Acerte nas aplicações de defensivos com planejamento agrícola

O planejamento agrícola deve estar presente no dia a dia da lavoura. Mas, no momento das aplicações de defensivos agrícolas, também precisa de planejamento?

Muitas vezes observei que a aplicação é decidida na última hora!

Dados divulgados pela Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andef) revelam que, em média, mais da metade dos produtos pulverizados nas lavouras podem ser perdidos por escorrimento, deriva descontrolada e má aplicação.

Sim, é preciso planejamento para as aplicações! E é o planejamento agrícola que vai integrar todas as atividades, fazendo com que a aplicação seja consciente, evitando perdas, desperdícios e, claro,  obtendo controle do alvo.

Assim,  confira os passos de como fazer isso sem dor de cabeça.

1º passo: regulagem do pulverizador para aplicações de defensivos agrícolas

Para uma correta aplicação o pulverizador deve estar regulado, isso inclui a verificação dos bicos, das barras, dos tanques, mangueiras, filtros, regulador de pressão.

É preciso atenção e conhecimento para correta regulagem e verificação dos equipamentos, implementos e acessórios, como a verificação dos bicos:

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(Fonte: Jacto)

Com a verificação, é possível constatar se há vazamentos e se tudo está funcionando de forma adequada. Assim, evita-se a perda de produtos e eleva-se a eficácia da aplicação.

A regulagem também é essencial.

O tanque de pulverização, por exemplo, deve possuir agitador funcionando adequadamente.

Para isso, é preciso trabalhar com uma rotação de 540 rpm na tomada de potência (TDP), já que esta é a rotação em que o sistema normalmente é dimensionado.

Formulações pó-molhável (PM) ou suspensão concentrada (SC), por possuírem partículas sólidas em suspensão, tendem a se depositar no fundo do pulverizador

Já a formulação concentrado emulsionável (CE), com substâncias não solúveis em água (óleo por exemplo), fica na superfície do tanque.

Isso faz com que, no início da aplicação, a concentração de produtos seja maior (para formulações PM ou SC) ou menor (para formulações CE), resultando em aplicação ineficiente.

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(Fonte: Andef)

Para saber mais sobre regulagem de máquinas e implementos recomendo a leitura desse artigo de meu amigo Eng. Agrônomo Luis Gustavo Mendes.

Tudo relacionado ao pulverizador precisa ser feito com os EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) adequados.

Agora, com tudo verificado e regulado, vamos tomar algumas decisões importantes:

2º passo: escolha do produto, volume de calda e tamanho de gota

Escolha o produto recomendado para sua cultura e seu objetivo (lembre-se: o produto sempre vem com a bula, onde é possível encontrar as informações de que você precisa).

Para saber mais sobre defensivos agrícolas, com curiosidades e fatos interessantes veja esse artigo: Defensivos agrícolas: 8 curiosidades que você deveria saber.

O volume de calda e o tamanho de gota também vão depender do alvo, que agora você já conhece por meio do monitoramento e histórico da área.

Gotas finas resultam em maior cobertura do alvo, mas maior risco de deriva. Devido a isso, são utilizados em produtos de contato.

Gotas grossas dão menor cobertura do alvo, mas menor risco de deriva. São utilizadas para herbicidas residuais e de aplicação no solo – ou mesmo algum outro produto aplicado no solo.

Gotas médias são as mais utilizadas por possuir características intermediárias às finas e grossas, mas são comumente utilizadas para aplicação de produtos sistêmicos.

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(Fonte: Andef)

Por isso que a escolha do bico de pulverização é muito importante: é o bico que define o tamanho da gota e, assim, a cobertura do alvo.

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(Fonte: Copam)

É possível  encontrar os tamanhos de gotas a variar o bico e pressão na internet ou mesmo com seu fornecedor.

A tabela abaixo foi adaptada da ASAE S-572 e compara os tipos de pontas, a vazão está em litros/minuto e a pressão em Bar.

tabela-gostas-vazão-pressão

(Fonte:Adaptado ASAE S-572)

Agora com tudo regulado para aplicação, em que condições devo ou não aplicar?

3º passo: condições ideais de aplicação

Talvez aqui seja onde mais usamos o planejamento na hora da aplicação. Algumas perguntas devem ser feitas para o realizar a atividade de forma eficaz:

Quanto de área tenho para aplicar? Qual o tempo que tenho para essa atividade?

E, principalmente, qual a previsão do tempo? Lembre-se alguns produtos precisam de um tempo maior sem chuva para que possam agir nas plantas.

Então, planejar anteriormente quanto tempo levará para aplicar na sua área e verificar a precisão do tempo é fundamental.

Além disso, uma boa aplicação é aquela que ocorre nas condições climáticas ideais.

E quais são elas?

  • Temperatura: menor que 30°C
  • Umidade: maior que 50%
  • Ventos: entre 3 e 10 km/h
Leitura-Manual-Tecnologia-de-Aplicacao.pdf

(Fonte: Andef)

E por fim, utilize sempre os equipamentos de proteção individual (EPIs) para sua melhor proteção e de quem realiza as atividades, até porque a base de todo um bom planejamento é a segurança no trabalho.

4º passo: acerte na época de aplicação

Com o monitoramento da lavoura, é possível planejar as aplicações de defensivos necessárias.

Isso inclui saber se a cultura está na fase recomendada para aquele defensivo e, principalmente, se o alvo (inseto, doença ou planta daninha) atingiu um nível de infestação que realmente precisa ser feita aplicação.

Para pragas temos o Manejo Integrado de Pragas (MIP) que indica o nível de controle a depender da quantidade de injúrias ou insetos identificados no monitoramento.

Para doenças, geralmente quando se encontra sintomas no campo já é preciso a aplicação.

No caso de plantas daninhas, a aplicação de pré-emergentes garantem vantagem à cultura e durante a lavoura é preciso monitoramento verificando necessidade de novas aplicações.

5º passo: conheça seu campo

Esse passo é fundamental para quem planeja fazer uma aplicação de defensivos agrícolas, seja ele herbicida, inseticida, nematicida ou fungicida.

