About Thaís Deon

Sou engenheira-agrônoma, com ênfase em plantas de lavoura pela UFRGS, analista de implementação e faço parte do Aegro Educa no time de Relacionamento com o Cliente da Aegro.

Principais recomendações de manejo dos herbicidas para arroz

Herbicidas para arroz: confira os produtos mais recomendados para arroz de sequeiro e irrigado, além do posicionamento mais adequado

Um dos grandes problemas que afetam a produtividade dos cultivos é a ocorrência de plantas daninhas na lavoura. 

Você sabia que a estimativa de perda de produção agrícola devido às plantas daninhas é de 15%? Há casos em que as perdas podem chegar a 90%, quando nenhum método de controle é utilizado.

Para o melhor manejo dessas plantas indesejadas, o uso de várias práticas de controle é essencial. Esses métodos podem desde evitar a entrada de plantas daninhas na área até  eliminar as já existentes através da aplicação de herbicidas.

Quer saber mais sobre como realizar o controle químico de forma adequada e evitar perdas na sua lavoura? Então confira as dicas a seguir! 

Interferência das daninhas na cultura do arroz

A interferência das plantas daninhas no cultivo do arroz pode ocorrer de várias formas. A principal delas é pela perda por competição de água, luz e nutrientes. Também pode acontecer devido ao parasitismo ou por hospedar pragas e doenças.

Além disso, a presença das daninhas pode causar uma série de consequências como:

  • contaminações na pós-colheita;
  • aumento no custo de produção;
  • desgaste e maior consumo das máquinas;
  • diminuição do valor das terras;
  • degradação do solo, ambiente e risco à saúde humana e animal.

Para ter um controle eficiente, vários métodos devem ser empregados. O ideal é que você os utilize em conjunto

Para o sucesso da lavoura, é fundamental que você opte por sementes de qualidade. Além disso, faça a semeadura “no limpo” e mantenha sempre um baixo nível de infestação, principalmente durante o período crítico de competição (PCC).

Período crítico de competição

  • Período anterior à interferência (PAI): período até aproximadamente 15 dias após a emergência do arroz (DAE). Neste momento, as plantas daninhas e o arroz podem conviver sem redução na produtividade.
  • Período crítico de prevenção à interferência (PCPI): em torno de 15 – 45 DAE. Neste período, o controle é obrigatório para que não haja perdas na quantidade e qualidade da produção.
  • Período total de prevenção da interferência (PTPI): período da emergência até aproximadamente 45 DAE. Nessa etapa, quando não houver competição, a planta de arroz expressa seu melhor potencial.

A contagem de dias após a emergência é um balizador para o seu controle, mas não esqueça: além da fase, dependendo do nível de infestação e o tipo de planta daninha existente, podem ocorrer mais ou menos danos.

Principais plantas daninhas

Confira aqui as principais espécies de plantas daninhas encontradas na cultura do arroz

Folhas largas

  • Angiquinho – Aeschynomene Rudis
  • Corriola – Ipomoea grandifolia
  • Cruz de malta – Ludwigia spp
  • Erva-de-bicho –  Polygonum hidropiperoides 

Folhas estreitas

  • Arroz vermelho – Oryza sativa
  • Papuã/Campim marmelada – Brachhiaria spp
  • Junquinho/Tiririca – Cyperus
  • Milhã/Capim-colchão – Digitaria spp
  • Capim-arroz – Echinochloa spp
  • Capim-pé-de-galinha – Eleusine indica
  • Cuminho – Fimbristylis miliacea 
  • Aguapé – Heteranthera reniformis 
  • Capim do banhado – Panicum dichtomiflorum; 
  • Grama-de-ponta – Paspalum distichum 
  • Sagitária – Sagittaria spp
Plantas daninhas em lavoura de arroz

Plantas daninhas em lavoura de arroz podem trazer perdas de até 90% na produtividade se não controladas adequadamente
(Fonte: CPT)

Aplicação dos principais herbicidas para arroz

Tanto no cultivo de arroz de sequeiro quanto no de arroz irrigado, grande parte do manejo é feito através do controle químico com o uso de herbicidas pré e pós emergentes.

Veja quais são os principais herbicidas para arroz e como utilizá-los da melhor maneira possível.

Gladium

Cultivo: Arroz irrigado.

Quando usar: na pré e pós-emergência das plantas infestantes. Aplique entre o estádio de 2.ª folha até o 3.º perfilhamento. Realize no máximo 1 aplicação por ciclo da cultura.   

Espectro de controle: eficiente no controle de plantas daninhas de folha larga e estreita, como angiquinho, tiriricas, cuminho e sagitária.

Dosagem recomendada: aplique de 100 a 133,3 g de produto comercial por hectare.

