Como manter a profundidade uniforme no plantio da soja e do milho e os impactos na produtividade da lavoura

Profundidade uniforme no plantio: entenda sua importância, os fatores que interferem no estabelecimento da lavoura e mais!

Plantio uniforme é quando as sementes são depositadas no solo com a mesma profundidade durante a semeadura.

Isto se reflete em vários aspectos da planta e da lavoura, como no estabelecimento da cultura e, consequentemente, na produtividade.

Essa afirmação parece óbvia para todos, porém, realizar o que é afirmado é bastante complexo.

Você faz o planejamento do seu plantio considerando os fatores que afetam a profundidade de semeadura? Confira o que é importante para tal operação a seguir!

Qual a importância de manter a profundidade uniforme no plantio?

As sementes utilizam inicialmente seu material de reserva para poder germinar e emergir.

Assim, a profundidade de semeadura influencia diretamente na germinação e emergência das plântulas.

A profundidade de semeadura ideal pode variar conforme a espécie, ou seja, soja, milho, feijão, trigo, aveia, entre outras plantas, têm sua regulagem de semeadura adequada.

Além da profundidade ideal, a uniformidade de plantio também é importante, pois está relacionada ao estande da lavoura.

Estandes desuniformes para algumas culturas como o milho apresentam grandes prejuízos, interferindo na produtividade.

Sobre esse assunto, se utiliza muito o termo plantabilidade, que segundo o professor da Unesp e especialista em plantabilidade de grandes culturas Paulo Arbex é: “a capacidade de distribuir sementes no sulco de plantio de modo uniforme, com a máxima equidistância possível e na profundidade adequada, com o objetivo de atingir o estande desejado de plantas”.

Sabendo da importância da profundidade uniforme de plantio, efetuar a semeadura de soja de 3 cm a 5 cm e do milho de 3 cm a 7 cm é o recomendado para uma boa germinação e emergência de plântulas.

foto de emergência de plantas de milho em relação a profundidades diferentes de plantio

Emergência de plantas de milho em relação a profundidades diferentes de plantio 
(Fonte: Cooplantio)

Problemas da desuniformidade de plantio

Com a diferença de profundidade uniforme de plantio, o estabelecimento da cultura é afetado, refletindo na área plantada da lavoura.

Sementes muito profundas não irão germinar e emergir no tempo ideal, assim como sementes sobre a superfície do solo podem não germinar por não conseguirem absorver água suficiente, além de serem atacadas por insetos e pássaros.

Outro fator do plantio em profundidade irregular é a emergência desuniforme de plântulas, gerando competição por espaço, luz, nutriente e água.

Além de ocorrer competição entre as plantas da mesma espécie, sendo mais favorável para a plântula que emergiu primeiro, há competição com as plantas daninhas.

No caso das sementes que ficaram mais profundas, sua emergência é atrasada e haverá competição com as plantas daninhas que irão emergir após a semeadura.

Falhas no estande também podem ocorrer. Se a deposição da semente for muito profunda ou ficar sobre a superfície do solo, ela pode não gerar uma planta.

Esse fator afeta principalmente espécies como milho, que não conseguem compensar essa falha, reduzindo a produtividade da lavoura.

Espécies como a soja conseguem compensar a falta de uma planta aumentando a produção de vagens das plantas ao redor da falha.

Entretanto, mesmo a soja compensando algumas falhas, há redução da produtividade, podendo, com 75% de falha no estande, perder cerca de 400 kg/ha

Já para o milho, uma diferença de 5.000 espigas/ha reduz a produtividade em média de 16 sc/ha.

Compensação das plantas de soja com falhas no estande de 25%, 50% e 75% - profundidade uniforme no plantio

Compensação das plantas de soja com falhas no estande de 25%, 50% e 75%
(Fonte: adaptado de Cunha, 2018)

5 fatores que influenciam na profundidade de semeadura

É necessário considerar alguns pontos no momento da realização da semeadura.

Vários fatores interferem na profundidade uniforme do plantio. Conhecê-los e saber como influenciam no planejamento e execução do plantio é fundamental.

Veja abaixo os principais fatores que determinam a profundidade ideal de plantio.

1. Características da semente

Como vimos acima, a profundidade ideal depende da cultura que se irá semear.

Este fator pode ter relação com o tipo de germinação epígea (soja) e hipógea (milho).

Sementes epígeas podem ser mais prejudicadas pela maior profundidade de semeadura que as hipógeas.

Isso porque as sementes epígeas elevam seus cotilédones acima do solo no momento da emergência. Já na hipógea, o cotilédone fica dentro do solo e a parte aérea sai para a superfície.

Devido a esta diferença, as sementes de germinação hipógea (milho) suportariam maiores profundidades de semeadura.  

ilustração com exemplo de germinação epígea – soja (A) e hipógea - milho (B)

Exemplo de germinação epígea – soja (A) e hipógea – milho (B) 
(Fonte: UFVJM)

Vale lembrar que a qualidade da semente também tem grande fator, se utilizado a profundidade ideal, e a semente for de alto vigor, a germinação e emergência serão uniformes.

2. Tipo de solo

Se o solo for mais pesado, argiloso ou com drenagem deficiente, a profundidade recomendada é de 3 cm a 5 cm, soja e milho.

Em solos mais leves ou arenosos, a semeadura pode ser mais profunda, como 5 cm a 7 cm, devido à perda de umidade desses solos, no caso do milho.

Cada solo tem um tipo de característica. Você precisa conhecer seu solo para planejar corretamente a semeadura.

3. Umidade do solo

Como dito no tópico anterior, o tipo de solo tem relação direta com a perda de umidade do solo.

A profundidade de plantio ideal visa colocar a semente a uma distância da superfície do solo onde ela não fique exposta aos estresses climáticos e onde o solo apresenta um armazenamento de água adequado para que ela germine e emerja rapidamente, caso não ocorra veranico.

4. Tipo de sistema de plantio utilizado

A adoção do tipo de sistema tem que ser observado, se é convencional ou sistema de plantio direto (SPD).

No sistema convencional, como não há presença de palhada, a temperatura do solo é mais elevada e a umidade é menor em relação ao SPD.

Já no SPD, devido à presença de palhada, a emergência pode ser dificultada, pois se os discos de corte não fizerem corretamente sua função, as sementes serão depositadas sobre a palhada.

5. Regulagem da semeadora

Para realizar um bom plantio, a semeadora tem que ser bem regulada e, com isso, não pode deixar para trás as peças responsáveis pela profundidade. 

Nas semeadoras, os discos de corte de palhada no SPD devem ser regulados e, principalmente, fazer a função de cortar a palhada, para evitar perdas de sementes.

Os controladores de profundidade precisam ser ideais para seu solo, assim como as rodas compactadoras, que devem estar bem reguladas para fazer um bom fechamento de linha, entre outros componentes da máquina.

>> Leia mais: “Semeadora mecânica ou pneumática: qual é a melhor opção para a sua lavoura?”

O que fazer para obter uma profundidade uniforme no plantio?

Planejamento é fundamental em todos os processos de uma lavoura e, para a semeadura, que é o início de seus trabalhos em campo, todo cuidado é favorável.

É nesse momento que você colocará no campo sua semente e, mesmo que ela tenha alta qualidade, se a deposição no solo for mal regulada, você poderá ter perdas de estande, maior presença de plantas daninhas e perda de produtividade.

O ideal é que a distribuição das sementes no sulco de plantio tenha profundidade adequada, seja homogênea e com a mesma distância de deposição de uma semente para outra.

Por isso, faça sempre uma lista de coisas que é necessário observar antes do plantio. Alguns pontos devem ser considerados, como:

  • tipo e qualidade da semente;
  • tipo e condição do solo;
  • sistema de cultivo – convencional ou plantio direto;
  • distribuição e estado da palhada (verde ou seco);
  • clima – antes e após o plantio;
  • regulagem da semeadora;
  • velocidade de plantio.

