Colheita do milho safrinha: mercado e dicas para não errar

Atualizado em 23 de abril de 2021.
Colheita do milho safrinha: entenda como obter melhores resultados na colheita para grãos e silagem; e como anda o mercado para a segunda safra. 

O milho safrinha já foi sinônimo de inferioridade… “safrinha” se referia à baixa produção e à importância que se dava para a segunda safra da cultura do milho no Brasil. Mas parece que o jogo virou, não é mesmo?

Segundo a última estimativa da Conab, a safrinha 2020/2021 apresentará 75,8% da produção total de milho. São 82,6 milhões de toneladas! Um aumento de 10,1% em relação à safrinha passada. 

Isso só é possível por conta de muita competência no manejo da produção e da colheita.

Além disso, com tanto milho sendo produzido, como será que está o mercado?

Preparei este texto com alguns pontos importantes da colheita do milho safrinha para grãos e silagem, além da expectativa de mercado nesse cenário de COVID-19. Confira a seguir!

O milho safrinha

Não é de hoje que a safrinha corresponde à maior produção de milho e área plantada da cultura. Isso porque ela está associada à dobradinha soja-milho, ocupando a maior parte da área liberada após a colheita da soja. 

Com tanto milho sendo produzido, a colheita do milho safrinha deve ser bem feita para colhermos os frutos de tanto trabalho na condução da lavoura. Mas alguns cuidados devem ser tomados. 

Essa época de cultivo do milho já têm maiores riscos devido a piores condições de luminosidade e de chuvas. Porém, neste ano estamos passando por algo inédito: o tal do coronavírus.

Como veremos a seguir, embora o agro não pare e a pandemia não afete o ciclo do milho safrinha, esse novo cenário afeta o mercado.

Expectativa do mercado para a colheita do milho safrinha 2020/21

O mercado do milho está voltado para o que está acontecendo nas lavouras de milho safrinha, principalmente a aspectos relacionados ao clima, já que uma área considerável foi semeada fora da janela de zoneamento para a segunda safra do milho.

O atraso nas colheitas da soja fez com que muitos produtores se arriscassem fora do Zarc (Zoneamento Agrícola de Risco Climático) do milho safrinha. 

Em alguns estados produtores, como no Mato Grosso, 45% da área total de milho safrinha foi semeada fora do período recomendado pelo Zarc.

O clima e os riscos do milho safrinha 2020/21

As incertezas quanto à produtividade da safrinha em 2021 começaram quando estados como Mato Grosso, Paraná e Rio Grande do Sul atrasaram a semeadura da soja, à espera de chuvas em 2020.

Isso acarretou a semeadura do milho safrinha fora do período recomendado pelo zoneamento agrícola de risco climático, em grande parte das regiões produtoras do país. 

Quando semeado fora da janela ideal, os riscos climáticos aumentam, já que o cultivo do milho na safrinha é uma atividade de alto risco.

Contudo, como a área semeada fora da janela do zoneamento é significativa, chuvas que ainda estão por vir podem ser benéficas e garantir menor perda de sacas por hectare nessas áreas.

Histórico das condições hídricas e possíveis impactos sobre as diferentes fases das lavouras de milho segunda safra
Histórico das condições hídricas e possíveis impactos sobre as diferentes fases das lavouras de milho segunda safra

Nota: (PS)=pré-semeadura; (S)=semeadura; (E)=emergência.

Histórico das condições hídricas e possíveis impactos sobre as diferentes fases das lavouras de milho segunda safra
(Fonte: Conab)

Mercado do milho safrinha 2020/21

O mês de março de 2021 foi marcado por recordes nos preços do milho em muitas regiões do país. O aumento ocorreu devido à alta do dólar, a baixa oferta do cereal no mercado spot e de incertezas quanto à produtividade das lavouras de milho safrinha.

Essa incerteza quanto a produtividade da cultura ocorreu devido ao estado do Mato Grosso, maior produtor do cereal no Brasil, ter encerrado a semeadura do milho safrinha com 45% da área total, fora da janela ideal de semeadura

Devido a esse atraso, a cultura vem sofrendo muito com a falta de chuvas e isso pode prejudicar a produtividade das lavouras. Porém, os produtores ainda contam com as chuvas de abril e maio para garantir uma boa safrinha.

No dia 14 de abril, o indicador Esalq/BM&Bovespa (Campinas – SP) alcançou patamares recordes, fechando em R$ 96,92/ sc de 60 kg de milho.

Tendo em vista as incertezas sobre a produção do milho safrinha no Brasil e, principalmente, as previsões climáticas de baixa ocorrência de chuvas, os preços devem se manter altos.

No gráfico abaixo é possível verificar o constante aumento nos preços da saca de milho nos últimos 12 meses:

gráfico com variação do indicador do preço do milho ESALQ/BM&FBOVESPA nos últimos 12 meses - colheita do milho safrinha

Variação do indicador do preço do milho ESALQ/BM&FBOVESPA nos últimos 12 meses
(Fonte: Cepea/Esalq)

Devido ao crescimento exponencial da demanda mundial por grãos, é esperado que os preços do milho permaneçam em alta na safra 2021/2022.

Dicas para uma melhor colheita do milho safrinha 

Planejamento é essencial

Mesmo antes do início da safra, é importante ter um planejamento já preparado.  Qual será o destino da safrinha? Silagem ou venda de grãos? Utilize o tempo ocioso da entressafra para se organizar.

Esse ano está atípico por conta da semeadura fora do período ideal, mas mesmo assim, com um cronograma bem feito, as chances de erro podem ser reduzidas.

Como já vimos, os atrasos na safra de verão podem afetar diretamente a segunda safra do milho.  

Logicamente que tudo depende de São Pedro colaborar com as chuvas, mas um bom plano evita surpresas – inclusive no preço. Veja mais em nosso guia de manejo do milho.

Colha no ponto certo: grãos ou silagem

O ponto correto para a colheita do milho safrinha depende da finalidade de uso e da existência de infraestrutura para secagem dos grãos na propriedade.

Para grãos, a colheita deve ser feita na fase de desenvolvimento R6, na maturidade fisiológica. Esperar demais pode favorecer a infestação de plantas daninhas no final do ciclo e prejudicar a colheita.

Como a umidade de armazenamento é de 13%, devemos colher valores próximos a esse.  Se houver disponibilidade de secadores na fazenda, a janela é maior, podendo realizar a colheita com maior umidade. 

Se o objetivo é a produção de silagem, a colheita deve ser realizada quando a matéria seca estiver entre 30% e 35%. Valores fora desse limite dificultam o processo e prejudicam a qualidade da silagem.

Dica extra: a tal da linha do leite não correlaciona muito bem com a matéria seca da planta, um dos principais parâmetros para a ensilagem. Por isso, não é o melhor critério para se usar – pode dar certo, mas pode dar errado. Com a matéria seca não tem erro!

Regule bem as máquinas 

Para o milho em grão, a velocidade de rotação do cilindro e o espaçamento entre cilindro e côncavo devem ser ajustados de acordo com a lavoura e a umidade dos grãos no momento da colheita.

Os danos e as perdas são geralmente menores em rotações mais baixas e com umidade dos grãos inferior a 16%.

Para silagem, um aspecto importante é o tamanho da partícula. Isso depende do maquinário utilizado para colheita e também da categoria animal que vai alimentar. 

Em geral, recomenda-se um tamanho médio próximo a 10 mm para máquinas acopladas ao trator e de até 17 mm para automotrizes.

Conclusão

Durante o texto, pudemos acompanhar os aspectos mais marcantes do mercado e para uma boa colheita do milho safrinha.

Vimos a importância do planejamento do ano-safra como um todo, pois atrasos na semeadura impactam diretamente nos riscos e produtividade da safrinha.

A semeadura da safrinha fora do período recomendado pelo zoneamento e as condições climáticas desfavoráveis podem afetar a produção de milho este ano.

Desse modo, há muitas incertezas no que há por vir e, por isso, o mercado está receoso e os preços altos. 

Impactos e perspectivas do novo coronavírus no agronegócio

Coronavírus no agronegócio: confira as principais notícias do setor, as perspectivas do mercado e uma solução para sua gestão. 

O agro não vai parar! Isso é fato, até porque os negócios rurais alimentam o mundo e fornecem matéria-prima para diversos produtos que fazem a economia girar. 

Mas entre tantas incertezas após a chegada do Covid-19, todos ficam apreensivos sobre os próximos acontecimentos e como isso será refletido no mercado. 

Para auxiliar produtores e profissionais rurais, selecionamos as principais informações sobre os impactos e perspectivas durante e após o coronavírus no agronegócio. Confira a seguir!

Logísticas e exportações 

Mesmo com incertezas futuras, os mercados internos e externos de soja, por exemplo, continuam trabalhando com otimismo. 

Isso porque o dólar se valorizou diante das mudanças no cenário econômico mundial e, como resultado, os preços da oleaginosa subiram. 

A demanda chinesa permanece nos portos brasileiros e pretende superar as expectativas de exportações em abril e, ainda, de acordo com o Canal Rural, deve ser assim durante todo o primeiro semestre do ano. 

Essa valorização também se mantém para outras commodities agrícolas como o milho e o café.  

