About Mário Bittencourt

Jornalista e pós-graduado em Agricultura de Precisão e Ciência de Dados

Como usar e obter lucros com a energia solar na agricultura

Energia solar na agricultura: saiba como funciona, os diferentes tipos, quanto tempo dura a estrutura implantada na sua fazenda e muito mais!

A energia solar na agricultura ganha cada vez mais importância em todo o mundo. Ela reduz os efeitos das mudanças climáticas, tem baixo custo de produção e é sustentável.

Ela é uma das principais opções para viabilizar a irrigação no campo. E o melhor de tudo: atende desde as pequenas propriedades até grandes fazendas equipadas com pivôs centrais.

Neste artigo, confira como a energia solar te ajuda a aumentar seus lucros e como usá-la na sua fazenda.

Quais os benefícios de usar a energia solar na agricultura?

A energia solar pode ser uma grande aliada na agricultura! Não importa o tamanho da sua propriedade rural. Se você tem uma horta de 0,5 hectare ou uma fazenda equipada com pivôs centrais, a energia solar trará diversos benefícios, como:

  • autonomia com a geração de energia;
  • redução de custos com energia elétrica;
  • uso de energia para irrigação ou demanda doméstica na fazenda;
  • você pode fazer a venda do excedente de energia para o Sistema Elétrico Brasileiro;
  • baixo custo de manutenção;
  • mais sustentabilidade, pois é fonte de energia renovável e limpa.

A desvantagem desse sistema de energia é o alto investimento inicial para instalação. No entanto, após dois ou cinco anos, você recupera esse valor de investimento e começa a lucrar.

O sistema dura cerca de 25 anos.

Foto de usina de energia solar em campo. As placas de energia solar são azuis, posicionadas no chão cercado. Atrás, é possível ver a propriedade rural.

Usina de energia solar em área rural

(Fonte: Canal Solar)

Você pode fazer uma simulação de custos neste link do Simulador Solar, baseado no seu consumo atual de energia.  

Outra opção é obter parâmetros mais técnicos de investimentos e custos neste estudo acadêmico sobre uso de energia fotovoltaica.

O estudo foi feito em área irrigada com pivô central no estado de Goiás. Nesse caso, o custo ultrapassou R$ 1 milhão.

No entanto, o estudo apontou que o sistema de energia fotovoltaica é viável economicamente. Isso mesmo centrando-se apenas na relação custo de produção, investimento e manutenção do sistema. 

Não foram inclusos lucros com a venda da energia para o Sistema Elétrico Brasileiro. 

Custos para implantação da energia solar na fazenda

Os custos para investimento vão depender de vários fatores, sendo os principais:

  • demanda hídrica da cultura agrícola e a área a ser irrigada;
  • tipo de sistema de captação de água que consumirá a energia;
  • tipo e quantidade de placas fotovoltaicas necessárias para atender a demanda;
  • quantidade de baterias utilizadas para armazenamento;
  • estrutura necessária para instalar os equipamentos.

O custo de implantação depende de vários fatores além da demanda de energia. 

Como funciona o sistema de energia solar

A energia solar vem da luz e do calor do sol, por ondas emitidas por ele. Existem duas formas de energia solar: a térmica e a fotovoltaica, a mais utilizada na cidade e no campo.

Energia solar térmica

Esse tipo de energia também é chamada fototérmica. Nela, a energia do sol é utilizada na forma de calor para aquecer outro corpo, por meio de placas solares.

Também podem ser utilizados tubos à vácuo para transferir o calor para um meio líquido. Esse tipo de energia é muito utilizado em áreas residenciais urbanas.

Energia solar fotovoltaica

A energia solar fotovoltaica utiliza módulos solares. O calor e a luz do sol são transformados em energia elétrica.

Por isso, quanto maior a radiação solar nas placas solares, maior a quantidade de energia elétrica que será gerada.

Quando a energia solar é ligada ao Sistema de Energia Brasileiro, ela se chama “on-grid” e quando não é, “off-grid”.

Crescimento do uso de energia solar na agricultura brasileira

O uso da energia solar na agricultura cresceu 1,3 mil vezes nos últimos 5 anos, segundo a Absolar (Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica).

Centenas de empresas nacionais e estrangeiras têm oferecido serviços e equipamentos diversos para atender as mais diversas demandas.

Isso favorece a diversidade na qualidade dos equipamentos e nos preços.

Em 2021, houve no Brasil o dobro da importação de painéis solares, em comparação com 2020, segundo a Abinee (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica).

A compra dos equipamentos para energia solar em outros países deve chegar este ano a cerca de R$ 11,2 bilhões, aumento de 98% em relação ao ano passado. 

Isto resulta também em novas oportunidades no agro, como a instalação no Brasil, por uma empresa multinacional, do primeiro pivô central movido à energia solar do mundo

O sistema tem potência de 128 kWp e pode irrigar quase 100 hectares por uma média de 6 a 8 horas por dia.

Foto de área de irrigação com pivô central com energia solar. Na foto, três placas grandes de energia solar estão posicionadas no solo, levemente inclinadas.

Área de irrigação com pivô central que funciona com energia solar

(Fonte: Valmont

Investir em energia solar fotovoltaica pode ter um custo alto. Porém, o lado bom é que a implantação do sistema pode ser financiada por meio do Plano Safra, do Governo Federal.

No Plano Safra, há o Programa ABC (Agricultura de Baixo Carbono). 

Através do programa, é possível ter acesso a projetos que incluem energia solar, como a Proirriga (financia projetos de irrigação) e Inovagro (de inovação e tecnologia).

Energia solar e os novos desafios do agronegócio

O agronegócio brasileiro tem sido cada vez mais cobrado pela comunidade internacional a desenvolver práticas sustentáveis.

Além disso, internamente, o setor é obrigado a lidar com mudanças climáticas. Em 2021, elas causaram diversos danos nas regiões Sul e Centro-Sul, com secas e geadas.

Cada vez mais é preciso buscar meios de reduzir riscos na atividade agrícola. 

Uma das formas de fazer isto é por meio da energia solar, pois ela favorece a implantação ou expansão das áreas irrigadas.

Segundo a ANA (Agência Nacional de Águas), há no Brasil 8,2 milhões de hectares com sistemas de irrigação.

Desses, 5,3 milhões de hectares são com água de mananciais e 2,9 milhões de hectares com fertirrigação com água de reúso.

Assim, o fortalecimento da competitividade do agronegócio brasileiro passa também pela expansão das áreas com energia solar

Conclusão

A energia solar na agricultura apresenta diversos benefícios. Apesar de seu custo inicial ser alto, ela se torna lucrativa com o tempo e promove a sustentabilidade na fazenda.

Busque informações sobre como implantar a energia solar em sua fazenda. Antes disso, consulte preços dos equipamentos, além de buscar financiamentos.

Eu nunca ouvi falar de alguma pessoa que se arrependeu por implantar a energia solar e você, muito provavelmente, não será a primeira.

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E você, já pensou em implantar energia solar na agricultura? Já usa esse tipo de energia e gostaria de contar sua experiência? Adoraria ler seu comentário!

Conheça os 6 títulos de crédito do agronegócio e suas finalidades

Títulos de crédito do agronegócio: saiba quais são, a quais necessidades atendem e em quais situações utilizá-los

O uso de títulos de crédito do agronegócio é uma importante alternativa de financiamento para a agroindústria no Brasil, em relação ao crédito rural.

Ele pode ser utilizado para o desenvolvimento da fazenda e para beneficiamento da produção, como fábricas e indústrias rurais.  Conhecer todos os títulos de crédito e suas finalidades pode te ajudar muito na tomada de decisão.

Neste artigo, você saberá quais são os tipos de título, a diferença entre eles e como você pode se beneficiar. Boa leitura! 

O que são títulos de crédito do agronegócio?

São títulos que te possibilitam conseguir recursos financeiros no âmbito privado. Por exemplo, você pode consegui-los nas AgFintechs, as agtechs do agronegócio que trabalham com crédito rural.

