About Carina Oliveira

Sou engenheira-agrônoma formada pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), mestre em Sistemas de Produção (Unesp), e doutora em Fitotecnia pela Esalq-USP.

5 passos para realizar o fechamento de safra de forma prática e rápida

Fechamento de safra: como é feito, o que influencia e como a tecnologia pode ser sua aliada nesse processo

Toda a produção é voltada para a rentabilidade! Quantas vezes você pensou se a safra te daria ou não o retorno esperado? Se pagaria todas as aplicações e operações feitas?

Para você não perder noites e dias pensando a respeito, algumas atitudes durante os meses de produção podem e devem ser tomadas. 

Saber o que foi gasto, quanto foi colhido e por quanto foi vendido te ajuda neste processo, mas apenas isso não basta

Neste artigo, te mostrarei 5 passos para você saber se sua safra foi rentável e qual sua lucratividade. Confira!

Produção, custo e fechamento de safra 

Neste ano, a cultura da soja obteve uma produção recorde estimada em 135,4 milhões de toneladas, sendo 8,5% superior à safra 2019/2020.

O mesmo está ocorrendo com as demais culturas de primeira safra. O milho, com crescimento de 3,7% superior em relação à safra passada, estima 106,4 milhões de toneladas.

Esse aumento de produção foi reflexo da expansão das áreas de produção para as culturas de milho e soja, principalmente.

O que impulsionou esse aumento de área foram os preços elevados dos grãos dessas culturas, no segundo semestre de 2020.

Entretanto, o custo de produção também foi superior, com aumento de fertilizantes, defensivos, sementes, dentre outros insumos necessários para produção.

gráfico com comparativo dos custos de produção da soja

(Fonte: Canal Rural)

Ao finalizar a colheita, não basta apenas ver o valor recebido pela sua produção e achar que tudo foi lucro. Para saber sua lucratividade exata você precisa fazer um planejamento, antes mesmo de iniciar a lavoura.

Veja nos tópicos abaixo algumas informações que te ajudarão a fazer o fechamento de safra de modo fácil e correto.

Por que fazer o fechamento da safra? 

O aumento do valor pago na saca do produto colhido foi um estímulo ao produtor.

Entretanto, ao final da safra, também olhe o valor gasto para a implantação, manutenção e colheita da sua lavoura. Somente assim você saberá sua rentabilidade exata.

Fechar a safra é fazer o cálculo de tudo que foi gasto com a lavoura, inclusive mão de obra, energia, escritório. Também tenha em mãos tudo o que você recebeu com a venda do produto.

Assim, o cálculo do fechamento fornece informações importantes, como onde foi o maior gasto de dinheiro desta safra.

Através dessas informações, você pode chegar a conclusões como: 

  • Por que determinada atividade gastou este valor?
  • O que fazer para reduzir este custo?
  • Qual foi a margem de lucro?
  • Qual foi a rentabilidade desta atividade?
  • O que é necessário mudar para a próxima safra e garantir mais lucro?

Ao saber o destino do dinheiro da sua lavoura, você consegue tomar decisões mais assertivas sobre como economizar mais, além de fazer o planejamento para a próxima safra.

Saber quanto foi gasto e recebido te permite entender quanto terá em caixa para a próxima safra.

Como fazer o fechamento da safra?

Antes de conferir o passo a passo, veja algumas informações sobre neste vídeo que eu separei:

Como fazer o fechamento da safra

Para o cálculo de final de safra, são necessários dados do início da atividade, que muitas vezes começa antes mesmo da semeadura.

Fazer o balanço de quanto foi gasto e quanto foi recebido é importante. Você anota tudo o que gasta, inclusive as despesas cotidianas? 

Pensando em auxiliar você nessa etapa final da safra, separei alguns passos para te ajudar.

1. Faça o planejamento 

A agricultura é uma atividade de ciclos, então é possível planejar o que e quando será semeado.

Sabendo o que será cultivado, você consegue comprar os produtos antecipadamente, conseguindo tempo para pesquisar e negociar preços.

Esse é um passo importante, porque ao planejar, você diminui seus custos, sabe aproximadamente quanto irá gastar na safra, e com isso, determina o valor mínimo necessário de venda.

Não se preocupe se você não fez o planejamento da safra atual. Ainda é possível fazer o fechamento.

2. Tenha todos os gastos anotados 

Anotar todos os gastos, inclusive aqueles que você tem no cotidiano da fazenda, como parafusos, mangueiras de máquinas, por exemplo, é de extrema importância.

Fazer o fluxo de caixa te auxilia em diversos momentos. 

infográfico com composição do fluxo de caixa

(Fonte: MPinvest)

Para te ajudar a fazer um fluxo de caixa rápido e sem complicações, separei uma planilha gratuita. Para baixar, clique na figura a seguir:

3. Separe suas despesas pessoais das despesas da fazenda 

Um erro muito comum é misturar as contas pessoais com as contas da fazenda.

Já que muitas vezes a agricultura é uma atividade familiar, os gastos acabam se misturando.

Ter controle do que foi gasto com a fazenda faz com que seus custos fiquem mais corretos, e consequentemente, o valor da sua lucratividade também.

4. Acompanhe os preços de venda 

Os preços de venda da maioria das culturas agrícolas estão em alta nos últimos meses, acompanhados por grande volatilidade dos preços pagos ao produtor.

Sabendo seu fluxo de caixa e seu custo de produção, é possível saber qual o preço mínimo de venda da produção para pagar os gastos e ter uma margem de lucro.

É muito importante sempre acompanhar o preço pago pelo seu produto.

Lembre-se, no entanto, de que os preços podem sofrer quedas e altas em curto espaço de tempo. Fique atento(a)  para fazer a melhor negociação para sua empresa rural.

>> Leia mais: “Como usar software para agricultura para melhorar seu custo de produção”

5. Faça as contas 

Tendo todos os dados, é possível fazer as contas e saber realmente qual foi sua lucratividade. Então tire um tempo após a finalização da safra e faça as contas.

Utilize todas as informações anotadas durante a safra e pronto, você saberá quais foram seus gastos, seus recebimentos e sua rentabilidade.

Utilizando tecnologia no fechamento de safra

A tecnologia te auxilia em diversos momentos, e no fechamento da safra não é diferente!

Um aplicativo de gestão agrícola como o Aegro facilita o controle de despesas e receitas ao longo de todo o processo produtivo.

Assim, quando você chega no final da safra, bastam alguns cliques para descobrir quais talhões da fazenda deram lucro ou prejuízo.

relatório de rentabilidade no software de gestão rural Aegro

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Conclusão

O fechamento de safra deve ser realizado para você ter a melhor noção possível da situação do seu negócio e saber se ele foi rentável.

Ao fazer o fechamento, você saberá quanto tem em caixa, e se esse valor será suficiente para custear a próxima safra.

Para te auxiliar nessa jornada, existem tecnologias como o software da Aegro. Com ele, suas contas ficaram mais claras, corretas e rápidas.

Você faz o cálculo dos valores gastos e recebidos na sua lavoura? Já utilizou o software Aegro para te auxiliar a fazer o fechamento de safra? Deixe seu comentário abaixo!

O que fazer para minimizar os impactos da geada no café e evitar prejuízos

Geada no café: como ocorre, como identificar os tipos, como pode afetar suas plantas e quais as melhores medidas preventivas

O café é uma cultura importante no Brasil, o maior produtor e exportador do grão.

Vários dos estados destaques em grandes áreas cafeeiras são localizados em regiões propensas à geada.

E a ocorrência desse fenômeno climático pode provocar até 100% de perdas no cafezal.

Neste artigo, tire suas maiores dúvidas sobre a geada no café e entenda como proteger sua lavoura para evitar prejuízos. Confira!  

Impactos da geada no café

A geada causa sérios prejuízos à agricultura por poder gerar morte da planta ou de parte dela (folhas, ramos e frutos).

Ela possui dois tipos: a branca e a negra, classificadas pelo aspecto visual.