Assim, dentro das atividades semanais, deve-se incluir o monitoramento das lavouras identificando as pragas, doenças e plantas daninhas.

Além disso, o monitoramento das safras passadas resultará no histórico da área quanto aos insetos, doenças e plantas daninhas e, claro, quanto às aplicações.

Isso será crucial para identificar os principais problemas da propriedade e como corrigi-los.

Na internet há alguns materiais gratuitos de acordo com a cultura para identificar doenças e pragas segue um exemplo para a cultura do milho e soja:

Manual de identificação de doenças

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(Fonte: Epagri)

Manual planta daninha soja

Manual-planta-daninha-Soja

(Fonte: Embrapa)

Nematoides em soja

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(Fonte: Embrapa)

Conclusão

Acertar na aplicação depende do bom planejamento da mesma.

Isso envolve o conhecimento do alvo no campo e a época ideal de aplicação; a verificação e regulação dos equipamentos de pulverização; e o conhecimento das condições climáticas ideais para essa atividade.

Com tudo isso em mente e em ações, você acertará não só nas aplicações de defensivos agrícolas, mas na redução de custos e maior eficiência dos produtos utilizados, gerando mais lucro e sucesso para você e sua fazenda!

>>Leia mais:

“O que é e para quê serve o receituário agronômico”

Gostou dessas dicas? Tem mais alguma que usa para aplicação de defensivos agrícolas de forma eficaz? Adoraria ver seu comentário abaixo!

Você sabe onde está o gargalo do seu planejamento agrícola?

Gargalo do planejamento agrícola: Saiba onde você pode estar errando e saiba exatamente o que fazer para aumentar sua produtividade.

Dúvidas sobre rentabilidade agrícola,  custos da lavoura, produtividade por talhão, entradas e saídas do estoque, planejamento agrícola, etc…

Já viu essa situação antes? Ainda se vê assim?

Com a gestão agrícola você pode saber a resposta certa dessas questões. Para isso, é necessário entender os gargalos do planejamento agrícola da sua fazenda.

Claro que planejar não é uma tarefa simples, muitos gargalos podem fazer seu planejamento não alcançar o sucesso esperado.

Neste artigo abordarei  alguns pontos que vão melhorar seu planejamento estratégico da produção agrícola e, consequentemente, na sua produtividade.

1° Gargalo do planejamento agrícola: Faça o Mapeamento de sua propriedade

Tem muitos produtores que converso que ainda  não sabem ao certo o tamanho de sua propriedade.

Muito menos o tamanho de suas áreas de proteção permanente, a área exata de cada cultivo na última safra ou ainda o tamanho de cada talhão.

Saber o tamanho exato sua propriedade e suas reservas é um do princípios de uma boa administração rural.

Mapeamento de áreas Aegro

Mapeamento de área e talhões com Aegro
(Fonte: Aegro)

Sem saber o tamanho da área fica difícil saber quais são seus custos e sua produção real.

Além de saber qual a necessidade real de insumos em sua lavoura.

E esse conhecimento é fundamental para planejar sua atividade e resultar em rentabilidade.

Não basta saber o tamanho da área, temos que saber o que  há nela.

2° Gargalo do planejamento agrícola: Tenha o histórico da propriedade

Saber o que já foi feito em cada talhão nos últimos anos é fundamental.

Com destaque neste contexto para a rotação de culturas, um dos pilares do plantio direto e manejo integrado de pragas.

Tão importante quanto fazer a rotação é saber quais culturas foram usadas, em quais safras e o quanto foi produzido.

Isso fará você entender como está seu solo, pragas, etc,

Ou seja: entender sua propriedade.

rotação de culturas

(Fonte: Embrapa)

Faça o histórico não apenas das culturas, mas também da ocorrência de pragas, plantas daninhas e nematoides.

E claro, tenha o histórico das aplicações de defensivos agrícolas.

Assim você sabe exatamente quais produtos foram aplicados, e assim fica mais fácil fazer rotação de produtos, dificultando a seleção de espécies resistentes.

É assim também que você sabe qual produto falhou no controle, ou se há casos de resistência na sua propriedade.

Isso porque a aplicação do mesmo herbicida, inseticida ou fungicida ao longo dos anos pode resultar em seleção de pragas resistentes.

Infelizmente, os casos de resistência são muitos.

Um grande problema para produção de grãos é a resistência de plantas daninhas aos herbicidas, como buva e capim-amargoso.

buva

(Fonte: Fernando Adegas em Embrapa Soja)

Estudo da Embrapa diz que custos de produção da soja podem subir até 222% devido às ervas daninhas resistentes a glifosato.

Aqui neste artigo você pode encontrar tudo o que você precisa saber sobre resistências a defensivos agrícolas.

Ainda não tem o histórico da sua área?

Comece então agora com o monitoramento das lavouras!

3° Gargalo do planejamento agrícola: Monitore sua lavoura e ganhe tempo

Ao realizar seu planejamento agrícola, um ponto muito importante é monitorar sua lavoura, desde o pré-plantio até a colheita.

Além de verificar o andamento das atividades, registrando esse monitoramento isso se tornará o histórico da safra para os próximos anos.

Alguns pontos importantes a serem monitorados são:

4° Gargalo do planejamento agrícola:  Solo

Fundamental no diagnóstico da fertilidade, planejar a aplicação de fertilizantes e escolha de cultivos mais ou menos exigentes de acordo com os resultados da análise.

Falamos mais sobre as análises de solo e sua importância neste artigo aqui.

Ciclo-de-Agricultura-de-Precisão

Conhecer histórico da área e o solo da propriedade resultam em recomendação adequada de fertilizantes
(Fonte: SLC Agrícola)

5° Gargalo do planejamento agrícola: Acompanhamento do clima

Será que vai chover?  Você ainda acompanha a previsão do tempo pelo telejornal?

Existe uma série de aplicativos que trazem previsões detalhadas do tempo. E cada vez mais o nível de acerto vem aumentando.

O conhecimento prévio das condições climáticas é fundamental em toda condução da lavoura. Por exemplo, plantio e aplicação de defensivos agrícolas.

