Conheça a relação entre taxa Selic e agronegócio

Taxa Selic e agronegócio: saiba como a taxa influencia os juros do crédito rural, conheça o efeito do sobe e desce e os impactos no agro

Conhecida como taxa básica de juros da economia, a taxa Selic influencia todas as taxas de juros do país. Exemplos são as taxas de financiamento do crédito rural e do Plano Safra.

No agronegócio, ela é um fator de retração ou estímulo aos investimentos nas atividades agrícolas como um todo.

No crédito rural, a taxa Selic serve como parâmetro para determinar os juros que você terá de pagar por determinado empréstimo.

É importante que você considere o histórico da taxa Selic no planejamento financeiro da sua fazenda, para evitar surpresas desagradáveis.

Neste artigo, você saberá como a taxa Selic funciona e como ela impacta nos negócios da sua fazenda. Boa leitura!

O que é a taxa Selic

A taxa Selic é a taxa média dos financiamentos diários.

A taxa funciona como principal instrumento balizador da política monetária para controlar a inflação. Essa inflação se refere à variação de preços dos produtos e serviços.

Selic é a sigla de Sistema Especial de Liquidação e de Custódia. O sistema é administrado pelo BC (Banco Central do Brasil), e é onde são negociados títulos públicos federais.

O sistema Selic, como infraestrutura do mercado financeiro, faz parte do SPB (Sistema de Pagamentos Brasileiros).

Ao fazer parte da infraestrutura do mercado financeiro, o sistema Selic tem papel fundamental no bom funcionamento do SFN (Sistema Financeiro Nacional).

Conforme o BC, o sistema Selic é importante para resolver possíveis casos de falência ou insolvência de instituições financeiras.

Ele serve para coibir fraudes e prevenir o contágio de instituições

Afinal, o sistema registra em seu banco de dados, em tempo real, a liquidação das transações com títulos públicos federais.

Infográfico azul que mostra a diferença entre taxa e sistema selic.

Taxa Selic X Sistema Selic

(Fonte: Banco Central)

Como a taxa Selic é regulada

No BC, a taxa Selic é regulada pelo Copom (Comitê de Política Monetária). Ele se reúne a cada 45 dias para definir se mantém ou altera, para mais ou para menos, o valor da taxa.

A atualização mais recente ocorreu dia 5 de agosto de 2021, quando a taxa Selic foi definida em 5,25% ao ano

O valor foi a alta de um ponto percentual em relação à alteração anterior.

Tabela com taxas de juros básicas.

Histórico recente das variações da taxa Selic

(Fonte: Banco Central)

Desde abril deste ano, a taxa Selic está em alta.

Entre agosto de 2020 e abril de 2021, ela ficou estável, em 2% ao ano. A alta veio após quedas frequentes desde agosto de 2016, quando bateu 14,25% ao ano.

De acordo com analistas financeiros, a tendência é que a taxa Selic suba mais um ponto percentual em setembro de 2021, indo a 6,25%.

Banner do Guia de Crédito Rural. à esquerda a descrição do ebook e à direita uma foto com moedas e uma planta.

Efeitos do sobe e desce da taxa

A alteração na taxa Selic provoca diversas mudanças. Elas vão desde as operações financeiras até o consumo pelos cidadãos

Nos bancos, ocorre alteração no custo de captação quando há mudança na meta para a taxa Selic. Afinal, a rentabilidade dos títulos indexados à taxa também muda.

Quando a taxa é reduzida, cai também o custo de captação dos bancos, pois eles tendem a emprestar dinheiro a juros menores. Isso estimula a tomada de empréstimos e o consumo.

Do contrário, quando a taxa sobe, os bancos cobram juros mais altos nos empréstimos, financiamentos e cartões de crédito

Como consequência, o consumo e a inflação caem.

Impactos da alta da taxa Selic no agronegócio

Os efeitos das alterações da taxa Selic no agronegócio têm foco nos financiamentos e empréstimos

Neste sentido, é importante que você avalie as tendências de subida ou descida da taxa de juros. Assim, você pode fazer apostas mais seguras.

No momento atual, por exemplo, a tendência é de subida da taxa Selic para combater a inflação. 

Agora, ela é de 8,99% no acumulado dos últimos 12 meses, medido pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo).

Mas com a taxa Selic com tendência de alta, sua preocupação deve ser com o financiamento e o crédito rural: fazer ou não?