A geada branca ocorre devido à baixa temperatura e alta umidade do ar. O vapor da água presente na atmosfera condensa e forma o orvalho. O orvalho (gotículas de água na superfície das folhas) congela e há formação de gelo.

A geada negra não forma cristais de gelo na superfície das folhas, pois as condições de ocorrência são de baixa temperatura e baixa umidade do ar. A água presente no interior das células congela, causando a morte da célula, do tecido vegetal e de toda a planta. 

É o tipo mais severo. 

fotos de geada branca (A) e geada negra (B) em plantas de café
Geada branca (A) e geada negra (B) em plantas de café 
(Fonte: CaféPoint e Londrinando)

As geadas podem ser classificadas como de canela ou de capote, de acordo com a parte da planta que afetam.

A geada de canela ocorre com temperaturas do ar abaixo de -2 °C. O ar frio desce para a superfície terrestre, para perto do tronco das plantas. Por isso, esse tipo de geada é presente em áreas de plantio em morros.

Essas condições na base das plantas, principalmente de cafezais de até 1,5 anos, causam o congelamento da seiva nos vasos condutores. Assim, não há fornecimento de nutrientes para a parte aérea da planta, ocasionando sua morte.

Na geada de capote, somente a parte externa das plantas é atingida, queimando as folhas e os ramos superiores.

duas fotos com rebrota da planta atingida pela geada de canela (A) e uma de capote (B) em plantas de café
Rebrota da planta atingida pela geada de canela (A) e capote (B) em plantas de café
(Fonte: Unesp e Jornal Dia de Campo)

Riscos nos cafezais do Brasil

A geada é um fenômeno atmosférico natural que ocorre devido à queda da temperatura do ar. Existem plantas mais suscetíveis a ela, como o café.

Atualmente, alguns dos principais estados produtores de café ainda sofrem com as geadas, como Minas Gerais (principalmente o Sul de Minas), São Paulo e Paraná.

Veja as principais regiões brasileiras afetadas:

mapa com frequência das geadas nas regiões do Brasil
Frequência das geadas nas regiões do Brasil
(Fonte: Esalq)

Para as plantas de café, a temperatura ideal é entre 18 °C e 22 °C. Elas não suportam temperaturas abaixo de 10 °C.

Temperaturas abaixo de 18 °C  prejudicam a floração por causa da prolongação da fase vegetativa, o que reduz a produção.

Além disso, as geadas causam amarelecimento das folhas, e dependendo da intensidade, pode ocasionar a morte, assim como dos galhos. Se a geada for leve, somente as folhas e ramos secundários são afetados.

Se for intensa, pode causar queda da parte aérea da planta (folhas e ramos secundários), rebrota (como no caso da geada de canela) ou morte de toda a planta, como na ocorrência de geada negra.

Desse modo, se você não realizar medidas para evitar ou prevenir a ocorrência nos seus cafezais, certamente perderá produtividade.

Onde há maior e menor ocorrência de geadas?

A geada no café ocorre com maior frequência em algumas regiões e em determinadas épocas do ano. Para evitar que elas afetem sua lavoura, é necessário realizar o planejamento antes mesmo do plantio das mudas.

Áreas de baixadas e espigões muito planos e extensos devem ser evitados, porque o frio fica estagnado nesses locais e propicia a ocorrência das geadas.

gráfico com locais com acúmulo de ar frio com alta probabilidade da ocorrência de geada
Locais com acúmulo de ar frio com alta probabilidade da ocorrência de geada
(Fonte: Unesp)

Em regiões de morros, se houver vegetação alta e densa abaixo da lavoura de café, você deve fazer corredores nessas vegetações para que o frio não seja mantido.

Por outro lado, se a vegetação for alta e densa acima da lavoura, você deve mantê-las para que o frio não desça para as plantas.

Disposição correta da lavoura de café, com vegetação densa acima e vegetação rala abaixo das plantas
Disposição correta da lavoura de café, com vegetação densa acima e vegetação rala abaixo das plantas
(Fonte: Esalq)

Locais em que a face do terreno está voltada para sul ou sudeste, no inverno, ficam menos expostos à radiação solar. Dê preferência a terrenos voltados para norte ou nordeste.

ilustração de recomendação da área com face do terreno voltada para norte ou nordeste
Recomendação da área com face do terreno voltada para norte ou nordeste
(Fonte: Gonçalves)

Como evitar os riscos da geada na lavoura de café

Em áreas onde a lavoura está com plantas de até 6 meses, em caso de alerta de geada, você deve fazer o enterro das mudas em campo

Veja como fazer o procedimento:

Enterro de mudas de café na véspera da geada e desenterro no dia posterior
Enterro de mudas de café na véspera da geada e desenterro no dia posterior
(Fonte: adaptado de Fundação Procafé)

Quando as plantas já estão maiores, para evitar a ocorrência de geada de canela, você deve colocar terra na base do caule do café. Essa prática é conhecida como chegamento de terra.

Exemplo de chegamento de terra em plantas de café
Exemplo de chegamento de terra em plantas de café
(Fonte: Caramori e colaboradores)

Em áreas de cafezal já formado, mantenha as entrelinhas limpas, sem palhada e plantas daninhas, deixando o solo exposto para retenção de calor do sol. Essas práticas reduzem seus efeitos.

Faça adubação foliar com potássio antes da ocorrência de geada, porque este nutriente aumenta o ponto de congelamento da seiva. Assim, a planta fica mais tolerante à massa de ar frio.

Se houver sistema de irrigação em sua área, o funcionamento em noite de geada é uma prática que evita e reduz seus efeitos, pois a água da irrigação umidifica o ar e eleva o ponto de congelamento da seiva.

Outro aspecto importante são os ventos que carregam as massas de ar frio. Utilizar barreiras de vento, como árvores, pode ser viável.

Em áreas de maior acúmulo de frio, a utilização de árvores ou plantas de porte alto como o guandu, quando o café ainda é pequeno, também é uma alternativa.

Arborização em cafezal
Arborização em cafezal
(Fonte: Emater-MG)

Caso a geada tenha afetado sua lavoura de modo leve, realizar desbrotas pode ser o suficiente.

Se ocorreu uma geada severa e grande parte da planta foi comprometida, talvez seja necessária a recepa

Mas antes de tomar qualquer decisão, veja o nível de dano causado na sua lavoura.

banner-de-implantacao-e-renovacao-do-cafezal

Conclusão

A geada no café pode causar sérios prejuízos nas lavouras, porque gera perda ou redução drástica de produtividade.

É importante que você saiba quais são os diferentes tipos de geada e as áreas de maior probabilidade de ocorrência, para poder evitar seus efeitos na planta.

Além disso, lembre-se das medidas necessárias para prevenir os danos e o que fazer caso as plantas já tenham sido afetadas.

Ficar por dentro das previsões climáticas da sua região também te ajuda a estar preparado(a) para tomar as medidas preventivas! 

>> Leia mais:

Entenda como a umidade do grão de café pode impactar a qualidade do produto final

Você já teve perdas devido à geada no café? O que você fez para resolver o problema? Adoraria ler o seu comentário aqui em baixo.

O que é evapotranspiração e como ela pode te ajudar a explorar o potencial máximo de produção

Evapotranspiração: o que é, como é sua participação no ciclo da água e qual a sua importância para agricultura

Conhecer a movimentação da água no planeta, assim como sua influência na vegetação, te auxilia a tomar decisões mais assertivas

A evapotranspiração é um fator que está diretamente ligado à presença da água na lavoura, e pode te ajudar a realizar a irrigação de maneira mais sustentável e econômica.

Seu entendimento a respeito pode ajudar a explorar o potencial máximo de sua produção, porque a falta de água durante o desenvolvimento da cultura gera queda de produtividade.

Quer entender melhor tudo isso e saber por que determinar esse parâmetro é importante na agricultura? Veja a seguir!

O que é evapotranspiração? 

A evaporação é a somatória de dois processos: a evaporação e a transpiração das plantas.

Evaporação é o processo de passagem de um líquido ao estado de vapor. Por exemplo, a água superficial (como de rios e lagos) é aquecida pela radiação solar e evapora.

