Plano ABC: entenda a importância dessa política pública para o agronegócio e saiba como se beneficiar do programa e sua nova versão, o ABC+
O Plano ABC (Agricultura de Baixa Emissão de Carbono), lançado em 2012, é uma das principais políticas públicas voltadas para o agronegócio no Brasil.
Ele possui uma linha de crédito, o Programa ABC. Através dela, você consegue financiamento para a adoção de tecnologias sustentáveis na fazenda.
Até o final de 2021, o Plano ABC será atualizado com o ABC+. A atualização trará novas tecnologias e orientações para o avanço da agricultura de baixa emissão de carbono no país.
Saiba neste artigo o que é o Plano ABC, como ele impacta na sua produção agrícola e o que fazer para ter acesso ao crédito do programa. Boa leitura!
O que é o Plano ABC e qual sua importância para o agronegócio
No Brasil, a principal política públicavoltada ao agronegóciopara reduzir as emissões de gás carbônico é o Plano ABC.
Ele foi criado em 2009, após o país assumir o compromisso de reduzir as emissões de gases de efeito estufa.
O relatório mais recente sobre o tema (de 2019) aponta que o Brasil lança na atmosfera 2,17 bilhões de toneladas de dióxido de carbono. Deste total, 72% dessas toneladas vêm de atividades agrícolas.
Somente entre julho e dezembro de 2020, o programa financiou R$ 1,958 bilhão. Isso elevou para mais de 750 mil hectares as áreas rurais do país com tecnologias sustentáveis.
É grande a pressão internacional sobre o Brasil para a redução de emissão de carbono. O Plano ABC é o principal aliado do agro neste sentido.
O Plano ABC já fez com que mais de 50 milhõesde hectares em todo o país adotassem as tecnologias propostas por ele.
Em comparação com o mesmo período de 2019, o aumento é de 47%.
Destaque no Plano Safra 2021/2022
Os financiamentos se dão por meio do Programa ABC, linha de crédito do Plano ABC aprovada pela Resolução Bacen nº 3.896 de 17/08/10.
O programa teve aumento de 101% no volume de recursos do Plano Safra 2021/2022, em relação ao Plano Safra anterior.
São R$ 5,05 bilhões em recursos, com taxa de juros de 5,5% e 7% ao ano. A carência é de até 8 anos e o prazo máximo de pagamento é de 12 anos.
Além do Programa ABC, o Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) fortaleceu o Proirriga (projetos de irrigação) e o Inovagro (de inovação e tecnologia).
Dados mostram que governo deu prioridade ao Programa ABC no Plano Safra (Fonte: Mapa)
ABC Integração (sobre sistemas de integração lavoura-pecuária, lavoura-floresta, pecuária-floresta ou lavoura-pecuária-floresta e de sistemas agroflorestais);
ABC Florestas (implantação, manutenção e melhoramento do manejo de florestas comerciais);
ABC Ambiental (adequação ou regularização das propriedades rurais frente à legislação ambiental);
ABC Tratamento de dejetos (implantação, melhoramento e manutenção de sistemas de tratamento de dejetos e resíduos da produção animal, para geração de energia e compostagem);
ABC Dendê (implantação, melhoramento e manutenção de áreas de dendezais degradadas);
e ABC Fixação (para fixação biológica do nitrogênio).
Segundo o Mapa, a quantidade de recursos para financiar a agricultura sustentável no país é de mais de R$ 20,8 bilhões.
Parte desses recursos possibilitaram que 26,8 milhões de hectares de pastagens degradadas fossem recuperadas.
Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF), um dos programas do Plano ABC (Fonte: Embrapa/Divulgação)
Financiamentos e prazos
Pelas regras do Banco Central, o Programa ABC financiaaté R$ 5 milhões por pessoa, por ano agrícola. Também financia R$ 150 milhões de forma coletiva, observando o limite individual.
O limite individual também é considerado no caso de financiamentos a cooperativas que farão repasse aos cooperados.
O limite poderá ser excedido somente quando a atividade em questão necessitar. Além disso, deve ficar comprovada a capacidade de pagamento da pessoa que acessou o crédito.
Prazos
Os prazos do Programa ABC variam de acordo com o projeto. São 8 anos de carência e até 12 anos para concluir o pagamento dos seguintes projetos:
Implantação e manutenção de florestas comerciais e para produção de carvão vegetal;
Implantação e manutenção de florestas de dendezeiro, açaí, cacau, oliveiras e nogueiras;
Recomposição e manutenção de áreas de preservação permanente ou de reserva legal.
Os demais projetos têm carência de até 5 anos e prazo máximo de pagamento de 10 anos.
O seguro é obrigatório para bens oferecidos em garantia da operação.
ABC+: renovação para reduzir a emissão de carbono
Até o final de 2021, o Mapa pretende lançar o ABC+. O objetivo é fortalecer a política de redução de carbono.
O ABC+ deve ser executado até 2030. Também até o final do ano, o Mapa deve lançar o Plano Operativo do ABC+.
O plano contém informações detalhadas e complementares, relacionadas às ações e metas quantitativas necessárias à operacionalização do ABC+.
No novo ciclo (2020-2030), o Mapa pretende fortalecer a governança institucional com monitoramento e avaliação da gestão integrada de dados e acesso às ações adotadas. Isso favorece a transparência.
“Ao promover conjuntamente ações miradas à adaptação e mitigação no setor, o ABC+ mantém-se como uma das mais importantes políticas públicas para o enfrentamento da mudança do clima, dentro do contexto de desenvolvimento sustentável”, afirma o Mapa.
Conclusão
O Plano ABC deve servir como instrumento de ações integradas dos governos federal, estadual e municipal, setor produtivo e sociedade civil.
Só assim, será possível promover a redução das emissões dos gases de efeito estufa provenientes das atividades agropecuárias.
Ao mesmo tempo, ele é uma ótima oportunidade para, por meio do Programa ABC, você modernizar sua fazenda e torná-la mais tecnológica, sustentável e lucrativa.
Reforma tributária no agronegócio: conheça as possíveis mudanças e saiba quais setores do agro serão afetados
Os impactos da reforma tributária no agronegócio estão entre os principais assuntos do momento. Na reforma, há possíveis alterações nas contas das propriedades.
São três propostas ainda em andamento e discussão no Congresso.
Elas geram impactos negativos em diversas cadeias produtivas, e informar-se sobre essas mudanças é essencial.
Neste artigo, você conhecerá as propostas e como elas podem afetar os custos de produção. Aproveite a leitura!
Quais são as propostas da reforma tributária
As propostas com alterações no sistema tributário estão em discussão no Congresso Nacional, com relativo avanço.
e o PL (Projeto de Lei) nº 3.887/2020, de autoria do Poder Executivo e também em tramitação na Câmara.
O que muda na reforma?
As PECs45 e 110 unificam a incidência de impostos, em todos os níveis da federação, no IBS (Imposto sobre Bens e Serviços). O IBS será criado com as alterações.
O PL 3.887 substitui Cofins (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social) e PIS (Programa de Integração Social) pela CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços).
As propostas geram impactos negativos em diversas cadeias produtivas. Por isso, especialistas já sugeriram mudanças.
Caso as alterações sejam aprovadas, haverá aumento da carga tributária para o agro. Como consequência, haverá elevação dos custos de produção agrícola.
Importância da reforma tributária no agronegócio
As discussões sobre a necessidade de uma reforma tributária no Brasil vêm há muito tempo.
Várias propostas de mudança nos impostos já foram levadas ao Congresso Nacional. Mas, por razões de interesse político ou do momento vivido pelo país, elas não andaram.
Agora, as atenções se concentram nas três propostas. Elas já passaram por diversas comissões no Congresso, e em breve devem ser postas em votação no plenário.
A reforma tributária é importante porque reduz a carga tributária no país, simplifica e unifica a cobrança de impostos.
Seria, assim, um estímulo ao desenvolvimento econômico como um todo. E a proposta de criação do IBS, contida nas PECs 45 e 110, surge neste sentido.