Sobretudo para quem teve prejuízo com seca e geada neste ano, o crédito ou o financiamento rural podem servir como alavanca para retomada ou permanência na atividade

Tabela com taxas de juros do plano safra 2021-2022

Veja as taxas de juros do Plano Safra 2021-2022

(Fonte: Mapa)

As preocupações maiores devem ser com operações de custeio, como:

  • preparo do solo;
  • compras de insumos e maquinários;
  • outras operações cotidianas, até a colheita.

Deve ser feita avaliação, ainda, sobre a possibilidade de obter créditos de comercialização. 

Eles são utilizados para garantir que você tenha recursos para esta finalidade ou para armazenar a produção, na espera do melhor preço para venda.

Os créditos de investimento, utilizados para compra de bens duráveis, também podem entrar na lista de prioridades, já que são para uso de longo prazo.

Tabela com linhas de funcionamento de outros programas do plano safra 2021-2022, como pronaf, pronamp, abc e inovagro, por exemplo.

Linhas de financiamento de outros programas do Plano Safra 2021-2022

(Fonte: Mapa)

As taxas de juros do Plano Safra são reflexos da tendência de aumento da taxa Selic. 

Em 2020, por exemplo, os juros do Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar) eram de 2,75% a 4% ao ano. Em 2021, estão entre 3% e 4,5%.

Crédito agrícola com Aegro

No aplicativo da Aegro, unimos a gestão da fazenda ao crédito certo, ofertando Crédito Pessoal com acesso simples, rápido e digital aos nossos clientes. 

Com alguns cliques, simule seu empréstimo dentro do próprio aplicativo e solicite até R$ 200 mil de empréstimo sem precisar sair da fazenda

Diferente das instituições tradicionais, a análise de crédito da Aegro é ágil e desburocratizada, garantindo o dinheiro na conta dentro de 48 horas.

Tela do Aegro, na aba de solicitar crédito

Além disso, a oferta é transparente, com pagamento em até 6 vezes e taxas até 5% menores que as do mercado.

Lembrando que essa modalidade é exclusiva para clientes.Quanto mais você usa o sistema e evolui a gestão do seu fluxo financeiro, mais chances de ter acesso a uma proposta personalizada.

Quer saber mais sobre os benefícios do software para gestão de fazendas e suas soluções financeiras exclusivas? Faça um teste grátis!

Conclusão

Neste artigo, você viu como a taxa Selic impacta no agronegócio. A taxa é um importante instrumento de regulação da economia.

Para o desenvolvimento da sua fazenda, o que mais interessa são as taxas de juros dos financiamentos e do crédito rural.

Acompanhe as análises de especialistas em mercado para saber as tendências de subida e descida dos juros e metas anuais do governo.

Sempre dentro das necessidades da sua fazenda, faça análises de investimentos para longo prazo, com base também nas perspectivas governamentais. Na dúvida, consulte um especialista.

>> Leia mais:

“Como fazer fluxo de caixa sem complicação na sua fazenda”

“Software para agronegócio: veja os 10 melhores para sua fazenda”

Gostou deste texto sobre taxa Selic e agronegócio? Assine nossa newsletter e receba nossos artigos direto em seu e-mail!

Saiba tudo sobre o Plano Safra 2021/22 e sua importância para o planejamento

Plano Safra 2021/22: conheça as principais linhas de financiamento e o que mudou em relação ao plano anterior

O Plano Safra 2021/22 é de suma importância para o planejamento da sua fazenda.

Por isso, é preciso saber os valores destinados a cada linha de financiamento, volume de recursos e suas respectivas taxas de juros.

Os contratos podem ser realizados entre 1º de junho de 2021 e 30 de junho de 2022.

Neste artigo, você ficará por dentro das principais novidades e descobrirá como se beneficiar do Plano. Assim, você conseguirá se organizar melhor. Confira!

Como se beneficiar do Plano Safra 2021/22 

Dentre as principais demandas do agronegócio, está a destinação de mais recursos para:

  • produção;
  • comercialização;
  • investimentos em tecnologia;
  • inovação;
  • sustentabilidade. 

A resposta a esta demanda veio por meio do Plano Safra 2021/2022. Apesar de abaixo do esperado, o plano teve aumento de R$ 14,9 bilhões em relação ao anterior.