Já a transpiração acontece quando a água que as plantas absorvem do solo é eliminada pelas folhas na forma de vapor d’água, por meio dos estômatos.

A evapotranspiração é toda a movimentação da água da forma líquida retornando à atmosfera.

É a combinação da passagem da água para o ar, que ocorre com a água presente tanto no solo (rios, lagos, mares, entre outros), quanto nas plantas.

Exemplificação de evapotranspiração

Exemplificação de evapotranspiração
(Fonte: Árvore, ser tecnológico)

Relação com o ciclo hidrológico 

A água do mundo está em constante mudanças de estado, seja líquido, sólido ou gasoso.

Essas mudanças de estados e sua movimentação no planeta configuram o ciclo hidrológico (ciclo da água).

O ciclo hidrológico, como você verá na figura abaixo, envolve vários processos que fazem a movimentação da água no subsolo, solo e ar.

infográfico com ciclo hidrológico

Ciclo hidrológico
(Fonte: USGS)

A evapotranspiração tem grande importância no ciclo hidrológico, porque é nesse processo que a água passa do estado líquido para o de vapor.

Além disso, estudos indicam que aproximadamente 70% da água precipitada é devolvida para a atmosfera em seu processo.

O conhecimento da evapotranspiração é importante para vários estudos da água no planeta.

Determiná-la tem diversos propósitos, como verificar o rendimento de bacias hidrográficas, acompanhar a capacidade de reservatórios ou aquíferos, além de ser de grande necessidade na agricultura pela irrigação.

Influência da evapotranspiração na agricultura 

Na agricultura, o conhecimento da evapotranspiração é fundamental, pois é a movimentação da água no solo e na planta.

O solo e a planta são os elementos chaves de produção, e desse modo, não ocorreria produção sem a quantidade de água mínima exigida pelas culturas.

É pela evapotranspiração que se estima a exigência de água pelas culturas, e por esse conhecimento é possível definir com maior precisão a irrigação.

Saber a demanda hídrica das culturas é importante para conseguir explorar o potencial máximo de produção. Isso porque a falta de água durante o desenvolvimento, na maioria das culturas, resulta em quedas de produtividade.

tabela com demanda hídrica aproximada de algumas culturas

Demanda hídrica aproximada de algumas culturas
(Fonte: adaptado de Carvalho et al., 2013)

Assim, conhecer a demanda hídrica das culturas, sabendo regularmente os dados de precipitação, evapotranspiração, temperatura, umidade relativa do ar, torna a irrigação mais eficiente.

A irrigação desempenha um grande papel no uso da água. Cerca de 67% da água consumida no Brasil é utilizada nos sistemas de irrigação.

Desse modo, para fazer uma irrigação de modo sustentável e econômico, a determinação da evapotranspiração é uma das medidas fundamentais. 

Fatores como tipo e manejo do solo, dossel das plantas, velocidade do vento, temperatura e umidade do ar interferem nela.

Sendo assim, essa relação pode variar conforme a área, a época, o clima, entre outras influências.

infográfico com total de água consumida no Brasil (média anual)

Total de água consumida no Brasil (média anual)
(Fonte: ANA)

Determinação da evapotranspiração

Há fatores que interferem na evapotranspiração, como você acabou de ler, sendo principalmente consideradas as condições climáticas.

4 tipos diferentes usualmente presentes na agricultura brasileira, dependendo das condições calculadas. Você os verá a seguir.

1. Evapotranspiração de referência (ETo) ou potencial (ETp) 

A evapotranspiração de referência e potencial são iguais. Antigamente o termo utilizado era potencial, hoje é de referência.

Para ela são consideradas condições climáticas como radiação solar, temperatura, umidade relativa do ar e velocidade dos ventos, além da cobertura vegetal de referência.

Para a determinação da evapotranspiração de referência, a cultura vegetal de referência não tem restrição hídrica, e apresenta uma área de bordadura para evitar perda de calor no solo.

Desse modo, a ETo considera apenas as condições climáticas do momento.

Representação da evapotranspiração de referência (ETo)

Representação da evapotranspiração de referência (ETo)
(Fonte: Decivil)

2. Evapotranspiração real (ETR)

É determinada pelas condições reais de evaporação e transpiração.

Sua determinação é realizada da mesma forma que a ETo, com a diferença de que a cultura de referência pode ou não estar em deficiência hídrica.

A área de determinação também é delimitada com uma área de bordadura, assim como na evapotranspiração de referência.

Representação da evapotranspiração real (ETR)

Representação da evapotranspiração real (ETR)
(Fonte: Decivil)

3. Evapotranspiração da cultura (ETc)

É a fase de desenvolvimento em que a cultura se encontra, em ótimas condições de crescimento e desenvolvimento.

Para a determinação, os parâmetros são: sem restrição e ampla área de bordadura.

A a ETc é calculada pela ETo x KcKc é o coeficiente de cultura, que varia conforme a área foliar da cultura.

Ou seja, valores de Kc menores geralmente são de início e final de ciclo, onde a área foliar é menor.

Representação da evapotranspiração da cultura (ETc)

Representação da evapotranspiração da cultura (ETc)
(Fonte: Decivil)

4. Evapotranspiração da real da cultura (ETr)

Como diz o nome, esse tipo é determinado pela condição real de campo.

Assim, a cultura pode estar com ou sem restrição hídrica, e não há área de bordadura, ocorrendo a influência do solo.

Para o cálculo, é considerado, além da ETo e Kc, o Ks: o coeficiente de solo, sendo ETr = ETo x Kc x Ks.

Para resumir os tipos possíveis na agricultura, temos:

  • Evapotranspiração de referência (ETo): considera apenas as condições meteorológicas, sem restrição hídrica;
  • Evapotranspiração real (ETR): considera as condições meteorológicas reais, ou seja, com ou sem restrição hídrica;
  • Evapotranspiração da cultura (ETc): considera condições meteorológicas e condições da cultura;
  • Evapotranspiração da real da cultura (ETr): considera condições meteorológicas, condições da cultura e manejo do solo.
Representação dos tipos de evapotranspiração

Representação dos tipos de evapotranspiração
(Fonte: UTFPR)

Conclusão

Como você viu ao longo do texto, a evapotranspiração é a combinação dos processos da transpiração e evaporação.

Determiná-la é fundamental na tomada de decisão de modo rentável e sustentável da irrigação.

Ela ocorre a todo momento na sua lavoura e é dependente da quantidade de área foliar da cultura. 

E, por fim, existem vários modos de calcular esse parâmetro – e cada um tem algo a ser considerado.

Espero que as informações aqui apresentadas te ajudem a conhecer melhor a evapotranspiração e, assim, aumentar a produtividade da sua lavoura.

>> Leia mais:

“Entenda como a fertirrigação pode aprimorar sua produção”

“Como ocorre e quais os efeitos do estresse hídrico nas plantas”

Restou alguma dúvida sobre este assunto? Você já conhecia esse efeito? Deixe sua experiência aqui nos comentários e assine nossa newsletter para receber mais conteúdos semelhantes.

O que você precisa saber sobre fenologia do milho

Fenologia do milho: o que é, como é dividida, fatores que interferem nos estádios fenológicos e mais.

A fenologia é o estudo das relações entre os processos biológicos e o clima, e inclui as diferentes fases do crescimento da planta.

Conhecer a fenologia das plantas te ajuda a determinar as necessidades da lavoura, saber quais fatores são críticos durante o ciclo e a realizar um planejamento de produção adequado às necessidades da cultura.

Confira neste artigo os estádios fenológicos da cultura do milho, aprenda a diferenciá-los e saiba o que afeta cada fase.

Aspectos gerais da fenologia do milho 

O ciclo da cultura do milho pode ser dividido em três grupos:

  1. superprecoce: até 110 dias;
  2. normal: entre 110 e 145 dias;
  3. tardio: maior que 145 dias.

Independente do ciclo, o desenvolvimento da cultura do milho (como o da maioria das culturas anuais) pode ser dividido em dois estádios: o vegetativo e o reprodutivo.

