About Thaís Nascimento Pessoa

Sou Engenheira Agrônoma pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), mestra em Agronomia/Solos e Nutrição de Plantas pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), especialista e doutora em Ciências/Solos e Nutrição de Plantas pela Esalq-USP. Atualmente pós-doutoranda pela Esalq-USP.

Entenda como os aminoácidos nas plantas podem melhorar sua produção agrícola

Aminoácidos nas plantas: o que são, quais suas funções e como eles podem auxiliar na eficiência agronômica das culturas.

O grande desafio da agricultura atual é aumentar a eficiência das culturas e, consequentemente, os ganhos em produtividade

Substâncias como os aminoácidos podem ser utilizadas para aumento da eficiência do uso de fertilizantes, indução da resistência de plantas ao estresse hídrico e resistência ao ataque de pragas e doenças. 

Entenda neste artigo o que são os aminoácidos, como eles são sintetizados pelas plantas e como podem ser utilizados na agricultura. Confira!

O que são os aminoácidos?

Aminoácidos são substâncias orgânicas que formam proteínas. São moléculas formadas por um Carbono (C) central ligado a um grupamento Carboxila (COOH), um grupamento Amino (NH2), um átomo de Hidrogênio e um grupamento R. 

estrutura de um aminoácido

Estrutura de um aminoácido
(Fonte: adaptado pelo autor)

Os grupamentos orgânicos R encontrados nos aminoácidos diferenciam as moléculas existentes. 

As plantas geralmente sintetizam cerca de 20 aminoácidos que podem ser encontrados nas proteínas. Entre os principais aminoácidos sintetizados por plantas destacam-se o glutamato, a glutamina e aspartato, como veremos a seguir. 

O grupo Amino (NH2) encontrado na estrutura dos aminoácidos é originado das reações da glutamina e glutamato. 

O esqueleto de carbono dos aminoácidos pode ser resultante do 3-fosfoglicerato, do fosfoenolpiruvato ou do piruvato, ambos produzidos durante o processo de glicólise. Outra fonte seria o 2-oxoglutarato ou oxalacetato formados no ciclo do ácido cítrico

gráfico com rotas biossintéticas dos esqueletos de carbono dos 20 aminoácidos padrão

Rotas biossintéticas dos esqueletos de carbono dos 20 aminoácidos padrão
(Fonte: Fisiologia e Desenvolvimento Vegetal – Taiz e Zeiger, 2017)

Alguns aminoácidos são considerados importantes em diversas funções nas plantas. Vou explicar melhor os principais deles:

Glicina

Participa na formação de glutationa, fitoquelatinas e glicina betaína (composto que é acumulado em plantas em condições de estresse hídrico e ajuda a manter a eficiência fotossintética).

Cisteína

É fonte de enxofre (S) e atua na síntese da glutationa (molécula que auxilia na defesa de plantas).

Fenilalanina

Atua na síntese de lignina, taninos, flavonoides e na formação do ácido salicílico. A lignina, por exemplo, auxilia na resistência das plantas. Já o ácido salicílico é conhecido por atuar na resistência das plantas aos patógenos.

Glutamato 

Participa da formação dos aminoácidos (arginina, glutamina e prolina) e também é precursor da molécula de clorofila.

Triptofano

Precursor da auxina, hormônio de crescimento radicular e também da parte aérea das plantas. 

Metionina 

Precursora do etileno, hormônio que atua na maturação dos frutos. 

6 benefícios do uso de aminoácidos nas plantas

O uso de aminoácidos pode beneficiar as plantas em diversos aspectos como:

  1. auxílio no metabolismo da planta, pois são substâncias ligadas à síntese de proteínas;
  2. atuação na germinação, no estádio vegetativo, na floração e maturação dos frutos;
  3. atuação na fotossíntese, na síntese e ativação da clorofila, aumentando a eficiência do processo e na reserva de carboidratos;
  4. proteção de plantas e maior tolerância ao ataque de pragas e doenças;
  5. eficiência na absorção e translocação de nutrientes aplicados via foliar;
  6. tolerância das plantas ao estresse hídrico devido ao maior potencial de desenvolvimento do sistema radicular e outros mecanismos.

Os aminoácidos e as condições de estresse na planta

Alguns compostos são osmoticamente ativos nas células (osmose = processo de difusão da água através de uma membrana semipermeável) e mesmo em altas concentrações mantém a integridade da membrana, não interferem no funcionamento enzimático, denominados de solutos compatíveis

Moléculas que frequentemente servem como solutos compatíveis

Moléculas que frequentemente servem como solutos compatíveis
(Fonte: Fisiologia e Desenvolvimento Vegetal – Taiz e Zeiger 2017)

Alguns destes compostos incluem a prolina (um aminoácido importante para plantas em condições de estresse salino e/ou hídrico) e a glicina betaína

A prolina pode apresentar uma função de ajuste osmótico, que protege as plantas de compostos tóxicos produzidos durante períodos de escassez de água. 

Quando aplicada de forma exógena nas plantas, estudos comprovam que a prolina pode melhorar a tolerância à salinidade ao regular os processos fisiológicos, bioquímicos e enzimáticos. 

Principais efeitos da prolina exógena na tolerância aos sais vegetais (abreviaturas: CRA = conteúdo relativo de água; ERO = espécies reativas de oxigênio; MDA = malondialdeído; PE = perda de eletrólitos)

Principais efeitos da prolina exógena na tolerância aos sais vegetais (abreviaturas: CRA = conteúdo relativo de água; ERO = espécies reativas de oxigênio; MDA = malondialdeído; PE = perda de eletrólitos)
(Fonte: adaptado de How Does Proline Treatment Promote Salt Stress Tolerance During Crop Plant Development?)