Então, faça um bom planejamento! Cada área de sua fazenda pode necessitar de uma regulagem diferenciada devido à diferença de tipo de solo ou de pedregosidade.

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Conclusão

Profundidade uniforme no plantio é algo importante a ser considerado no momento de semear.

Faça uma boa regulagem de sua semeadora, pois ela irá definir a uniformidade da profundidade escolhida.

Tenha sempre em mente os fatores listados acima, especialmente o tipo e as condições do solo, pois, se muito úmidos ou muito secos, podem ocorrer diferenças na deposição das sementes.

Lembre-se que um bom estande começa por uma boa qualidade de semente e também de uma profundidade uniforme de plantio!

Você já teve problemas de estande por não ter uma profundidade uniforme no plantio? Restou alguma dúvida? Deixe seu comentário abaixo!

Entenda o Diagnóstico Rápido da Estrutura do Solo (DRES) e como ele pode ser útil para sua lavoura

Diagnóstico rápido da estrutura do solo pode ser mais objetivo e econômico. Saiba como fazer a coleta e análise adequadas!

O perfil do solo impacta diretamente a produtividade de uma lavoura. Por isso, fazer a análise adequada é essencial para garantir uma boa produção agrícola!

Até agora, no Brasil, a estrutura das camadas superficiais do solo era avaliada por métodos quantitativos, com difícil aplicação e interpretação de campo.

Para tornar esse diagnóstico mais objetivo e econômico, a Embrapa, em parceria com outras instituições, criou um método inovador chamado DRES (Diagnóstico Rápido da Estrutura do Solo). 

Quer entender melhor como funciona esse método e como utilizá-lo em sua propriedade? Confira a seguir!

Importância da análise da estrutura do solo

A estrutura do solo influencia seu comportamento físico, químico e biológico, dando sustentação à produtividade agrícola.

Assim, o monitoramento de sua qualidade estrutural é extremamente importante por influenciar a aeração, infiltração e disponibilidade de água e nutrientes, além da atividade biológica do solo. Isso tudo interfere, portanto, na produtividade das culturas.

Até agora, no Brasil, a estrutura das camadas superficiais do solo era avaliada por meio de métodos quantitativos, que não a caracterizavam precisamente. Além disso, eram de difícil aplicação e interpretação em condições de campo. 

Pensando nisso, a Embrapa, em parceria com diversas instituições, desenvolveu o DRES (Diagnóstico Rápido da Estrutura do Solo). 

Trata-se de um método inovador e de fácil aplicabilidade no diagnóstico de sinais de construção ou degradação do solo em determinadas situações de manejo. Assim sendo, o DRES permite analisar a qualidade estrutural do solo de forma rápida e econômica.

Esse diagnóstico rápido também pode ser utilizado como indicador de qualidade do solo, pois não demanda alto custo e identifica alterações provocadas pelo manejo do solo. 

No entanto, é importante que seja avaliado em conjunto com os demais atributos (e não individualmente), por potencializar a detecção precoce de alterações na qualidade do solo.

Vou explicar melhor como o DRES funciona!

Como funciona e quando realizar o DRES?

O Diagnóstico Rápido da Estrutura do Solo caracteriza as camadas superficiais do solo a partir da avaliação visual de características que determinam a qualidade estrutural do solo como:

  • tamanho e forma dos agregados do solo;
  • presença ou não de compactação;
  • evidências de atividade biológica;
  • distribuição do sistema radicular, entre outras. 

Essa avaliação deve ser realizada em uma época do ano preestabelecida, podendo ser antes da semeadura ou após a colheita das culturas.

Para o diagnóstico, é preciso realizar a abertura de uma minitrincheira com auxílio de uma pá reta e coletar um bloco de solo nos primeiros 25 cm. 

Essas amostragens devem ser feitas em áreas homogêneas da propriedade, com o solo próximo à consistência friável. É preciso evitar períodos muito úmidos ou de estiagem para não influenciar nos resultados.

Além disso, deve ser retirada a cobertura vegetal da superfície do solo, sempre evitando linhas de tráfego, sulcos de erosões, pontos de acúmulo de matéria orgânica, entre outros. 

A quantidade de blocos dependerá do tamanho da área que se deseja avaliar. No entanto, a recomendação é de que cada área homogênea não ultrapasse 100 hectares.

Etapas do Diagnóstico Rápido da Estrutura do Solo

Após a remoção, o bloco de solo deve ser colocado cuidadosamente em uma bandeja plástica. 

Em seguida, é preciso fragmentar esse bloco do centro para as laterais da bandeja, aplicando força com as mãos para rompimento dos agregados.

Obtidos os agregados, é necessário analisar algumas características como: 

  • tamanho;
  • forma;
  • resistência à ruptura;
  • orientação e rugosidade; 
  • distribuição de raízes; e
  • evidências de atividade biológica.

Isso é importante para definir quantas camadas existem na amostra de solo para analisá-las separadamente. Uma amostra de solo pode ter de 1 a 3 camadas.

Na figura abaixo, você pode observar a presença de raízes tortas e achatadas. Há predomínio de agregados maiores que 7 cm, com pouca porosidade. Também existe presença de solo pulverizado e poucos indícios de atividade biológica, o que são indicativos de degradação do solo.

seis fotos, uma ao lado da outra, de feições de degradação

Feições de degradação
(Fonte: Embrapa)

Já na próxima figura que separei, você pode notar que as raízes cresceram sem restrição, explorando o interior dos agregados. 

Há predomínio de agregados com tamanho entre 1 cm e 4 cm, com baixa coesão, arredondados, faces de ruptura rugosas, presença de agregados grumosos e indícios de alta atividade biológica. Tais características são indicativas de boa qualidade estrutural do solo.

fotos de feições de conservação/recuperação - diagnóstico rápido da estrutura do solo

Feições de conservação/recuperação 
(Fonte: Embrapa)

Como atribuir as notas

Após a divisão e análise das camadas presentes na amostra de solo, é preciso atribuir notas de qualidade estrutural a cada camada.

Essas notas podem variar de 1 a 6, sendo 1 a pior e 6 a melhor condição de estrutura do solo.

Elas são utilizadas como base para calcular o IQES (Índice de Qualidade Estrutural do Solo). Veja na imagem abaixo:

infográfico para atribuir as notas de qualidade estrutural a cada camada de solo

(Fonte: Embrapa)

Com base nesse índice, você ou a equipe técnica da fazenda poderá saber exatamente qual a condição real da estrutura do solo e tomar as medidas necessárias para manejá-lo.

O material com os procedimentos completos para esta avaliação pode ser encontrado gratuitamente no site da Embrapa.

Como melhorar a estrutura do solo?

O modelo atual de produção na região Centro-Oeste do Brasil baseia-se na sucessão soja-milho safrinha.

Esta sucessão pode promover baixa cobertura do solo devido à pequena quantidade de restos culturais e adição insuficiente de matéria orgânica ao solo, favorecendo a degradação.

A qualidade do solo é determinada pela interação entre os atributos químicos, físicos e biológicos. Esses atributos são ferramentas importantes para demonstrar a influência de determinado manejo sobre o solo.

O equilíbrio entre os indicadores de qualidade influencia no potencial de uso do solo, na produtividade e na sustentabilidade da agricultura. 

A avaliação desses parâmetros é fundamental para o emprego do manejo adequado do solo.

A adoção de práticas conservacionistas do solo permitem a manutenção/melhoria da estrutura do solo, determinantes para obtenção de altas produtividades. Algumas delas são:

A avaliação da estrutura do solo pode ser simples, rápida e econômica, por meio da utilização do DRES. 

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Conclusão

O DRES é um método de campo que avalia visualmente a qualidade estrutural do solo nas camadas superficiais.

Essa avaliação permite que técnicos e produtores monitorem a estrutura do solo, detectando de forma rápida e econômica qualquer alteração estrutural, em função do sistema de manejo adotado.