O que muda na fenologia da planta de milho em relação ao ciclo é o tempo de duração dos estádios fenológicos. 

ilustração com fases de desenvolvimento do milho desde vegetativo até reprodutivo

Fases de desenvolvimento do milho
(Fonte: adaptado da Universidade de Kansas)

O estádio vegetativo começa com a germinação e emergência e termina com o pendoamento. A partir do pendoamento, começam os estádios reprodutivos, que terminam no ponto de maturidade fisiológica do grão.

No geral, os estádios vegetativos são diferenciados pela quantidade de folhas da planta, e os reprodutivos pelo desenvolvimento da espiga.

A importância de conhecer estes estádios é saber quais são as principais fases que determinam o potencial produtivo da cultura, além de quais fatores interferem nessas fases.

Assim, é possível adotar as melhores práticas de manejo para que você consiga ter o máximo potencial da sua lavoura.

Estádio vegetativo

Os estádios vegetativos começam no VE e terminam no VT. Ocorrem vários estádios entre o início e o final da fase vegetativa. 

Vale lembrar que a definição da fase vegetativa é a quantidade de folhas totalmente desenvolvidas.

tabela com exemplos dos estádios vegetativos da cultura do milho

Exemplos dos estádios vegetativos da cultura do milho
(Fonte: adaptado de Embrapa)

A folha desenvolvida é composta pela lâmina foliar, bainha, aurículas, lígulas e colar. Quando o colar fica visível, é considerado uma folha totalmente desenvolvida.

infográfico com componentes de uma folha desenvolvida - fenologia do milho

Componentes de uma folha desenvolvida
(Fonte: Ufal)

Por exemplo, o estádio V1 é caracterizado pela presença da primeira folha totalmente desenvolvida e vai até V18, V20, dependendo da cultivar ou híbrido utilizado. 

Abaixo vamos destacar os estágios vegetativos mais importantes para cultura do milho:

VE

VE compreende a germinação das sementes e a emergência das plântulas de milho.

Nessa fase, é preciso ficar atento à profundidade e uniformidade de semeadura, temperatura (ideal entre 25°C e 30°C) e à disponibilidade de água adequada. Estes são fatores fundamentais para uma emergência rápida e uniforme das plântulas.

V3 a V5

De V3 a V5, a planta ainda é pequena, com o ponto de crescimento abaixo do solo.

Neste período ocorre a definição do potencial produtivo da planta. No estádio V4, a perda de folhas pode reduzir a produtividade em 6% a 14%.

Em V5 já foi definida a quantidade de folhas e espigas que a planta irá formar, e a base de crescimento ainda se localiza abaixo da superfície do solo. Por isso, a temperatura do solo muito baixa pode prolongar o ciclo da cultura.

Falta e excesso de água são fatores importantes nesse momento. A falta irá prolongar mais os estádios vegetativos, e o excesso pode levar a planta à morte caso afete a gema apical (ponto de crescimento).

V6 a V10

No estádio V6, com seis folhas totalmente desenvolvidas, o ponto de crescimento e o pendão estão acima do nível do solo.

Isso reflete no crescimento mais rápido da planta. Além disso, o sistema radicular está em pleno funcionamento.

A adubação nitrogenada em cobertura deve ser realizada até estes estádios, pois no período entre V9 e V10 há maior necessidade da cultura.

Em V8, é definido o número de fileiras de grãos na espiga, e o excesso de água nesse período pode trazer prejuízos na produção.

Caso ocorra chuva de granizo, geada, ataque de pragas ou doenças que afetam grande parte da área foliar, há perda de produtividade de 38% a 62%.

De V9 a  V10, os órgãos florais iniciam um rápido desenvolvimento. E, a partir de V10, o tempo de um estádio a outro diminui, além de aumentar a necessidade por água.

V12 a V18

Em V12, o tamanho e o número de grãos em potencial de cada espiga é definido. Os estilos-estigmas, que são os cabelos do milho, começam a se desenvolver em V17.

A falta de água nessas duas semanas antes e duas semanas depois do florescimento e enchimento de grãos pode causar redução de 22% de produtividade.

VT ou pendoamento

O estádio VT (ou pendoamento) é definido quando o último ramo do pendão está completamente visível e os “cabelos” ainda não tenham emergido da espiga.

 A duração deste estádio até R1 depende do cultivar ou do híbrido utilizado.

Falta de chuva e temperaturas acima de 35℃ podem reduzir a formação de grãos de pólen. Isso causa falha na formação de grãos na espiga.

Representação dos estádios V3 (A); V9 (B); V18 (C) e VT (D) da cultura do milho

Representação dos estádios V3 (A); V9 (B); V18 (C) e VT (D) da cultura do milho
(Fonte: adaptado de Ritchie e colaboradores)

Estádio reprodutivo

Os estádios reprodutivos começam quando estilos-estigmas (cabelos) estão visíveis. São divididos em 6 estádios, descritos abaixo.

Exemplos dos estádios reprodutivos da cultura do milho

Exemplos dos estádios reprodutivos da cultura do milho
(Fonte: adaptado de Embrapa)

R1

No estádio R1 ou de embonecamento e polinização, os grãos de pólen são liberados para que ocorra a polinização. 

A quantidade de óvulos que serão fecundados é definida. Alguns fatores ambientais interferem nessa fecundação, causando baixa granação da espiga.

Temperaturas muito elevadas e falta de água causam problemas de desidratação dos grãos de pólen e dos cabelos da espiga. Nesse momento, deve haver uma atenção especial ao controle da lagarta-da-espiga que se alimenta dos estilos-estigmas.

R2

O estádio do grão bolha d’água tem essa denominação porque os grãos são basicamente um fluido, composto de açúcares.

De R2 a R5, falta de água, ataque de pragas e doenças da área foliar, desequilíbrio nutricional e falta de luminosidade afetam o acúmulo de matéria seca nos grãos. O peso e a produtividade dos grãos são afetados.

R3

Em R3, os açúcares dos grãos já estão se transformando em amido. Por isso, a denominação desse estádio é de grão leitoso.

Começa neste estádio a diferença de coloração da parte mais leitosa da parte mais dura (amido), comumente chamada de linha do leite.

O peso do grão é definido e este estádio ocorre entre 12 e 15 dias após a polinização.

R4

No estádio de grãos pastosos, a formação do amido é intensa e há ganho de peso do grão.

Ele já é mais consistente (cerca de 70% de umidade), com aproximadamente metade do peso que terá na maturidade fisiológica. 

R5

O teor de umidade do grão neste estádio está em torno de 55%. Os grãos começam a ficar farináceos e a linha do leite fica nítida neste ponto.

Neste estádio aparece uma concavidade na parte superior do grão, denominada “dente”.

Estresse, como o causado pela geada, causará redução da produtividade por afetar o peso dos grãos, além do aparecimento prematuro da camada preta, que indica a maturidade fisiológica.

R6

Esse estádio é caracterizado pela formação completa dos grãos na espiga. A camada do leite reduziu, apresentando o grão completo de amido. A camada preta, localizada na base dos grãos, indica a maturidade fisiológica

Os grãos apresentam o máximo acúmulo de matéria seca. Dependendo das condições ambientais, eles possuem 30%-35% de umidade e começa a acontecer a senescência natural das folhas.

Caso a colheita ocorra no início deste estádio, há necessidade de secagem dos grãos para o armazenamento. O teor de umidade ideal é de 13%-15% para milho em espiga.

Representação dos estádios reprodutivos da cultura do milho

Representação dos estádios reprodutivos da cultura do milho
(Fonte: adaptado de Fahl e colaboradores)

Conclusão

Neste artigo, você conheceu todos os estádios da fenologia do milho.

Viu que o tempo de ocorrência de cada estádio varia em função da cultivar e do híbrido utilizado. Aprendeu ainda a diferenciar os estádios fenológicos, tanto os vegetativos quanto os reprodutivos.

Além disso, viu os fatores que afetam os estádios fenológicos e que podem prolongar o ciclo do milho, além de afetar a produtividade.