Além de proporcionar um efeito positivo no crescimento, desenvolvimento e produtividade da planta em condições de estresse salino

Impactos do uso de aminoácidos nas plantas

Uma pesquisa realizada na USP/Esalq mostrou eficiência no uso de aminoácidos no desenvolvimento de raízes via tratamento de sementes de soja 25 dias após a semeadura. 

Plantas de soja aos 25 dias após a semeadura submetidas ao tratamento de sementes com aminoácidos - A = Controle; B = Glutamato ; C = Cisteína ; D = Fenilalanina; E = Glicina; F = Completo

Plantas de soja aos 25 dias após a semeadura submetidas ao tratamento de sementes com aminoácidos – A = Controle; B = Glutamato ; C = Cisteína ; D = Fenilalanina; E = Glicina; F = Completo
(Fonte: Teixeira, W.S – ESALQ/USP)

A aplicação de cisteína promoveu um aumento no volume de raízes (59%), número de raízes laterais (48%) e comprimento de raízes laterais (86%) em relação ao tratamento controle. 

A glicina auxiliou no aumento de 25% do comprimento da raiz principal e o glutamato incrementou o comprimento total da raiz em 22%. 

Foi constatado também que glutamato, cisteína, fenilalanina e glicina podem atuar como aminoácidos sinalizadores em plantas de soja. Isso porque pequenas doses foram suficientes para aumentar a atividade de algumas enzimas antioxidantes.

Alguns bioestimulantes utilizados na soja também apresentam aminoácidos em sua composição e podem trazer uma série de benefícios durante o desenvolvimento vegetal. 

Outro estudo comprovou que o uso de aminoácidos e hormônios reduz o nível de estresse das plantas de soja durante o período inicial de crescimento e aumenta a massa de produção de matéria seca. 

No tratamento das sementes com micronutrientes, hormônios e aminoácidos, observou-se incremento na produtividade

O uso de produtos com aminoácidos 

Quando complexados com os aminoácidos, os nutrientes podem ser absorvidos com uma maior facilidade, como é o caso dos quelatos (aminoácidos + micronutrientes).  

A suplementação com aminoácidos é uma forma de estimular o crescimento das plantas e aumentar a produtividade, uma vez que funciona como uma forma delas economizarem energia na realização de diversos processos metabólicos ao longo do seu ciclo. 

A empresa Kimberlit desenvolveu uma linha de produtos que combinam fertilizante e aminoácidos e apresentam produtos que podem ser utilizados via foliar ou para tratamento de sementes. 

A Exion max, por exemplo, é uma linha que fornece manganês, zinco, cobre, à base de cloreto, com boro e molibdênio, aditivado com aminoácidos selecionados para leguminosas e oleaginosas. 

Outros produtos também são comercializados pela Biosul fertilizantes que possui grande variedade de produtos contendo aminoácidos solúveis e prontamente assimiláveis pelas plantas, aumentando o potencial de crescimento e resistência.

A Dominisolo comercializa o produto AMINO-EXP MP que é um produto indicado para formulações de adubos líquidos para aplicação via solo ou foliar. 

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Conclusão

Neste artigo, você viu o que são os aminoácidos e algumas funções que eles realizam nas plantas. 

Os aminoácidos são substâncias importantes e essenciais no desenvolvimento de plantas. A aplicação destes compostos durante o ciclo das culturas pode beneficiar no aumento da produtividade. 

Algumas pesquisas já foram realizadas, mas ainda são necessários mais testes em relação a doses e recomendações adequadas para a maioria das culturas. 

Espero que este texto tenha ajudado você a entender sobre como o uso dos aminoácidos podem aumentar a produtividade da sua lavoura!

Você já utilizou compostos com aminoácidos nas plantas? Compartilhe sua experiência nos comentários!

Recomendações de adubação para o arroz: como fazer em diferentes sistemas de cultivo

Adubação para o arroz: confira as recomendações nutricionais para lavoura de sequeiro e irrigada e os impactos para sua produtividade.  

A área cultivada com arroz poderá apresentar um aumento de 1,6% nesta safra, segundo dados da Conab. Entretanto, a produtividade pode ser menor em relação à última safra. A previsão da produção nacional é de 10,9 milhões de toneladas

Diferentes técnicas de manejo do solo e adubação da lavoura podem mudar o cenário esperado para a safra atual e auxiliar no aumento da produtividade. 

Uma das formas de se aumentar a produtividade da lavoura de arroz é realizar um manejo adequado da adubação nos diferentes sistemas de cultivo utilizados. 

Confira neste artigo as exigências nutricionais do arroz, épocas de adubação e algumas recomendações gerais!

Sistemas de cultivo do arroz

No Brasil, o arroz é cultivado em diferentes sistemas: sequeiro (também denominado arroz de terras altas) e irrigado (em sistema pré-germinado e/ou com transplante de mudas). 

Veja mais detalhes sobre esses sistemas no artigo “Plantio de arroz irrigado ou sequeiro: 7 dicas para produzir mais e melhor!

Além dos sistemas, é importante saber sobre a fenologia do arroz, que é basicamente composta pela fase vegetativa (V1 a Vn) e fase reprodutiva (R0 a R9). 