Atente-se à qualidade estrutural do solo para garantir o máximo potencial produtivo da sua lavoura.

Agora que você tem essas informações, não deixe de avaliar a qualidade estrutural do solo da sua propriedade!

>> Leia mais:

“Saiba como a drenagem do solo na agricultura melhora as condições da sua lavoura”

Restou alguma dúvida sobre o DRES? Qual a maior dificuldade em analisar o solo da sua propriedade hoje? Adoraria ler seu comentário abaixo!

Bioestimulante em soja: por que você deve considerar usá-lo na lavoura

Bioestimulante em soja: o que é, como funciona, quando utilizar, qual a influência na produtividade e o custo benefício da sua utilização

O uso de fertilizante, seja de fonte mineral ou orgânico, é fundamental na produção agrícola.

Com isso, os bioestimulantes em soja têm se tornado uma alternativa para melhorar as propriedades fisiológicas, nutricionais e produtivas das lavouras.

Saber como esses produtos funcionam e os benefícios que trazem para as plantas podem influenciar na produtividade de sua área.

Pensando nisso, separei algumas informações para você conhecer mais sobre os bioestimulantes em soja e se vale a pena investir nesses produtos. Confira!

Bioestimulante em soja: o que é e como funciona? 

O uso de bioestimulante é bastante empregado no Brasil em hortaliças e frutíferas. Em grandes culturas, sua utilização é mais recente.

Um bioestimulante tem a função de auxiliar diretamente na fisiologia do vegetal, estimulando seus processos, como absorção de nutrientes.

Sua utilização confere à planta maior aproveitamento de água e nutrientes pela fotossíntese, fortalecendo o mecanismo natural de autodefesa da planta e maior tolerância a estresses abióticos, como falta de chuva e altas temperaturas.

São produtos constituídos por hormônios vegetais ou sintéticos, além de aminoácidos, vitaminas, ácido ascórbico, nutrientes e concentrado de algas marinhas.

Há diversos tipos de bioestimulantes, com formulações e concentrações diferentes. Veja na tabela abaixo alguns bioestimulantes e suas composições:

Esses produtos podem conter auxinas, citocininas, giberelinas, etileno, entre outros hormônios, por isso são classificados no grupo de hormônios vegetais. 

Por terem em sua composição um ou mais hormônios e outras substâncias que conferem à planta maior divisão, elongação e diferenciação celular, estes produtos influenciam diretamente no crescimento vegetal.

Além disso, tem sido comprovado que os bioestimulantes auxiliam na capacidade antioxidante da planta, por manter o equilíbrio hormonal. Eles reduzem a interferência dos radicais livres formados por condições abióticas (déficit hídrico e calor), proporcionando mais energia no crescimento radicular e foliar.

Desse modo, o uso de bioestimulantes durante o desenvolvimento vegetal, permite a recuperação mais acelerada das plântulas em condições desfavoráveis.

Fatores que interferem na produtividade e ação dos bioestimulantes na recuperação da planta

(Fonte: Adaptado de Van Oosten et al., 2017)

Como utilizar bioestimulantes em soja?

O uso de bioestimulantes na cultura da soja tem sido amplamente estudado em diferentes estádios fenológicos, buscando melhorar a fisiologia da planta, refletindo em aumento de produtividade.

O bioestimulante pode ser utilizado via semente de soja, com o tratamento de sementes, pouco antes da semeadura.

Também pode ser aplicado via foliar, em diferentes estádios, tanto no vegetativo quanto no reprodutivo.

A quantidade de produto a ser utilizada depende de qual bioestimulante você adquirir. Na bula há indicação da dosagem ideal.

Via semente

A aplicação de bioestimulante via semente busca estimular a germinação e emergência de maneira uniforme, favorecendo principalmente o crescimento do sistema radicular.

Com maior desenvolvimento do sistema radicular, as plantas conseguem melhorar o aproveitamento de água e nutrientes no perfil do solo. Isso impulsiona o crescimento da parte aérea, podendo refletir na produção.

Além disso, plantas com sistema radicular mais profundo suportam por mais tempo condições de déficit hídrico.

Via foliar

O uso de bioestimulante em soja via foliar tem a função de continuar o desenvolvimento radicular, além de incrementar o número de vagens, número de grãos e produção por planta.

Plântulas de soja com e sem aplicação de biorregulador via semente

(Fonte: A Granja)

Influência do bioestimulante na produtividade de soja 

Pela manutenção do equilíbrio hormonal, que reflete em uma planta com balanço nutricional adequado, os bioestimulantes têm-se demonstrado favoráveis para aumento da produtividade.

Por contribuir na maior tolerância a estresses abióticos e no sistema de autodefesa, as plantas conseguem fornecer mais energia, derivada da fotossíntese para a produção de grãos.

Com isso, aumentando o número de vagens por planta, consequentemente elevando a produtividade de grãos, tanto em aplicação via sementes quanto via foliar.

Os resultados da influência dos bioestimulantes em soja, especialmente em relação a produtividade, tem sido mais expressivos em situações de estresse.

Quando há falta de chuva, temperaturas muito elevadas, alta incidência de pragas e doenças, o uso de bioestimulante tem levado benefícios à lavoura.

Já foi relatado incremento de 37% de produtividade em uma lavoura de soja com uso de bioestimulante em relação a uma em que não foi utilizado.

Mas em lavouras onde não há situações de estresse, os reflexos do uso de bioestimulante na produtividade não são consistentes.

Apesar de não levar prejuízos, em áreas onde as condições climáticas foram favoráveis, a produtividade com o uso de bioestimulante foi semelhante em comparação com áreas sem sua utilização.

planilha de produtividade da soja

Custo-benefício do uso de bioestimulante na soja

O uso de bioestimulante em algum momento durante o desenvolvimento vegetal da soja tem se tornado uma prática cada vez mais frequente.

Mesmo que sua utilização não reflita sempre no aumento de produtividade, é favorável o uso de um produto que contém elementos que equilibram o balanço hormonal da planta. Principalmente em momentos de estresse, que é uma condição ambiental que você não consegue prever com muita antecedência.

Além disso, na prática de aplicação do bioestimulante, seja via semente ou via foliar, o custo de produção não seria tão impactado, pois utilizaria o produto em operações que você já realiza.

Se você fornecer o bioestimulante nas sementes de soja, você pode realizar a aplicação no mesmo momento da inoculação.

Caso faça via foliar, você pode utilizar o bioestimulante com as pulverizações de agroquímicos para controle de pragas e doenças.

Desse modo, no custo de produção o aumento seria apenas do valor do bioestimulante.

Veja na tabela abaixo um custo de produção estimado, em uma lavoura experimental, com uso de dois bioestimulantes, comparado com a testemunha, sem uso do produto.

Estudo do aumento da produtividade de grãos de soja e viabilidade econômica com uso de dois bioestimulantes

(Fonte: Morais, 2017)

É importante considerar os benefícios para a planta que o uso desses produtos podem levar.

Mesmo, às vezes, não existindo grandes ganhos financeiros, manter uma lavoura saudável é fundamental para uma boa produção.

Conclusão

Neste artigo você viu que os bioestimulantes em soja tem ganhado espaço nas lavouras pelos benefícios que esses produtos podem levar para as plantas.

Viu que a aplicação pode ser realizada em diferentes estádios fenológicos da cultura da soja, via semente ou via foliar.

Que as respostas em relação à produtividade ainda não são constantes, mas que há benefícios para a planta durante seu desenvolvimento.

Você também verificou que o uso de bioestimulantes na soja pode ser realizado com operações que já são realizadas.

Com essas informações, espero que você faça a melhor escolha para sua lavoura!

>>Leia mais:

“Por que o uso da glicina betaína na agricultura é uma aliada da produtividade”

“Saiba como funcionam os bioativadores e quais são os tipos disponíveis no mercado”

Você já utilizou bioestimulante em soja? Ficou alguma dúvida? Deixe seu comentário abaixo!