Os títulos são de vários tipos, e podem ser utilizados em situações diversas:

  • custeio da produção e comercialização;
  • investimentos em tecnologia e inovação;
  • geração de energia limpa e outras práticas sustentáveis;
  • construção e ampliação de armazéns, dentre outros.
Banner do Guia de Crédito Rural. à esquerda a descrição do ebook e à direita uma foto com moedas e uma planta.

Quais são os títulos de crédito do agronegócio?

Os títulos de crédito do agronegócio são seis, ao todo: CPR, CDA/WA, CDCA, LCA E CRA. Eles foram instituídos por meio das Leis nº 8.929, de 22 de agosto de 1994, e nº 11.076, de 30 de dezembro de 2004.   

Cada um atende a determinadas necessidades. Veja mais detalhes sobre eles abaixo.

1. CPR (Cédula de Produtor Rural)

A Cédula de Produtor Rural é um título de crédito com garantia real. Ele é uma penhora rural ou mercantil, emitida para facilitar a comercialização de produtos.

Criada pela Lei n.º 8.829/1994 (alterada pela Lei 10.200, de 14 de fevereiro de 2001), ela é um marco do desenvolvimento do sistema de financiamento privado do agronegócio.

Ela pode ser utilizada para recebimento antecipado da comercialização das mercadorias.

No mercado primário, a CPR pode ser negociada caso você precise adiantar recursos para a produção de mercadorias. No mercado secundário, a CPR é vendida a um terceiro.

É importante registrar a CPR em alguma entidade autorizada pelo Banco Central do Brasil. Assim, você pode assegurar que as informações sobre o título são verdadeiras e evitar desconfianças.  Além do produtor rural, podem emitir a CPR as associações e as cooperativas.

Entre as vantagens da CPR, está a isenção do investidor no Imposto de Renda e no IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).    Esse título de crédito pode ser utilizado para registo e emissão de outros títulos, como a LCA (Letra de Crédito do Agronegócio).

A CPR tem as modalidades física e financeira. Na física, ocorre a promessa da entrega de produtos. A CPR financeira não prevê entrega física do produto rural, mas a liquidação financeira da CPR.  Neste caso, o valor para pagamento é verificado através da multiplicação da quantidade pelo preço.

2. CDA (Certificado de Depósito Agropecuário) 

O CDA (Certificado de Depósito Agropecuário) entrega um produto agropecuário depositado em armazéns certificados pelo governo. 

Outra opção é o produto atender aos requisitos mínimos do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento).

3. WA (Warrant Agropecuário)

A WA (ou Warrant Agropecuário) é o pagamento em dinheiro que dá direito de penhor sobre o CDA e sobre o produto nele descrito.   Por isso, o CDA e o WA são emitidos sempre em conjunto, após a solicitação do depositante. 

CDA e WA podem ser comercializados ou usados em empréstimos pelos produtores e constituem executivos extrajudiciais. Os executivos extrajudiciais são documentos ou atos a que a lei confere força executiva. Eles equivalem a uma comprovação sem erros da comprovação do crédito.

Imagem de moedas empilhadas sobre solo de plantio, com alguns brotos sobre as pilhas

(Fonte: Feed&Food)

4. CDCA

É um título de crédito nominativo e de livre negociação. Promete pagamento em dinheiro, além de constituir título executivo extrajudicial.  Ele garante os direitos creditórios originários de negócios realizados entre produtores rurais, entidades de classe rural ou terceiros. 

Esses direitos devem ser relacionados à produção, beneficiamento ou industrialização de insumos, máquinas e implementos. Este título de crédito é vinculado aos direitos creditórios do agronegócio, presentes no sistema de registro e liquidação financeira de ativos.

Deve também estar custodiado por alguma instituição financeira autorizada pela CVM (Comissão de Valores Imobiliários). Assim que a  CDCA é emitida, ocorre a determinação de penhor sobre direitos creditórios do agronegócio vinculados a ela.

A CDCA é um elo significativo na cadeia produtiva do agronegócio. Afinal, é uma porta de entrada do segmento de mercado de capitais, o que viabiliza queda de juros praticados com o produtor rural.

5. LCA (Letra de Crédito do Agronegócio)

Assim como a CDCA, a LCA é um título de livre negociação. Ela promete pagamento em dinheiro. Pode ser emitida somente por instituições financeiras públicas e privadas, em forma escritural. Ainda, deve ser emitida em CDR, duplicatas e notas promissórias rurais.

O valor da LCA deve ser sempre igual ou inferior ao valor dos direitos creditórios vinculados a ela.

Ela dá direito de penhor sobre os direitos creditórios vinculados. Isso acontece independente de outra convenção sobre garantias adicionais, reais ou pessoais, livremente negociadas.

6. CRA (Certificados de Recebíveis do Agronegócio)

Também é nominativo e de livre negociação. Promete pagamento em dinheiro e constitui título executivo extrajudicial.

A emissão de CRA é exclusiva para companhias de seguro rural. Elas realizam operações que transformam ativos com baixa liquidez em valores mobiliários líquidos e aptos à negociação no mercado.

Conforme a Lei n.º 11.076/2004, os CRAs devem ser vinculados a direitos creditórios de negócios realizados entre produtores rurais. A regra também vale para cooperativas e terceiros.

Tais negócios incluem também financiamentos ou empréstimos relacionados à:

  • produção;
  • comercialização;
  • beneficiamento ou industrialização de produtos/insumos agropecuários;
  • beneficiamento de máquinas;
  • beneficiamento de implementos utilizados na produção agropecuária.
Banner de chamada para portal de consultores agrícolas

Conclusão

Com a crescente tendência de crescimento do setor agropecuário brasileiro, há mais variedades de oferta de crédito rural. 

As regras de algumas instituições, como as startups, podem ser mais flexíveis que as dos bancos comuns.

Por isso, é importante que você se informe bem sobre o assunto e busque se beneficiar dessas novidades. Procure sempre a melhor opção para a sua realidade, e conte com ajuda de especialistas.

Tenha sempre em mente que essa é mais uma ferramenta para aprimorar a gestão da sua fazenda. Assim, você poderá se desenvolver mais no setor agropecuário.  

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Você já conhecia todos os títulos de crédito do agronegócio? Já usou algum deles? Deixe seu comentário aqui embaixo!

Espaçamento entre plantas e entre linhas: saiba qual é o ideal para a sua lavoura

Espaçamento entre plantas e entre linhas: entenda as variações e como ele pode ser otimizado em áreas com boas condições de produção 

Você sabe qual o espaçamento ideal entre plantas e entre linhas para a sua lavoura? 

O ideal é aquele que está mais condizente com a realidade da sua área de produção e com o que você produz.

Em qualquer cultura, o espaçamento pode ser utilizado para otimizar a produção e obter boas rentabilidades. Isso vale para lavouras temporárias ou permanentes.

Para saber o espaçamento ideal, você deve considerar as condições do solo, o regime hídrico, a variedade da cultura e a operacionalidade. Veja mais detalhes a seguir!

Importância do espaçamento entre plantas e entre linhas

Independente do tamanho da sua área de produção ou cultura, o espaçamento entre plantas e linhas é algo que deve ser sempre considerado.

As plantas precisam de um espaço mínimo para que não haja competição entre elas. Elas podem competir por luz, água e nutrientes do solo, o que gera baixa produção.

Com a evolução da agricultura, há diversas recomendações de espaçamento entre plantas e entre linhas. Elas são utilizadas após pesquisas comprovarem sua eficácia

Na busca por informações, você precisa saber exatamente a variedade a ser cultivada. Após isso, observe as recomendações de espaçamento mínimo.

O espaçamento determina o tráfego de maquinários na lavoura, na realização dos manejos durante o crescimento da planta e na colheita.

Um dos fatores importantes para determinar o espaçamento é a condição climática da sua área de produção. Você deve observar o regime pluviométrico, luminosidade e condições do solo e clima.