Esse cenário tende a mudar naturalmente no segundo semestre de 2020, por conta de acordos comerciais norte-americanos. 

coronavírus no agronegócio

(Fonte: Canal Rural)

Os produtores podem continuar otimistas? 

Recentemente conversamos sobre este momento com o Francisco Jardim, sócio-fundador da SP Ventures (referência na condução de investimentos em Venture Capital no Brasil e focada em promover o crescimento de negócios inovadores no agronegócio). 

No bate-papo abordamos os cenários dos mercados financeiros e da economia mundial para os produtores e que o otimismo depende da situação de cada negócio rural. 

“Para quem já vendeu e garantiu margem, esse não será um grande desafio, mas a preocupação é o planejamento para a próxima safra. Num cenário de crise, a regra do jogo é liquidez”, relata o especialista. 

Outro assunto comentado durante a conversa é que um dos setores mais atingidos e preocupantes é o da cana – mercado de açúcar e álcool – por conta da queda do preço do petróleo.  

Outro setor de atenção é o de algodão – mercado de fibra, o de flores e plantas ornamentais e também o de hortaliças e frutas por conta da mudança de alimentação.

Entretanto, os cereais estão sendo vistos com bons olhos como já citado acima.

Obrigatoriedades: IR, LCDPR e Crédito Rural

Uma das medidas adotadas pela Receita Federal e seguindo a recomendação de isolamento social da Organização Mundial da Saúde (OMS) foi a prorrogação das obrigatoriedades que aconteceriam em abril. 

A entrega final da declaração do Imposto de Renda de pessoa física, assim como do Livro Caixa Digital do Produtor Rural (LCDPR) serão até o dia 30 de junho de 2020.

É um fôlego a mais para produtores e empresários rurais buscarem os documentos necessários, mas atenção: não deixe para o último momento! 

Sobre o Crédito Rural, no último dia 07 de abril foi sancionado a chamada MP do Agro (Lei 13.986/2020) que amplia o acesso ao financiamento agrícola, expandindo recursos e reduzindo taxas de juros. 

A medida provisória prevê: 

  • Fundo Garantidor Solidário (FGS) – troca de aval entre produtores para dar garantia às empresas, bancos e tradings. 
  • Patrimônio Rural em Afetação – permite ao proprietário rural oferecer parte de seu imóvel como garantia nos empréstimos rurais.
  • Além de equalização de taxas de juros para instituições financeiras privadas, entre outras operações. 

Segundo o especialista, Francisco Jardim, o ideal agora é analisar como está a saúde financeira da fazenda e a gestão para se devolver e evoluir.

Mudança de hábito dos consumidores 

O isolamento social na maioria das cidades brasileiras levou a uma mudança no dia a dia e, sobretudo, na alimentação das famílias. 

E assim também aconteceu com o consumo de carnes, por exemplo. Nos últimos dias, o preço do boi gordo caiu por conta da pressão dos frigoríficos sobre os pecuaristas e como divulgado pelo Canal Rural, apesar dessas projeções o cenário ainda se mantém incerto. 

Por isso, o momento também é de adaptação dentro e fora da porteira para garantir liquidez e trabalhar com produtos que podem ser menos afetados durante a crise.

“Essa crise tem um impacto devastador na demanda e no consumo de formas diferentes, causando uma ruptura na cadeia de suprimentos”, destaca Fernando Jardim.

Como se proteger e cuidar da gestão rural?

“Quem tiver o controle da gestão e uma boa saúde financeira de seu negócio, provavelmente sairá melhor desta crise” ressaltou Francisco Jardim, sócio-fundador da SP Ventures. 

Cuidar do fluxo de caixa, mapear 100% despesas, entender o que pode ser cortado e saber exatamente como está a saúde financeira da fazenda é essencial. Assim, as plataformas que ajudam na gestão do campo ganham ainda mais importância nesse período.

“A melhor forma de disseminar a gestão é via ferramentas tecnológicas, este é o diferencial. Em um cenário de crise, o produtor deve olhar suas operações e saber onde está ganhando, onde está perdendo, se é o momento de investir em agricultura de precisão e como estão seus investimentos, a compra de insumos, etc.”

Isso é possível com um software de gestão, que torna todo o processo e análise mais fácil!

Procurando um aplicativo de gestão? Conheça o Aegro!

O Aegro já ajudou mais de mil produtores rurais a melhorarem a gestão da sua fazenda e tem mais 1,5 milhão de hectares cadastrados.

O aplicativo une as áreas operacional e financeira da fazenda para dar ao produtor uma gestão eficiente da propriedade rural. 

Desenvolvido com ajuda de produtores e agrônomos para se adaptar à rotina no campo, o Aegro é fácil de usar e pode ser utilizado pelo computador ou celular, com cadastro de atividades e consulta de estoque pelo aplicativo mobile, mesmo sem internet.

No final do ciclo produtivo, o Aegro oferece uma análise detalhada sobre os custos de produção e a rentabilidade de cada talhão.

Desta maneira, o produtor pode entender o que deu certo ou errado no plantio e otimizar os processos da sua lavoura.

Com ele sua equipe pode:

  • Planejar, controlar e registrar atividades diretamente do campo, mesmo sem internet;
  • Mapear e medir áreas dos talhões;
  • Registrar observações com geolocalização e fotos;
  • Controlar os abastecimentos e as manutenções de máquinas;
  • Registrar leitura de pluviômetros e acompanhar a quantidade acumulada de precipitação na safra;
  • Realizar o monitoramento de pragas e doenças (MIP);
  • Gerenciar o fluxo de caixa, visualizando contas a pagar e cadastrando novas despesas;
  • Consultar o estoque da fazenda;
  • Trabalhar de forma integrada, com acesso simultâneo ao aplicativo.
aegro

É possível testar o aplicativo de gestão agrícola Aegro de forma gratuita, por meio de:

Boas práticas de prevenção

Além de cuidar da saúde de seu negócio, os produtores devem estar atentos à prevenção do Covid-19 no campo. 

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) alerta para os cuidados necessários, reforçando medidas de higiene em todas as etapas da produção. 

São mais de 15 milhões de pessoas que trabalham nos estabelecimentos agropecuários do Brasil (segundo IBGE) e por ser considerado linha de frente e atividade essencial neste momento, os profissionais do agro não podem ficar em isolamento social assim como a grande parte da população. 

Mesmo que as regras higiênicas-sanitárias já são conhecidas pelo produtores, vale lembrá-las principalmente para a circulação de mercadorias, logística e entradas e saídas dos colaboradores da fazenda. 

Veja abaixo as recomendações gerais do Mapa:

  • Lavar, com frequência, as mãos, braços e rosto com água e sabão;
  • Aplicar, frequentemente, e sempre que necessário álcool gel nas mãos;
  • Aumentar a frequência de desinfecção das superfícies de contato de veículos, seja volante do trator e ou câmbio, painel e maçanetas de carros;
  • Manter a distância segura (cerca de 2 metros) entre pessoas nos locais de descanso e evitar aglomerações.

Conclusão 

Vimos que todos os setores do agro estão em oscilações por conta da pandemia do coronavírus que atinge o mundo todo. Alguns setores são mais preocupantes e outros ainda se mantêm em evolução, como os grãos e cereais. 

Portanto, quem saber cuidar de sua gestão, de forma digital e remotamente, com certeza se sairá melhor durante e após os impactos do Covid-19. Para isso, um bom aplicativo de gestão fará toda a diferença.  

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Qual a relação entre clima e agricultura?

Relação entre clima e agricultura: entenda a seguir sobre os principais fatores climáticos que influenciam nas nossas lavouras.

Não tem como falarmos de agricultura sem falar do clima. Quase tudo o que acontece no ambiente agrícola depende direta ou indiretamente dele.

É só analisar as práticas agrícolas de plantio e colheita, por exemplo. Só se realiza o plantio se houver condições climáticas ideais para aquela cultura se desenvolver. 

Já quando falamos de colheita de campos de produção de soja ou milho, o ideal é que no final do ciclo não haja oscilações na umidade do grão. Isso é mais garantido quando essa etapa coincide com épocas mais secas.

Veja neste artigo a relação entre clima e agricultura no plantio e na colheita, além dos impactos das mudanças climáticas e ferramentas para um planejamento agrícola de precisão.

Como o clima pode interferir na atividade agrícola?

O clima é fundamental para a agricultura, pois dele dependem a maioria das práticas agrícolas.

Um dos principais fatores que são influenciados pelo clima é o zoneamento agrícola. Todas as culturas possuem um para a sua produção.

Em um zoneamento agrícola são levados em consideração o clima, o solo e o ciclo das cultivares a fim de definir os riscos climáticos envolvidos na condução das lavouras que podem ocasionar perdas na produção agrícola. 

A temperatura e a umidade são os fatores que mais podem afetar a produtividade das lavouras. 

Isso porque cada cultura tem uma condição específica na qual se desenvolve melhor e, que não depende apenas da estação do ano mais adequada para aquele cultivo, mas sim da temperatura e precipitação mais favoráveis.

Assim, é muito importante saber relacionar os dados que temos em mãos, para tomar a melhor decisão sobre os tratos culturais como plantio, irrigação e a colheita.

