About Carina Oliveira

Sou engenheira-agrônoma formada pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), mestre em Sistemas de Produção (Unesp), e doutora em Fitotecnia pela Esalq-USP.

Como fazer com que o produtor participe da gestão da fazenda junto ao consultor?

Integração entre consultor e produtor: qual papel do fazendeiro na gestão, dicas para melhorar essa ação conjunta e seus benefícios!

Gerenciar uma empresa rural exige conhecimento do processo de trabalho e também de administração da fazenda.

Para auxiliar na adequação do melhor sistema de gestão, a participação do produtor é fundamental para gerar bons resultados da consultoria.

Nesse texto, você verá como esse trabalho conjunto pode ser alinhado e as dicas do consultor Marco Antônio em como melhorar a participação do produtor no processo de gestão.

Produtor e sua participação na gestão da fazenda 

O trabalho de consultoria é agregar seu conhecimento e experiência profissional às práticas e conhecimento do produtor.

“O papel do consultor é somar experiências com o produtor, levando a ele a vivência do mundo empresarial e outra visão para dentro da fazenda, juntando o conhecimento do cotidiano da propriedade e, assim, construir uma única visão, mais focada para as necessidades daquele negócio”, comenta Marco Antônio Santana, consultor agrícola.

Cada produtor rural tem uma vivência de negócio diferente e, para que seu trabalho seja efetivado mesmo após o término do seu projeto, é necessário trabalhar em conjunto com o produtor.

Ao atrair o produtor para o projeto de gestão, além de desenvolver uma metodologia mais eficiente e prática para aquela propriedade, você tem mais facilidade em captar informações necessárias para seu trabalho.

Ganhar a confiança do proprietário e gestor da fazenda faz com que você consiga realocar pessoas, lugares e ferramentas da melhor forma para a gestão do negócio.

Para tanto, é necessário que você mostre como irá auxiliá-lo, demonstrando e explicando qual a importância das informações que precisa.

Além disso, é preciso que o produtor compreenda que a gestão da fazenda só será eficiente se os recursos, tanto de pessoas quanto de materiais, estiverem alocados corretamente para trazer a melhor eficiência para o sistema.

Desse modo, há ganhos de ambas as partes: do consultor, por agregar mais experiência e mais um trabalho realizado com sucesso; e, para o produtor, mais organização na gestão financeira, operacional e de pessoas, gerando maior lucratividade do seu negócio.

5 dicas para melhorar a integração entre consultor e produtor rural

Ao ser contratado, você precisa passar confiança ao produtor em relação ao seu trabalho, para que sua relação com ele traga benefícios mútuos.

Para isso, veja algumas dicas para fazer com que o produtor participe da gestão junto a você.

1º Receptividade ao novo

Muitos produtores, mesmo contratando uma consultoria rural, ainda têm receio da mudança. 

No primeiro contato com o produtor, você deve passar confiança, responsabilidade e objetivos possíveis de alcançar.

Seja sutil ao sugerir as mudanças. Escute, analise e exponha suas ideias e a maneira que pretende alcançá-las.

Deixe claro para ele seu papel na fazenda, quais são as mudanças que querem fazer e como obtê-las.

Para Santana, “o consultor é uma ferramenta que acelera a mudanças culturais dentro da fazenda a fim de obter os melhores resultados”

Assim, o produtor será mais receptivo a suas ideias e ações, conferindo a você acesso às pessoas e dados que ele utiliza em sua fazenda.

2º Comprometimento 

Ao fechar um trabalho é necessário explicar as etapas e a importância de cada passo que irá ser abordado no projeto de gestão rural.

Deixe claro ao produtor que você está comprometido com ele, assim como ele deve estar com você.

E, para que as mudanças ocorram, é necessário apoio, tanto seu para o produtor quanto do produtor para com você.

Insira o produtor no projeto. Assim, as mudanças vão ocorrendo de modo gradual e se tornando uma prática rotineira na fazenda.

“Comprometa a equipe, principalmente os líderes, nas mudanças que irão ocorrer de comum acordo definida por vocês”, sugere o consultor.

3º Dados e informações

Sem acesso a dados e às informações do cotidiano da fazenda, seu trabalho fica parado.

Os funcionários são a parte responsável por alimentar as ferramentas de análises de dados todos os dias.

Assim, para que você tenha acesso com maior frequência e rapidez, a proximidade com os funcionários se torna essencial.

É importante, portanto, antes de iniciar seus trabalhos, conhecer todo o quadro de funcionários e suas funções na fazenda.

Mostre a eles que seu trabalho é melhorar e facilitar o dia a dia no campo, explicando a importância de sempre passar os dados e informações para alimentar os sistemas de gerenciamento.

“A inserção de dados por todos que compõem o sistema deve ser feita de modo rotineira e disciplinada, precisando de auditoria para que essa rotina seja efetivada”, diz Marco Antônio Santana.

Caso seja necessário, realize inicialmente reuniões semanais com os chefes de setores até que o lançamento de dados se torne uma prática diária dos responsáveis. 

4º Novas tecnologias

Para implementar uma nova forma de gestão, especialmente financeira e operacional, o uso de um software de gestão é um facilitador.

Organizar e avaliar os dados e informações da fazenda precisa ser rápido e simples, pois alguns produtores e funcionários não são familiarizados com novas tecnologias.

Assim, utilizar ferramentas de gestão intuitivas e de fácil compreensão torna a proximidade sua com o produtor e funcionários mais fácil.

O produtor conseguindo diariamente, por meio do aplicativo, avaliar o que está acontecendo, torna-se parte do projeto.

O Aegro é um aplicativo simples de utilizar e que auxilia consultor e proprietário na gestão da fazenda.

Com o Aegro você faz o registro de todas as atividades diretamente do campo, mesmo sem internet. O sistema gera relatórios automatizados de gestão e operacional da fazenda.

Marco Antônio diz que a implementação de um software como o Aegro permite juntar a realidade da fazenda com a tecnologia, proporcionando mais transparência à gestão.

Os dados ficam sempre disponíveis ao produtor, que pode acompanhar de perto as atividades de todas as áreas da fazenda. Desse modo, a participação dele na gestão da fazenda também será maior e mais produtiva.

Tela do aegro na aba de relatório de custos

Exemplo de relatório visualizado com o Aegro

5º Treinamento

Toda mudança requer tempo, paciência e treinamento.

Ao implementar em uma propriedade uma nova ferramenta de gestão, realizar treinamentos junto ao produtor e os funcionários que terão acesso às informações disponíveis é fundamental.

Chegar em uma fazenda com projeto pronto e já iniciar a utilização do aplicativo de dados, sem conhecer o modo que a propriedade funciona e sem dar o treinamento adequado, a participação conjunta não irá ocorrer.

Além disso, após o término do seu projeto, a implementação de qualquer sistema pode falhar, pois não houve capacitação das pessoas para desempenhar as funções necessárias.

Para Santana, uma parte essencial do treinamento é gerar uma rotina empresarial dentro da fazenda e, assim, transformar a fazenda em uma empresa rural.

Portanto, antes de iniciar a reestruturação do sistema de gestão, faça treinamentos com o produtor e funcionários, para que fiquem familiarizados com o novo sistema.

Benefícios de uma boa gestão 

Ter um bom relacionamento profissional com o produtor é o primeiro passo para fidelizar o produtor e fazer com que ele participe da gestão.

Assim, os benefícios dessa parceria irão surgir como, por exemplo, economia com insumos, minimização de perdas e melhoria das operações realizadas.

O produtor, no decorrer da consultoria, tem que ser capaz de aprender com você a verificar os problemas que irão surgindo no dia a dia e, assim, solucioná-los com maior eficiência.

“Uma boa consultoria organiza os sistemas de gestão da fazenda e ensina o produtor a manter esse sistema em funcionamento”, diz Marco Antônio Santana.

Conclusão

A participação do produtor na gestão da fazenda facilita o desenvolvimento do projeto de consultoria.

A inserção do produtor nas etapas de mudança e nas decisões, aumenta a chance de sucesso da consultoria.

Estar presente e disponível para treinamentos e reuniões no decorrer do projeto, gera mais confiança e participação do produtor no seu trabalho.

Conheça os problemas e as preocupações do produtor, saiba do que ele precisa e mostre a ele como a parceria de vocês irá gerar lucratividade!

Marco Antônio Santana é consultor agrícola em Mato Grosso e parceiro Aegro.

Restou alguma dúvida sobre como fazer com que o produtor participe da gestão da fazenda junto ao consultor?

Bioestimulante em soja: por que você deve considerar usá-lo na lavoura

Bioestimulante em soja: o que é, como funciona, quando utilizar, qual a influência na produtividade e o custo benefício da sua utilização

O uso de fertilizante, seja de fonte mineral ou orgânico, é fundamental na produção agrícola.