Estando de olho nesses fatores gerais, você já estará em um bom caminho. 

Linhas duplas (ou gêmeas) e plantio cruzado

O plantio em filas duplas (ou gêmeas) ou no plantio cruzado volta e meia despertam a atenção dos produtores de grãos. Afinal, a busca por maior produtividade é frequente.

Os estudos da Embrapa sobre plantios de soja em fileiras duplas demonstram que elas não geram maior produtividade. São semelhantes ao plantio convencional.

No plantio cruzado da soja, os resultados de produtividade também não têm sido relevantes.

Já no sorgo, as pesquisas mostram ganhos de produtividade no plantio em fileiras duplas, assim como no plantio de milho.

Espaçamento para a soja

A soja é cultivada no espaçamento de:

  • 40 cm a 50 cm entre linhas;
  • 5 cm a 16 cm entre plantas na linha. 

A soja tem uma parte do rendimento atribuído a fatores genéticos e a outra parte ao manejo da lavoura. O espaçamento entre plantas e entre linhas faz parte desse manejo. 

O adensamento de plantas varia conforme o quadro abaixo:

Tabela que mostra o espaçamento correto entre plantas, de acordo com os hectares

Adensamento pode chegar a 450.000 por m²

(Fonte: Embrapa)

No cultivo de soja, um dos objetivos do espaçamento é reduzir a competição das plantas por água, luz e nutrientes. Além disso, evita a propagação de pragas e doenças.

Para produzir bem, a soja precisa de melhor aproveitamento da irradiação solar na área foliar. Isso garante a fotossíntese necessária para o crescimento das plantas.

Um estudo da Embrapa mostrou que o adensamento de plantas no espaçamento de 25 cm entre linhas resultou em 4,7 sacas de 60 kg/ha a mais de soja. Esse número foi comparado ao resultado no espaçamento de 50 cm.

No sistema mais adensado, ocorre o aumento mais rápido da área foliar. A consequência é que o crescimento da planta é acelerado, fazendo com que haja o acúmulo de massa para produção de grãos.

Espaçamento para o milho

A semeadura de milho tem espaçamento reduzido. Ele varia entre:

  • 45 cm e 50 cm entre linhas;
  • 6 a 7 sementes por metro.

As orientações sobre espaçamento para o milho são semelhantes às da soja. Isso quanto a consulta ao Zarc e às especificações das sementes/cultivares.

No caso do milho, fique de olho no espaçamento adequado para a finalidade do cultivo: milho silagem, pipoca, doce, grão, milho branco ou minimilho.

A diferença se dá mais com o milho silagem. Geralmente, ele é cultivado com 50 cm a 75 cm entre linhas. Assim, sobra mais espaço para o manejo de pragas e durante a colheita com máquinas.   

O maior adensamento do  proporciona uma cobertura mais rápida do solo, melhor aproveitamento da radiação solar e redução de ervas daninhas do milho.

No entanto, o adensamento pode favorecer as doenças, devido à menor aeração e do microclima favorável.

Densidade da plantação de milho: imagem mostra redução de espaços, que favorece a cobertura do solo

Densidade da plantação do milho: redução de espaços favorece a cobertura do solo

(Fonte: Embrapa)

O rendimento do milho, assim como da soja, depende de outros manejos e especificidades genéticas das sementes. Condições climáticas favoráveis também são importantes.

Espaçamento para o trigo

A semeadura do trigo é bem diferente da soja e do milho:

  • Nas linhas a distância é de 20 cm, mas pode chegar até 17 cm.  A profundidade varia entre 2 cm a 5 cm;
  • A densidade indicada é de 350 a 450 sementes por metro quadrado. Em área irrigada, entre 270 a 350 sementes por metro quadrado. 

O Zarc do trigo também é uma ferramenta importante para você. Com ela, você pode saber a época certa de realizar o plantio e reduzir os riscos da atividade.

Espaçamento para o café

O espaçamento das lavouras de café, assim com todas as permanentes, são bem variáveis:

  • o espaçamento entre linhas varia entre 3,5 m a 4 m;
  • o espaçamento entre plantas varia entre 50 cm a 1 m.

As principais influências no espaçamento são o manejo e os tratos culturais, que envolvem também a poda.

A introdução de máquinas, sobretudo durante a fase da colheita, é um dos principais fatores que devem ser observados na implantação da lavoura.

O cafeeiro leva de 3 a 5 anos para produzir. Após implantado, pode chegar até 25 anos de vida, em produção anual.

Assim, a decisão no espaçamento na produção de café é algo que não dá para mudar.

A maior distância de uma planta para outra é mais recomendável para áreas de sequeiro. Para áreas irrigadas, o adensamento é mais possível de ser feito.

Cuide do manejo de semeadura

Além de cuidar do espaçamento entre linhas e entre plantas, é necessário realizar um bom manejo de semeadura para garantir bons resultados. 

Atente-se para a época certa da semeadura. Uma cultivar pode ser ideal para determinada época e não render bem em outra. Na época correta, há condições favoráveis à expressão do potencial genético da semente.

A Embrapa orienta que você se atente à melhor época de plantio da sua região, que pode não ser a mesma de outros locais.

Para reduzir os riscos, consulte o Zarc (Zoneamento Agrícola de Risco Climático) da soja no Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento).

Os estudos da Embrapa nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste apontam que as maiores produtividades da soja são das semeaduras realizadas entre outubro e novembro.

Nessa época, as condições climáticas (chuvas, luminosidade, temperatura do ar e solo e fotoperíodo) são ideais para o crescimento, florescimento e enchimento dos grãos.

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Conclusão

O espaçamento entre plantas e entre linhas faz parte do manejo de semeadura. É uma das fases mais importantes da produção, já que ele interfere na produtividade.

O sucesso da lavoura, contudo, também dependerá de outros fatores.

A diminuição dos riscos para a semeadura pode ser reduzida consultando o Zarc.

Buscar orientação/informação técnica sobre a semente que será utilizada no plantio é algo que você deve fazer sempre. Assim, terá certeza da época certa para a semeadura.

>> Leia mais: “Como melhorar a plantabilidade e corrigir falhas e duplas na lavoura”

Como você calcula o espaçamento entre plantas e entre linhas dos seus cultivos? Já procurou ajuda de um profissional da área para te ajudar? Deixe seu comentário!

Saiba o que é o sequestro de carbono na agricultura e como se beneficiar dele

Sequestro de carbono na agricultura: saiba quais são as melhores práticas e como lucrar com isso

O sequestro de carbono na agricultura é uma prática que tende a ser ampliada. Afinal, o agronegócio brasileiro é cada vez mais cobrado por ações relacionadas às práticas ambientais, sociais e de governança, conhecidas como ESG.

Dentre os objetivos, está a redução da emissão de gases de efeito estufa na atmosfera.

A grande liberação desses gases provoca mudanças climáticas que impactam diretamente o agro, a exemplo da seca e geada que dizimaram lavouras em 2021.

Neste artigo, você saberá mais sobre algumas práticas que sequestram carbono e como se beneficiar delas. Confira!

Emissão de carbono e o agronegócio

A dependência da sociedade por combustíveis fósseis aumenta cada vez mais as emissões dos gases de efeito estufa na atmosfera. Dentre esses gases, estão o gás carbônico (CO2) e o metano (CH4), que vêm  de atividades industriais e agropecuárias.

Por isso, o Brasil tem sido cada vez mais cobrado para desenvolver práticas de ESG no agronegócio.

Relatório recente aponta que adotar modelos de negócios alinhados com práticas ESG serão o diferencial do mercado. Também serão a base para o crescimento e perpetuidade.

Atento a esta cobrança, o Governo Federal tem estimulado o produtor brasileiro à sustentabilidade ambiental por meio do Plano ABC, que faz parte do Plano Safra

Dentre as práticas, estão as relativas ao sequestro de carbono na agricultura. Elas auxiliam na captura de gás carbônico da atmosfera. Saiba mais sobre essas ações a seguir.

O que é sequestro de carbono na agricultura?

