Entenda porque você precisa saber sobre a CTC do seu solo

CTC do Solo: Confira o que você precisa entender e fazer para melhorar a fertilidade do solo.

Em geral, seja por uma razão ou outra, nós não entendemos profundamente nosso solo e suas relações com as culturas.

Desse modo, sempre contamos com os outros para nos dar uma “solução”, acreditando que isso que resultará em melhores colheitas.

A CTC do solo é um dos conceitos mais importantes para que comecemos a compreender nosso solo e sistema de produção.

A capacidade de troca catiônica (CTC) influência na estabilidade do solo, disponibilidade de nutrientes, o pH do solo e a reação do solo com fertilizantes e outros.

Entenda mais sobre a CTC do solo neste artigo, além de conhecer práticas efetivas para melhorar o solo e, consequentemente, a produtividade da sua área!

O que é CTC do solo

CTC do solo é a sigla para Capacidade de Troca Catiônica e expressa a quantidade de cargas negativas que o solo possui. Ela é uma medida da capacidade de trocas e da quantidade de cátions como Ca²+(cálcio), Mg²+(magnésio) e K+ (potássio) que o solo pode reter sob determinadas condições.

E como o solo mantém esses cátions no solo?

Pois bem, as partículas de solo, especialmente a argila ou matéria orgânica, possuem em sua superfície diversas cargas negativas.

Como os opostos se atraem, as cargas positivas (como cátions) se ligam à essas partículas.

Exemplos de cátions são: Ca²+, Mg²+ e K+. Repare que aqui temos justamente alguns nutrientes para plantas.

Portanto, a CTC refere-se à quantidade de cargas negativas que o solo possui.

Os nutrientes ligados (adsorvidos) pelas partículas de solo podem ficar disponíveis para as plantas e também não são facilmente carregados pelas águas das chuvas.

Além disso, esses cátions que são mantidos na argila ou partículas orgânicas podem ser substituídos por outros cátions e, portanto, são chamados de trocáveis.

Por exemplo, o potássio pode ser substituído por cátions como cálcio ou hidrogênio.

Você pode ver abaixo como ocorre as trocas de cátions para que a planta absorva os nutrientes do solo.

ctc-solo-nutrientes

(Fonte: McMilan  adaptado e traduzido por Aegro)

Repare que na etapa 3 os cátions podem ser liberados na solução do solo, onde as plantas podem absorver mais facilmente os nutrientes.

Outra possibilidade é que a raiz troque um H+ por algum cátion, sendo uma troca ativa, ou seja, a planta gastou energia para absorver esse nutriente.

No entanto isso não ocorre sempre, o mais comum é  a liberação para solução do solo e ali ocorrerá a absorção de nutrientes pela planta.

Essas trocas não ocorrem somente pela absorção nutrientes, sendo muito fatores envolvidos para que elas ocorram.

Desse modo, manejando o solo e CTC você pode melhorar sua fertilidade.

Mas antes de conhecer esses fatores precisamos entender mais sobre os diferentes tipos de CTC do solo.

Os tipos de CTC do solo

1. CTC Permanente

Esta CTC é chamada permanente, porque não varia com o pH, é resultado da substituição de elementos na estrutura das partículas de solo (substituição isomórfica).

Essa CTC ocorre nos solos menos desenvolvidos, predominante nas regiões temperadas, o que não é o nosso caso.

2. CTC Variável

Este tipo de CTC é chamado de CTC variável, porque o número e cargas elétricas pode aumentar ou diminuir em função do pH do solo.

Esse é o principal tipo de CTC que temos em nossos solos tropicais.

ctc do solo

(Fonte: Grain SA traduzido por Aegro)

Além desses dois tipos principais, a CTC do solo também pode classificada em CTC a pH 7 e CTC efetiva, ambas disponíveis em análises do solo:

>> Tudo que você precisa saber para acertar na escolha do laboratório de análise de solo

>> O guia da interpretação de análise de solo

CTC a pH 7

É a quantidade de cátions ligados ao solo (adsorvidos) quando o pH é igual a 7.

CTC efetiva

A CTC efetiva é obtida da soma dos cátions que efetivamente podem ser trocados.

Os cátions que são somados são: Ca2+, Mg2+,
K+ e Al3+. Não inclui, portanto, o H+ que compartilha elétrons com as cargas do solo.

Agora, podemos verificar os fatores que interferem na CTC e começar a entender como podemos modificá-lo para melhorar nosso solo:

Fatores que afetam a Capacidade de Troca Catiônica

Muitas condições do solo têm influência sobre a CTC, dentre as quais:

  • pH do solo;
  • Natureza dos cátions trocáveis;
  • Concentração dos cátions na solução do solo;
  • Natureza da fase sólida do solo.

O efeito do pH se verifica, principalmente, sobre as cargas dependentes de pH, que são as principais nos solos brasileiros, como já discutimos.

Desse modo, temos:

ctc do solo

A natureza dos cátions afeta a preferência de troca no solo dependendo da sua densidade de carga (relação entre a carga do íon e seu raio).

Os cátions com maior densidade de carga são mais retidos no solo. Por isso, os cátions polivalentes são geralmente mais fortemente retidos no solo.

Assim, temos uma seqüência de preferencialidade de troca de cátions considerando apenas os nutrientes de plantas:

K+ < Mg²+ < Ca²+

A concentração dos cátions na solução do solo também afeta a preferencialidade de troca.

Assim, à medida que se dilui a solução, com menos cátions por volume de água no solo, há aumento na preferencialidade de troca pelos cátions de menor densidade de carga, como o Na+.

A natureza do solo também influi, sendo que já vimos que solos tropicais como os nossos possuem basicamente CTC variável.

Por consequência, a matéria orgânica apresenta a maior participação no valor da CTC.

composição-solo

(Fonte: David Prado Alencar em Ciências naturais)

Como manejar a CTC do solo e aumentar sua fertilidade?

A CTC determina como o seu solo deve ser gerenciado.

Lembrando que, em geral, quanto maior a CTC do solo, melhor será sua fertilidade.

Isso porque é maior a quantidade de cátions, como cálcio, magnésio, potássio, nutrientes essenciais para as plantas.

Abaixo podemos ver a classificação da CTC do solo e as principais relações dos solos com CTC baixa e alta:

CTC-ph-7.classificacao

(Fonte: Na sala com Gismonti)

ctc-relações

(Fonte: Gisele Santos em Constituição do solo)

Um dos benefícios da calagem dos solos ácidos, como os brasileiros, é o aumento da CTC do solo.

>> Gessagem: Tudo o que você precisa saber sobre está prática agrícola

>> Como fazer calagem e gessagem nas culturas de soja, milho e pastagem

Eis o motivo: à medida que o pH aumenta, o H+ ligado à partícula do solo é neutralizado pela calagem, e o local que ocupava é liberado, resultando em uma carga negativa.

Nessa carga então, podem se ligar os nutrientes cálcio, magnésio, etc.

Por isso também, os solos com maior CTC têm menor lixiviação de nutrientes e quando a planta absorve a água, com ela vem junto o nutriente.

lixiviação-ctc

À esquerda solo com baixa CTC; à direita solo com alto valor de CTC
(Fonte: Fresh Grow)

Além disso, o método de adubação também pode ser influenciado pela CTC, assim como pode melhorá-la.

>> O que você precisa saber sobre as diferenças entre calagem e gessagem

Um solo com baixa CTC normalmente tem uma baixa matéria orgânica e conteúdo de argila, retém menos água.

Assim, é necessário mais calcário e fertilizantes, sendo mais sujeito a lixiviação.

Geralmente, os solos com baixa CTC apresentam menores rendimentos, mas um bom manejo ainda pode resultar em uma colheita bem sucedida.

>> Veja (de uma vez por todas) como fazer fosfatagem na sua fazenda

Influência da matéria orgânica na CTC do solo

A matéria orgânica do solo é constituída por compostos de carbono originados a partir da decomposição de resíduos vegetais e animais.

Além de ser fonte de nutrientes, a matéria orgânica do solo (M.O.S.) apresenta cargas de superfície que contribuem para o aumento da capacidade de troca de cátions (CTC) do solo.

ctc-alta-baixa

(Fonte: Pedologia Fácil)

Devido a sua alta reatividade, a M.O.S. regula a disponibilidade de vários nutrientes.

Essa regulagem é principalmente dos micronutrientes e elementos potencialmente tóxicos como Al3+ e Mn2+, e metais pesados.

Nos ambientes tropicais, a matéria orgânica do solo tem importância elevada, já que a argila dos nossos solos só possuem CTC variável.

A M.O.S. é amplamente reconhecida por seus efeitos benéficos aos solos devido a melhor agregação e retenção de água, maior CTC e disponibilidade de nutrientes.

Um manejo de solo com adubação verde, culturas de coberturas, plantio direto ou até cultivo mínimo colaboram com algum aumento ou manutenção da M.O.S. do solo.

>> Vantagens e desvantagens de fazer adubação verde em sua propriedade

Apesar das análises de solo trazerem os valores de CTC, você pode calculá-las facilmente:

Como calcular a CTC do seu solo?

Como citei anteriormente, a CTC do solo possui diferentes tipos, dessa forma, preste bastante atenção na composição do seu solo porque cada tipo de CTC possui um cálculo distinto.

1. CTC efetiva

Ou efetiva que corresponde a soma de bases (SB) incluindo o cálcio, magnésio, potássio e sódio; mais o alumínio, ou seja CTC efetiva = SB + Al

Essa CTC efetiva é utilizada no cálculo da retenção de cátions (RC) como um dos critérios para saber se o solo é ácrico (baixa CTC efetiva) ou não ácrico (média ou alta CTC efetiva).

2. CTC a pH 7

Corresponde a soma de bases (SB) + Al + H no pH 7

A CTC a pH 7 é utilizada para
calcular a dose de calcário.

Conclusão

O conhecimento do seu solo passa pelo entendimento da CTC, demonstrando como você pode manejar melhor o seu solo.

Se atente para os valores de CTC e procure aumentar esses valores pela correta calagem e manejo conservacionista do solo.

Com todas essas informações faça seu planejamento agrícola e tenha produtividades ainda mais altas!

Gostou do texto? Tem mais dicas sobre a CTC do solo? Como você faz o planejamento agrícola do seu solo hoje? Adoraria ver seu comentário abaixo!

Veja como fazer na fazenda a fosfatagem na fazenda

Veja agora como fazer fosfatagem na sua fazenda com estas dicas.

O fósforo é considerado o nutriente que dá a maior limitação nutricional na agricultura tropical, como no Brasil.

Isso porque nossos solos contam com pouco fósforo e, ao aplicar no solo, temos baixa eficiência de aproveitamento pelas plantas

Estima-se que apenas 15 a 25% do fósforo aplicado é aproveitado pela lavoura.

Neste artigo você poderá saber mais sobre a dinâmica do fósforo no solo e como aplicar esse conhecimento na lavoura.