Eu recomendo o aplicativo Yr, ele está disponível para notebooks e smartphones (e é gratuito).

Mesmo sendo em inglês, é só digitar sua cidade no campo de busca e ver a previsão, que é bem fácil de entender:

Piracicaba_no YR no planejamento agrícola

(Fonte: Yr)

6° Gargalo do planejamento agrícola: Monitoramento e identificação das pragas

É muito importantes conhecer bem seus problemas, para assim melhor controlá-los.  Sejam insetos, doenças ou plantas daninhas.

Existem ótimos aplicativos de smartphones para identificação de pragas. Dois bons exemplos são os aplicativos FMC Agrícola e ADAMA Alvo.

Além dos aplicativos existem também livros disponíveis em pdf para baixar na internet te ajudando na identificação e manejo de plantas daninhas, insetos e doenças.

Para saber de mais aplicativos que te ajudarão na lida do campo veja os 5 aplicativos para planejamento agrícola que você deveria conhecer.

software para planejamento agrícola

7° Gargalo do planejamento agrícola: Tecnologia

Em todos os pontos tocados sobre o planejamento agrícola a tecnologia foi apresentada como opção para uma melhor gestão de sua lavoura.

Coincidência? Acho que não.

Embora ela possa ser aplicada a praticamente todos os momentos decisivos da gestão agrícola, ainda tem muito produtor que não a utiliza.

Pode ser por desconfiança, ou falta de conhecimento. Mas por que não experimentar?

Fazenda-Inteligente

(Fonte: Agrosmart)

Comece aos poucos, com um aplicativo de identificação de pragas, ou além de anotar tudo no papel, porque não também ter uma planilha no Excel?

Tem dificuldade? Todos nós temos. Tudo o que é novo assusta no começo.

Peça ajuda aos seus filhos, ao marido, à esposa. Aos poucos você irá notar as diferenças e as melhorias que a tecnologia pode trazer a sua lavoura.

Então, não dá para realizar um ótimo planejamento, fazer análise de solo, mapear a propriedade, identificar as pragas, e continuar anotando tudo no papel, ou ainda em alguns casos apenas na cabeça.

Vejo que a não utilização da tecnologia é o maior gargalo no planejamento agrícola.

E isso por falta de conhecimento de quão facilitadora ela pode ser para a sua lavoura.

Computadores e celulares com acesso a internet, drones, aplicativos, planilhas inteligentes, enfim diversas ferramentas.

Todas estas tecnologias estão disponíveis e servem de apoio para seu planejamento e gestão agrícola.

Um software de gestão agrícola pode ser muito importante para você se planejar melhor, e aumentar a sua produtividade.

aegro-software-de-gestão-agrícola-da-fazenda

Conclusão

A tecnologia pode ajudar a evoluir seu negócio fazer seu planejamento agrícola ser muito mais simples e prático.

Mas não se esqueça do conhecimento técnico.

Assistência técnica de qualidade é fundamental, não basta ter um belo mapa de fertilidade e não fazer a adubação correta.

Então tenha o mapa da sua área, faça o monitoramento da safra (que no futuro se tornará o histórico da propriedade), tenha sempre acompanhamento técnico e , assim, faça bom uso da tecnologia!

Criamos um checklist de como fazer um bom planejamento agrícola para facilitar seu processo. É só baixar aqui. É gratuito.

checklist de planejamento agrícola Aegro

>> Leia mais:

6 passos para fazer o planejamento financeiro da sua fazenda com sucesso

Calendário agrícola: saiba organizar as atividades da fazenda de maneira estratégica

O que achou do texto? Você vê outro gargalo do planejamento agrícola que não citei? Adoraria ver seu comentário abaixo.

Cultura do milho: 7 passos infalíveis do planejamento para acertar na semeadura

Cultura do milho: Quais os principais pontos para se atentar e conseguir uma semeadura que assegure a população de plantas e produção do milho.

Agricultor não tem mesmo sossego, acabando a colheita de uma safra já logo se preocupa: o que fazer na próxima safra da cultura do milho?

“Semear o que? Qual híbrido? E o espaçamento? Será melhor mudar a adubação de base?”

A preocupação é válida: cerca de 70% dos investimentos feitos em uma lavoura de milho são usados na fase de implantação.

Fazer o planejamento agrícola é a tomada de decisão mais sábia para uma produção de milho de sucesso!

É uma prática cada vez mais comum entre agricultores, sejam eles de pequeno, médio ou grande porte.

E o primeiro ponto do planejamento é o mesmo da própria atividade agrícola: a semeadura!

Para responder todas aquelas dúvidas que citei e outras tantas mais, acompanhe os 7 passos infalíveis do planejamento agrícola para acertar na semeadura do manejo da cultura do milho!

1. Planejamento agrícola: por onde começar?

O principal objetivo do planejamento rural é estabelecer um cronograma de atividades para que o produtor possa realizar o plantio de forma eficiente e segura, tudo isso com base na fenologia do milho.

Todo mundo tem em mente que a instalação de uma lavoura se inicia com o plantio de uma cultura. Porém, “muita água já rolou” até esse momento.

planejamento rural

(Fonte: CESAD)

A verdade é que o planejamento agrícola começa bem antes do plantio.

Para te ajudar, veja os 6 mandamentos do planejamento agrícola.

Lembre-se que é neste momento, antes do plantio, que é essencial planejar as ações para garantir boa produção e rentabilidade.

Deve-se fazer uma análise de todos os componentes de produção para saber corretamente o quanto investir, além de como e onde fazer a semeadura.

Segundo a Embrapa, devemos considerar determinados fatores:

  • manejo (solo, pragas, doenças, plantas daninhas, irrigação);
  • tipos de técnicas a serem adotadas;
  • insumos;
  • máquinas e implementos;
  • híbridos a serem escolhidos;
  • distribuição dos híbridos nos tipos de solos a serem explorados;
  • ambiente de produção;
  • épocas de plantio;
  • elaboração do cronograma físico-financeiro;
  • serviços em geral.