O sequestro de carbono é o termo usado para indicar o processo de exclusão do gás carbônico na atmosfera. Isso ocorre na agricultura através da fotossíntese das plantas. Elas captam dióxido de carbono no ar e o transforma em fotoassimilados. 

Utilizados como fonte de energia por bactérias que fixam nitrogênio nas raízes das plantas, os fotoassimilados são resultados da fotossíntese dos vegetais.

Ilustração que mostra como acontece o ciclo do carbono em ecossistemas conservacionistas
Ilustração de como ocorre o ciclo do carbono
(Fonte: Embrapa)

Durante a decomposição, de 15% a 25% desses resíduos são convertidos em carbono orgânico no solo. O restante vai para a atmosfera.

Mas a quantidade de carbono que sai do solo depende do manejo.

O sequestro ocorre quando as entradas de resíduos culturais são maiores que as saídas do carbono, por meio da atividade microbiana.

Porém, como saber se isso está ocorrendo, em que quantidade e como ganhar dinheiro com a geração de créditos de carbono? Acompanhe para saber mais!

Créditos de carbono no agronegócio

Os estudos sobre o sequestro de carbono e sua monetização ainda estão em estágio inicial em todo o mundo. No entanto, já há quem lucre com a captura de carbono na fazenda.

Recentemente, nos Estados Unidos, 267 produtores foram remunerados pela Indigo

Isso aconteceu por adotarem práticas agrícolas que resultaram na redução das emissões e sequestro de carbono. O valor da remuneração não foi informado.

As medições foram realizadas com base numa metodologia particular da Climate Action Reserve, uma organização não governamental.

Um estudo da Imaflora (Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola) apontou que 34 fazendas de café em Minas Gerais emitem uma quantidade de carbono por hectare/ano 7 vezes menor que a média global de fazendas de café.

Os cafeicultores mineiros ainda não estão sendo remunerados. 

No entanto, aproveitam o estudo para comprovar boas práticas e utilizá-las como marketing de venda. Dessa forma, atraem clientes dispostos a pagar mais caro pelo café.  

A monetização dos créditos de carbono deve ser o principal tema da COP26 (Conferência das Nações Unidades sobre o clima). 

A tendência é que os créditos de carbono virem a próxima commodity do agronegócio. Em 2020, o mercado internacional de créditos de carbono movimentou R$ 53 bilhões

3 práticas de manejo para o sequestro de carbono na agricultura

Dentre as principais práticas de manejo que resultam em sequestro de carbono da atmosfera, as que mais se destacam são:

  • o plantio direto na palha;
  • a rotação de culturas;
  • o sistema ILPF (Integração Lavoura Pecuária-Floresta).

Essas práticas podem ou não ser reconhecidas por empresas certificadoras (nacionais ou internacionais), já que não há metodologia única de avaliação.

Sistema de Plantio Direto

O sistema de Plantio Direto é uma das principais inovações dos últimos 50 anos no agronegócio brasileiro.

Esse sistema permite que o plantio/semeadura seja feito diretamente na palha (restos das plantas utilizadas para tal fim). 

Há possibilidade de até três safras no mesmo local, em um ano.

No plantio direto, você aproveita a matéria orgânica de uma plantação como cobertura do solo. A prática provoca maior umidade e reduz o aquecimento

Essa técnica faz com que o processo de decomposição da planta de cobertura seja mais lento. 

Consequentemente, o carbono é estocado no solo, e há redução de perdas para a atmosfera.

Pesquisas mostram que no clima tropical do Brasil, um hectare pode sequestrar até 0.8 toneladas de dióxido de carbono.

Esquema que mostra a dinâmica do carbono no sistema de preparo convencional e no sistema plantio direto
Dinâmica do carbono no sistema de preparo convencional e SPD 
(Fonte: Esalq)

Rotação de culturas

A rotação de culturas é outra técnica estratégica para a diminuição do efeito estufa na atmosfera.

A rotação protege o solo e possibilita a imersão de culturas de cobertura, como as gramíneas e as leguminosas.

A ideia é procurar culturas que possam produzir bastante palha, como o milho e a aveia. 

Outra opção são culturas de compensação, como soja e trigo, que fazem os balanços de carbono no solo.

Nas linhas da produção de café, tem sido muito utilizada a plantação de capim braquiária, como meio de obter cobertura verde do solo.

São feitas roçagens periódicas que resultam na formação de uma “cama verde”. Com a decomposição, é possível que se tenha de 15% a 25% convertidos em carbono.

Sistema ILPF

Desenvolvido pela Embrapa, o ILPF é considerado uma das alternativas mais apropriadas quando se fala em sustentabilidade.

Ele consorcia a criação de bovinos com a exploração florestal, geralmente de plantios de eucaliptos.

Estudos mostram que as sombras proporcionadas pelas árvores proporcionam bem-estar aos animais. 

Estes, por sua vez, reduzem a emissão de gás metano pela boca — o gás vem do processo digestivo dos bovinos, que são animais ruminantes.

O ILPF favorece a geração de serviços ambientais, como o sequestro de carbono, mas as medições sobre quantidades de emissões ainda são alvo de pesquisas.

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Conclusão

O sequestro de carbono na agricultura é uma ação de grande importância para o agronegócio brasileiro e mundial.

Atrelado às práticas ambientais, sociais e de governança (ESG) no agro, a tendência é de crescimento cada vez maior.

Por isso, é importante que você se atente às discussões sobre a monetização dos créditos de carbono. Elas serão a principal pauta do COP26, no final do ano.

Desenvolver práticas de ESG na fazenda é algo que você deve fazer sempre, tanto para a sustentabilidade ambiental quanto da sua própria permanência na atividade.

Além disso, as mudanças climáticas estão acontecendo e não dá para falar mais em futuro. Elas já exigem que a humanidade mude sua forma de viver no mundo

>>Leia mais:

“Agricultura de baixo carbono: o que é e como fazer?”

Você conhecia as práticas que fazem sequestro de carbono na agricultura? Faz o uso de alguma delas? Deixe seu comentário!

Elaboração de projetos de crédito rural: entenda pra que serve e como fazer

Elaboração de projetos de crédito rural:  saiba quais informações são necessárias e em que ordem elas devem estar no roteiro 

Uma das principais demandas dos produtores rurais no Brasil é a elaboração de projetos de crédito rural, por meio do qual se obtém acesso aos recursos do Plano Safra.

Mesmo que instituições financeiras, onde estão boa parte da verba do Plano Safra, disponibilizem roteiro para elaborar o projeto, a tarefa não é fácil.

A depender da situação, a elaboração do projeto exige conhecimento técnico especializado.

Por isso, neste artigo, trouxemos um passo a passo com o que você precisa saber para ter sucesso na elaboração do seu projeto de crédito rural. Boa leitura!

O que é e para que serve o projeto de crédito rural 

O projeto de crédito rural é um documento que você deve apresentar a bancos e instituições governamentais. Isso deve ser feito ao solicitar acesso a financiamento público para sua fazenda.

O projeto deve conter os investimentos que você deseja fazer em sua propriedade rural, o motivo e capacidade de pagamento da dívida.

Um projeto de crédito rural bem elaborado está em sintonia com a linha de financiamento contida no Plano Safra. Afinal, é por meio dela que se busca o empréstimo.

É importante que antes de definir qual linha de financiamento optar, você verifique quais são as necessidades de sua fazenda. Dessa forma, você fará a solicitação conforme a situação.

Mais demanda por crédito

Nos últimos anos, tem sido cada vez maior a demanda do agronegócio por mais recursos para:

  • produção;
  • custeio e comercialização;
  • investimentos em tecnologia e inovação;
  • sustentabilidade.

Por isso, o Governo Federal aumentou os recursos do Plano Safra 2021/2022 em R$ 14,9 bilhões, em relação ao plano anterior.

Foram disponibilizados, no total, R$ 251,22 bilhões. Desse valor, R$ 177,78 bilhões foram para custeio e comercialização e R$ 73,44 bilhões para investimento.