Manejo da adubação no cultivo do arroz

Para um bom manejo da adubação, algumas dicas devem ser seguidas: 

Como cada sistema e regiões têm recomendações de adubação diferentes, apresentarei a seguir as principais.

Recomendação da adubação para arroz no Cerrado

A recomendação da adubação do arroz para a região do Cerrado apresentada a seguir é baseada em uma produtividade de 2,5 a 3,0 ton ha-1, conforme o boletim 5ª aproximação

Arroz de sequeiro 

A necessidade de calagem deverá ser calculada pelo método do Al3+ e do Ca2+ and Mg2+, considerando: 

NC = Y [Al3+ – (mt . t/100)] + [X – (Ca2+ + Mg2+)]

sendo: 

Y = capacidade tampão da acidez do solo

X = 2,0 cmolc dm³ (valor variável conforme o requerimento de Ca e Mg pela cultura)

mt = máxima saturação por Al3+ tolerada pela cultura (para o arroz é de 25%) 

Al3+ = acidez trocável, em cmolc dm³ 

t = CTC efetiva, em cmolc dm³ 

Se for utilizar o método da saturação por bases, o V% deverá ser elevado para cerca de 40%

Nitrogênio (N)

Aplicar 50 a 60 kg ha-1 de N. Um quinto da dose pode ser aplicada no plantio e em cobertura (na diferenciação do primórdio floral, entre 50 e 55 dias após a emergência). 

Fósforo (P)

Na adubação fosfatada corretiva para solos do Cerrado, recomenda-se aplicar no 1º ano de cultivo: 

  • 240 kg ha-1 de P2O5 (solos argilosos);
  • 150 kg ha-1 de P2O5 (solos de textura média);
  • 120 kg ha-1 de P2O5  (solos arenosos). 

Na adubação fosfatada corretiva, aplicar a quantidade recomendada de P2O5 de uma só vez, com fosfatos parcialmente solubilizados ou termofosfatos magnesianos. 

Na correção também podem ser utilizados adubos como o MAP, DAP, superfosfato simples ou superfosfato triplo de forma gradativa e parcelada. 

Além da adubação corretiva também deve ser realizada a adubação de manutenção do fósforo

A adubação de manutenção deve ser realizada no sulco de plantio com o objetivo de disponibilizar o nutriente próximo ao sistema radicular. Fontes solúveis de fósforo são recomendadas nesta etapa. 

Potássio (K)

A recomendação é que o nutriente seja aplicado no plantio, com o N e o P. 

tabela com adubação de manutenção, dependendo da não-limitação de água para a cultura. Com disponibilidade de P e de K.

Dose de adubação recomendada para o arroz de sequeiro de acordo com os teores dos nutrientes no solo
(Fonte: boletim 5ª aproximação – Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais)

Arroz irrigado 

A correção do solo pode ser dispensada no sistema por inundação com sementes pré-germinadas, desde que a saturação por bases (V%) no solo seja um mínimo de 50%

Na semeadura em solo seco, que é caracterizado pelo início da inundação após a emergência, a correção da acidez deve ser realizada para aumentar (V%) em 50%, cerca de quatro meses antes da semeadura. Isso auxilia no desenvolvimento inicial da cultura. 

Nitrogênio, fósforo e potássio

Aplicar 90 kg ha-1 de N de forma parcelada com 20 kg no plantio e 70 kg em cobertura (metade no perfilhamento e a outra parte no início da diferenciação da panícula). 

O N no plantio deve ser aplicado no sulco. Em cobertura pode ser realizada após retirada da água (a lanço ou em filete entre fileira de plantas) e a lanço sobre a lâmina de água. 

Para o fósforo e potássio devem ser aplicados entre 30 a 90 kg de P2O5 ha-1 e 20 a 70 kg de K2O ha-1, a depender da disponibilidade desses nutrientes no solo. 

Dose de adubação recomendada para o arroz irrigado de acordo com os teores dos nutrientes no solo

Dose de adubação recomendada para o arroz irrigado de acordo com os teores dos nutrientes no solo
(Fonte: boletim 5ª aproximação – Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais)

Recomendação da adubação para arroz na região Sul

O Manual de adubação e calagem para os estados do RS e SC recomenda a adubação para uma produtividade estimada em 2 ton ha-1 para o arroz de sequeiro da seguinte forma: 

Arroz de sequeiro 

A correção do solo em Sistema de Plantio Direto (SPD) deve ser realizada para ajustar o pH em 5,5. No arroz cultivado em Sistema Convencional, deverá ser adicionada quantidade de calcário para que o solo atinja pH 6,0 pelo índice SMP. 

Nitrogênio, fósforo e potássio

A recomendação da adubação de N varia de acordo com as porcentagens de matéria orgânica do solo (quando for ≤ 2,5%: aplicar 50 kg ha-1 de N; entre 2,6% e 5,0%: 40 kg ha-1 de N e > 5,0%: ≤10 kg ha-1 de N). 

Aplicar 10 kg ha-1 de N na semeadura e o restante em cobertura no início do afilhamento. 

Para cada tonelada de grãos adicional, acrescentar aos valores acima 15 kg ha-1 de N.

Na adubação de manutenção com fósforo e potássio devem ser utilizados 20 kg ha-1 de P2O5 e 20 kg  ha-1 de K2O. 