Zarc Embrapa

Zoneamento agrícola da cultura de milho realizado pela ferramenta Zarc
(Fonte: Embrapa)

Relação entre clima e agricultura: Clima ideal para plantio

Como vimos, cada cultura tem uma condição ideal para que sua germinação, emergência e desenvolvimento ocorram da melhor forma possível.

Para o milho, por exemplo, a melhor temperatura para germinação está entre 32 e 35°C, já para a soja, esta temperatura é de 32°C

Lembre-se que temperatura e umidade são fundamentais para a germinação das sementes, pois quanto mais tempo demorar para a semente germinar, mais sujeita ela estará a condições adversas.

A soja se desenvolve melhor em regiões onde as temperaturas ficam entre 20 e 30ºC, com temperatura ideal para o desenvolvimento em torno de 30°C. 

Já, quando pensamos nas exigências hídricas das culturas, nos referimos à quantidade de água que a cultura precisa durante todo o seu ciclo.

Para soja, por exemplo, a demanda hídrica fica entre 450 e 850 mm, dependendo das variações do clima. Para a cultura do milho, este valor fica ao redor de 650 mm.

Vale lembrar que a quantidade de água é importante, porém, ela precisa acontecer nas épocas adequadas, de acordo com a exigência da cultura.

>> Leia mais: “Como ocorre e quais os efeitos do estresse hídrico nas plantas”

Relação entre clima e agricultura: Clima ideal para colheita

A colheita de grãos como a soja e o milho deve ocorrer na época adequada.

O principal fator que leva a perdas nestas culturas é a umidade do grão. Em soja, os grãos devem ser colhidos com umidade entre 13% a 15%.

Entendemos esse fator como o ponto de colheita ideal, pois a partir deste momento os grãos estarão sujeitos a perdas. 

Caso seu objetivo seja a produção de sementes de soja, este fator é ainda mais importante, pois a partir do momento que se atinge a maturidade fisiológica e que o ponto de colheita é alcançado, as sementes ficam sujeitas às adversidades do clima, o que pode reduzir viabilidade e vigor.

Assim, em torno de 15 dias antes da colheita, comece a monitorar a umidade da semente e quando atingir 15% você já pode iniciar.

Para a colheita, dê preferência ao período da manhã, pois é quando se tem temperaturas mais amenas e a umidade do ar mais elevada, ajudando a reduzir as perdas.

Como a seca interfere na agricultura

A falta ou excesso de água prejudicam todas as culturas. Porque assim como vimos, cada etapa da cultura necessita de uma quantidade de água ideal.

A água é um fator fundamental em todas as etapas, desde a germinação até a maturação das sementes.

A falta do recurso natural no início do plantio pode afetar a germinação das sementes, pois a quantidade deve ser suficiente para todo o processo de embebição, ativação da respiração, indução do crescimento e protrusão da raiz primária. 

Por outro lado, a falta de água durante o desenvolvimento da planta reduz a área foliar, a taxa fotossintética, que por consequência leva a um menor acúmulo de fotoassimilados e ao menor desenvolvimento das sementes. 

Como resultado, a ocorrência de seca durante o florescimento das culturas leva à redução do número de sementes.

Impacto das mudanças climáticas na agricultura

Alguns estudos já foram e outros estão sendo realizados para analisar os impactos econômicos das mudanças climáticas na agricultura.

Esses estudos mostram a redução de produtividade das principais culturas afetadas pelo aumento da temperatura ou alteração no ciclo da água.

No caso do milho, o principal fator é o menor período para o enchimento dos grãos. Já no caso da soja, as perdas são relacionadas ao menor ciclo de cultivo, reduzindo também o período de enchimento de grãos.

Veja nas tabelas abaixo o impacto das mudanças climáticas nas atuais áreas de “baixo risco” adequadas ao cultivo.

relação entre clima e agricultura

RECE – Relatório Especial sobre os Cenários de Emissões
(Fonte: Margulis et al., 2010)

relação entre clima e agricultura

(Fonte: Banco Mundial)

Planejamento climático de precisão

Depois de tudo que vimos neste artigo, sabemos como é importante fazer o planejamento da lavoura levando em consideração as condições climáticas.

Para isso, deve-se alinhar cada vez mais o clima com a agricultura, contando com ferramentas que auxiliem na tomada de decisão.

Hoje, já é possível ter acesso a diversas informações sobre o clima de sua propriedade. Você pode usar diversos aplicativos para isso, como por exemplo, o Aegro que é integrado com o Climatempo. 

No software de gestão rural, além de ter o controle das operações da fazenda, é possível ter acesso aos seguintes dados meteorológicos:

  • Previsões de 24h (temperatura, velocidade e direção do vento);
  • Previsões de 15 dias (janela de pulverização, temperatura, probabilidade e precipitação de chuva, umidade e evapotranspiração, vento e rajada);
  • Históricos de 1 mês (pluviométrico, precipitação e precipitação acumulada).
Integração Climatempo Aegro

Com essa integração do Aegro, é possível gerar uma série de relatórios

checklist planejamento agrícola Aegro

Conclusão

Durante o texto, você pode acompanhar as principais relações entre o clima e a agricultura.

Vimos que as condições climáticas afetam as práticas culturais e como mudanças climáticas poderão causar prejuízos dependendo da cultura. 

Cada vez mais o planejamento da lavoura é essencial, passamos da fase de estações ideais para o plantio e agora a análise de cada dado coletado é fundamental para as tomadas de decisão. 

>> Leia mais:

Como prevenir a perda de grãos por geada

“A influência da lua na agricultura: verdades e mitos”

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Como fazer um contrato de hedge e como ele pode assegurar sua rentabilidade

Contrato de hedge: diferentes modalidades e outras informações para que você negocie sua safra utilizando mercados futuros.

Quando chegar a época de vender os produtos, com muita oferta no mercado, certamente os lucros serão menores.

Se os preços de mercado estão abaixo do esperado, uma operação de hedge pode evitar essa dor de cabeça.

O hedge é uma proteção de preço das mercadorias. Assim, as oscilações das commodities, de acordo com a oferta e demanda, podem ser reduzidas e fixadas no contrato de hedge.

Saiba como fazer um contrato de hedge, garantir que os valores fixados sejam válidos para um período futuro e muito mais!

O que é hedge?

O significado da palavra hedge, no âmbito da economia, quer dizer uma transação compensatória visando proteger contra prejuízos na oscilação dos preços. Em outras palavras, podemos dizer que o instrumento de hedge é uma proteção cambial quando estamos trabalhando com mercado futuro.

Por meio do hedge é possível negociar produtos agrícolas a um determinado preço previamente fixado até determinada data futura.

Quando negociamos commodities, especialmente as agrícolas, o hedge para o produtor pode auxiliar no preço de venda futura, de modo que os custos de produção sejam cobertos pelo valor previamente fixado.

O que é um contrato de hedge: diferentes tipos

A modalidade de hedge em commodities é a mais antiga de todas. Frente à segurança e garantia dos preços em data futura, essa ferramenta tornou-se muito popular.

Antes de existir o hedge, investidores e produtores ficavam à mercê das variações de preços do mercado à vista.

A operação de hedge é datada do século 19. E, já nessa época, os produtores necessitavam fixar os preços das commodities com segurança para suas produções.

Dessa forma, mesmo que a bolsa de valores opere em alta ou baixa, os preços acertados no momento do hedge garantem que aquele valor seja recebido no momento futuro.

Com o crescente aumento de investimentos na bolsa de valores, a operação de hedge foi se popularizando para se evitar maiores perdas de capital, como havia ocorrido durante a crise de 1929.

Contrato de hedge com dólar futuro

Uma das modalidades pode ser a realização de um hedge cambial. Como o dólar é uma moeda forte no mercado mundial, ela geralmente acontece frente às demais moedas estrangeiras.

Em momentos de incertezas, sejam elas políticas, mercadológicas ou outras, a procura por dólar é grande. Com isso, consequentemente, temos sua valorização.

A compra de contratos futuros de dólar, com intuito de hedge, acontece geralmente por pessoas ou empresas que negociam mercadorias nessa moeda e cujo mercado oscilante de altas e baixas nos preços podem inviabilizar suas transações.

Um exemplo de hedge dessa modalidade pode ser a compra de uma máquina agrícola importada. 

Supondo que nos EUA a máquina custe US$ 90 mil. Com o dólar cotado a R$ 3,50 e o contrato futuro acertado com vencimento para 90 dias, uma alta valorização da moeda americana poderia inviabilizar o negócio no futuro.

Se o dólar chegar a R$ 4,50, o valor a ser pago pela máquina seria de R$ 405 mil. 

Com o hedge, esses valores da cotação da moeda americana são fixados a R$ 3,50 para o pagamento em data futura, garantindo certa proteção às negociações indexadas a esta moeda.

Hedge em commodities

Como já  comentado, o hedge em commodities funciona da seguinte maneira: o produtor agrícola compra ou lança contratos futuros com os preços desejados para vender sua mercadoria na data futura.

Assim, os produtores conseguem fixar valores para receber em cotações que cubram custos de produção e propiciem margem de lucro.

Se não fosse feito o contrato de hedge, a escassez da commodity no mercado causaria aumento do preço. Já a grande quantidade da commodity no mercado causaria quedas nos preços.