Na PEC 45, o IBS será a fusão do:
PIS;
Cofins;
IPI (Imposto Sobre Produtos Industrializados);
ICMS (Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços);
ISS (Imposto Sobre Serviços).
A PEC 110 cria o IBS e o Imposto Seletivo. Além disso, extingue 9 impostos, incluindo os que deixam de existir pela PEC 45, mais os seguintes:
IOF (Imposto Sobre Operações Financeiras);
Pasep (Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público);
Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico) incidente sobre combustíveis;
e Salário-Educação.
O IBS das PECs e o CBS do PL seriam tributos sobre o valor agregado, semelhante à legislação internacional. Por isso, eles são compatíveis.
Competência, base de incidência e alíquota
Dentre os pontos que devem ser discutidos no Congresso, a competência tributária e a base de incidência estão entre os principais.
Veja como eles estão sendo propostos:
Imposto sobre Bens e Serviços na PEC 45
O IBS, pela PEC 45, é um imposto instituído por meio de lei complementar federal.
Há exceção às parcelas fixas de alíquotas da União, Estados, Distrito Federal e Municípios. Elas serão definidas por meio de lei ordinária de cada ente federativo.
Imposto sobre Bens e Serviços na PEC 110
O IBS seria instituído, na PEC 110, pelo Congresso por meio de lei complementar. Teria poder de iniciativa reservado a representantes de Estados e Municípios.
A exceção é para as comissões mistas de senadores e deputados, criadas para este fim ou por bancada.
Substitutivo à PEC 110
Aqui, a proposta é que o IBS federal seja instituído por lei complementar.
Já o IBS estadual/municipal, pelo Congresso, também por meio de lei complementar, mas específica. Ele teria o poder de iniciativa reservado a representantes de Estados e Municípios.
A exceção ficaria para uma comissão mista de senadores e deputados federais, criada especificamente para esse fim ou por bancada estadual.
O IBS, conforme as propostas das PECs 45 e 110, incidirá sobre todos os bens e serviços, e terá alíquota de 25%.
Estão incluídos a exploração de bens e direitos, tangíveis e intangíveis, e a locação de bens nas operações no mercado interno e na importação. A incidência não ocorre na exportação.
O CBS, no PL 3.887, também é amplo na incidência sobre as operações no mercado interno e na importação.
Também não incide na exportação, apesar de a lei ter adotado formulação diversa das PECs na definição do fato gerador. A alíquota é de 12%.
Impactos da reforma tributária no agronegócio
Perda de incentivos fiscaise aumento dos custos de produção
O setor tem sido beneficiado com incentivos fiscais dos impostos. Conforme as PECs, eles deixarão de existir.
Caso isso ocorra, o setor teria de arcar com os 25% de alíquota. Isso aumentaria os custos de produção.
Redução do ICMS
O ICMS é um imposto reduzido para o setor. Em alguns casos, é até isento de pagamento.
Recentemente, na Bahia, o Governo do Estado reduziu de 12% para 2% o ICMS incidente sobre o milho comprado em outros estados.
A medida visa a beneficiar a cadeia produtiva do grão. Houve queda de produção no país devido à seca e geada, que afetam, sobretudo, o sul e centro-sul do país.
Essa redução do ICMS do milho é uma situação pontual. Mas, o exemplo serve para mostrar um dos impactos que teria a criação de um imposto que unificaria outros cinco.
Taxação de 25% e novas exigências para quem produz
Pela proposta, o IBS teria taxação de 25% também para diversas outras atividades da economia no país. O IBS só não incidiria na exportação.
Outra proposta preocupante é a de o IBS atingir produtores rurais pessoas físicas. Além do tributo, será exigido também a gestão da contabilidade da fazenda.
Aumento dos custos de insumos
Outro impacto seria no aumento dos custos de insumos para as culturas da soja e milho.
No Paraná, por exemplo, os custos devem saltar de 15% para 17% no caso dos fertilizantes. Para os fungicidas, o salto é de 14% para 16%.
Em Sorriso, no Mato Grosso, o custo de produção deve chegar a 19%.
De acordo com o IPA (Instituto Pensar Agropecuária), várias cadeias agropecuárias serão inviabilizadas pela reforma tributária proposta.
As que sofrerão maior impacto são o café, arroz, milho e soja, hortaliças e flores, pecuária de leite e cana-de-açúcar.
Conclusão
A reforma chama a atenção para uma constatação que não é de agora: é preciso fazer uma gestão eficiente da fazenda.
Conforme você observou neste artigo, são vários os setores que serão impactados.
Café, milho, arroz, soja e cana-de-açúcar são apenas algumas cadeias em potencial prejuízo.
Se você produz alguma dessas culturas, não deixe de atualizar-se sempre sobre todas as mudanças.
Colheita mecanizada do café: confira as vantagens, desvantagens e cuidados que você deve ter utilizando esse método!
A colheita mecanizada na cafeicultura brasileira ganhou novo impulso com a pandemia da Covid-19. A mão de obra no campo foi reduzida por conta do distanciamento social.
Os avanços em pesquisa e inovação têm mostrado diversos benefícios deste método de colheita.
Mas a colheita mecanizada do café exige diversos cuidados para que seja realizada de maneira eficiente, como você verá neste artigo. Confira!
A colheita mecanizada de café no Brasil
No Brasil, a maior parte das áreas produtivas realiza a colheita do café entre maio/junho e segue até agosto/setembro.
Líder mundial na produção, o país deve colher em 2021 pouco mais de 47 milhões de sacas de 60 kg do grão, 68% do tipo arábica e 32% da variedade conilon (ou robusta).
A colheita mecanizada do café responde por metade dos métodos empregados nessa fase da produção no Brasil:
24% dos produtores fazem a colheita manual;
22% usam a derriçadora, máquina portátil que retira o café;
A colheita mecanizada do café predomina em propriedades acima de 25 hectares. Isso principalmente nas áreas com 26 a 50 hectares, em que 59% usam este método.
Mas até em propriedades menores (entre 6 e 15 hectares), a colheita mecanizada chega a 25%. Nas áreas com 15 a 25 hectares, 38%.
Colheita mecanizada em área de produção no oeste da Bahia (Foto: Divulgação/Pinhalense)
Métodos de colheitade café
Há três tipos:
1. Manual
Neste método, são selecionados os frutos maduros por meio da catação, a dedos ou da derriça. Os grãos são jogados em uma lona ao chão, recolhidos, peneirados e ensacados.
2. Semimecanizada
É feita com o uso de derriçadores portáteis (costais). Alguns podem multiplicar por quatro a produtividade em campo.
3. Mecanizada
Utiliza máquinas automotrizes cuja eficiência depende de regulagens, conforme a topografia do terreno e o objetivo da colheita.
A colheita deve ser feita de duas a três passadas, em intervalos de até 25 dias, a depender da região.
Vantagens da colheita mecanizada do café
A principal vantagem da colheita mecanizada no café, em relação à colheita manual, é a redução de custos. Ela varia entre 30% a 40%, mas pode chegar a 62,36%.
Outra vantagem é a redução do tempo da colheita, pois o uso de máquinas multiplica o trabalho. Os custos de mão de obra também são reduzidos.
Quando a planta é liberada mais cedo da época de colheita, ela ganha tempo de recuperação para a próxima floração, o que pode resultar em maior produtividade.
Desvantagens
A exemplo de outras culturas, a mecanização na cafeicultura só não é possível em áreas de muito declive.
As máquinas conseguem atuar em áreas com inclinação de até 20% – a maioria, até abaixo disso, no máximo 15%.
Quando as condições topográficas não são favoráveis, é preciso empregar outros tipos de máquinas, geralmente de menor capacidade. Isso prolonga o tempo de colheita e eleva o custo.
O custo inicial elevado (uma colhedora custa entre R$ 300 a R$ 450 mil) é a principal desvantagem da colheita mecanizada.
Porém, a depender da área de produção, o investimento pode ser recuperado em duas ou três safras.