>> Tudo o que você precisa saber sobre cálculo de calagem (+calcário líquido)

Veja também aqui como otimizar o manejo desse nutriente na sua propriedade! Confira:

rendimento-grãos-fósforo

(Fonte: Sousa et al. (2016) em Embrapa)

Entenda a importância da fosfatagem para os solos brasileiros

Os solos tropicais são aqueles antigos, que já passaram por alto intemperismo.

Ou seja, em áreas tropicais ocorrem altas temperaturas e alta frequência de chuvas, acelerando os processos de formação de solo, o chamado intemperismo.

É por causa disso, do alto intemperismo, que temos solos no Brasil com baixa fertilidade e ricos em óxido de ferro e alumínio.

Assim temos solos com baixíssimos teores de fósforo, e quando aplicamos algum fertilizante fosfatado os óxidos de ferro e alumínio se ligam ao fósforo, formando compostos que a planta não consegue absorver.

Desse modo as adubações são ineficientes e você perde dinheiro ao invés de ganhar produtividade.

A fosfatagem é a prática que fazemos para que isso não ocorra.

Com os cálculos corretos, que você verá ao longo do texto como fazer, sabemos a dose ideal para que o fósforo do solo fique disponível para as plantas.

>> Curiosidades sobre calagem em 5 casos especiais

Mas afinal, o que é fosfatagem?

Fosfatagem é a técnica de correção de fósforo do solo com aplicação via fertilizantes minerais, sendo os mesmos incorporados ou não no perfil do solo.

Essa é uma prática que tem como objetivo a elevação da disponibilidade de fósforo do solo para níveis adequados.

No Cerrado por exemplo, consideramos os seguintes níveis de fósforo:

níveis-fósforo-cerrado

Interpretação da análise de fósforo no Cerrado pelos métodos da resina trocadora de íons e Mehlich-1 para culturas anuais em geral, com base em amostras de solo coletadas na camada de 0 cm a 20 cm

(Fonte: Sousa et al. (2004) em Embrapa)

Abaixo você também pode conferir os diferentes níveis de fósforo para a cultura de arroz:

níveis-fósforo-arroz

(Fonte: Sousa et al. em Campos & Negócios)

Agora que você viu a importância da fosfatagem para os cultivos no Brasil, vamos entender mais sobre cada forma em que o fósforo pode estar no solo:

>> Como fazer calagem e gessagem nas culturas de soja, milho e pastagem

Cálculo da fosfatagem

Para começar o cálculo temos que ter em mente que para aumentar 1mg/dm³ de P precisamos colocar no solo, em média, 10 Kg/ha de P2O5.

Dentro desse contexto e considerando os diferentes solos do Brasil temos alguns métodos e recomendações de fosfatagem.

>> Como fazer manejo de fósforo para aumentar a produção de cana

Recomendação de fosfatagem por Vitti e Mazza

Os autores Vitti e Mazza fizeram uma recomendação de fosfatagem para quando a análise de solo para quantificação de fósforo for por resina.

Assim, eles recomendam a fosfatagem quando:

  • CTC menor que 60 mmolc/dm³ (6 cmolc/dm-3 ) ou
  • Argila menor que 30% e P resina menor ou igual 15 mg/dm3

Sendo indicado a adição de 5 kg de P2O5 a cada 1% de argila.

Para exemplificar, considere o seguinte solo:

CTC =  4 cmolc/dm³ ;

Argila = 45%;

P resina = 20mg/dm³

Assim, devemos fazer a fosfatagem porque, embora o P resina seja maior que 20 mg/dm³, a CTC é menor que 6 cmolc/dm³.

Além disso, a dose de P2O5 seguindo esse método seria de 45% de argila x 5 Kg de P2O5 =  225 Kg de P2O5/ha.

Recomendação de fosfatagem por Souza e Lobato

Para análise de solo pelo método Mehlich, Souza e Lobato indicam:

metodo-calculo-fosfatagem-souza-lobato

(Fonte: Souza e Lobato em Vitti et al. 2014)

Cálculo da fosfatagem por Sousa et al. 2006 (para região do Cerrado e culturas anuais)

Os autores Sousa et al. criaram um método de cálculo de fosfatagem para a região do Cerrado e, especialmente, para culturas anuais, como soja e milho.

Esse método é baseado na capacidade tampão de fósforo do solo (CTP).

Ou seja, é a dose de P2O5 que precisamos colocar no solo para elevar em 1 mg/dm³ o teor de P na camada amostrada de 0 cm a 20 cm do solo.

Esse valor de CTP varia com a textura do solo e a extração de fósforo na análise de solo, como mostra a tabela abaixo:

tabela-fosforo-culturas-anuais-cerrado

(Fonte: Sousa et al. (2006) em Embrapa)

Lembrando que o valor de fósforo desejado para que você atinja 80% do potencial da cultura você pode verificar à esquerda na tabela acima.

Como por exemplo, se eu tenho um solo com 55% de argila, minha análise de solo deve mostrar 8 mg/dm³ de P pelo método Mehlich-1 ou 15 mg/dm³ pelo método de resina.

Note que a análise de solo pelo método Mehlich-1 é mais detalhado e pode mostrar maiores diferenças nas doses de P.

>> Como conseguir mais nutrientes para sua lavoura com adubação verde

Com sua análise de solo em mãos e após verificar a tabela acima, é só colocar os valores na fórmula:

Dose de P (kg/ha de P2O5) = (Teor desejado de P mg/dm³ – Teor atual de P mg/dm³) x CTP

Vamos para um exemplo considerando o seguinte solo:

  • 57% de argila;
  • Análise do solo pelo método resina : 8 mg/dm³
  • Análise do solo pelo método Mehlich-1: 5 mg/dm³

Aplicando a fórmula:

Análise de solo pelo método Resina

O valor de fósforo desejado é de 15 mg/dm³ e a CTP de 16 conforme vimos na tabela, portanto:

Dose de P (kg/ha de P2O5) = (15 – 8) x 16 = 112 Kg/ha de P2O5

Análise de solo pelo método Melich-1

O valor de fósforo desejado é de 7 mg/dm³ e a CTP de 37 conforme vimos na tabela, portanto:

Dose de P (kg/ha de P2O5) = (7-4) x 37 = 111Kg/ha de P2O5

Esse método é mais exato do que o uso de tabelas.

>> Como fazer amostragem de solo com estes 3 métodos diferentes

Dessa maneira, os autores criaram outras fórmulas para o cálculo de fosfatagem para culturas anuais no Cerrado como veremos a seguir:

Cálculo da fosfatagem por Sousa et al. 2016 (para região do Cerrado e culturas anuais)

Também podemos fazer o cálculo para culturas anuais e no Cerrado por meio das equações abaixo.

Mas atenção, pois essas fórmulas só são válidas para solos com teores de argila de até 70%!

Metodo-cerrado-anual

(Fonte: Sousa et al. 2016 em Embrapa)

Cálculo do custo da fosfatagem

Devemos considerar no custo do adubo também o frete até a entrega na propriedade.

Assim, temos a fórmula:

P2O5 (R$/kg) = Custo da tonelada de produto na propriedade / Teor de P2O5 na tonelada

Para saber o custo da tonelada você deverá orçar na sua região.

O teor de P2O5 por tonelada  você pode verificar quando fizer o orçamento, sendo que aqui temos os valores para o Supertriplo e Supersimples:

Supertriplo : Em 1 tonelada há 420 kg de P2O5.

Supersimples: Em 1 tonelada há 180 kg de P2O5.

Vamos para um exemplo:

Preço do Supertriplo na propriedade= R$ 1340 por tonelada

P2O5 (R$/kg) do Supertriplo= 1340 / 420 = R$ 3,19/ Kg de P2O5

Preço do Supersimples na propriedade= R$ 1150 por tonelada

P2O5 (R$/kg) do Supersimples = 1150 / 180 = R$ 14,375/ Kg de P2O5

Dessa forma, mesmo que o Supersimples pareça mais barato, na verdade o que compensa mais nesse caso é o Supertriplo.

Mas para saber qual foi o seu custo total  da fosfatagem você precisa levar em conta as despesas do maquinário e dos operadores.

Além disso, é importante saber qual foi o custo do fertilizante por hectare para observar o quanto essa prática foi rentável

Você pode contabilizar esses custos em papéis ou planilhas, porém fica muito mais fácil e prático por meio de um software agrícola:

custo-realizado-gestão-rural

Agora vamos conhecer as principais formas de fósforo no solo e suas relações com a fosfatagem:

>> Guia para iniciantes sobre Agricultura de Precisão (AP)

Fosfatagem e as formas do fósforo no solo

Fósforo fixado

Essa é a forma que mais se ouve falar quando estamos conversando sobre o fósforo.

E não é pra menos, é essa a forma de fósforo que está combinada com outros elementos, especialmente ferro e alumínio, não podendo ser absorvidos pelas plantas.

Podemos manejar a fixação aplicando mais fósforo do que o solo em questão pode fixar, permitindo que sobre nutriente para as plantas absorverem.

É possível também aplicar o fósforo bem próximo à planta (como no sulco de semeadura).

Ou ainda podemos fazer a adubação em momentos críticos da cultura, assim ela pode absorver o fósforo antes que ele seja fixado.

Lembrando que a quantidade de fósforo fixado depende das características do solo, sendo que quanto mais óxido de ferro e alumínio ele possuir, maior será a fixação.

Além disso, a reação com as argilas, principalmente aquelas com relação 1:1 de sílica:alumínio, como as caulinitas, é outra maneira de fixação do fósforo.


Fósforo imobilizado

O fósforo imobilizado é aquele na forma orgânica, também não assimilável pelas plantas.

No entanto, com a mineralização da matéria orgânica ele pode se tornar disponível no solo.


Fósforo adsorvido

É quando o fósforo está ligado aos colóides (partículas) do solo, podendo ser disponível para as plantas por meio de trocas com as raízes.

Fósforo assimilável

A forma assimilável é o fósforo diluído na solução do solo, sendo facilmente absorvido pela lavoura.

Fósforo disponível

Como acabamos de ver, o fósforo disponível é a soma do fósforo adsorvido e o fósforo assimilável.

Importância do fósforo na planta

O fósforo atua no armazenamento e fornecimento de energia, além de fazer parte da fotossíntese e respiração.

Esse nutriente ainda estimula o crescimento da planta, estimulando também a nodulação de raízes e eficiência da fixação biológica de nitrogênio no caso de leguminosas.

Ao contrário do que ocorre no solo, na planta o fósforo é muito móvel.

É por isso que em caso de deficiência o fósforo move-se dos tecidos velhos para os mais novos, sendo a deficiência visualizada nas folhas mais velhas das plantas.

sintomas-plantas-deficiencias

(Fonte: Adaptado de Monteiro, Carmello e Dechen)

Agora que sabemos mais sobre a importância do fósforo, veremos como aplicá-lo a seguir:

>> 3 maneiras de lucrar mais com um software de gestão agrícola

Como fazer a aplicação da fosfatagem

O fósforo é pouco móvel no solo e, por isso, sua incorporação no perfil é mais eficiente em termos de respostas da produtividade.