Restou alguma dúvida sobre a fenologia do milho? Deixe seu comentário abaixo!

Como fazer o cálculo de depreciação da lavoura de forma simples e rápida

Depreciação da lavoura: entenda a importância, o que considerar para formar seu custo de produção e mais!

Fazer o custo de produção é essencial para uma empresa rural.

Existem diversos modos de realizar o custo de produção da sua lavoura. O importante é considerar todos os gastos, inclusive os futuros.

Assim, a depreciação entra nos cálculos, que têm a função de considerar os desgastes de diversos bens da fazenda para posteriormente substituí-los ou arrumá-los.

No seu custo de produção, você considera a depreciação da lavoura? Confira neste artigo a importância de considerar esse fator nos seus custos!

O que é depreciação da lavoura?

Depreciação é o valor que você precisa ter para substituir os bens de capital quando eles se tornam improdutivos. 

A improdutividade acontece pelo desgaste físico ou quando os bens perdem valor com o decorrer dos anos, devido à obsolescência tecnológica ou ação natural.

Todos os bens necessários para a manutenção das atividades rurais são denominados ativos imobilizados.

Assim, tudo o que compõe a produção está sujeito a depreciar com o tempo, por exemplo:

  • máquinas;
  • equipamentos;
  • utensílios;
  • implementos;
  • benfeitorias;
  • instalações;
  • lavouras;
  • animais de trabalho;
  • embalagens.

Para cada tipo de bem, a depreciação considera uma porcentagem do valor relativo ao uso.

Aqui no blog da Aegro, já falamos sobre a depreciação de máquinas e implementos. Confira: “Depreciação de máquinas: todos os cálculos de forma prática”.

A depreciação de benfeitorias e instalações inclui locais utilizados pela fazenda, como barracão, represa, escritório, entre outros.

Por exemplo, o barracão que armazena os maquinários ao longo do tempo precisa de reforma. Assim, é necessário calcular a depreciação desse imóvel para quando for preciso realizá-la e ter dinheiro em mãos. 

A depreciação da lavoura, ou custo de produção como exaustão de cultivo, considera culturas permanentes ou semi-perenes. Essas culturas utilizam a terra por mais de um ano, como cana-de-açúcar, café, laranja, entre outros.

O cálculo de depreciação é feito em culturas permanentes porque ao término da vida útil da plantação, o produtor deve ter dinheiro para renovar sua plantação.

Não acontece o mesmo com as culturas anuais, pois as plantas produzem, morrem e não geram mais gastos após sua colheita, fazendo com que o ciclo da safra seja renovado.

Componentes que sofrem depreciação no custo de produção

Componentes que sofrem depreciação no custo de produção
(Fonte: adaptado de Esalq)

Como é feito o cálculo de depreciação da lavoura?

A depreciação de uma lavoura é calculada considerando os custos totais gastos para a formação da lavoura, além do tempo de vida útil médio da produção. 

Devemos considerar para o cálculo:

  • os gastos com mudas ou sementes;
  • atividades de plantio e replantio;
  • insumos e operações mecanizadas e manuais.

O cálculo da depreciação da cultura é diluído pelos anos de vida útil a partir da primeira colheita. Ou seja, se a cultura produzir somente em dois anos, o valor gasto nos dois anos é somado e distribuído ao longo dos anos de produção.

Modelos de cálculo 

Há dois modelos de cálculos para depreciação da lavoura:

  • o que considera apenas o valor gasto de formação e implementação diluído nos próximos anos (exemplo 1).
  • o que considera o custo de oportunidade do capital investido com a depreciação, denominado Carp (Custo Anual de Recuperação do Patrimônio) (exemplo 2).

Veja os exemplos desses cálculos na tabela abaixo:

dois exemplos de modelos de cálculo de depreciação da lavoura

(Fonte: adaptado de HFBrasil)

Você pôde perceber que o valor é maior quando se considera o custo de oportunidade do capital, pois acrescenta uma taxa considerando esse dinheiro em outra atividade.

O valor residual da cultura é considerado nos dois cálculos, já que ao término da vida útil, as plantas são retiradas e substituídas por outras.

Mesmo que para algumas culturas, como por exemplo o café, pode-se vender a madeira após o término da vida útil, este valor não é considerado no cálculo de depreciação.

Ou seja, mesmo ocorrendo entrada de dinheiro devido à venda da madeira, este valor não é abatido do valor que deve ser poupado durante cada ano pelo cálculo da depreciação.

Porém, em alguns casos, como as plantas de café, é possível utilizar madeira de fabricação de móveis ou de lenha. Essa não é uma prática usualmente utilizada, então não é considerado esse valor.

O FRC (Fator de Recuperação do Capital) pode variar de acordo com a região e o custo de oportunidade considerado.

Em área de cafezal, por exemplo, o valor do FRC pode ser considerado de 6% ao ano. Vai depender do que você considerar.

Em relação ao tipo de cálculo utilizado, fica a seu critério. Mas lembre-se: o valor poupado ao longo dos anos será a sua base financeira para a implantação da cultura novamente.

Caso tenha dúvida sobre qual valor considerar ou qual cálculo mais adequado, procure um consultor financeiro na sua região para te auxiliar nestas dúvidas.

Tabela de FRC para cálculo do Custo Anual de Recuperação do Patrimônio

Tabela de FRC para cálculo do Custo Anual de Recuperação do Patrimônio
(Fonte: adaptado de Fapan)

Importância de calcular a depreciação da lavoura

Como foi dito, a razão de calcular a depreciação dos bens é saber quanto de capital o bem vai perder ao longo da vida útil e garantir esse recurso no futuro.

Calcular a depreciação de sua lavoura é essencial. Assim, você pode poupar um valor determinado durante o ano para que, ao terminar a vida útil da cultura, você tenha o dinheiro disponível para a nova formação.

Se você não considerar o valor da depreciação da sua lavoura, ao ter de fazer alguma reforma, não haverá dinheiro em caixa para essa finalidade.

A consequência disso seria precisar realizar empréstimos, tirar dinheiro de algum outro setor da fazenda ou até mesmo colocar mais capital próprio no seu negócio.

Por isso é importante fazer um bom planejamento financeiro e considerar sempre a depreciação dos seus bens. Tendo um aporte de capital financeiro definido antes do início da lavoura, haverá dinheiro em caixa para reparos, manutenção e reforma da cultura.

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Conclusão

Neste artigo, vimos que a depreciação da lavoura é algo importante a ser considerado no seu custo de produção.

Aprendemos a realizar, de modo simples, os dois cálculos mais comumente utilizados para calcular a depreciação. 

Além disso, vimos que o dinheiro da depreciação deve ser poupado para ser usado na sua área novamente.

Você faz o cálculo de depreciação da sua lavoura? Qual metodologia você utiliza? Ficou alguma dúvida? Deixe seu comentário abaixo!

Como manter a profundidade uniforme no plantio da soja e do milho e os impactos na produtividade da lavoura

Profundidade uniforme no plantio: entenda sua importância, os fatores que interferem no estabelecimento da lavoura e mais!

Plantio uniforme é quando as sementes são depositadas no solo com a mesma profundidade durante a semeadura.

Isto se reflete em vários aspectos da planta e da lavoura, como no estabelecimento da cultura e, consequentemente, na produtividade.

Essa afirmação parece óbvia para todos, porém, realizar o que é afirmado é bastante complexo.

Você faz o planejamento do seu plantio considerando os fatores que afetam a profundidade de semeadura? Confira o que é importante para tal operação a seguir!

Qual a importância de manter a profundidade uniforme no plantio?

As sementes utilizam inicialmente seu material de reserva para poder germinar e emergir.

Assim, a profundidade de semeadura influencia diretamente na germinação e emergência das plântulas.

A profundidade de semeadura ideal pode variar conforme a espécie, ou seja, soja, milho, feijão, trigo, aveia, entre outras plantas, têm sua regulagem de semeadura adequada.