Com o hedge, a cotação do preço da commodity negociada permanece fixa na data futura de entrega da mercadoria. Isso evita que a oferta/demanda causem flutuações nos preços, podendo acarretar perdas que não cobririam os custos de produção.

Atualmente, é possível realizar previsões de produtividade das safras futuras e os produtores que conseguem predizer esses volumes com certa assertividade já podem estipular os valores de venda dessa safra futura. 

contrato de hedge

Fonte: (Euro Dicas)

Com os custos de produção bem analisados, é simples realizar um hedge e fixar um valor de venda futura da safra que, além de arcar com os custos, ainda trará certa margem de lucro ao produtor.

Na modalidade de hedge em commodities há o hedge de compra e venda de contratos futuros, como veremos a seguir:

Hedge de compra de contratos futuros de commodities

Basicamente, o hedge de compra é realizado por quem necessita da aquisição do produto e se compromete a pagar o valor combinado numa determinada data futura.

A preocupação principal é o aumento dos preços nesse meio tempo que, se ocorrer, pode comprometer os lucros.

Hedge de venda de contratos futuros de commodities

O hedge de venda de contratos futuros é realizado geralmente pelo responsável que irá produzir as commodities. Ele se compromete a entregar a quantidade acertada no contrato de hedge, na data futura, pelo valor previamente determinado.

A preocupação principal nesse caso é a queda dos preços nesse meio tempo que, se ocorrer, pode comprometer seus lucros. Vamos conversar um pouco mais sobre hedge de compra e venda?!

Hedge de compra e venda

Dentro do hedge, especialmente agrícola, existem diversas maneiras de negociar e fixar os preços futuros das commodities.

Nesse caso, uma das modalidades é o hedge de compra e venda, buscando sempre a proteção do preço para ambas as partes.

Quem compra a mercadoria agrícola a futuro prazo garante o valor fixado na data de vencimento previamente combinada, prevenindo-se contra disparadas de preço no mercado.

Quem vende a futuro prazo encontra-se na mesma situação, pois garante que irá receber sua mercadoria agrícola pelo valor previamente combinado na assinatura do hedge. Assim, previne-se de eventuais desvalorizações do mercado.

Exemplificando: em um contrato de  hedge de venda, se uma saca de 60 kg de milho produzida na fazenda custa R$ 15,00/ha, em uma operação de contratos futuros de milho, com vencimento para o ano seguinte, será cotado a R$ 30,00/saca.

Cultura da soja e milho podem ter preços assegurados por contrato de hedge

(Fonte: AgRural)

Com esse contrato de hedge realizado, teremos um lucro na propriedade de R$ 15,00/saca garantido.
Se no vencimento do contrato de hedge, no ano seguinte, a oferta de milho no mercado for alta e o preço pago for de R$ 20,00/saca, haveria uma diferença no lucro de apenas R$ 5,00/saca.

Ambas as partes, seja quem está comprando ou quem está vendendo, devem se planejar e fixar um preço que conseguirão pagar e entregar as mercadorias no futuro.

A ideia do hedge é neutralizar boa parte do risco envolvido nas negociações, especialmente quando o mercado é regido pela lei da oferta e demanda e os preços das commodities podem flutuar de acordo com mercado mundial.

Hedge com opções

O mercado de opções funciona parecido com um seguro. As opções estabelecem limites de preço para a compra ou para venda dos produtos futuros.

As opções dão direito ao comprador da aquisição da mercadoria a um valor limite previamente negociado, mesmo que na data da compra o produto esteja com valor muito mais alto.

As opções de venda funcionam de maneira semelhante, dando direito ao titular de vender as mercadorias a um valor limite, mesmo se o preço atual de mercado for mais baixo.

O mercado de opções é um ambiente onde são negociados direitos de compra e venda das ações.

Porém as opções não são necessariamente obrigação de utilizá-lo! Como o próprio nome já indica, ele permite o direito de execução ou não. 

O hedge com opções é utilizado com intuito de proteção dos valores acordados devido aos riscos de oscilação de preço. 

Como fazer um contrato de hedge

Primeiramente, é necessário uma estratégia de comercialização da safra, pensando em quem deseja realizar um hedge.

Vou vender toda minha safra? Irei vender parte da minha safra e armazenar outra parte?

Decidido o montante a ser negociado, a próxima etapa é o acompanhamento dos preços nas bolsa de mercado futuro.

Aqui no Brasil temos a BM&FBovespa e em Chicago temos a CBOT.

contrato de hedge

Fonte: (SUNO CBOT)

A próxima etapa é a realização do hedge propriamente dito. Porém, não é possível negociar diretamente nas bolsas de mercado futuro. É necessário abrir uma conta em uma corretora que opera nessas bolsas.

Atualmente, tudo isso é feito online e, de uma maneira bem simples, é possível começar a negociar seus produtos.

Hoje, algumas tradings e corretoras também podem realizar o hedge para os produtores, facilitando essas negociações.

Divulgação do kit de 5 planilhas para controle da gestão da fazenda

Conclusão

Neste artigo falamos a respeito das operações com mercado futuro, especificamente as operações de hedge.

Como meio de proteção e garantia de preços negociados em data futura, o hedge pode ser uma excelente opção aos produtores, seja para compra ou venda.

Você também pôde entender o que é e como funciona o hedge. E é vital para o seu sucesso ter os custos de produção da safra, bem como conhecer o potencial de produtividade da fazenda.

Aproveite estas informações e pense no hedge como mais uma opção para negociar a safra utilizando mercados futuros!

>> Leia mais:

Tudo sobre barter: Garanta o sucesso do seu negócio rural
3 maneiras de lucrar mais com um software de gestão agrícola
Barter de Milho: Como começar e como melhorar suas negociações

Você já realizou alguma vez um contrato de hedge? Restou alguma dúvida? Adoraria ver seu comentário abaixo!

O que você precisa saber para fazer sua melhor venda de grãos

Venda de grãos: o que e como fazer para comercializar no momento certo e ter a melhor negociação de seus grãos

Em todas as safras a dúvida é sempre a mesma: será que será possível vender os grãos por um preço bom? Como qualquer produto, as movimentações de compra e venda no mercado refletem diretamente nos preços agrícolas. 

Quanto maior a produção de um produto agrícola específico (maior oferta), menor fica o preço de venda. E isso pode se refletir em baixo lucro ou até em prejuízo para o produtor.

Neste artigo, vamos mostrar algumas dicas de comercialização agrícola e como o planejamento pode ser essencial para garantir mais lucro! Boa leitura!

Quando fazer a venda de grãos para ter mais lucros?

Normalmente, há uma tendência de vender grãos quando o preço tem um leve aumento no mercado. Mas será que essa realmente é a melhor estratégia? A palavra chave para a comercialização de grãos com sucesso é: cautela. 

Você deve entender quais fatores interferem na variação de preços dos grãos e acompanhá-los. Hoje, somente observar os fatores econômicos e as oscilações da bolsa de valores não é suficiente para obter sucesso na venda de seus grãos. 

Conhecer e acompanhar os principais países produtores também é muito importante!

Além disso, é fundamental ter um consultor agrícola de confiança que indique, por meio de experiência e análise do cenário atual, qual é o melhor momento para vender.

Quais fatores influenciam mais os preços de mercado de grãos?

Existem diversos fatores que podem modificar o preço de commodities agrícolas. Normalmente, os preços são estimados pelo que se chama de mercado futuro. Ele é a indicativa das previsões de valores para um determinado produto nos meses seguintes.

Como toda previsão, ela é influenciada por diversos fatores que, no momento de venda, irão definir o preço atual do produto no chamado mercado físico. Abaixo, citamos alguns dos pontos mais importantes.

Área plantada/produção de outros países

A estimativa ou realidade de produção de outros países com potencial de produção alto podem influenciar o preço dos grãos. No caso da soja, os maiores produtores mundiais são Brasil, EUA, Argentina, China e Índia. 

Já no milho, o ranking engloba EUA, China, Argentina, Brasil e União Europeia.

Por exemplo, uma redução na área plantada de milho nos EUA tende a gerar uma ideia de diminuição de oferta no longo prazo, afetando tanto preços atuais como futuros.

Quebras de safra

Ao início das safras, é feita uma previsão de produção total em cada país, de acordo, principalmente, com a área plantada. Essa estimativa vai sendo avaliada e atualizada ao longo da safra.

Condições como ataques de doenças ou pragas e questões climáticas podem causar quebras de safra e diminuição bruscas nessas produção. Isso acaba afetando a oferta e alterando preços.

Estoques mundiais

Os estoques mundiais de cada commodity é um dos fatores de maior impacto nos preços. Eles influenciam diretamente na oferta do produto. Maiores ofertas tendem a diminuir preços de mercado, enquanto menores ofertas valorizam o preço de venda do produto.

Mercados consumidores

Em combinação com a oferta do produto, a demanda também é outro fator definidor dos preços de grãos. Ela depende das condições econômicas e interesses de países compradores.