Para cada tonelada de grãos adicional, acrescentar 10 kg ha-1 de P2O5 e 10 kg ha-1 de K2O

Arroz irrigado

O boletim do Irga apresenta diversas recomendações para cultivo do arroz irrigado

Para o cultivo do arroz irrigado intercalado com culturas de sequeiro recomenda-se a correção da acidez para que o solo atinja pH 6,0. 

No cultivo do arroz semeado em solo seco, a irrigação é iniciada após a emergência e as condições favoráveis ao crescimento das plantas ocorrem de 2 a 5 semanas, o que poderá afetar o desenvolvimento das cultivares de ciclo precoce a médio. 

A recomendação de calagem ocorre em valores de pH em água < 5,5  e o V% abaixo de 65%. 

No cultivo do arroz pré-germinado e transplante de mudas a calagem não é recomendada para a correção da acidez. 

No sistema inundado, a elevação do pH acontece devido ao processo de redução do solo, denominado de “autocalagem”.

A deficiência geralmente é constatada com V% = 40% e, neste caso, a calagem pode ser recomendada para correção da deficiência de Cálcio (Ca) e Magnésio (Mg). A exceção ocorre quando o teor de Ca for maior que 4,0 cmolc dm-3 e de Mg 1,0 cmolc dm-3

A necessidade de calagem é baseada no índice SMP e informações mais detalhadas podem ser obtidas nos boletins do IRGA e no Manual de adubação e calagem para os estados do RS e SC

Solos com baixo poder tampão

Em casos de solos com baixo poder tampão, o índice SMP não é recomendado. A necessidade de calagem (NC) pode ser calculada pela equação:

NCpH 5,5 = – 0,653 + 0,480MO + 1,937Al

NC = necessidade de calcário (PRNT de 100%) em ton ha-1; MO = quantidade de matéria orgânica no solo em % e Al é o Alumínio trocável em cmolc dm3

tabela com critérios para definição da NC e a quantidade de corretivo

Critérios para definição da NC e a quantidade de corretivo
(Fonte: Instituto Rio Grandense do Arroz)

Nitrogênio, fósforo e potássio 

As recomendações para o N, P e K para o arroz irrigado são baseadas nos teores de matéria orgânica do solo (para o N) e P e K presentes no solo (verificar a análise de solo). 

Interpretação do teor de P do solo pelo Método Mehlich-1
Interpretação do teor de K do solo pelo Método Mehlich-1

Interpretação do teor de P e K do solo pelo Método Mehlich-1
(Fonte: Instituto Rio Grandense do Arroz)

Na adubação nitrogenada recomenda-se para o sistema de semeadura em solo seco, entre 10 e 20 kg ha-1 de N e o restante em cobertura. 

Para recomendações de até 100 kg ha-1de N em cobertura, ⅔ da dose total deverá ser aplicada no estádio V3/V4 e ⅓ da dose na iniciação da panícula.

No sistema pré-germinado não deve ser realizada a adubação de N em semeadura, pois há risco de perdas. Para cultivares de ciclo curto e médio, devem ser aplicados ⅔ da dose total no estádio V3/V4 e ⅓ da dose na iniciação da panícula. 

Já para as cultivares de ciclo tardio, a cobertura pode ser fracionada da seguinte forma: ⅓ em V3/V4, ⅓ no perfilhamento pleno e ⅓ na iniciação da panícula. 

Adubação nitrogenada de acordo com o teor de matéria orgânica do solo e expectativa de resposta à adubação

Adubação nitrogenada de acordo com o teor de matéria orgânica do solo e expectativa de resposta à adubação
(Fonte: Instituto Rio Grandense do Arroz)

No sistema semeadura em solo seco, os fertilizantes fosfatados e os potássicos devem ser aplicados e incorporados ao solo na semeadura. 

No sistema pré-germinado, o P e K podem ser aplicados e incorporados antes da semeadura. 

Adubação fosfatada e expectativa de resposta à adubação
Adubação potássica e expectativa de resposta à adubação

Adubação fosfatada (acima) e potássica e expectativa de resposta à adubação
(Fonte: Instituto Rio Grandense do Arroz)

Resposta de cultivares de arroz à adubação

Estudos atuais desenvolvidos no sul do Brasil mostram a resposta de cultivares de arroz ao manejo da adubação, como é o caso da IRGA 431 CL. 

Em experimentos realizados na safra 2018/2019 e 2019/2020, a cultivar foi responsiva à adubação. 

As lavouras produziram acima de 9 ton ha-1 quando foram adubadas, em média, com 147 kg ha-1 de N, 71 kg ha-1 de P e 105 kg ha-1 de K

gráfico de barras laranjas e verdes com Faixas de produtividade da cultivar IRGA 431 CL na safra 2019/2020 em função da adubação com N, P e K

Faixas de produtividade da cultivar IRGA 431 CL na safra 2019/2020 em função da adubação com N, P e K
(Fonte: Circular técnica – Irga 2020)

Na safra 2019/2020 também foram realizados experimentos de resposta à adubação nitrogenada para a IRGA 431 CL. Foi encontrada, em média, uma dose máxima de eficiência técnica (DMET) de 169 kg ha-1 de N e produtividade de 11,98 ton ha-1

gráfico com resposta da cultivar IRGA 431 CL ao Nitrogênio

Resposta da cultivar IRGA 431 CL ao Nitrogênio 
(Fonte: Circular técnica – Irga 2020)

Conclusão 

Neste artigo mostramos diferentes recomendações de adubação para o cultivo do arroz. 