Com isso, os bioestimulantes em soja têm se tornado uma alternativa para melhorar as propriedades fisiológicas, nutricionais e produtivas das lavouras.

Saber como esses produtos funcionam e os benefícios que trazem para as plantas podem influenciar na produtividade de sua área.

Pensando nisso, separei algumas informações para você conhecer mais sobre os bioestimulantes em soja e se vale a pena investir nesses produtos. Confira!

Bioestimulante em soja: o que é e como funciona? 

O uso de bioestimulante é bastante empregado no Brasil em hortaliças e frutíferas. Em grandes culturas, sua utilização é mais recente.

Um bioestimulante tem a função de auxiliar diretamente na fisiologia do vegetal, estimulando seus processos, como absorção de nutrientes.

Sua utilização confere à planta maior aproveitamento de água e nutrientes pela fotossíntese, fortalecendo o mecanismo natural de autodefesa da planta e maior tolerância a estresses abióticos, como falta de chuva e altas temperaturas.

São produtos constituídos por hormônios vegetais ou sintéticos, além de aminoácidos, vitaminas, ácido ascórbico, nutrientes e concentrado de algas marinhas.

Há diversos tipos de bioestimulantes, com formulações e concentrações diferentes. Veja na tabela abaixo alguns bioestimulantes e suas composições:

Esses produtos podem conter auxinas, citocininas, giberelinas, etileno, entre outros hormônios, por isso são classificados no grupo de hormônios vegetais. 

Por terem em sua composição um ou mais hormônios e outras substâncias que conferem à planta maior divisão, elongação e diferenciação celular, estes produtos influenciam diretamente no crescimento vegetal.

Além disso, tem sido comprovado que os bioestimulantes auxiliam na capacidade antioxidante da planta, por manter o equilíbrio hormonal. Eles reduzem a interferência dos radicais livres formados por condições abióticas (déficit hídrico e calor), proporcionando mais energia no crescimento radicular e foliar.

Desse modo, o uso de bioestimulantes durante o desenvolvimento vegetal, permite a recuperação mais acelerada das plântulas em condições desfavoráveis.

Fatores que interferem na produtividade e ação dos bioestimulantes na recuperação da planta

(Fonte: Adaptado de Van Oosten et al., 2017)

Como utilizar bioestimulantes em soja?

O uso de bioestimulantes na cultura da soja tem sido amplamente estudado em diferentes estádios fenológicos, buscando melhorar a fisiologia da planta, refletindo em aumento de produtividade.

O bioestimulante pode ser utilizado via semente de soja, com o tratamento de sementes, pouco antes da semeadura.

Também pode ser aplicado via foliar, em diferentes estádios, tanto no vegetativo quanto no reprodutivo.

A quantidade de produto a ser utilizada depende de qual bioestimulante você adquirir. Na bula há indicação da dosagem ideal.

Via semente

A aplicação de bioestimulante via semente busca estimular a germinação e emergência de maneira uniforme, favorecendo principalmente o crescimento do sistema radicular.

Com maior desenvolvimento do sistema radicular, as plantas conseguem melhorar o aproveitamento de água e nutrientes no perfil do solo. Isso impulsiona o crescimento da parte aérea, podendo refletir na produção.

Além disso, plantas com sistema radicular mais profundo suportam por mais tempo condições de déficit hídrico.

Via foliar

O uso de bioestimulante em soja via foliar tem a função de continuar o desenvolvimento radicular, além de incrementar o número de vagens, número de grãos e produção por planta.

Plântulas de soja com e sem aplicação de biorregulador via semente

(Fonte: A Granja)

Influência do bioestimulante na produtividade de soja 

Pela manutenção do equilíbrio hormonal, que reflete em uma planta com balanço nutricional adequado, os bioestimulantes têm-se demonstrado favoráveis para aumento da produtividade.

Por contribuir na maior tolerância a estresses abióticos e no sistema de autodefesa, as plantas conseguem fornecer mais energia, derivada da fotossíntese para a produção de grãos.

Com isso, aumentando o número de vagens por planta, consequentemente elevando a produtividade de grãos, tanto em aplicação via sementes quanto via foliar.

Os resultados da influência dos bioestimulantes em soja, especialmente em relação a produtividade, tem sido mais expressivos em situações de estresse.

Quando há falta de chuva, temperaturas muito elevadas, alta incidência de pragas e doenças, o uso de bioestimulante tem levado benefícios à lavoura.

Já foi relatado incremento de 37% de produtividade em uma lavoura de soja com uso de bioestimulante em relação a uma em que não foi utilizado.

Mas em lavouras onde não há situações de estresse, os reflexos do uso de bioestimulante na produtividade não são consistentes.

Apesar de não levar prejuízos, em áreas onde as condições climáticas foram favoráveis, a produtividade com o uso de bioestimulante foi semelhante em comparação com áreas sem sua utilização.

planilha de produtividade da soja

Custo-benefício do uso de bioestimulante na soja

O uso de bioestimulante em algum momento durante o desenvolvimento vegetal da soja tem se tornado uma prática cada vez mais frequente.

Mesmo que sua utilização não reflita sempre no aumento de produtividade, é favorável o uso de um produto que contém elementos que equilibram o balanço hormonal da planta. Principalmente em momentos de estresse, que é uma condição ambiental que você não consegue prever com muita antecedência.

Além disso, na prática de aplicação do bioestimulante, seja via semente ou via foliar, o custo de produção não seria tão impactado, pois utilizaria o produto em operações que você já realiza.

Se você fornecer o bioestimulante nas sementes de soja, você pode realizar a aplicação no mesmo momento da inoculação.

Caso faça via foliar, você pode utilizar o bioestimulante com as pulverizações de agroquímicos para controle de pragas e doenças.

Desse modo, no custo de produção o aumento seria apenas do valor do bioestimulante.

Veja na tabela abaixo um custo de produção estimado, em uma lavoura experimental, com uso de dois bioestimulantes, comparado com a testemunha, sem uso do produto.

Estudo do aumento da produtividade de grãos de soja e viabilidade econômica com uso de dois bioestimulantes

(Fonte: Morais, 2017)

É importante considerar os benefícios para a planta que o uso desses produtos podem levar.

Mesmo, às vezes, não existindo grandes ganhos financeiros, manter uma lavoura saudável é fundamental para uma boa produção.

Conclusão

Neste artigo você viu que os bioestimulantes em soja tem ganhado espaço nas lavouras pelos benefícios que esses produtos podem levar para as plantas.

Viu que a aplicação pode ser realizada em diferentes estádios fenológicos da cultura da soja, via semente ou via foliar.

Que as respostas em relação à produtividade ainda não são constantes, mas que há benefícios para a planta durante seu desenvolvimento.

Você também verificou que o uso de bioestimulantes na soja pode ser realizado com operações que já são realizadas.

Com essas informações, espero que você faça a melhor escolha para sua lavoura!

>>Leia mais:

“Por que o uso da glicina betaína na agricultura é uma aliada da produtividade”

“Saiba como funcionam os bioativadores e quais são os tipos disponíveis no mercado”

Você já utilizou bioestimulante em soja? Ficou alguma dúvida? Deixe seu comentário abaixo!

Como montar um projeto de consultoria rural: 7 dicas que vão te ajudar

Como montar um projeto de consultoria rural: saiba o que é necessário e veja 7 dicas do que não pode faltar ao estruturar um projeto!

Ao elaborar um projeto de consultoria rural, o conhecimento sobre gestão e funcionamento da propriedade rural é fundamental.

Para que o projeto seja funcional é necessário, antes de planejá-lo, diagnosticar particularmente a fazenda para saber a fundo os principais entraves.

Neste artigo, você verá 7 dicas do consultor Emerson Rossi, que atua na gestão administrativa, financeira e contábil de empresas rurais, de como montar um projeto de consultoria rural, aprendendo a estruturá-lo para agregar valor ao seu trabalho. Confira!

O que você precisa saber antes de montar um projeto de consultoria rural

Um projeto, para que atenda às necessidades do produtor, é preciso planejamento e dedicação.

Iniciar um projeto requer conhecimento sobre quais rumos você irá seguir, quais estratégias podem ser adotadas e quais resultados esperar.

Para isso, é preciso saber o que está ocorrendo na fazenda, qual modelo de gestão será realizado no negócio e o plano de ação do projeto que será efetivado.

Algumas respostas são necessárias, portanto, para iniciar um projeto.

Segundo o consultor Emerson Rossi, antes de elaborar um projeto, é preciso saber responder às seguintes questões sobre a propriedade:

  • Qual custo de produção?
  • Como está o fluxo de caixa da propriedade?
  • Quanto se investe de insumos por safra? Há separação de gastos com os insumos por categoria, como sementes, fertilizantes e defensivos?
  • Quais os gastos da propriedade com máquinas, combustível, peças, manutenção?
  • A propriedade tem estoque? O que há no estoque?
  • Tem anotações de datas das operações com aplicação de defensivos?
  • Qual a produção por talhão e qual é a rentabilidade de cada área? Há talhões com produtividades menores? Por quê?