A minha principal dica aqui é: registre todos esses fatores da sua propriedade em algum lugar seguro. Esse registro servirá para várias coisas, sobretudo para a aplicação de defensivos.

Como você já sabe, a semeadura envolve muita coisa para confiar somente no que você tem em mente.

Além disso, visualizando todos os fatores que a área possui fica muito mais fácil realizar o planejamento!

Conheça o ciclo de produção na cultura do milho

Entenda as etapas do ciclo de produção:

etapas de produção com planejamento agrícola

(Fonte: SLC Agrícola)

O ciclo de produção se inicia no planejamento estratégico com base no cenário nacional e internacional de commodities agrícolas atuais e futuras.

As definições estratégicas norteiam a elaboração do planejamento agrícola de cada ano, no qual são definidos todos os insumos necessários para a safra, dentro das peculiaridades de cada cultura.

Você já escolheu a cultura do milho. E agora?

2. Lavoura de milho: Planejamento pode garantir maior produtividade

A cultura do milho no Brasil vem ganhando destaque na agricultura como opção de segunda safra e também como a cultura principal do ano (safra e/ou 1° safra).

A cultura do milho é a segunda cultura mais plantada no Brasil, e já é a 3° maior do mundo, com aumentos de produtividade nas últimas 10 safras de 6,8% ao ano.

Nossa produção de milho mais que dobrou na última década! E porque a preferência pelo milho?

É um produto muito demandado pelo mercado, sendo que no Brasil 65% do milho é utilizado na alimentação animal, e 11% é consumido pela indústria, para diversos fins.

O clima seco, estiagem de chuvas prolongadas, atraso de chuvas, diminuição da janela climática, são alguns dos fatores que influenciam o produtor na escolha do milho por ser uma cultura um pouco mais resistente às condições ambientais.

Além disso, a rotação da soja (como principal cultura) seguida da safrinha do milho é muito rentável e, por isso, muito utilizado.

A área de milho cultivado em 2ª safra representa 62% da área e 65% da produção nacional.

E como foi possível isso? Só mesmo com muito planejamento e trabalho.

Assim, vale lembrar que plantar não significa apenas jogar a semente na terra.

E quais seriam os critérios o produtor deve levar em conta ao fazer a escolha da semente de milho?

planilha de planejamento da safra de milho

3. A escolha do híbrido (semente) na cultura de milho

A semente é o principal insumo de uma lavoura e sua escolha deve merecer toda a atenção do agricultor.

Por isso, escolha sementes com alto vigor  (capacidade de germinação e estabelecimento rápido no campo) e sempre certificadas pelo MAPA e credenciadas no RESASEM.

A escolha do híbrido depende de fatores como:

  • disponibilidade hídrica;
  • fertilidade do solo;
  • ciclo da cultivar;
  • época de semeadura;
  • espaçamento entre linhas.

Devemos estar sempre atento às características dos materiais mais adaptados à sua região, principalmente em relação a potencial produtivo, estabilidade, resistência a doenças, adequação ao sistema de produção em uso e às condições de clima e solo.

Basicamente, não há diferença entre o cultivar de milho para a safra normal e para a safrinha, ou seja, não há uma característica específica que diferencia as plantas do milho safrinha.

Entretanto, dependendo da época de plantio dentro do período recomendado para a safrinha, o ciclo é uma característica importante a ser considerada na escolha dos híbridos.

Depois de escolhida a semente para minha região, qual a população (sementes por metro linear) que uso considerando as condições da minha área?

4. A importância do estande (população) das plantas 

A densidade de plantas, ou estande, definida como o número de plantas por unidade de área, tem papel importante no rendimento de uma lavoura de milho.

No Brasil, a população ideal para maximizar o rendimento de grão de milho varia de 30.000 a 90.000 plantas por hectare.

A densidade apropriada de plantas para cada situação é influenciada por alguns fatores, como por exemplo: híbrido de milho, disponibilidade hídrica e nível de fertilidade do solo.

determinantes produção ideal de milho

(Fonte: Italo Ricardo Sant Ana Gregorin)

A densidade de plantas influencia diretamente no número de espigas por área.

Para compreendermos a importância do número de espigas por área de plantio vamos simular duas lavouras: uma com 55.000 espigas/ha e outra com 60.000 espigas/ha.

exemplo numero de espigas

(Fonte: José Carlos Cazarotto Madaloz)

Neste exemplo, podemos ver que o aumento de 5.000 espigas/ha resultou em uma diferença de mais de 16 sacas/ha.

O desenvolvimento de novos híbridos com maior potencial produtivo, arquitetura moderna e a adoção de práticas de manejo intensas associadas ao plantio em espaçamento reduzido têm contribuído muito para plantios com altas taxas de população de plantas.

A-Importancia-Do-Estande-De-Plantas-Baixa-E-Elevada-Populacao-De-Plantas

(Fonte: Pioneer)

Esta prática tem se mostrado viável e rentável, alcançando altos níveis de produtividade.

No entanto, nem sempre alta densidade de plantas significa alta produtividade.

Em densidades muito altas, a competição entre as próprias plantas de milho pode afetar a produção.

Pesquisas indicam que o milho é sensível no quesito densidade, sobretudo, porque as plantas competem entre si. E embora o adensamento eleve o rendimento da lavoura, é preciso destacar que esse incremento na produtividade tem limite.

Assim, alguns pontos afetam na densidade ideal das plantas de milho na sua lavoura. A arquitetura da planta é um desses pontos e é também uma característica fundamental para acertar na semeadura do milho.

Banner de chamada para baixar o kit safrinha

5. Arquitetura da planta de milho

A arquitetura das plantas de milho interfere na qualidade e quantidade da luz que penetra no dossel (a parte aérea do milho, ou seja, as folhas) e, conseqüentemente, na resposta à densidade de plantas.

Você pode ver aqui como a tecnologia está ajudando a evoluir o agronegócio brasileiro, e o desenvolvimento de novos híbridos é um exemplo disso.

arquitetura da planta de milho

Comparação entre o milho selvagem (teosinto) e o milho atual

(Fonte: Nicolle Rager Fuller, National Science Foundation em Science Daily)

O desenvolvimento de híbridos com menor número de folhas, folhas mais eretas e menor área foliar, minimiza a competição entre plantas.