Principais modelos de colhedoras
No Brasil, as principais são:
Case;
Jacto;
Avery;
Matão;
Selecta;
Pinhalense;
Vn Suprema;
Maco Matao;
IH.
É importante observar que há máquinas específicas para atuação em lavouras de café conilon e arábica. A regulagem de cada uma depende das particularidades do cafezal.
As colhedoras, geralmente, trabalham com segurança em áreas com declividade de até 20%. Algumas chegam a operar com pouco mais que isso.
Detalhes dos modelos de algumas colhedoras (Foto: Grupo Cultivar)
A maioria das colhedoras opera de forma parecida na derriça e recolhimento dos frutos.
A descarga do café normalmente é feita por meio da bica lateral em carreta graneleira, ensaque ou depósito. Elas rendem em torno de 3 mil litros de café por hora.
Há fatores que interferem na regulagem das colhedoras. Veja:
condições das plantas
a temperatura;
a altitude;
chuvas;
declividade do terreno;
estágio de maturação dos frutos.
Pesquisas científicas recentes sugerem que a vibração da máquina deve ser entre 800 rpm e 1.000 rpm. A velocidade deve estar entre 1.000 metros/hora e 1.300 metros/hora.
Etapas da colheita mecanizada
O trabalho dessas máquinas, que operam por meio de sistemas hidráulicos, consiste em fazer a derriça com o trabalho de varetas vibratórias.
Em seguida, é feito o recolhimento, abanação e descarga do café.
O recolhimento mecanizado tem duas etapas. Na primeira, o café e detritos são soprados para as ruas paralelas, e são formadas as leiras, numa operação de 2h/há.
Já na segunda, entra em ação a recolhedora, cujo trabalho é o dobro do tempo.
Na abanação, o café passa por um processo de limpeza e retirada de detritos. Depois, é enviado para a descarga em sacos ou caçambas.
Regulagem da colheita mecanizada
Na avaliação sobre a regulagem ideal para a eficiência da colheita mecanizada, é essencial que você observe:
Pesquisadores recomendam utilizar vibrações menores em plantas mais novas. Assim, elas não ficarão muito danificadas.
Cada cultivar tem uma tem um tipo de maturação (pode ser precoce ou tardia). Além disso, há diferenças na arquitetura e desprendimento dos frutos.
As características climáticas de cada local, sobretudo o regime pluviométrico, influenciam na maturação dos frutos, crescimento e produtividadedo café.
Caso a irrigação do café seja feita por meio de pivô central, é necessária maior atenção na colheita. Haverá variabilidade de maturação dos dois lados da linha do café.
Café colhido de forma mecanizada (Foto: Fábio Moreira)
Café de colheita mecanizada seletiva (Foto: Fábio Moreira)
Carga de café nas plantas e maturação
Um ponto importante a se observar é a carga de café presente nas plantas. Essa carga influenciará na eficiência da colheita mecanizada.
Quanto maiores as cargas, maiores as vibrações das varetas e menores velocidades na derriça, para que os frutos sejam recolhidos no sistema de recolhimento.
A observação da maturação dos frutos é importante, sobretudo na realização da colheita seletiva do café.
Frutos verdes exigem que a vibração das varetas sejam maiores e a velocidade da colhedora reduza. Isso gera maior gasto de combustível.
O contrário ocorre com frutos cereja e secos, o que favorece a colheita seletiva. A partir dessa avaliação, é programado o intervalo para a segunda e terceira passada.
O intervalo de uma passada para outra é menor em regiões mais quentes. Em geral, fica em torno de 25 a 40 dias, a depender das condições da região da lavoura.
Para essa segunda operação, é preciso retirar as varetas da parte de baixo da máquina. Mas essa retirada não pode ser total: é preciso deixar a parte de baixo (duas linhas).
A terceira passada é recomendada para áreas com cargas muito altas de café.
Nesse caso, a colheita deve ser iniciada de forma antecipada, para os intervalos coincidirem com o tempo de colheita normal.
Conclusão
A colheita mecanizada do café promove redução de custos e influencia diretamente na qualidade da bebida.
Fique por dentro dos fatores que influenciam na eficiência da colheita mecanizada, principalmente na seletiva para cafés especiais.
Os aprimoramentos dos maquinários estão em processo constante, assim como as pesquisas sobre avaliações das condições das plantas e do amadurecimento dos frutos.
Ao escolher o tipo de máquina que você utilizará, considere as necessidades da sua área de produção e a relação custo/benefício.
Consultar um especialista no assunto é essencial para ter segurança no que será feito.
Você faz a colheita mecanizada do café em sua propriedade? Faz a regulagem da máquina de acordo com as especificações da sua área de plantio? Deixe sua experiência aqui nos comentários!
Blockchain na agricultura: o que é a ferramenta que reduz custos nas transações e permite registrar as etapas da produção, oferecendo transparência aos negócios
O uso da blockchain na agricultura tem chamado a atenção de toda a cadeia produtiva do agronegócio. Essa é uma ferramenta nova que traz muitos benefícios.
Por meio dessa tecnologia, é possível estabelecer mais segurança nas negociações digitais de produtos agrícolas.
A blockchain permite compartilhar informações diversas, desde a produção no campo até a venda no varejo. Isso favorece a rastreabilidade de todo o setor.
Conheça, neste artigo, o que é a blockchain, sua origem, os benefícios para os seus negócios no campo e como utilizá-la. Confira!
O que é a tecnologia blockchain?
Cadeia de blocos. A tradução literal do termo inglês blockchain resume bem o que é essa tecnologia.
A blockchain é consequência da criação dos bitcoins, as famosas moedas virtuais, ou criptomoedas. O artigo acadêmico que deu origem à blockchain apresentava uma proposta de transações financeiras com bitcoins.
Isso aconteceria sem a intermediação de terceiros (como bancos), já que isso gerava gasto duplo nas negociações.
Para que as transações fossem viáveis – e confiáveis –, apresentou-se como solução a criação de uma rede ponto a ponto, interligada do início ao fim.
Essa rede forma uma cadeia contínua de prova de trabalho com o histórico público das transações (data e hora de recebimento e envio de arquivos). As transações não podem ser alteradas sem refazer a prova de trabalho.
Na cadeia estão os blocos, pedaços de códigos gerados online e conectados entre si, como uma corrente. Cada bloco tem uma identificação digital chamada hash, que os interliga.
A cada nova transação é criado um bloco com dois hashes: um hash do novo bloco e o outro do bloco que já existia.
Nesses blocos estão arquivos. Eles só entram no sistema após validação pelos “nós”, computadores que escrevem em blocos e os validam.
Só as partes envolvidas nas negociações têm acesso ao sistema. Por isso, as violações por invasores são praticamente impossíveis, devido aos dois hashes em cada bloco.
Além disso, os blocos ficam armazenados em nuvem digital (cloud computing), o que também dificulta a violação. Qualquer tentativa pode ser bloqueada em segundos.
Basicamente, a blockchain tornou viáveis as transações com as criptomoedas, mas sua funcionalidade hoje vai muito além das transações financeiras.
Benefícios da blockchain na agricultura
Com o aprimoramento das funções e usos, a blockchain virou um livro-razão contábil. Ali, estão informações que permitem, por exemplo, a rastreabilidade dos produtos.
Na agricultura, a rastreabilidade dos alimentos tem sido cada vez mais cobrada. Essa cobrança acontece sobretudo por parte dos países mais desenvolvidos, e também da sociedade brasileira.
A rastreabilidade permite identificar a origem dos alimentos até o consumidor final.
Através dessa tecnologia, é possível saber, por exemplo:
se determinado produto foi cultivado em área que não é de desmatamento ilegal;
a procedência de um selo orgânico;
se utiliza mão de obra infantil ou análoga à escravidão.
São diversos os setores do agronegócio brasileiro que enfrentam problemas com a transparência na produção dos alimentos, algo que também não é fácil de resolver.
Mas a tecnologia blockchain já mostra caminhos a serem seguidos. O setor de produção de cacau é um dos que já aderiram à tecnologia no Brasil.