Além da profundidade ideal, a uniformidade de plantio também é importante, pois está relacionada ao estande da lavoura.

Estandes desuniformes para algumas culturas como o milho apresentam grandes prejuízos, interferindo na produtividade.

Sobre esse assunto, se utiliza muito o termo plantabilidade, que segundo o professor da Unesp e especialista em plantabilidade de grandes culturas Paulo Arbex é: “a capacidade de distribuir sementes no sulco de plantio de modo uniforme, com a máxima equidistância possível e na profundidade adequada, com o objetivo de atingir o estande desejado de plantas”.

Sabendo da importância da profundidade uniforme de plantio, efetuar a semeadura de soja de 3 cm a 5 cm e do milho de 3 cm a 7 cm é o recomendado para uma boa germinação e emergência de plântulas.

foto de emergência de plantas de milho em relação a profundidades diferentes de plantio

Emergência de plantas de milho em relação a profundidades diferentes de plantio 
(Fonte: Cooplantio)

Problemas da desuniformidade de plantio

Com a diferença de profundidade uniforme de plantio, o estabelecimento da cultura é afetado, refletindo na área plantada da lavoura.

Sementes muito profundas não irão germinar e emergir no tempo ideal, assim como sementes sobre a superfície do solo podem não germinar por não conseguirem absorver água suficiente, além de serem atacadas por insetos e pássaros.

Outro fator do plantio em profundidade irregular é a emergência desuniforme de plântulas, gerando competição por espaço, luz, nutriente e água.

Além de ocorrer competição entre as plantas da mesma espécie, sendo mais favorável para a plântula que emergiu primeiro, há competição com as plantas daninhas.

No caso das sementes que ficaram mais profundas, sua emergência é atrasada e haverá competição com as plantas daninhas que irão emergir após a semeadura.

Falhas no estande também podem ocorrer. Se a deposição da semente for muito profunda ou ficar sobre a superfície do solo, ela pode não gerar uma planta.

Esse fator afeta principalmente espécies como milho, que não conseguem compensar essa falha, reduzindo a produtividade da lavoura.

Espécies como a soja conseguem compensar a falta de uma planta aumentando a produção de vagens das plantas ao redor da falha.

Entretanto, mesmo a soja compensando algumas falhas, há redução da produtividade, podendo, com 75% de falha no estande, perder cerca de 400 kg/ha

Já para o milho, uma diferença de 5.000 espigas/ha reduz a produtividade em média de 16 sc/ha.

Compensação das plantas de soja com falhas no estande de 25%, 50% e 75% - profundidade uniforme no plantio

Compensação das plantas de soja com falhas no estande de 25%, 50% e 75%
(Fonte: adaptado de Cunha, 2018)

5 fatores que influenciam na profundidade de semeadura

É necessário considerar alguns pontos no momento da realização da semeadura.

Vários fatores interferem na profundidade uniforme do plantio. Conhecê-los e saber como influenciam no planejamento e execução do plantio é fundamental.

Veja abaixo os principais fatores que determinam a profundidade ideal de plantio.

1. Características da semente

Como vimos acima, a profundidade ideal depende da cultura que se irá semear.

Este fator pode ter relação com o tipo de germinação epígea (soja) e hipógea (milho).

Sementes epígeas podem ser mais prejudicadas pela maior profundidade de semeadura que as hipógeas.

Isso porque as sementes epígeas elevam seus cotilédones acima do solo no momento da emergência. Já na hipógea, o cotilédone fica dentro do solo e a parte aérea sai para a superfície.

Devido a esta diferença, as sementes de germinação hipógea (milho) suportariam maiores profundidades de semeadura.  

ilustração com exemplo de germinação epígea – soja (A) e hipógea - milho (B)

Exemplo de germinação epígea – soja (A) e hipógea – milho (B) 
(Fonte: UFVJM)

Vale lembrar que a qualidade da semente também tem grande fator, se utilizado a profundidade ideal, e a semente for de alto vigor, a germinação e emergência serão uniformes.

2. Tipo de solo

Se o solo for mais pesado, argiloso ou com drenagem deficiente, a profundidade recomendada é de 3 cm a 5 cm, soja e milho.

Em solos mais leves ou arenosos, a semeadura pode ser mais profunda, como 5 cm a 7 cm, devido à perda de umidade desses solos, no caso do milho.

Cada solo tem um tipo de característica. Você precisa conhecer seu solo para planejar corretamente a semeadura.

3. Umidade do solo

Como dito no tópico anterior, o tipo de solo tem relação direta com a perda de umidade do solo.

A profundidade de plantio ideal visa colocar a semente a uma distância da superfície do solo onde ela não fique exposta aos estresses climáticos e onde o solo apresenta um armazenamento de água adequado para que ela germine e emerja rapidamente, caso não ocorra veranico.

4. Tipo de sistema de plantio utilizado

A adoção do tipo de sistema tem que ser observado, se é convencional ou sistema de plantio direto (SPD).

No sistema convencional, como não há presença de palhada, a temperatura do solo é mais elevada e a umidade é menor em relação ao SPD.

Já no SPD, devido à presença de palhada, a emergência pode ser dificultada, pois se os discos de corte não fizerem corretamente sua função, as sementes serão depositadas sobre a palhada.

5. Regulagem da semeadora

Para realizar um bom plantio, a semeadora tem que ser bem regulada e, com isso, não pode deixar para trás as peças responsáveis pela profundidade. 

Nas semeadoras, os discos de corte de palhada no SPD devem ser regulados e, principalmente, fazer a função de cortar a palhada, para evitar perdas de sementes.

Os controladores de profundidade precisam ser ideais para seu solo, assim como as rodas compactadoras, que devem estar bem reguladas para fazer um bom fechamento de linha, entre outros componentes da máquina.

>> Leia mais: “Semeadora mecânica ou pneumática: qual é a melhor opção para a sua lavoura?”

O que fazer para obter uma profundidade uniforme no plantio?

Planejamento é fundamental em todos os processos de uma lavoura e, para a semeadura, que é o início de seus trabalhos em campo, todo cuidado é favorável.

É nesse momento que você colocará no campo sua semente e, mesmo que ela tenha alta qualidade, se a deposição no solo for mal regulada, você poderá ter perdas de estande, maior presença de plantas daninhas e perda de produtividade.

O ideal é que a distribuição das sementes no sulco de plantio tenha profundidade adequada, seja homogênea e com a mesma distância de deposição de uma semente para outra.

Por isso, faça sempre uma lista de coisas que é necessário observar antes do plantio. Alguns pontos devem ser considerados, como:

  • tipo e qualidade da semente;
  • tipo e condição do solo;
  • sistema de cultivo – convencional ou plantio direto;
  • distribuição e estado da palhada (verde ou seco);
  • clima – antes e após o plantio;
  • regulagem da semeadora;
  • velocidade de plantio.

Então, faça um bom planejamento! Cada área de sua fazenda pode necessitar de uma regulagem diferenciada devido à diferença de tipo de solo ou de pedregosidade.

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Conclusão

Profundidade uniforme no plantio é algo importante a ser considerado no momento de semear.

Faça uma boa regulagem de sua semeadora, pois ela irá definir a uniformidade da profundidade escolhida.

Tenha sempre em mente os fatores listados acima, especialmente o tipo e as condições do solo, pois, se muito úmidos ou muito secos, podem ocorrer diferenças na deposição das sementes.

Lembre-se que um bom estande começa por uma boa qualidade de semente e também de uma profundidade uniforme de plantio!

Você já teve problemas de estande por não ter uma profundidade uniforme no plantio? Restou alguma dúvida? Deixe seu comentário abaixo!

3 fatores que determinam a qualidade do trigo e o preço de venda dos seus grãos

Qualidade do trigo: o que afeta sua classificação comercial e as dicas para obter melhores resultados na produção do grão.

Mesmo com uma produção alta, nem sempre o valor pago pelos grãos aumenta, não é verdade?

A qualidade do trigo conta muito na hora da negociação da safra e é determinante para alcançar um melhor preço de venda do seu produto agrícola.