Para a soja, os maiores consumidores mundiais são a China e a União Europeia, enquanto para o milho são Estados Unidos e China. Os maiores mercados para exportação brasileira são a China para a soja e a União Europeia para o milho

Políticas de juros, de exportação/importação e cotação do dólar

A definição de taxas de juros e dos valores sobre importação e exportação também alteram o preço final dos produtos. Além disso, têm papel crucial na definição dos custos de produção das culturas, principalmente pelo preço de fertilizantes importados.

Taxas mais altas de importação visam, normalmente, fortalecer o mercado interno. Entretanto, elas podem causar aumento de preços de alguns insumos que são obrigatoriamente importados.

Taxas de exportações mais baixas tendem a ser mais interessantes para compradores, causando maior volume de vendas. Além disso, a cotação do dólar acaba influenciando os preços nos mercados internacionais, por ser a moeda usada como base.

Condições inesperadas

Algumas condições alteram sobremaneira os preços de produtos agrícolas, mas nem sempre são esperadas. Recentemente, tivemos dois exemplos bastante marcantes com a pandemia mundial e a guerra entre Rússia e Ucrânia.

Mercado do milho

Situação atual

Os preços do milho vêm observando uma constante baixa, desde os preços recordes atingidos entre o final de 2021 e 2022 quando ultrapassou os R$ 100/saca. Em março de 2023, alguns pontos influenciaram os preços da commodities no mercado internacional:

  • Nos EUA, a safra de grãos será plantada entre abril e maio e a área destinada ao grão pode impactar os preços. Há uma tendência de que haja crescimento nas áreas de milho em comparação à safra passada;
  • Houve anúncio de estoques de milho dos EUA que esteve abaixo do esperado;
  • Iniciou-se a colheita do milho na Argentina, com estimativas de redução de cerca de 30% na produção esperada para o país nesta safra;
  • O Brasil avançou no plantio da safrinha, apesar do atraso devido ao acúmulo de chuvas e atraso na colheita da safra de soja;
  • Houve uma aceleração das exportações brasileiras de milho, apesar do mercado estar com foco na venda da produção da safra de soja;
  • Há incerteza sobre a continuidade das exportações de milho da Ucrânia pelo acordo do Mar Negro, devido ao conflito com a Rússia.

O valor atual do preço do milho para venda em maio/2023, na bolsa Chicago, é de US$ 6,53/bushel. Esse valor equivale a cerca de R$ 78/saca. No Brasil, o indicador de mercado físico Esalq/B3 é de R$ 82,40/saca, no Porto de Paranaguá.

Previsões futuras

As condições climáticas da safrinha de milho brasileira irão influenciar os preços futuros, bem como o potencial de produção da safra nos EUA. Nesse momento, os EUA podem assumir protagonismo nas exportações por terem estoques maiores que outros países. 

Porém, as exportações brasileiras seguem aquecidas. No Brasil, a tendência é de uma forte pressão de queda nos preços da commodities, motivadas pela previsão de boas condições durante a safrinha e aumento da oferta.

venda de grãos
(Fonte: Canal Rural)

Mercado da soja

Situação atual

Os preços da soja, assim como no milho, vêm observando queda após período de valores recordes em 20221 e 2022, quando ultrapassou os R$ 200/saca. Em março de 2023, os pontos que mais influenciaram os preços da soja no mercado internacional foram:

  • Definição das áreas destinadas a cada plantio nos EUA, com previsão de aumento da área de milho em relação à soja na safra que será plantada a partir desse mês;
  • O final da colheita atrasada no Brasil, principalmente devido às condições de chuvas constantes nas regiões produtores na época da safra, causando aumento da oferta instantânea no mercado;
  • Previsão quebra de safra na soja Argentina, devido a eventos de seca;
  • Incertezas na definição de taxas de juros pelo governo brasileiro, causando instabilidades nas previsões de marcadores econômicos como o PIB e a inflação;
  • Anúncio de greve dos trabalhadores do sindicato de inspetores de grãos na Argentina, podendo influenciar a capacidade de exportação do país vizinho.

O valor atual do preço da soja para venda em maio de 2023, na bolsa Chicago, é de US$ 15,19/bushel. Esse valor equivale a cerca de R$ 170/saca. No Brasil, o indicador de mercado físico Esalq/B3 é de R$ 155,83/saca, no Porto de Paranaguá.

Previsões futuras

As condições climáticas para a safra norte-americana e a possível influência do El Niño nessas condições será um indicador dos preços futuros da soja. Ainda no cenário mundial, deverá haver nova comunicação sobre os resultados da safra da Argentina e do Brasil.

Isso também pode impactar os preços. Com a tendência da manutenção de alta nos preços de venda do farelo de soja, há esperança de que isso ajude a manter os preços dos grãos. 

No cenário brasileiro, espera-se que uma possível alta no dólar e diminuição da oferta da Argentina possam causar uma pequena elevação nos preços, no curto prazo.

Como vender melhor os grãos?

Existem inúmeras formas para obter mais rentabilidade na venda de grãos. E a diversificação dessas modalidades de comercialização pode diminuir seus riscos. Confira as principais operações para a venda de grãos:

Barter 

O termo barter significa “troca”. De forma prática, consiste em uma modalidade que envolve a troca dos grãos por insumos em geral. Esse tipo de negociação acontece com antecedência e não envolve dinheiro.

Hedge

O termo hedge significa “proteção”. Nessa modalidade, os preços são fixados antes da venda, também chamado de operação a termo. O objetivo dessa forma de comercialização é proteger o valor dos grãos devido à grande instabilidade do mercado.

Pré-fixação 

Nessa modalidade, o produtor negocia os grãos com alguma cooperativa ou empresa e “trava” preços. Normalmente entrega fisicamente o produto.

venda de grãos
(Fonte: Dinheiro Rural)

Venda a fixar 

Nessa modalidade, o comprador antecipa o pagamento, mas são descontados juros até a entrega dos grãos. A diferença entre o valor antecipado e os juros aplicados vira a remuneração do produtor rural. 

Essa modalidade não é muito indicada, pois não dá muito lucro ao produtor. Então, fique atento se vale a pena de acordo com as características do seu negócio rural.

Pré-pagamento

Nessa modalidade, o comprador paga os grãos com antecedência e os entrega pessoalmente. Nessa modalidade também existe cobrança de juros. 

Além dessas modalidades citadas acima, conhecidas como “mercados futuros”, vamos citar algumas outras opções que se enquadram em pré-pagamento:

Comercialização via cooperativas

Essa modalidade irá possibilitar ao produtor o desenvolvimento de um negócio integrado, facilitando o planejamento. Apesar de algumas vantagens na compra de insumos, nessa modalidade você tem menor liberdade na escolha de compradores e fornecedores. 

Comercialização via Tradings e Corretoras 

São as instituições as responsáveis pela negociação tanto nacional quanto internacional. Elas vão facilitar os processos de negociação e chegar a alternativas boas para os produtores e compradores. Contudo, elas cobram uma porcentagem para isso.

Internet 

Com a digitalização, inúmeras empresas responsáveis pela comercialização atuam via sites e redes sociais. Atualmente, por exemplo, a CBC agronegócios é um dos maiores sites de compras e vendas no agro.

venda de graos
(Fonte: Ideal)

5 dicas para melhorar sua venda de grãos

Antes de escolher a melhor modalidade para a venda de grãos, confira as dicas a seguir.

Planejamento

Realize o planejamento de sua safra sempre. Isso irá facilitar em todas as etapas da produção agrícola e, principalmente, na comercialização.

Gestão da propriedade

Tenha na sua equipe pessoas que entendam sobre os fatores que interferem nos preços dos grãos. Assim, você irá vender seus produtos agrícolas com mais tranquilidade.
Especialmente na colheita, é preciso ter uma gestão precisa da sua fazenda. Com o Aegro você pode fazer isso em alguns cliques.

Diversificação 

Diversifique as formas de comercialização. Assim, as chances de prejuízos vão diminuir. Para fazer isso, é claro, conte com ajuda de especialistas ou consultores que te ajudem a entender quais as melhores formas de comercialização para se utilizar em conjunto.

Perfil

Verifique qual o perfil de sua propriedade rural e quais modalidades de comercialização se enquadram melhor com seu empreendimento.


(Fonte: Olhar Direto)

Atenção ao mercado externo e interno

Fique atento em tudo que ocorre no setor e as perspectivas do agronegócio no Brasil e no mundo. Com essas dicas, tenho certeza que terá mais segurança na tomada de decisão no momento da venda!

Ganhe qualidade nas vendas com o Aegro

O primeiro passo para vender com mais qualidade e menor custo é um bom planejamento.

Com o Aegro você pode planejar suas atividades, custos, insumos e monitorar sua safra. Analise seu histórico de safras anteriores para identificar oportunidades de redução de custo e ações necessárias para melhorar a qualidade e produtividade da safra.

Além dos recursos oferecidos para planejamento e gestão, o Painel de Controle é seu grande aliado para identificar na gestão de suas vendas. No painel o sistema calcula o lucro esperado através das informações de produtividade, custo e valor projetado de venda. 

Assim, você pode identificar oportunidades para reduzir o custo e aumentar a produtividade para garantir um lucro maior, além de projetar diferentes cenários com base no valor de venda.