O manejo da adubação do arroz deve acontecer com base no tipo de sistema utilizado (sequeiro ou irrigado), análise e correção do solo, produtividade esperada e potencial produtivo da cultura. 

Foi observado que em diferentes regiões do país, como no caso do Cerrado e Sul, ocorrem modificações nas recomendações de adubação. 

Todo o manejo nutricional também vai depender de outros fatores como: cultivar utilizada, rotação com culturas de sequeiro, potencial produtivo da região e condições de clima e solo. 

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5 dicas no planejamento agrícola para otimizar o uso de fertilizantes

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Por que fertilizantes organominerais são uma alternativa interessante para sua lavoura

Fertilizante organomineral: entenda os benefícios e como eles podem aumentar a produtividade 

A produção agrícola brasileira é dependente da importação de corretivos e fertilizantes. E, quando as cotações mudam, você sabe que o impacto pode ser enorme nos custos de produção da sua lavoura.

Os fertilizantes organominerais são uma fonte alternativa interessante em relação aos convencionais, além de serem mais sustentáveis.

Mas, você sabe quais são as diferenças entre eles e quando pode ser realmente vantajosa sua utilização? 

Confira um pouco mais sobre a importância dos fertilizantes organominerais e as perspectivas para uso em sua lavoura! 

Uso sustentável de fertilizantes 

Dados da Anda (Agência Nacional para Difusão de Adubos) mostram que as importações de fertilizantes intermediários cresceram 15,1% entre os meses de janeiro a maio de 2020 em relação ao mesmo período de 2019, chegando a 10.656.063 milhões de toneladas.

O Brasil é um país altamente dependente da importação de fertilizantes para uso agrícola. Fontes alternativas como os fertilizantes organominerais podem trazer benefícios, principalmente por atuarem além da fertilidade do solo

Os organominerais podem contribuir com o aproveitamento de resíduos orgânicos de origem animal e vegetal, aumentar os teores de matéria orgânica do solo e como consequência a atividade da microbiota do solo

Aqui no Blog do Aegro nós já falamos sobre os fertilizantes orgânicos e seu uso na agricultura em larga escala. Confira!

Agora, vamos explicar as características dos fertilizantes organominerais e sua diferença com relação aos convencionais.

Quais as diferenças entre os fertilizantes organominerais e os convencionais? 

Os fertilizantes organominerais são combinações de fontes orgânicas, como por exemplo, o esterco animal de aves e suínos com outro fertilizante mineral. 

Em relação ao esterco animal, o fertilizante organomineral apresenta maior concentração de nutrientes por se tratar de um produto mais estável e uniforme. 

Esses fertilizantes geralmente possuem solubilização gradativa e podem ser disponibilizados ao longo do ciclo de uma cultura. 

A vantagem dos fertilizantes organominerais sobre os minerais é o fornecimento da matéria orgânica, além dos macro e micronutrientes

Exemplos de dois tipos de fertilizantes organominerais: 

  • “Esterco granulado misturado com fertilizante”, em que dois produtos distintos são visíveis – esterco peletizado e os grânulos de fertilizante;
  • “Fertilizante organomineral fundido”, em que  apenas um grânulo distinto é visível. 

Lembrando que diferentes fontes e concentrações de nutrientes podem ser adicionadas aos diferentes tipos de fertilizante organomineral, o que interfere na composição final do produto. 

foto de esterco granulado misturado com fertilizante e de fertilizante organomineral fundido

Esterco granulado misturado com fertilizante (à esquerda) e fertilizante organomineral fundido (à direita)
(Fonte: Organomineral Fertilizers and Their Application to Field Crops)

Composição dos fertilizantes organominerais

A Instrução Normativa  n.º 61, de 8 de julho de 2020, do Mapa (Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento) estabelece as regras e outras especificações sobre fertilizantes orgânicos e dos biofertilizantes destinados à agricultura.

Os fertilizantes organominerais sólidos ou fluidos para aplicação via solo ou fertirrigação devem conter: 

  • carbono orgânico: mínimo de 8% (oito por cento) para produto sólido e 3% (três por cento) para o produto fluido;
  • umidade: máximo de 20% (vinte por cento) para produto sólido;
  • CTC: mínimo de 80 (oitenta) mmolc/kg para o produto sólido;
  • nitrogênio (N), fósforo (P2O5), potássio (K2O), cálcio (Ca), magnésio (Mg) e enxofre (S) de no mínimo 1%, além de micronutrientes

Existe também uma classificação para estes fertilizantes, conforme a instrução normativa. Os fertilizantes organominerais devem ser classificados a partir das matérias-primas utilizadas na sua produção em:

  • Classe A: produto que utiliza matéria-prima gerada nas atividades extrativas, agropecuárias, industriais, agroindustriais e comerciais, isentas de despejos ou contaminantes sanitários; 
  • Classe B: produto que utiliza quaisquer quantidades de matérias-primas orgânicas geradas nas atividades urbanas, industriais e agroindustriais e apresenta o uso autorizado pelo Órgão Ambiental. 

A instrução normativa também indica algumas restrições quanto ao uso de fertilizante organomineral do tipo Classe A ou outros que possuam quantidade de resíduos de origem animal em áreas de pastagem.

Seu uso é permitido em pastagens e capineiras apenas quando incorporado ao solo. Em pastagens, o pastoreio só deverá ser permitido após 40 dias de incorporação do fertilizante no solo.

