6 principais doenças do arroz e como livrar sua lavoura delas

Doenças do arroz: conheça os sintomas e modo de controle da brusone, mancha parda, escaldadura, queima das bainhas, podridão da bainha e ponta branca

Algumas doenças têm potencial de causar danos mais severos à lavoura, colocando toda a produção a perder.

Na cultura do arroz, por exemplo, a brusone pode afetar as plantas causando redução da altura e perda de qualidade nos grãos. 

Outras doenças como a mancha parda e a escaldadura também são bastante agressivas e provocam perdas significativas.

Conhecer bem as doenças da cultura e saber como fazer o manejo adequado é fundamental para assegurar a produtividade

Por isso, neste artigo compartilhamos 6 das principais doenças do arroz e os cuidados que devem ser tomados para controle. Confira a seguir!

1- Brusone na cultura do arroz

A brusone é considerada a principal doença da rizicultura, causada pelo fungo Magnaporthe oryzae.

Ela pode provocar danos de até 100% na produção de arroz quando em condições favoráveis ao desenvolvimento do fungo. Causa redução na altura da planta, no número de perfilhos e na qualidade dos grãos.

A brusone pode ocorrer desde o início do desenvolvimento das plantas de arroz até a floração da lavoura.

São sintomas típicos as folhas com pequenos pontos de coloração castanha, que evoluem para manchas elípticas. 

Essas manchas podem aumentar de tamanho no sentido da nervura, tendo o centro cinza e os bordos de coloração marrom. Algumas vezes, também podem apresentar um halo amarelo, o que leva à redução da área de fotossíntese da planta.

Já nos entrenós dos colmos, é comum observar manchas elípticas com centro cinza e bordos de coloração marrom.

Sintomas de brusone na folha (A), na panícula (B) e na aurícula (C) - doenças do arroz

Sintomas de brusone na folha (A), na panícula (B) e na aurícula (C)
(Fonte: Eduardo Hickel em Researchgate)

Os grãos originados de plantas infectadas ficam chochos. Nas sementes ou grãos, podem ocorrer manchas de coloração marrom. O patógeno pode ser transmitido internamente na semente, podendo causar sintoma nas plântulas. 

As condições favoráveis ao desenvolvimento do fungo que causa a brusone são: temperaturas entre 20℃ e 25℃ e água livre na folha.

Outro fator muito importante para esta doença é que o fungo sobrevive em restos culturais e sementes infectadas.

Medidas de manejo para a brusone do arroz

  • Uso de variedades resistentes ou moderadamente resistentes;
  • adubação equilibrada;
  • espaçamento e densidade das plantas adequados;
  • controle químico para tratamento de sementes e para a pulverização da parte aérea das plantas.

Aqui no Blog do Aegro nós já falamos sobre a brusone em um artigo super detalhado. Confira: “Principais sintomas da brusone no arroz e como controlá-la na lavoura

2 – Mancha parda

A mancha parda é causada pelo fungo Bipolaris oryzae, podendo causar redução de 30% de produtividade.

Seus danos ocorrem por infecção das sementes, o que reduz a germinação, além da morte de plântulas que foram originadas de sementes infectadas e de destruição da área foliar.

Os sintomas estão mais presentes nas folhas e nos grãos/sementes.

Nas folhas você pode observar manchas ovalares de coloração marrom-avermelhada com o centro cinza, sinais típicos da doença.

foto de Mancha parda - doenças do arroz

(Fonte: Agrolink)

Já nos grãos, os sintomas são manchas de coloração marrom

Se os ataques da doença forem severos, ocorre também o chochamento e a redução do peso dos grãos.

A mancha parda do arroz está distribuída em todas as regiões do mundo, sendo importante em regiões tropicais. Temperaturas entre 20℃ e 30℃ e água livre na folha favorecem a infecção do fungo nas plantas.

O fungo sobrevive em restos culturais, sementes infectadas, plantas de arroz ou hospedeiros alternativos.

No cultivo de arroz irrigado, o excesso ou a falta de nitrogênio tornam as plantas suscetíveis ao ataque do fungo causador da mancha parda.

No cultivo de sequeiro em solo pobre, deve-se ter atenção especial, já que as plantas ficam suscetíveis por estresse hídrico e por baixa fertilidade do solo.

Outro ponto importante sobre esta doença é que à medida em que a idade da planta aumenta, ela se torna mais suscetível.