Uma das principais formas de você se beneficiar do novo Plano Safra é por meio da ampliação de práticas sustentáveis

Essas práticas são cada vez mais cobradas do setor no cenário global.

O governo elevou em 101% os recursos para esta finalidade em relação ao plano anterior. O aumento foi possível com o fortalecimento do Programa ABC (Agricultura de Baixo Carbono).

painéis solares ao lado de uma lavoura

 A energia solar é uma das principais fontes de energias renováveis do campo
(Foto: Agrovale/Divulgação)

Serão R$ 5,05 bilhões em recursos, com taxa de juros de 5,5% e 7% ao ano. Além disso,  carência de até 8 anos e prazo máximo de pagamento de 12 anos.

Por meio do Programa ABC, você pode financiar projetos destinados à redução da emissão de gases de efeito estufa e agregar valor à sua produção agrícola.

Também foram fortalecidos os programas:

  • Inovagro (R$ 2,6 milhões, taxa de juros de 7% ao ano);
  • Proirriga (R$ 1,35 bilhões, juros de 7,5% ao ano).

O financiamento para a produção de bioinsumos e biofertilizantes para uso próprio, para energia renovável e adoção de práticas conservacionistas também aumentou.

No Plano Safra 2021/2022, o limite de crédito coletivo para projetos de geração de energia elétrica a partir de biogás e biometano será de até R$ 20 milhões.

Mais recursos para armazenagem de grãos 

Uma das grandes demandas do setor de grãos no Brasil é o financiamento para estruturas de armazenagem no campo.

Em comunicado recente, a Aprosoja (representante dos sojicultores) pediu que o Mapa destinasse R$ 3 bilhões ao PCA (Programa de Construção e Ampliação de Armazéns), no Plano Safra 2021/2022.

Para a Aprosoja, “a armazenagem é crucial, mais importante até que o custeio agrícola”.

Isso porque, segundo a Aprosoja, os investimentos em armazenagens proporcionam a redução do custo do frete e a melhor trafegabilidade das rodovias durante a colheita. 

A resposta do governo veio além da expectativa. Houve destinação de R$ 4,12 bilhões ao PCA, além de acréscimo de 84% em relação ao Plano Safra 2020/2021.

Armazéns de até 6 mil toneladas terão taxas de juros de 5,5%.

Armazéns com capacidade acima disso terão taxa de 7% ao ano, carência de 3 anos e prazo de até 12 anos para pagar.

O Mapa estima que os recursos destinados ao PCA sejam suficientes para construir cerca de 500 novas plantas. 

Além disso, podem ser suficientes para aumentar a capacidade instalada em 5 milhões de toneladas.

Custeio e comercialização 

O custeio e a comercialização também receberam grande atenção do Plano Safra 2021/22. 

Do total destinado ao novo plano:

Para o médio produtor, no âmbito do Pronamp, o Plano Safra disponibilizará R$ 34 bilhões. Isso corresponde a um aumento de 3% em relação à safra passada.

De acordo com o governo, são:

  • R$ 29,18 bilhões para custeio e comercialização;
  • R$ 4,88 bilhões para investimento, com juros de até 6,5% ao ano.
Tabela disponibilizada pelo Mapa de custo e comercialização do plano safra

Tabela disponibilizada pelo Mapa
(Fonte: Mapa)

Agricultura familiar tem juros mais baixos

A agricultura familiar também foi beneficiada no Plano Safra 2021/22.

O setor que abrange mais de 5,1 milhões de pequenas propriedades no país terá no novo Plano Safra R$ 39,34 bilhões para financiamento por meio do Pronaf.

Os juros dos financiamentos variam entre 3% e 4% ao ano. 

Do valor total disponível:

  • R$ 21,74 bilhões são para custeio e comercialização;
  • R$ 17,6 bilhões para investimentos.  

Mais sustentabilidade

Uma das novidades do Plano Safra 2021/2022 para os pequenos agricultores é o maior incentivo ao Pronaf Bioeconomia.

Essa linha de financiamento é voltada para investimentos em: tecnologias de energia renovável, ambientais, armazenamento hídrico e práticas conservacionistas

O novo Plano Safra incluiu nos financiamentos a:

  • SAFs (Sistemas Agroflorestais);
  • construção de unidades de bioinsumos e biofertilizantes; 
  • turismo rural;
  • serviços de sociobiodiversidade.
Tabela que detalha valores de linhas de financiamento do plano safra

Tabela detalha valores de linhas de financiamento 
(Fonte: Mapa)

Seguro rural e redução de riscos

No setor agrícola, investir em seguro rural é essencial para reduzir riscos da atividade.