Entenda como a fertirrigação pode aprimorar sua produção

Fertirrigação: tire suas dúvidas sobre as vantagens e desvantagens desse processo que permite dispensar maquinários para adubação da lavoura

O processo de adubação é fundamental para a lavoura. Afinal de contas, é assim que as plantas recebem mais nutrientes que vão permitir a elas expressar melhor todo potencial produtivo.

Ter uma adubação mais eficiente e que te permita dispensar maquinário – e até horas de mão de obra – parece interessante, não é verdade?

Neste artigo, vamos apresentar a fertirrigação, método prático que une adubação à irrigação da lavoura. Entenda quais as vantagens e as desvantagens desse processo para que você tome a melhor decisão em sua propriedade. Confira!

O que é fertirrigação?

Fertirrigação é uma técnica de adubação que consiste na aplicação conjunta do fertilizante com a água da irrigação, levando nutrientes ao solo. Essa prática permite maximizar e até mesmo economizar na utilização dos fertilizantes dentro do sistema produtivo. 

A melhor eficiência quanto à utilização dos fertilizantes se deve ao fato de ocorrer o fornecimento de nutrientes de forma gradual e na presença de água. Isso melhora a absorção pelas plantas e reduz as perdas (lixiviação/volatilização) que existem pelo método convencional.

Normalmente, essa prática é utilizada em sistemas de irrigação localizada e de alta frequência, como no gotejamento e no sistema de microaspersão

Existem relatos de utilização em sistema de irrigação convencional, mas a limitação é a não homogeneidade de aplicação dos fertilizantes. 

Vantagens da fertirrigação

A fertirrigação propicia uma melhora da eficiência na utilização de fertilizantes, mas também apresenta outra inúmeras vantagens como:

  1. maximização na utilização do sistema de irrigação;
  2. fertilizante aplicado na quantidade e momento exatos;
  3. redução da mão de obra para a aplicação da adubação;
  4. redução da compactação do solo (devido ao menor trânsito de veículos);
  5. uniformidade de distribuição de micronutrientes, o que é difícil no sistema convencional;
  6. tendência à produção de itens de melhor qualidade e com maior produtividade;
  7. redução de oscilações na concentração de nutriente (devido à sua distribuição gradual);
  8. possibilidade de aplicação de outros produtos como fungicidas e nematicidas;
  9. aplicação de fertilizantes e água em uma região onde está contida a maior quantidade de raízes, o que aumenta a eficiência do fertilizante e reduz os impactos ambientais.

Agora que você já conferiu as vantagens desse método, precisamos analisar os pontos negativos que ele pode trazer. Vamos falar melhor sobre isso a seguir.

Desvantagens de aplicar fertilizantes por irrigação

Uma característica importante – e que pesa muito no momento de decidir sobre a adoção ou não desse sistema, é o preço. É relativamente alto montar a infraestrutura inicial para a fertirrigação.

Além disso, destaco mais algumas “desvantagens” desse sistema e que requerem atenção, tais como:  

  • conhecimento técnico (pessoal treinado) para manejo, escolha dos adubos e dosagens; 
  • entupimento de gotejadores e/ou microaspersores;
  • pode provocar acidificação, lavagem de nutrientes e/ou salinização do solo, se mal planejado;
  • pode causar corrosão do sistema de irrigação.

Como você viu, existem algumas desvantagens dentro dessa prática, mas as vantagens são bastante expressivas.

Como implantar a fertirrigação na lavoura

Fertilizantes 

Os fertilizantes utilizados na técnica da fertirrigação devem ser bem estudados quanto à:

  • solubilidade
  • pureza
  • índice de salinidade
  • acidez
  • condutividade elétrica (CE)
  • concentração dos nutrientes
  • densidade
  • grau de compatibilidade entre fertilizantes

Na fertirrigação, é recomendada a utilização de fontes solúveis em água e que tenham resíduos insolúveis inferiores a 0,5%. 

Quanto à pureza, sempre é melhor optar por fontes puras, com a finalidade de redução das impurezas. 

A acidez da solução, assim como o do solo para a maioria das culturas, deve se situar entre 5,5 e 6. Acima disso, pode comprometer algumas misturas, como é o caso do cálcio e do fósforo em soluções com pH acima de 6,3. 

Assim, quando o pH da água for maior que 7,5, o cálcio e o magnésio podem-se acumular nos filtros, nas linhas laterais e nos emissores do sistema de irrigação

Quando estamos falando de CE da água de irrigação, após a adição da solução de fertilizantes, ela não deve apresentar valores superiores a 2,0 dS m-1. Sua pressão osmótica deve ficar entre 70 kPa e 100 kPa. 

Outro aspecto que requer importância é a compatibilidade das fontes entre si e entre os íons presentes na água. Algumas misturas podem resultar em precipitados que causam entupimento e diminuição das eficiência do sistema. 

Orientação para mistura de alguns fertilizantes com base na compatibilidade - fertirrigação

Orientação para mistura de alguns fertilizantes com base na compatibilidade
(Fonte: Embrapa)

Tipo de solo

Em geral, solo com a textura arenosa requer maior suplementação de nutrientes para o pleno desenvolvimento vegetal. 

Porém, ao adubar de forma convencional, há riscos de muitas perdas, principalmente, por lixiviação. 

Portanto, com a fertirrigação, esse cenário pode ser revertido, pois é uma técnica que visa suprir a planta de forma gradual e que ainda está associada à irrigação, duas estratégias que solucionam a problemática desse tipo de solo.

Qualidade da água 

Como dito anteriormente, a fertirrigação utiliza o sistema de irrigação, mais precisamente da água, para direcionar os nutrientes às plantas. 

E, dentro desse contexto, é preciso estar atento à qualidade da água, solvente carregador dos fertilizantes. 

A primeira atenção que se deve ter é quanto à presença de resíduos sólidos, pois eles podem causar entupimento de emissores. 

Em sistemas de irrigação tratados como localizados, outro grande problema é a presença de íons de ferro e manganês, além dos sólidos solúveis presentes na água

Além do entupimento dos emissores, pode haver também a obstrução da tubulação, causando perda de carga e de pressão. Essas condições reduzem a vazão das emissões, não disponibilizando a quantidade exata de água e nutriente que havia sido calculada. 

E como avaliar essa água

Bem, deve-se medir a condutividade elétrica (CE) da água com o intuito de saber a quantidade de sais totais presente no líquido. 

Além disso, é recomendada a realização da análise química e física da água, propiciando o conhecimento de quais são os sais presentes ali e de como está a sua água.

Características químicas e físicas que devem ser consideradas na água utilizada via fertirrização

Características químicas e físicas que devem ser consideradas na água utilizada via fertirrização
(Fonte: Embrapa)

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Conclusão 

A fertirrigação é uma técnica que permite a otimização do recurso por meio do sistema de irrigação. 

Notamos que ela apresenta inúmeras vantagens quando adotada, mas que também apresenta pontos que devem ser bem refletidos para sua adoção, como é o caso do seu relativo investimento. 

Vimos que, para utilizar a fertirrigação, é preciso estar atento ao tipo de solo, condições da água e fertilizantes, tudo para propiciar o pleno desenvolvimento vegetal. 

>> Leia mais:

“Fertilização em excesso? Entenda os riscos da overfert e saiba como evitar que ela ocorra”

“Quando vale a pena investir em pivô central e quais os custos para sua fazenda? (+ planilha grátis)

Você utiliza a fertirrigação em sua propriedade? Consegue perceber diferença em sua lavoura? Divida sua experiência nos comentários!

Como é feita a fertirrigação?

A fertirrigação é uma técnica de adubação que consiste na aplicação conjunta do fertilizante com a água da irrigação, levando nutrientes ao solo. Essa prática permite maximizar e até mesmo economizar na utilização dos fertilizantes dentro do sistema produtivo.