Manejo da mancha parda:

  • resistência genética – não existem variedades com alta resistência à doença, mas, há variedades com resistência moderada;
  • sementes sadias e tratadas;
  • adubação adequada e bom manejo da água;
  • rotação de culturas;
  • uso de controle químico deve ser analisado quanto ao custo e aplicado nas fases finais do ciclo da cultura, que é a época de maior suscetibilidade da planta.

3 – Escaldadura

Doença causada pelo fungo Monographella albescens, sendo importante em cultivos de sequeiro com ocorrência de chuvas contínuas e longos períodos de orvalho.

Os sintomas da escaldadura são observados principalmente nas folhas, com manchas de coloração verde mais claro nas margens. Os bordos não são bem definidos, apresentando aspecto de encharcamento.

Após o sintoma inicial, as folhas exibem faixas de coloração de marrom claro a marrom escuro.

O patógeno sobrevive em sementes infectadas e restos culturais, com desenvolvimento favorecido por temperaturas de 20℃ a 30℃.

Manejo da escaldadura

  • uso de densidade das plantas e espaçamento adequados (alta densidade e menor espaçamento favorecem a doença);
  • adubação equilibrada, pois o excesso de nitrogênio favorece a doença.

4 – Queima das bainhas e mancha das bainhas

Doença causada por Rhizoctonia solani, sendo disseminada por todas as regiões do mundo, principalmente em cultivo de arroz irrigado.

Como sintomas, podem ser observadas lesões ovaladas de coloração branca a acinzentada, além de bordos marrons bem definidos, nas bainhas e nos colmos.

foto que mostra mancha das bainhas

(Fonte: Agrolink)

Em ataques severos, a doença pode provocar o acamamento das plantas e os sintomas podem aparecer nas folhas.

Além da queima da bainha, você pode encontrar a mancha da bainha, que é causada por Rizoctonia oryzae. 

Essa doença tem como sintomas manchas de coloração branca a verde na bainha de bordo marrom, mas, diferente da queima da bainha, as lesões são isoladas. Também não há sintoma nas folhas.

Manejo da queima das bainhas e mancha das bainhas:

  • uso de variedades resistentes;
  • adubação adequada e densidade de plantio;
  • rotação de cultura.

5 – Podridão da bainha da cultura do arroz

Doença causada por Sarocladium oryzae, a podridão da bainha tem potencial de causar perdas de produtividade e qualidade dos grãos na cultura do arroz.

Seus sintomas são lesões alongadas e irregulares, com o centro cinza e margens de coloração marrom. Inicialmente, esses sinais aparecem na última bainha abaixo da folha bandeira, na época de emissão da panícula. 

As panículas emergidas de plantas com infecção ficam com coloração marrom e estéreis. Em casos severos, a panícula nem chega a ser emitida.

Manejo da podridão da bainha:

  • Uso de variedades com resistência moderada.

6 – Ponta branca

A ponta branca é uma doença causada pelo nematoide Aphelenchoides besseyi, com disseminação em todos os estados brasileiros produtores de arroz. Possui maior relevância em cultivos com irrigação.

Um sintoma característico da doença é que o ápice da folha exibe clorose esbranquiçada e, com o tempo, essa região fica necrosada. Esses sinais aparecem na fase adulta da planta. 

foto de doença ponta branca em planta de arroz

(Fonte: Agronômica)

A doença pode afetar o desenvolvimento das panículas e também dos grãos.

Os nematoides são encontrados em regiões de crescimento da parte aérea da planta, sendo chamado de nematoide das folhas.

As principais formas de disseminação da doença são: semente e sobrevivência do nematoide.

Manejo da ponta branca:

  • sementes sadias;
  • variedades com resistência à doença.

Manejo geral de doenças do arroz

Quando  pensamos em manejo de doenças de plantas cultivadas, temos que sempre realizar o manejo integrado, ou seja, é preciso utilizar várias medidas de controle.

Para as doenças do arroz, falamos do manejo específico para cada doença com medidas como uso de variedades resistentes, controle químico, rotação de culturas, sementes sadias, adubação equilibrada, entre outras. Com essas medidas você consegue realizar o manejo integrado na sua lavoura!

Para te auxiliar com o manejo das doenças, você pode consultar um(a) engenheiro(a) agrônomo(a) para auxiliar nas recomendações.

banner ebook produção eficiente de arroz

Conclusão

As doenças do arroz podem causar prejuízos enormes, com danos de até 100% na lavoura.

Para evitar que esse tipo de situação ocorra, é importante identificar os primeiros sinais da doença para saber quais medidas de controle podem ser postas em prática.