Estas são algumas perguntas que você, como consultor, deve saber antes de iniciar um projeto.

Além disso, deve considerar a aceitação de novas ferramentas e tecnologias que as pessoas que trabalham na fazenda terão que adotar.

Para tanto, é importante inserir aos poucos essas mudanças, explicando a importância de cada ação realizada e considerar esse tempo na metodologia do projeto.

Imagem de divulgação do webinar sobre como criar relações duradouras com o produtor rural em texto à esquerda. À direita, a imagem do palestrante

Dicas para estruturar o projeto de consultoria rural

Sabendo as estratégias que você pode adotar, alguns pontos são fundamentais para a elaboração e estruturação do projeto.

A seguir, vou mostrar 7 dicas que te ajudarão a montar um projeto de consultoria rural. 

1 – Diagnóstico

O diagnóstico é uma análise aprofundada da empresa que contrata seus serviços de consultor. 

Sem saber o diagnóstico da fazenda, a elaboração do projeto fica condenado ao erro. O intuído da assistência técnica é organizar e ensinar o produtor as ferramentas para manter a organização da fazenda e do sistema que foi implantado no programa da consultoria.

O consultor Emerson Rossi faz uma analogia sobre a importância do diagnóstico para o projeto.

Segundo ele, “elaborar um projeto sem saber como a empresa está é como receitar um defensivo sem saber a praga”.

Desse modo, os consultores devem sempre fazer o diagnóstico da empresa e, a partir desse ponto, oferecer um projeto específico para aquela propriedade.

2 – Apresentação

Outra dica é realizar uma apresentação do escritório de consultoria no início do projeto.

Nesta descrição é importante conter a experiência do(s) consultor(es) que compõem aquela empresa de consultoria.

O portfólio da empresa deve abranger informações que mostre ao produtor suas linhas de atuação, assim como as estratégias utilizadas.

“Conhecendo a empresa, o produtor é capaz de saber o que você, como consultor, consegue agregar para a fazenda”, diz Rossi.

Banner do plano produtividade para consultores agrícolas

3 – Problemática 

Ao contratar a consultoria, o produtor tem um problema a ser resolvido e, ao fazer o diagnóstico, pode-se determinar os fatores responsáveis pelo problema, verificando se há mais problemas além dos relatados pelo produtor. 

Desse modo, é necessário deixar claro no projeto os problemas que serão superados, apresentando suas causas.

É elencando os problemas que será determinado o tipo de estratégia que aquela fazenda específica precisa.

Por meio da problemática é que o consultor tomará a decisão da implantação dos processos financeiros, administrativos e operacionais.

Além de saber quais os treinamentos que serão desenvolvidos no projeto e na implementação do sistema.

Emerson Rossi explana alguns treinamentos possíveis de serem abordados em um projeto:

  • Treinamento de processos administrativos, que ensina a utilizar procedimentos para melhorar as atividades, tanto no campo como no escritório.
  • Treinamento interpessoal para os colaboradores.
  • Capacitação para implantação de uma política administrativa.
  • Treinamento geral para uso de ferramentas como o Aegro, que engloba as áreas financeira, operacional e de gestão.

4 – Objetivo

Uma dica é abordar o objetivo do projeto com clareza, destacando os principais pontos de entrave.

O objetivo é o momento de mostrar ao produtor o porquê dele te contratar, pois é nesse tópico que você será capaz de indicar o que pretende atingir.

É relevante apresentar um objetivo geral que defina qual a intenção do trabalho para a melhoria dos sistemas da fazenda, além de objetivos específicos que definem as etapas do trabalho que serão desenvolvidos para que se alcance o objetivo geral.

>> Leia mais: “Quanto cobrar? Dicas de precificação da consultoria rural

5 – Ferramentas  

Existem diversas ferramentas de gestão que auxiliam na execução do projeto.

É importante destacar quais ferramentas serão inseridas no decorrer do acompanhamento realizado, esclarecendo o funcionamento e as informações geradas.

Assim, após seu serviço como consultor, todas as pessoas que compõem a empresa poderão continuar utilizando essas ferramentas.

Para tal, é de suma importância o consultor saber utilizar o software que será implantado, conhecendo quais os indicadores e relatórios fornecidos.

Um software de gestão agrícola como o Aegro tem utilização facilitada e centraliza informações da fazenda, gerando relatórios de forma automatizada. 

O papel da consultoria é organizar e ensinar as pessoas que compõem a fazenda a utilizar e manter os sistemas implantados. Assim, é importante que o software seja didático e prático.

“A tecnologia, vem ao encontro na centralização das informações, melhorando o controle financeiro, controle operacional e oferecendo ao produtor o resultado de suas atividades”, comenta Rossi.

Pensando nisso, o Aegro disponibiliza um plano exclusivo para consultores agrícolas com as funções essenciais para registro e acompanhamento das atividades, oferecendo aos clientes a melhor experiência para tomarem decisões assertivas baseadas em seu histórico, detecção de problemas e monitoramento da lavoura.

Exemplo de visualização de dados possível com utilização do software Aegro

6 – Resultados pretendidos  

Ao montar um projeto de consultoria rural, o resultado é a parte mais esperada pelo produtor.

Deixar esse tópico de modo claro é necessário para evitar divergências durante a execução e finalização do projeto.

Na agricultura, diversos fatores influenciam nos resultados alcançados, alguns, como o clima, exercem um papel direto nos resultados e não são controlados.

Assim, é recomendável dar projeções de resultados, apresentando os cenários que o produtor poderá encontrar no final da safra.

Elucidar nesse tópico do projeto que, durante o processo de implementação dos sistemas, podem ocorrer adequações para a melhoria dos resultados.

Emerson Rossi diz que apresentar indicadores, como custo de dessecação, custo de maquinário, entre outros, é algo que ajuda o produtor a ver onde pode chegar e qual a melhor tomada de decisão.

>> Leia mais: “Consultor gera economia de R$ 20 mil em operações de máquina usando software rural

7 – Acompanhamento 

Ao final do projeto de consultoria rural, é necessário indicar como será realizado o acompanhamento das atividades.

É importante realizar visitas na fazenda, para acompanhar o dia a dia dos funcionários e auxiliá-los na implantação dos sistemas de software, por exemplo.

Nas visitas e reuniões é o momento de verificar a adaptação das pessoas integrantes da fazenda quanto às mudanças e se é necessário realizar adequações.

É hora também de indicar as programações para realizar os treinamentos, evitando épocas de alta intensidade de trabalho, como época de plantio e colheita.

Além disso, tem que constar a periodicidade dos relatórios que serão entregues aos gestores, contendo os indicadores e o acompanhamento que será realizado.

Conteúdos do projeto 

Um projeto deve ser completo, detalhado e minucioso, para que seja adotado e efetivado na propriedade.

Pela dica do consultor, o projeto deve apresentar no geral: objetivos do projeto, objetivos do negócio, requisitos do projeto, fases de implantação, restrições e cronograma.

Deve conter também requisitos que agregam valor ao seu serviço como:

  • Análise financeira: conciliações de saldos, fluxo de caixa, entre outros;
  • Análise do resultado: como fechamentos de custos, rateios por safra e talhão;
  • Relatório utilizando rentabilidade e custo realizado;
  • Indicadores contendo os custos de produção como: custo total, custo insumos, custo administrativo, custo manutenção e colheita.

>> Leia mais: “Como fazer com que o produtor participe da gestão da fazenda junto ao consultor?

consultoria Aegro

Conclusão

Antes de montar um projeto de consultoria rural, conheça a propriedade e seus entraves.

Faça um projeto detalhado, contendo todas as informações relevantes de modo didático e claro.

Mostre seus objetivos e resultados esperados, e como seu auxílio, pelos acompanhamentos realizados, é importante.

Saiba implementar ferramentas de gestão, que lhe auxiliarão tanto durante a montagem do projeto quanto na junção das informações ao longo de sua execução.

Quer profissionalizar sua empresa e melhorar seu projeto de consultoria rural? Conte com o Aegro: conheça nosso programa de consultores aqui!

7 passos para fazer o descarte de embalagens de agrotóxicos corretamente

Descarte de embalagens de agrotóxicos: entenda os perigos, as leis sobre destinação das embalagens e o passo a passo para realizar corretamente o descarte.

Utilizar defensivos agrícolas é uma prática comum nas lavouras, ajudando em diversos aspectos. Porém, o descarte das embalagens, se não for feito de modo correto, pode trazer sérios prejuízos.

Por isso, saber os procedimentos adequados que se deve adotar após o uso desses produtos é importante para evitar danos à saúde e ao seu bolso.