Ninguém merece ficar calculando na mão ou em planilhas, não é mesmo? Deixe que o software de gestão agrícola Aegro faça os cálculos para você!

painel de controle

Descubra o lucro esperado com o painel de controle do Aegro

Banner para baixar o kit comparativo de custos de safra

Conclusão

Após todo o esforço para garantir uma boa safra, é preciso também que a venda seja rentável. Neste artigo, você viu como realizar a venda de grãos de forma mais estratégica para conseguir driblar a instabilidade econômica.

Falamos sobre hedge, barter, comercialização via cooperativas e outras operações praticadas no mercado. Espero que com essas dicas você consiga realizar uma boa venda dos seus grãos!

Como você está planejando sua venda de grãos? Tem acompanhado as oscilações de mercado? Compartilhe este artigo com sua equipe para deixarem todos na mesma página.

Barter: entenda o que é, como funciona e garanta o sucesso do seu negócio rural

Barter: o que é essa operação, suas diferentes modalidades, como realizá-las e as principais dicas para ter sucesso nessa estratégia do seu negócio rural.

Barter é uma operação financeira entre produtores rurais, fornecedores de insumos e trading, funcionando como uma garantia de venda para o produtor, uma vez que a negociação é feita com antecedência.

Mas você sabe como incluir, de fato, o Barter como uma estratégia para obter maior rentabilidade e ainda mais sucesso no seu negócio rural?

Hoje, a AgroSchool, com Marina Fusco Piccini, conta a você um pouco mais sobre essa importante operação amplamente utilizada no nosso agronegócio!

O que é Barter?

Quando você pensa sobre Barter, qual a primeira definição que lhe vem à mente? Já sei, de que essa é uma operação de troca, ou escambo, em que o produtor rural adquire os insumos necessários para seu plantio e, como forma de pagamento, ele utiliza parte de sua produção, correto?

Não há nada de errado com essa definição, a não ser a utilização da palavra escambo que, no meu ponto de vista, não traduz corretamente o que de fato é essa operação.

Quando se pensa em escambo logo vem à mente aqueles tempos antigos, antes de Cristo, onde as trocas eram baseadas em excedente de produção, sem equivalência de valor.

Ou seja, se o produtor produzisse além da sua necessidade, aquilo que era extra era trocado por algo que ele necessitasse.

ilustração que representa barter com mãos que trocam pão e espigas de trigo

(Fonte: Maarcha)

Em uma reportagem da revista Superinteressante de 2016 eles contam que:

“esse tipo de economia, que começou naturalmente pela necessidade, mudou de figura ao longo da história. (…) A maior dificuldade era o fato de não haver uma medida comum de valor entre os elementos a serem permutados. Com o tempo, alguns produtos passaram a ser mais procurados que outros e assumiram a função de moeda, servindo para avaliar-lhes o valor”.

Deste ponto em diante começa a fazer sentido para mim comparar o Barter com moeda.

Quando você faz uma operação de Barter está, na verdade, utilizando como forma de pagamento uma parte principal da sua produção para quitação de uma parcela do seu custo operacional.

E esse pagamento você não faz com o que sobra, como acontecia no escambo.

Na verdade, você cumpre os contratos de Barter logo após a colheita das primeiras áreas, pois isso é o que está previsto nos contratos, nas garantias reais que lastreiam a operação.

Além disso, essa plantação é monitorada de perto pelos credores para ter certeza de que não haverá desvios para o cumprimento das obrigações acordadas na operação.

Outro aspecto em que o Barter difere substancialmente do escambo é que nele o valor é conhecido e muitas vezes pré-determinado.

Como funciona a operação de Barter e suas limitações

Temos basicamente um tripé nesta operação:

  • Produtor: aquele que precisa comprar seus insumos para produzir e invariavelmente precisa de prazo para pagar essa conta
  • Fornecedor de Insumos agrícolas, máquinas ou equipamentos: que muitas vezes precisam exercer o papel de financiador do produtor, além de fornecer os produtos
  • Off-taker: que pode ser uma trading, uma cerealista, uma comercial exportadora que precisa comprar a produção do produtor, seja para revender no mercado interno, exportar ou mesmo para utilizar como matéria-prima em seus processos produtivos.

O ponto em comum entre os três é que todos precisam de alguma coisa e através do Barter é possível criar uma conexão entre eles de tal forma que se constitua uma relação de ganha-ganha.

Nem sempre a relação de troca oferecida pelo Barter vai atender às expectativas do produtor, justamente porque ela é feita utilizando por base premissas de mercado.

Nesse aspecto é preciso compreender que, embora sejamos importantes players no mercado global de commodities, somos na maioria das vezes tomadores de preço e não formadores.

E o que isso significa? Que o preço das commodities que negociamos aqui no Brasil são formadas em outros mercados, como Chicago, Nova Iorque e Londres.

Além disso, temos o basis, os altos custos logísticos e variação cambial que impactam diretamente na rentabilidade das operações.

Veja mais sobre as premissas do Barter neste vídeo:

YouTube video player

As duas principais modalidades de Barter

Existem diversas modalidades que podemos fazer de operações de Barter, sendo as principais:

Preço Fixo

Quando se estabelece no momento do fechamento do Barter a relação de troca.

Ou seja, o fornecedor apresenta um pacote tecnológico ao produtor com os insumos, dosagens, aplicações necessárias para o plantio de determinada variedade de semente e em uma dada área.

Ele também estabelece quantas sacas ou arrobas o produtor deverá entregar como forma de pagamento daquele pacote.

Qualquer variação de preço da commodity que ocorra na Bolsa de Mercadorias entre a data de fechamento da operação e a data de entrega do produto não irá afetar a quantidade de produto a ser entregue. Isso é o famoso hedge.

Preço a Fixar

Essa modalidade no mercado também é conhecida por componentes.

Aqui vale uma explicação sobre a forma que uma commodity é precificada.

Qualquer commodity, seja ela soja, milho, café, algodão, tem sua estrutura de precificação muito similar: utiliza-se uma cotação em uma Bolsa de Mercadorias de referência, como Bolsa de Chicago, Nova Iorque, Londres ou a própria B3 no Brasil.

Soma-se a esta cotação um prêmio (ou basis) que é a diferença entre o preço no mercado físico e o preço dos produtos agropecuários no mercado futuro na bolsa de referência.

Esse prêmio pode ser tanto positivo quanto negativo, e é influenciado principalmente pela relação de oferta e demanda sobre a commodity em questão.

Desconta-se os custos de frete, elevação portuária, perdas, entre outros, para se chegar a um valor final em dólar, o qual será convertido pela cotação cambial do mesmo mês de referência da cotação da commodity.

foto da bolsa de valores - artigo barter do blog Lavoura10

(Fonte: PBS)

Foi preciso explicar todo esse passo a passo para entender que nesta modalidade a fixar, a empresa oferece a você produtor um prazo pré-estabelecido para fixar alguns destes componentes do preço, como por exemplo a cotação na bolsa (por isso essa modalidade se chama componentes).

Assim, a relação de troca de insumos pode variar e você pode precisar entregar mais (ou menos) produto para quitar seu débito em aberto.

Estas duas modalidades são comumente utilizadas no mercado, sendo a de preço fixo a principal.

Outras modalidades

Além destas existem outras onde se utilizam contratos de opções e o produtor pode participar de uma eventual alta de mercado. Ou mesmo, é possível estabelecer um preço mínimo contra uma queda nas cotações, além de liquidação financeira ao invés de realizar a entrega do produto.

O ponto é que existem diversas maneiras de se estruturar o pacote de trocas e a relação de troca.

Muitas vezes nos apegamos mais a esse aspecto do que a todos os demais serviços que estão, muitas vezes, embutidos dentro deste processo, e que podem passar despercebidos.

>> Leia mais: “Barter soja: o que é e as dicas para realizar essa operação”

Vantagens da operação de Barter para o negócio agrícola

O Barter te oferece a oportunidade de fazer a gestão de riscos de parte do seu negócio.

Tudo isso sem que seja preciso assumir as obrigações que envolve operar em bolsa, como depósito de margem de garantia e ajustes diários.

Além disso, tendo conhecimento prévio da quantidade de produto necessário para pagamento de parte dos seus custos, seu foco passa a ser em produzir mais e melhor.

Isso ocorre tanto para que você possa honrar com seus contratos quanto para obter maior produtividade e assim possa negociar o excedente com preços melhores.

Entende que essa é a principal diferença com o escambo?

Enquanto antes se trocava o excedente pelo o que tivesse disponível no mercado, com o Barter, o excedente é onde justamente os produtores rurais podem ter a possibilidade de melhorar o seu capital de giro e rentabilidade.

Por isso, é preciso ter a clareza que o Barter é um meio, e não um fim em si mesmo.

E o que isso quer dizer? Que a empresa de insumos (fertilizantes, sementes, defensivos) ou de qualquer outra natureza que estrutura uma operação de Barter e a oferece ao mercado tem um objetivo que deseja alcançar com esse operação.

Esse objetivo pode variar de acordo com o momento do mercado e com a estratégia da empresa.

Divulgação do kit de 5 planilhas para controle da gestão da fazenda

Conclusão

Agora você sabe que Barter não se trata de um escambo, conhecendo agora o real valor desta operação.