Essa pouca mobilidade no solo é devido ao fato de que o fósforo é facilmente fixado nos solos tropicais, como os do Brasil.

A fixação aumenta com o tempo de contato entre o fósforo e as partículas do solo.

Por isso, a utilização mais eficiente do fósforo ocorre pela aplicação logo antes do plantio da safra, após calagem e gessagem.

Desse modo, as plantas conseguem absorver o fósforo antes que o mesmo seja fixado.

Também é por isso que a prática de aplicação de fósforo em sulcos de semeadura é tão eficiente.

Você pode fazer sua aplicação de fósforo de dois modos:

>> Como saber seu custo de produção agrícola

Fosfatagem com aplicação em faixas

Quanto maior contato do fósforo com o solo, maior será sua fixação.

A aplicação em faixas busca diminuir esse problema, colocando o fósforo apenas nas faixas e plantio.

No entanto, em áreas de plantio direto recomenda-se que seja alternado a aplicação em faixas com a aplicação em área total.

Isso garante o fornecimento de fósforo na planta em seus primeiros estádios, favorecendo seu desenvolvimento.

Fosfatagem com aplicação em sulco

A aplicação de fósforo em sulco é comum para que a planta tenha esse nutriente logo no começo de seu desenvolvimento, favorecendo a produção.

Como já falamos, a dose da fosfatagem pode ser adicionada à adubação de base (no sulco), sendo parcelada em até 5 cultivos.

Essa é uma forma econômica e prática de aplicação, mas que, normalmente, gera apenas pequenas faixas de solo com níveis adequados de fósforo, e não a área toda.

fosfatagem

(Fonte: Agrimaisonline)

Fosfatagem com aplicação em área total

A aplicação em área total é muito utilizada, permitindo que altas doses sejam colocadas no solo sem danificar a planta.

O suprimento de fósforo em uma maior área também favorece o crescimento de raízes, oferecendo um reservatório maior de umidade e nutrientes.

Dependendo da situação de seu solo e seu sistema de produção um tipo de aplicação é mais indicada.

Por exemplo, solos com grande poder de fixação de fósforo talvez seja mais indicado a aplicação em faixas, enquanto outros podem fazer em área total.

> Tudo o que você precisa saber sobre área de refúgio para plantas Bt [Infográfico]

Custos envolvidos na aplicação da fosfatagem

Nem sempre é fácil ter dinheiro o suficiente para, além de todos os custos de produção, realizar a fosfatagem em uma única aplicação.

Os preços dos fertilizantes fosfatados e as altas doses que alguns solos podem precisar, inviabiliza totalmente a aplicação dessa dose toda de uma vez.

Nesse caso, você pode acrescentar na aplicação no sulco de semeadura a dose de correção, mas parcelando essa quantidade em vários cultivos.

Assim, após alguns anos você aplicou a dose total recomendada na correção.

No entanto, não faça esse parcelamento em mais de 5 cultivos para que o nível de fósforo atinja os níveis adequados.

>> 4 motivos pelos quais você não deve ignorar cigarrinha-do-milho

O que impacta na disponibilidade de fósforo do meu solo?

Quantidade e tipo de argila

Quanto maior a quantidade de argila, maior será a fixação de fósforo.

Além disso, a argila do tipo caulinita, óxidos e hidróxidos de ferro e alumínio e minerais de argila amorfos, fixam mais o fósforo dos fertilizantes.

Aeração

A aeração é essencial para decomposição da matéria orgânica do solo, fonte de fósforo, e para o crescimento de raízes.

Em áreas compactadas tanto a decomposição orgânica quanto o crescimento das raízes não ocorre, prejudicando a planta como um todo e a disponibilidade de fósforo para a planta.

Umidade

Uma maior quantidade de água no solo faz com que o fósforo se solubilize mais, ficando mais disponível.

Mas é claro que o excesso de água reduz a aeração e também pode ser prejudicial para a disponibilidade desse nutriente.

Níveis de fosfato no solo

Dependendo do nível de fosfato no solo a disponibilidade será diferente.

Em casos de solos que receberam fertilizantes de fósforo por muito tempo é possível que os níveis sejam altos, com maior disponibilidade para a planta.

Para saber os níveis de fosfato no solo devemos fazer a análise de solo periodicamente.

Outros nutrientes

A aplicação de cálcio em solos ácidos como os nossos aumentam a disponibilidade de fósforo, enquanto que zinco a limita.

pH do solo

O fósforo se encontra nas suas formas mais disponíveis para as plantas quando o pH do solo está na faixa de 5,5 a 7.

Desse modo, a calagem é um método de melhoria da fixação de fósforo, já que a prática libera íons OH‾ que tomam o lugar do fósforo fixado.

Isso é um dos benefícios indiretos da calagem que poucos conhecem.

fixação-fósforo-solo

(Fonte: International Plant Nutrition Institute – IPNI)

Conclusão

A fosfatagem é uma importante prática para os solos brasileiros, garantindo o fornecimento adequado de fósforo para nossas culturas.

Aqui nós vimos que existem diferentes modos de aplicação e métodos de cálculo para essa medida.

Com o controle completo de sua fazenda você consegue verificar quais são as melhores escolhas para a sua propriedade, considerando a parte financeira e agronômica.

Verifique a condição de seu solo e consulte suas opções, por fim utilize as informações deste artigo e faça boas escolhas na hora da fosfatagem!

>> 4 Principais inseticidas para combater pragas de grãos

>> Tudo o que você precisa saber sobre plantas daninhas na pré-safra

>> 9 plantas daninhas resistentes a herbicidas (+3 livros e guias para controlar)

>> Como fazer o controle de plantas daninhas na pré-safra

Gostou do texto? Tem mais alguma dúvida sobre fosfatagem? Você costuma realizar essa prática na sua propriedade? Deixe seu comentário abaixo!

Como fazer manejo de fósforo para aumentar a produção de cana

Neste texto iremos abordar como fazer fosfatagem em cana-de-açúcar e aumentar sua produtividade. Confira!

Para uma ótima produção de cana você precisa se atentar a muitas coisas na sua lavoura.

Você sabe que a adubação é muito importante para a produtividade da sua cultura, e o fósforo é um nutriente essencial para as plantas.

A utilização de fertilizantes fosfatados pode aumentar a produção de colmos e o rendimento de açúcar da cana-planta.

Mas na hora de fazer o manejo desse solo sempre temos dúvidas.

Por isso, reunimos aqui as principais e mais importantes informações para entender essa adubação.

Com esse conhecimento poderemos manejar o fósforo de forma econômica e aumentar  produtividade de nosso canavial. Confira:

Importância do fósforo para as plantas

O fósforo é um macronutriente e é essencial para as plantas.

Veja o porquê este nutriente é importante para as plantas (algumas funções do fósforo):

Observando essas funções, o que acontece com a planta quando há deficiência de fósforo?

>> Gessagem: Tudo o que você precisa saber sobre está prática agrícola

Deficiência de fósforo nas plantas

Quando ocorre deficiência de fósforo, as plantas apresentam o crescimento retardado.

Além disso, esse nutriente é móvel nas plantas, ao contrário do que ocorre no solo.

Por isso, este nutriente move dos tecidos mais velhos para os mais novos.

Assim, as vezes você pode observar um escurecimento ou coloração roxo/vermelho das folhas mais velhas que estão com deficiência de fósforo.

Em cana-de-açúcar além da coloração das folhas, também ocorre colmos menores, folhas estreitas e curtas e poucos perfilhos.

fosfatagem em cana-de-açúcar

(Fonte: Foto de J. Orlando Filho em Encarte do Informações Agronômicas)

E como o fósforo se apresenta no solo?

>> Como fazer calagem e gessagem nas culturas de soja, milho e pastagem

Como manejar o fósforo no solo: Conceitos importantes

No solo há duas formas de fósforo:

Orgânico: originário dos resíduos vegetais adicionados ao solo, do tecido microbiano e dos produtos de sua decomposição.

Inorgânico: o fósforo dos minerais primários ou estruturais (fixado) e o fósforo adsorvido, além do fósforo da solução do solo (assimilável).

O fósforo é pouco móvel no solo e os solos brasileiros normalmente são deficientes desse nutriente.

O motivo da pouca mobilidade é por ele reagir com o ferro, alumínio, argilas, matéria orgânica, formando compostos insolúveis não aproveitáveis pelas plantas.

É o que chamamos de fixação do fósforo no solo.

Por isso, o seu aproveitamento pela planta é de 10 a 25% de todo o fósforo que foi aplicado no solo.

>> Tudo o que você precisa saber sobre cálculo de calagem (+calcário líquido)

Normalmente, é um  nutriente que a planta requer em menor quantidade em comparação ao nitrogênio e potássio.

Mas, você pode estar pensando em algumas fórmulas de adubos NPK que apresentam a quantidade de fósforo em maior quantidade. Então, vamos entender o porquê disso.

Exemplo de fórmula NPK: 5-30-25

Esse adubo contém: 5% de nitrogênio (N), 30% de fósforo (P) e 15% de potássio (K).

Normalmente, P e K estão na forma de óxido nos fertilizantes, como P2O5 e K2O.

Você observa que há maior quantidade de fósforo, mesmo que seja um nutriente normalmente exigido em menor quantidade pelas plantas como já falamos.

Mas deve ser aplicado em maiores quantidades nos solos brasileiros, devido à sua baixa disponibilidade natural e grande afinidade da fração mineral do solo por este elemento.

O fósforo que foi fixado no solo pode ser liberado para as plantas quando realiza correção do solo, como a calagem.

Fosfatagem em cana-de-açúcar: O papel do fósforo

A fosfatagem tem um papel crucial no desenvolvimento da lavoura de cana.

O fósforo é absorvido da solução do solo pelas raízes das plantas, principalmente pela forma do íon ortofosfato (H2PO4).

O P na cana-de-açúcar é muito importante para a produtividade da cultura, principalmente para a brotação da planta.

A falta desse nutriente limita o crescimento da cultura, além de ser essencial em diversas funções da planta.

Aliás, a falta de fósforo na cana-de-açúcar aumenta a produtividade de cana-de-açúcar, mas não há incrementos significativos no ATR (açúcar total recuperável).

Desse modo, os ganhos em açúcar se dão à maiores produções de toneladas de cana.

Além disso, o fósforo contribui na qualidade da cana dentro do processo industrial, já que a cana com bons níveis de P requer menores adições de ácido fosfórico no processo de clarificação.

A deficiência de fósforo também atrapalha os processos industriais, como na decantação das impurezas na produção de açúcar.

Neste estudo abaixo, a adição das doses crescentes de P2O5 aumentou a produção de colmos e rendimento de açúcar, ou seja, houve aumento da produtividade.

fosfatagem-cana-de-açúcar

Produção de colmos de cana-planta, cultivar IAC 95-5000, em função da aplicação de doses de P2O5 utilizando fertilizante organomineral

(Fonte: Teixeira et al., 2014)

Nesse sentido, veja a extração dos macronutrientes na cultura da cana-planta.

fosfatagem-cana-de-açúcar

(Fonte: Yara adaptado de Oliveira, 2011)

Lembrando que a cana-planta é assim chamada até a realização de seu primeiro corte.