Quais são os tipos de fertirrigação?

A prática da fertirrigação é utilizada em sistemas de irrigação localizada e de alta frequência, como gotejamento e no sistema de microaspersão. Existem relatos de utilização em sistema de irrigação convencional, mas a limitação é a não homogeneidade de aplicação dos fertilizantes. 

Quais as vantagens da fertirrigação?

A fertirrigação propicia uma melhora da eficiência na utilização de fertilizantes e também apresenta outra inúmeras vantagens como redução da compactação do solo, devido ao menor trânsito de máquinas na lavoura, e uniformidade na distribuição de micronutrientes.

Por que fertilizantes organominerais são uma alternativa interessante para sua lavoura

Fertilizante organomineral: entenda os benefícios e como eles podem aumentar a produtividade 

A produção agrícola brasileira é dependente da importação de corretivos e fertilizantes. E, quando as cotações mudam, você sabe que o impacto pode ser enorme nos custos de produção da sua lavoura.

Os fertilizantes organominerais são uma fonte alternativa interessante em relação aos convencionais, além de serem mais sustentáveis.

Mas, você sabe quais são as diferenças entre eles e quando pode ser realmente vantajosa sua utilização? 

Confira um pouco mais sobre a importância dos fertilizantes organominerais e as perspectivas para uso em sua lavoura! 

Uso sustentável de fertilizantes 

Dados da Anda (Agência Nacional para Difusão de Adubos) mostram que as importações de fertilizantes intermediários cresceram 15,1% entre os meses de janeiro a maio de 2020 em relação ao mesmo período de 2019, chegando a 10.656.063 milhões de toneladas.

O Brasil é um país altamente dependente da importação de fertilizantes para uso agrícola. Fontes alternativas como os fertilizantes organominerais podem trazer benefícios, principalmente por atuarem além da fertilidade do solo

Os organominerais podem contribuir com o aproveitamento de resíduos orgânicos de origem animal e vegetal, aumentar os teores de matéria orgânica do solo e como consequência a atividade da microbiota do solo

Aqui no Blog do Aegro nós já falamos sobre os fertilizantes orgânicos e seu uso na agricultura em larga escala. Confira!

Agora, vamos explicar as características dos fertilizantes organominerais e sua diferença com relação aos convencionais.

Quais as diferenças entre os fertilizantes organominerais e os convencionais? 

Os fertilizantes organominerais são combinações de fontes orgânicas, como por exemplo, o esterco animal de aves e suínos com outro fertilizante mineral. 

Em relação ao esterco animal, o fertilizante organomineral apresenta maior concentração de nutrientes por se tratar de um produto mais estável e uniforme. 

Esses fertilizantes geralmente possuem solubilização gradativa e podem ser disponibilizados ao longo do ciclo de uma cultura. 

A vantagem dos fertilizantes organominerais sobre os minerais é o fornecimento da matéria orgânica, além dos macro e micronutrientes

Exemplos de dois tipos de fertilizantes organominerais: 

  • “Esterco granulado misturado com fertilizante”, em que dois produtos distintos são visíveis – esterco peletizado e os grânulos de fertilizante;
  • “Fertilizante organomineral fundido”, em que  apenas um grânulo distinto é visível. 

Lembrando que diferentes fontes e concentrações de nutrientes podem ser adicionadas aos diferentes tipos de fertilizante organomineral, o que interfere na composição final do produto. 

foto de esterco granulado misturado com fertilizante e de fertilizante organomineral fundido

Esterco granulado misturado com fertilizante (à esquerda) e fertilizante organomineral fundido (à direita)
(Fonte: Organomineral Fertilizers and Their Application to Field Crops)

Composição dos fertilizantes organominerais

A Instrução Normativa  n.º 61, de 8 de julho de 2020, do Mapa (Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento) estabelece as regras e outras especificações sobre fertilizantes orgânicos e dos biofertilizantes destinados à agricultura.

Os fertilizantes organominerais sólidos ou fluidos para aplicação via solo ou fertirrigação devem conter: 

  • carbono orgânico: mínimo de 8% (oito por cento) para produto sólido e 3% (três por cento) para o produto fluido;
  • umidade: máximo de 20% (vinte por cento) para produto sólido;
  • CTC: mínimo de 80 (oitenta) mmolc/kg para o produto sólido;
  • nitrogênio (N), fósforo (P2O5), potássio (K2O), cálcio (Ca), magnésio (Mg) e enxofre (S) de no mínimo 1%, além de micronutrientes

Existe também uma classificação para estes fertilizantes, conforme a instrução normativa. Os fertilizantes organominerais devem ser classificados a partir das matérias-primas utilizadas na sua produção em:

  • Classe A: produto que utiliza matéria-prima gerada nas atividades extrativas, agropecuárias, industriais, agroindustriais e comerciais, isentas de despejos ou contaminantes sanitários; 
  • Classe B: produto que utiliza quaisquer quantidades de matérias-primas orgânicas geradas nas atividades urbanas, industriais e agroindustriais e apresenta o uso autorizado pelo Órgão Ambiental. 

A instrução normativa também indica algumas restrições quanto ao uso de fertilizante organomineral do tipo Classe A ou outros que possuam quantidade de resíduos de origem animal em áreas de pastagem.

Seu uso é permitido em pastagens e capineiras apenas quando incorporado ao solo. Em pastagens, o pastoreio só deverá ser permitido após 40 dias de incorporação do fertilizante no solo.

Vantagens do uso dos organominerais

  • incremento da matéria orgânica do solo
  • melhoria da agregação e estrutura do solo
  • aumento da atividade microbiana
  • elevação da CTC do solo
  • aumento da capacidade de retenção da água no solo
  • aumento da porosidade do solo 
  • redução da densidade do solo

Vale ressaltar que, por ser um produto rico em matéria orgânica, seu uso pode ser importante em solos arenosos. Isso porque a baixa capacidade de troca de cátions, característica desses solos, pode promover a lixiviação dos adubos convencionais utilizados. 

Desvantagens dos organominerais 

  • a disponibilidade de nutrientes é lenta 
  • podem ser necessárias altas doses de fertilizante aplicadas ao solo para suprir a demanda nutricional das recomendações
  • ciclagem de elementos como o fósforo ligado a fonte orgânica é lenta 
  • dependendo da fonte orgânica utilizada na produção, pode conter agentes contaminantes como metais pesados
bot diagnóstico de gestão agrícola Aegro

Perspectivas do uso de fertilizantes organominerais 

Algumas pesquisas realizadas mostram resultados positivos do uso desses fertilizantes. 

Na cana-de-açúcar foi comprovada a eficiência agronômica dessas fontes de forma mais pronunciada na cana planta. Após duas safras, o organomineral foi 7% mais lucrativo em relação ao fertilizante mineral. 

Além disso, observou-se uma maior disponibilidade de P residual usando fertilizante organomineral.

O uso de fertilizantes organominerais + inibidores da urease e nitrificação (OM+I)  aumentou o teor de Nitrogênio na camada de 0,05-0,10 m na sucessão trigo/milho e a produtividade total de grãos das duas culturas estudadas.

tabela da Embrapa - fertilizantes organominerais

(Fonte: Embrapa)

Mais pesquisas devem ser realizadas para um maior entendimento da dinâmica destes fertilizantes no solo e sua utilização em comparação aos fertilizantes convencionais.

Conclusão

Neste texto abordamos sobre os fertilizantes organominerais e como eles podem auxiliar no manejo mais sustentável da sua lavoura.

Você conheceu a regulamentação da composição dos organominerais e as perspectivas do seu uso.

É importante considerar o conhecimento sobre fertilidade do solo na tomada de decisão do manejo da adubação.

Espero que este texto tenha ajudado você a pensar um pouco sobre o uso de fontes de fertilizantes organominerais.