Outro setor do país que tem grande potencial para se beneficiar dessa tecnologia é o de grãos, sobretudo soja, e o de pecuária de corte.
A partir do uso da tecnologia blockchain, esses setores podem comprovar diretamente para seus parceiros comerciais toda a origem dos seus produtos, bem como para o consumidor final.
No caso do consumidor, as informações podem ser acessadas por meio de um QR code. A leitura é feita por meio de aparelho celular (Android ou iOS).
Veja abaixo algumas das aplicações da blockchain no agronegócio:
Redução de riscos e aumento da confiança estão entre as vantagens (Reprodução: Digital Agro)
A tecnologia blockchain possui três funções básicas que você pode aproveitar bastante para dar mais segurança, transparência e reduzir custos da sua produção agrícola.
Veja como funciona cada uma delas.
1. O livro-razão distribuído
Todos os participantes têm acesso ao livro-razão, onde estão as informações distribuídas e o seu registro empresarial.
Por ser compartilhado e registrado só uma vez, o livro-razão evita ações duplicadas, como tradicionalmente ocorre nas empresas.
2. Contratos inteligentes
A tecnologia blockchain possui em seu armazenamento contratos inteligentes, com um conjunto de regras executadas de forma automática.
Essas regras definem, por exemplo, as condições de pagamento, seguros, etc.
3. Registros fixos
Lembre-se: uma vez criado um bloco com informações sobre determinada transação ou informação sobre a rastreabilidade do produto, ele não pode mais ser alterado.
Por isso, é preciso muita atenção com a inclusão das informações para que não haja erro.
A correção só é possível por meio da criação de outro bloco, e ambos ficarão disponíveis para as partes envolvidas na transação.
A depender da situação, seu erro pode ser interpretado como má-fé.
Pública: qualquer um pode participar. As informações dos blocos, como as transações, podem ser visualizadas. Por ser mais aberta, a segurança diminui;
Privada: uma organização controla a rede e autoriza ou não a entrada de participantes ao livro-razão. Favorece a segurança dos participantes;
Autorizada: geralmente, derivam da rede privada, mas podem ser do tipo pública também. Podem ser impostas regras sobre quem pode participar de certas transações;
Consórcio: várias empresas participam e compartilham responsabilidades. É ideal para quando os integrantes necessitam ser autorizados e assumir atribuições.
Como entrar para o mundo da blockchain
No Brasil e no mundo, há diversas empresas que oferecem soluções em agricultura digital por meio da blockchain. Algumas delas são agtechs, as startups do agronegócio.
Elas podem oferecer serviços exclusivos, como de rastreabilidade, financeiros, seguro da produção, realização de contratos, etc. Avalie suas necessidades e faça uma consulta.
Conclusão
A blockchain na agricultura, conforme você viu, oferece diversas vantagens: redução de custos nas negociações, rastreabilidade e mais transparência na produção.
O agronegócio brasileiro tem sido muito cobrado por mais informações sobre a origem dos alimentos. A blockchain é uma ferramenta importante para este fim.
Como toda ferramenta tecnológica, ela está em constante evolução. Por isso, você deve verificar suas necessidades e buscar empresas que ofereçam a solução que precisa.
Seguro rural: como o aumento dos limites financeiros, a simplificação das regras do PTSR e ampliação do Zarc dão mais segurança nas negociações da sua atividade
O seguro rural é uma importante ferramenta de gestão que oferece proteção contra perdas decorrentes das adversidades que afetam a lavoura. Ele protege os seus investimentos e te mantém na atividade.
O Governo Federal reservou R$ 2 bilhões para o PSR (Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural), junto ao Plano Safra.
Para que você se beneficie do Seguro Rural, é preciso conhecer as novas regras do PTSR (Plano Trienal do Seguro Rural) 2022-2024. Nele, estão as diretrizes do PSR.
Neste artigo, saiba quais são os tipos de seguro rural, as regras, como funciona a cotação, preços e mais! Aproveite a leitura!
O que é o seguro rural
O seguro rural reúne um conjunto de seguros para o produtor rural. Eles vão desde o seguro agrícola (de lavoura), até o seguro de cédula de produtor rural e de máquinas.
É importante ressaltar a diferença entre seguro rural e seguro agrícola. O seguro rural abrange vários tipos de seguro (máquinas, benfeitorias, de vida, etc.), incluindo o seguro agrícola (uma ramificação do rural).
Entender a importância do seguro rural é essencial para uma boa gestão agrícola, sobretudo por ser uma atividade de elevado risco. Fatores que colaboram para as incertezas no campo são:
instabilidade climática;
problemas de ordem sanitária (pragas e doenças);
oscilações do mercado agrícola.
Uma boa gestão inclui a previsão de riscos e um plano de ação (que deve incluir o seguro rural) em caso de possíveis prejuízos. Assim, você contribui para sua estabilidade financeira e permanência na atividade.
Um benefício do seguro rural é que ele estimula o aumento da área cultivada e o uso de tecnologias. Isso porque atua como garantia adicional de acesso ao crédito rural. Ele te ajuda a conseguir taxas de juros mais baixas na obtenção de crédito.
Afinal, com o seguro, o risco agrícola é reduzido.
Do lado governamental, o seguro rural diminui a pressão por crédito subvencionado, voltado para investimentos privados de alto risco que são de interesse do Estado. Por isso, o Governo Federal aumenta ano a ano os recursos para o PSR.
Tabela mostra que orçamento quase triplicou entre 2018 e 2022 (Fonte: Mapa)
Segundo o Mapa, no 1º semestre de 2022, as indenizações de seguro rural atingiram R$ 7,7 bilhões. Isso foi impulsionado pelas perdas no Centro-Sul.
Esse valor supera o ano de 2021 e corresponde a quase 66% do que foi pago em indenização pelas seguradoras (R$ 11,7 bilhões) entre 2014 e 2020.
Quanto custa o Seguro Rural?
Pelas regras do PSR, o valor desembolsado pelo produtor na cobertura do seguro rural gira em torno de 6% a 15% do custo de produção. Isso varia conforme a região da lavoura e a cultura que será coberta.
Por isso, é importante que você, dentro da sua estratégia de gestão, defina o que deseja segurar em sua propriedade rural. Por exemplo, pode ser uma lavoura inteira ou parte dela.
Além disso, é possível optar por mais de um tipo de seguro para a sua propriedade e atividade agropecuária. Conheça abaixo todos os tipos de seguro rural.
Tipos de seguro rural
O seguro rural possui várias modalidades previstas por legislação. São elas: seguro agrícola, pecuário, aquícola, de benfeitorias e produtos agropecuários, de penhor rural, de floresta, de vida do produtor rural e de cédula de produto rural.
Cada um dos tipos de seguro rural é destinado para uma cobertura específica, conforme você vê abaixo.
Seguro Pecuário
Cobre as perdas por morte de animais destinados ao consumo, produção, criação, recria, engorda ou atividade de tração.
Seguro agrícola
Destina-se a cobrir as perdas causadas, sobretudo, por fenômenos meteorológicos. Isso desde a emergência da planta até a colheita.
Os fenômenos meteorológicos, neste caso, são: variação excessiva de temperatura, incêndio, raios, geada, granizo, tromba d’água, chuvas excessivas, seca e ventos fortes.
Seguro de Vida
Destina-se ao produtor rural e é válido para o período do financiamento, sendo o beneficiário o agente financiador.
Seguro Aquícola
Garante indenização por morte e outros riscos inerentes aos animais aquáticos (peixes e crustáceos), como doenças ou acidentes.
Seguro de Benfeitorias e Produtos Agropecuários
Cobre perdas e danos causados em bens utilizados na atividade rural que não tenham sido oferecidos como garantias em operações de crédito rural.
Seguro de CPR (Cédula de Produto Rural)
Garante o pagamento de indenização em caso de comprovada falta de cumprimento, por parte do tomador, de obrigações estabelecidas na cédula de produto rural.