Venha conferir o que você deve fazer com as embalagens vazias e a importância de se fazer o descarte corretamente!

Descarte de embalagens de agrotóxicos: quais perigos de não fazer corretamente?

Ao utilizar o defensivo, você precisa fazer o descarte da embalagem vazia – e este processo deve ser feito de modo correto.

Além da decomposição das embalagens demorarem mais de 100 anos, os agrotóxicos são produtos químicos fortes que trazem risco ao meio ambiente e ao homem.

O descarte das embalagens, se feito de maneira inadequada, pode contaminar o solo e água, sendo prejudicial para as plantas aquáticas, peixes e animais terrestres.

Além disso, pode ocorrer intoxicação humana aguda ou crônica.

A intoxicação aguda ocorre alguns minutos ou algumas horas após a exposição excessiva ao produto, apresentando efeitos rápidos sobre a saúde. Essa intoxicação pode ser leve, moderada ou grave. Veja na figura abaixo o quadro clínico da intoxicação aguda.

tabela com classificação da intoxicação aguda e quadro clínico

(Fonte: Divast)

A intoxicação crônica decorre de repetidas exposições aos defensivos agrícolas, geralmente durante longos períodos.

Os quadros clínicos dessa intoxicação são indefinidos, pois normalmente a exposição foi com produtos de tipos diferentes.

A manifestação dessa intoxicação pode ocorrer em vários órgãos e sistemas, com destaque para os problemas imunológicos, hematológicos, hepáticos, neurológicos, malformações congênitas e tumores.

De quem é a responsabilidade na devolução das embalagens?

A lei que aborda o destino dos resíduos e embalagens é a Lei nº 7.802, de 11 de julho de 1989, com alterações realizadas pela Lei nº 9.974, de 6 de junho de 2000.

Pela Lei federal nº 9.974/00 a responsabilidade do descarte de embalagens de agrotóxicos é de todos que fazem parte da cadeia de produção e utilização.

Ou seja, das empresas de fabricação, dos lojas de venda, revenda, postos de recebimento  e também de você produtor. Formando assim o ciclo produção-venda-uso-retorno, caracterizando a logística reversa.

No Brasil, o programa de logística reversa é denominado Sistema Campo Limpo, gerenciado pelo Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (inpEV).

Esse programa tem objetivo de promover a destinação correta das embalagens vazias dos produtos agrícolas por meio da integração dos diferentes elos desse ciclo.

infográfico do sistema campo limpo - descarte de embalagens de agrotóxicos

Funcionamento do Sistema Campo Limpo
(Fonte: inpEV)

Na figura abaixo estão as responsabilidades de cada integrante do ciclo da logística reversa:

tabela com responsabilidades de cada integrante do ciclo da logística reversa - agricultores, canais de distribuição e cooperativas, indústria fabricante, poder público.

(Fonte: adaptado inpEV)

Pela legislação, as embalagens vazias precisam ser devolvidas em até um ano. Ignorar essa medida pode ocasionar pena de reclusão de dois a quatro anos, além de multa.

O valor da multa tem sido definido pela Justiça, podendo variar de R$ 500 a R$ 2 milhões.

Além disso, cada Estado tem suas penalidades.

Em alguns casos, como no Paraná, o descarte de embalagens de agrotóxicos de maneira inadequada como embalagens mal lavadas, geram multas ao produtor.

Passo a passo para descarte correto das embalagens de agrotóxicos

Sabendo das suas responsabilidades e dos perigos do descarte inadequado das embalagens de agrotóxicos vazias, veja os passos para fazer o descarte correto.

1º passo: fazer a limpeza por tipo de embalagem

Existem dois tipos de embalagens, as laváveis e não laváveis. Para cada tipo, a limpeza é realizada de maneira diferente. 

Laváveis

Consiste em embalagens rígidas que contém produto líquido para ser diluído em água. Podem ser plásticas ou metálicas. 

Para limpeza dessas embalagens pode ser feita a tríplice lavagem ou a lavagem sob pressão.

Veja nas figuras abaixo como realizar a limpeza desse tipo de embalagem.

limpeza em embalagens laváveis - tríplice lavagem
limpeza em embalagens laváveis - lavagem sob pressão

(Fonte: inpEV)

Não laváveis

São embalagens de produtos que não utilizam água como veículo de pulverização. Essas podem ser divididas em: flexíveis, rígidas não laváveis e secundárias.

Flexíveis: sacos ou saquinhos plásticos, de papel, metalizadas, mistas ou de outro material flexível.

Rígidas não laváveis: embalagens de produtos para tratamento de sementes, Ultra Baixo Volume – UBV e formulações oleosas.

Secundárias: embalagens rígidas ou flexíveis que acondicionam embalagens primárias, não entram em contato direto com as formulações de agrotóxicos, como: caixas de papelão, cartuchos de cartolina, fibrolatas e embalagens termomoldáveis.

Deve se utilizar todo conteúdo possível das embalagens não laváveis antes de armazenar.

2º passo: cortar ou perfurar as embalagens 

Após lavar as embalagens rígidas, elas têm de ser cortadas ou furadas para poder inutilizar o recipiente.

Atenção: as embalagens rígidas não laváveis não podem ser cortadas ou perfuradas.

foto mostrando modo correto de cortar o fundo das embalagens - Descarte de embalagens de agrotóxicos

Modo correto de cortar o fundo das embalagens
(Fonte: Assocampos)

3º passo: como armazenar

Os dois tipos de embalagens, após o uso e limpeza, devem ser colocadas nas embalagens secundárias ou em embalagens de resgate, que devem ser adquiridas com o revendedor.

Se a embalagem vazia possuir tampa, devem ser tampadas antes de armazenar.

ilustração mostrando Armazenamento adequado para descarte de embalagens de agrotóxicos

Armazenamento adequado para descarte de embalagens de agrotóxicos
(Fonte: Coperama)

4º passo: onde armazenar

O armazenamento das embalagens secundárias ou embalagens de resgate deve ser feito em local ventilado, fechado e de acesso restrito – ou no próprio depósito das embalagens cheias.

>> Leia mais: “Armazenagem de defensivos agrícolas: como fazer e o que é preciso saber

5º passo: destinação dos recipientes, onde levar

O descarte das embalagens de agrotóxicos limpas e prontas para devolução deve ser feito em postos de recebimento indicados pelo revendedor no corpo da nota fiscal.

Se não estiver descrito na nota fiscal, entre em contato com seu revendedor. O prazo para você levar as embalagens no posto de recebimento é de até um ano após a compra.

Em todos os passos, é importante estar sempre com uso de EPIs (Equipamento de Proteção Individual).

6º passo: agendamento

Para devolução nos postos de recebimento de embalagens vazias, é necessário entrar em contato com o local para agendar o dia de devolução.

Caso não tenha o número do local, seu revendedor deverá te fornecer.

O inpEV tem um Sistema de Agendamento, verifique se na região tem um local próximo para receber as embalagens. 

 7º passo: guardar o comprovante

Com a devolução das embalagens vazias nos postos ou centrais de recebimento, você receberá um comprovante de que destinou corretamente suas embalagens

Guarde esse comprovante junto à nota fiscal para ser apresentado quando a fiscalização for à propriedade evitando multas.

>> Leia mais: “Como fazer o controle de estoque de defensivos agrícolas em 5 passos

Planilha de custos com insumos Aegro

Qual papel da central de recebimento das embalagens vazias?

Após fazer sua parte no descarte das embalagens de agrotóxicos corretamente, é a vez dos postos de recebimento de embalagens.

Esses postos têm o papel de recolher as embalagens, verificar se estão limpas e separadas por tipo.

Em seguida, são encaminhadas para as centrais de recebimento de embalagens. Lá, são compactadas e há a emissão de uma ordem de coleta para o inpEV, que providencia o transporte para reciclagem ou incineração, completando o Sistema Campo Limpo da logística reversa.

Conclusão

Neste artigo você leu sobre a importância do descarte correto de embalagens de agrotóxicos. Os problemas que causam diretamente ou indiretamente ao homem.

Viu o passo a passo para se fazer o descarte das embalagens vazias, para cada tipo de embalagem.

Além disso, descobriu que muitos produtos podem ser feitos pela reciclagem das embalagens de agrotóxicos.  

Por isso, faça sua parte, faça a destinação adequada de suas embalagens, ajudando sua saúde, o meio ambiente e evitando multas.

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Você encontra dificuldades para descartar corretamente suas embalagens? Ficou alguma dúvida? Deixe seu comentário abaixo!

10 principais erros na consultoria rural e o que fazer para resolver

Consultoria rural: descubra as principais falhas cometidas e as dicas de uma especialista sobre o que fazer para contorná-las!

O início de qualquer nova atividade é desafiador. Conhecer os erros que podem acontecer te auxilia a evitá-los ou superá-los.