Vantagens do uso dos organominerais

  • incremento da matéria orgânica do solo
  • melhoria da agregação e estrutura do solo
  • aumento da atividade microbiana
  • elevação da CTC do solo
  • aumento da capacidade de retenção da água no solo
  • aumento da porosidade do solo 
  • redução da densidade do solo

Vale ressaltar que, por ser um produto rico em matéria orgânica, seu uso pode ser importante em solos arenosos. Isso porque a baixa capacidade de troca de cátions, característica desses solos, pode promover a lixiviação dos adubos convencionais utilizados. 

Desvantagens dos organominerais 

  • a disponibilidade de nutrientes é lenta 
  • podem ser necessárias altas doses de fertilizante aplicadas ao solo para suprir a demanda nutricional das recomendações
  • ciclagem de elementos como o fósforo ligado a fonte orgânica é lenta 
  • dependendo da fonte orgânica utilizada na produção, pode conter agentes contaminantes como metais pesados
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Perspectivas do uso de fertilizantes organominerais 

Algumas pesquisas realizadas mostram resultados positivos do uso desses fertilizantes. 

Na cana-de-açúcar foi comprovada a eficiência agronômica dessas fontes de forma mais pronunciada na cana planta. Após duas safras, o organomineral foi 7% mais lucrativo em relação ao fertilizante mineral. 

Além disso, observou-se uma maior disponibilidade de P residual usando fertilizante organomineral.

O uso de fertilizantes organominerais + inibidores da urease e nitrificação (OM+I)  aumentou o teor de Nitrogênio na camada de 0,05-0,10 m na sucessão trigo/milho e a produtividade total de grãos das duas culturas estudadas.

tabela da Embrapa - fertilizantes organominerais

(Fonte: Embrapa)

Mais pesquisas devem ser realizadas para um maior entendimento da dinâmica destes fertilizantes no solo e sua utilização em comparação aos fertilizantes convencionais.

Conclusão

Neste texto abordamos sobre os fertilizantes organominerais e como eles podem auxiliar no manejo mais sustentável da sua lavoura.

Você conheceu a regulamentação da composição dos organominerais e as perspectivas do seu uso.

É importante considerar o conhecimento sobre fertilidade do solo na tomada de decisão do manejo da adubação.

Espero que este texto tenha ajudado você a pensar um pouco sobre o uso de fontes de fertilizantes organominerais.

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“Fertilização em excesso? Entenda os riscos da overfert e saiba como evitar que ela ocorra”

Você já utilizou fertilizantes organominerais em sua lavoura? Quais foram os resultados? Ajude outros produtores deixando sua experiência nos comentários!

Como cobalto e molibdênio na soja podem elevar sua produtividade

Cobalto e molibdênio na soja: entenda as suas funções e como eles podem aumentar a produtividade da lavoura.

A soja é uma cultura de grande importância para o agronegócio brasileiro. A estimativa da  Conab para produção do grão na safra 2020/21 é de 133,7 milhões de toneladas, confirmando o país como terceiro maior produtor mundial da oleaginosa.

Para se alcançar elevadas produtividades, é necessário um manejo nutricional adequado. Nutrientes como o molibdênio e o elemento benéfico cobalto e participam de diversas reações importantes na cultura da soja

Entenda como o cobalto e molibdênio podem elevar a produtividade da sua lavoura!

Funções do cobalto e molibdênio na soja

Os micronutrientes são considerados essenciais para o crescimento das plantas e são requeridos em menores quantidades em comparação com os macronutrientes. 

O molibdênio (Mo) é considerado micronutriente e o cobalto (Co), um elemento benéfico. 

O Mo participa da fixação biológica do nitrogênio (FBN), pois está presente na enzima nitrogenase. 

Já o Co é um elemento benéfico para o crescimento de microrganismos, como as bactérias simbióticas do gênero Rhizobium. Também é componente da cobalamina (vitamina B12), precursora da leghemoglobina, que está relacionada à atividade dos nódulos na cultura da soja

A deficiência do Co pode interferir no atraso ou redução do processo de nodulação da soja. 

A deficiência do Mo pode interferir no metabolismo do Nitrogênio (N) e na FBN. Os sintomas de deficiência na soja geralmente são similares aos do N, como é o caso da clorose. 

Disponibilidade dos micronutrientes no solo 

A prática da calagem de forma adequada pode auxiliar na correção da deficiência e disponibilidade dos micronutrientes no solo.

A calagem é o primeiro passo para a construção da fertilidade do solo e para o aumento da eficiência no uso dos fertilizantes

Para a manutenção e o aumento da produtividade da soja é necessário o uso de fertilizantes. Estima-se que estes representem cerca de 25% dos custos totais da lavoura de soja. 

gráfico de representatividade nos custos da lavoura em porcentagem: fertilizantes representam cerca de 75%

(Fonte: Aprosoja)

Dessa forma, a busca por eficiência no uso de recursos é cada vez mais importante para aumento da produtividade e redução dos custos. 

A disponibilidade dos micronutrientes é reduzida com o aumento do pH do solo. Com o molibdênio ocorre uma exceção, pois a biodisponibilidade do Mo aumenta com o aumento do pH do solo, além deste nutriente ser absorvido pelas plantas na forma de molibdato (MoO42-).

