>> Leia mais: “O que são fungicidas multissítios e por que você deve passar a utilizá-los”

Conclusão

O conhecimento, monitoramento e correto diagnóstico da doença são essenciais para seu adequado manejo.

Agora que conhece mais sobre a ferrugem asiática da soja já pode começar o planejamento de sua lavoura envolvendo tudo o que foi aprendido.

Fique de olho na sua lavoura, ela é seu negócio, sua empresa!

>> Leia mais:

Doenças de final de ciclo soja: principais manejos para não perder a produção
Antracnose nas culturas de grãos: como combater de modo eficaz

Você tem mais dúvidas sobre esta doença? Como você controla a ferrugem asiática na sua lavoura? Quais práticas de manejo você utiliza? Adoraria ver seu comentário aqui embaixo.