Seguro de Florestas
Indeniza prejuízos causados às áreas de florestas seguradas, desde que identificadas e caracterizadas na apólice. Ainda, desde que tenham decorrido de um ou mais riscos cobertos.
Seguro de Penhor Rural
Este seguro cobre perdas e danos causados às atividades rurais oferecidas como garantia em operações de crédito rural.
Novas regras do Seguro Rural
Para ampliar o número de beneficiários atendidos pelo PSR, o Mapa criou regras para o PTSR, válidas para o triênio 2022-2024.
O objetivo das mudanças é simplificar mais as regras do PSR para facilitar o entendimento pelo produtor rural e pelos agentes de operacionalização do seguro.
Nas regras atuais, o percentual de subvenção ao prêmio é de 20%, 25%, 30%, 35% ou de 40%. Veja as regras do PSR 2021:
Mudanças nas regras foram para atender ao setor produtivo, segundo o Mapa (Fonte: Mapa)
A depender da modalidade, da cultura e da cobertura contratada, pode ser de 20% ou 40%.
Para o triênio 2022-2024, houve a simplificação e aumento dos limites financeiros, além de maior subvenção para o milho verão e milho safrinha. Houve ainda maior apoio aos seguros de mais de 60 culturas. Confira abaixo as novas regras do PTSR:
Soja e do seguro paramétrico (sob medida) continuam com 20% (Fonte: Mapa)
Incentivo às práticas sustentáveis no Seguro Rural
As práticas sustentáveis estão sendo incentivadas por meio das contratações de Seguro Rural em 2023 e 2024.
Se o mutuário for segurado do Programa ABC (agricultura de baixo carbono), com contrato vigente até 31/12/2021, há diferenciação do percentual de subvenção. Essa diferença é de 25% para a soja e 45% para as demais culturas no prêmio para as apólices.
Assim, quem contratou financiamento do ABC até 2022, pode acessar em 2023 uma subvenção diferenciada. Essa subvenção é de 20% para a soja e 40% para as demais atividades.
Cobertura do Seguro Rural no Norte e Nordeste
Desde 2019, o Governo Federal vem incentivando produtores rurais do Norte e Nordeste com a destinação de recursos específicos do Seguro Rural.
O objetivo é a contratação de apólices de seguro nessas regiões, para onde foram destacados R$ 56 milhões em subvenção ao prêmio em 2021.
Esse valor, segundo o Mapa, auxiliou na contratação de 5.282 apólices, com área total segurada de 825 mil hectares, e R$ 4 bilhões em garantia de capitais.
Em 2022, produtores de grãos dessas regiões tiveram R$ 60 milhões em recursos exclusivos. Para 2023 e 2024, estão previstas subvenções ao prêmio diferenciado de 30% para a soja e 45% para as demais atividades.
Georreferenciamento e certificação de profissionais no seguro rural
Outra novidade para o seguro rural 2022 é que todas as apólices seguradoras precisam ter a indicação de área segurada com o polígono completo. Não é possível mais apenas a marcação de um ponto da propriedade rural.
Com isso, espera-se obter mais informações de cada apólice, com vistas à:
A certificação dos profissionais para atuarem com seguro rural é outro item importante: agora, há requisitos mínimos para o atendimento. A ideia é que as certificações tragam diretrizes para atuação profissional no âmbito do PSR nos seguintes aspectos:
No Brasil, o seguro rural é contratado com os principais objetivos: multirrisco, custeio, produção, faturação ou receita, riscos nomeados, paramétricos ou produtividade por faixa. Saiba um pouco mais sobre cada um desses objetivos a seguir.
Seguros multirrisco
Esse tipo de seguro abrange produtos nos quais são cobertos diversos riscos em uma única cobertura. Não há a possibilidade de contratação de um determinado risco em detrimento de outro.
Seguro de custeio
É uma modalidade de seguro vinculada ao custeio agrícola, tendo como objetivo garantir a produtividade estabelecida na apólice do custeio. Uma forma de diminuir o risco de inadimplência e facilitar a obtenção do financiamento.
Seguro de produção
Destina-se a garantir a produção do cultivo perante as adversidades climáticas. O limite máximo de indenização é calculado com base na produtividade garantida para a área a ser segurada.
A produtividade é multiplicada por um preço estabelecido no momento da contratação.
Seguro de faturamento ou receita
Além de garantir a produtividade agrícola esperada, garante o preço de venda do produto no mercado futuro.
Seguro de riscos nomeados
É um seguro em que são cobertos os riscos em coberturas diferentes. Há a possibilidade de contratar apenas as coberturas de maior interesse. As coberturas mais comuns são de granizo, geada, incêndio e/ou chuva excessiva.
Seguro paramétrico
É de acordo com a necessidade específica do cliente, e considera as oscilações dos parâmetros climáticos (temperatura e precipitação). No momento em que o índice de temperatura ou de ventos é muito alto, a cobertura é feita.
Seguro de produtividade por faixa
Atende às necessidades de produtores que possuem históricos de produtividade detalhados e que conseguem calcular o seu risco.
Podem recorrer produtores que dificilmente terão uma perda inferior à determinada produtividade, em função da área cultivada e do nível tecnológico utilizado.
Outros fatores que influenciam a contratação do seguro rural
Além dos tipos de seguro rural, você deve ficar por dentro de outros fatores:
Se o plantio está sendo feio em áreas de pastagens ou não;
O nível de cobertura contratado, que afeta o valor do prêmio pago na contratação;
A localização das glebas;
O valor contratado de cobertura da cultura (é com base nele que a seguradora irá calcular a indenização).
Seguro Rural na Agricultura Familiar
Em 2020, o Mapa lançou um projeto-piloto para fomentar a contratação de seguro rural pelos produtores ligados ao Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar). O orçamento é de R$ 50 milhões.
Dez mil produtores familiares participaram desse projeto, cujas diretrizes básicas são:
Massificar a utilização do seguro rural, com a expansão do número de lavouras e hectares amparados;
Assegurar o papel do seguro rural como mitigador dos efeitos dos riscos climáticos das atividades agropecuárias;
As constatações serviram para o Governo Federal justificar a destinação exclusiva de recursos do seguro rural para as contratações nas regiões Norte e Nordeste.
Quem pode solicitar e como contratar o Seguro Rural?
A contratação do seguro rural pode ser feita por meio de um corretor ou de uma das 15 seguradoras habilitadas para operar no PSR.
Qualquer pessoa física ou jurídica que cultive espécies contempladas pelo programa pode solicitar a contratação. Uma forma de conhecer mais o PSR é por meio do aplicativo, disponível para Android e iOS.
Há informações sobre o LSPA (Levantamento Sistemático da Produção Agrícola), atualizado mensalmente pelo IBGE em todo o país. Além disso, há previsões do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia).
Aplicativo PSR pode ser baixado gratuitamente (Fonte: Mapa)
Como é o processo de contratação de um Seguro Rural?
Para contratar um seguro rural e tentar o subsídio do governo, você deve seguir os seguintes passos:
Formalizar a proposta de seguro em uma das seguradoras habilitadas no programa;
Após isso, a seguradora enviará a proposta de subvenção ao Mapa;
A proposta pode ser aprovada, a depender de critérios como:
limite financeiro disponível para o produtor;
limite financeiro disponível para a cultura e regularidade do produtor no Cadin (Cadastro Informativo de Créditos não Quitados do Setor Público Federal).
Caso o incentivo seja aprovado, o Mapa realizará o pagamento do percentual do prêmio do seguro correspondente ao governo, diretamente para a seguradora.
Capacitação de profissionais e monitoramento
Com o aumento de beneficiados pelo PSR, o Governo tem se preocupado com a qualidade dos serviços. Por isso, incentivará instituições públicas e privadas a ofertarem cursos de capacitação de peritos, consultores e profissionais de seguradoras.
Para o segundo semestre de 2022, há previsão de início das capacitações com curso básico de introdução sobre serviços de avaliação de danos de sinistros.
Outra frente de ação é o monitoramento da qualidade dos produtos e serviços oferecidos pelas seguradoras que atuam no PSR. Ele é oferecido por meio do projeto Monitor do Seguro Rural.