Por isso, esse tipo de híbrido pode ser semeado com menor espaçamento, resultando em maior densidade de plantas.

As folhas mais abertas, com ângulos da bainha maiores caracterizam as plantas de arquitetura espaçadas, que produzem melhor em espaçamentos maiores. Assim, a arquitetura do híbrido pode ser ereto, semi-ereto, aberto ou semi-aberto.

Devido a isso, fique atento ao híbrido escolhido e seu espaçamento ideal. A prática de semeadura deve ser bem feita com espaçamento uniforme, resultando em arquitetura homogênea.

arquitetura milho uniforme

(Fonte: Robson Fernando de Paula)

O ambiente também impõe forte influência na escolha do híbrido e sua arquitetura.

Por exemplo, em solos pobres, com problemas de drenagem ou mesmo em condições de falta de água não é recomendado altas densidades populacionais com híbridos de arquitetura ereta.

Você já sabe que a densidade, a arquitetura do híbrido e o espaçamento são intimamente ligados.

Desses, só falta você saber mais sobre o espaçamento. Vamos lá?

6. O espaçamento (entre linhas X entre plantas)

No Brasil é utilizado diferentes tipos de espaçamentos de milho.

espaçamento 40 e 80cm na cultura do milho

(Fonte: Itavor Nummer Filho & Carlos W. Hentschke)

Tradicionalmente tem-se implantado a cultura do milho com espaçamentos entrelinhas compreendidos entre 0,80 m e 1 m.

Porém, nos últimos anos, o interesse em cultivar o milho utilizando espaçamentos entre linhas reduzidos (0,45 a 0,60m) tem crescido devido ao já citado desenvolvimento de novos híbridos.

Hoje, muitos produtores usam espaçamento de 75 centímetros, sendo importante ressaltar que espaçamentos entre 0,45 cm e 0,50 cm são os mais utilizados por proporcionarem melhores condições para o desenvolvimento do milho, em algumas condições.

Entre as vantagens potenciais da utilização de espaçamentos mais estreitos, podem ser citados:

  • maior interceptação de luz solar – o principal fator;
  • melhor aproveitamento dos recursos disponíveis;
  • aumento da vantagem competitiva;
  • maior eficiência na utilização da água disponível;
  • aumento do rendimento de grãos, em função de uma distribuição mais equidistante de plantas na área;
espaçamento reduzido milho

(Fonte: Rural Pecuária)

  • aumento da eficiência de utilização de luz solar, água e nutrientes;
  • melhor controle de plantas daninhas, devido ao fechamento mais rápido dos espaços disponíveis;
  • diminuição da duração do período crítico das plantas daninhas;
  • redução da erosão, em consequência do efeito da cobertura antecipada da superfície do solo;
  • melhor qualidade de plantio, através da menor velocidade de rotação dos sistemas de distribuição de sementes; e
  • maximização da utilização de plantadoras, uma vez que diferentes culturas, como, por exemplo, milho e soja, poderão ser plantadas com o mesmo espaçamento, permitindo maior praticidade e ganho de tempo.
interceptação solar por plantas

(Fonte: Itavor Nummer Filho & Carlos W. Hentschke)

Cada híbrido de milho possui uma recomendação adequada.

Sabendo-se a condição da sua área, o produtor deve escolher qual híbrido e espaçamento mais adequado à sua situação.

Como já falei, a redução do espaçamento não implica necessariamente em aumento da produtividade.

Além da questão de competição entre plantas, o incremento da densidade de plantas por si só significa aumento da produtividade sob uma mesma tecnologia desde que este seja o maior gargalo técnico.

Se você quer saber quais podem ser os outros gargalos e como aumentar sua produtividade pode ver o artigo “Como produzir 211 sacas de milho por hectare com gestão agrícola”.

Agora vamos saber como estimar sua produtividade de milho:

7. Como estimar a produtividade da cultura do milho?

A combinação entre clima, solo e híbridos determina a produtividade do milho.

85% da produtividade é atribuída ao número de grãos, sendo que  é nesse quesito que o estande de plantas ideal, resultado de uma boa semeadura, pode contribuir para a produção.

A-Importancia-Do-Estande-De-Plantas-Componetes-De-Rendimento

(Fonte: José Carlos Cazarotto Madaloz)

A estimativa de produtividade é útil para que se tenha uma “ideia” de qual será o rendimento a nível de campo.

Sendo assim, o produtor pode se organizar com investimentos futuros, transporte, armazenagem e possíveis ações da lavoura que ainda será colhida.

Para se estimar produtividade de milho, utilizaremos o método mais simples e objetivo:

Passo 1: Colete algumas espigas da área desejada;

Passo 2: Calcule o peso médio de grãos de cada uma delas;

Passo 3: Saiba a população de plantas da área;

Passo 4: Multiplique o peso médio de grãos de cada espiga pelo número total de plantas encontradas no talhão. Exemplo:

estimativa de produção na cultura do milho

(Fonte: Tiago Hauagge)

Quanto maior for o número de espigas coletadas e avaliadas, menor será a margem de erro para a produtividade real no momento da colheita.

Banner de chamada para o download da planilha de controle de custos de safra

Conclusão

O arranjo de plantas recomendado difere de lavoura por lavoura, uma vez que se trabalha em regiões e condições diferentes, com variação nos níveis tecnológicos.

Desta forma, o arranjo ideal de plantas deve ser mensurado conforme a condição de implantação da cultura do milho e as finalidades do produtor.

Por isso, saiba a situação real da sua propriedade, aproveite as dicas e boa produção na cultura do milho!

>> Leia mais:

“Tudo o que você precisa saber para o manejo da mancha-branca do milho”

Ferrugem no milho: saiba como identificar e controlar

“Como manter a profundidade uniforme no plantio da soja e do milho e os impactos na produtividade da lavoura”

Gostou das dicas para a cultura do milho? Tem mais algum passo infalível que você faz e eu não citei aqui? Adoraria ver seu comentário! Escreva aqui embaixo!