Com a consultoria rural não é diferente. Na verdade, é mais desafiador, pois além de gerir pessoas e negócios, você ainda tem que ficar atento ao clima, que pode mudar todo o planejamento.

Você verá nesse texto 10 erros cometidos durante a consultoria rural e as dicas de como contorná-los com a consultora Margareth Senne que tem experiência em comércio exterior e consultoria industrial e rural por mais de 20 anos. 

Boa leitura!

O que é prestar serviço de consultoria rural

Ser consultor é uma atividade profissional de ação ou efeito de dar consultas na sua área de especialidade.

Na consultoria rural você deve ser capaz diagnosticar o problema, traçar um planejamento e solucionar, buscando sempre melhorar o sistema de gestão e gerar mais rentabilidade para o produtor.

A consultoria rural é, portanto, um desafio a cada novo serviço e saber os erros que você pode estar cometendo te auxilia a melhorar sua atuação e conquistar o mercado.

Segundo a consultora Margareth Senne, erros são comuns de acontecer, o que você precisa é corrigi-los rapidamente

Veja 10 erros que podem ser cometidos durante a consultoria rural

1- Falta de foco no seu objetivo

Começar ou desenvolver uma atividade sem ter um objetivo é ruim, pois você não consegue traçar metas e objetivos. Isso dificulta a superação de obstáculos e a persistência no seu negócio.

A dica da consultora Margareth Senne é:

“Se prepare muito se realmente é isso que você deseja! Tenha seu objetivo sempre em mente, tenha foco e saiba que você levará vários ‘nãos’, mas não desista. Entenda a diferença entre as pessoas que desistem e as que não desistem facilmente. Saiba diferenciar entre desistir e persistir em algo que não te brilhe os olhos.”

2- Falta de conhecimento sobre o negócio

O agronegócio é amplo e não conhecer seus caminhos e sua estruturação é um erro!

Há muitas variáveis a serem consideradas na fazenda como máquinas, culturas diferentes, pragas, doenças, preços de compra e venda, valor do dólar, condições climáticas, entre outros.

Não conhecer onde irá atuar, qual problema você irá resolver e como irá resolver, gera falhas na sua atuação.

A dica da especialista aqui é buscar saber como estruturar um negócio. “Entenda dos processos, utilize uma metodologia e saiba implementar as ferramentas corretamente, principalmente as de automação que irão lhe auxiliar”, recomenda Margareth.

3- Falta de atualização profissional 

Achar que já sabe tudo de determinado assunto, é um grande erro. Mesmo que você seja especialista em um determinado assunto, sempre há algo de novo para aprender. 

Acreditar que você sabe tudo te limita a explorar e expandir seu mercado de atuação – que exige estudo, dedicação e meta. 

“Leia livros que farão você ser melhor gestor, entenda de pessoas, estude análise de processos, seja curioso para pesquisar diversas ferramentas de produtividade e gestão”, aconselha Margareth. “Estude sobre empresas e gestão de sucesso, estude sobre empresas que faliram e erraram. Você vai se surpreender e entender os erros cometidos.”

4- Falta de flexibilidade na gestão de pessoas

Na fazenda há dois tipos de personas, cada uma com uma perspicácia diferente. Alguns mais teóricos e outros mais práticos – e lidar do mesmo modo com ambos, é um erro!

Definir planos e estratégias com o gerente é diferente de realizar essa tarefa com os trabalhadores do campo. Os problemas que enfrentam no dia a dia são distintos.

A dica da consultora Margareth Senne é:

“Entenda os principais problemas das personas dentro da fazenda, tenha versatilidade ao conversar com cada persona, haja de forma coerente nos ambientes distintos, ou seja, saiba se comunicar tanto no ambiente de escritório quanto no ambiente de lavoura, pois juntos formam a empresa e você precisa integrar esses ambientes.”

5- Não diagnosticar corretamente o problema  

Conversar com o produtor e saber o que ele precisa e voltar para seu escritório para desenvolver o planejamento é um erro!

Você tem que conhecer e verificar onde estão as limitações da fazenda. Às vezes, o que o produtor pede para você não é a principal fonte da limitação.

Não rastrear o foco do problema dificulta sua resolução.

“Saiba os problemas do produtor, porque ele te contratou, mas você deve entender o que a empresa/fazenda precisa. Mostre ao produtor o que vai acontecer se ele não encontrar uma solução para o principal problema dele”, afirma a especialista.

6- Não incluir o produtor e trabalhadores no processo 

É preciso planejar e traçar as ações que serão realizadas considerando todos que fazem parte do processo.

Conversar apenas com o produtor, sem ouvir os funcionários de campo ou de escritório, e não incluí-los no desenvolvimento do seu planejamento faz com que as ações não sejam efetivas.

“Converse com todos que participam do processo, explique suas ações e ensine o que deve ser realizado. Entregue relatórios semanais ou quinzenais, mostrando seu trabalho diário na empresa/fazenda, e com a equipe de campo, se possível, faça reuniões diárias, para saber quais problemas estão enfrentando naquele dia”, diz Margareth.

7- Querer resolver demandas de vários sistemas diferentes 

Querer, inicialmente, resolver sozinho os problemas de vários processos diferentes pode ser um erro.

Na fazenda o produtor pode ter problemas:

  • na lavoura, sendo mais de uma cultura durante o ano, as quais demandam produtos diferentes e conhecimento específico como o tipo de solo, entre outros. 
  • no escritório, com anotações de custos, gestão de pessoas, entrada e saída de mercadorias e produtos no estoque, entre outros.
  • No galpão, com quebra de máquinas e implementos, que entravam a produção, entre outros.

Muitas vezes esses problemas são interligados e requerem experiência para poder resolvê-los em conjunto, principalmente em grandes propriedades.

Mas você não precisa resolver todos os problemas logo no começo! “Vá devagar, foque em um nicho para se especializar e conseguir ganhar confiança do mercado. Comece com áreas pequenas, com poucas pessoas trabalhando, assim vai ganhando experiência e confiança”, diz Margareth.

“Faça parcerias com consultores que tenham habilidades diferentes das suas e que buscam o mesmo objetivo. Tenha um mentor para ajudar você a se desenvolver, que possua experiência e possa entregar conhecimentos que não existem na internet e nem são ensinados na faculdade”, reforça a especialista.

8- Não automatizar os processos de gestão 

O mundo está cada vez mais tecnológico e ao ignorar ferramentas que auxiliam o desenvolvimento do seu trabalho, além de demandar mais tempo do seu dia, te deixa limitado.

A dica da consultora Margareth Senne é:

“A tecnologia de informação está trazendo sempre inovação e guiando a gestão. As ferramentas conseguem trazer uma visão mais clara de determinados sistemas como um todo, te auxiliando a passar as transformações para cada setor. Algumas ferramentas que me auxiliam são as da Aegro, por exemplo, para verificar custos e produtividade e de cada talhão da fazenda.”

Exemplo da visualização de custos da fazenda possível com uso do Aegro

9- Não apresentar com clareza os resultados 

Entregar um relatório padrão, com várias folhas e somente parte escrita, é um erro.

Não utilizar gráficos, imagens e até mesmo vídeos com a parte escrita minimiza a compreensão do seu alvo, seja produtor, gestor da fazenda, funcionários de campo ou de escritório.

Use ferramentas distintas para mostrar as transformações que estão ocorrendo. Algumas pessoas são mais visuais, outras mais auditivas, então, utilize vídeos, gráficos ou elementos que as pessoas entendam com maior facilidade como deve ser feita determinada atividade, e tenha horário de início e fim das reuniões”, afirma Margareth.

10- Não saber vender seu trabalho 

Não basta ser um bom consultor: é preciso saber vender seu trabalho!

Não adianta ter conhecimento de estruturação do negócio, saber os processos que é capaz de atuar e ter uma metodologia sólida, se você não souber mostrar isso para os produtores e mercado de trabalho.

A dica da consultora Margareth Senne é:

“Saiba vender seu trabalho, mostrando a importância de resolver determinado problema e as ferramentas que você utilizará para ajudar na resolução. Não acredite que vendas e marketing são áreas distintas, hoje são habilidades que o consultor tem que desenvolver para mostrar seu trabalho para o mercado.”

Dica bônus: sempre aperfeiçoe sua consultoria rural 

Ser consultor rural é um desafio, pois no campo há pessoas de diferentes níveis de conhecimento, existem diversos sistemas de produção e vários modos de realizá-los.

Toda consultoria bem-sucedida precisa ter três elementos: gestão de pessoas, processos e ferramentas de gestão e automação, como a desenvolvida pela Aegro”, diz Margareth.

Desenvolva sempre esses três elementos durante sua vida profissional, pois desafios sempre irão surgir e estar preparado para enfrentá-los e resolvê-los é o diferencial! 

planilha para gestão de clientes

Conclusão

Tenha sempre seus objetivos em mente, planeje bem seu negócio e tenha uma metodologia de trabalho.