Nesse artigo, listamos as características das principais doenças da rizicultura, fatores favoráveis ao desenvolvimento do patógeno e práticas de manejo.

Agora, monitore sua lavoura, realize o manejo integrado e não deixe que essas doenças afetem a produção da lavoura de arroz!

Quais são as doenças do arroz que você tem mais dificuldade em manejar? Aproveite e baixe agora mesmo o e-book sobre produção eficiente de arroz!

Entenda como a fertirrigação pode aprimorar sua produção

Fertirrigação: tire suas dúvidas sobre as vantagens e desvantagens desse processo que permite dispensar maquinários para adubação da lavoura

O processo de adubação é fundamental para a lavoura. Afinal de contas, é assim que as plantas recebem mais nutrientes que vão permitir a elas expressar melhor todo potencial produtivo.

Ter uma adubação mais eficiente e que te permita dispensar maquinário – e até horas de mão de obra – parece interessante, não é verdade?

Neste artigo, vamos apresentar a fertirrigação, método prático que une adubação à irrigação da lavoura. Entenda quais as vantagens e as desvantagens desse processo para que você tome a melhor decisão em sua propriedade. Confira!

O que é fertirrigação?

Fertirrigação é uma técnica de adubação que consiste na aplicação conjunta do fertilizante com a água da irrigação, levando nutrientes ao solo. Essa prática permite maximizar e até mesmo economizar na utilização dos fertilizantes dentro do sistema produtivo. 

A melhor eficiência quanto à utilização dos fertilizantes se deve ao fato de ocorrer o fornecimento de nutrientes de forma gradual e na presença de água. Isso melhora a absorção pelas plantas e reduz as perdas (lixiviação/volatilização) que existem pelo método convencional.

Normalmente, essa prática é utilizada em sistemas de irrigação localizada e de alta frequência, como no gotejamento e no sistema de microaspersão

Existem relatos de utilização em sistema de irrigação convencional, mas a limitação é a não homogeneidade de aplicação dos fertilizantes. 

Vantagens da fertirrigação

A fertirrigação propicia uma melhora da eficiência na utilização de fertilizantes, mas também apresenta outra inúmeras vantagens como:

  1. maximização na utilização do sistema de irrigação;
  2. fertilizante aplicado na quantidade e momento exatos;
  3. redução da mão de obra para a aplicação da adubação;
  4. redução da compactação do solo (devido ao menor trânsito de veículos);
  5. uniformidade de distribuição de micronutrientes, o que é difícil no sistema convencional;
  6. tendência à produção de itens de melhor qualidade e com maior produtividade;
  7. redução de oscilações na concentração de nutriente (devido à sua distribuição gradual);
  8. possibilidade de aplicação de outros produtos como fungicidas e nematicidas;
  9. aplicação de fertilizantes e água em uma região onde está contida a maior quantidade de raízes, o que aumenta a eficiência do fertilizante e reduz os impactos ambientais.

Agora que você já conferiu as vantagens desse método, precisamos analisar os pontos negativos que ele pode trazer. Vamos falar melhor sobre isso a seguir.

Desvantagens de aplicar fertilizantes por irrigação

Uma característica importante – e que pesa muito no momento de decidir sobre a adoção ou não desse sistema, é o preço. É relativamente alto montar a infraestrutura inicial para a fertirrigação.

Além disso, destaco mais algumas “desvantagens” desse sistema e que requerem atenção, tais como:  

  • conhecimento técnico (pessoal treinado) para manejo, escolha dos adubos e dosagens; 
  • entupimento de gotejadores e/ou microaspersores;
  • pode provocar acidificação, lavagem de nutrientes e/ou salinização do solo, se mal planejado;
  • pode causar corrosão do sistema de irrigação.

Como você viu, existem algumas desvantagens dentro dessa prática, mas as vantagens são bastante expressivas.

Como implantar a fertirrigação na lavoura

Fertilizantes 

Os fertilizantes utilizados na técnica da fertirrigação devem ser bem estudados quanto à:

  • solubilidade
  • pureza
  • índice de salinidade
  • acidez
  • condutividade elétrica (CE)
  • concentração dos nutrientes
  • densidade
  • grau de compatibilidade entre fertilizantes

Na fertirrigação, é recomendada a utilização de fontes solúveis em água e que tenham resíduos insolúveis inferiores a 0,5%. 

Quanto à pureza, sempre é melhor optar por fontes puras, com a finalidade de redução das impurezas. 