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Descubra qual o melhor adubo para sua lavoura

“Fertilização em excesso? Entenda os riscos da overfert e saiba como evitar que ela ocorra”

Você já utilizou fertilizantes organominerais em sua lavoura? Quais foram os resultados? Ajude outros produtores deixando sua experiência nos comentários!

Como cobalto e molibdênio na soja podem elevar sua produtividade

Cobalto e molibdênio na soja: entenda as suas funções e como eles podem aumentar a produtividade da lavoura.

A soja é uma cultura de grande importância para o agronegócio brasileiro. A estimativa da  Conab para produção do grão na safra 2020/21 é de 133,7 milhões de toneladas, confirmando o país como terceiro maior produtor mundial da oleaginosa.

Para se alcançar elevadas produtividades, é necessário um manejo nutricional adequado. Nutrientes como o molibdênio e o elemento benéfico cobalto e participam de diversas reações importantes na cultura da soja

Entenda como o cobalto e molibdênio podem elevar a produtividade da sua lavoura!

Funções do cobalto e molibdênio na soja

Os micronutrientes são considerados essenciais para o crescimento das plantas e são requeridos em menores quantidades em comparação com os macronutrientes. 

O molibdênio (Mo) é considerado micronutriente e o cobalto (Co), um elemento benéfico. 

O Mo participa da fixação biológica do nitrogênio (FBN), pois está presente na enzima nitrogenase. 

Já o Co é um elemento benéfico para o crescimento de microrganismos, como as bactérias simbióticas do gênero Rhizobium. Também é componente da cobalamina (vitamina B12), precursora da leghemoglobina, que está relacionada à atividade dos nódulos na cultura da soja

A deficiência do Co pode interferir no atraso ou redução do processo de nodulação da soja. 

A deficiência do Mo pode interferir no metabolismo do Nitrogênio (N) e na FBN. Os sintomas de deficiência na soja geralmente são similares aos do N, como é o caso da clorose. 

Disponibilidade dos micronutrientes no solo 

A prática da calagem de forma adequada pode auxiliar na correção da deficiência e disponibilidade dos micronutrientes no solo.

A calagem é o primeiro passo para a construção da fertilidade do solo e para o aumento da eficiência no uso dos fertilizantes

Para a manutenção e o aumento da produtividade da soja é necessário o uso de fertilizantes. Estima-se que estes representem cerca de 25% dos custos totais da lavoura de soja. 

gráfico de representatividade nos custos da lavoura em porcentagem: fertilizantes representam cerca de 75%

(Fonte: Aprosoja)

Dessa forma, a busca por eficiência no uso de recursos é cada vez mais importante para aumento da produtividade e redução dos custos. 

A disponibilidade dos micronutrientes é reduzida com o aumento do pH do solo. Com o molibdênio ocorre uma exceção, pois a biodisponibilidade do Mo aumenta com o aumento do pH do solo, além deste nutriente ser absorvido pelas plantas na forma de molibdato (MoO42-).

A acidez do solo, comum em solos tropicais altamente intemperizados, promove a deficiência do Mo

O cobalto é absorvido pelas plantas na forma de Co2+ e o aumento excessivo do pH do solo pode ocasionar deficiência, já que para este elemento benéfico ocorre um comportamento inverso na sua disponibilidade em comparação ao Mo

gráfico sobre disponibilidade dos nutrientes de acordo com o pH do solo

Disponibilidade dos nutrientes de acordo com o pH do solo
(Fonte: Ipni)

A calagem pode corrigir a deficiência do Mo se os teores deste nutriente no solo forem adequados. 

A deficiência do Mo ocorre com mais frequência em solos arenosos, pois o molibdato é um ânion que apresenta alta mobilidade no solo, sendo facilmente lixiviado. 

Fases de desenvolvimento da soja

A cultura da soja apresenta diferentes estádios fenológicos (vegetativos e reprodutivos). 

O processo de nodulação da soja varia conforme o crescimento e desenvolvimento em função das fases fenológicas

estádios fenológicos da soja - Cobalto e molibdênio na soja

(Fonte: Compass minerals)

Estudos mostram que os primeiros nódulos radiculares na soja começam a partir das infecções da raiz principal e suas ramificações primárias (estádios V1 e V2), sendo dependente de fatores como cultivar, estirpe de bactéria, ambiente e manejo. 

Nos estádios V4 e V5, a nodulação aumenta em intensidade e o incremento na nodulação atinge um pico durante a fase de florescimento em (R1 e R2)

Com o aumento da frutificação, a atividade fotossintética é aumentada e um novo pico é atingido em R5.1 e R5.2

Outro pico de nodulação e fixação biológica de nitrogênio (FBN) também pode ser constatado entre os estádios R5.1 e R5.3

imagem de raíz de soja com fixação biológica de nitrogênio.

(Fonte: Embrapa Soja)

Como aplicar os micronutrientes? 

Pesquisas de longo prazo realizadas com soja no Brasil recomendam uma dosagem de 12 a 25 g ha-1 de Mo e 2 a 3 g ha-1 de Co aplicados na mistura com o inoculante  (Bradyrhizobium) nas sementes de soja na semeadura ou via foliar na mesma dosagem, em até 15 dias após a semeadura. 

Entre as fontes destes elementos podemos citar para o Mo (molibdato de sódio e molibdato de amônio) e para o Co (sulfato de cobalto).  

Vale destacar novamente que, caso existam teores suficientes de Mo no solo, a correção do pH com a calagem também promoverá a disponibilidade deste nutriente para a soja.  

A recomendação é que o processo de inoculação deve ser realizado considerando cuidados como: 

  • plantio das sementes logo após a inoculação
  • quantidade e qualidade do inoculante 
  • boas condições de umidade do solo

A aplicação de Mo via foliar, antes do início da floração e na mesma concentração recomendada para as sementes é uma alternativa para o manejo nutricional da soja. 

Para o Co, a aplicação via foliar pode apresentar menor eficiência em comparação ao Mo, devido à baixa translocação na planta

Uma pesquisa mostrou que a aplicação de Mo e Co via sementes e/ou adubação foliar no estádio V4 promoveu incrementos significativos no rendimento da cultura da soja

Conclusão

Nesse texto você conferiu alguns aspectos sobre o micronutriente molibdênio e o elemento benéfico cobalto.

Você viu como eles podem interferir na fixação biológica de nitrogênio e processos de nodulação

É importante conhecer as fases fenológicas da cultura da soja para tomada de decisão sobre práticas adequadas de fertilização.

Espero que este texto tenha ajudado você a pensar um pouco sobre a importância do cobalto e molibdênio na cultura da soja!

Qual é sua maior dificuldade no cultivo da soja para altas produtividades? Restou alguma dúvida sobre o cobalto e o molibdênio na soja? Adoraria ler seu comentário!

Saiba as consequências das queimadas no solo e os impactos para a agricultura

Consequências das queimadas no solo: os impactos do fogo no meio ambiente, o que diz a legislação, como evitar e o que deve ser feito após as queimadas.

Épocas com tempo seco e ventos são propícias para ocorrência das queimadas.

Elas podem ser prejudiciais tanto para o meio ambiente (solo, água e ar), quanto para sua lavoura, podendo ocasionar multa de até R$ 50 milhões.

Saber dos problemas que as queimadas podem ocasionar para o meio ambiente e sua área é fundamental para conscientização da adoção dessa prática. 

Pensando nisso, separei algumas informações importantes sobre o impacto das queimadas. Confira!

Consequências das queimadas no solo: ocorrência 

As queimadas no meio ambiente podem ocorrer em decorrência de causas naturais ou pela ação humana.

Por causas naturais, geralmente ocorrem em regiões do Cerrado, em que o fogo favorece algumas espécies de plantas e suas sementes só germinam devido ao calor produzido.

Nesses casos, a recuperação desse bioma é rápida, atraindo diversos animais em busca da rebrota das plantas. 

Entretanto, atualmente a maioria das queimadas se deve à ação do homem que, por acidente ou não, ocasiona sérios prejuízos ao meio ambiente.