Sempre busque conhecimento, aprimore o que você sabe e vá em busca do desconhecido.

Aprenda a lidar com pessoas diferentes e ser dinâmico na resolução e apresentação dos problemas.

Use ferramentas que auxiliam seu trabalho, e ensine o produtor a usá-las também para que ele mantenha o controle e gestão da fazenda.

A consultora Margareth Senne tem mais de 20 anos de experiência como gestora de empresas, consultoria e assessoria, atuando na estruturação e gestão na área de agronegócio e indústrias de bens e serviços, além de ser mentora de negócios. Instagram: @margareth.senne; LinkedIn: Margareth Senne.

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Saiba as consequências das queimadas no solo e os impactos para a agricultura

Consequências das queimadas no solo: os impactos do fogo no meio ambiente, o que diz a legislação, como evitar e o que deve ser feito após as queimadas.

Épocas com tempo seco e ventos são propícias para ocorrência das queimadas.

Elas podem ser prejudiciais tanto para o meio ambiente (solo, água e ar), quanto para sua lavoura, podendo ocasionar multa de até R$ 50 milhões.

Saber dos problemas que as queimadas podem ocasionar para o meio ambiente e sua área é fundamental para conscientização da adoção dessa prática. 

Pensando nisso, separei algumas informações importantes sobre o impacto das queimadas. Confira!

Consequências das queimadas no solo: ocorrência 

As queimadas no meio ambiente podem ocorrer em decorrência de causas naturais ou pela ação humana.

Por causas naturais, geralmente ocorrem em regiões do Cerrado, em que o fogo favorece algumas espécies de plantas e suas sementes só germinam devido ao calor produzido.

Nesses casos, a recuperação desse bioma é rápida, atraindo diversos animais em busca da rebrota das plantas. 

Entretanto, atualmente a maioria das queimadas se deve à ação do homem que, por acidente ou não, ocasiona sérios prejuízos ao meio ambiente.

Geralmente as queimadas são realizadas em áreas agrícolas, de pecuária e silvicultura. 

Muitas vezes são realizadas por produtores, sem acompanhamento técnico, por acreditarem que essa queimada aumentaria a fertilidade do solo, assim como para limpeza de pastos e eliminação de restos vegetais.

As queimadas, na maioria das vezes, ocorrem em grandes áreas e sem um sistema de  controle de fogo, em diversas épocas do ano. E, o principal, sem licença concedida pelo órgão responsável.

Legislação sobre queimadas

A Lei n.º 12.651, de 25 de maio de 2012, sobre a proteção da vegetação nativa e Lei n.º 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, sobre as penalidades, são algumas leis brasileiras que falam sobre a utilização de fogo em áreas rurais.

Segundo a Legislação, o uso de fogo é proibido, exceto em três situações:

  • em locais ou regiões que justifiquem o uso do fogo em práticas agropastoris ou florestais, desde que com autorização do órgão ambiental
  • em unidades de conservação para conservar a vegetação nativa (quando as características dela se associarem evolutivamente à ocorrência de fogo);
  • atividade de pesquisa científica.

Para solicitar a autorização é necessário apresentar um estudo detalhado da atividade rural, que deve conter o planejamento específico sobre o emprego do fogo e o controle dos incêndios.

Além disso, algumas regras devem ser seguidas como: respeitar as metragens em relação às linhas de transmissão elétrica, distância dos aceiros e unidades de conservação.

Os procedimentos, regras de execução e medidas de precaução a serem obedecidas quanto ao uso do fogo em práticas agrícolas, pastoris e florestais, também sofrem alterações conforme a legislação de cada Estado.

Então, é importante você saber quais leis regulamentam o uso de queimadas no seu estado, evitando possíveis problemas. 

De acordo com a legislação brasileira, a multa para quem realiza queimas sem licença vai de R$ 1.000 por hectare até R$ 50 milhões.

ilustração de queima controlada com realização de aceiros em volta da área

Queimada controlada com realização de aceiros em volta da área
(Fonte: Defesa do Meio Ambiente)

Os impactos da ocorrência das queimadas no solo 

As queimadas são prejudiciais não apenas para o local em que ocorrem: seus danos podem chegar a quilômetros.

Dependendo do tamanho da área atingida pelo fogo não controlado, a fumaça e calor podem afetar a composição atmosférica, chegando a grandes centros.  

Além disso, as queimadas são uma fonte global de gases do “efeito estufa” como dióxido de carbono, metano e óxido nitroso, e emissões de monóxido de carbono e dióxido de nitrogênio.

A fumaça proveniente das queimadas afetam o homem, ocorrendo e agravando problemas respiratórios como rinite, asma e bronquite, principalmente em idosos e crianças.

A ocorrência das queimadas traz consequências também para o solo

Apesar de alguns agricultores utilizarem queimadas por acreditarem na melhoraria da fertilidade do solo, como citei acima, isso não traz benefícios a longo prazo.

A passagem do fogo sobre o solo acarreta danos químicos, físicos e biológicos.

Impactos nos atributos químicos do solo 

A queimada do material seco sobre o solo influencia a fertilidade do solo pela presença das cinzas, que são compostas dos nutrientes mineralizados da parte vegetal queimada.

As cinzas, por serem ricas em nutrientes como cálcio, fósforo, magnésio, nitrogênio, entre outros, dão a impressão de aumentar a fertilidade do solo. Entretanto, esse aumento é por pouco tempo

Com a chegada das chuvas, as cinzas são lixiviadas, ocorrendo diminuição dos nutrientes na camadas superiores do solo.

Além disso, com lixiviação dos nutrientes, principalmente compostos nitrogenados e o potássio, a qualidade da água superficial e subterrânea é afetada.

Impactos nos atributos físicos do solo

Com a retirada do material vegetal, seja palhada ou matéria verde, o solo fica desprotegido, sofrendo mais com a ação do sol e chuva.

Em solos desprotegidos, a ocorrência de chuvas fortes ou com alta frequência, favorece o processo de erosão, que leva a camada superficial do solo e seus nutrientes com a água das chuvas.

Com o calor ocasionado pelo fogo, ocorre perda de água pela evaporação na camada superficial do solo. Desse modo, pode ocorrer uma camada compactada.

Propriedades físicas do solo como macroporos, tamanho de agregados e taxa de infiltração, são afetados com o calor do fogo.

Após a queimada, ocorrem ainda mudanças nestas propriedades, podendo levar ao aumento da densidade do solo na camada superficial.

O aumento da densidade dificulta a infiltração da água e penetração das raízes, afetando a umidade e a vida dos microrganismos do solo.

Impactos nos atributos biológicos do solo 

Com a redução do ar e água presentes no solo, os organismos do solos são diretamente afetados.

Os microrganismos são importantes na decomposição da matéria orgânica e ciclagem de nutrientes, além de aumentarem a porosidade, aeração, infiltração e drenagem do solo, devido à movimentação desses organismos no perfil do solo.

E, como consequências das queimadas no solo, a macrofauna e microfauna do solos são reduzidas, principalmente nas camadas superficiais.

Como recuperar áreas afetadas pelo fogo?

Em áreas de florestas, escolher espécies nativas de fácil propagação e de crescimento rápido para cobrir o solo e fornecer matéria orgânica ao ambiente pode ser uma ótima alternativa para recuperar áreas.

Já em áreas agrícolas, após a queimada, é recomendável realizar o preparo do solo, a fim de romper a camada compactada formada, aumentando a aeração do solo e infiltração da água.

Realizar uma adubação verde e rotação de culturas, também podem auxiliar na recuperação de sua lavoura. Deixar a palhada sobre o solo tem a finalidade de melhorar seus atributos físicos, químicos e biológicos.

Fazer análise do solo para saber os níveis de nutrientes, realizar calagem e usar adequadamente fertilizantes também é muito importante!

Mas fique atento! Para fazer análise do solo, espere as chuvas após a ocorrência da queimada, pois as cinzas interferem nos resultados

foto mostrando solo em recuperação pós-queimada

Recuperação de áreas com solo degradado
(Fonte: Ciclo Vivo)

O que pode ser feito para evitar as queimadas? 

Com a falta de chuvas e o clima seco, a ocorrência de queimadas, naturais ou não, são elevadas. Então, é necessário ficar atento e tomar medidas de precaução:

  • não jogue cigarros nas áreas;
  • não queime lixo, folhagens, galhadas e entulhos;
  • fique atento ao surgimento de queimada em sua área ou na vizinhança;
  • esteja preparado para situações como essa – informe-se e solicite em locais como o sindicato rural um treinamento para combate à incêndio.

Caso veja um incêndio, entre em contato imediato com o Corpo de Bombeiros pelo número 193 ou Defesa Civil no número 199.