A acidez da solução, assim como o do solo para a maioria das culturas, deve se situar entre 5,5 e 6. Acima disso, pode comprometer algumas misturas, como é o caso do cálcio e do fósforo em soluções com pH acima de 6,3. 

Assim, quando o pH da água for maior que 7,5, o cálcio e o magnésio podem-se acumular nos filtros, nas linhas laterais e nos emissores do sistema de irrigação

Quando estamos falando de CE da água de irrigação, após a adição da solução de fertilizantes, ela não deve apresentar valores superiores a 2,0 dS m-1. Sua pressão osmótica deve ficar entre 70 kPa e 100 kPa. 

Outro aspecto que requer importância é a compatibilidade das fontes entre si e entre os íons presentes na água. Algumas misturas podem resultar em precipitados que causam entupimento e diminuição das eficiência do sistema. 

Orientação para mistura de alguns fertilizantes com base na compatibilidade - fertirrigação

Orientação para mistura de alguns fertilizantes com base na compatibilidade
(Fonte: Embrapa)

Tipo de solo

Em geral, solo com a textura arenosa requer maior suplementação de nutrientes para o pleno desenvolvimento vegetal. 

Porém, ao adubar de forma convencional, há riscos de muitas perdas, principalmente, por lixiviação. 

Portanto, com a fertirrigação, esse cenário pode ser revertido, pois é uma técnica que visa suprir a planta de forma gradual e que ainda está associada à irrigação, duas estratégias que solucionam a problemática desse tipo de solo.

Qualidade da água 

Como dito anteriormente, a fertirrigação utiliza o sistema de irrigação, mais precisamente da água, para direcionar os nutrientes às plantas. 

E, dentro desse contexto, é preciso estar atento à qualidade da água, solvente carregador dos fertilizantes. 

A primeira atenção que se deve ter é quanto à presença de resíduos sólidos, pois eles podem causar entupimento de emissores. 

Em sistemas de irrigação tratados como localizados, outro grande problema é a presença de íons de ferro e manganês, além dos sólidos solúveis presentes na água

Além do entupimento dos emissores, pode haver também a obstrução da tubulação, causando perda de carga e de pressão. Essas condições reduzem a vazão das emissões, não disponibilizando a quantidade exata de água e nutriente que havia sido calculada. 

E como avaliar essa água

Bem, deve-se medir a condutividade elétrica (CE) da água com o intuito de saber a quantidade de sais totais presente no líquido. 

Além disso, é recomendada a realização da análise química e física da água, propiciando o conhecimento de quais são os sais presentes ali e de como está a sua água.

Características químicas e físicas que devem ser consideradas na água utilizada via fertirrização

Características químicas e físicas que devem ser consideradas na água utilizada via fertirrização
(Fonte: Embrapa)

planilha de controle dos custos com insumos Aegro, baixe grátis

Conclusão 

A fertirrigação é uma técnica que permite a otimização do recurso por meio do sistema de irrigação. 

Notamos que ela apresenta inúmeras vantagens quando adotada, mas que também apresenta pontos que devem ser bem refletidos para sua adoção, como é o caso do seu relativo investimento. 

Vimos que, para utilizar a fertirrigação, é preciso estar atento ao tipo de solo, condições da água e fertilizantes, tudo para propiciar o pleno desenvolvimento vegetal. 

>> Leia mais:

“Fertilização em excesso? Entenda os riscos da overfert e saiba como evitar que ela ocorra”

“Quando vale a pena investir em pivô central e quais os custos para sua fazenda? (+ planilha grátis)

Você utiliza a fertirrigação em sua propriedade? Consegue perceber diferença em sua lavoura? Divida sua experiência nos comentários!

Como é feita a fertirrigação?

A fertirrigação é uma técnica de adubação que consiste na aplicação conjunta do fertilizante com a água da irrigação, levando nutrientes ao solo. Essa prática permite maximizar e até mesmo economizar na utilização dos fertilizantes dentro do sistema produtivo.

Quais são os tipos de fertirrigação?

A prática da fertirrigação é utilizada em sistemas de irrigação localizada e de alta frequência, como gotejamento e no sistema de microaspersão. Existem relatos de utilização em sistema de irrigação convencional, mas a limitação é a não homogeneidade de aplicação dos fertilizantes. 

Quais as vantagens da fertirrigação?

A fertirrigação propicia uma melhora da eficiência na utilização de fertilizantes e também apresenta outra inúmeras vantagens como redução da compactação do solo, devido ao menor trânsito de máquinas na lavoura, e uniformidade na distribuição de micronutrientes.