Como a cultura da cana-de-açúcar é considerada uma cultura semi-perene, ou seja, pode ficar no campo entre 4-6 anos, do segundo corte em diante é chamada de cana-soca.

>> Como conseguir mais nutrientes para sua lavoura com adubação verde

Para o adequado fornecimento de fósforo na cana precisamos antes realizar a análise do solo e interpretá-la:

Interpretando os níveis de fósforo na sua análise de solo

Em solos tropicais, como os do Brasil, há deficiência de fósforo devido a elevada fixação do nutriente com outros componentes do solo (como já vimos neste texto).

Por isso, é muito importante você realizar a análise do solo para conhecer os níveis de fósforo no seu solo.

Esta análise deve ser realizada em laboratórios de análise de solo credenciados.

Podemos basear nossa interpretação pela tabela abaixo para todos os macro e micronutrientes, além do fósforo:

fosfatagem-cana-de-açúcar

(Fonte: Tabela adaptada do livro Adubação da cana-de-açúcar: 30 anos de experiência, Penatti, 2013)

Após interpretar sua análise de solo é hora de definir uma recomendação de aplicação para fósforo:

>> Adubação verde e cultura de cobertura: Como fazer?

Recomendações de fósforo em cana-de-açúcar para aumento da produção

Muitas vezes é recomendado a aplicação de uma só vez de toda a quantidade de fósforo necessária para os próximos 5 cortes no plantio da cana-planta.

Ou seja, aplicar uma dose única de fertilizante fosfatado antes do plantio (a lanço) buscando que esse nutriente esteja disponível ao longo de 5 anos ou mais.

No entanto, se o seu solo precisar de fosfatagem (veremos a seguir quando isso ocorre) e você optar por realizar essa prática antes ou no plantio, os custos de implantação do canavial serão altos.

Por isso, tenha em seu planejamento agrícola o quanto isso vai custar e se há capital para todo esse investimento.

Em alguns casos, também pode ser recomendado a adição de uma dose superior de fósforo no sulco de plantio como forma de fosfatagem.

Dessa forma você poderia diluir seus custo ao longo dos anos, diluindo a dose de fosfatagem ao longo dos cultivos.

No entanto, a fosfatagem localizada dessa forma não trará o benefício de maior exploração das raízes no solo.

Portanto, veja com o manejo de fósforo mais compatível com seus objetivos e seu capital.

>> Diminua seus custos com um Planejamento Agrícola Bem Feito

Veja esta tabela que mostra a adubação fosfatada para cana-planta.

tabela-cana-planta

Recomendação de adubação fosfatada para cana-planta

(Fonte: Boletim 100 IAC)

Para cana-soca, muitas vezes, recomenda-se utilizar calcário, especialmente quando o nível de fósforo está próximo do adequado.

Isso porque, como já vimos neste texto, o calcário pode liberar fósforo fixado no solo para as plantas.

>> Curiosidades sobre calagem em 5 casos especiais

>> O que você precisa saber sobre as diferenças entre calagem e gessagem

Assim, a aplicação de fósforo na cana-soca depende muito da análise do solo da soqueira.

Por vezes, a adubação de fósforo em cana-soca ajuda a diluir os custos da implantação do canavial, ao invés de aplicar todo o fósforo em uma única dose.

Porém, temos a tendência de maior fixação de fósforo nesses casos.

Por isso, damos tanta importância para o conhecimento do seu solo e planejamento agrícola, já que é assim que você verificará o que mais compensa.

>> Planejamento agrícola: 6 mandamentos que você deveria seguir

Veja esta tabela que mostra a adubação fosfatada para cana-soca.

tabela-cana-soca

Recomendação de adubação fosfatada para cana-soca

(Fonte: Boletim 100 IAC)

Não se esqueça de procurar um(a) engenheiro(a) agrônomo(a) para te auxiliar nesta prática agrícola.

O que é fosfatagem e como utilizá-la a nosso favor

Fosfatagem é o processo agrícola que se aplica fósforo no solo da sua propriedade, elevando os níveis desse nutriente em seu solo.

Desse modo, conseguimos fornecer fósforo adequadamente aos nossos canaviais, mesmo com a dificuldade desse nutriente em solos brasileiros.

Normalmente, recomenda-se para cana-de-açúcar que se na análise de solo o P analisado em resina estiver abaixo de 10-15 mg/dm3 deve-se realizar fosfatagem.

Fosfatagem no plantio da cana

Recomenda-se fosfatagem a lanço e incorporar próximo do plantio.

Mesmo ocorrendo aplicação de fósforo no sulco de plantio pela aplicação de NPK, é necessário a fosfatagem caso seu solo esteja abaixo de 10-15 mg/dm³ (P-resina).

É importante também a escolha do fertilizante para a cultura da cana-de-açúcar, a qual deve ser relacionada à análise de solo.

>> Como fazer amostragem de solo com estes 3 métodos diferentes

Muitas vezes é utilizado o Superfosfato Simples, que além de ter na composição P, também apresenta Enxofre e Cálcio, sendo utilizado para aumentar os níveis também desses nutrientes.

O Superfosfato Simples tem a liberação em curto prazo, com durabilidade de cerca de 2 anos.

Outro fertilizante que está sendo bastante recomendado para a cultura da cana-de-açúcar é o Fosfato Natural Reativo (FNR).

O fosfato natural reativo tem cerca de 29% de P.

Mas algo muito interessante desse fertilizante é que ele tem liberação de curto e longo prazo.

Esta liberação de curto e longo prazo é muito importante para culturas como cana-de-açúcar e pastagem, que são culturas semi-perenes e perenes.

Assim, há liberação do fósforo no curto prazo e também no terceiro ou quarto anos após o uso do fosfato natural reativo.

Aqui falamos somente de alguns fertilizantes fosfatados, mas existem muitos outros disponíveis.

Veja como é a cadeia de produção de fertilizantes na figura abaixo.

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(Fonte: Dias e Fernandes (2006) em BNDES)

Agora veremos os principais fertilizantes fosfatados para que você os conheça melhor e faça uma escolha mais segura na próxima vez que for comprar um fertilizante desse tipo:

Principais fertilizantes fosfatados

Fosfato de amônio

É composto de amônia com ácido fosfórico. Há dois tipos principais.

  • Fosfato Diamônio (DAP): concentração de 16% de N e 38 a 40% de P2O5.
  • Fosfato monoamônico (MAP): concentração 10% de N e 46 a 50% de P2O5.

Aliás, esses são muito utilizados nas indústrias de fertilizantes para a formulação de misturas NPK.

Superfosfato simples

Concentração de 16 a 18% de P2O5, 10 a 12% de enxofre e 18 a 20% de Ca.

Superfosfato triplo

Tem concentração de 41 a 46% de P2O5 e 7 a 12% de Ca.

O processo é semelhante à produção do supersimples, mas o produto tem maior concentração de fósforo.

Termofosfato

Possui concentração de 8 % de P2O5, 9% de Mg, 20% de Ca e 25% de SiO4.

fertilizantes-fosfatados

(Fonte: Agronomia com Gismonti)

Falando em fertilizantes, veremos agora qual a eficiência dos mesmos para nutrir o canavial:

Fatores que afetam a eficiência dos fertilizantes e corretivos agrícolas

Segundo a ANDA, existem fatores diretos e indiretos que podem afetar a eficiência do uso de fertilizantes e corretivos agrícolas na sua propriedade.

Fatores diretos

  • Qualidade dos fertilizantes e corretivos agrícolas;
  • Características do solo;
  • Época de aplicação;
  • Forma de aplicação;
  • Uniformidade e distribuição;
  • O pH do solo é muito importante, existindo uma faixa ideal que os nutrientes ficam disponíveis para as plantas absorverem;
pH-e-disponibilidade-nutrientes

(Fonte: Malavolta, 1979 em Agronomia com Gismonti)

  • Recomendação equilibrada, qualitativa e quantitativa: Lei do mínimo de Liebig

Ademais, não adianta você somente colocar um nutriente no solo e faltar outros, tudo precisa estar em equilíbrio. É isto que a imagem abaixo mostra.

Lei do mínimo de Liebig

(Fonte: IB USP adaptado de Lepch, 1976)

Fatores indiretos

  • Umidade do solo;
  • Espécie da planta (cultura);
  • Conservação do solo; e outros

Você já deve ter ouvido falar em utilizar torta de filtro e vinhaça no canavial. Vamos entender o uso desses produtos.

Como utilizar torta de filtro no canavial e melhorar a fosfatagem em cana-de-açúcar

Torta de filtro é um importante resíduo da indústria sucroenergética, proveniente da filtração do caldo extraído das moendas no filtro rotativo.

A concentração da torta de filtro é constituída de cerca de 1,2 a 1,8% de fósforo e cerca de 70% de umidade quando saí do processo.

Além disso, este resíduo pode substituir ou diminuir a adubação de fosfatagem em cana-de-açúcar.

No gráfico abaixo, você pode observar que ocorreu aumento da produtividade média dos colmos de cana-de-açúcar com o aumento da aplicação de doses de torta de filtro.

doses-torta-de-filtro-fósforo

(Fonte: FRAVET et al., 2010)

Além do aumento de produtividade, alguns trabalhos mostram que a aplicação da torta de filtro aumenta os teores de Cálcio (Ca) e Fósforo (P) no solo e apresentou melhorias nas camadas de 20-40 cm.

Uso da vinhaça na cana-de-açúcar também pode interferir no fósforo

Vinhaça é um resíduo que sobra da destilação do caldo para a obtenção de etanol.

A vinhaça apresenta grandes quantidades de matéria orgânica e potássio.

Pode conter quantidades apreciáveis de nitrogênio, fósforo, cálcio, magnésio e outros.

Por isso, pode ser utilizado como fertilizante (fertirrigação).

Veja na fórmula abaixo como você pode calcular a quantidade de vinhaça que deve ser aplicada na sua cultura de cana-de-açúcar.

vinhaça-fosforo-doses

(Fonte: Única – Estado da arte da Vinhaça)

Conclusão

Neste texto foram discutidas algumas funções do nutriente fósforo e como ele é importante para a produtividade da cana-de-açúcar.

Além disso, vimos como esse nutriente se comporta no solo e na planta e como fazer a fosfatagem em cana-de-açucar.

Também falamos sobre a adubação com torta de filtro e vinhaça na cultura da cana-de-açúcar.

E como sempre enfatizo nos textos, antes de tudo faça o planejamento das suas atividades para realmente obter resultados comprovados.

Assim, conheça o seu solo através de sua análise, veja qual melhor fertilizante e tipo de aplicação se adequa a sua propriedade e alcance produtividades ainda maiores!