A acidez do solo, comum em solos tropicais altamente intemperizados, promove a deficiência do Mo

O cobalto é absorvido pelas plantas na forma de Co2+ e o aumento excessivo do pH do solo pode ocasionar deficiência, já que para este elemento benéfico ocorre um comportamento inverso na sua disponibilidade em comparação ao Mo

gráfico sobre disponibilidade dos nutrientes de acordo com o pH do solo

Disponibilidade dos nutrientes de acordo com o pH do solo
(Fonte: Ipni)

A calagem pode corrigir a deficiência do Mo se os teores deste nutriente no solo forem adequados. 

A deficiência do Mo ocorre com mais frequência em solos arenosos, pois o molibdato é um ânion que apresenta alta mobilidade no solo, sendo facilmente lixiviado. 

Fases de desenvolvimento da soja

A cultura da soja apresenta diferentes estádios fenológicos (vegetativos e reprodutivos). 

O processo de nodulação da soja varia conforme o crescimento e desenvolvimento em função das fases fenológicas

estádios fenológicos da soja - Cobalto e molibdênio na soja

(Fonte: Compass minerals)

Estudos mostram que os primeiros nódulos radiculares na soja começam a partir das infecções da raiz principal e suas ramificações primárias (estádios V1 e V2), sendo dependente de fatores como cultivar, estirpe de bactéria, ambiente e manejo. 

Nos estádios V4 e V5, a nodulação aumenta em intensidade e o incremento na nodulação atinge um pico durante a fase de florescimento em (R1 e R2)

Com o aumento da frutificação, a atividade fotossintética é aumentada e um novo pico é atingido em R5.1 e R5.2

Outro pico de nodulação e fixação biológica de nitrogênio (FBN) também pode ser constatado entre os estádios R5.1 e R5.3

imagem de raíz de soja com fixação biológica de nitrogênio.

(Fonte: Embrapa Soja)

Como aplicar os micronutrientes? 

Pesquisas de longo prazo realizadas com soja no Brasil recomendam uma dosagem de 12 a 25 g ha-1 de Mo e 2 a 3 g ha-1 de Co aplicados na mistura com o inoculante  (Bradyrhizobium) nas sementes de soja na semeadura ou via foliar na mesma dosagem, em até 15 dias após a semeadura. 

Entre as fontes destes elementos podemos citar para o Mo (molibdato de sódio e molibdato de amônio) e para o Co (sulfato de cobalto).  

Vale destacar novamente que, caso existam teores suficientes de Mo no solo, a correção do pH com a calagem também promoverá a disponibilidade deste nutriente para a soja.  

A recomendação é que o processo de inoculação deve ser realizado considerando cuidados como: 

  • plantio das sementes logo após a inoculação
  • quantidade e qualidade do inoculante 
  • boas condições de umidade do solo

A aplicação de Mo via foliar, antes do início da floração e na mesma concentração recomendada para as sementes é uma alternativa para o manejo nutricional da soja. 

Para o Co, a aplicação via foliar pode apresentar menor eficiência em comparação ao Mo, devido à baixa translocação na planta

Uma pesquisa mostrou que a aplicação de Mo e Co via sementes e/ou adubação foliar no estádio V4 promoveu incrementos significativos no rendimento da cultura da soja

Conclusão

Nesse texto você conferiu alguns aspectos sobre o micronutriente molibdênio e o elemento benéfico cobalto.

Você viu como eles podem interferir na fixação biológica de nitrogênio e processos de nodulação

É importante conhecer as fases fenológicas da cultura da soja para tomada de decisão sobre práticas adequadas de fertilização.

Espero que este texto tenha ajudado você a pensar um pouco sobre a importância do cobalto e molibdênio na cultura da soja!

Qual é sua maior dificuldade no cultivo da soja para altas produtividades? Restou alguma dúvida sobre o cobalto e o molibdênio na soja? Adoraria ler seu comentário!

Como realizar o preparo do solo para plantio de milho

Preparo do solo para plantio de milho: entenda qual é o sistema mais adequado para sua propriedade.

O milho é uma cultura de grande importância no agronegócio brasileiro. Só na temporada 2019/20, mais de 106 milhões de toneladas devem ser produzidas em primeira, segunda e terceira safras.

Para alcançar o melhor potencial da lavoura, vários fatores devem ser considerados. Um dos primeiros é o preparo do solo.

Quais são as condições ideais para o cultivo do milho? Qual é o sistema de preparo do solo mais adequado? 

Confira como realizar o melhor preparo do solo para plantio de milho a seguir!

Preparo do solo para plantio de milho

O preparo do solo abrange um conjunto de operações que visam proporcionar condições favoráveis à semeadura e desenvolvimento adequado da cultura durante seu ciclo.

Alcançar altas produtividades também depende do uso sustentável desse solo, do meio ambiente e dos recursos hídricos.

Para que você decida qual sistema de preparo do solo é mais adequado para sua propriedade, antes precisa conhecer mais a fundo os sistemas de manejo do solo. Vou explicar melhor:

Sistemas de manejo do solo

Sistemas de manejo incluem o preparo do solo (preparo convencional, preparo mínimo/reduzido e preparo conservacionista), culturas de rotação e/ou sucessão e o controle de plantas daninhas.

O preparo convencional é qualquer sistema que deixa menos de 15% da superfície do solo coberta com resíduos após o plantio. 

O preparo reduzido deixa de 15% a 30% de cobertura. Já o preparo conservacionista, como o plantio direto, deve apresentar mais de 30% de cobertura.

esquema de um sistema conservacionista com definições de cultivo: preparo convencional, cultivo mínimo e plantio direto.