Para 2021, o governo destinou R$ 948,1 milhões

Isso para contratar cerca de 150 mil apólices e proteger 10,1 milhões de hectares. O valor total segurado é de R$ 52,5 bilhões

E em 2022, o orçamento será de R$ 1 bilhão.

Esse valor possibilitará a contratação de 158.500 apólices e a proteção de 10,7 milhões de hectares. O valor total segurado é de R$ 55,4 bilhões.

Também importante para redução de riscos no setor agrícola é o Zarc (Programa Nacional de Zoneamento Agrícola de Risco Climático).

Serão incluídas 12 culturas no Zarc, e estão previstas mudanças de metodologias com a inclusão de 6 classes de armazenamento hídrico para solos e níveis de manejo.

>> Leia mais: “Seguro rural: entenda melhor e veja as novidades”

Conclusão

Neste artigo, você viu que o Plano Safra 2021/2022 tem como importantes novidades o aumento do financiamento para mais sustentabilidade ambiental da produção.

O governo quer incentivar um agro mais verde, mais produtivo, inovador e mais tecnológico.

Isso atende às exigências da sociedade (nacional e internacional) por uma produção agrícola que garanta a sobrevivência do planeta.

O aumento de financiamentos para armazenagem de grãos, do seguro rural e da geração de energias renováveis e bioinsumos são pontos fundamentais para você.

Conheça as linhas de financiamento em que você se enquadra e planeje com mais segurança a sua produção agrícola.  

>> Leia mais:

“Conheça a relação entre taxa Selic e agronegócio”

“Elaboração de projetos de crédito rural: entenda pra que serve e como fazer”

“Saiba o que é sequestro de carbono na agricultura e como se beneficiar dele”

O que você achou das novidades trazidas pelo Plano Safra 2021/22? Conte pra gente nos comentários!

Crédito rural: conheça as novidades e saiba como conseguir um financiamento

Atualizado em 29 de julho de 2021.

Crédito rural: conheça melhor as normas do Manual do Crédito Rural, quais documentos são exigidos e quais instituições financeiras podem conceder crédito

O crédito rural é a principal demanda dos produtores rurais do Brasil. Mas acessá-lo não é uma tarefa simples, por vários motivos.

O principal deles é a falta de conhecimento sobre as normas do MCR (Manual do Crédito Rural). Recentemente, o Banco Central reduziu em mais da metade a quantidade de regras do MCR.

A tendência é ocorrer redução da burocracia no acesso ao crédito, juros menores e liberação de recursos em menor tempo. 

Veja neste artigo as mudanças no MCR e do que você precisa para acessar o crédito rural de forma direta (bancos oficiais) ou indireta (bancos privados, cooperativas, agfintechs, etc.).

O que é o crédito rural

Na definição do Banco Central do Brasil, o crédito rural é “o financiamento destinado ao segmento rural”.

Por meio dele, produtores rurais utilizam recursos concedidos pelas instituições financeiras, de acordo com linhas de crédito específicas.

O dinheiro do crédito rural tem diversas finalidades.    

Podem, por exemplo, ser aplicados em novos investimentos, na compra de animais, custear a produção, auxiliar na comercialização ou promover a agroindústria.

Como funciona o crédito rural

O crédito rural faz parte do Plano Safra e visa o desenvolvimento econômico e social do setor rural. Existe verba para custeio do ciclo produtivo, investimento na propriedade, comercialização ou industrialização de produtos.

Em outras palavras: disponibiliza recursos para custear e investir na lavoura em si, mas também em bens e serviços relacionados.  Existe verba até para reforma de moradias rurais.

Os recursos vêm do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e de fundos constitucionais, entre outros, como você vê na imagem abaixo:

Ilustração de como funciona o crédito rural

Ilustração de como funciona o crédito rural
(Fonte: Banco Central do Brasil)

A importância do crédito rural 

No país que ganha cada vez mais importância na produção global de alimentos, o fomento ao crédito rural deve ser uma das principais prioridades da política agrícola.

Por meio do crédito rural, é possível aumentar as chances de se manter competitivo na atividade. Além disso, são maiores as chances de produzir com eficiência e sustentabilidade econômica e ambiental.