Leia mais:

>> O que é administração rural e como usar em sua propriedade

>> O que você precisa saber sobre regulagem e manutenção de implementos agrícolas

>>  [Infográfico] 4 Desafios de ser um líder em uma empresa rural

>> Guia para iniciantes sobre Agricultura de Precisão (AP)

Você utiliza adubação fosfatada na sua propriedade? Qual a diferença da adubação fosfatada da cana-planta e da cana-soca que você utiliza? Você realiza análise de solo da sua propriedade? Adoraria ver seu comentário abaixo.

Por que adubação foliar em soja pode ser uma cilada

Adubação foliar em soja pode ser utilizada em algumas estratégias, mas também pode se tornar problema se não feita adequadamente.

A ocorrência de problemas no plantio e estabelecimento das lavouras fazem com que muitos produtores corram atrás do prejuízo a todo custo.

Isso ocorreu, por exemplo, na safra 2017/18 de soja.

Diante desses contratempos as lavouras podem apresentar desenvolvimento irregular.

Assim, muitos produtores recorrem a soluções alternativas, sendo a adubação foliar muito utilizada nesse sentido atualmente.

No entanto, a escolha errada do fertilizante pode diminuir em mais de 400% a eficiência de aplicação foliar do nutriente.

Por isso, confira todas as principais dicas sobre adubação foliar a seguir:

Adubação foliar: O que é e qual sua importância

Uma das formas de auxiliarmos as plantas de soja no processo de obter os alimentos necessários para o bom desenvolvimento é através do processo de adubação.

As plantas precisam de um solo rico em nutrientes para que possam se desenvolver bem, e para que o solo se mantenha forte e rico em nutrientes é necessário que ocorra a adubação para a quantidade de nutrientes ideal seja atingida.

Porém, quando esses nutrientes não são fornecidos pelo solo, existem outras maneiras de reposição na planta, como é o caso da aplicação foliar, ou: adubação foliar.

Essa adubação de soja (foliar) consiste em um processo nutricional complementar.

Desse modo, essa adubação deve trabalhar em parceria com a do solo, inclusive a adubação foliar deve procurar fornecer nutrientes diversificados, além do NPK normalmente fornecido pelos adubos.

adubação-foliar-soja

(Foto: Adaptado de Wolf Traxx)

A opinião da adubação foliar em soja por especialistas

Áureo Lantmann, do Projeto Soja Brasil, afirmou que a adubação foliar em soja pode ser um fator que precisa ser avaliada com cuidado, não sendo uma unanimidade no setor.

Áureo também ressalta que muitas vezes os resultados dessa prática são exagerados e tratados de forma genérica, sem mencionar as particularidades que devemos nos atentar.

O especialista Dirceu Gassen afirma que a aplicação foliar pode ser viável, mas que o mais importante é a adubação via solo.

Na opinião dele, os adubos foliares são apenas estratégias de estímulo para crescimento da planta para casos específicos.

Em uma busca rápida na internet você poderá ver que a opinião de especialistas é quase unânime: a adubação foliar é complementar e mais eventual do que rotineira.

Para a adubação foliar realmente compensar, veja os cuidados e como saber seu custo-benefício a seguir:

Cuidados e custo-benefício com adubação foliar em soja

A utilização de sais e outras substâncias para a adubação foliar em soja pode resultar em queima das folhas.

Isso reduz a capacidade de fotossíntese da lavoura e pode reduzir a produtividade final ao invés de aumentá-la.

Portanto, vale a pena estudar a bula do produto, a concentração e vazão recomendadas, e consultar a empresa fabricante caso haja algum problema.

Outro cuidado fundamental para esse e outros produtos é o custo: será que compensa mesmo esse tipo de adubação?

É estimado que a aplicação foliar de micronutrientes fique entre R$ 50 e R$ 70 por ha, mas há muitas particularidades em cada fazenda que precisam ser levadas em consideração.

Desse modo, anote em um caderno ou planilha as seguintes informações para conhecer se essa adubação compensa:

  • custo do adubo foliar (R$/L);
  • dose recomendada (L/ha);
  • número de aplicações necessárias;
  • custo da aplicação por hectare (R$/ha);
  • resposta esperada em produtividade (kg/ha);
  • valor de venda do produto (R$/sc).

Multiplicando o custo do adubo foliar pela dose recomendada e pelo número de aplicações você terá o custo total do produto por hectare. Some o resultado dessa conta pelo custo da aplicação por hectare. Agora você terá o custo total da adubação foliar.

Para saber se realmente esse custo compensa, estime a resposta em produtividade e o preço que venderá sua casa de soja.

Após isso, multiplique o número de sacas esperadas em resposta a essa adubação pelo preço de venda por saca. Esse será seu ganho devido à adubação.

Subtraia o ganho que você teve por hectare pelo custo total da aplicação. Desse modo você verá se teve prejuízo ou ganhos com essa aplicação (custo-benefício).

Veja o exemplo abaixo:

contas-adubação-foliar

*Dados meramente ilustrativos.

Note que uma estimativa real dos ganhos de sacas de soja devido a adubação são essenciais para verificar o verdadeiro custo-benefício.

Você também percebeu que fazer essas contas para esses e outros produtos em um caderno ou planilha de excel é trabalhoso e sujeito à muitos erros.

Você simplificar tudo isso e ainda visualizar melhor todos os seus dados por meio de um software de gestão agrícola:

custo-realizado-gestão-rural

Adubação foliar em soja: principais nutrientes

A soja é uma cultura exigente em termos nutricionais e eficiente em absorver e utilizar os nutrientes contidos no solo, principalmente nitrogênio (N), potássio (K), cálcio (Ca), fósforo (P), magnésio (Mg) e enxofre (S).

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Sintomas de deficiência nutricional em plantas
(Fonte: Semear & Plantar)

Os micronutrientes, ou seja, aquelas que a planta precisa em menor quantidade, são os mais utilizados na adubação foliar, já que são menos encontrados em fertilizantes convencionais.

Um dos micronutrientes mais utilizados em soja é o manganês, confira o porquê:

Adubação foliar em soja: O caso do Mn

No caso da soja, temos o caso do manganês (Mn) com crescente uso de sua adubação foliar.

A redução de rendimento de soja pode chegar até 25% pela deficiência de Mn.

Diante desse quadro, há 2 fatores que interagem negativamente alterando o estado nutricional das plantas:

1. A deficiência nestas áreas tem sido atribuída à utilização de calcário dolomítico (>12% de MgO)

Em cobertura sem incorporação do produto, a maior quantidade de Mg aplicada inibe de forma significativa a absorção de Mn e Zn por efeito de inibição.

Além disso, a elevação do pH a valores próximos da neutralidade causa um novo equilíbrio dos íons na solução do solo em detrimento dos micronutrientes.

2. Uso de cultivares de soja transgênicas

Com aplicação do herbicida glifosato, existe um efeito negativo na síntese do ácido chiquímico, diminuindo a absorção alguns elementos metálicos (Cu, Mn e Zn).

Isso faz com que a cultura apresente sintomas foliares de deficiência após a aplicação do herbicida.

Quando a concentração é aumentada, pode ocorrer a queima das folhas.

Na prática, têm sido obtidos resultados muito inconsistentes quanto à sua eficiência, é necessário portanto a realização de mais estudos para a confirmação desse fato.

Assim, a aplicação de Mn via foliar é recomendada, sendo indicada nos estádios entre  estádio reprodutivo da soja V4 e R1.

No entanto, essa adubação deve ser feita de maneira adequada para realmente dar resultados positivos.

Algumas vantagens em utilizar a adubação foliar

1. Melhor aproveitamento do produto

A adubação foliar em soja é uma técnica que foca nos detalhes da nutrição de uma planta.

Isso significa que é preciso aplicar a dosagem certa no local certo, para que os resultados sejam os melhores possíveis.

Uma das consequências dessa técnica tão assertiva é, sem sombra de dúvidas, um melhor aproveitamento do fertilizante que está sendo utilizado na plantação.

Podemos afirmar que um volume do produto aplicado com a adubação foliar em soja dura muito mais tempo – e traz muito mais resultado – do que aquele aplicado com técnicas tradicionais.

As plantas conseguem assimilar algo em torno de 90% do adubo aplicado, enquanto que no caso da adubação normal no solo, as plantas absorvem em torno de 50%.

2. Resultados mais eficientes no desenvolvimento da plantação

A aplicação assertiva reproduzida na adubação foliar também é a principal responsável pelos resultados mais eficientes em grandes e pequenas produções agrícolas.

Isso acontece porque a planta, com essa técnica, recebe a dosagem ideal de nutrientes que precisa.

A adubação foliar causa estímulos ao metabolismo das plantas, ajudando na formação de aminoácidos, clorofila, proteínas e outros elementos.

Além de fornecer maior mobilização dos nutrientes pelas folhas da planta, aumentando a taxa de fotossíntese e estimulando a absorção pela raiz, entre outros.

3. Facilidade de aplicação

Por mais incrível que possa parecer, a adubação foliar é uma técnica de fácil aplicação.

A única exigência é um treinamento específico e um planejamento rígido para garantir os bons resultados que promete

4. Ocupa pouco espaço no estoque

Se você usa uma dosagem menor de fertilizantes para obter os melhores resultados, é claro que isso vai refletir significativamente na sua capacidade de estocar esse produto na sua lavoura.

Uma das grandes queixas de produtores é o grande volume de produto demandado pela plantação toma um grande espaço físico no espaço de trabalho.

A adubação foliar reduz essa perda de espaço, tornando a tarefa de estocar um produto de qualidade ainda mais fácil e eficiente.

Falando em estoque, você pode ter um maior controle do seu por meio de planilhas.

5. Custo benefício pode ser positivo

No primeiro momento você vai imaginar que a adubação foliar aparenta ser uma técnica muito mais cara do que a fertilização tradicional.

No entanto, em certos casos, o ganho de quem utiliza esse recurso é de três a dez sacas por hectare.

Mas para verificar se o lucro ocorre mesmo, é preciso colocar na ponta do lápis, ou na tela do computador, os seus custos.

Aqui neste texto você já viu como fazer esse cálculo de adubação para soja e ficar atento à essa questão.

6. Menor risco de danos ao ambiente

A adubação foliar resulta em maior segurança ao meio ambiente já que a absorção dos fertilizantes é bem maior nessa prática.

Com isso, as chances de contaminação de solo e lençol freático são significativamente menores.

Mas para que todos esses benefícios se concretizem devemos seguir algumas recomendações:

Recomendação de adubação foliar em culturas de soja

O período de aplicação dessa adubação foliar em soja deve ser quando os nutrientes são absorvidos em maior quantidade.

Isso corresponde à fase do desenvolvimento da planta, começando em V2 (primeira folha trifoliada completamente desenvolvida) até R5 (início de enchimento de grãos).

Além disso, a velocidade de absorção aumenta durante a floração e início de enchimento dos grãos.

Aliado ao aumento da velocidade de absorção, verifica-se também uma alta taxa de translocação na planta ao longo desse período.

A seguir você pode ver outras recomendações para adubação foliar em soja:

Fonte utilizada:

Diferentes fontes possuem diferentes eficiências de absorção na planta, por isso, pesquise e se atente a esse fator quando escolher seu fertilizante foliar.