Diminua seus custos com um planejamento agrícola bem feito

Você sabia que com um planejamento agrícola bem feito você pode gastar menos e ganhar mais?

Afinal de contas, quem não quer reduzir seus custos e aumentar sua rentabilidade. Até porque não existe árvore que dê dinheiro…

Para reduzir os custos da nossa casa, nós prestamos mais atenção no uso de energia elétrica, no uso da água e nas compras no supermercado. E tem o modo de economizar em cada um desses itens.

Para a energia elétrica, por exemplo, nós desligamos as luzes dos cômodos que não estão sendo usados, tomando banho mais rápido, etc.

Mas e na sua fazenda? Quais os itens a que você deve se atentar?

E qual o modo certo de economizar sem afetar a produtividade?

Ficou curioso? Então confira abaixo como fazer um planejamento agrícola.

Como o planejamento agrícola bem feito se relaciona com diminuição de custos?

Antes de tudo, você precisa saber que o planejamento estratégico da produção agrícola é a raiz de tudo isso.

O controle de custos é uma corrente para ter lucratividade.

Voltando ao exemplo da nossa casa, nela você sabe exatamente o que fazer e como fazer para diminuir os custos.

E o jeito de saber isso na sua propriedade é por um bom planejamento agrícola.

Quais são os principais itens que me fazem gastar mais?

Como fazer um estoque enxuto, mas que atenda às necessidades do campo?

A tudo isso, você vai encontrar a resposta quando fizer um planejamento bem feito.

Agora que você sabe a importância do planejamento agrícola bem feito, vamos aos principais itens que você deve se atentar e planejar corretamente para que no final do mês nada esteja vermelho na sua conta.

Diferença entre planejamento agrícola e tomada de decisão

Pegamos o exemplo anterior da sua casa.

Você tem todos os dados anotados, certo?

Conta de luz, conta de água, conta do gás, conta da TV por assinatura, telefone, celular, enfim. Agora você tem todas as contas e sabe o quanto você vai ter que ganhar por mês para pagá-las.

Imaginemos que suas contas foram mais altas do que você recebeu no fim do mês.

Diante destes dados, agora você tem que tomar uma decisão. Continuo com minhas contas a pagar no vermelho ou irei otimizar para gastar menos e sobrar mais dinheiro no final do mês?

No planejamento agrícola é a mesma coisa. A administração rural é o planejamento das atividades agropecuárias.

Depois que você planeja o que irá fazer na sua lavoura, você tem dados e informações para tomar decisão.

Irei plantar em todos os talhões? Se sim, quanto tenho que investir na compra de insumos e defensivos?

Irá acontecer algum extremo climático na semeadura? Se sim, você tem que tomar decisões para minimizar riscos.

Enfim, dentro do planejamento agrícola irá acontecer centenas de tomadas de decisões o tempo todo.

Diminua seus custos com planejamento e dimensionamento de conjuntos mecanizados agrícolas

R$ 294,6 milhões é o aumento estimado com gastos de combustíveis no estado de Mato Grosso, segundo o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) na comparação com 2016.

maquinário agrícola

(Fonte: RD News)

Na porteira para dentro, no uso em máquinas agrícolas, o custo com diesel arcado pelos produtores rurais é estimado em R$ 105,8 milhões a mais que em 2016.

Devido a isso, planejar as paradas, pontos de manobra e rotas mais curtas é essencial.

Para isso, você terá que observar e estudar o mapa da sua propriedade.

Veja onde estão os talhões e carreadores e onde é o local de reabastecimento (para combustíveis, insumos e água).

Você deve se atentar especialmente ao tamanho dos talhões e à distância até o local de reabastecimento.

Essas verificações, juntamente com a eficiência de combustível no trator, a dose do fertilizante e o volume de calda dos defensivos são fundamentais para que você reduza os custos com combustível.

Por exemplo, no caso de uma aplicação de um defensivo recomendado para 200 litros por hectare com a capacidade de tanque de aplicação de 2000 litros, você só precisa dividir 2.000L por 200L/ha.

Então você saberá que pode fazer 10 hectares para depois reabastecer de água e defensivo.

planejamento agrícola bem feito e tomada de decisão no maquinário

Com alguns cálculos simples e conhecimento da sua área você pode planejar as rotas mais curtas e eficientes dentro da sua propriedade.

Também é importante fazer a manutenção antes e depois das operações, evitando falhas no funcionamento que podem causar quebras e prejuízos.

Regular os implementos agrícolas também é fundamental para evitar desperdícios de insumos e assim reduzir custos.

Por exemplo, a sobreposição excessiva na pulverização pode aumentar significativamente os gastos com produtos na lavoura, e pode ser minimizado ou resolvido com a correta regulação.

>> O que você precisa saber sobre regulagem e manutenção de implementos agrícolas

pulverização mecanizada nas lavouras do brasil

(Fonte: Cooperfarms)

Falando em insumos, esse é o assunto dos próximos tópicos.

Diminua seus custos envolvendo sementes

Além de uma boa semeadura ser o primeiro passo para altas produtividades, semente de baixa qualidade pode dobrar o custo de semeadura.

Por isso, é fundamental planejar e pesquisar antes da safra começar.

Você vai precisar planejar anteriormente:

  • Qual semente? Escolha de cultivares de soja, milho e feijão;
  • Qual espaçamento? Espaçamento para milho, soja e feijão;
  • Como calcular quantidade de semente a ser utilizada?

Pesquisando tudo isso anteriormente você pode buscar sementes de alta qualidade.

E sabendo a quantidade correta não terá sobra nem falta desse insumo na sua fazenda.

Tão importante quanto à semeadura, são os defensivos e fertilizantes que ajudarão a sua semente se tornar uma planta que produza muito!

planilha para planejamento da safra de soja Aegro

Diminua seus custos envolvendo defensivos e fertilizantes

Sempre acaba faltando ou sobrando defensivos e fertilizantes na sua propriedade?

Essa é uma das principais formas de gastos desnecessários das propriedades.