Os valores são disponibilizados em linhas de crédito específicas. Essas linhas possuem limites de valores, juros e prazo de pagamento para o pequeno, médio e grande produtor rural.

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Elaboração de projeto de crédito rural

Aqui,você verá o caminho a ser seguido por você na elaboração do projeto de crédito rural. No entanto, o ideal é que tenha o auxílio de profissional para acompanhamento técnico.

Cadastro de produtor rural

O primeiro passo a ser dado é a verificação do seu cadastro de produtor rural junto ao governo e instituições financeiras. Isso serve para saber como você se enquadra: pequeno, médio ou grande produtor.

Caso você não tenha o cadastro, os documentos básicos para que ele seja efetuado são:

  • seus documentos pessoais;
  • documentos da sua propriedade;
  • comprovantes de renda e de pagamentos de impostos, como do ITR (Imposto Territorial Rural).

Os documentos do cônjuge e da sua empresa também são necessários, bem como de um eventual avalista do seu empréstimo.

O cadastro é feito de forma gratuita. No entanto, podem haver custos se for necessário levantamento patrimonial, em caso de médio e grande produtor.

Assistência técnica e extensão rural

Com a papelada em mãos, você deve procurar o órgão de assistência técnica e extensão rural do seu estado. Na maioria dos estados, esse órgão é a Emater.

A partir daí, você saberá:

  • seu enquadramento;
  • as linhas de financiamento disponíveis;
  • juros e prazos de pagamento;
  • carência;
  • limite de valores que pode conseguir.

Com a documentação em dia, a próxima etapa começa. 

Ela envolve a apresentação do roteiro a ser seguido na elaboração do projeto de crédito rural. Os valores devem se basear no MCR (Manual de Crédito Rural).

Imagem de lavoura em segundo plano, com uma mão e primeiro, segurando várias cédulas de dinheiro.

(Fonte: BeefPoint)

Como elaborar o projeto de crédito rural?

O projeto de crédito rural não é um documento meramente burocrático, criado apenas para dificultar sua vida junto ao banco.

Para além disso, o projeto é uma ferramenta importante para o seu planejamento e gestão eficiente da fazenda

Ele também é essencial para a demonstração do emprego correto dos recursos públicos, que depois terão que ser devolvidos com juros.

Você não precisa se preocupar demais com os bancos. Eles não vão recusar seu projeto no primeiro envio, mesmo tendo alguns erros.

Na elaboração do projeto, o banco dá a orientação necessária para acessar o recurso. Oferece também informações que demonstram a viabilidade técnica e econômico-financeira do empreendimento rural.

O roteiro disponibilizado pelos bancos pode ser adaptado conforme a sua realidade. Você pode acrescentar informações e, sobretudo, números.

Seu projeto de crédito rural será analisado do ponto de vista da consistência das informações contidas nele, e não por conta de um erro ou outro.

O Banco do Brasil, por exemplo, orienta que os valores informados devem ser acompanhados das respectivas memórias de cálculo. Sem elas, todo o trabalho fica comprometido.

Orçamentos, estudos de mercado, plantas, mapas, croquis e outros documentos relevantes também são partes integrantes do projeto. 

Elas devem acompanhá-lo na entrega ao banco, conforme orienta a própria instituição financeira.

Informações que devem estar no projeto de crédito rural 

Na primeira parte do projeto, você deve inserir:

  • resumo;
  • identificação;
  • proponente(s);
  • propriedade(s) a ser(em) beneficiada(s).

Na segunda parte do projeto, você deve fazer um levantamento geral dos seus patrimônios, receitas e infra-estrutura do seu imóvel:

  • patrimonial (imóveis, máquinas, veículos e equipamentos, semoventes, outros bens e direitos, resumo do patrimônio, obrigações e situação patrimonial líquida atual);
  • características e infra-estrutura do imóvel beneficiado (clima e localização geográfica, recursos hídricos, meio ambiente, energia, transporte, armazenamento, meios de comunicação, mão de obra, etc);
  • receitas e produção do último triênio (agricultura, pecuária e outras atividades).

Na terceira parte do projeto, é essencial que você defina onde atua ou deseja atuar, no caso de ampliação de mercados. 

O projeto em si é apresentado na última parte do projeto, com os seguintes itens:

  • finalidade (financiamento, valor, prazo e carência, investimentos propostos, fontes dos recursos e épocas de realização, cronograma de execução físico-financeiro e usos e fontes, cronograma de reembolso do crédito e de dívidas preexistentes);
  • administração/tecnologia (técnicas e controles, impactos socioambientais);
  • engenharia (estimativa da produção agropecuária, cálculos e dimensionamentos, investimentos futuros e reinvestimentos, desembolsos com a atividade agropecuária);
  • projeção financeira (previsão de receitas, estrutura dos custos operacionais, fluxo de caixa e capacidade de pagamento);
  • conclusão (aqui, você destaca novamente a importância do seu projeto de crédito para o seu desenvolvimento no setor).

Enviei meu projeto de crédito rural. Quando serei contemplado?

Sobre prazos para obtenção do crédito, não há. Vai da própria elaboração do projeto (se foi feito tudo certo) e da viabilidade econômica do mesmo. 

Vale lembrar que são bancos que estão emprestando dinheiro e querem recebê-lo de volta, com juros. Ou seja: eles precisam estar seguros realmente do negócio que estão fazendo.

Conclusão

A elaboração de projetos de crédito rural requer muita atenção e conhecimento técnico para que seja feito da melhor forma.

É um documento que você deverá seguir à risca durante as diversas fases da sua produção agrícola. Assim, você conseguirá alcançar os objetivos da sua lavoura e pagar as parcelas do empréstimo.

O projeto de crédito rural é uma ferramenta de gestão agrícola. A sua execução, sendo bem feita, resultará em maior lucratividade e desenvolvimento da sua fazenda. 

>> Leia mais:

Imposto de Renda Produtor Rural: Esclareça as principais dúvidas

“Como vai funcionar o bureau verde do crédito rural e como ele pode impactar os financiamentos”

“Consórcio rural: veja o que é e conheça as vantagens”

Você precisa solicitar crédito? Já começou a elaboração de projeto de crédito rural? Não deixe para última hora, e deixe um comentário abaixo contando a sua experiência.

Conheça a relação entre taxa Selic e agronegócio

Taxa Selic e agronegócio: saiba como a taxa influencia os juros do crédito rural, conheça o efeito do sobe e desce e os impactos no agro

Conhecida como taxa básica de juros da economia, a taxa Selic influencia todas as taxas de juros do país. Exemplos são as taxas de financiamento do crédito rural e do Plano Safra.

No agronegócio, ela é um fator de retração ou estímulo aos investimentos nas atividades agrícolas como um todo.

No crédito rural, a taxa Selic serve como parâmetro para determinar os juros que você terá de pagar por determinado empréstimo.

É importante que você considere o histórico da taxa Selic no planejamento financeiro da sua fazenda, para evitar surpresas desagradáveis.

Neste artigo, você saberá como a taxa Selic funciona e como ela impacta nos negócios da sua fazenda. Boa leitura!

O que é a taxa Selic

A taxa Selic é a taxa média dos financiamentos diários.

A taxa funciona como principal instrumento balizador da política monetária para controlar a inflação. Essa inflação se refere à variação de preços dos produtos e serviços.

Selic é a sigla de Sistema Especial de Liquidação e de Custódia. O sistema é administrado pelo BC (Banco Central do Brasil), e é onde são negociados títulos públicos federais.

O sistema Selic, como infraestrutura do mercado financeiro, faz parte do SPB (Sistema de Pagamentos Brasileiros).

Ao fazer parte da infraestrutura do mercado financeiro, o sistema Selic tem papel fundamental no bom funcionamento do SFN (Sistema Financeiro Nacional).

Conforme o BC, o sistema Selic é importante para resolver possíveis casos de falência ou insolvência de instituições financeiras.