Tipo de folha e arquitetura da planta:

Verifique o grau de inclinação da folha em relação ao seu eixo para determinar de que modo a aplicação pode ser mais eficaz.

Além disso, cultivares de soja que apresentam maior exposição da face inferior da folha, tamanho menor e semirreta são mais eficientes na absorção foliar de nutrientes que cultivares com folhas grandes.

Horário de aplicação foliar:

Deve ser feita entre 15h e 19h.

Estresse hídrico:

Há pouca eficiência se a aplicação for realizada quando a planta apresenta déficit hídrico acentuado.

Vento:

O excesso deste diminui a eficiência da aplicação e as plantas fecham os estômatos para reduzir a perda de água.

Como definir a necessidade de adubação foliar

sintomas-plantas-deficiencias

(Fonte: Adaptado de Monteiro, Carmello e Dechen)

Assim como a adubação tradicional via solo de complementar a nutrição da planta em quantidade e qualidade, a adubação foliar também precisa ser definida e utilizada com objetivos específicos e baseada em critérios técnicos/econômicos.

Com relação aos critérios técnicos, a decisão de usar ou não algum nutriente via foliar, deve estar apoiada na análise foliar.

Somente após a interpretação desta, será possível decidir pela correção de deficiências ou ainda, constatar toxicidade de nutrientes.

Na verdade, há necessidade de um diagnóstico em que se considere:

1) Resultados de análise de solo;

2) Resultados de análises foliar de anos anteriores;

3) Conhecimentos da adubação utilizada no ano e principalmente das adubações de anos anteriores;

4) Histórico de sintomas de deficiências em anos anteriores principalmente de micronutrientes;

5) Considerar a resposta apresentadas com o uso de adubos foliares em anos anteriores.

Sem esse conjunto de informações,adubação foliar em soja fica sem objetivo e sem parâmetro de referência para sua recomendação.

Nos casos de cobalto e molibdênio e do manganês, há argumentos técnicos para suas recomendações via foliar.

Cobalto e molibdênio, quando não foram adicionados via sementes, em que pese ser esta ainda a mais eficiente forma de adubação para esses dois nutrientes, pode se optar pela via foliar.

Para o manganês, quando surgirem sintomas ainda no período vegetativo, se recomenda a aplicação foliar.

Bom lembrar que de soja RR, após aplicação do glifosato, são induzidas a falta de manganês, que pode ser corrigida com adubo foliar.

Conclusão

O adubação foliar em soja é uma boa alternativa para complementar a adubação feita através do solo.

Porém, que fique claro que o adubo foliar não substitui a fertilização do solo, apenas o complementa.

Para isso, a análise foliar é fundamental para identificar as deficiências das plantas e principalmente saber se há necessidade de aplicação foliar.

Além disso, é necessário verificar se os custos compensam os ganhos, obtendo a segurança na tomada de decisão da adubação foliar em soja.

Gostou das dicas? Você usa a adubação foliar? Tem outras informações sobre essa prática que não citei aqui? Deixe seu comentário abaixo!

Como fazer adubação potássica em soja

Adubação potássica em soja é uma boa saída para obter altas produtividades, desde que bem feita. Neste artigo detalhamos o que você precisa fazer na lavoura!

Você sabia que o potássio é o segundo elemento mais requerido pela cultura da soja?

A cada 1000 Kg de grãos de soja, são extraídos 20 Kg de K2O.

Esse nutriente fica apenas atrás do nitrogênio nesse quesito, sendo essencial para uma boa produtividade de soja.

Isso porque a falta de potássio resulta em plantas mais suscetíveis a períodos de estresse, como temperaturas muito altas ou baixas, ou mesmo ao ataque de pragas e doenças.

No entanto, são comuns as dúvidas sobre a dose, momento de aplicação e até a identificação da deficiência em campo.

Neste artigo sanamos essas e outras dúvidas, colaborando para a sua adubação potássica em soja!

Como saber se minha lavoura precisa de potássio?

Quando há baixa disponibilidade de potássio sem o aparecimento visual dos sintomas, ocorre o que conhecemos por “fome oculta”.  

A “fome oculta” causa redução de crescimento da planta com consequente redução da produção.

Mas, quando a deficiência de potássio é mais severa, podemos ver alguns sintomas característicos como:

  • Mosqueado amarelado nas bordas dos folíolos das folhas da parte inferior da planta;
  • Áreas cloróticas avançam para o centro dos folíolos;
  • Necrose das áreas mais amareladas nas bordas dos folíolos;
  • Necrose avança para o centro dos folíolos, ocorrendo a quebra das áreas necrosadas;
  • Grãos pequenos, enrugados e deformados;
  • Maturidade da soja atrasada, fato que pode causar haste verde, retenção foliar e vagens chochas.
adubação potássica em soja
(Fonte: Adaptado de Monteiro, Carmello e Dechen)

Cálculo da adubação potássica em soja

A adubação potássica em soja deve ser recomendada de acordo com as tabelas de cada estado.

As tabelas classificam os nutrientes presentes no solo em faixas de muito baixo ou baixo, médio, alto ou muito alto.

Como vemos na tabela abaixo, para adubação de soja na semeadura e no Estado de São Paulo, vamos fazer a de acordo com a produtividade esperada.

tabela-adubação-sp
Indicação de nutrição mineral de semeadura para soja no estado de São Paulo
(Fonte: Embrapa)

Se você está em outro estado como: Minas Gerais, solos dos Cerrados, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, você pode consultar as tabelas aqui.

Vamos ver o exemplo de acordo com a análise de solo abaixo:

Pela análise do solo, o teor de fósforo é igual a 22 mg/dm³ e para o potássio é de 0,4 cmolc/dm³.

Para fazer a interpretação pela tabela de adubação do estado de São Paulo, devemos multiplicar por 10 o valor de potássio de 0,4 cmol/dm³ para igualar as unidades e transformá-lo em mmol/dm³.

Assim temos 4 mmol/dm³ de potássio no nosso solo de exemplo.

Se levarmos em consideração a produtividade esperada maior que 3,5 t/ha, vamos observar que a recomendação para esta faixa é de P2O5 = 50 kg/ha e K2O = 80 kg/ha.

Assim, chegamos na seguinte relação: NPK 00-50-80.

No entanto, não temos essa formulação de fertilizante no mercado!

Então o que fazer?

Uma das formulações mais comuns de NPK pra soja é a 00-20-20.

Esses números significam que a cada 100 Kg desse fertilizante temos 20 Kg de P2O5 e 20 Kg de K2O

Vamos supor que é essa formulação que temos no estoque e faremos os demais cálculos com ela.

Agora veremos quanto aplicar por hectare desse fertilizante NPK 00-20-20 e se vai ser preciso outro tipo de adubo:

Mais sobre adubação potássica em soja: Quantos kg/ha aplicar e quais formulações usar?

Antes de tudo devemos ter em mente que será necessário o parcelamento da dose de potássio, pois a aplicação de doses superiores a 50 Kg/ha de K2O causa intoxicações nas plantas.

Assim,o parcelamento do potássio vai auxiliar a reduzir o risco de salinidade na germinação das sementes, quando houver estresse hídrico.

Em solos de textura média a arenoso, ou seja, quando houver menos de 200 g/kg de argila, o parcelamento de potássio ajuda a evitar as perdas por lixiviação.

Então, aplicaremos equivalente a 50 Kg/ha de K2O na semeadura, e o restante (30 Kg/ha de K2O) como adubação de cobertura.

Como possuímos a formulação  00-20-20, a dose de 250 Kg por hectare dará exatamente 50 Kg/ha de K2O e 50 Kg/ha de P2O5.

Assim, você pode fazer 1/3 da aplicação de potássio na semeadura e 2/3 em cobertura aos 30 dias após a semeadura.

Pessoal, uma observação importante aqui é que antes de você realizar a adubação de cobertura, você precisa ter feito o manejo das plantas daninhas.

Lembre-se: se você adubar a soja (ou qualquer que seja a cultura) na presença das plantas daninhas, estará desfavorecendo a cultura.

As plantas daninhas têm uma grande capacidade competitiva e a maior parte delas é mais eficiente do que as culturas em extrair os nutrientes do solo.

Agora vamos para algumas dicas extras sobre os cálculos de adubação potássica em soja que acabamos de fazer:

Cuidados com unidades e outras informações

Vimos aqui no nosso exemplo que precisamos transformar a unidade de nossa análise de solo.

Isso é muito comum nesses cálculos!

Lembre-se que em alguns estados a unidade do potássio na análise de solo vem em mmolc/dm³.

Para saber quanto tem de potássio em mg/dm³ na sua área, basta multiplicar o valor (mmolc/dm³) pela massa atômica do elemento, que no caso do potássio é aproximadamente 39.

Depois para encontrar esse valor por hectare em uma camada de 0 a 20 cm, é só multiplicar por dois e você terá o valor de quantos kg por hectare de potássio tem na sua área.

Quer saber mais sobre essa transformação com exemplos práticos?

Veja o vídeo:

Vamos entender agora um pouco mais sobre a época de aplicação.

Época de aplicação de potássio na soja

Já vimos que o potássio é muito importante para a cultura da soja. Também analisamos como fazer o cálculo de adubação para soja de acordo com a análise de solo.

Mas como saber a época de aplicação ideal?

As culturas apresentam uma porcentagem de acúmulo do nutriente em função dos dias após a emergência. Isso é conhecido por Marcha de Absorção.

Para o potássio, podemos observar na figura abaixo que esse nutriente é absorvido pela soja até aproximadamente o estádio R5.5. Ou seja, até o enchimento de grãos, quando se tem de 76% a 100% de granação em um dos quatro nós superiores na haste principal.

Assim, não vai adiantar fazer uma adubação após este período ou muito próximo a ele, pois a planta já não irá mais aproveitar o nutriente.

Também de nada adianta aplicar na época correta, mas de modo inadequado.

Por isso, vamos aos método de aplicação da adubação potássica em soja:

Métodos de aplicação da adubação potássica em soja: Cloreto de potássio a lanço 

As fontes mais comuns de potássio são o cloreto de potássio (KCl) e sulfato de potássio (K2SO4), ambos solúveis em água.

A distribuição de fertilizantes pode ser realizada na semeadura ou a lanço antecipadamente.

A adubação na semeadura consiste em aplicar os fertilizantes e sementes ao mesmo tempo na linha de semeadura.

A adubação a lanço antecipada consiste em fazer a aplicação total ou parcial do fertilizante de forma antecipada. Isso permite que a semeadura ocorra de forma mais rápida.

Temos também a adubação de manutenção de cobertura com potássio a lanço em superfície.

Essa adubação ocorre especialmente quando as doses recomendadas na semeadura ultrapassam 50 Kg por hectare de K2O. Doses superiores a isso na semeadura causam intoxicações às plantas de soja, como já comentamos.

Além disso, produtores do Oeste da Bahia vêm realizando a adubação de manutenção a lanço sem incorporação, utilizando rotação de culturas e consórcio de milho com braquiária.