Você sabe quais são esses fatores e como determiná-los? 

Entenda neste artigo os três principais indicadores e o que pode ser feito para evitar perda da qualidade do trigo colhido!

3 fatores de qualidade que impactam a venda do trigo

A qualidade dos grãos não é definida somente no momento da colheita do trigo: é a junção de práticas realizadas ao longo de todo desenvolvimento da cultura.

Desde o uso de produtos fitossanitários e do monitoramento do clima até a velocidade e regulagem da máquina na hora da colheita, são vários os fatores que podem impactar na qualidade do trigo.

Para avaliar essa qualidade do produto final, a legislação brasileira instruiu a normativa 38, de 30 de novembro de 2010, para classificação dos grãos de trigo, dividindo-os em 2 grupos, 5 classes e 3 tipos.

  • Grupo I: trigo destinado diretamente à alimentação humana, classificado apenas pelo tipo;
  • Grupo II: trigo destinado à moagem e a outras finalidades, classificado em classes e tipos. 

Para classificação, há alguns fatores a serem considerados, como você verá nas tabelas abaixo:

fatores que interferem na classificação do trigo grupo um: trigo destinado diretamente à alimentação humana, classificado apenas pelo tipo
fatores que interferem na classificação do trigo grupo dois: trigo destinado à moagem e a outras finalidades, classificado em classes e tipos

Fatores que interferem na classificação do trigo
(Fonte: Adaptado de Ministério da agricultura, pecuária e abastecimento)

Esses fatores estão ligados à qualidade do trigo e impactam diretamente na comercialização de grãos

Dentre eles, o teor de umidade, matérias estranhas e impurezas, além do peso hectolitro são os que mais influenciam no valor pago para o produtor.

A seguir, vou explicar o que são e como esses fatores podem interferir no preço que você recebe pela venda do seu trigo!

1. Matérias estranhas e impurezas 

Matérias estranhas são partículas presentes no lote e que não vêm da planta de trigo, como pedaços de plantas e sementes de outras espécies, pedras, terras, entre outros. 

Já impurezas são partículas que estão presentes no lote e que vêm da planta de trigo, como cascas, fragmentos do colmo e folhas.

Essas partículas são de grande importância no momento da comercialização, pois são valores descontados do peso do lote. E isso vale para outras culturas além do trigo.

A determinação da quantidade de impurezas e matérias estranhas presentes no lote é feita com base em uma amostra, que é passada por um jogo de peneiras para separação.

Ao menos uma das peneiras utilizadas deve ter os crivos oblongos, com medidas de 1,75 mm x 20 mm. 

O que passa pela peneira é considerado impureza presente no lote.

Exemplo de peneira utilizada para separar impurezas e matérias estranhas dos grãos de trigo

Exemplo de peneira utilizada para separar impurezas e matérias estranhas dos grãos de trigo
(Fonte: LabGrãos)

O peso das impurezas ou matérias estranhas encontradas na amostra é transformado em porcentagem e feito o desconto do peso do lote.

Cada empresa pode adotar um método de cálculo diferente, mas todas realizam o desconto. Veja um modo de cálculo realizado no exemplo a seguir:

qualidade do trigo, exemplo de método de cálculo

Desse modo, quanto maior a quantidade de impurezas, menor será a qualidade do lote de trigo e, consequentemente, haverá reflexo no preço a ser recebido.

2. Umidade ideal dos grãos 

A umidade é o percentual de água encontrado na amostra do produto já livre de matérias estranhas e impurezas.

Essa umidade é determinada por um método oficialmente reconhecido ou por um aparelho que dê resultado equivalente. 

Ter esse aparelho na propriedade é um bom investimento, pois auxilia na tomada de decisão de colheita de outras culturas além do trigo.

O ideal é sempre realizar a colheita quando a umidade for adequada para operação das máquinas e para comercialização.

Como vimos acima, na classificação do trigo, a umidade ideal é de 13%.

Mas nem sempre é possível realizar a colheita dos grãos nesse percentual devido a impedimentos como excesso de chuva, grandes áreas a serem colhidas, falta de maquinário, etc. 

Desse modo, na comercialização, é considerado o valor da umidade que o lote apresenta.

Assim como para o cálculo de impurezas, o desconto da umidade pode ser realizado de diversos modos, por fórmulas, ou tabelas pré-definidas, dependendo do local em que você comercializa.

Exemplo de tabela utilizada para desconto de impurezas e umidade de um lote de grãos

Exemplo de tabela utilizada para desconto de impurezas e umidade de um lote de grãos
(Fonte: Agais)

Informe-se da metodologia utilizada pelo local onde você entrega para saber realizar o cálculo do mesmo modo.

Veja um exemplo, com uso de fórmula, para calcular o desconto pelo grau de umidade do lote:

qualidade do trigo, exemplo de cálculo do desconto pelo grau de umidade do lote

3. Peso do hectolitro (PH)

Peso do hectolitro ou peso hectolítrico, também conhecido como PH, é a massa de 100 litros de trigo, expressa em quilos, determinado em equipamento específico.

Essa medida é um atributo indireto da qualidade dos grãos de trigo e está relacionada à moagem do cereal.

Assim, o preço pago pelo trigo leva esse fator em consideração, pois é associado também ao rendimento na extração da farinha.

Características dos grãos de trigo, como forma, textura do tegumento, peso e tamanho, além da presença de matérias estranhas e impurezas, estão associadas à determinação do PH.

O peso do hectolitro pode variar em relação à cultivar, porém, valores muito baixos podem indicar problemas, principalmente na época de enchimento dos grãos.

O ataque de pragas e doenças, especialmente na parte aérea e após a formação dos grãos de trigo, diminui o PH, pois afetar diretamente os grãos, o que reduz seu peso.

Há indícios de que, em algumas áreas, o parcelamento da adubação nitrogenada pode favorecer o aumento do peso hectolítrico. Mas isso é dependente também das condições de cultivo, como a disponibilidade de nitrogênio, especificamente, mas também de outros macro e micronutrientes importantes para a cultura, a escolha da cultivar, etc.

Efeito da aplicação de nitrogênio por ocasião do florescimento no peso do hectolitro em duas cultivares de trigo e duas fontes de nitrogênio diferentes

Efeito da aplicação de nitrogênio por ocasião do florescimento no peso do hectolitro em duas cultivares de trigo e duas fontes de nitrogênio diferentes 
(Fonte: Almeida e colaboradores por Embrapa)

Dicas para melhorar a qualidade do trigo 

  • Faça sempre a limpeza da área com herbicidas para que, no momento da colheita, a lavoura tenha poucas plantas daninhas que possam se misturar aos grãos.
  • Regule a colhedora em relação à altura de corte do material, alimentação, trilha e limpeza, para obter o melhor desempenho e para que pouca impureza vá com os grãos. 
  • Atenção ao clima! Verifique o histórico da área para plantar e colher em épocas com ocorrência adequada de chuvas. 
  • Realize um bom planejamento da área, escalonando as semeaduras, para que não necessite realizar a colheita rapidamente em todas as áreas.
  • Fique atento quanto à adubação nitrogenada, principalmente na época de florescimento e perfilhamento. 
  • Controle adequadamente as doenças e pragas, especialmente as que afetam a parte aérea da planta, para evitar perda de peso dos grãos, o que influencia diretamente no PH do trigo.
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Conclusão

Há diversos fatores que influenciam a qualidade do trigo no momento da comercialização.

Realizar um bom manejo da cultura reduz as chances de perdas pós-colheita por descontos, principalmente os relacionados a matérias estranhas e impurezas.

Nem sempre é possível colher com a umidade adequada e, caso isso aconteça, você já saberá fazer o cálculo e saber quanto será descontado.

Além dos 3 fatores citados no texto, outros podem ser considerados no momento da negociação de preços. Então, fique atento para fazer a melhor venda dos seus grãos!

>> Leia mais:

“Como garantir a qualidade durante os processos de secagem e armazenamento de trigo”

“Melhores práticas para fazer o tratamento de sementes de trigo na fazenda”

Restou alguma dúvida quanto aos fatores de qualidade do trigo? Adoraria ler seu comentário!