Ele serve para coibir fraudes e prevenir o contágio de instituições

Afinal, o sistema registra em seu banco de dados, em tempo real, a liquidação das transações com títulos públicos federais.

Infográfico azul que mostra a diferença entre taxa e sistema selic.

Taxa Selic X Sistema Selic

(Fonte: Banco Central)

Como a taxa Selic é regulada

No BC, a taxa Selic é regulada pelo Copom (Comitê de Política Monetária). Ele se reúne a cada 45 dias para definir se mantém ou altera, para mais ou para menos, o valor da taxa.

A atualização mais recente ocorreu dia 5 de agosto de 2021, quando a taxa Selic foi definida em 5,25% ao ano

O valor foi a alta de um ponto percentual em relação à alteração anterior.

Tabela com taxas de juros básicas.

Histórico recente das variações da taxa Selic

(Fonte: Banco Central)

Desde abril deste ano, a taxa Selic está em alta.

Entre agosto de 2020 e abril de 2021, ela ficou estável, em 2% ao ano. A alta veio após quedas frequentes desde agosto de 2016, quando bateu 14,25% ao ano.

De acordo com analistas financeiros, a tendência é que a taxa Selic suba mais um ponto percentual em setembro de 2021, indo a 6,25%.

Banner do Guia de Crédito Rural. à esquerda a descrição do ebook e à direita uma foto com moedas e uma planta.

Efeitos do sobe e desce da taxa

A alteração na taxa Selic provoca diversas mudanças. Elas vão desde as operações financeiras até o consumo pelos cidadãos

Nos bancos, ocorre alteração no custo de captação quando há mudança na meta para a taxa Selic. Afinal, a rentabilidade dos títulos indexados à taxa também muda.

Quando a taxa é reduzida, cai também o custo de captação dos bancos, pois eles tendem a emprestar dinheiro a juros menores. Isso estimula a tomada de empréstimos e o consumo.

Do contrário, quando a taxa sobe, os bancos cobram juros mais altos nos empréstimos, financiamentos e cartões de crédito

Como consequência, o consumo e a inflação caem.

Impactos da alta da taxa Selic no agronegócio

Os efeitos das alterações da taxa Selic no agronegócio têm foco nos financiamentos e empréstimos

Neste sentido, é importante que você avalie as tendências de subida ou descida da taxa de juros. Assim, você pode fazer apostas mais seguras.

No momento atual, por exemplo, a tendência é de subida da taxa Selic para combater a inflação. 

Agora, ela é de 8,99% no acumulado dos últimos 12 meses, medido pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo).

Mas com a taxa Selic com tendência de alta, sua preocupação deve ser com o financiamento e o crédito rural: fazer ou não?

Sobretudo para quem teve prejuízo com seca e geada neste ano, o crédito ou o financiamento rural podem servir como alavanca para retomada ou permanência na atividade

Tabela com taxas de juros do plano safra 2021-2022

Veja as taxas de juros do Plano Safra 2021-2022

(Fonte: Mapa)

As preocupações maiores devem ser com operações de custeio, como:

  • preparo do solo;
  • compras de insumos e maquinários;
  • outras operações cotidianas, até a colheita.

Deve ser feita avaliação, ainda, sobre a possibilidade de obter créditos de comercialização. 

Eles são utilizados para garantir que você tenha recursos para esta finalidade ou para armazenar a produção, na espera do melhor preço para venda.

Os créditos de investimento, utilizados para compra de bens duráveis, também podem entrar na lista de prioridades, já que são para uso de longo prazo.

Tabela com linhas de funcionamento de outros programas do plano safra 2021-2022, como pronaf, pronamp, abc e inovagro, por exemplo.

Linhas de financiamento de outros programas do Plano Safra 2021-2022

(Fonte: Mapa)

As taxas de juros do Plano Safra são reflexos da tendência de aumento da taxa Selic. 

Em 2020, por exemplo, os juros do Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar) eram de 2,75% a 4% ao ano. Em 2021, estão entre 3% e 4,5%.

Crédito agrícola com Aegro

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Conclusão

Neste artigo, você viu como a taxa Selic impacta no agronegócio. A taxa é um importante instrumento de regulação da economia.

Para o desenvolvimento da sua fazenda, o que mais interessa são as taxas de juros dos financiamentos e do crédito rural.

Acompanhe as análises de especialistas em mercado para saber as tendências de subida e descida dos juros e metas anuais do governo.

Sempre dentro das necessidades da sua fazenda, faça análises de investimentos para longo prazo, com base também nas perspectivas governamentais. Na dúvida, consulte um especialista.

>> Leia mais:

“Como fazer fluxo de caixa sem complicação na sua fazenda”

“Software para agronegócio: veja os 10 melhores para sua fazenda”

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Armazenamento de combustível: quais as melhores práticas para o agronegócio

Armazenamento de combustível: saiba como realizá-lo de maneira eficiente, além de economizar tempo e custos na fazenda.

Como é realizado o armazenamento de combustível?

O armazenamento de combustível é feito por meio de tanques ou recipientes que devem atender às normas técnicas e ambientais vigentes. 

Os tanques ou recipientes podem ser instalados acima ou abaixo do solo, dependendo das características e necessidades do negócio. 

O armazenamento de combustível requer cuidados especiais para evitar vazamentos, contaminações, incêndios e explosões, que podem causar danos à saúde, ao meio ambiente e ao patrimônio. 

Nas propriedades rurais, as regras de segurança também devem ser seguidas. Listamos alguns tópicos para você tomar todas as medidas necessárias nessa etapa tão importante para o agronegócio.

  • Escolher o local adequado para a instalação dos tanques ou recipientes, levando em conta a distância de fontes de ignição, de cursos d’água, de áreas habitadas e de outras instalações;
  • Utilizar materiais resistentes e compatíveis com o tipo de combustível armazenado, evitando a corrosão, a oxidação e a deterioração dos tanques ou recipientes;
  • Realizar a limpeza, a inspeção e a manutenção periódica dos tanques ou recipientes, verificando possíveis vazamentos, fissuras, deformações, desgastes ou defeitos;
  • Instalar sistemas de medição, de controle e de segurança nos tanques ou recipientes, como indicadores de nível, válvulas de alívio, dispositivos de bloqueio, extintores de incêndio, bacias de contenção e alarmes;
  • Seguir as normas de segurança e de prevenção de acidentes no manuseio, no transporte e no abastecimento dos tanques;
  • Treinar e capacitar os funcionários responsáveis pelo armazenamento de combustível;

Esses tópicos são de grande importância para que seu negócio rural se mantenha dentro dos conformes da legislação.

Armazenamento de produtos inflamáveis

O setor agrícola é um dos principais consumidores de produtos inflamáveis, especialmente de diesel, que é usado para abastecer tratores, colheitadeiras, irrigadores e outros equipamentos. 

O armazenamento de combustível como diesel no campo é uma necessidade para garantir a continuidade e a eficiência da produção agrícola. Você sabe como armazenar esses produtos corretamente? 

Como vimos anteriormente, eles devem ser armazenados em locais adequados, seguindo as normas técnicas e ambientais vigentes.

Segundo a legislação para armazenamento de produtos inflamáveis, os produtos devem ser mantidos em recipientes apropriados e bem fechados, alocados separados de outros artigos que colaborem para a inflamabilidade, protegidos de fontes de calor e luz solar, mantidos em temperatura adequada no galpão, com ventilação suficiente e sinalização indicando a presença de produtos inflamáveis.

Tanque de armazenamento de combustível em uma fazenda. Há dois galões de diesel em um suporte de concreto, com um grande campo no fundo.
Armazenamento de combustível
Fonte: Aegro (2023)

Além disso, os funcionários responsáveis pelo armazenamento devem usar equipamentos de proteção individual e coletiva, e receber treinamento sobre os riscos e as medidas de emergência.

Existem dois tipos principais de armazenamento de produtos inflamáveis: o armazenamento acima do solo e o armazenamento subterrâneo. 