Geralmente as queimadas são realizadas em áreas agrícolas, de pecuária e silvicultura. 

Muitas vezes são realizadas por produtores, sem acompanhamento técnico, por acreditarem que essa queimada aumentaria a fertilidade do solo, assim como para limpeza de pastos e eliminação de restos vegetais.

As queimadas, na maioria das vezes, ocorrem em grandes áreas e sem um sistema de  controle de fogo, em diversas épocas do ano. E, o principal, sem licença concedida pelo órgão responsável.

Legislação sobre queimadas

A Lei n.º 12.651, de 25 de maio de 2012, sobre a proteção da vegetação nativa e Lei n.º 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, sobre as penalidades, são algumas leis brasileiras que falam sobre a utilização de fogo em áreas rurais.

Segundo a Legislação, o uso de fogo é proibido, exceto em três situações:

  • em locais ou regiões que justifiquem o uso do fogo em práticas agropastoris ou florestais, desde que com autorização do órgão ambiental
  • em unidades de conservação para conservar a vegetação nativa (quando as características dela se associarem evolutivamente à ocorrência de fogo);
  • atividade de pesquisa científica.

Para solicitar a autorização é necessário apresentar um estudo detalhado da atividade rural, que deve conter o planejamento específico sobre o emprego do fogo e o controle dos incêndios.

Além disso, algumas regras devem ser seguidas como: respeitar as metragens em relação às linhas de transmissão elétrica, distância dos aceiros e unidades de conservação.

Os procedimentos, regras de execução e medidas de precaução a serem obedecidas quanto ao uso do fogo em práticas agrícolas, pastoris e florestais, também sofrem alterações conforme a legislação de cada Estado.

Então, é importante você saber quais leis regulamentam o uso de queimadas no seu estado, evitando possíveis problemas. 

De acordo com a legislação brasileira, a multa para quem realiza queimas sem licença vai de R$ 1.000 por hectare até R$ 50 milhões.

ilustração de queima controlada com realização de aceiros em volta da área

Queimada controlada com realização de aceiros em volta da área
(Fonte: Defesa do Meio Ambiente)

Os impactos da ocorrência das queimadas no solo 

As queimadas são prejudiciais não apenas para o local em que ocorrem: seus danos podem chegar a quilômetros.

Dependendo do tamanho da área atingida pelo fogo não controlado, a fumaça e calor podem afetar a composição atmosférica, chegando a grandes centros.  

Além disso, as queimadas são uma fonte global de gases do “efeito estufa” como dióxido de carbono, metano e óxido nitroso, e emissões de monóxido de carbono e dióxido de nitrogênio.

A fumaça proveniente das queimadas afetam o homem, ocorrendo e agravando problemas respiratórios como rinite, asma e bronquite, principalmente em idosos e crianças.

A ocorrência das queimadas traz consequências também para o solo

Apesar de alguns agricultores utilizarem queimadas por acreditarem na melhoraria da fertilidade do solo, como citei acima, isso não traz benefícios a longo prazo.

A passagem do fogo sobre o solo acarreta danos químicos, físicos e biológicos.

Impactos nos atributos químicos do solo 

A queimada do material seco sobre o solo influencia a fertilidade do solo pela presença das cinzas, que são compostas dos nutrientes mineralizados da parte vegetal queimada.

As cinzas, por serem ricas em nutrientes como cálcio, fósforo, magnésio, nitrogênio, entre outros, dão a impressão de aumentar a fertilidade do solo. Entretanto, esse aumento é por pouco tempo

Com a chegada das chuvas, as cinzas são lixiviadas, ocorrendo diminuição dos nutrientes na camadas superiores do solo.

Além disso, com lixiviação dos nutrientes, principalmente compostos nitrogenados e o potássio, a qualidade da água superficial e subterrânea é afetada.

Impactos nos atributos físicos do solo

Com a retirada do material vegetal, seja palhada ou matéria verde, o solo fica desprotegido, sofrendo mais com a ação do sol e chuva.

Em solos desprotegidos, a ocorrência de chuvas fortes ou com alta frequência, favorece o processo de erosão, que leva a camada superficial do solo e seus nutrientes com a água das chuvas.

Com o calor ocasionado pelo fogo, ocorre perda de água pela evaporação na camada superficial do solo. Desse modo, pode ocorrer uma camada compactada.

Propriedades físicas do solo como macroporos, tamanho de agregados e taxa de infiltração, são afetados com o calor do fogo.

Após a queimada, ocorrem ainda mudanças nestas propriedades, podendo levar ao aumento da densidade do solo na camada superficial.

O aumento da densidade dificulta a infiltração da água e penetração das raízes, afetando a umidade e a vida dos microrganismos do solo.

Impactos nos atributos biológicos do solo 

Com a redução do ar e água presentes no solo, os organismos do solos são diretamente afetados.

Os microrganismos são importantes na decomposição da matéria orgânica e ciclagem de nutrientes, além de aumentarem a porosidade, aeração, infiltração e drenagem do solo, devido à movimentação desses organismos no perfil do solo.

E, como consequências das queimadas no solo, a macrofauna e microfauna do solos são reduzidas, principalmente nas camadas superficiais.

Como recuperar áreas afetadas pelo fogo?

Em áreas de florestas, escolher espécies nativas de fácil propagação e de crescimento rápido para cobrir o solo e fornecer matéria orgânica ao ambiente pode ser uma ótima alternativa para recuperar áreas.

Já em áreas agrícolas, após a queimada, é recomendável realizar o preparo do solo, a fim de romper a camada compactada formada, aumentando a aeração do solo e infiltração da água.

Realizar uma adubação verde e rotação de culturas, também podem auxiliar na recuperação de sua lavoura. Deixar a palhada sobre o solo tem a finalidade de melhorar seus atributos físicos, químicos e biológicos.

Fazer análise do solo para saber os níveis de nutrientes, realizar calagem e usar adequadamente fertilizantes também é muito importante!

Mas fique atento! Para fazer análise do solo, espere as chuvas após a ocorrência da queimada, pois as cinzas interferem nos resultados

foto mostrando solo em recuperação pós-queimada

Recuperação de áreas com solo degradado
(Fonte: Ciclo Vivo)

O que pode ser feito para evitar as queimadas? 

Com a falta de chuvas e o clima seco, a ocorrência de queimadas, naturais ou não, são elevadas. Então, é necessário ficar atento e tomar medidas de precaução:

  • não jogue cigarros nas áreas;
  • não queime lixo, folhagens, galhadas e entulhos;
  • fique atento ao surgimento de queimada em sua área ou na vizinhança;
  • esteja preparado para situações como essa – informe-se e solicite em locais como o sindicato rural um treinamento para combate à incêndio.

Caso veja um incêndio, entre em contato imediato com o Corpo de Bombeiros pelo número 193 ou Defesa Civil no número 199.

É recomendável que você não realize queimadas em suas áreas. Opte por outros manejos, assim você não prejudica seu solo e o meio ambiente.

foto de aceiros entre áreas para evitar propagação do fogo

Aceiros entre áreas para evitar propagação do fogo
(Fonte: Compre Rural)

Conclusão

Neste artigo você viu as consequências das queimadas no solo, afetando os atributos físico, químicos e biológicos.

Viu que as queimadas sem autorização são ilegais e que cada Estado possui procedimentos para realização de queimadas autorizadas.

Você também pôde conferir sobre o que deve ser feito para evitar queimadas em sua área e o que fazer caso ocorra. 

Você conhecia as consequências das queimadas no solo? Sabe quais as leis do seu Estado a respeito de queimadas? Ficou alguma dúvida? Deixe seu comentário abaixo!

Guia rápido da adubação nitrogenada para altas produtividades

Adubação nitrogenada: confira as recomendações para potencializar a produção da sua lavoura de milho, arroz, feijão e trigo.