Isso porque a braquiária tem raízes que podem chegar a três metros de profundidade, fazendo com que o potássio lixiviado possa ser absorvido pela braquiária.

É isso o que chamamos de ciclagem de nutrientes, fazendo com que o potássio possa ser aproveitado pela cultura posterior à braquiária.

Tão importante quanto o fornecimento de potássio é o cuidado para que este não seja em excesso:

Como evitar excesso de adubação potássica em soja

O excesso de potássio nas plantas dificilmente vai causar toxidez, mas é considerado “consumo de luxo”.

O principal problema do excesso desse nutriente é que pode interferir na absorção de outros elementos pelas plantas.

A absorção dos nutrientes é afetada por antagonismo, inibição e sinergismo.

Antagonismo: ocorre quando um nutriente diminui a absorção do outro.

Inibição: a presença de um nutriente em excesso inibe a absorção de outro.

Sinergismo: um nutriente aumenta a absorção de outro.

O excesso de potássio tende a diminuir a absorção de sódio, cálcio, fósforo e enxofre, além de inibir a absorção de magnésio.

Adubação foliar de potássio na cultura da soja: Vale o custo?

O objetivo da adubação foliar é complementar a adubação via solo e não substitui-la, a fim de suprir a planta de nutrientes que estejam abaixo do nível crítico.

Entre as principais vantagens estão a correção dos teores de micronutrientes; a uniformidade de aplicação; e a aplicação de pequenas doses.

A análise foliar é uma importante ferramenta que podemos utilizar na hora de fazer essa recomendação.

Então como coletar as folhas de soja para análise nutricional?

Para isso, temos três passos simples:

1. As amostras de folhas de soja devem ser colhidas entre o início da floração e o pleno florescimento;

adubação potássica em soja
(Fonte: Embrapa)

2. Devem ser coletadas 30 a 40 folhas recém-maduras com pecíolo, ou seja, as 3ª e 4ª folhas trifoliadas a partir do ápice da haste principal;

3. Interprete os resultados. Para isso, você pode utilizar a tabela abaixo:

adubação potássica em soja
Concentração de nutrientes usadas na interpretação dos resultados das análises de folhas de soja do terço superior no início do florescimento (estádio R1)
(Fonte: Embrapa)

Entretanto, o pesquisador Luiz Alberto Staut da Embrapa Agropecuária Oeste, explica que:

“Essas correções só se viabilizam na próxima safra, considerando que, para as análises, a amostragem de folhas é realizada no período da floração plena, no qual coleta-se o terceiro e/ou quarto trifólio com pecíolo, a partir do ápice da planta, período em que a correção nutricional via foliar não é mais possível”.

Existem três usos da adubação foliar: complementar, suplementar e corretiva (Campo & Negócios). Veremos mais sobre cada uma delas:

Complementar

Utilizada geralmente quando as condições de solo não permitem a adequada absorção do nutriente pela planta.

Assim, 20% a menos do nutriente é aplicado via solo. O restante é feito com 2 a 4 pulverizações foliares.

Suplementar

Neste caso, a adubação via solo é feita normalmente, mas também é realizada uma adubação foliar, o que constitui em investimento extra.

Essa aplicação só se justifica se for realizada em função de ganhos de produtividade, resistência a pragas e doenças e qualidade dos produtos.

Corretiva

Como a absorção via folha é mais rápida (dependendo do nutriente e do produto), pode ser feita a adubação corretiva.

O custo de se realizar a adubação foliar vai depender do equipamento utilizado (tipo de pulverizador e trator) e do produto.

Se você ainda está na dúvida sobre a adubação foliar, não há outro jeito dessa decisão ser mais assertiva do que colocando tudo na ponta do lápis (ou na tela do computador).

Faça as contas e verifique o custo real dessa aplicação. Atente-se principalmente a esse parâmetros:

  • Custo do adubo foliar (por litro);
  • Dose recomendada (L/ha);
  • Número de aplicações;
  • Custo da aplicação;
  • Resposta em produtividade esperada (kg/ha);
  • Valor estimado da venda do produto agrícola.

Conclusão

A adubação potássica em soja é essencial para altas produtividades, mas se não realizada corretamente pode limitar a sua produção.

Planejamento da adubação, análises de solo e cálculos são essenciais para que tudo ocorra bem.

Aqui você viu como realizar tudo isso, além de dicas extras para potencializar sua adubação!

>> Leia mais:

Manejo do zinco na soja: como utilizá-lo para potencializar sua produção

Como identificar e evitar a deficiência de boro na soja

Gostou dessas dicas? Tem outras dicas a respeito da adubação potássica em soja? Adoraria ver seu comentário abaixo!

Cuidados que você deve ter para evitar deficiência de potássio em soja

Deficiência de potássio em soja: Como evitá-la e quando fazer adubação potássica para garantir melhor produtividade na sua lavoura.

A nutrição adequada das plantas é um fator importante para maximizar o retorno econômico da cultura da soja.

O valor investido em fertilizantes dá resposta não só na produtividade da área aplicada, como também é fator de destaque para diminuição de outros custos de produção por unidade de área.

Uma adubação adequada traz impactos positivos na utilização de máquinas e implementos; mão de obra; defensivos; sementes; equipamentos de secagem e armazenamento, entre outros.

Mas como identificar a deficiência de potássio em soja e quando fazer a adubação? Confira a seguir:

Deficiência de potássio em soja: quando fazer adubação potássica?

A deficiência de potássio em soja causa a redução da taxa de crescimento das plantas. Isso se manifesta antes do aparecimento de sintomas visuais (Wendling, 2004), que surgem apenas em casos de deficiência mais severos.

Esses sintomas são predominantemente manchas amarelas (cloróticas) a partir das bordas das folhas mais velhas, chegando à necrose; maturação desuniforme; retenção foliar; legumes verdes e chochos; e grãos pequenos, enrugados e deformados (Borkert et al., 1994; Vedelago, 2014).

deficiência de potássio em sojaPlantas de soja com sintomas de deficiência de potássio: clorose na borda dos folíolos
(Foto: Anderson Vedelago)

deficiência potássica em soja

Plantas de soja com sintomas de deficiência de potássio: retenção foliar
(Foto: Anderson Vedelago)

O potássio é um elemento muito exportado nos grãos de soja (20 kg de K2O por tonelada).

E um alto potencial produtivo contribui para a redução dos estoques deste nutriente no solo, se adubação e manejo não forem adequados.

A limitação de rendimento de grãos ocasionada pela deficiência de potássio em soja é mais acentuada em situações onde é empregado um adequado manejo da cultura, especialmente quando não há restrição hídrica.

Isso proporciona às plantas uma grande capacidade de fixar legumes que demandam maior quantidade de potássio para o enchimento dos grãos.

As consequências da limitação nutricional de potássio se manifestam principalmente no terço superior das plantas.

Isso é mais evidente em cultivares de soja com tipo de crescimento indeterminado.

deficiência potássio em soja

Plantas de soja com sintomas de deficiência de potássio: legumes secos no terço superior
(Foto: Cláudia Lange)

Nestas cultivares, os nutrientes são demandados em maior quantidade, inicialmente na formação dos grãos do terço inferior e médio. Isso acaba provocando o aparecimento da deficiência no terço superior das plantas.

E como a adubação de soja com potássio acontece em terras baixas gaúchas

A resposta da soja à adubação potássica em solos de terras baixas no Rio Grande do Sul é pouco conhecida.

Os experimentos que subsidiaram o surgimento e avanços nas recomendações de adubação para soja foram realizados em terras altas, principalmente na metade norte do Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, sendo estes solos distintos daqueles das terras baixas (CQFS RS/SC, 2004).

As terras baixas do Rio Grande do Sul apresentam grandes variações regionais na disponibilidade de potássio (K) para a soja (Vedelago et al., 2012). Mais especificamente, as regiões arrozeiras da fronteira oeste e as planícies costeira apresentam frequentemente amostras de solo com disponibilidade do elemento baixa ou muito baixa, conforme CQFS RS/SC (2004).

Nesses locais, a soja apresenta alta resposta à adição de potássio na semeadura, como mostram os gráficos abaixo:

Como você pode ver no quadro a seguir, a máxima eficiência econômica encontrada nos experimentos foi de aproximadamente 120 kg de K2O por hectare. Diferente da máxima eficiência técnica, que ficou pouco acima dos 130 kg.

Por isso, a tomada da decisão sobre quanto potássio aplicar nas adubações de soja deve considerar

  • Gestão da propriedade como um todo, englobando a capacidade financeira;
  • Domínio do manejo da cultura;
  • Expectativa de colheita;
  • Preço do fertilizante;
  • Preço da soja.

Neste sentido, um bom planejamento agrícola é essencial neste momento.

LocalDMETRend. DMETDMEEAumento do rendimento de grãos
 kg ha-1Mg ha-1kg ha-1Mg ha-1
Cachoeirinha1274,851191,23
Capivari do Sul1384,501311,68
Cachoeira do Sul1353,901261,36
São Gabriel1303,501110,56
MÉDIA1324,191221,21

Dose de máxima eficiência técnica (DMET), rendimento de grãos de soja obtido com a dose de máxima eficiência técnica (Rend DMET), dose de K2O de máxima eficiência econômica (DMEE) e incremento no rendimento de grãos de soja pela adição de potássio – Safra 2012/13.
(Fonte: Vedelago, 2014)

Resultados em diferentes genótipos de soja

É importante notar que nem todos os genótipos de soja têm essa magnitude de resposta à adubação potássica e produtividade de grãos.

Tais resultados têm mais chance de acontecer nos genótipos com baixa estatura, entrenós curtos e com baixo índice de área foliar.

Caso contrário, o aumento da adubação não se traduz em aumento no rendimento de grãos, impactando negativamente no índice de colheita pelo acamamento e pelo excesso de área foliar (Lange et al., 2014).

>> Leia mais: “Tipos de adubos químicos na cultura da soja

Deficiência de potássio no solo: Balanço de potássio no solo

Devido à sua carga e ao raio iônico, o potássio é um elemento bastante móvel no solo. Possui alto risco de lixiviação e perda por escorrimento superficial em solos de baixa ou média Capacidade de Troca de Cátions (CTC).

Além disso, a alta exportação deste nutriente nos grãos de soja contribui para elevar constantemente o risco de balanço negativo no solo.  Por isso, constituem peças-chave no manejo da adubação potássica na cultura da soja:

  • Dimensionamento de seus estoques no solo;
  • Quantificação de sua suplementação pela fertilização;
  • Definição quanto às épocas de aplicação do fertilizante e o seu gerenciamento no sistema através de captura e ciclagem pelo uso de um sistema de sucessão de culturas, reduzindo as perdas do sistema.

No quadro abaixo consta o balanço de potássio no solo após a colheita da soja.

Estoque inicial e final de K no solo (camada 0 – 20 cm) após cultivo de soja em função de doses de potássio na adubação de semeadura nos diferentes locais – safra 2012/13.
(Fonte: Vedelago, 2014)

Esses dados evidenciam que há perdas de K durante o cultivo de soja motivado, possivelmente, pela baixa CTCpH 7,0 de três dos quatro solos utilizados, pela drenagem da água após as chuvas e pela falta de uma planta recicladora implantada na sequência.