O primeiro consiste em tanques ou recipientes instalados sobre a superfície do solo, que podem ser fixos ou móveis, metálicos ou não metálicos, aéreos ou apoiados. 

O segundo consiste em tanques ou recipientes instalados sob a superfície do solo, que devem ser impermeáveis e resistentes à corrosão. O tipo de armazenamento a ser utilizado depende do tipo de negócio e de seus objetivos.

O armazenamento de produtos inflamáveis deve seguir as recomendações da Norma Regulamentadora NR-20, que fixa as condições exigíveis para projetos de instalações de armazenagem de líquidos inflamáveis e combustíveis contidos em tanques estacionários com capacidade superior a 250 L, à pressão manométrica igual ou inferior a 103,4 kPa (15 psig), medida no topo do tanque. A frente, iremos detalhar as normas de armazenamento. 

A norma aborda aspectos como tanques de armazenamento, arranjo dos tanques na bacia de contenção, dispositivo de alívio de pressão e vácuo, dispositivo de alívio de emergência para exposição a incêndio, distância de segurança, tubulação e sistema de proteção e combate a incêndio.

O armazenamento de produtos inflamáveis é uma atividade que demanda planejamento, controle e prevenção, visando garantir a segurança e a qualidade dos produtos e das pessoas envolvidas.

Quanto tempo pode armazenar gasolina no galão?

O armazenamento de gasolina em galão é uma prática que deve ser feita com cuidado e atenção, pois o combustível é um produto inflamável e volátil, que pode sofrer alterações de qualidade e causar riscos de acidentes. Antes de armazenar esse produto, consulte sempre um profissional da área, para que não ocorram acidentes.

Porém, o tempo máximo que a gasolina pode ficar armazenada em galão é de três a quatro meses, dependendo das condições de armazenamento.

A gasolina é um produto que se degrada com o tempo, pois sofre oxidação e evaporação, perdendo suas propriedades e características originais. 

A oxidação ocorre quando a gasolina entra em contato com o oxigênio do ar, formando gomas e vernizes que podem entupir os bicos injetores e prejudicar o desempenho do motor. 

A evaporação ocorre quando a gasolina é exposta ao calor e à luz solar, reduzindo o volume e a octanagem do combustível.

Lembre-se sempre de não utilizar garrafas pet, latas, baldes ou outros recipientes impróprios para o armazenamento de gasolina, pois eles podem se romper, vazar, pegar fogo ou explodir.

O armazenamento de gasolina ou qualquer outro combustível inflamável em galão é uma prática que deve ser feita com responsabilidade e consciência, seguindo as normas técnicas e ambientais vigentes. 

Normas de Armazenamento de combustível?

As principais normas e regras da ABNT NBR que se aplicam ao armazenamento de combustível na fazenda são:

ABNT NBR 15461: Estabelece requisitos para a construção de tanques estacionários de aço-carbono, atmosféricos, de até 190 mil litros, destinados ao armazenamento aéreo de líquidos cuja densidade relativa não exceda em 110% a da água.

ABNT NBR 7821: Estabelece exigências mínimas para materiais, projeto, fabricação, montagem e testes de tanques de aço-carbono, soldados, cilíndricos ou verticais, não enterrados, com teto fixo ou flutuante, destinados ao armazenamento de petróleo e seus derivados líquidos.

ABNT NBR 15456: Dita regras para construção e ensaios de unidades de abastecimento que possuam um gabinete hidráulico, a serem instaladas em bases fixas, destinadas a abastecer combustíveis líquidos nos tanques de veículos ou em recipientes portáteis a vazões de até 400 L/min, à utilização e armazenagem a temperaturas ambientes entre − 20 °C e + 40 °C.

ABNT NBR 13787:2013: Sobre procedimentos de controle de estoque e movimentação de combustíveis do Sasc (sistema de armazenamento subterrâneo de combustíveis), fornecendo subsídios para avaliação de variação de volumes.

ABNT NBR 14606:2013: Sobre procedimentos de segurança para a entrada em espaço confinado, em quaisquer tipos de tanques de armazenamento de combustíveis líquidos em locais de abastecimento.

ABNT NBR 7505-1 e 7505-4: Fixa condições para projetos de instalações de armazenagem de combustíveis em tanques estacionários com capacidade superior a 250 L, à pressão manométrica igual ou inferior a 103,4 kPa (15 psig), medida no topo do tanque.

Além dessas normas, é importante que o produtor rural utilize equipamentos e dispositivos adequados para o armazenamento de combustível na fazenda, tais como:

Medidores volumétricos e bombas de abastecimento, para controlar a quantidade e a qualidade do combustível armazenado e fornecido.

Filtros e sistema de verificação de vazamento, para evitar a contaminação e a perda do combustível armazenado.

Tubulações metálicas e não metálicas conforme normas da ABNT, para conduzir o combustível dos tanques até os pontos de consumo, sem riscos de vazamento ou ruptura.

Como armazenar combustível na fazenda?

A primeira regra básica que você deve seguir para ter o armazenamento de combustível na fazenda é ter uma estrutura de acordo com a sua necessidade e que respeite as Normas Técnicas que mostramos acima. 

Mas, independentemente disso, ter uma estrutura de um posto para armazenamento de combustível tem diversas vantagens:

  • Melhora a segurança contra roubos e furtos;
  • Preserva a qualidade do produto e minimiza perdas;
  • Economia de tempo;
  • Redução de custos.

Com vimos, para saber qual tipo de tanque você irá usar na sua fazenda é uma parte importante. Cada modelo vai gerar um custo específico. 

Panorama sobre o mercado de Commodities agrícolas

O mercado de Commodities agrícolas é um segmento que envolve a produção, o comércio e o consumo de produtos agrícolas padronizados, como grãos, oleaginosas, fibras, açúcar, café, carne e outros. 

Esse mercado é influenciado por diversos fatores, como a oferta e a demanda globais, os estoques, os custos de produção, as políticas comerciais, as condições climáticas, as oscilações cambiais e outros. 

O mercado de Commodities agrícolas é dinâmico e competitivo, exigindo dos produtores e dos comerciantes uma constante atualização e adaptação às mudanças.

Um dos aspectos mais importantes do mercado de Commodities agrícolas é a originação dos grãos, que como vimos anteriormente, é o processo de compra e aquisição dos grãos junto aos produtores rurais, fazendo a ponte entre a fazenda e a indústria. 

A originação dos grãos tem um papel estratégico no agronegócio, pois ela permite que os produtores rurais tenham acesso a mercados mais amplos e diversificados, podendo vender seus produtos para indústrias nacionais ou internacionais. 

Além disso, a originação dos grãos permite que os comerciantes tenham acesso a produtos de qualidade e quantidade adequada para atender às demandas dos clientes. 

A originação dos grãos também contribui para a gestão de riscos e a sustentabilidade do setor, pois ela incentiva o uso de boas práticas agrícolas e ambientais.

Porém, o relatório Perspectivas dos Mercados de Commodities, publicado pelo Banco Mundial em outubro de 2023, analisa os impactos da instabilidade geopolítica no Oriente Médio e na Ucrânia nos preços globais das Commodities, especialmente dos produtos energéticos e alimentícios. 

O relatório indica que o conflito no Oriente Médio pode provocar um “duplo choque” nos mercados de energia e alimentos, elevando os custos de produção e consumo e comprometendo a segurança alimentar e a estabilidade econômica de muitos países em desenvolvimento. Ou seja, vivemos um momento de instabilidade até mesmo para o mercado de originação de grãos.  

Kit de gestão do maquinário da fazenda

Conclusão

A originação de grãos tem um papel estratégico no agronegócio, pois ela permite que os produtores rurais tenham acesso a mercados mais amplos e diversificados, podendo vender seus produtos para indústrias nacionais ou internacionais. 

Além disso, a originação de grãos permite que os comerciantes tenham acesso a produtos de qualidade e quantidade adequada para atender às demandas dos clientes. 