Definições de cultivo
(Fonte: adaptado de Corn Agronomy)

O preparo adequado do solo também precisa considerar a época do cultivo – se primeira, segunda ou terceira safras. 

O milho safra é plantado entre outubro e dezembro. Já o milho safrinha pode ser cultivado entre janeiro e abril. Há ainda uma terceira safra incipiente de milho sendo plantada principalmente no nordeste, de abril a junho.

Diferentes épocas refletem condições climáticas diferentes, que interferem no ciclo da cultura e também nas condições de umidade do solo para o preparo.

Para que você faça um bom planejamento do preparo do solo para plantio de milho é preciso entender algumas características e propriedades do solo.

Principais características dos solos do Brasil

O solo é o resultado dos fatores de formação: material de origem, relevo, organismos, clima e tempo. 

Portanto, cada solo possui sua “identidade”, proporcionada pela interação entre estes fatores. No Brasil, ocorre a predominância de solos ácidos e muito intemperizados.

Assim, as práticas de correção do solo são necessárias na maior parte dos casos, pois o milho possui baixa tolerância à acidez. A condição de pH ideal é em torno de 6,0. 

A análise de solo deve ser realizada para que o produtor determine a necessidade de correção e/ou adubação do solo visando a produtividade esperada.  

foto de uma plantação de milho em desenvolvimento com folhas verdes.

(Fonte: Revista Globo Rural)

Saiba quanto você vai colher! Baixe aqui uma planilha gratuita para estimar sua produtividade de milho!

Características e propriedades do solo

A textura e a estrutura do solo são essenciais para o entendimento da resistência do solo aos impactos do sistema de preparo adotado.

  • Textura – uma análise física do solo (granulometria) fornecerá dados sobre as proporções entre os diferentes tamanhos de partículas primárias (areia, silte e argila).

    Os resultados dessa análise de solo podem auxiliar na tomada de decisão sobre o preparo do solo para plantio do milho. Há uma tendência de solos mais arenosos serem mais propensos à erosão em comparação aos solos argilosos
  • Estrutura – é o arranjo das partículas primárias do solo formando agregados. Estes agregados definem o sistema poroso do solo. A estrutura do solo pode ser analisada no campo de forma visual (morfologia) e por análise de solo com amostras indeformadas. 

A agregação em solos tropicais é resultante dos constituintes mineralógicos, como os óxidos de ferro e alumínio e a caulinita, matéria orgânica e organismos.

Devido ao maior efeito cimentante dos óxidos, solos com altas proporções desses minerais geralmente são mais resistentes e possuem elevada resiliência física à compactação do solo.

Solos mais resistentes aos processos erosivos, como alguns solos argilosos com altas proporções de óxidos de ferro e alumínio, podem ser recomendados para cultivo do milho em sistema convencional.

Já para solos menos resistentes, como os arenosos, recomenda-se sistemas mais conservacionistas, como o plantio direto.

Compactação do solo

A compactação é um dos efeitos do manejo que afeta diretamente a estrutura do solo. Como consequência, há aumentos da densidade, redução da porosidade e da capacidade de infiltração da água no solo, levando ao aumento da erosão.  

duas fotos, uma apresenta uma mão segurando uma porção da terra e a outra mostra uma quantidade de solo com matéria orgânica

Importância dos óxidos de Fe e Al e da matéria orgânica na formação da estrutura do solo 
(Fonte: arquivo pessoal da autora)

As condições de umidade do solo para o preparo do milho conforme a época do ano também merece destaque por interferir na consistência do solo.

A consistência é importante para se definir o bom preparo, que deve ser realizado quando o solo apresenta conteúdo de água equivalente à consistência friável

Estudos mostram perdas na produtividade do milho 2ª safra em função do estado de compactação do solo, em conteúdo de água equivalente à capacidade de campo com resistência do solo à penetração – RP, equivalente a 2,6 MPa.

Outro estudo mostrou que, em sistema convencional, valores de RP variando entre 0,9 e 2,0 MPa não restringiram a produtividade de grãos de milho.

Preparo convencional x plantio direto na cultura do milho

Diferentes preparos do solo para plantio de milho têm vantagens e desvantagens.

No preparo convencional, pode ocorrer um maior controle de plantas daninhas. Entretanto, há redução dos níveis de matéria orgânica e maior risco de erosão, principalmente em solos arenosos.

No plantio direto, existe uma alta dependência de herbicidas no controle de plantas daninhas. Não há incorporação de corretivos, sendo um sistema pouco recomendado para solos de baixa drenagem.

Quando bem manejado com práticas de rotação, o sistema de plantio direto pode trazer benefícios principalmente durante o cultivo do milho safrinha. Isso porque este sistema pode auxiliar no aumento do conteúdo de água disponível para a cultura e reduzir as perdas por evaporação.

Conclusão

Nesse texto você conferiu as recomendações sobre o preparo do solo para plantio de milho.

Você viu como as características e propriedades dos solos podem interferir nos sistemas de preparo. 

É importante conhecer a textura e estrutura do solo na tomada de decisão de práticas adequadas de manejo.

Espero que este texto tenha ajudado você a pensar um pouco sobre o como está o manejo do seu solo e acertar no preparo para seu próximo plantio!

>> Leia mais:

“O que esperar do milho safrinha em 2021?”

“Tipos de grãos de milho: tudo o que você precisa saber para fazer a escolha certeira”

Qual é sua maior dificuldade no preparo do solo para plantio de milho? Você está usando as técnicas adequadas? Adoraria ler seu comentário!