É recomendável que você não realize queimadas em suas áreas. Opte por outros manejos, assim você não prejudica seu solo e o meio ambiente.

foto de aceiros entre áreas para evitar propagação do fogo

Aceiros entre áreas para evitar propagação do fogo
(Fonte: Compre Rural)

Conclusão

Neste artigo você viu as consequências das queimadas no solo, afetando os atributos físico, químicos e biológicos.

Viu que as queimadas sem autorização são ilegais e que cada Estado possui procedimentos para realização de queimadas autorizadas.

Você também pôde conferir sobre o que deve ser feito para evitar queimadas em sua área e o que fazer caso ocorra. 

Você conhecia as consequências das queimadas no solo? Sabe quais as leis do seu Estado a respeito de queimadas? Ficou alguma dúvida? Deixe seu comentário abaixo!

Tudo o que você precisa saber sobre qualidade de sementes

Qualidade de sementes: atributos, importância, como verificar a qualidade e outras dicas de manejo!

Observar uma lavoura bem estabelecida, uniforme e sem falhas é gratificante! O principal fator que determina o sucesso da lavoura é o uso de sementes com alta qualidade.

A semente é um insumo que carrega consigo toda pesquisa e desenvolvimento do melhoramento genético. Sem ela, não se tem lavoura!

Mas o que é considerado semente alta qualidade? Que parâmetros ou atributos são necessários para determinar a qualidade? Como saber a qualidade da minha semente? Confira a seguir!

Produção de sementes com alta qualidade

A produção de sementes é uma atividade bastante criteriosa. A Lei n° 10.711, de 05/08/2003, é a que regulamenta o setor e que dispõe sobre o Sistema Nacional de Sementes e Mudas.

Para produção de sementes de alta qualidade é necessário realizar vistorias em diversos momentos da produção, colheita, beneficiamento e comercialização.

Algumas práticas importantes para a produção de sementes são:

  •  Roguing: consiste na vistoria cuidadosa do campo de produção, com o objetivo de remover as plantas indesejáveis para preservar a pureza genética, varietal e sanitária
  •  Momento de colheita: tem que ser o mais próximo do ponto de maturação das sementes, pois possuem a máxima germinação e vigor. Realizar assim que possível. 

Após a colheita, uma amostra do lote de sementes passa por testes em laboratórios credenciados pelo MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), nos quais tem que atingir padrões mínimos.

Veja os valores mínimos de qualidade exigidos pelo Ministério da Agricultura para culturas como soja, milho, arroz e feijão.

tabela com padrões mínimos para a produção e a comercialização de sementes

Padrões mínimos para a produção e a comercialização de sementes 
(Fonte: adaptado de Mapa)

Sementes produzidas dentro das normativas possuem uma garantia de alta qualidade, apresentando desempenho superior se comparado às sementes de baixa qualidade.

Por isso, opte por sementes certificadas para que tenha garantia do material genético que está levando para seu campo! 

Atributos da qualidade de sementes

A qualidade das sementes é um conjunto de atributos que determinam o desempenho em campo. São atributos genéticos, físicos, sanitários e fisiológicos.

Qualidade genética

Esse atributo diz respeito à pureza varietal, homogeneidade, potencial de rendimento, resistência a doenças e insetos, porte, entre outros.

Lotes com sementes de alta qualidade irão originar plantas com porte, ciclo e potencial produtivos iguais. Terão a mesma resistência a doenças, pragas e herbicidas. 

Essas características são intrínsecas à genética das sementes, a qual confere uma lavoura com plantas homogêneas.

Qualidade física

Considera-se nesse atributo a pureza física, teor de água, tamanho, danos mecânicos e causados por insetos.

A pureza física é constituída de três componentes: sementes puras, outras sementes e material inerte (torrões, pedras, restos de plantas, insetos).

O dano mecânico nas sementes é um fator agravante na qualidade, podendo ser classificados como de efeito imediato ou latente.

Imediato é visível a olho nu e identificado logo após a semente ter sido danificada. O latente não é aparente, sendo mais acentuado do que o imediato.

A redução do vigor em sementes com dano latente ocorre durante o armazenamento, havendo redução do vigor da semente danificada.

Semente de milho com dano mecânico resultando em semente morta

Semente de milho com dano mecânico resultando em semente morta
(Fonte: Cicero e Banzatto-Junior)

Qualidade sanitária

Refere-se à presença de patógenos, como fungos, vírus, nematoides e bactérias presentes nas sementes ou no lote.

A presença de patógenos junto a sementes é um dos principais métodos de entrada e disseminação de doenças em novas áreas. Além disso, afeta a viabilidade e o vigor de sementes e tem impacto direto na produtividade.

foto de um laboratório - Avaliação da sanidade em sementes de arroz

Avaliação da sanidade em sementes de arroz
(Fonte: Agronatura)

Qualidade fisiológica

Os atributos fisiológicos estão ligados às características metabólicas da semente.

Dentro dessas características os destaques são: germinação e vigor, que, se altos, provocam melhor desempenho das plantas em campo, como maior velocidade de germinação e emergência de plântulas, uniformidade da lavoura, entre outros.

A germinação expressa a capacidade da semente de formar uma plântula normal em condições normais.

O vigor expressa a capacidade das sementes gerarem plantas de alto desempenho, em condições desfavoráveis.

Use sementes de alto vigor, pois apresentam desempenho superior quando comparadas às sementes de baixo vigor.

Foto com estabelecimento de plantas provenientes de sementes com vigor diferente

Estabelecimento de plantas provenientes de sementes com vigor diferente
(Fonte: Embrapa Soja)

Como saber a qualidade de sua semente

Ao adquirir suas sementes, verifique o boletim de análises de sementes, atestado de origem genética, certificado de sementes ou termo de conformidade das sementes. Esses documentos apresentam os resultados oficiais de análises de sementes.

Fique atento principalmente para informações de germinação (%), pureza (%), material inerte (%), outras sementes (%).

Observe também a etiqueta presente na embalagem de suas sementes!

Dados e garantias do lote de sementes em etiqueta

Dados e garantias do lote de sementes em etiqueta 
(Fonte: Abrasem)

Caso você compre suas sementes antecipadamente, é necessário armazenar em local adequado para manter a sanidade e o vigor.

É importante lembrar que é permitido ao produtor salvar a própria semente, desde que para uso exclusivo na próxima safra.

Para tal atividade, é preciso seguir os critérios presentes na legislação para que sua produção fique dentro da lei!

4 passos para verificar a qualidade das sementes

Para verificar a qualidade das sementes que irão formar sua lavoura veja alguns passos:

1º passo: amostragem do lote

A amostra deve ser representativa do lote. Desse modo, é necessário coletar amostras do lote para serem enviadas ao Laboratório de Análise de Sementes. 

Nas regras para análises de sementes estão descritos os procedimentos em relação à quantidade amostrada, representatividade e maneira de se realizar a amostragem.

Veja no quadro abaixo a quantidade de amostras simples por tamanho do lote.

tabela com regras para análises de sementes - qualidade de sementes

(Fonte: Regras para Análises de Sementes)

2º passo: escolha da embalagem após amostragem

As sementes devem ser colocadas em caixas de papelão ou sacos de papel reforçado e encaminhadas para laboratório de confiança.

Na embalagem deve conter informações como: 

  • nome do produtor; 
  • espécie; 
  • variedade; 
  • peso da amostra encaminhada; 
  • avaliações a serem realizadas.

3º passo: testes

Os testes básicos a serem realizados são de germinação, pureza, grau de umidade, verificação de outras sementes e cultivares.

É possível solicitar testes de vigor como, por exemplo: 

  • envelhecimento acelerado: realizado em sementes de soja, milho e trigo;
  • teste a frio: realizado em arroz, milho e trigo;
  • teste de tetrazólio: soja, milho, trigo, arroz e feijão.

Teste de germinação (direita) e teste de tetrazólio (esquerda) 
(Fonte: ADV Semente)

4º passo: faça um canteiro teste

Antes de realizar a semeadura, retire uma amostra de sementes dos seus lotes e semeie em canteiros em sua propriedade.

Para fazer os canteiros utilize terra coletada da área de sua lavoura, na camada superficial de 0-20 cm de profundidade. 

Faça uma camada de 10 cm a 15 cm de terra nos canteiros e abra os sulcos com 3 cm de profundidade onde serão colocadas as sementes para o teste.

Manejo das sementes de alta qualidade 

Como visto, a qualidade da semente influencia no desempenho de sua lavoura, seja através do atributo fisiológico como germinação e vigor, sanitário, genético ou físico.

É evidente que o investimento em sementes com boa qualidade é recompensado. 

Mas somente a utilização de sementes de alta qualidade não é suficiente para garantir o sucesso de sua lavoura.