A originação de grãos também contribui para a gestão de riscos e a sustentabilidade do setor, pois ela incentiva o uso de boas práticas agrícolas e ambientais.

>> Leia mais:

“Custo operacional de máquinas agrícolas: como calcular a hora trabalhada”
“Implementos agrícolas: Saiba tudo sobre regulagem e manutenção”
“Patrimônio rural: gerenciando nas fazendas agrícolas”

Como você faz o armazenamento de combustível na fazenda? Para saber mais sobre este tema e muitos outros, assine a nossa newsletter!

Redator Alasse Oliveira



Atualizado em 16 de novembro por Alasse Oliveira

Alasse é Engenheiro-Agrônomo (UFRA/Pará), Técnico em Agronegócio (Senar/Pará), especialista em Agronomia (Produção Vegetal) e mestre em Fitotecnia pela (Esalq/USP).

O que é o Plano ABC e como ele impacta na sua produção agrícola

Plano ABC: entenda a importância dessa política pública para o agronegócio e saiba como se beneficiar do programa e sua nova versão, o ABC+

O Plano ABC (Agricultura de Baixa Emissão de Carbono), lançado em 2012, é uma das principais políticas públicas voltadas para o agronegócio no Brasil.

Ele possui uma linha de crédito, o Programa ABC. Através dela, você consegue financiamento para a adoção de tecnologias sustentáveis na fazenda.

Até o final de 2021, o Plano ABC será atualizado com o ABC+. A atualização trará novas tecnologias e orientações para o avanço da agricultura de baixa emissão de carbono no país.

Saiba neste artigo o que é o Plano ABC, como ele impacta na sua produção agrícola e o que fazer para ter acesso ao crédito do programa. Boa leitura!

O que é o Plano ABC e qual sua importância para o agronegócio

No Brasil, a principal política pública voltada ao agronegócio para reduzir as emissões de gás carbônico é o Plano ABC. 

Ele foi criado em 2009, após o país assumir o compromisso de reduzir as emissões de gases de efeito estufa.

O relatório mais recente sobre o tema (de 2019) aponta que o Brasil lança na atmosfera 2,17 bilhões de toneladas de dióxido de carbono. Deste total, 72% dessas toneladas vêm de atividades agrícolas.

Somente entre julho e dezembro de 2020, o programa financiou R$ 1,958 bilhão. Isso elevou para mais de 750 mil hectares as áreas rurais do país com tecnologias sustentáveis.

É grande a pressão internacional sobre o Brasil para a redução de emissão de carbono. O Plano ABC é o principal aliado do agro neste sentido.

O Plano ABC já fez com que mais de 50 milhões de hectares em todo o país adotassem as tecnologias propostas por ele.

Em comparação com o mesmo período de 2019, o aumento é de 47%

Destaque no Plano Safra 2021/2022

Os financiamentos se dão por meio do Programa ABC, linha de crédito do Plano ABC aprovada pela Resolução Bacen nº 3.896 de 17/08/10.

O programa teve aumento de 101% no volume de recursos do Plano Safra 2021/2022, em relação ao Plano Safra anterior.

São R$ 5,05 bilhões em recursos, com taxa de juros de 5,5% e 7% ao ano. A carência é de até 8 anos e o prazo máximo de pagamento é de 12 anos.

Além do Programa ABC, o Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) fortaleceu o Proirriga (projetos de irrigação) e o Inovagro (de inovação e tecnologia).

Infográfico que mostra que dados demonstram que governo deu prioridade ao programa ABC no Plano Safra.

Dados mostram que governo deu prioridade ao Programa ABC no Plano Safra
(Fonte: Mapa)

>> Leia mais: “Saiba como será o Plano Safra 2022/23”

Como se beneficiar do Programa ABC

O Programa ABC está disponível para produtores rurais (pessoa física e jurídica) e cooperativas. No total, são nove projetos dentro do Programa ABC: 

  1. ABC Recuperação (recuperação de pastagens degradadas);
  2. ABC Orgânico (para sistemas orgânicos de produção agropecuária);
  3. ABC Plantio Direto (de sistemas de plantio direto na palha);
  4. ABC Integração (sobre sistemas de integração lavoura-pecuária, lavoura-floresta, pecuária-floresta ou lavoura-pecuária-floresta e de sistemas agroflorestais);
  5. ABC Florestas (implantação, manutenção e melhoramento do manejo de florestas comerciais);
  6. ABC Ambiental (adequação ou regularização das propriedades rurais frente à legislação ambiental);
  7. ABC Tratamento de dejetos (implantação, melhoramento e manutenção de sistemas de tratamento de dejetos e resíduos da produção animal, para geração de energia e compostagem);
  8. ABC Dendê (implantação, melhoramento e manutenção de áreas de dendezais degradadas);
  9. e ABC Fixação (para fixação biológica do nitrogênio).

Segundo o Mapa, a quantidade de recursos para financiar a agricultura sustentável no país é de mais de R$ 20,8 bilhões.

Parte desses recursos possibilitaram que 26,8 milhões de hectares de pastagens degradadas fossem recuperadas.

Integração lavoura-pecuária-floresta, um dos programas do Plano ABC. Imagem mostra seis bois no meio do pasto, com uma floresta atrás.

Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF), um dos programas do Plano ABC 
(Fonte: Embrapa/Divulgação)

Financiamentos e prazos

Pelas regras do Banco Central, o Programa ABC financia até R$ 5 milhões por pessoa, por ano agrícola. Também financia R$ 150 milhões de forma coletiva, observando o limite individual. 

O limite individual também é considerado no caso de financiamentos a cooperativas que farão repasse aos cooperados.

O limite poderá ser excedido somente quando a atividade em questão necessitar. Além disso, deve ficar comprovada a capacidade de pagamento da pessoa que acessou o crédito.

Prazos

Os prazos do Programa ABC variam de acordo com o projeto. São 8 anos de carência e até 12 anos para concluir o pagamento dos seguintes projetos:

  • Implantação e manutenção de florestas comerciais e para produção de carvão vegetal;
  • Implantação e manutenção de florestas de dendezeiro, açaí, cacau, oliveiras e nogueiras;
  • Recomposição e manutenção de áreas de preservação permanente ou de reserva legal.

Os demais projetos têm carência de até 5 anos e prazo máximo de pagamento de 10 anos.

O seguro é obrigatório para bens oferecidos em garantia da operação.

ABC+: renovação para reduzir a emissão de carbono

Até o final de 2021, o Mapa pretende lançar o ABC+. O objetivo é fortalecer a política de redução de carbono.

O ABC+ deve ser executado até 2030. Também até o final do ano, o Mapa deve lançar o Plano Operativo do ABC+. 

O plano contém informações detalhadas e complementares, relacionadas às ações e metas quantitativas necessárias à operacionalização do ABC+.

No novo ciclo (2020-2030), o Mapa pretende fortalecer a governança institucional com monitoramento e avaliação da gestão integrada de dados e acesso às ações adotadas. Isso  favorece a transparência.

“Ao promover conjuntamente ações miradas à adaptação e mitigação no setor, o ABC+ mantém-se como uma das mais importantes políticas públicas para o enfrentamento da mudança do clima, dentro do contexto de desenvolvimento sustentável”, afirma o Mapa.

banner que convida o leitor para baixar um informativo, de diagnóstico de gestão 360º da propriedade rural

Conclusão

O Plano ABC deve servir como instrumento de ações integradas dos governos federal, estadual e municipal, setor produtivo e sociedade civil.

Só assim, será possível promover a redução das emissões dos gases de efeito estufa provenientes das atividades agropecuárias.

Ao mesmo tempo, ele é uma ótima oportunidade para, por meio do Programa ABC, você modernizar sua fazenda e torná-la mais tecnológica, sustentável e lucrativa.

>> Leia mais:

“Agricultura de baixo carbono: o que é e como fazer?”

“Como vai funcionar o bureau verde do crédito rural e como ele pode impactar os financiamentos”

“Saiba o que é sequestro de carbono na agricultura e como se beneficiar dele”

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