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O nitrogênio é um dos nutrientes mais demandados para o desenvolvimento das plantas.

E, com índices de produtividades cada vez mais altos, estratégias de manejo que permitam explorar o total potencial das plantas são sempre bem-vindas! Neste cenário, podemos destacar a adubação nitrogenada.

A seguir, explicarei melhor a importância dessa adubação e algumas estratégias que auxiliam no sucesso produtivos de algumas culturas. 

Importância da adubação nitrogenada nas culturas

O pleno desenvolvimento vegetal é pautado na disponibilidade de todos os nutrientes tratados como essenciais. 

Dentro desse grupo podemos destacar o nitrogênio (N), elemento essencial e ainda caracterizado como macronutriente. Isto é, um nutriente requerido pelas plantas em maior quantidade

Essa maior demanda é justificado pelo fato do N ser utilizado para a síntese de proteínas e outros compostos orgânicos.

Sua baixa disposição pode acarretar diminuição drástica da produção, pois limita o crescimento vegetal, reduz a expansão e divisão celular, além de comprometer a área foliar e diminuir a taxa fotossintética. 

Desta forma, os fertilizantes nitrogenados têm sido usados para o suprimento adequado desse nutriente, sustentando os altos índices de produtividade. 

Demanda da adubação nitrogenada nas culturas 

Devido ao uso intensivo dos solos, é preciso fazer a reposição dos nutrientes, incluindo o N. 

A seguir mostro a adubação nitrogenada das culturas do milho, arroz, feijão e trigo

Adubação nitrogenada do milho 

O milho, uma gramínea, pode apresentar variação quanto à absorção de N devido à quantidade de raízes, condições ambientais e, logicamente, a seu estágio fenológico. 

O manejo do nitrogênio para a produção de grãos de milho deve ser feito considerando aspectos como:

Em geral, a absorção de N nessa gramínea é mais acentuada no começo do crescimento vegetativo, chegando ao maior valor no início da fase reprodutiva, decaindo em seguida. 

A dosagem depende de muitos fatores como: estado de fertilidade do solo, cultivar utilizada, expectativa de produção e condições climáticas, dentre outras. 

tabela com expectativa de produtividade do milho de acordo com os nutrientes - adubação nitrogenada
(Fonte: Pionner Sementes)

A adubação nitrogenada para milho é recomendada tanto na semeadura como na cobertura.

Na semeadura, é recomendável utilizar até 30 kg/ha de nitrogênio. Estudos relatam que dosagens superiores a isso podem apresentar efeito tóxico para as plantas devido ao nitrato. 

Quanto à aplicação na cobertura, como já dito, deve ser aplicado no momento de maior absorção desse nutriente. Dependendo da dosagem, pode-se aplicar em dose única quando as plantas encontram-se em V3 e V4

Porém, se há uma expectativa de produção alta e é preciso fazer uma alta reposição de N, é aconselhável fazer o parcelamento com objetivo de reduzir as perdas e aumentar a eficiência na utilização dos fertilizantes

A época recomenda para a aplicação da segunda cobertura gira em torno de V7 e V8, fase essa que as plantas ainda estão exigindo e absorvendo bastante N. 

Adubação nitrogenada do arroz

A adubação nitrogenada no arroz requer alguns cuidados, pois sua falta pode acarretar redução direta na produtividade por afetar o desenvolvimento vegetal

O excesso de N também é prejudicial nessa cultura, pois causa problemas de acamamento e esterilidade das espiguetas, além de favorecer o aparecimento de doenças

Segundo o  Irga (Instituto Rio Grandense do Arroz), é recomendável a aplicação de 10 kg/ha a 20 kg/ha de N no momento do plantio. 

Já na adubação nitrogenada de cobertura, recomenda-se que o restante da dosagem seja parcelada, sendo ⅔ quando a planta estiver com três a quatro folhas e ⅓ com oito a nove folhas expandidas.

ilustração de aplicação de nitrogênio no arroz
(Fonte: Unifértil)

Adubação nitrogenada do feijão

O feijoeiro é considerado uma planta exigente em nutrientes em função do ciclo curto e do pequeno e pouco profundo sistema radicular.

A absorção de nitrogênio ocorre praticamente durante todo o ciclo da cultura, mas a época de maior exigência e absorção ocorre dos 35 aos 50 dias após a emergência (DAE) da planta (florescimento). Neste período, relata-se que a planta absorve de 2 kg a 2,5 kg N/ha por dia.

No feijoeiro é comum ocorrer a associação simbiótica, porém a quantidade de N fixado só é considerável a partir de 35 DAE, requerendo um suprimento antecipado de N visto que as plantas irão demandar antes deste período. 

Desta maneira, depois de analisar os parâmetros de solo, de cultivar, de condições climáticas, da extração/exportação, da expectativa de produção da lavoura, tem-se a dosagem. 

É recomendável a aplicação de ⅓ da dose no sulco de plantio. O restante (⅔) deve ser aplicado até os 20 dias de emergência. 

Em solos arenosos, pode-se parcelar essa dose da cobertura em até duas vezes, aplicando a primeira até os 20 DAE e o restante até uns 35 dias.

Adubação nitrogenada do trigo

No trigo, a maior parte da absorção do nitrogênio acontece entre as fases de alongamento do caule e de espigamento, chegando ao máximo na antese. 

A dose de adubo a aplicar na planta de trigo varia de 60 kg a 120 kg/ha de N em função do teor de matéria orgânica do solo, cultura anterior, condições climáticas e expectativa de produção.

É bastante usual aplicar de 15 kg a 20 kg/ha de N na semeadura, com o intuito de estimular o vigor inicial. 

O restante deve ser aplicado nos estádios de perfilhamento e alongação do colmo da cultura 

A aplicação nessa fase é crucial por ser o momento em que a planta de trigo está definindo os componentes de produção como, por exemplo, o número de espiguetas por espiga e número de afilhos. 

Inoculação da soja supre a demanda da planta?

De acordo com estudo da Embrapa, a adubação nitrogenada da soja é desnecessária, seja na semeadura como em qualquer fase do desenvolvimento.

A inoculação bem feita garante o suprimento da demanda de N da planta de soja. 

As bactérias Bradyrhizobium que são utilizadas para a produção dos inoculantes conseguem captar o N atmosférico e deixá-lo de uma forma assimilável para as plantas. 

No caso dessas bactérias, é possível notar a sua presença por meio da formação de nódulos nos sistema radicular das plantas. 

Ainda segundo a Embrapa, o inoculante pode aportar mais de 300 quilos de nitrogênio por hectare (kg de N/ha) para a soja, com um custo até 95% menor em comparação ao fertilizante nitrogenado.

Existe inoculante em outras culturas?

Sim, o MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) permite a utilização de bactérias Azospirillum brasiliense para a formulação de inoculantes para milho e trigo (gramíneas). 

O nitrogênio por elas fixado ocorre em menor quantidade que o fixado pelas bactérias do gênero Bradyrizobuim. Assim, não são capazes de fixar grande quantidade do nutriente requerido para o alcance de elevadas produtividades.

Portanto, nesse caso, faz-se a inoculação com o objetivo de reduzir os gastos com fertilizantes nitrogenados, mas não dispensa sua utilização. 

planilha para adubação de milho

Conclusão 

O nitrogênio assume papel fundamental quando estamos nos referindo à produtividade de diversas culturas, principalmente por ser bastante requerido para o desenvolvimento vegetal. 

Por isso, a adubação nitrogenada deve ser planejada de acordo com as peculiaridades da fazenda, sempre buscando a maior eficiência dos recursos. 

Vimos que a inoculação com microrganismos fixadores de N é uma boa estratégia, garantindo maior rentabilidade devido à redução dos gastos com adubos nitrogenados. 

>> Leia mais:

“Por que a adubação com silício pode ser sua aliada na produtividade”

Como você planeja sua adubação nitrogenada? Vem tendo resultados produtivos? Deixe seu comentário!