Cuidados: O intervalo de segurança é de 50 dias.

Herbadox 

Cultivo: Arroz de sequeiro.

Quando usar: na pré-emergência.

Espectro de controle: controla grande parte dos capins, como capim-marmelada, capim-arroz, capim-colchão e capim-pé-de-galinha. É eficaz também no manejo do caruru de mancha.

Dosagem recomendada: de 3L a 4,5L de produto comercial por hectare, dependendo do tipo de solo. As menores doses são recomendadas para solos arenosos e as maiores para os argilosos. Somente uma única aplicação é necessária.

Cuidados: faça a aplicação na hora do plantio ou logo após. Cuide para que as sementes estejam bem cobertas pelo solo e nunca aplique após a germinação.

Gamit 

Cultivo: Arroz de sequeiro e irrigado.

Quando usar: na pré-emergência.

Espectro de controle:

  • para arroz de sequeiro: capim-pé-de-galinha, picão grande, trapoeraba, corriola;
  • para arroz irrigado: Angiquinho, capim-colchão, capim-marmelada e capim-arroz.

Dosagem recomendada: 

  • para arroz de sequeiro:  1,7L a 2L de produto comercial por hectare;
  • para arroz irrigado: 1,1L a 1,7L de produto comercial por hectare.

Cuidados: Para a utilização desse produto, as sementes de arroz devem ter sido previamente tratadas com Safener (produto específico para proteção da cultura quanto a aplicação do herbicida). 

No momento da aplicação, o solo deve estar livre de torrões e com uma umidade mínima para a ativação do produto. 

Caso precise fazer o controle de plantas já germinadas, cuide para que não haja muita movimentação de solo no processo, de modo a  manter o defensivo na camada superficial.

Basagram 

Cultivo: Arroz de sequeiro e irrigado.

Quando usar: na pós-emergência.

Espectro de controle: 

  • Para arroz de sequeiro: trapoeraba e corriola;
  • Para arroz irrigado: erva-de-bicho e tiriricas.

Dosagem recomendada: de 1L a 1,6 L por hectare, utilizando doses menores quando as folhas estiverem molhadas por neblina ou orvalho.

Cuidados:  Ao aplicar em lavouras de arroz irrigado, retire a água para deixar as folhas das plantas daninhas bem expostas. Caso seja preciso voltar com a irrigação, faça isso após 48h. O intervalo de segurança é de 60 dias.

Only 

Cultivo: Exclusivo para arroz Clearfield.

Quando usar: em dose única na pós-emergência ou sequencial, sendo uma em pré e outra em pós-emergência.

Espectro de controle: herbicida chave para controle de arroz vermelho, também controla capim-arroz e tiririca.

Dosagem recomendada: 

  • Em pós-emergência: 1L/ha, entre 4 folhas e primeiro perfilho do arroz;
  • Sequencial: 0,75L + 0,75L/ha entre 4 folhas e primeiro perfilho do arroz.

Cuidados: utilize adjuvante variando de 0,5% a 1% v/v. Para um bom funcionamento do produto, é necessário  que ocorra chuva nos próximos 5 dias ou que a área seja irrigada. O intervalo de segurança é de 60 dias.

Kifix 

Cultivo: arroz de sequeiro e irrigado, exclusivo para arroz Clearfield.

Quando usar: na pré e pós-emergência das daninhas.

Espectro de controle: amplo espectro de controle, controlando folhas largas e estreitas, inclusive arroz vermelho.

  • Para arroz de sequeiro: algumas das invasoras controladas são, capim-colonião,   capim-amargoso, trapoeraba, leiteiro, corriola; 
  • Para arroz irrigado: espécies como, arroz vermelho, angiquinho, sagitária, tiriricas, cuminho, papuã e capim-arroz. 

Dosagem recomendada: 

  • Para arroz de sequeiro: de 100g/ha a 140 g/ha ou 70g + 70g, se sequencial;
  • Para arroz irrigado: 140g de produto comercial por hectare.

Cuidados: para esse produto também utilize adjuvante 0,5% v/v. Para uma boa ação deste herbicida no arroz irrigado, é importante que a entrada da água ocorra entre 48h e 72h após a aplicação. O intervalo de segurança é de 60 dias.

O Sistema Clearfield é uma tecnologia desenvolvida pela Basf, onde sementes geneticamente selecionadas toleram a aplicação de herbicidas específicos do grupo das imidazolinonas.

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Conclusão

Nesse artigo, você viu como as plantas daninhas afetam a produtividade do arroz, e que dependendo do período e do nível de infestação, seu cultivo pode ser mais ou menos afetado.

Você também ficou por dentro das plantas daninhas mais recorrentes na cultura e quais os principais herbicidas para arroz indicados para o controle dessas invasoras.