O crédito rural beneficia desde o agricultor familiar até o grande produtor. 

O Governo Federal tem buscado meios de o produtor rural ter mais acesso ao crédito rural, seja dos bancos públicos ou do setor privado.  

De julho de 2020 a junho de 2021, foram liberados R$ 271,5 bilhões em crédito rural, segundo o Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento).

O valor representa aumento de 27% em relação à safra 2019/2020.

Detalhes dos valores liberados nas safras 2019/2020 e 2020/2021

Detalhes dos valores liberados nas safras 2019/2020 e 2020/2021
(Reprodução: Mapa)

Para a safra 2021/22, a disponibilidade total de crédito rural é de R$ 251,22 bilhões, sendo R$ 177,7 bilhões para custeio e comercialização e R$ 73,44 bilhões para investimentos.

Quem pode ter acesso ao crédito rural

De acordo com as regras do MCR, o crédito rural destina-se a:

  • produtor rural (pessoa física ou jurídica);
  • cooperativa de produtores rurais;
  • pessoa física ou jurídica que, mesmo não sendo produtor rural, se dedique a uma das seguintes atividades:
  1. pesquisa ou produção de mudas ou sementes fiscalizadas/certificadas;
  2. pesquisa ou produção de sêmen para inseminação artificial e embriões;
  3. prestação de serviços mecanizados de natureza agropecuária, em imóveis rurais, inclusive para proteção do solo;
  4. prestação de serviços de inseminação artificial, em imóveis rurais;
  5. atividades florestais.

Classificação de produtor rural

Há três classificações de produtor rural (pessoa física ou jurídica). Ela segue a RBA (Receita Bruta Agropecuária Anual):

  • pequeno produtor: até R$ 415 mil;
  • médio produtor: de R$ 415 mil até R$ 2 milhões;
  • grande produtor: acima de R$ 2 milhões.

De acordo com o MCR, a classificação é feita pela instituição financeira, no momento da produção da ficha cadastral.

Benefícios do crédito rural

O principal benefício que o crédito rural proporciona é que você não vai precisar fazer grandes investimentos com seu próprio dinheiro, ao menos inicialmente.

Na prática, em muitos casos, ele funciona como um empurrão, sobretudo para quem quer se desenvolver na atividade.

Se você está mais avançado no setor, o crédito rural te auxilia a fazer novos investimentos que também exigem grande quantidade de dinheiro.

Como há carência, você pode começar a pagar depois de três a quatro safras, a depender da cultura. Enquanto isso, você se estrutura.

Os valores que você pode ter acesso depende do tipo de produtor que você é: pequeno, médio ou grande.

Cada tipo de produtor tem linhas específicas de crédito, juros com taxas fixas, valores máximos e prazos de pagamento.  

Com o crédito rural, você pode investir em:

  • tecnologias;
  • práticas sustentáveis;
  • geração e energia;
  • custeio da produção;
  • realização de obras de infraestrutura (armazéns, por exemplo).

Linhas de crédito rural

São muitos os tipos de crédito rural: custeio, investimento, comercialização e industrialização. Cada uma atende a critérios específicos, conforme o MCR.

1. Custeio

Segundo o MCR, o crédito de custeio visa a cobrir despesas do plantio até a colheita. Ele classifica-se entre agrícola e pecuário.

Pode se destinar às despesas de:

  • ciclo de lavouras periódicas;
  • da entressafra;
  • da extração de produtos vegetais espontâneos ou cultivados;
  • de exploração pecuária.

2. Investimento

Esse tipo de crédito financia investimentos fixos e semifixos em bens e serviços. 

Como fixos, são conhecidos:

  • investimentos em construção;
  • reforma ou ampliação de benfeitorias e instalações;
  • aquisição de máquinas e equipamentos;
  • obras de irrigação, açudagem e drenagem, dentre outros.

3. Comercialização

É para viabilizar a venda dos produtos no mercado. Compreende a pré-comercialização, o desconto de Duplicata Rural e de Nota Promissória Rural.

No caso de cooperativas, pode ser usado para adiantamentos a associados, por conta de produtos entregues para venda, observados os preços de comercialização.

É utilizado, ainda, para:

  • financiar estocagem;
  • proteção de preços e/ou prêmios de risco;
  • equalização de preços;
  • garantia de preços ao produtor.