Conclusão

As perdas de potássio podem ser minimizadas com o parcelamento da adubação e com a adoção de sistemas conservacionistas do solo que agreguem carbono e, por consequência, aumentem a CTC do solo.

O parcelamento do potássio nas lavouras de soja é uma medida que reduz as perdas principalmente em solos com baixa e média.

O parcelamento pode ser 30% a 40% próximo da semeadura (imediatamente antes ou após) e 60% a 70% antecedendo o início da floração.

Em anos de maior precipitação pluviométrica, como quando acontece o El Niño, é alto o incremento no rendimento de grãos com o parcelamento da adubação potássica.

Já em anos de La Niña, deve-se ter o cuidado para que chova após a aplicação da segunda dose de potássio para dissolver e incorporar o nutriente no solo, favorecendo a absorção pelas plantas.

>> Leia mais:

Por que adubação foliar em soja pode ser uma cilada

Como identificar e evitar a deficiência de boro na soja

Deficiência de magnésio na soja: orientações para isso não acontecer

Você já notou sinais de deficiência de potássio em soja? Restou alguma dúvida? Deixe seu comentário!


Referências:

BORKERT, C. M.; YORINORI, J. T.; CORRÊA-FERREIRA, B. S.; ALMEIDA, A. M. R.; FERREIRA, L. P. & SFREDO, G. J. Seja o doutor da sua soja. Inf. Agron., 66: 1-6, 1994.

COMISSÃO DE QUÍMICA E FERTILIDADE DO SOLO – CQFS RS/SC. Manual de Adubação e de Calagem para os Estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. 10 ed. Porto Alegre, Evangraf, 2004. 400p.

LANGE, C. E.; VEDELAGO, A. & THOMAS, A. L. Potencial de rendimento de grãos de soja em solos de várzea do Rio Grande do Sul. In: THOMAS, A. L. & LANGE, C. E., orgs. Soja em solos de várzea do Sul do Brasil. Porto Alegre, Evangraf, 2014. p.83-127.

VEDELAGO, A.; CARMONA, F. C.; BOENI, M.; LANGE, C. E. & ANGHINONI, I. Fertilidade e aptidão de uso dos solos para o cultivo da soja nas regiões arrozeiras do Rio Grande do Sul. Cachoeirinha, IRGA. Divisão de Pesquisa, 2012. 46 p. (Boletim Técnico, 12)

VEDELAGO, A. Adubação Para a Soja em Terras Baixas Drenadas no Rio Grande do Sul. Porto Alegre. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2014. 83p. (Dissertação de Mestrado).

WENDLING, A. Recomendação de nitrogênio e potássio para trigo, milho e soja sob sistema plantio direto no Paraguai. Santa Maria, Universidade Federal de Santa Maria, 2005. 160p. (Dissertação de Mestrado).


Anderson Vedelago é engenheiro agrônomo, mestre em Ciência do Solo, sócio da Oryza & Soy Pesquisa e Consultoria Agronômica Ltda. e escreve eventualmente para o Blog do Aegro.

5 dicas no planejamento agrícola para otimizar o uso de fertilizantes

O que você acha de produzir mais com menor custo?

Já vimos em artigo anterior como diminuir os custos através de um planejamento agrícola bem feito.

Que tal agora aplicar o planejamento para otimizar o uso de fertilizantes na sua lavoura?

O uso de fertilizantes na quantidade adequada garante um bom rendimento e pode aumentar em até 50% a produtividade.

Já sabemos que o uso de fertilizantes, sejam eles orgânicos ou minerais, auxilia de maneira imprescindível para garantirmos as altas produtividades.

Quando falta nutrientes, a produtividade da cultura fica limitada ao nutriente presente em menor quantidade no solo. Isso vai ter como consequência a redução da produtividade.

Vamos então para algumas dicas que vão lhe ajudar na hora de otimizar o uso do fertilizante na lavoura.

Dica 1: faça uma boa análise de solo e tenha investimentos certeiros

É o primeiro passo de tudo. A análise de solo deve ser feita com certa regularidade, de preferência todo ano. Assim, você saberá exatamente a quantidade de nutrientes que sua próxima cultura vai precisar.

Como vemos no campo, há várias ferramentas que podem ser utilizadas para realizar o procedimento de coleta de forma manual.

trados do solo

(Fonte: Andre Pereira Lima em Nutrical)

O tempo consumido e o trabalho envolvido são barreiras para execução dessa atividade. Mas isso está com os dias contados: novas ferramentas e equipamentos vêm ganhando força e auxiliando os produtores, como análise de solo automatizada e georreferenciada.

amostra-de-solo-automatizada

(Fonte: Saci Soluções)

Com a amostragem georreferenciada é possível fazer um planejamento agrícola mais direcionado, dando a atenção necessária e diferenciada em cada área.

Assim, dá para separar as diferentes necessidades de adubação e correção do solo por meio de mapas.

Com o mapa da sua área você poderá fazer aplicação de fertilizantes em taxa variável, ou seja, você só vai aplicar o adubo, calcário ou gesso onde realmente está faltando e na quantidade ideal.

A taxa variável é uma das utilizações da agricultura de precisão e pode ser uma excelente ferramenta para a administração rural.

inceres

(Fonte: Inceres)

Aplicativos como o Aegro também permitem que você cadastre suas unidades produtivas e as georreferencie no mapa.

aegro

Isso permite conhecer as necessidades e custos por talhão, inclusive quanto aos fertilizantes e corretivos.

O histórico da fazenda de adubação e correção também são essenciais para saber o que está acontecendo com sua propriedade e qual a melhor estratégia de produção agrícola. Mantenha seus registros e esteja definitivamente no comando.

>> Neste artigo você aprende como escolher um software de AP: Software para Agricultura de Precisão: O guia definitivo para escolher um

Dica 2: saiba quais produtos estão disponíveis no mercado e tenha em mente todas as opções

Ao final da safra, avalie os resultados e identifique quais foram os fertilizantes que obtiveram melhor desempenho.

Sabendo isso você poderá selecionar de maneira mais rigorosa os produtos que irá comprar nos próximos cultivos.

No mercado há muitas opções, por exemplo: na hora de comprar o calcário qual você vai escolher?

Você pode optar pelo calcítico, no qual o teor de magnésio é inferior a 5%, ou magnesiano, no qual o magnésio está presente entre 5 e 12%, ou ainda optar pelo dolomítico, que possui um teor acima de 12% para o magnésio.

E o calcário é só um exemplo. Lembre-se de todos os outros insumos que você escolhe todos os anos para integrar seu manejo da lavoura, as opções são inúmeras.

Por isso, o acompanhamento da sua lavoura é vital para que você verifique se os produtos que escolheu estão adequados para os objetivos que se deseja: produtividade e rentabilidade.

Sabendo quais produtos pretende-se comprar, avalie os preços, a qualidade e os serviços oferecidos pelo vendedor que podem te auxiliar na sua próxima safra.

Mas você não vai conseguir fazer isso se comprar de última hora, na correria do plantio. Por isso é tão importante o planejamento estratégico da produção agrícola antes da safra começar.

Pense sobre isso!

E lembre-se: o fertilizante deve ser visto como um investimento procurando sempre a melhor relação custo-benefício.

Dica 3: parcelamento dos nutrientes (em especial para nitrogênio e potássio)

Os nutrientes são extraídos do solo em diferentes quantidades dependendo da cultura.

O parcelamento deve ser baseado no tipo de solo, já que os mais arenosos vão precisar de parcelamento para que não perca todo o nitrogênio.

Quando falo especialmente para nitrogênio e potássio é porque esses nutrientes são mais facilmente lixiviados no solo. Caso isso aconteça, eles não conseguem ser absorvidos pelas plantas.

A maior quantidade de nitrogênio na cultura do milho é absorvida até o florescimento.

>> Cuidados que você deve ter para evitar deficiência de potássio na soja

Essa informação nos permite compreender que a maior parte do nitrogênio utilizado pela planta precisa ser absorvido do solo, sendo que apenas 38% é remobilizado para os grãos.

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(Fonte: Agronegócio em foco)

Portanto, fica claro que a época em que o fertilizante é aplicado reflete de forma significativa nos custos e na produtividade da cultura.

No caso do milho, por exemplo, percebemos que a grande maior parte da adubação de nitrogênio deve ocorrer até o florescimento.

Para a cultura da soja, a Embrapa tem essa publicação na qual mostra os nutrientes absorvidos em cada fase da lavoura dessa leguminosa.

soja-nutrientes

(Fonte: Embrapa)

Dica 4: saiba identificar a deficiência de nutrientes caso ela ocorra

Identificar os sintomas de deficiência caso ocorram vai lhe ajudar a prevenir que aconteça nas próximas safras.

sua-planta-está-doente

(Fonte: Eng. Agrônoma Angela Rossi e Arte UOL em Eu Quero Biologia)

Se você está vendo sintomas é porque algo não aconteceu como o planejado, podendo ser dose errada de produto, ausência de aplicação ou ainda época errada de aplicação.

Nestes links para a cultura do milho e da soja, você vai poder aprender mais sobre a deficiência de nutrientes.

Dica 5: uso de tecnologias e softwares para gestão agrícola

O uso de softwares para a aplicação de fertilizantes e corretivos está cada vez mais difundida e é uma tendência que veio para ficar e auxiliar os produtores a otimizarem as aplicações.

Como já vimos, podemos utilizar essas ferramentas em vários momentos, como na realização da amostragem de solo e em aplicação de fertilizantes em taxas variáveis.

Outros, podem te auxiliar no planejamento agrícola e acompanhamento da safra, permitindo que tudo esteja ao seu alcance e totalmente controlado.

O Aegro tem uma ferramenta que te mostra os insumos que foram planejados. Você ainda pode ver na tela de estoque todas as entradas de insumos e saídas, controlando de maneira prática todo o seu estoque.

Controle de custos de safra no Aegro

Para te ajudar no planejamento também disponibilizamos gratuitamente abaixo uma planilha de fertilizantes!

Conclusão

Deu para perceber que o planejamento agrícola envolve tudo, inclusive o uso correto de fertilizantes e corretivos.

Aqui você aprendeu sobre importância da adubação, análise de solo, parcelamento de fertilizantes, identificação de deficiências nutricionais e como alguns softwares ou aplicativos podem te ajudar nessas atividades.

Aproveite as dicas para otimizar de uma vez por todas a aplicação de fertilizantes na sua lavoura. Isso pode ser o diferencial que você está procurando!

>> Leia mais:

“Fertilização em excesso? Entenda os riscos da overfert e saiba como evitar que ela ocorra”

“Calendário agrícola: saiba como organizar as atividades da lavoura de forma estratégica”

O que achou das dicas? Tem mais alguma coisa que você no planejamento agrícola e uso de fertilizantes? Ficou  alguma dúvida? Conta para a gente! Adoraria ver seu comentário abaixo!