Precisamos pensar que no Barter não apenas no que ele se propõe a vender, mas sim no resultado que ele proporciona em termos de gestão de riscos, produtividade e rentabilidade.

O Barter vem para ser mais uma opção na estratégia de sua propriedade rural. Por isso, aproveite as informações e orientações e tenha um negócio ainda melhor!

>> Leia mais:

“Cédula de Produto Rural: entenda as mudanças e como elas impactam seu negócio rural”

Como fazer um contrato de hedge e como ele pode assegurar sua rentabilidade

“Comercialização agrícola: saiba como ter sucesso no seu negócio rural”

E você, já faz Barter? Tem alguma dificuldade ainda em entendê-lo? Deixe seu comentário abaixo!

Barter soja: O que é e as dicas para realizar essa operação

Barter soja: Entenda como funciona e as dicas para utilizá-lo e conseguir negociações ainda melhores para sua propriedade rural.

Você já ouviu falar em Barter?

É um tipo de negociação muito utilizada no agronegócio, principalmente no caso da soja.

Por meio do Barter é possível a aquisição e pagamento de insumos com a produção de soja futura.

É uma estratégia financeira que garante o preço mínimo de venda e pode ser benéfico para negociar sua produção.

Acompanhe neste artigo as dicas, orientações e muito mais sobre a modalidade de Barter soja!

Afinal, o que é Barter?

Qual é o conceito de Barter? Barter é uma operação financeira que envolve a troca dos produtos finais produzidos pelos agricultores por adubo, herbicida, ou qualquer outro tipo de insumos em geral.

Isso significa que, por meio desse tipo de operação, produtores de grãos podem trocar sacas de soja, milho, cereais e etc., por insumos necessários.

Estes insumos, que serão utilizados na condução da lavoura, podem ser adquiridos sem a necessidade do pagamento antecipado em dinheiro.

O termo “Barter” vem do inglês e, ao ser traduzido, pode ter alguns significados como: permuta, troca, comércio de permuta. E reflete muito bem esse tipo de operação financeira.

Os produtores que optarem por esse tipo de operação farão uma troca com a cooperativa ou com uma trading e oferecerão seus produtos em troca dos insumos adquiridos.

No Brasil, antigamente, esse tipo de operação financeira era conhecida como “soja verde”.

Mencionei acima “trading”, então vou explicar seu significado! A palavra trading vem do inglês e significa negociar.

No trading, o objetivo é lucrar por meio da compra e venda das ações, matérias-primas ou moedas, vendendo a um preço mais alto que aquele pelo qual se comprou.

Então, o objetivo das tradings é um investimento a curto prazo.

Vou mostrar agora quando e como a operação de Barter soja é realizada.

barter soja
Para o agronegócio, Barter representa um mecanismo de financiamento de safra
(Fonte: Roberto A. S. Lima baseado em Azimute Agronegócios)

Quando o Barter é utilizado?

O Barter é utilizado por muitas cooperativas e tradings, que realizam essa troca de insumos (sementes, adubos, defensivos) por produtos agrícolas como milho, soja, algodão, café, boi etc.

Esse tipo de negociação é oferecido aos produtores por grandes companhias como a FMC, Bayer, Adama, Bunge, Cargill, Monsanto. Além disso, há inúmeras cooperativas que podem ter demanda por esse tipo de negociação.

Na maioria dos casos, as operações de Barter são atreladas à Cédula de Produto Rural (CPR) e exigem certos cuidados de ambas as partes no preenchimento e formulação do contrato.

Segundo o advogado Tobias Marini de Salles Luz, existem vários casos em que o instrumento foi mal feito e acabou por impedir que a empresa fizesse a devida cobrança de seu crédito.

Existem também cenários em que os produtores tiveram que pagar mais que o realmente devido pela má formulação do acordo.

Então, muito cuidado no momento de formulação dos contratos de ambas as partes. É sempre válido buscar auxílio de um profissional especializado nesse tipo de transação financeira.

Barter soja: Mercado em ascensão

Com créditos cada dia mais escassos para custear plantio, o Barter soja é uma solução que os produtores podem utilizar para adquirir insumos e tecnologias.

O Barter geralmente envolve 3 instituições: o próprio produtor; uma trading; e uma companhia ou cooperativa de insumos.

Já existem casos registrados deste tipo de operação até para financiamento de grandes colheitadeiras – de até R$ 1 milhão.

O sistema de financiamento por meio do Barter para colheitadeiras estreou no Brasil com a New Holland em 2015. Diversos negócios foram fechados naquele ano nessa modalidade financeira.

A New Holland aceita soja na operação. E, com o apoio da americana Cargill, que tem interesse em ficar com a oleaginosa para processamento ou exportação, abriu o mercado para esse tipo de transação financeira.

No caso das colheitadeiras, Jefferson Kohler, então gerente de marketing da New Holland, explicou que os produtores normalmente querem usar suas futuras sacas de soja para arcar com uma entrada de cerca de 10% do valor total da máquina.

O restante era financiado pelo Finame Agrícola (BNDES). Mas houve casos em que o Barter representou 40% do valor negociado do equipamento.

Para participar do Barter soja, o produtor rural precisa de um avalista e da CPR correspondente ao volume de soja ou cultura envolvida, se o negócio ficar em até US$ 250 mil.

Para valores acima de US$ 250 mil é exigido uma hipoteca da terra.

O mercado brasileiro passa por uma fase de safras recordes, onde os preços tendem a ficar pressionados frente à grande demanda dos produtos no mercado.

Por meio do Barter soja, produtores travam o preço de uma entrega na formalização do contrato. Essa operação impede a variação de preço das commodities e dos preços dos produtos.

Isso ajuda a entender o forte crescimento deste tipo de operação comercial no mercado.

Barter soja: O caso Bayer

Eduardo Roncaglia, diretor de Operações Estruturadas da Bayer, afirma que, com as grandes safras, os produtores acabam ficando em dúvida na tomada de decisão de gerenciamento do negócio.

Com um bom planejamento, os produtores podem ter ótimos resultados de vendas.

Ele lembra que, quem travou seus preços na safra 2017, acabou tendo um bom resultado financeiro (cerca de 30% melhor), pois as cotações despencaram desde 2016.

Nesse caso específico da Bayer, após a colheita, os produtores não entregam seus produtos para a empresa.

Quem recebe os produtos agropecuários são as tradings. Mas a Bayer possui estrutura para auxiliar o produtor a travar seu preço, incluindo uma mesa de negócios que opera na bolsa de Chicago.

Para o caso da Bayer aqui citada, existem 3 modalidades de Barter:

  • A primeira aproveita um contrato que o produtor já tem fixado com uma trading (no qual o produtor repassa à empresa de defensivos o direito de receber o pagamento);
  • A segunda é a “financeira (na qual a Bayer trabalha com opções de venda e compra e ajuda o produtor a se proteger da volatilidade do mercado);
  • A terceira é a “física” (em que ocorre a venda do produto negociado com o agricultor).

Assim, o Barter é uma modalidade de negócios mais segura, pois trava preços das mercadorias e trabalha com contratos.

Os encargos geralmente também são menores, ajudando a impulsionar as vendas das empresas de insumos.

O Barter permite que os envolvidos trabalhem num ambiente de baixo risco. As empresas envolvidas vendem maior volume de seus produtos; os produtores também conseguem benefícios como a troca de seus produtos futuros por insumos.

A modalidade viabiliza redução da necessidade de financiamentos de safra em bancos. Isso pode ser percebido como um grande benefício, pois os produtores receberão seus insumos via operações de permuta.

Tipos de Barter soja

Vamos apresentar algumas das mais usuais modalidades de Barter encontradas nas negociações dos produtos agropecuários brasileiros.

As classificações podem ser visualizadas no vídeo da Marina Piccini.

Compra de Contrato

A compra de contrato é quando o produtor já fechou negócio com a trading.

A empresa que está vendendo os insumos pede que o produtor faça uma cessão de crédito.

Isso funciona da seguinte maneira: quando, por exemplo, as sacas de soja forem entregues pelo produtor à Trading, de acordo com aquilo que foi negociado em contrato, esta possuirá subsídio para pagar o fornecedor que comercializou esses insumos.

Normalmente, a cooperativa que vendeu os insumos já possui a CPR com penhor daquele volume que foi negociado com a Trading.

Basicamente, é uma venda a prazo normal que, depois de faturada, ou mesmo antes de faturar, o produtor faz essa cessão de crédito para a empresa.

Campanha da Indústria/Cooperativa com a Trading

Essa modalidade de Barter soja ocorre geralmente quando a indústria ou cooperativa decide fazer campanha para aumentar suas vendas em parceria com uma trading.

Nessa prospecção de novos negócios, a indústria pode criar um pacote promocional com preços diferenciados aos produtores rurais. A trading, por sua vez, entra com uma cotação de preço para aquela safra futura.  

Essa modalidade de Barter é mais comercial e usual por ter maior potencial de alavancar vendas das indústrias ou cooperativas.

barter soja
Com operação de Barter, produtor consegue manter protegido capital de giro
(Fonte: Advertising Week)

Indústria ou Cooperativa assume o preço

Geralmente, nestes casos, a indústria ou cooperativa assume o risco e vi sozinhas (sem o auxílio de uma trading) ao mercado negociar com os produtores.