Não se esqueça de sempre usar as boas práticas de manejo e aplicação para um controle eficiente e seguro! 

Além disso, conte sempre com a ajuda do seu engenheiro-agrônomo e siga as recomendações do fabricante. 

>> Leia mais:

“Pragas do arroz: como identificar e combatê-las na cultura”

“Como fazer o controle não químico para plantas daninhas” 

Você já precisou lidar com as plantas daninhas na sua plantação? Conhecia os principais herbicidas para arroz? Conte para a gente sua experiência aqui nos comentários!

Tipos de grãos de milho: tudo o que você precisa saber para fazer a escolha certeira

Tipos de grãos de milho: conheça as características e veja como cultivar melhor cada uma delas

O milho é o cereal mais produzido no mundo, sendo utilizado na indústria e alimentação humana e animal, para consumo in natura ou processado. 

Muita dessa sua versatilidade se deve aos diferentes tipos de grãos que essa cultura apresenta. 

Você já deve ter notado as diferenças visuais e de utilização que cada um dos tipos apresenta, mas sabe o que define cada um?

Neste artigo, confira as características de diferentes tipos de grãos de milho e como cultivar melhor cada uma delas! 

Diferentes tipos de grãos de milho e suas características

Os grãos de milho são classificados em cinco tipos, de acordo com seu formato e composição, sendo denominados: dentado, duro, farináceo, pipoca e doce.

Um fator importante para entender a classificação dos tipos de grãos é conhecer o endosperma presente em cada tipo. 

O endosperma é o tecido de reserva dos grãos e representa cerca de 83% da matéria seca total do grão. 

No caso do milho, essas reservas são basicamente amido e proteína. Dependendo da forma como o amido e a proteína se organizam, o endosperma pode ser considerado córneo (duro) ou amiláceo (farináceo), como você pode ver na figura abaixo:

ilustração com tipos de grãos de milho e as relativas proporções do endosperma farináceo e vítreo

Tipos de milho e as relativas proporções do endosperma farináceo e vítreo
(Fonte: adaptado de Pereira e Antunes, 2007, via Pubvet)

Vamos agora conhecer melhor cada um dos cinco tipos de grãos de milho?

1 – Milho dentado

O milho dentado, “Dent Corn”, possuiu seu endosperma duro nas laterais e farináceo no centro. Isso faz com que, ao desidratar, o grão forme uma depressão na região da coroa (parte superior do grão) e fique com o seu formato semelhante a um dente. 

Pode apresentar bastante variação na coloração, indo do branco e amarelo até tons mais avermelhados e marrons.

É amplamente utilizado na nutrição animal e indústria, para produção de álcool e xaropes.

Caso sua produção seja para silagem, é muito importante ficar atento à adubação nitrogenada e potássica, nutrientes mais exportados pela planta. Isso porque, ao remover a planta inteira da lavoura, seu solo precisará de maior reposição desses nutrientes.

2 – Milho duro

Nesse tipo de grão de milho, o endosperma duro, além de estar em maior proporção em relação ao amiláceo, recobre toda a superfície do grão. Isso confere firmeza e um aspecto liso e brilhante

Esse tipo de milho possui grãos grandes e de coloração laranja-avermelhada.

Devido a essas características, o grão duro ou “Flint Corn”, possui um bom rendimento para indústria, sendo amplamente utilizado na fabricação de canjicas, fubás, snacks, massas, cervejas, condimentos, etc.

3 – Milho farináceo

O milho farináceo, como o próprio nome sugere, possui seu endosperma mole, ou seja, farináceo. 

Seus grãos são de coloração branca e amarela, possuem sabor suave e adocicado, além de textura macia.

A maciez desse grão favorece sua moagem e possibilita uma alta extração de amido. Por isso, é ideal para a produção de farinhas, sendo muito utilizado na produção de pães e biscoitos. 

Essas características ainda o tornam uma boa opção para produção de alimentos sem glúten.

4 – Milho-pipoca

O milho do tipo pipoca possui espigas menores, grãos duros e pequenos e, em sua maioria, cor amarelo-alaranjada. 

Seu pericarpo (casca) duro de alta resistência e o teor de água e óleo no interior do grão fazem com que, ao ser aquecido, a pressão no interior do grão aumente. Assim, ele expande até estourar. Esse tipo, você já sabe a finalidade, não é mesmo?

Essa sua principal característica, a expansão, é fator importante para determinar o valor comercial. Quanto maior sua capacidade de expansão, maior o valor, pois isso significa uma pipoca grande e macia.

Produção de milho-pipoca

Para garantir uma produção de qualidade, é muito importante que você escolha variedades específicas para o cultivo de milho-pipoca.