Realizar o manejo adequado de pragas e doenças, controle de plantas daninhas, preparo do solo, adubação, garantem que sua semente expresse seu potencial produtivo.

Fazer um bom planejamento é fundamental!

Para isso:

checklist planejamento agrícola Aegro

Conclusão

A qualidade da semente é fundamental para uma boa produção.

Neste artigo, vimos a importância de sementes de alta qualidade para alcançar altas produtividades.

Você pôde conferir ainda como verificar a qualidade de suas sementes e como um bom planejamento do manejo é importante.

Espero que, com essas informações, você consiga realizar uma ótima safra!

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“Como o tratamento de plasma em sementes pode impulsionar a germinação”

“Tudo o que você precisa saber sobre dormência em sementes”

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Como você escolhe suas sementes hoje? Restou alguma dúvida sobre o uso de sementes de alta qualidade? Deixe seu comentário abaixo!

Semeadura no pó: quando vale a pena arriscar?

Semeadura no pó: riscos, recomendações, qual a importância da água nesse momento e mais!

A escolha do momento da semeadura é fundamental para o sucesso da lavoura.

Apesar disso, entra safra e sai safra e a dúvida é: espero a chuva ou semeio no pó?

Semear no pó é uma decisão arriscada, que pode comprometer o estabelecimento de seu estande, uma vez que a presença de água no solo é essencial para a germinação.

Pensando nisso, separei algumas informações sobre a semeadura no pó e como manejar essa situação no dia a dia no campo. Confira a seguir!

Semeadura no pó: momento de semear

Iniciar a semeadura logo após o fim do vazio sanitário é ideal para se ter uma janela de plantio para realizar a safrinha na mesma área.

Além disso, semear assim que possível auxilia no escalonamento do plantio em grandes áreas.

Contudo, acabou o vazio sanitário, estamos há vários dias sem chuva e o solo continua seco. Nesse momento vem a dúvida: esperar ou não as chuvas para iniciar o plantio?

As sementes são seres vivos, assim, a água é fundamental para realização de diversos processos.

A água tem de estar presente desde a germinação até o enchimento de grãos, sendo o principal fator limitante da produção.

Então, o momento ideal de semear é quando a umidade do solo for o suficiente para que as sementes absorvam a quantidade de água suficiente para poderem germinar e emergir.

Quantidade de água necessária para germinação e emergência

As sementes adquiridas para o plantio apresentam teor de água de 10% a 13%. Contudo, esses valores são adequados para armazenamento e não para a plantio.

Para início e continuidade do processo de germinação, o teor de água das sementes deve aumentar.

Veja abaixo o teor de água que as sementes de milho (albuminosas) e de soja ou feijão (exalbuminosas) precisam ter durante a germinação para emissão da radícula:

gráfico com teor de água que as sementes de milho (albuminosas) e de soja ou feijão (exalbuminosas) precisam ter durante a germinação para emissão da radícula

(Fonte: Esalq/USP)

Para que as sementes absorvam essa quantidade de água, o solo deve ter uma umidade de 50% a 85% de água disponível.

Desse modo, a quantidade de água presente no solo é suficiente para garantir que ocorra germinação e emergência das sementes.

Então, é importante conhecer a capacidade de retenção de água do solo que você irá semear, pois essa quantidade de água varia de acordo com o tipo de solo, compactação, sistema de produção, entre outros.

O que acontece se realizar a semeadura no pó?

Ao semear em solo seco, é como se você estivesse armazenando as sementes em condições de pouca umidade, alta temperatura e presença de microrganismos.

Se as sementes permanecerem nessa combinação de fatores durante um período superior a 15 dias, a germinação é drasticamente afetada.

O calor e falta de água faz com que as sementes respirem mais e se desenvolvam lentamente, ficando mais expostas ao ataque de pragas e microrganismos do solo.

A porcentagem, velocidade e uniformidade de germinação é afetada, podendo ocorrer perdas de 50% da produção.

Além disso, na cultura da soja ocorre perda da eficiência da inoculação, reduzindo a quantidade de bactérias viáveis.

Na prática, semeando no pó você pode perder a sua inoculação.

Outro fator bastante importante é a quantidade de chuva após dias de estiagem.

Se acaso você semear e ocorrer uma chuva de poucos milímetros, as sementes podem absorver água, entretanto, não será o suficiente para completar a germinação e emergir. Assim, ocorre morte das sementes e, consequentemente, falhas no seu estande.

Em casos de muitas falhas no estande, recomenda-se realizar a ressemeadura, resultando em tempo perdido e, principalmente, aumento do custo da lavoura.

foto que mostra falha na emergência de plântulas em campo

Falha na emergência de plântulas em campo
(Fonte: Conesul News)

Estratégias para otimizar a semeadura no pó

Apesar de não ser uma técnica recomendável, caso seja extremamente necessário realizar a semeadura em solo seco, você deve levar em consideração alguns fatores como:

Qualidade das sementes

Utilizar sementes com alta porcentagem de germinação e vigor é fundamental. Sementes de alta qualidade suportam por um período maior condições adversas, como a pouca umidade do solo, neste caso. 

Além disso, apresentam desenvolvimento mais rápido se comparada a sementes de qualidade inferior.

Por isso, é muito importante que você utilize sementes certificadas, que possuam qualidade garantida!

Tratamento das sementes

O tratamento de sementes pode ser um forte aliado caso você deseje realizar a semeadura no pó.

Como o desenvolvimento das sementes é mais lento pela falta de água e alta temperatura do solo, o tratamento com fungicida previne o ataque de microrganismos e pragas, que aceleram a deterioração das sementes.

Veja na figura abaixo sementes com e sem tratamento em condições de baixa umidade do solo:

semeadura no pó - gráfico de emergência e umidade do solo de sementes com e sem tratamento

 (Fonte: SEEDNews)

Inoculação

Para promover uma nodulação adequada em plantas de soja, a semente deve apresentar, no momento da semeadura, de 80 mil a 100 mil células de bactérias.

Ao semear no pó, os solos apresentam alta temperatura e pouca umidade, o que reduz, em menos de uma semana, metade do número de células viáveis, ocorrendo prejuízo no fornecimento de nitrogênio para planta.

Se você realizar a semeadura em solo seco, faça inoculação, mas busque métodos de complementar o fornecimento de N para planta.

Uma opção de complementação é a inoculação via pulverização em cobertura ou uso de fertilizante mineral.

Proximidade das chuvas

Não faça semeadura no pó sem ao menos ter uma previsão de chuva para os próximos 10 a 15 dias.

Mesmo com uso de sementes de alta qualidade e tratamento de sementes, a exposição em solo com pouca umidade por um período prolongado reduz a germinação e emergência das plantas.

Ter acesso a informações meteorológicas de qualidade minimiza esses riscos e permite traçar um planejamento melhor das operações da fazenda. Se esses dados estiverem integrados aos da propriedade, a tomada de decisão fica mais precisa.

Utilizar um software de gestão agrícola como o Aegro reúne as informações da fazenda e a previsão climática por geolocalização da área rural. 

As informações de tempo e temperatura são atualizadas de hora em hora, com dados detalhados dos próximos 3 dias e previsões para os próximos 15 com relação à variação de temperatura, possibilidade de chuva, vento (velocidade e direção) e até janela de pulverização.

O sistema traz ainda dados sobre umidade relativa do ar por 15 dias e histórico das chuvas por geolocalização. 

imagem mostra como funciona o Climatempo no aplicativo Aegro.

A integração do Aegro com o Climatempo está disponível para produtores de todo o Brasil na versão completa do software agrícola. 

Sistema de plantio

Se você se depara todos os anos com esse questionamento de semear ou não no pó, uma opção que auxilia nesse momento é a adoção do sistema de plantio direto.

Em comparação com sistema convencional, a palhada no solo no plantio direto tem várias vantagens, como a manutenção da umidade do solo por mais tempo.

Outro ponto positivo desse sistema é maior facilidade de infiltração de água no solo. Consequentemente, as raízes das plântulas emergidas utilizarão a água presente no perfil do solo.

Diferença visual de solo com sistema de plantio convencional e direto
(Fonte: Integrar)

checklist planejamento agrícola Aegro

Conclusão

Neste artigo vimos que o momento ideal de semear é com a chegada das chuvas, pois a água é fundamental para a formação e manutenção da lavoura.

Semeio em solo seco apenas em situações de extrema necessidade, pois é uma técnica bastante arriscada! Utilize sempre sementes de alta qualidade e realize um bom tratamento.

Como você viu, o recomendável é esperar as condições ideais para realizar a semeadura e, assim, evitar riscos de perdas!

>> Leia mais:

Cálculo de semeadura da soja: 5 passos para a população de plantas ideal no seu sistema

Você já realizou ou realiza a semeadura no pó? Ficou alguma dúvida? Deixe seu comentário abaixo!