As empresas montam seus pacotes de insumos e cobram um valor pré-determinado em sacas de soja para a permuta na operação de Barter.

Nestes casos, as indústria ou as cooperativas devem estar estruturadas para calcular estes valores. Também precisam contar com profissionais que entendam de mercado futuro para minimizar seus riscos de perda de dinheiro.

É importante frisar que as empresas devem ter estabelecido no contrato social que elas podem comercializar esses tipos de commodities.

Por fim, a área contábil dessas indústrias/cooperativas também deve estar altamente envolvidas nesse tipo de operação. No momento de entrada do ativo, ela deve realizar uma marcação a mercado para vender bem os produtos em cada situação.

Conclusão

A operação financeira de Barter soja está cada dia mais frequente no agronegócio.

A possibilidade de permuta de produtos produzidos por insumos com pagamento futuro pode ser uma das alternativas mais viáveis frente a créditos bancários com diversas taxas de juros.

É evidente que, na maioria dos casos, a compra dos insumos agrícolas à vista é a melhor opção de negócio.

Porém, quando você não possui tal disponibilidade financeira, o Barter pode ser uma modalidade interessante.

Vale analisar sua situação, optando por crédito bancário ou realizar uma operação de Barter. Aproveite esse conhecimento e analise suas opções!

>> Leia mais:

O que é hedge e por que você deveria ter essa opção

“Venda da soja: como garantir uma boa negociação de forma antecipada”

Você já tinha ouvido falar em Barter soja? Já praticou ou conhece alguém que realiza esse tipo de operação? Compartilhe sua experiência nos comentários!

Hedge agrícola: o que é e por que você deveria ter essa opção

Hedge agrícola: como funciona essa operação, todas as dicas de como utilizá-la e ter uma boa opção de venda da sua produção.

A função do hedge é minimizar os riscos e proteger contra as oscilações de preço que podem afetar a produção agrícola.

O risco do mercado de commodities é grande, e com a margem pequena da agricultura, não é difícil acabar tendo prejuízo.

Neste artigo, vou explicar o que é hedge agrícola e como essa operação financeira pode ser uma opção de negócio para você. Confira a seguir.

O que é e por que fazer hedge?

Hedge é uma palavra inglesa que significa proteção/cobertura. Assim, hedge é um instrumento que busca proteger operações financeiras contra oscilações de preço.

Ele reduz o risco de grandes variações de preço de um ativo ou commodity, por exemplo.

É uma operação antiga. No século 19, no mercado de commodities de Chicago, agricultores e pecuaristas traziam os produtos para venda na cidade e queriam reduzir o risco com a oscilação de preço dos produtos.

Então, eles decidiram negociar o preço antes da venda, o que hoje é chamado de operação a termo.

Por isso, o hedge faz parte de instrumentos financeiros chamados de derivativos. Vou explicar melhor no próximo tópico!

Derivativos e hedge agrícola

Os derivativos são instrumentos que têm objetivo de gerenciar o risco financeiro adequadamente, sendo utilizado por pessoas ou instituições.

Como o próprio nome diz, os derivativos derivam do preço de algum ativo. Ou seja, o valor depende e deriva de um ativo como commodities, taxa de juros, taxa de câmbio da moeda estrangeira, ações e outras.

Existem vários tipos de derivativos, sendo mais comuns:

  • Mercado a termo (compromisso de comprar ou vender um bem por preço fixado em data futura);
  • Mercado futuro;
  • Opções;
  • Swaps.

Esses podem ou não ser negociados na bolsa de valores.  Veja a diferença desses tipos de derivativos na tabela abaixo:

tabela com tipos de derivativos de hedge nos mercados a termo, futuro, de opções e de swap.

(Fonte: InvestMax)

Os derivativos têm várias funções. Uma delas é justamente proteger contra a variação do preço (hedge).

Os derivativos agropecuários disponíveis para negociação na bolsa de valores são: açúcar cristal, boi gordo, café arábica, etanol, milho e soja.

Agora que conhecemos mais sobre o conceito e como funciona o hedge, vamos entender como utilizá-lo no agronegócio.

Função dentro do agronegócio

É comum termos notícias, por exemplo, de que o preço da saca de soja caiu, afetando muitos produtores brasileiros.

Esse fato é frequente no Brasil, que produz commodities como soja, milho, café e outras. E elas apresentam variações de preço dependendo da oferta e demanda.

O Brasil produziu 252,3 milhões de toneladas de soja na safra 2020/21, segundo a Conab. Agora imagine se todos os produtores fossem vender esse grão ao mesmo tempo!

O preço certamente seria baixo, pois a oferta do produto seria alta. E isso, poderia trazer prejuízo aos produtores, não tendo dinheiro nem para pagar o custo de produção.

E como sempre gosto de destacar: sua lavoura é sua empresa e você precisa ter lucro com ela para continuar o negócio!

Por isso, você precisa vender o seu produto (commodity) por um preço adequado.

Assim, é possível realizar o hedge agrícola — ou seja, essa operação financeira que protege o valor do produto contra as variações/oscilações do preço de venda, onde o preço é negociado antes.

Agora que você já sabe o que é hedge agrícola, vou falar sobre a importância dessa operação para a agricultura.

Exemplo prático da importância do hedge agrícola

Do plantio até a colheita da lavoura, há um período de vários meses e muita coisa pode ocorrer nesse tempo. Você corre diversos riscos, como:

E tudo isso pode afetar a produção e o preço de venda do produto. Além das oscilações de preços das commodities.

O hedge, como já falamos, minimiza esses riscos com a oscilação de preços. Vou dar um exemplo de hedge agrícola, considerando a commodity soja.

Lembro que este é um exemplo muito simplificado, tendo mais valores e custos que podem estar associados a esta operação.

Suponhamos que o produtor de soja vai colher sua safra daqui a 40 dias e está com medo das oscilações do preço da saca. Ele então decide realizar hedge no mercado a termo para assegurar o preço e cobrir o custo de produção, com valor acordado de R$ 70 a saca de 60 Kg.

Após os 40 dias, no vencimento do contrato, o preço à vista da soja é de R$ 75. O produtor vai entregar a soja a R$ 70 e, assim, perde (na verdade, deixa de ganhar) R$ 5 comparado à venda à vista.

Mas, se ao contrário, o preço da saca de soja estiver R$ 65 no dia da venda, o produtor ganharia R$ 5. Pois, como se valeu do hedge agrícola, ele vende a produção a R$ 70 a saca.

Então, é importante entender que o hedge é uma operação que protege a commodity contra a oscilação de preço.

Mas antes de realizar uma estratégia de hedge em sua fazenda, veja outros pontos que são essenciais antes de iniciar esta operação.

O que você precisa saber antes de fazer a operação

Para fazer operações de hedge agrícola, você precisa ter um bom planejamento da lavoura e saber seu custo de produção.

Assim, você terá os dados precisos para a tomada de decisão do quanto vale a pena vender sua produção agrícola. Por exemplo, se meu custo de milho foi de 22 reais, meu hedge agrícola precisa ser, no mínimo, desse valor.

captura de tela de custo realizado no sistema de gestão rural Aegro
Com o Aegro, é possível planejar um custo orçado e acompanhar o custo realizado na safra em apenas alguns cliques, com todos os dados seguros

Por isso é tão importante conhecer, ou ao menos ter um planejamento, dos custos da produção da sua lavoura. Assim, você pode verificar se o preço que está negociando cobre ou não seu custo de produção.

Veja algumas dicas de como realizar o hedge na agricultura.

Dicas para realizar o hedge agrícola

Como você observou nos tópicos anteriores, o hedge agrícola pode ser importante para a proteção de preços das commodities e você pode ter essa opção para sua fazenda.

Então veja algumas dicas para realizar o hedge agrícola em sua fazenda:

  • Tenha o planejamento e custo de produção da lavoura;
  • Mantenha um planejamento estratégico: qual quantidade de produção será comercializada (fazer hedge) e qual será armazenada, por exemplo;
  • Acompanhe o preço dos produtos na bolsa de valores: veja por quanto as commodities estão sendo negociadas e analise com base no seu custo de produção;
  • Defina qual derivativo irá utilizar para realizar o hedge. Se utilizar o mercado futuro, por exemplo, você precisa ter uma conta em uma corretora de mercado futuro para conseguir negociar na bolsa de valores, ou entrar em contato com um corretor;
  • Ao escolher um corretor, ou uma empresa corretora, esteja seguro que são pessoas idôneas e de confiança;
  • Observe todas as opções no mercado de derivativos e tipos de hedge agrícola, escolhendo a melhor para a sua propriedade.
planilha controle de custos por safra

Conclusão

O hedge agrícola é uma importante ferramenta para se proteger das oscilações de preços das commodities.

Mas antes de fazer uma operação do tipo, você precisa conhecer tudo sobre o que está relacionado a ela.

Neste artigo, mostramos o que é hedge agrícola e o que são os derivativos. Falamos sobre como eles são importantes para a agricultura e o que você pode fazer antes de realizar essa operação.

Espero que essas informações te ajudem a melhorar o processo de venda dos seus produtos agrícolas e ter mais lucratividade!

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