O trabalho será coordenado pelo Departamento de Gestão de Riscos do Mapa. Ele contará com auxílio dos produtores rurais, entidades que os representam e empresas do setor.
Importância do Zoneamento Agrícola de Risco Climático para o Seguro Rural
O Zarc (Zoneamento Agrícola de Risco Climático) é um complemento importante na avaliação dos riscos de uma cultura que será segurada. Ele traz informações sobre riscos agroclimáticos no país.
Por meio do Zarc, é possível que cada município identifique a melhor época de plantio das culturas. Tudo isso em diferentes tipos de solo e ciclos de cultivares.
Atualmente, são 63 sistemas produtivos de cultivos agrícolas permanentes e anuais. Os estudos técnicos-científicos são realizados por por uma rede de pesquisadores da Embrapa e mais 150 especialistas. São 32 centros de pesquisa públicos e privados.
Com as informações do Zarc, você consegue ter uma ideia mais real sobre os riscos de determinada cultura agrícola e chegar a um valor mais correto para o seguro rural.
Isso porque os agricultores que seguem as recomendações do Zarc estão menos sujeitos aos riscos climáticos. Eles podem ser beneficiados pelo Proagro (Programa de Garantia da Atividade Agropecuária) e pelo PSR.
Qual seguradora faz Seguro Rural
Atualmente, no Brasil, existem 16 seguradoras habilitadas pelo Mapa no Programa de Subvenção. Elas atendem a mais de 60 culturas. Confira a lista abaixo.
Aliança do Brasil: seguro de custeio;
Allianz: produtividade agrícola, granizo;
BrasilSeg: faturamento agrícolas, pecuário, floresta e agrícola.
Essor: granizo (grãos, frutas e hortaliças), multirrisco, faturamento e custeio;
Excelsior: seguro de produtividade da soja e granizo;
Ezze: custeio, produtividade;
Fairfax: seguro pecuário, aquícola, de floresta, de produtividade, de riscos e de receita;
Mapfre: granizo, pecuária, olericultura, café, de colheita, custeio, floresta e faturamento;
Sancor Seguros: granizo, frutas, hortaliças, multirriscos e cana-de-açúcar;
Sombrero (sem informações sobre área de atuação);
Sompo Seguros: multirrisco para custeio, para produtividade e paramétrico;
Swiss RE: granizo e geada, incêndio, multirisco, faturamento e pecuário;
Tokio Marine: multirrisco produtividade, custeio e de riscos;
Too Seguros: multirrisco de produtividade e custeio, além do paramétrico;
Saiba mais sobre as condições gerais com que cada uma atua no site do Mapa.
Conclusão
Neste artigo, você viu que o seguro rural no Brasil avança bastante. Por isso, ele tem passado por alterações com vistas ao seu melhor entendimento e utilização, e mais recursos disponíveis.
O seguro rural é uma das principais ferramentas para uma boa gestão agrícola. Ele prevê riscos e ações mitigatórias, o que colabora para sua permanência na atividade rural.
É importante se atentar para as mudanças do PTSR, pois é ele quem baliza o Seguro Rural no Brasil. As alterações nas regras vieram para facilitar a sua vida.
Consulte uma seguradora de sua preferência, baixe os aplicativos PSR e Plantio Certo (do Zarc), e aprenda a manejá-los, pois também vão te auxiliar muito.
Você costuma segurar sua lavoura? Já foi contemplado com o auxílio do governo? Quais medidas poderiam melhorar o mercado de seguro rural no Brasil? Adoraria ver seu comentário abaixo!
Texto publicado em 21 de janeiro de 2020 e atualizado pela última vez em 07 de novembro de 2022 por Mário Bittencourt. Colaborou com o artigo Eduardo Bianconcini Teixeira Mendes, engenheiro-agrônomo, que atua com seguro rural, crédito rural e de custeio (Proagro) desde 2005.
Plano Safra 2021/22: conheça as principais linhas de financiamento e o que mudou em relação ao plano anterior
O Plano Safra 2021/22 é de suma importância para o planejamento da sua fazenda.
Por isso, é preciso saber os valores destinados a cada linha de financiamento, volume de recursos e suas respectivas taxas de juros.
Os contratos podem ser realizados entre 1º de junho de 2021 e 30 de junho de 2022.
Neste artigo, você ficará por dentro das principais novidades e descobrirá como se beneficiar do Plano. Assim, você conseguirá se organizar melhor. Confira!
Como se beneficiar do Plano Safra 2021/22
Dentre as principais demandas do agronegócio, está a destinação de mais recursos para:
A resposta a esta demanda veio por meio do Plano Safra 2021/2022. Apesar de abaixo do esperado, o plano teve aumento deR$ 14,9 bilhões em relação ao anterior.
Uma das principais formas de você se beneficiar do novo Plano Safra é por meio da ampliação de práticas sustentáveis.
Essas práticas são cada vez mais cobradas do setor no cenário global.
O governo elevou em 101% os recursos para esta finalidade em relação ao plano anterior. O aumento foi possível com o fortalecimento do Programa ABC (Agricultura de Baixo Carbono).
A energia solar é uma das principais fontes de energias renováveis do campo (Foto: Agrovale/Divulgação)
Serão R$ 5,05 bilhões em recursos, com taxa de juros de 5,5% e 7% ao ano. Além disso, carência de até 8 anos e prazo máximo de pagamento de 12 anos.
Por meio do Programa ABC, você pode financiar projetos destinados à redução da emissão de gases de efeito estufa e agregar valor à sua produção agrícola.
Também foram fortalecidos os programas:
Inovagro (R$ 2,6 milhões, taxa de juros de 7%ao ano);
Proirriga (R$ 1,35 bilhões, juros de 7,5% ao ano).
O financiamento para a produção de bioinsumos e biofertilizantes para uso próprio, para energia renovável e adoção de práticas conservacionistas também aumentou.
No Plano Safra 2021/2022, o limite de crédito coletivo para projetos de geração de energia elétrica a partir de biogás e biometano será de até R$ 20 milhões.
Mais recursos para armazenagem de grãos
Uma das grandes demandas do setor de grãos no Brasil é o financiamento para estruturas dearmazenagem no campo.
Em comunicado recente, a Aprosoja (representante dos sojicultores) pediu que o Mapa destinasse R$ 3 bilhões ao PCA (Programa de Construção e Ampliação de Armazéns), no Plano Safra 2021/2022.
Para a Aprosoja, “a armazenagem é crucial, mais importante até que o custeio agrícola”.
Isso porque, segundo a Aprosoja, os investimentos em armazenagens proporcionam a redução do custo do frete e a melhor trafegabilidade das rodovias durante a colheita.
A resposta do governo veio além da expectativa. Houve destinação de R$ 4,12 bilhões ao PCA, além de acréscimo de 84% em relação ao Plano Safra 2020/2021.
Armazéns de até 6 mil toneladas terão taxas de juros de 5,5%.
Armazéns com capacidade acima disso terão taxa de 7% ao ano, carência de 3 anos e prazo de até 12 anos para pagar.
O Mapa estima que os recursos destinados ao PCA sejam suficientes para construir cerca de 500 novas plantas.
Além disso, podem ser suficientes para aumentar a capacidade instalada em 5 milhões de toneladas.
Custeio e comercialização
O custeio e a comercialização também receberam grande atenção do Plano Safra 2021/22.
R$ 73,4 bilhões para investimentos, que tiveram aumento de 29%.
Para o médio produtor, no âmbito do Pronamp, o Plano Safra disponibilizará R$ 34 bilhões. Isso corresponde a um aumento de 3% em relação à safra passada.
De acordo com o governo, são:
R$ 29,18 bilhões para custeio e comercialização;
R$ 4,88 bilhões para investimento, com juros de até 6,5% ao ano.
A agricultura familiar também foi beneficiada no Plano Safra 2021/22.
O setor que abrange mais de 5,1 milhões de pequenas propriedades no país terá no novo Plano Safra R$ 39,34 bilhões para financiamento por meio do Pronaf.