Para comprar defensivos e fertilizantes sem errar (na quantidade ou na formulação) é preciso saber o que existe na sua lavoura, tanto em pragas (insetos, plantas daninhas e doenças) quanto em nutrientes no solo.

Históricos das safras passadas e monitoramento adequado são essenciais para isso.

Se você ainda não se atentou para o gasto com adubação, pense de novo!

39% dos custos das lavouras no Brasil é com fertilizantes, quase o dobro do que os EUA gasta e até quatro vezes mais do que a Argentina.

Demanda de fertilizantes por cultura

(Fonte: INTL FCStone em TradeCorp)

A adubação das fazendas é exemplo típico de como a tecnologia ajuda os produtores a cortar despesas e gerar mais lucro.

Isso porque a tecnologia de agricultura de precisão permite a visualização de manchas de solo e resulta em mapas mostrando onde é preciso mais e menos de nutrientes.

Fazendo com que a aplicação de taxa variável seja mais eficiente e econômica.

>> Como conseguir mais nutrientes para sua lavoura com adubação verde

No caso dos defensivos, essa eficiência e economia passam pelo manejo integrado.

Com a utilização do MIP (Manejo Integrado de Pragas e Doenças) foi constatada uma redução de 45% na aplicação de fungicidas em soja na safra 2016/2017 e 50%  na aplicação de inseticidas na safra 2015/16.

O monitoramento é uma das bases do MIP.

Manejo Integrado de Pragas (MIP)

(Fonte: Embrapa)

O método de amostragem mais utilizado para monitoramento de insetos de um modo geral é o pano-de-batida.

Confira como o produtor de soja Fernando economizou pelo menos 5% em custos da safra com gestão tecnológica da fazenda, acesse aqui.

Veja como fazer o passo-a-passo desse método para cultura da soja (é adaptável para qualquer cultura):

1. Coloque um pano branco preso em duas varas e com 1 a 1,4m de comprimento estendido entre duas fileiras de soja;

2. As plantas de um lado das linhas devem ser sacudidas vigorosamente sobre o pano;

Pano de batida etapa 1 e 2

(Fonte: Embrapa)

3. Verifique os insetos (adultos e formas jovens) que caírem sobre o pano

4. Esses insetos devem ser contados e anotados numa ficha de amostragem que podem ser elaboradas de várias maneiras;

Pano de batida 3 e 4

(Fonte: Embrapa)

5. O exame de plantas, principalmente das hastes, dos pecíolos, dos ponteiros e das vagens, complementa a amostragem com o pano-de-batida.

Esse procedimento é o equivalente a uma amostragem.

Recomenda-se, no mínimo, seis amostragens para lavouras de até 10 ha, oito para lavouras de até 30 ha e 10 para lavouras de até 100 ha.

Para propriedades maiores recomenda-se a divisão por talhões de 100 ha.

Isso deve ser repetido semanalmente nas épocas críticas das pragas.

Ficha MIP Soja

(Fonte: Embrapa)

Assim, o controle de insetos é feito apenas quando os níveis críticos de dano (níveis de ação de controle) forem atingidos.

Ou, se você já possui um smartphone, você pode baixar nosso aplicativo gratuito e anotar seus dados sem medo de perdê-los.

Você pode baixar o aplicativo na versão android aqui.

Ou versão para iphone aqui.

Você pode ver os níveis de ação de controle na própria ficha disponibilizada pela Embrapa que é detalhada por espécie.

Caso a espécie da sua lavoura não apareça na ficha, você pode usar essa tabela, mais geral:

Nível de Ação de Controle Soja

Níveis de ação de controle para as principais pragas da soja.

(Fonte: Embrapa)

Aplicando inseticidas somente quando é necessário, você diminui seus gastos e, de quebra, ajuda a combater a resistência de insetos aos defensivos.

>> Cuidados que você deve ter para evitar deficiência de potássio na Soja

Conclusão

Um planejamento agrícola bem feito permite o controle das suas atividades agrícolas e só assim você consegue evitar gastos desnecessários.

O maquinário agrícola, sementes, defensivos e fertilizantes são decisivos para a diminuição de custos e aqui você aprendeu a como fazer isso!

É mais controle da lavoura, e claro, dinheiro no bolso!

>> Leia mais: “6 passos para fazer o planejamento financeiro da sua fazenda com sucesso

Tem mais dicas de como diminuir os custos ou você já conseguiu evitar desperdícios com alguma dica que citei? Adoraria ler sua opinião! Deixe seu comentário aqui embaixo.

Planejamento agrícola: 6 mandamentos que você deveria seguir

Planejamento agrícola ou rural é a atividade que vai determinar as estratégias que você precisa ter para alcançar mais produtividade, reduzir custos e manter a sustentabilidade do seu negócio rural.

Sem planejamento não existe condição para lucro. É dessa forma que você aumenta a rentabilidade e a sustentabilidade da fazenda (aquilo que permite continuar sua atividade agrícola).

É assim também que é possível se preparar para eventos adversos, como clima, venda do produto agrícola, aumento do valor de defensivos, entre outros.

Com isso a tomada de decisão é consciente e muito mais fácil de ser realizada.

Para aprender os 6 mandamentos do (bom) planejamento agrícola e assim atingir seus objetivos continue lendo.

E para um bom planejamento primeiramente precisamos de dados, sendo esse o primeiro mandamento:

1.Colete e anote os dados do seu planejamento agrícola

Os registros, as anotações e os dados são o que permitem que o dono ou gerente da fazenda use melhor suas experiências e conhecimentos.

Não entendeu muito bem? Pois aí vai um exemplo prático do livro de Nguyen H. Tung (Planejamento e Controle Financeiro das Empresas Agropecuárias):

Planejamento e Controle Financeiro das Empresas Agropecuárias

No caso do gado de leite, ao obter os dados de consumo de ração sabe-se a conversão alimentar (quanto de alimento é preciso para resultar em quantos litros de leite).

Assim se o pasto estiver bem manejado e verificar que os dados das chuvas estão acima do normal, se pode reduzir quantidade adequada de ração sem diminuir a quantidade de leite produzida.