Como comentei acima, é preciso que ele tenha uma boa capacidade de expansão, sendo desejável acima de 21 mL/mL. Variedades com excelente capacidade de expansão ficam acima de 26 mL/mL.

Outro fator importante é que, como o milho-pipoca normalmente não é transgênico, é preciso ficar ainda mais atento ao controle de pragas. As principais são a lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda), das espigas (Helicoverpa zea) e os percevejos.

Além disso, o cultivo do milho-pipoca exige uma qualidade ainda maior nas operações de colheita e secagem, para garantir a qualidade do produto final. 

Esse fator tem feito os produtores investirem mais em tecnologia, optando por colhedoras cada vez mais precisas e secadores de grãos mais modernos.

5 – Milho-doce ou milho-verde

Esse tipo é oriundo de uma mutação genética, fazendo com que no interior do endosperma ocorra a produção de fitoglicogênio em vez de amido. Isso confere a esse tipo de grão o sabor adocicado. 

Possui coloração amarela, formato ovalado e miolo translúcido.

Devido ao seu sabor, pericarpo fino e textura macia, o milho-doce, também conhecido como milho-verde, é utilizado basicamente para a alimentação humana. Por ter baixo teor de amido, também favorece o processo de enlatamento, pois não torna o caldo turvo. 

Produção de milho-doce

A produção de milho-verde é uma ótima alternativa para pequenos produtores, pois é um cultivo que não necessita de mecanização.

Para produzir espigas maiores e mais cheias, com maior valor de mercado, a densidade de semeadura desse cultivo deve ser menor, ficando em torno de 50 mil plantas/ha. 

O espaçamento entre linhas deve ficar em torno de 0,9 m a 1 m, o que além de proporcionar um bom desenvolvimento, facilita a entrada de pessoas na lavoura.

Para qualquer produção de milho, é preciso atenção à disponibilidade hídrica, mas para o milho-verde isso se torna ainda mais relevante. 

A falta de água em momentos-chave, como o embonecamento, pode afetar o número de grãos que irão se formar, provocando uma espiga com falhas no preenchimento. Tal condição, além de diminuir a produtividade, também acarreta menor valor comercial.

Outro fator que merece atenção redobrada é o ataque de lagartas como a lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda) e a das espigas (Helicoverpa zea).

Para garantir a maciez ideal do produto final, a colheita desse tipo de milho deve ser realizada na fase de grão leitoso.

Uma boa dica para identificar esse momento é observar se os estigmas (cabelos) já possuem coloração marrom e aspecto seco.

Agora que você  já sabe as principais diferenças entre os tipos de grãos, vamos falar sobre estratégias para alcançar um bom rendimento na sua lavoura?

Como escolher o tipo de grão de milho e planejar sua lavoura

É aqui que você deve definir quais dos tipos de grãos se enquadram melhor na sua realidade e finalidade de produção. Para isso, você pode seguir algumas dicas:

  • Avalie o mercado da região: existe demanda para esse tipo de grão? Como e para onde irá escoar a produção?
  • Quais as características físicas da sua propriedade?
  • Você possui mão de obra, maquinário e possibilidade de investimento para qual tipo de produção?

Definido qual o tipo de grão você vai produzir, começa o planejamento da lavoura

Para isso, fique atento à época ideal de desenvolvimento da cultura e, para minimizar o risco da sua produção, sempre siga o zoneamento agrícola.

  • Escolha a cultivar de acordo com sua finalidade de produção, nível de investimento, e condições climáticas e sanitárias da região. Lembre-se sempre de seguir as recomendações do obtentor.
  • Prepare o solo de 3 a 6 meses antes do plantio: faça análise de solo e contate seu engenheiro-agrônomo para a recomendação de adubação e correção da área. Trace estratégias para manter sua área livre de plantas daninhas, para proporcionar um bom desenvolvimento inicial da cultura.
  • Defina o arranjo de plantas: lembre-se sempre de seguir a orientação das cultivares e avaliar as condições ambientais do local. Se você fará um menor investimento em nutrição e o ano promete ser de chuva abaixo da média, uma boa estratégia é utilizar o limite inferior recomendado de densidade de plantas.
  • Regule o maquinário: isso é fundamental para garantir uma semeadura de qualidade.

Conclusão

O milho é uma cultura muito versátil, podendo ser utilizado para várias finalidades, é atualmente é o cereal mais consumido no mundo.

Nesse artigo vimos como é feita a classificação dos tipos de grãos de milho de acordo com sua composição e forma.

Também falamos sobre as características e algumas dicas de manejo do milho  dentado, duro, farináceo, pipoca e doce, além de como definir o melhor tipo de grão para a sua lavoura.

Você já escolheu qual dos tipos de grãos de milho vai produzir? Conte aqui nos comentários qual se enquadra melhor na sua propriedade!