Os juros dos financiamentos variam entre 3% e 4% ao ano.
Do valor total disponível:
R$ 21,74 bilhões são para custeio e comercialização;
R$ 17,6 bilhões para investimentos.
Mais sustentabilidade
Uma das novidades do Plano Safra 2021/2022 para os pequenos agricultores é o maior incentivo ao Pronaf Bioeconomia.
Essa linha de financiamento é voltada para investimentos em: tecnologias de energia renovável,ambientais, armazenamento hídrico e práticas conservacionistas.
O novo Plano Safra incluiu nos financiamentos a:
SAFs (Sistemas Agroflorestais);
construção de unidades de bioinsumos e biofertilizantes;
turismo rural;
serviços de sociobiodiversidade.
Tabela detalha valores de linhas de financiamento (Fonte: Mapa)
Seguro rural e redução de riscos
No setor agrícola, investir em seguro rural é essencial para reduzir riscos da atividade.
Para 2021, o governo destinou R$ 948,1 milhões.
Isso para contratar cerca de 150 mil apólices e proteger 10,1 milhões de hectares. O valor total segurado é de R$ 52,5 bilhões.
E em 2022, o orçamento será de R$ 1 bilhão.
Esse valor possibilitará a contratação de 158.500 apólices e a proteção de 10,7 milhões de hectares. O valor total segurado é de R$ 55,4 bilhões.
Também importante para redução de riscos no setor agrícola é o Zarc (Programa Nacional de Zoneamento Agrícola de Risco Climático).
Serão incluídas 12 culturas no Zarc, e estão previstas mudanças de metodologias com a inclusão de 6 classes de armazenamento hídrico para solos e níveis de manejo.
Neste artigo, você viu que o Plano Safra 2021/2022 tem como importantes novidades o aumento do financiamento para mais sustentabilidade ambiental da produção.
O governo quer incentivar um agro mais verde, mais produtivo, inovador e mais tecnológico.
Isso atende às exigências da sociedade (nacional e internacional) por uma produção agrícola que garanta a sobrevivência do planeta.
O aumento de financiamentos para armazenagem de grãos, do seguro rural e da geração de energias renováveis e bioinsumos são pontos fundamentais para você.
Conheça as linhas de financiamento em que você se enquadra e planeje com mais segurança a sua produção agrícola.
Drones na pulverização do cafeeiro: confira as possíveis vantagens dessa ferramenta que vem ganhando espaço nas lavouras
A utilização de drones na pulverização do cafeeiro chama a atenção de qualquer pessoa que os aviste sobrevoando os cafezais.
Eles realizam de maneira autônoma um trabalho que só era possível realizar manualmente.
Utilizada também em outras culturas, a pulverização com drones demonstra eficácia no controle de doenças do café, como a ferrugem e a cercosporiose.
Ainda é necessária validação e autorização oficial para aplicação de insumos agrícolas via drones, mas as perspectivas de benefícios são inúmeras. Confira!
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Uso de drones na pulverização do cafeeiro
Apesar de muito recente, o uso de drones na pulverização agrícola no Brasil é uma realidade que tem ganhado cada vez mais espaço no campo, inclusive na produção de café.
No Brasil, são quase 70 mil proprietários de drones cadastrados na Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), boa parte deles voltados para serviços no agro.
Vale lembrar que o uso dos drones na agricultura devem seguir regras rígidas, então vale ficar sempre de olho nelas.
Para que servem
Chamados de RPA (aeronaves remotamente pilotadas), os drones agrícolas são usados na aplicação de agrotóxicos, adjuvantes, fertilizantes, inoculantes, corretivos e sementes.
Os drones utilizados para esses serviços pertencem à classe 2 (peso máximo de decolagem maior que 25 kg e até 150 kg) e à classe 3 (peso de decolagem até 25 kg).
Atualmente, está em discussão no Ministério da Agricultura uma legislação específica para serviços com esses drones, com padrões técnicos operacionais e de segurança.
A eficácia de muitos deles é comprovada em diversos serviços, mas os drones de pulverização agrícola ainda passam por testes de validação e formas de operação.
Uma das áreas do agronegócio que tem recebido experimentos é a da produção de café.
No Brasil, há diversas regiões produtoras, como o sul de Minas Gerais. Regiões como essa possuem topografia irregular, e por isso são um campo aberto para atuação dos drones.
Experimentos com o uso de drones na pulverização do cafeeiro apontam redução de até 80% nos gastos com insumos.
Veja algumas vantagens da pulverização com drones:
voo entre 3 e 5 metros de altura;
economia de água e produtos químicos;
aplicação mais eficiente, com bicos abaixo das hélices;
redução da deriva de defensivos, com possibilidade de aplicação com ventos de até 30 km/h;
baixo custo (R$ 40 a R$ 150/ha) e eficiência operacional;
de 20 até 100 vezes mais rápido que o trabalho manual;
Um experimento recente da Embrapa e da empresa AP Agrícola, numa área de café em Minas, mostrou que os drones são eficientes em locais de difícil acesso.
O equipamento foi testado em florestas, ribanceiras e morros. A qualidade da gota na aplicação do produto e o resultado foram considerados excepcionais. O manejo nutricional (adubação foliar) também está sendo testado.
A Embrapa avaliou, em São Roque de Minas, ser possível aplicar uma calda concentrada que reduz cinco vezes a parcela de produto que não atinge o alvo.
Combate às doenças do cafeeiro
Em Muzambinho, sul de Minas Gerais, o cafeicultor Marcelo Salomão faz a pulverização do cafeeiro com drones há 2 anos.
A tecnologia é utilizada para controlar doenças do cafeeiro, como a ferrugem e a cercosporiose. São aplicados 15 L ha-1 de defensivos, com custo de R$ 150 por hectare.
“As aplicações são feitas em duas áreas, uma de 5 hectares e outra de 11 hectares”, disse Salomão, para quem a vantagem principal é a economia de tempo.
“Com drone, fazemos a aplicação de 11 hectares em 2 horas e meia. Se fosse manual, seria um dia para cada hectare. Além disso, economiza muito mais água”, afirmou.
O cafeicultor cita ainda como vantagens o fato de não ter contato direto com agrotóxicos e de economizar água e combustível com o transporte de água para fazer as caldas.
Quem faz a pulverização nas áreas do cafeicultor Marcelo Salomão é o operador de drones Davi Elias, da Drones Solutions Brasil.
Além de atuar com prestação de serviço, Elias realiza pulverizações para pesquisas da Fundação Procafé. Ele usa drones da Agras.
“Uma das constatações sobre a eficiência é a quantidade de aplicação por hectare, para diversos produtos, de forma geral, que tem de ser de 24 L ha-1”, disse Elias.
Outra constatação é que a aplicação deve ser feita com o voo de 3 a 4 metros da copa do cafeeiro, e com ventos de no máximo 30 km/hora.
Marcelo Jordão, pesquisador da Fundação Procafé, informou que resultados mais concretos sobre a pulverização com drones serão conhecidos em setembro deste ano.
Dificuldades com drones na pulverização do cafeeiro
Agrônomo e pesquisador da cafeicultura, José Braz Matiello explica que o cafeeiro tem particularidades que precisam ser melhor observadas na pulverização com drones.
Uma delas é a área foliar. “Se formos observar, há muitos cafezais que possuem 5 mil plantas por hectare, e cada planta pode chegar a 20 m² de área foliar”, disse Matiello.
Para o pesquisador, um dos desafios da pulverização com drones é no combate à broca-do-café, pois o inseto fica “escondido” na planta, o que dificulta a pulverização.
“No controle do bicho-mineiro, por exemplo, creio que o drone terá eficiência, pois ele entra pela copa da árvore, então a pulverização já vai em cima”, comentou.
A pulverização com drones na produção de café vale a pena no combate à ferrugem e à cercosporiose do cafeeiro.
Conforme você viu neste artigo, a aplicação de insumos com drones gera economia de custos, de tempo e possibilita uma pulverização mais eficiente.