O que você precisa considerar antes da contratação de um consultor agrícola para sua fazenda

Contratação de consultor agrícola: entenda quais pontos da sua propriedade podem ser melhorados e quais dicas seguir para escolher um parceiro de trabalho ideal!

Produzir não é apenas semear e colher! Há diversos aspectos que precisam ser considerados durante toda a produção.

Mas, às vezes, as 24 horas do dia parecem pouco para tantas tarefas operacionais e administrativas da fazenda, não é verdade?

Contar com a ajuda de um profissional especializado pode representar um ganho de tempo e economia financeira. Só que mudar a forma de gestão nem sempre é tarefa fácil e rapidamente aceita pelos envolvidos.

Pensando nisso, separei alguns pontos que você, produtor, precisa considerar para saber se vale a pena investir na contratação de um consultor agrícola. Confira!

Como a contratação do consultor agrícola pode ajudar?

Vários fatores influenciam a produção agrícola – desde o campo, com mudanças climáticas, até a comercialização, com a volatilização de preços de venda do produto.

O clima sempre foi uma variável na produção agrícola, mas, ultimamente, estão ocorrendo mudanças nos padrões de chuvas e secas. Você precisa observar todos os dias as previsões climáticas, pois chuvas que estavam previstas podem mudar em questão de horas, afetando toda a dinâmica da fazenda.

O preço dos produtos é influenciado pela cotação do dólar, pela oferta e demanda, exportações e agora também pela pandemia, que ocasionou uma variação grande dos preços pagos e recebidos.

Desse modo, é preciso estar diariamente atento aos valores de compra de insumos e venda da sua produção, que a todo momento sofre altas e queda dos preços.

A manutenção de máquinas e equipamentos também tem de ser feita para evitar perda de tempo com implemente parado. É preciso saber a necessidade de reposição de peças no estoque, como está controle do fluxo de caixa e onde estão os maiores gastos.

Fazer também a gestão de funcionários, como pagamento, férias e licenças, além de sempre observar se as equipes estão trabalhando corretamente, como você deseja. Acompanhar o lançamento de novas tecnologias, tanto na área de máquinas e implementos, quanto nos produtos e parte financeira.

Áreas de possível atuação do consultor rural

Áreas de possível atuação do consultor rural 
(Fonte: adaptado de Instituto Agro)

Todo esse trabalho deve ser realizado ou acompanhado por você. Mas o tempo é escasso para todas essas tarefas, não é verdade? É em um ou mais desses pontos listados acima que um consultor pode te auxiliar!

Como saber se preciso de um consultor agrícola?

Antes de contratar qualquer funcionário, você se questiona sobre alguns pontos como:

  • Porque necessito de mais um funcionário? 
  • Qual função ele vai exercer na fazenda?
  • Há algum funcionário na fazenda que pode fazer esse serviço sem contratar outro?
  • Quanto posso pagar para ele realizar determinada função?

Pelas respostas obtidas para essas perguntas, você determina se precisa ou não contratar mais um funcionário para a fazenda. Com o consultor não é diferente. Antes de contratar, você tem de fazer os mesmos questionamentos, com algumas perguntas específicas como:

  • Qual o problema que está me deixando preocupado ou que precisa mudar? 
  • Vou me dedicar para implementar as mudanças propostas pelo consultor?
  • Irei participar ativamente das reuniões e treinamentos, buscando sempre aprender e colocar em prática o aprendizado?
  • Vou ser sincero com o consultor, mostrando todos os pontos fracos e fortes da minha fazenda?
  • Quanto estou disposto a pagar?

E a pergunta principal que você deve fazer e ser verdadeiro consigo mesmo:

  • Estou disposto a ouvir e aceitar mudanças no estilo que gerencio pessoas, operações ou as finanças da fazenda? 

Ao ter as respostas para estas perguntas, você saberá se está pronto e disposto a melhorar alguma ou algumas área de gestão da sua empresa rural

Banner de chamada para portal de consultores agrícolas

O que o consultor vai fazer na fazenda

Existem vários tipos de consultores: alguns são especializados em várias funções, desde o gerenciamento de pessoas até apoio na venda dos produtos agrícolas.

Outros trabalham em áreas mais específicas como implementação de sistemas de produção, assistência para obtenção de crédito ou seguro rural.

Há ainda os que auxiliam na obtenção da certificação de produtos, como selos para cafeicultores, que agregam valor ao produto final, entre outras funções.

O importante é querer aumentar o lucro da fazenda, seja na parte de produção em campo, no galpão, escritório ou organização geral. Assim, quando estiver disposto a aceitar mudanças, procure um consultor que te passe confiança e resultados.

Converse com ele e tire dúvidas como:

  • Qual sua experiência no ramo e quais resultados você já obteve?
  • Como é sua metodologia de trabalho? 
  • Como irei participar dessas mudanças?
  • Quais ferramentas de gestão você planeja utilizar? São ferramentas de fácil acesso e manuseio para que a equipe possa aprender?
  • O que posso esperar dos seus serviços em médio e longo prazo?
  • Qual frequência você virá na fazenda para observar se as mudanças estão ocorrendo como planejado?

Essas perguntas e demais dúvidas precisam ser feitas para o consultor. Assim, você saberá o que esperar.

Outro aspecto importante que necessita destaque é que, na área agrícola, os passos são dados, mas os resultados podem levar tempo, dependendo das mudanças.

Uma safra de soja, por exemplo, pode ficar no campo até 120 dias, então os resultados demoram a ser obtidos. E, do plantio até a colheita, muitos passos devem ser dados para obter uma boa produção.

Assim é com a consultoria! É preciso ter um planejamento conjunto para o início das mudanças e a adaptação com novos sistemas, para, só então, notar os resultados.

O que esperar com a contratação do consultor agrícola

Ao conversar com o consultor, você precisa detalhar suas atividades, assim o consultor saberá qual principal ponto precisa ser trabalhado.

É um trabalho que deve ser de parceria do produtor com o consultor, onde o profissional contratado irá buscar pontos a serem melhorados e ensinar como alcançá-los. 

O consultor, portanto, poderá auxiliar na operação dos funcionários, interagindo com eles, verificando os problemas das operações, capacitando-os e incentivando-os a cuidar das máquinas que utilizam.

Poderá ajudar também na inovação, implantando novas ferramentas agrícolas, seja na área financeira ou operacional.

Pela experiência, o consultor pode identificar pontos de perdas e realizar melhorias, gerando maiores lucros ao final da produção. Além disso, pode ajudar na organização dos seus dados, como fluxo de caixa, estoque de produtos, valores de venda e compra de insumos.

Alguns consultores agrícolas te ajudam na negociação da sua safra, verificando preços pagos e qual margem de lucro pode obter.

Há vários modos de um consultor lhe auxiliar! O importante é saber que precisa de melhorias, aceitá-las e, principalmente, querer realizar as mudanças. Assim, você pode obter o máximo do consultor para fazer crescer sua empresa rural!

ferramenta diagnóstico de gestão agrícola, teste agora

Conclusão

A contratação de consultor agrícola é um auxílio para iniciar melhorias na fazenda, conseguindo melhor organização do trabalho.

Mas você precisa estar disposto a realizar mudanças antes de contratar um profissional do tipo!

Mostramos aqui os vários serviços prestados por um consultor, como apoio na área financeira, administrativa ou operacional da fazenda. Também abordamos as perguntas que vale a pena você se fazer para decidir pela contratação ou não desse profissional.

Caso opte pela consultoria, busque alguém que te passe confiança, aprenda o máximo que puder e não tenha medo de tirar dúvidas. Assim, as chances de uma parceria bem sucedida são maiores!

>> Leia mais:

“Consultora economiza R$ 70 mil em utilização de insumos”

Qual área da sua fazenda você tem mais dificuldade de gerenciar? Já cogitou fazer a contratação de um consultor agrícola para lhe auxiliar? Adoraria ler seu comentário aqui!