4. Industrialização  

Conforme o MCR, destina-se à industrialização de produtos agropecuários na propriedade rural. Mas isso só é possível desde que, no mínimo, 50% da produção a ser beneficiada ou processada seja de produção própria.

Essa regra vale tanto para produtores individuais quanto para as cooperativas e seus associados

Podem ser financiadas:

  • ações de limpeza; 
  • secagem;
  • pasteurização;
  • refrigeração;
  • descascamento e padronização dos produtos;
  • aquisição de insumos;
  • despesas com mão de obra;
  • manutenção e conservação de equipamentos, dentre outros.

Modalidades de crédito rural

Os programas para obtenção do crédito rural por meio do Governo Federal são:

  • o Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar), subdividido em:
  1. Pronaf Agroindústria;
  2. Pronaf Mulher;
  3. Pronaf Agroecologia;
  4. Pronaf Bioeconomia;
  5. Pronaf Mais Alimentos;
  6. Pronaf Jovem;
  7. Pronaf Microcrédito (Grupo “B”);
  8. Pronaf Cotas-Partes:
  • o Pronamp (Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural);
  • o Moderfrota (Programa de Modernização da Frota de Tratores Agrícolas e Implementos Associados e Colheitadeiras);
  • o Inovagro (voltado para inovações tecnológicas)
  • e o PCA (Programa de Construção e Ampliação de Armazéns).

Veja detalhes dos programas

É importante você saber que os bancos possuem também suas próprias linhas de financiamento, juros e prazos.

Os principais bancos são:

  • Banco do Brasil;
  • Banco do Nordeste;
  • Caixa Econômica Federal;
  • Banco da Amazônia;
  • Bradesco;
  • Sicoob. 

Pronaf 

Conforme o Plano Safra 2021/2022, o Pronaf (investimento) tem recursos programados de R$ 17,6 bilhões (até R$ 200 mil por beneficiário). 

carência de 3 anos e até 8 anos para pagamento. Os juros variam de 3% a 4,5% ao ano.

Na parte de custeio e comercialização, o Pronaf tem R$ 21,74 bilhões programados, com 12 meses de prazo para quitar a dívida. Os juros são os mesmos dos recursos para investimento.

Pronamp

Com R$ 4,88 bilhões programados, o Pronamp (investimento) tem limite por beneficiário de até R$ 430 mil. Tem 3 anos de carência e 8 anos de prazo para pagamento. Os juros são de 6,5% ao ano.

Na parte de custeio e comercialização, o Pronamp tem recursos programados de 29,18 bilhões. Tem prazo de 12 anos de pagamento e juros de 5,5% ao ano.

Inovagro

O Inovagro tem juros de 7% ao ano. São R$ 2,6 bilhões liberados para financiamento de investimentos. Tem entre R$ 1,3 e R$ 3,9 milhões por beneficiário, carência de 3 anos e prazo máximo de 10 anos para finalizar o pagamento.

Moderfrota

O Moderfrota (investimento) tem recursos programados de R$ 7,53 bilhões. O prazo de pagamento é de 7 anos e carência de 1 ano e dois meses, com taxa de juros de 8,5% ao ano.

PCA

O PCA tem recursos programados de R$ 4,12 bilhões, com limite de R$ 25 milhões por beneficiário. Tem carência de 3 anos e prazo de 12 anos para concluir o pagamento. Os juros ao ano variam entre 5,5% e 7%.

Como solicitar o crédito rural

A solicitação do crédito rural se dá por meio de um agente financeiro. Esse agente pode ser público ou privado, cooperativas de crédito e agfintechs.

Se você é pequeno produtor, deve ir primeiro a uma instituição credenciada pelo Governo Federal para emitir a DAP (Declaração de Aptidão ao Pronaf), e depois ao banco.

Exigências e documentos para solicitação   

O MCR exige documentos básicos para formalização de cadastros bancários. Contudo, a lista pode variar conforme a instituição financeira.

Geralmente, exige-se o seguinte:

  • comprovação da idoneidade do tomador;
  • apresentação de orçamento, plano ou projeto, salvo em operações de desconto;
  • oportunidade, suficiência e adequação dos recursos;
  • observância de cronograma de utilização e de reembolso;
  • fiscalização pelo financiador;
  • liberação do crédito diretamente aos agricultores ou por intermédio de suas associações formais ou informais, ou por organizações cooperativas;
  • observância das recomendações e restrições do zoneamento agroecológico.