Do mesmo modo, em produção de soja, por exemplo, sabendo-se o nível de infestação do percevejo-marrom nos anos anteriores e sendo o nível menor nessa safra é possível diminuir o número de aplicações de inseticidas sem diminuir a produtividade.

Por isso é essencial coletar os dados de infestação de insetos, doenças, plantas daninhas; preços pagos por insumos e defensivos; quantidade de mão-de-obra e seus custos; custos de maquinários e horas de trabalho; entre tantos outros.

Já que falamos sobre insetos na soja, você poder ver aqui o Manual de identificação de insetos e outros invertebrados da cultura da soja, que vai te ajudar a identificar e fazer a coleta correta dos dados.

Banner de chamada para portal de consultores agrícolas

 2. Informe-se para embasar o planejamento agrícola

Produzir commodities (como são os produtos agrícolas) é produzir pensando no mercado, porque é nele que serão vendidos os produtos e é ele que define o preço.  

Então você tem estar atento para as tendências do mercado: se informe participando de eventos, em sites de notícia, sites financeiros, revistas agropecuárias, e blogs como esse, entre outros.

Só não vale mesmo ir na conversa do vizinho, hein?! Procure informação em lugares reconhecidos e respeitados.

O site do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) é um deles.

Cepea página inicial

Clicando em “Custos e Gestão” (círculo verde na figura acima) temos a estimativa dos custos de produção que são posteriormente, comparados aos preços de venda da produção.

Assim você pode monitorar com segurança como será sua rentabilidade de acordo com seu produto agrícola. É só clicar no “Agrícolas” ou “Pecuários” de acordo com o que você produz.

Cepea página custos e gestão

Para produtos agrícolas, por exemplo, é possível ver os relatórios de soja, milho algodão e trigo.

Clicando em “Agrícolas” selecione o ano e mês de publicação para acessar o relatório.

cepea planejamento agrícola e tomada de decisão

No caso, eu selecionei o último relatório publicado.

Cepea custos trimestrais- Grãos

Então, se você é produtor de soja já sabe que corre risco de prejuízo nessa safra e pode agir para mudar esse cenário no seu negócio.

Atento para o mercado e com informações valiosas é preciso agora direcionar o seu planejamento, que é o nosso terceiro mandamento.

3. Direcione o planejamento agrícola

São 4 perguntas que se deve fazer nesse mandamento e que direcionam adequadamente o planejamento estratégico da produção agrícola: o que, como, quanto e quando.

  • O que? Defina a combinação de produtos que será produzida e a área a ser destinada para cada cultura, sempre tendo em mente as informações e tendências do mercado para que as culturas sejam as mais rentáveis possíveis;
  • Como? Plantio direto ou não, como adubar e corrigir a área, com ou sem irrigação, com ou sem financiamento, com ou sem seguro, etc. Lembre-se de buscar a combinação de recursos que resulte em menos custos na gestão agrícola e maior rentabilidade;

Veja aqui também como fazer o planejamento agrícola na semeadura na cultura do milho.

  • Quanto?  Aqui entramos no conceito de mercado e economia. Às vezes é melhor estocar o produto, mas em outros momentos o mais rentável é produzir apenas o que a demanda pede.  A definição do “quanto” também envolve o sistema de produção (fertilidade do solo, defensivos, mão-de-obra, etc.), pois tudo isso influencia diretamente na produtividade da lavoura.
  • Quando? Isso vai depender da expectativa de preços de compra de insumos e preços de vendas do produto agrícola final, respeitando a legislação de vazio sanitário e também levando em consideração o Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC).
Calendário Vazio Sanitário Soja para planejamento agrícola

Períodos de vazio sanitário da soja no Brasil em 2017

(Fonte: Embrapa)

4. Faça o planejamento financeiro

Observado as finanças é possível mudar a estratégia quando surgir uma oportunidade, ou mesmo um imprevisto inconveniente.

Explicamos como fazer as finanças básicas nesse artigo.

Registrar despesas e lucros abre o caminho para refletir se essas estão conforme o planejado ou se é preciso modificar alguma coisa para melhorar o controle financeiro da fazenda.

Se você ainda não faz esses registros saiba que não está sozinho, 4 em cada 10 brasileiros não controlam os gastos.

Assim, controlar os gastos verificando seus registros pode ser o principal diferencial do seu negócio agrícola e o que resultará em maior rendimento no final da safra.

5. Faça o planejamento agrícola

Com todas essas informações é hora de você colocar a mão na massa, ou melhor, na terra.

Os dados sobre a fazenda em si, sobre as finanças e as informações do mercado são a base para as ações do planejamento agrícola.

Para fazer essa gestão acontecer segue algumas dicas:

É importante não produzir só uma cultura, pois diferentes produtos agrícolas possuem diferentes comportamentos no mercado, e assim, a chance de dois ou mais produtos resultarem em prejuízo financeiro é menor;

E assim chegamos ao ultimo mandamento:

6. Seja meticuloso e monitore seu planejamento

Após a safra reveja seus registros e seu planejamento.

Converse de novo com seu pessoal e reúna informações e experiências do que deu e do que não deu certo.

O que deu certo continue a fazer, o que não deu resultado repense e melhore os processos.

Desse jeito você saberá exatamente onde melhorar e cada safra irá se aperfeiçoar mais e mais.

Conclusão

O planejamento agrícola ou rural é simplesmente a sequência de ações que você deve fazer…

…antes da safra para se preparar adequadamente a ela;

…durante a safra, seguindo o planejado ou e modificando conforme as situações;

…e após a safra, verificando o que deu certo e o que deu errado.

Dessa forma, na próxima safra seu planejamento seja ainda melhor e dê ainda mais resultados!

>> Leia mais: “Como negociar preços mesmo sendo pequeno produtor através da gestão de fazendas”

Gostou do texto? Tem mais recomendações sobre o planejamento agrícola? Ou  Você tem outro mandamento que segue à risca diferente dos que eu mencionei? Adoraria ver seu comentário abaixo.

Foto capa: Photo by Frank Köhntopp on Unsplash