É importante você lembrar que essa é uma tecnologia cuja eficácia ainda está sendo validada para diversos serviços de pulverização do cafezal.
Assim, não é qualquer praga ou doença que a pulverização com drone conseguirá combater, e o manejo nutricional também está sendo testado.
Por isso, é interessante observar a experiência de produtores rurais que utilizam essa ferramenta, e avaliar se os drones são uma boa opção para o seu cafezal.
Você já cogitou usar drones na pulverização do cafeeiro? Já utilizou em seu cafezal? Então deixe um comentário contando sua experiência ou sua opinião.
Adubação nitrogenada no cafeeiro: como favorecer a liberação controlada do nutriente no solo e realizar a análise foliar em menor tempo
O nitrogênio é o nutriente mais exigido pelo cafeeiro e influencia diretamente a produtividade. No entanto, são diversos os desafios de manejo na adubação nitrogenada.
O controle de perdas do nutriente por volatização e a avaliação dos níveis de absorção da planta, realizada pela análise foliar, são impasses que você pode enfrentar em sua lavoura.
No entanto, há maneiras de tornar o manejo da adubação nitrogenada no cafeeiro mais eficiente, conforme pesquisas recentes. Conheça algumas delas neste artigo!
Importância da adubação nitrogenada no cafeeiro
Estima-se que haja 85% de nitrogênio na matéria orgânica do solo, mas seu teor depende do processo de mineralização. Normalmente, apenas entre 2 e 3% do nitrogênio no solo está disponível para as plantas.
Esse nutriente tem relação direta com a produtividade do café: ele influencia no desenvolvimento vegetativo e reprodutivo da planta. Uma boa fonte de nitrogênio é a palha do café.
Além disso, ele também favorece o crescimento das folhas novas e dos ramos plagiotrópicos (ramos laterais produtivos), o aumento da área foliar e a produção de carboidratos essenciais para os frutos. A ausência desse elemento pode causar deficiência nutricional no cafeeiro.
Absorção de nitrogênio pelos grãos
O nitrogênio é o segundo nutriente mais translocado e o mais exportado pelos grãos de café.
A recomendação varia conforme a produtividade no ano/safra e o teor foliar do nutriente. Geralmente, num estande com 4.000 plantas, você deve usar 450 kg ha-1.
Para essa quantidade utilizada, a produção esperada é de 8,8 litros de grãos por planta. Porém, há casos em que a quantidade de fertilizante nitrogenado utilizada chega a 800 kg ha-1.
Normalmente, a adubação de nitrogênio no solo é feita de forma parcelada (a cada 15 dias) entre setembro e março, durante o período chuvoso, para maior absorção pela planta.
Nessa época, ocorrem as fases de floração, frutificação (quando aumenta a absorção do nutriente pela planta) e desenvolvimento vegetativo.
Até chegar a fase de produção, há diferentes níveis de exigência nutricional, resultando em um parcelamento da adubação do cafeeiro.
Mobilidade do nitrogênio no solo
Um fator importante na adubação nitrogenada é a mobilidade do nitrogênio no solo, que pode ser perdido por lixiviação, volatização, nitrificação, desnitrificação, imobilização e mineralização.
Segundo pesquisadores, em solos de regiões de clima tropical úmido ocorre grande mobilidade do nutriente e intensa mineralização da matéria orgânica.
Dentre os fatores que interferem no aproveitamento do nitrogênio pelas plantas, estão a disponibilidade de água no solo, o pH, o tipo e a fertilidade do solo, além da presença de alumínio.
Uma das formas mais usuais de fornecer o nutriente para o cafeeiro é por meio da adubação com fertilizantes nitrogenados, como ureia e o sulfato de amônio.A adubação é feita em três ou quatro parcelas a partir do quarto mês de florescimento, concomitante à época de granação e maturação dos frutos.
Pesquisas mostram que as perdas do nitrogênio no solo ocorrem, quase sempre, por volatização na forma de gás amônia, quando aplicado na superfície do solo em ambiente úmido. Essas perdas podem chegar a até 35%.
Nessa situação, a ureia reage com a água, o que resulta na formação do gás amônia (ou forma amônia).
Na aplicação da ureia em solo seco, quando o insumo é molhado pela chuva ou por irrigação (ou fertirrigação), há formação do amônio.
A formação do amônio possibilita a absorção, mas ele pode ser convertido também em nitrito ou nitrato, absorvido com mais facilidade em solos com pH superior a 5,5.
De acordo com pesquisadores, o nitrogênio em qualquer forma em solos com pH próximo de neutro é transformado em nitrato pela ação de bactérias nitrificadoras.
Métodos para controle de perdas do nitrogênio
1. Ureia revestida com polímeros
Uma das formas de controle de perdas do nitrogênio no solo é a aplicação parcelada, mas ela também implica em mais gastos com mão de obra, além da compactação do solo.
Estudo recente sugere o uso de inibidores de urease (NBPT) e de nitrificação, com adição de acidificantes e ureia revestida com polímeros ou gel para evitar perdas de N.
Por esse método, ocorre a liberação lenta ou controlada do nutriente no solo, o que pode favorecer o aumento da produtividade e economia de serviços.
Teste de comparação
A título de comparação, a pesquisa fez a adubação nitrogenada com ureia de forma convencional (45% de N) e revestida com polímeros (39% de N) num cafezal em Minas Gerais.
Foram aplicados 450 kg ha-1 (em trêsparcelas) na aplicação convencional, com intervalo de 60 dias e em dose única para a ureia revestida com polímeros.
Os resultados apontaram perdas de 18,5% do total de nitrogênio aplicado de forma convencional, ou seja: dos 450 kg ha-1 aplicados, 83,5 kg foram perdidos por volatização.
Com a ureia revestida com polímeros, houve perda de 10,46% de N, mesmo aplicado em dose única.
O estudo concluiu que houve perda de 8% a menos do nutriente na adubação com ureia revestida, em comparação com o modelo convencional de adubação.
2. Análise foliar por meio de sensoriamento remoto
Uma ferramenta importante para maior eficiência do manejo nutricional do nitrogênio no cafeeiro é a análise foliar.
É por meio da análise foliar que é possível saber o quanto de fato a planta está absorvendo de nutriente, e se necessário fazer alguma intervenção nutricional.
Contudo, geralmente, os resultados são conhecidos 30 diasapós coletar as amostras e as analisar em laboratório, com custo de R$ 950, numa área de 5 ha, por exemplo.
Um estudo realizado na Bahia, com o uso do sensoriamento remoto (sensores manuais e drones), mostra que é possível reduzir esse tempo a apenas um dia.
Teores de nitrogênio foliar medido com sensores
(Foto: Crislaine Ladeia/Divulgação)
Tecnologia para sensoriamento remoto
Uma possibilidade para realizar o sensoriamento remoto é através do sensor óptico ativo manual terrestre GreenSeeker®, da Trimble.
O equipamento emite radiação eletromagnética na banda do vermelho a 660 ± 12 nanômetros e do infravermelho, próximo de 770 ± 12 nm.
A medição é realizada a 0,5 metro da cultura no terço médio da planta.
Também pode ser utilizado um drone equipado com sensor que capta a radiação do comprimento de ondas do visível (400 – 700 nm).
Conclusão
A adubação nitrogenada do cafeeiro pode ser realizada de forma mais eficiente, como você viu ao longo do artigo.
A adubação nitrogenada em dose única, com ureia revestida com polímeros, é uma boa alternativa para maior eficiência, redução de custos e redução da compactação do solo.
Igualmente benéfica, a análise foliar por meio do sensoriamento remoto permite uma atuação ainda no mesmo ano/safra, caso sejam necessárias correções nutricionais.
Tais ações, se bem executadas, resultarão em boa produtividade de café para a sua lavoura.
Quais métodos você costuma utilizar para fazer a adubação nitrogenada no cafeeiro? Relate sua experiência aqui nos comentários, e assine nossa newsletter para receber mais artigos parecidos!