Documentos necessários para solicitação do crédito rural

  • cópia da matrícula da propriedade;
  • Declaração do ITR (Imposto Territorial Rural);
  • CCIR (Certificado de Cadastro de Imóvel Rural), emitido pelo Incra;
  • outorga de água (para áreas irrigadas que exigem esse documento);
  • Declaração ou Cadastro Ambiental Rural (em alguns estados);
  • DAP (para pequenos produtores).

A liberação do crédito também exige algumas garantias por parte dos bancos. São exemplos o penhor agrícola, alienação fiduciária, hipoteca e aval.

Mudanças nas normas do MCR 

Recentemente, o Banco Central resolveu consolidar em 779 normas as regras do MCR, que antes tinha 1.692 comandos. Outros 376 foram revogados.

Segundo o Banco Central, a ação faz parte de uma política que vale para toda a Administração Pública.

O objetivo é racionalizar e simplificar a regulação infralegal (normas com hierarquia inferior a decreto, como portarias, resoluções, instruções normativas entre outras).

Com a consolidação e a revogação das normas em desuso, tudo o que interessa sobre crédito rural e Proagro foi aglutinado em cinco grandes temas no MCR.

São eles: 

  • macrotema 1: princípios, conceitos básicos e operações aplicáveis ao crédito rural (Resolução CMN nº 4.883, de 23 de dezembro de 2020); 
  • macrotema 2: regras dos financiamentos do Pronaf, do Pronamp, do Funcafé e dos Programas com Recursos do BNDES (Resolução nº 4.889, de 26 de fevereiro de 2021);
  • macrotema 3: linhas para atendimento de finalidades especiais da política agrícola (Resolução CMN nº 4.900, de 25 de março de 2021);
  • macrotema 4: taxas de juros e limites de crédito do crédito rural, exigibilidades do crédito rural e condições específicas aplicáveis às operações financiadas com recursos dos direcionamentos dos depósitos à vista, da poupança rural e das Letras de Crédito do Agronegócio (Resoluções CMN nº 4.899 e nº 4.901, ambas de 25 de março de 2021);
  • macrotema 5: regras referentes ao Proagro (Resolução CMN nº 4.902, de 25 de março de 2021).

Agfintechs: crédito rural e inovação

Outra novidade que tem impulsionado o setor de crédito rural no Brasil são as agfintechs: as startups do agronegócio que atuam com crédito rural.

Elas surgem com o objetivo de acelerar a obtenção de crédito por meio da desburocratização, uso de tecnologia e inovação.

Se beneficiam da evolução tecnológica, acelerada pela pandemia; dos juros baixos, favorecidos por Certificados de Recebíveis do Agronegócio;  e da “Lei do Agro”, que possibilitou a emissão de Cédulas de Produto Rural digitais.

As empresas oferecem recursos capazes de analisar de maneira individual cada produtor.

Uma das inovações é nos juros, que ficaram mais justos: quem tem safra com risco maior paga juro diferente de quem tem risco menor.

Com as agfintechs, ferramentas como satélites para monitoramento da lavoura são usadas para análise de crédito. Isso aproxima a relação entre o produtor e o financiador.

Banner do Guia de Crédito Rural. à esquerda a descrição do ebook e à direita uma foto com moedas e uma planta.

Conclusão

Você viu neste artigo que o crédito rural, principal demanda do agronegócio no Brasil, tem conquistado avanços importantes. Isso tanto em volume de recursos, quanto em processos de operação mais modernos.

Entender qual tipo de crédito é o mais acessível para atender a sua necessidade é essencial para dar o primeiro passo na busca pelo crédito.

Alternativas mais modernas como as agfintechs podem ser uma boa solução para acelerar o acesso ao crédito com juros mais justos, de acordo com a produtividade.

Talvez, o mais importante de tudo seja fazer uma boa aplicação dos recursos obtidos. Afinal, assim você terá muito mais capacidade de evolução no setor.

>> Leia mais:

Tudo o que você precisa saber sobre financiamento rural para aquisição de terra

Como funciona o financiamento de veículo para produtor rural

“Consórcio rural: veja o que é e conheça as vantagens”

Você sabe qual tipo de crédito rural é o adequado para suas necessidades? Já pensou em procurar uma agfintech para te ajudar? Adoraria ler seu comentário!